Buscar

Estrutura Psicótica da Psicose

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Estrutura psicótica da Psicose
A manifestação psicótica tem como primeira característica o facto de se situar numa estratificação outra, com alienação do conteúdo, manifesta na alucinação, no delírio, e também alienação quanto ao continente, o que constitui a originalidade e a gravidade da psicose. A alienação de continente incide sobre a estruturação do fenómeno mental e sobre a elaboração do pensamento.
No psicótico, há uma insuficência/inaptidão em distanciar-se no aspecto imaginário e simbólico, o que deixa espaço para sistemas equivalentes de expressão direta das pulsões, por reificação e não por mentalização, havendo uma coisificação de qualquer esboço de mentalização. É esta exteriorização reificante que substitui a tomada de consciência interna de um desejo.
Relação de Objeto Psicótico
O lugar da psicose na evolução dos indivíduos caracteriza-se por uma fixação e uma não superação do registo pré-objetal.
Os modos de funcionamento do lactente na fase oral estão ligados à entrada ou saída, com a presença da dupla polaridade da introjecção ou projeção, sem haver diferenciação entre a realidade interior e o meio circundante. A posterior repetição da presença e da ausência associada à satisfação e à carência permitem que o sujeito normal passa duma situação fusional e narcísica unipolar para o reconhecimento progressivo de uma distanciação bipolar sujeito-objecto, em que o ego se autonomiza progressivamente do meio circundante.
Segundo Lebovici (1956), é a existência de um ego separado do objeto que resolve a situação pré-objetal, diferente da relação objetal em que há uma separação do sujeito e do objeto.
A organização de um ego separado do não ego permite a diferenciação entre e realidade exterior e interior/ fantasmática, sendo esta existência separada que é deficiente no paciente psicótico.
Independentemente dos fatores orgânicos, o fator educativo, e em especial o papel da relação materna primária, que é objeto fundamental de identificação estruturante, é muito importante.
A mãe do psicótico pode manter o bebé paciente numa situação imprópria ao desenvolvimento das manifestações pessoantes: caso das mães hiperprotetoras e mais raramente no caso das mães ausentes, bem como no caso das mães que não ouvem o pedido dos filhos, respondendo não à necessidade dos mesmos, mas sim ao seu próprio desejo.
Encontra-se assim frequentemente no psicótico uma perturbação na função do desejo, sendo ele incapaz de significar o movimento pulsional. Além da mãe tem deficiências na sua função estruturante em relação ao continente, e também ao nível do conteúdo, ao ter uma necessidade patológica de exclusividade, o que impede a criança de sair para o exterior, nomeadamente para o pai.
A omnipotência materna impede a relação da criança com o pai, e também a introdução da criança numa relação triangular, no plano imaginário – fenómeno de forclusão – o que é muito importante na edificação egóica insuficiente do psicótico.
A criança fica num registo unipolar e fusional, que é impróprio para uma implantação objetal e para um funcionamento mental adequados. A criança fica constrangida da sua conquista do objeto e da instauração da sua autonomia, acabando por constituir dois pólos de funcionamento que se ignoram:
pólo interno de crescente pressão pulsional que visa a descarga espontânea das pulsões, que se realiza nas passagens ao acto (directas mas não mentalizadas)
pólo externo de representação que não expressa o seu desejo, que é o eco alienado de um exterior estranho que não é mediatizado pelo desejo
O psiquismo psicótico é muitas vezes um reflexo do exterior dos outros, reflexo não congruente com qualquer moção pulsional. É uma elaboração do pensamento vinda de fora, que só representa a organização do campo mental sobre um modo semelhante à reprodução do percepcionado: as imagens e as percepções são organizadas numa sintaxe que não expressa um desejo ou uma escolha pessoal, aparecendo como o reflexo da organização exterior trazida de fora.
O psicótico não tem a possibilidade de separar a percepção real do mundo exterior, o que constitui a sede do equívoco alucinatório ou delirante, que expressa essa inaptidão em separar o real do fantasmático: o sujeito projeta os elementos figurativos pulsionais internos sem sentir (como é normal) a subjetividade que caracteriza a vivência do desejo, na sua elaboração fantasmática e representativa.
Os psicóticos encontram-se fixados nos diversos graus da estruturação pré-objetal (o período oral da organização libidinal), sendo que a organização do ego não atingiu a fase objetal, faltando ao psicótico a progressão maturadora das estruturações sucessivas e o seu acabamento na primazia do genital. O psicótico teve experiências da série anal ou genital, mas estas fases estão mal definidas.
Pode-se encontrar mecanismos de defesa neuróticos ou mais regressivos nos psicóticos, o que representa uma tentativa de solução para o paciente, para que a angústia de castração permita escapar temporariamente à angústia de fragmentação, que o poderia oprimir.
O Universo Psicótico
Na neurose, pode-se falar de conflitos interiores por intermédio de um sistema pulsão-defesa; na psicose, as moções pulsionais não conseguem constituir esse sistema devido à carência de imagens de identificação. As imagos mais arcaicas (que vêm da projeção da megalomania infantil) tomam consistência sob a forma de um superego sádico e todo-poderoso.
A projecção neurótica é diferente porque nela há projeção do conjunto do sistema pulsão-defesa, enquanto que na psicose a projeção é desde o início fragmentado em elementos dispersos.
A erotização dos comportamentos dos psicóticos, latentes ou deslocados, não deve ser considerada como expressão de um conflito edipiano. A clivagem fundamental consiste em rejeitar para o exterior os maus objetos e em conservar apenas um bom objeto.

Continue navegando

Outros materiais