Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ARTIGO ORIGINAL DESLOCAMENTO CRANIAL DA TÍBIA EM RELAÇÃO AOS CONDILOS FEMORAIS COM RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO EM CANINO. CRANIAL SHIFTING OF TIBIA IN RELATION TO FEMORAL CONDYLES WITH CROSSED LIGAMENT RUPTURE IN CANINE. Roberta Zorzi – Universidade de Caxias do Sul / RS RESUMO Esse artigo relata um caso clínico de rompimento de ligamento, ocorrência muito comum em cães e considerada a principal causa de doença degenerativa na articulação fêmoro- tíbio-pateral (FTP) nessa espécie. O ligamento cruzado cranial é responsável pela estabilidade do membro. Pode acometer qualquer raça, idade e tamanho, mas animais obesos são mais propensos à ruptura. Um canino, fêmea com 8 anos, da raça Labrador, foi encaminhada à Clínica Veterinária Palandi em Caxias do Sul/RS, pois apresentava claudicação e instabilidade no membro pélvico esquerdo. Após o exame radiográfico ficou constatado o deslocamento da tíbia juntamente com a ruptura do ligamento cruzado. Onde foi realizado tratamento cirúrgico e o pós operatório medicamentoso com antiinflamatórios, antibióticos e regenerador articular. ABSTRACT This article reports a case of ligament tear, a common occurrence in dogs and considered the primary cause of degenerative disease in the femoral-tibial-pateral (FTP) in this species. The cranial cruciate ligament is responsible for member stability. It can affect any breed, age and size, but obese animals are more prone to breakage. A canine, female 8 years, the Labrador breed was referred to the Clinic Veterinary Palandi in Caxias do Sul / RS, as presented lameness and instability in the left hindlimb. After radiographic examination was found the displacement of the tibia with the rupture of the cruciate ligament. Where it was carried out surgical treatment and postoperative medication with anti-inflammatory, antibiotic and regenerating articular. 2 INTRODUÇÃO As doenças osteoarticulares são frequentes em pequenos animais, principalmente em cães. A mais comum em cães e gatos é a osteoartrose que se enquadra numa artropatia de caráter degenerativo (ETTINGER, 1997). As afeccções geralmente são compostas por fraturas, doenças articulares, lesões em músculos e tendões, alterações metabólicas e doenças infecciosas ou neoplásicas, algumas das quais com prevalência relacionada à idade. (VAUGHAN, 1990; DENNY & BUTTERWORTH, 2000; PIERMATTEI et al., 2006, FOSSUM et al., 2007). As contusões e os estiramentos musculares estão associados a atividades intensas, particularmente em animais atletas. (PIERMATTEI et al., 2006; FOSSUM et al., 2007). Além dos cães atletas, os obesos e os que sofreram algum tipo de trauma articular, terão maior probabilidade de sofrer lesões e alterações degenerativas. Uma das ocorrências mais frequentes em caninos é o rompimento do ligamento cruzado cranial, sendo considerado a principal causa de doença degenerativa na articulação fêmoro-tíbio-patelar na espécie. Esse ligamento é responsável pela estabilidade crânio-caudal e rotacional do joelho, o ligamento tem como função limitar o movimento da articulação fêmoro-tíbio-patelar (FTP). O rompimento desse ligamento resulta em instabilidade e doença articular degenerativa secundária. A RLCCr não possui perdisposição, por isso, podem ser encontradas em cães de todas as raças, idades e tamanhos. Os cães acometidos apresentam aumento da sensibilidade na articulação FTP e quadros de claudicação em graus variados ( JOHNSON & JOHNSON, 1993). À medida que se desenvolvem essas alterações articulares, os ligamentos cruzados sofrem alterações em sua microestrutura e podem ficar mais suscetíveis a danos provenientes de uma traumatismo pequeno. Como a ruptura do ligamento cruzado cranial resulta em alterações articulares degenerativas progressivas no inteiro da articulação, deve-se reparar a maioria de tais lesões. No entanto, em alguns casos crônicos de ruptura do ligamento cruzado cranial, pode ocorrer um prognóstico desfavorável após um reparo cirúrgico devido a se encontrarem presentes alterações articulares degenerativas severas. Nesses pacientes, o tratamento conservativo com drogas antiinflamatório e os aliviadores de dor somática podem proporcionar cuidados paliativos adequados. Além dos mais, as atropatias intercorrentes podem tornar insuficiente o reparo do ligamento (ARNOCZKY, 1996). PACIENTE E METODOS Foi enviada à Clínica Veterinária Palandi, em Caxias do Sul/RS, uma fêmea, canina da raça Labrador, de 8 anos, pesando aproximadamente 40 quilos. O animal apresentava claudicação intensa e instabilidade do membro. De acordo com o relato do proprietário, o animal sofreu uma quedra 3 enquanto corria, após passou a apresentar os sinais clínicos. Foi realizado o exame clínico, onde o cão apresentou resposta positiva à dor, logo em seguida o animal foi encaminhado para avaliação radiográfica. Foi realizada radiografia da articulação fêmoro-tíbio-patelar (FTP) no membro pélvido esquerdo (MPE) nas projeções caudocranial e mediolateral, onde ficou constatada a presença de deslocamento cranial da tíbia em relação aos condilos femorais, sugerindo uma alteração de ligamento cruzado. O animal foi encaminhado para tratamento cirúrgico, após a operação foi colocada uma atadura acolchoada por 2 semanas. O pós operatório iniciou com medicação via oral e uma associação de amoxicilina + clavulanato 500mg, 1 ½ comprimido a cada 12 horas, durante dez dias. Foi trambém prescrito ao proprietário Dipirona 500mg, 2 comprimidos a cada 12 horas, por cinco dias, Rimadyl 75mg, 1 comprimido de 12/12 horas, por dez dias, Tramadol 100mg, 1 comprimido a cada 12 horas, durante cinco dias, Condroton 100mg, 1 comprimido/dia, por trinta dias e também a pomada Vetglos para aplicar no local da cirurgia pelo menos 2 vezes ao dia. O proprietário foi instruído a seguir com fisioterapia. Radiografia. Projeção caudocranial. 4 Radiografia. Projeção mediolateral. RESULTADOS O tratamento com medicamentos foi seguido corretamente, mas o animal ainda apresenta claudicação no membro pélvico esquedo com resposta negativa para dor. As sessões de fisioterapia não foram seguidas até o final. Após a cirurgia não foram realizadas outras radiografias. DISCUSSÃO A fisioterapia deveria ter sido seguida até o final para que o procedimento pudesse ser estabilizado para depois o animal retomar suas atividades rotineiras. Inicialmente, a fisioterapia trabalha tirando a dor e relaxando o local lesionado, pois isso é de extrema importância no pós- operatório. Para que o animal possa volta a sua função normal é adicionado às sessões, exercicíos ativos, realizando assim a reabilitação do membro. CONCLUSÃO A RLCCr é a afecção que mais acomete a articulação do joelho do cão, existem diversos procedimentos para o tratamento, mas como todas as técnicas levam à progressão da doença articular degenerativa e nem sempre restauram a total estabilidade articular, não se sabe qual técnica cirúrgica é mais adequada. A realização de exames radiográficos adicionais por um período mais longo seriam importantes para fornecer informações mais precisas quanto ao desenvolvimento da doença articular degenerativa. O reparo de sucesso de uma insuficiência do ligamento cruzado cranial depende do restabelecimentoda estabilidade articular. Deve-se salientar que não se deve desprezar os outros componentes da soldra (patela, meniscos e ligamentos) quando se avaliar a articulação. Essas estruturas trabalham em conjunto para permitir o movimento articular normal, e a falha em reconhecer o mal-alinhamento patelar ou lesão dos meniscos intercorrentes em uma insuficiência do ligamento cruzado cranial pode 5 resultar em uma função pós-operatória menos que ideal (ARNOCZKY, 1996). REFERÊNCIAS BOJRAB, M. J. (1996). TÉCNICAS ATUAIS EM CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS. NEVADA: ROCA. HAN, C. M., & HURD, C. D. (2007). DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA A PRÁTICA VETERINÁRIA. En C. M. HAN, & C. D. HURD, DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA A PRÁTICA VETERINÁRIA (págs. 114 - 117). INDIANA: ROCA. MCGAVIN, M. D., & ZACHARY, J. F. (2009). BASES DA PATOLOGIA VETERINÁRIA. En M. D. MCGAVIN, & J. F. ZACHARY, BASES DA PATOLOGIA VETERINÁRIA (págs. 1094 - 1105). -: ELSEVIER. AUDEMARD, R. (2008). DOENÇAS OSTEOARTICULARES. En R. AUDEMARD, DOENÇAS OSTEOARTICULARES (págs. 02 - 03). FORROW, C. S. (2006). Veterinária diagnóstico por Imagem do cão e gato. En C. S. FORROW, Veterinária diagnóstico por Imagem do cão e gato (pág. 90). ANGELICA C. TATARUNAS, J. M. (2005). POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO DE RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL NO CÃO. REVISTA EDUC. CONTIN. CRMV - SÃO PAULO, 26-37. ARNOCZKY, S. P., & BOJRAB, M. J. (1996). PATOMECANICA DAS LESÕES DO LIGAMENTO CRUZADO E MENISCOS. MECANISMOS DA MOLÉSTIA DE PEQUENOS ANIMAIS. 889 - 902. BARBOSA, A. L. (2009). LUXAÇÃO COXOFEMORAL TRAUMÁTICA EM CÃES E GATOS: ESTUDO RETROSCPECTIVO (1997-2006). CIÊNCIA RURAL DE SANTA MARIA, 1823 - 1829. BRINKER, W. O., PIERMATTEI, D. L., & FLO, G. L. (1986). MANUAL DE ORTOPEDIA E TRATAMENTO DAS FRATURAS DOS PEQUENOS ANIMAIS. En W. O. BRINKER, D. L. PIERMATTEI, & G. L. FLO, MANUAL DE ORTOPEDIA E TRATAMENTO DAS FRATURAS DOS PEQUENOS ANIMAIS (págs. 324 - 333). LUIZ E. C. BUQUERA, J. C. (2002). RADIOGRAFIA E MACROSCOPIA DO JOELHO APÓS ESTABILIZAÇÃO EXTRA-ARTICULAR UTILIZANDO FÁSCIA LATA, FIO DE POLIÉSTER TRAÇADO OU FIO DE POLIAMIDA PARA CORREÇÃO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL EM CÃES. CIÊNCIA RURAL DE SANTA MARIA, 73-78. MARINA M. D. SOUZA, S. C. (2010). AFECÇÕES ORTOPÉDICAS DOS MEMBROS PÉLVICOS EM CÃES: ESTUDO RETROSPECTIVO. CIÊNCIA RURAL DE SANTA MARIA. OLIVEIRA, R. R., MAMPRIM, M. J., RAHAL, S. C., & BICUDO, A. L. (2009). RADIOGRAFIA E ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DA RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL EM CÃES. SCHIMDT, K. M. (2009). DOENÇAS OSTEOARTICULARES EM PEQUENOS ANIMAIS. BOTUCATU. DIOGO F. GIOVANELLI, R. F. (2012). OSTEOSSÍNTESE DE FÊMUR EM CÃES E GATOS EMPREGANDO FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO UNIPLANAR (TIPO 1) COMBINADO A PINO INTRA-MEDULAR (TIE-IN), UNIDOS POR METIL-ETIL-METACRILATO. REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - PEQUENOS ANIMAIS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, 360-369.
Compartilhar