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AS POLÍTICAS DE PREÇOS NA ECONOMIA BRASILEIRA DURANTE OS PLANOS ECONÔMICOS DOS ANOS 80 E NO PLANO REAL

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AS POLÍTICAS DE PREÇOS NA ECONOMIA BRASILEIRA DURANTE OS PLANOS ECONÔMICOS DOS ANOS 80 E NO PLANO REAL
Matheus Orsi Carrara
Pedro Morel Vieira de Souza
Resumo
O presente artigo tem como principal intuito um estudo que contemple a situação dos preços exercidos na economia brasileira durante os planos econômicos dos anos 80. Visto isso, irá ser exposto, além de uma contemplação geral da situação econômica brasileira em cada um dos planos ocorridos no período, sendo eles: Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor e também o Plano Real no começo dos anos de 1990, ademais uma explanação sobre a situação em que se encontravam os preços da economia, mostrando além desse panorama, os que os Governos vigentes na época decidiram fazer com a situação, quais foram suas principais medidas de política econômica e o que levou os mesmos a agirem de determinadas maneiras no decorrer da implementação e execução desses planos além de apontar causas e efeitos de seus fracassos ou seus resultados positivos, visto que existia no Brasil nos anos 80 um crônico problema de altíssimas taxas de inflação.
Palavras-chave: inflação; política econômica; preços; 
1. Introdução
O governo Sarney começou em março de 1985 e se estendeu até março de 1990 com uma crise econômica que já se arrastava desde os anos de 1974, a qual prosseguiu com seus desdobramentos ganhando contornos cada vez mais preocupantes e complicados. A inflação que após alguns experimentos com choques de caráter heterodoxo atingia os níveis ao final da década que mostravam com clareza uma expressão óbvia do fracasso que o plano havia conquistado vindo de uma política econômica que não conseguiu fazer um diagnóstico necessário que a economia brasileira tanto era necessitada era já altíssima. Era evidente que se mostrava uma confirmação ao fim da tão temida hiperinflação com um desenlace final, visto que a mesma vinha atingindo níveis altos e crescimento cada vez mais, apresentando valores de 25% ao mês de junho de 1989, 54% em dezembro e acima de 80% em março do ano de 1990.
Com toda essa situação de uma hiperinflação no início dos anos de 1986, o governo brasileiro decidiu optar pelo lançamento de um plano heterodoxo com vista à estabilização dos preços, que ficou conhecido para os dias de hoje como o Plano Cruzado. Existia dentro das características desse plano medidas de caráter macroeconômico, que visava quase que primordialmente o combate à inflação que não parava de crescer e para tal, foram usadas medidas para o controle de preços dentro da economia.
Em abril de 1987, o então professor Luiz Carlos Bresser Pereira empossado como o novo ministro da Fazenda mostrou logo durante o começo dessa jornada a intenção de combater a inflação que vinha como principal problema da economia brasileira desde o começo da década de 70 e não havia sido evidentemente arrumada pelo fracasso plano Cruzado. Querendo combater a inflação, Bresser tentou conter a demanda e aumentar a contingente de exportações para trazer resultados mais positivos à balança comercial brasileira. O então governo e sua equipe econômica comandada por Bresser tentou um realinhamento dos preços tentando alcançar objetivos específicos, sendo eles: por um lado, que os preços não sofressem nenhuma defasagem e que isso por vez viesse a trazer problemas sérios no abastecimento; e por outro lado, queria evitar futuras pressões por aumentos novos nos preços desses produtos logo após o lançamento do plano. O apoio popular, que desde o começo não andava nada sintonizado com o plano Bresser o qual foi visto como transitório, perdeu ao seu final toda e qualquer credibilidade que lhe havia restado. A inflação foi acelerada nos meses seguintes fazendo-a retornar ao seu patamar de dois dígitos. Bresser acabou pedindo demissão em dezembro de 1987, período o qual a inflação teve um resultado de 14,1%.
Em janeiro de 1989, mais especificamente no dia 15, por intermédio da Medida Provisória de nº 32, o governo da Nova República veio a apresentar a sua mais nova e derradeira promessa para a tão almejada estabilização econômica. Essa promessa, ou melhor, proposta que o Governo trouxe ficou conhecida como Plano Verão. São oito principais pontos que o Plano Verão tinha e que serão evidenciados com uma ênfase um pouco minuciosa em relação aos preços no decorrer do trabalho: Reforma monetária, tabelamento de preços, correção de salários, política salarial, política cambial, correção monetária, tabela de correção e correção dos aluguéis. Dentro do contexto de inflação que o Brasil vivia na década, o Plano Verão foi capaz de reduzir significativamente a mesma. Porém, nos anos que se seguiram, a inflação retomou a sua tendência de crescimento vertiginoso, apesar das tentativas de controle sobre ela com os frustrados Planos Bresser e Verão.
Após o Plano Verão, houve um bloqueio da liquidez da maior parte de todos os haveres financeiros em março de 1990, que deu origem e forma ao Plano Collor. O Plano Collor foi uma das maiores e mais radicais intervenções do Estado na economia brasileira. O mesmo teve, e é de se entender isso, uma origem nas discussões a respeito do fracasso evidente dos planos anteriores que visavam a estabilização econômica, em especial os choques heterodoxos praticados pelo governo Sarney. Tal boqueio queria enfrentar de uma vez os três pilares problemáticos que eram o panorama da economia na época: a tendência de monetização acelerada e de explosão da demanda em momentos de desinflação, as implicações da elevada liquidez dos haveres financeiros e da moeda indexada e também as precárias condições de financiamento da dívida pública mobiliaria. Muitos dos problemas eram inevitáveis por vinham da estabilização dos preços pós período de longa inflação. 
Para mudar mesmo o rumo dessa história de altíssima inflação na economia brasileira, veio o Plano Real. O qual desarmou o sistema de indexação, restabeleceu a confiança em que o governo não faria loucuras na economia e virou uma página completamente complicada da história brasileira. Diferentemente dos planos anteriores, o Plano Real foi anunciado antecipadamente a toda sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que durou do final de 1993 a fevereiro de 1994 consistiu na batalha por aprovar no Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas públicas. Essa foi uma lição aprendida com os planos anteriores: como a inflação alta ajudava o governo a fechar as suas contas, se o objetivo era derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as rédeas das contas públicas.
A segunda fase transcorreu de fevereiro a junho de 1994 e foi marcada pela progressiva cotação dos preços em URV, uma unidade real de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O cruzeiro novo não saiu de cena de imediato. A cada dia, o BACEN fixava uma taxa de conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de três índices diários de inflação. As razões para seu sucesso podem ser apontadas em sendo contadas como 3, que são: a sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação com a inflação, a tal ponto que mesmo os setores e grupos que se beneficiavam dela estavam dispostos a virar aquela página da história, o aprendizado com a experiência fracassada dos planos anteriores, a economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes anteriores (e a possibilidade de importação disciplina os preços internos).
O Plano Cruzado e suas medidas quanto aos preços
O Governo pegou para si como herança inflação e dívidas interna e externa de grande preocupação. O novo ministro, Francisco Dornelles, tem nesse panorama econômico o objetivo principal de controlar essa inflação que só apresentava níveis de crescimento. Assim, colocou um atraso nas tarifas públicas, estabelecendo também um breve congelamento nos preços e deu início a uma nova formulação para a correção monetária e também cambial, que teria por base exatamente a média da inflação dos três meses que fossem anteriores. É de sesaber que, durante os primeiros meses de instalação dessas medidas a inflação teve sim uma redução. De dezembro de 1984 até março de 1985, a média da inflação ficou em 11,8% ao mês. Em abril e junho, a média não ultrapassou os 7,6%. 
A pressão sobre o congelamento dos preços passou a ter agravamentos devido justamente a uma alta nos custos de produção em termos reais verificados nos primeiros meses do ano. O sistema de controle de preços que o Plano Cruzado quis implantar ficou totalmente inviável, houve um acontecimento das mais altas taxas inflacionárias vindas das longas defasagens que eram embutidas nos reajustes salariais semestrais somadas a essa fórmula inovadora de indexação das correções tanto monetária quanto cambiais. A partir de julho, quando o processo de reajuste controlado nos preços estava apenas em seu início, houve um disparo nos níveis inflacionários, o que se deveu em parte, ao choque ruim na oferta agrícola. A posição do ministro se tornou totalmente insustentável devido a agosto, a inflação ter tingido o patamar de 14%. Desse modo, ele acaba renunciando o cargo e será substituído pelo então presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Dilson Funaro. 
A implementação do Plano Real tinha como sua principal função a de trazer estabilidade para a economia, e que nesse caso, serviria de base para algumas reformas econômicas de teor mais profundo. A correção de um novo padrão para o financiamento público e também privado que conseguisse garantir para a economia um crescimento sólido. Para os planos de teor ortodoxos implantados anteriormente no Brasil, o Plano Cruzado tem como diferença que tem como característica seu baseamento no controle de preços, dispensando as formas mais normais e convencionais de restringir as políticas tanto monetária quanto fiscal. 
Algumas medidas características do Plano Cruzado que foram implementadas visando uma quebra na inércia inflacionária a partir de um decreto. O qual por vez, promoveu uma reforma monetária de grande dimensão para a economia brasileira, estabelecendo o Cruzado (Cz$) em substituição ao Cruzeiro como novo padrão monetário brasileiro. Cada cruzado valia mil Cruzeiros. 
A anulação de correção monetária em contratos que fossem menores do que o prazo de um ano traia implicações diretamente sobre a dívida pública, a qual teria seu estoque em situação de diminuição devido a sua desvalorização que vinha da inflação que corria no período. Quase a totalidade de toda a dívida tinha sido contratada dentro do curto prazo. Os detentores de títulos ficaram receosos quanto a uma aceleração futura nos preços, então negociaram com deságio suas posições dentro do mercado financeiro. 
Em relação exclusivamente aos preços, esses sofreram por tempo indeterminado um congelamento. Não houve nenhuma compensação em relação à inflação acumulada desde o último reajuste que havia sido executado e também não em relação à perda que veio de um aumento residual que ocorreria com eventualidade e normalidade durante esse congelamento executado sobre os preços. Destaca-se que, tanto as tarifas públicas como os outros preços administrados e congelados encontravam-se em total estado de defasagem em relação aos seus custos oriundos da produção. Essa situação acaba ocorrendo devido ao uso indiscriminado dos preços durante o início da década de 1980 como parte da política antinflacionária que o governo tentava executar com o Plano Cruzado. 
O governo usava como argumento para o não reajuste das tarifas e preços públicos de que os incrementos de receitas previstos dentro de todo o pacote de tributos do mês de dezembro de 1985 poderiam ser usados para quitar o orçamento das empresas estatais. 
O objetivo do congelamento geral executado nos preços é de trazer a inflação rapidamente para zero e assim substituir, nos casos de inflação do tipo crônica e na falta de ajustes de teor mais radicais dentro do regime da política econômica executada, o elemento da confiabilidade do setor público do país. O congelamento também acaba em tempos com qualquer elemento de inércia que não seja atrelado aos salários. Os ativos de capital também são visados pelo controle dos preços, o que, ligado à desindexação, ajuda no desestímulo da valorização de toda riqueza que possui o mercado financeiro em favor do investimento de teor especificamente produtivo. 
Em geral, pode-se afirmar que o Plano Cruzado não foi capaz de realizar os ajustes que eram necessários e também almejados pelo mesmo nos preços, assim como também em outros fatores da economia como o câmbio, a taxa de juros e as tarifas públicas que eram anteriores ao choque. A margem de lucro médio das empresas manteve-se a mesma como consequência. Desse modo, tinha-se que o principal problema que deveria ser enfrentado era justamente o desalinhamento dos preços relativos provocado pela completa falta de sincronia nos reajustes. Assim, os setores e as empresas que tinham remarcado os seus preções em um período mais perto do choque obtiveram resultados vantajosos em relação aos demais que ainda estavam por praticar uma redefinição em seus preços, isso acabou por ter criado entre os setores uma situação de altos desequilíbrios. 
Nos setores em que o congelamento de preços se mostrou bom e que contavam com uma capacidade ociosa em suas instalações, os lucros subiram com respeito as regras devido ao acréscimo de produção. Mas, mesmo com a capacidade produtivo tendo sido completamente atingida e alcançada, e também com a impossibilidade estrutural que as empresas tinham em mantê-la no curto prazo, estas começaram a ir atrás de artifícios de burlar o mecanismo de congelamento dos preços que o Plano Cruzado trazia consigo. Entre eles tem-se a redução dos prazos de pagamentos, cobrança de ágil e também suspensão de benefícios que antes eram ofertados e concedidos. 
São dois os fatores fundamentais que levaram o Plano Cruzado ao fracasso em seu fim. O diagnóstico sobre o que teria causado toda essa inflação na economia brasileira não estava correto em sua totalidade é um deles. Houve uma ênfase muito alta e desnecessária quanto ao caráter inercial da inflação, deixando de lado as causas que eram principais e que podem ser encontradas no déficit público e no descontrole monetário. 
O segundo a ser destacado é em relação justamente à política macroeconômica que foi adotada pelo governo vigente da época, ela foi errada quando estimulou o crescimento econômico em níveis acelerados. A explosão que houve da demanda foi resultado direto do aumento real que o governo concedeu aos salários. Além também de poder serem apontados o descontrole fiscal e uma política monetária expansionista que produziu taxas de juros muito baixas ou até mesmo abaixo de zero dentro desse fator. Dentro de uma economia de caráter fechado como a brasileira era na época, o congelamento de preços acabou por gerar uma inflação de caráter reprimido em diversos setores de produção. A situação ficou ainda com caráter mais dramático, porque além dessa inflação reprimida, a escala do consumo gerou um excessivo absorvimento interno, que, associado a uma taxa de câmbio nominal fixa, criou problemas sérios ao setor externo.
O Plano Bresser e suas medidas quanto aos preços
O então professor Luiz Carlos Bresser Pereira se apresentou como um dos mais participantes dentro dos debates econômicos que na época existiam a respeito de toda situação econômica que o Brasil enfrentava na época. Ele não interviu apenas como um analisador que proporcionava diagnósticos e análises de conjuntura por si só, muito pelo contrário, Bresser proporcionava sugestões concretas quanto a política econômica, e com isso, acabou por antecipar o que seriam as linhas gerais do que viria a ser o futuro Plano Bresser. Uma combinação de sugestão de ideia e suas aplicações práticas, o que não se tem como muito comum nesses casos. E então, em 24 de abril de 1987, Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu como o novo ministro da Fazenda. Desejava combater a onda de inflações controlandoa demanda e de aumentar o nível de exportações para melhorar os resultados que a balança comercial apresentava. 
Sabe-se que o objetivo prioritário no Plano Bresser era cuidar do balanço de pagamentos da economia brasileira, mesmo com toda a situação inflacionária que já estava instalada e não havia sido curada por políticas anteriores há tempos. Claramente existia uma negociação difícil com os credores, mas era de se supor uma meta de superávit primário para a balança comercial. 
Para o que tange os preços, em maio de 1987, o então ministro Bresser determinou uma desvalorização no cruzado em 7,5% em relação ao dólar, com intuito mais importante por trás que era aumentar as exportações e colocar as importações em situação mais desanimadora. Antes do lançamento e implementação oficial do plano, mais especificamente em junho, aconteceu e foi implantado o seguinte panorama, que visava a estabilização econômica: aumento nas tarifas de eletricidade de 45%, aumento nas tarifas telefônicas de 34%, no pão de 36%, no aço de 32%, do leite de 2% e também aumento nas tarifas dos combustíveis de 13%. Haviam dois objetivos que o governo pretendia com todo esse realinhamento dos preços: não defasagem nos preços que poderia causar um problema quanto ao abastecimento e evitar o quanto mais pudesse pressões futuras por mais aumento de preços dentro desses produtos assim que o Plano Bresser fosse lançado.
Em diferença clara ao Plano Cruzado, o Plano Bresser não tinha como proposta em si de dar um fim à inflação, mas poder fazer uma reversão da tendência que existia nos níveis da inflação e desse modo colocar a própria inflação taxas mais baixas do que as que haviam. 
O Plano Bresser pode ser considerado um plano híbrido, isso quer dizer que usou medidas ortodoxas e também heterodoxas em seu período de execução, isso também pode dizer que a inflação do período possuía componentes de uma inflação inercial como também uma inflação de demanda. 
Havia sido definido de acordo com um de seus artigos, que após o congelamento dos preços haveria uma fase de flexibilização para os mesmos. O decreto-lei determinava que o máximo que havia de prazo para que os preços ficassem em estado de congelamento era de 90 dias, incluindo os de mercadorias, tarifas e prestações de serviços. Desse modo criou-se a Unidade de Referência de Preços (URP) para fim de reajustes de salários e preços. A URP era tida pela média da variação mensal do IPC ocorrida no trimestre imediatamente anterior, permitindo que fosse aplicada a cada mês do trimestre posterior. Com esse tipo de base de cálculo e medidas, o governo conseguia que o realinhamento dos preços que eram feitos antes do lançamento do plano seria computado na inflação pertencente a junho. Assim, o mês de julho, que era o de lançamento do Plano Bresser, não ficava em situação prejudicial. 
O apoio popular não era pertencente ao Plano Bresser desde o seu início, e como o plano foi visto como transitório, acabou perdendo toda a sua credibilidade. Os resultados iniciais foram realmente satisfatórios e bastante animadores na época, o déficit público sofreu redução, a inflação sofreu queda e os saldos referentes à balança comercial foram recuperados. Tais resultados positivos foram acompanhados de outros que tiveram resultados de teor negativo e acabaram piorando com o passar dos dias. As consequências que eram originadas das altas taxas de juros que eram praticadas e da baixa no poder de compra dos consumidores brasileiros fez com que as vendas para o comércio varejista sofressem queda significativa. Claramente houve uma diminuição no ritmo de produção do setor responsável pelo abastecimento do comércio varejista. 
O processo de congelamento dos preços foi executado antes de dar 90 dias após o lançamento do plano, mais precisamente em agosto. Isso acabou diminuindo o número de bens com preços administrados e permitiu um reajuste de nos mesmos de até 10% no máximo. Foram autorizados aumentos nos preços de vários produtos como cigarros, transporte, açúcar e combustíveis para seguir essa política de flexibilização.
Nos meses que se seguiram, a inflação acabou acelerando e voltando ao seu patamar de dois dígitos, desse modo, o ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira acabou por pedir demissão em dezembro de 1987, mês em que era de 14,1% o nível de inflação no Brasil.
Até antes de deixar o cargo de ministro da Fazenda, Bresser ainda praticou algumas tentativas visando uma articulação de um conjunto de medidas referentes à área fiscal, o que compunha a extinção de alguns órgãos e a privatização de algumas empresas que eram estatais, o sentido disso tudo foi puramente simbólico, como o mesmo reconheceu depois. Sobretudo, articulou junto a essas medidas uma reforma na parte tributária direcionando a elevar a carga tributária no país, Bresser também mostrava um aumento no imposto de renda que iria ter mias incisão em quem fosse mais detentor de riquezas, desejando uma diminuição da incisão aos mais pobres no Brasil. Chegou a ser especulado que Bresser também pretendia uma elevação no IPI sobre os produtos de características supérfluas. Tributação sobre o patrimônio também compunha a tomada de decisões mesmo que não fosse esperado algum efeito disso. 
O Plano Verão e suas medidas quanto ao preço
Maílson da Nóbrega, o quarto e último ministro da Fazenda do governo Sarney, anunciou o Plano Verão em janeiro de 1989. Foi o terceiro choque econômico e a segunda reforma monetária do Governo Sarney. O mesmo foi elaborado sob a supervisão dos ministros João Batista de Abreu, Dorothea Werneck, Ronaldo Costa Conto. Entre as medidas adotadas estavam um novo congelamento de preços, a criação do cruzado novo e o comprometimento de conter os gastos públicos. 
O Cruzado deu lugar ao Cruzado Novo. Essa nova moeda foi estabelecida com o corte dos três zeros da moeda antiga, desta forma 1 Cruzado Novo valia o mesmo que 1000 Cruzados. Foi elaborada junto a essa medida uma tabela de conversão para que as pessoas soubessem os valores e os preços de suas dívidas quando a moeda ainda era o Cruzado. 
Os salários foram corrigidos tendo por base o poder de compra médio do ano anterior foram aplicados sobre esses valores a URP de janeiro de 1989, prefixada em 26,1%.
Ficou fixado que, a partir do segundo mês de 1989, a URP não mais seria utilizada para corrigir os salários dos trabalhadores. Ficou previsto também que os ministros do Planejamento, da Fazenda, do Trabalho e da Casa Civil teriam até 90 dias para ouvir os trabalhadores e os empresários e apresentar ao Congresso Nacional um projeto de lei regulamentando os critérios e os períodos dos reajustes dos salários. Enquanto não houvesse essa regulamentação, os reajustes dos salários aconteceriam determinados pela livre negociação entre patrões e empregados.
Foi feita uma desvalorização cambial de 18%, em seguida o câmbio foi fixado no valor de 1 Cruzado para 1 Dólar sem data para ser alterado.
Os aluguéis comerciais tiveram os seus valores vigentes em janeiro de 1989 congelados. Essa medida devia-se ao fato de que, nesses tipos de aluguéis, na quase totalidade dos contratos, as cláusulas de correção dos seus valores tinham a periodicidade mensal. Para a correção dos aluguéis residenciais foram utilizados fatores de correção pela média dos últimos meses, dependendo da periodicidade contratual (semestral ou anual) e da data do último reajuste.
Em abril daquele ano o governo criou os Bônus do Tesouro Nacional (BTN), atendendo a reivindicação por um sistema de indexação que pudesse conviver com os supostos aumentos de preços que então ressurgia na época. 
Houve um aumento da taxa de juros, no início, que fez com que caíssem alguns preços relativos, só que isso perdurou somente até o mês de abril. Dessa forma, a taxa de juros continuou subindo até o mês de maio. Naquele mês, o governo estava com estoque da dívida maior do que no início do plano. Dessa maneira, o congelamento de preços que vigorou nos primeiros meses foi prejudicial devido ao realinhamentodos combustíveis e da energia elétrica, antes de serem congelados, um dia antes do congelamento, para ser exato.
No mês de junho de 1989 algumas das medidas foram adotadas: a principal foi a volta da correção monetária, que se tornou necessária devido à volta do processo inflacionário. A Obrigação do Tesouro Nacional que corrigia os contratos foi extinta. Os contratos que tinham como fator de correção a OTN tiveram os seus valores de 1º de janeiro de 1989 congelados. Como consequência, os devedores foram favorecidos e os credores foram prejudicados, visto que na correção das dívidas pela OTN não foi levada em consideração a inflação do período de 1º a 15 de janeiro de 1989. Além disso, foram proibidas cláusulas de correção monetária para contratos com prazos iguais ou inferiores a 90 dias. Nos contratos com prazos acima de 90 dias, ficou permitida a livre negociação entre as partes das regras de indexação.
A inflação do Plano Verão passou a ser apurada a partir do dia 15 de janeiro de 1989. Assim a inflação do primeiro mês do plano seria a do período de 15/1/1989 a 14/2/1989. Os aumentos de preços, autorizados no dia 14 de janeiro de 1989, foram todos computados na inflação de janeiro. 
Durante o período que o Plano Verão vigorou os preços retomaram a sua escalada de alta, o que gerou nos agentes econômicos, num curto espaço de tempo, a expectativa de que a famosa e temida hiperinflação voltaria a assustar a economia brasileira. Pois, foi-se confirmada esta situação com o passar do tempo. Em todos os meses depois de junho de 1989 a inflação foi maior que a dos mesmos meses de 1988.
O Plano Collor e suas medidas quanto ao preço
A década de 1990 começou com um novo presidente, Fernando Collor de Mello. Collor tomou posse no dia 15 daquele ano, e um dia depois já anunciara suas primeiras medidas, dentro daquilo que foi nomeado de Plano Collor I. 
Era sabido por todos que as políticas econômicas da década de 1980 e seus respectivos planos econômicos fracassaram no combate a inflação. Para tentar solucionar esta inflação inercial que há tempos se encontrava na economia brasileira Collor buscou bloquear a liquidez presente no país. Para resolver à liquidez a equipe econômica do presidente anunciou o bloqueio das aplicações financeiras, e buscou reduzir expressivamente o acesso ao crédito dos cidadãos brasileiros, além de criarem políticas firmes para que os bancos também reduzissem seus dispêndios. 
O objetivo deste plano, segundo Collor, era conter a inflação e cortar gastos desnecessários do governo. O congelamento dos preços e salários dos trabalhadores, a desindexação da economia, a demissão de funcionários e diminuição de órgãos públicos foram medidas tomadas à priori em seu governo, além de mudar a moeda novamente do cruzado novo para o cruzeiro.
A população reagiu com perplexidade, especialmente às medidas de bloqueio do dinheiro. Ao fim do feriado bancário de três dias anunciado por Collor, longas filas se formaram nas agências, e os bancos não tinham dinheiro suficiente para cobrir saques dos clientes. O comércio também ficou paralisado. O Plano Collor I determinou que os saques na caderneta ou conta corrente estavam limitados a 50 mil Cruzados Novos. O restante ficaria retido por 18 meses, com correção e 6% de juros ao ano. No caso dos fundos de curto prazo e do overnight (refúgio de parte da classe média diante da “inflação inercial”), o resgate era ainda mais limitado. Só poderiam ser sacados 20% ou 25 mil Cruzados Novos, o que fosse maior, pagando ainda tributação de 8% sobre o valor retirado. 
A focalização da análise do Plano Collor apenas no bloqueio não é um equívoco. Desde o início, o programa de estabilização se destacava com nitidez. As demais medidas do Plano não dependiam da natureza da política de estabilização e poderiam ter acompanhado programas graduais ou choques baseados em congelamento de preços e desindexação. Algumas medidas do Plano tinham objetivo antinflacionário de médio prazo, caso da abertura comercial; outras procuravam equacionar a crise fiscal, mas não dependiam do bloqueio para tanto. 
 Enfatiza-se que as medidas fiscais aplicadas sobre o estoque de ativos financeiros destinavam-se a acentuar o caráter distributivo do programa, afirmação implícita de que o elemento distributivo maior era a própria reforma monetária que conduziria à estabilização dos preços. 
Entretanto os preços não se estabilizaram. Era comum a população fazer estoque de produtos em suas residências, visto que os preços variavam bastante até mesmo de um dia para o outro. O valor dos produtos quase dobrava de um mês para o outro. 
Os preços, e consequentemente a inflação recuaram no início do Plano Collor, porque o bloqueio reduziu a circulação de dinheiro na economia, porém teve início a maior recessão da história do Brasil, com um aumento do desemprego exorbitante, fechamento de inúmeras empresas e queda considerável no PIB brasileiro. 
A economia brasileira teve uma redução de 4,35% em 1990, na comparação com o ano de 1989. Em 1991 teve um crescimento mínimo de 1,03%, mas logo no ano seguinte o produto retraiu novamente. Os índices de inflação fecharam em 1.699,87%, 458,38% e 1.174,67% nos anos de 1990, 91 e 92 respectivamente, comprovando a ineficácia do Plano Collor em seu principal objetivo.
Plano Real e suas medidas quanto ao preço
Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil, situação que já durava aproximadamente trinta anos. Até então, os pacotes econômicos eram marcados por medidas como congelamento de preços. Desenvolvido em 30 de junho de 1994, tinha como principal objetivo à redução e o controle da inflação. Elaborado pelo ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, o plano de estabilização da economia contou com a participação dos seguintes economistas: Gustavo Franco, Pérsio Arida, Pedro Malan, Edmar Bacha, André Lara Rezende, entre outros. 
Os economistas do então governo de Itamar Franco definiram que o Plano seria desenvolvido em três fases: 
O ajuste das contas públicas, através de um corte no orçamento;
 Implantação da unidade real de valor (URV);
Transformação da URV na nova moeda brasileira, o Real.
Essas fases ligam-se uma na outra e expõe um conjunto de políticas. Além disso, articulam-se ao plano, à elevação das taxas de juros, a sobrevalorização cambial e medidas de abertura comercial com fins antinflacionários. 
O Plano Real contou com a combinação de condições políticas, históricas e econômicas que permitiram que fossem lançadas as bases de um programa de longo prazo. Realizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real.
O Plano Real foi iniciado ainda no governo de Itamar Franco, com o Programa de Ação Imediata – PAI. Com a política de não ter choques heterodoxos, como o congelamento de preços e confisco de depósitos bancários, que estavam presentes nos planos antecedentes, o Estado assumiu que a mais importante causa da inflação era as finanças descontroladas e administrativas do setor público. Era uma primeira amostra de mudança com vista no ajuste das finanças públicas e na reorganização das relações entre os setores público e privado.
A URV definiu as características gerais do plano de estabilização e possibilitou a extinção da memória inflacionária e também o reajustamento dos preços relativos. A aprovação da URV preparou o terreno para a entrada em circulação do Real, em primeiro de julho de 1994, concluindo uma etapa fundamental da estratégia política de grande impacto.
Depois de aprovado, o plano seguiu com o planejamento prévio e buscava enfim acabar com os problemas de preço e inflação que já perduravam insistentemente na economia brasileira.
O fator primordial do Real foi a URV, que entrou em vigor em 1 de março de 1994. Para que a economia, enfim, fosse desindexada e para que terminasse a estratégia insistente e frustrante do congelamento de preços realizadas nos planos econômicosanteriores, foi adotada uma moeda virtual que fazia a transição do cruzeiro real equivalente da URV. Ou seja, os preços nos supermercados e estabelecimentos eram marcados em URV´s, entretanto no momento do pagamento o valor em URV seria convertido para cruzeiro real. 
Gradativamente esse processo ajudou a inflação inercial a ir se estabilizando e os preços começaram a ficar mais estáveis no cotidiano da população brasileira.
Quando o real entrou em vigor e passou a ser a moeda brasileira, sua conversão em relação ao dólar era de 1 para 1. Depois disso, a abertura comercial e a manutenção do câmbio valorizado passaram a ser as principais medidas para manter os preços e consequentemente a inflação sob controle.
Enfim, um plano econômico que sanou as dificuldades inflacionárias que perduravam desde a década de 1980.
Conclusão
Apresentados os planos econômicos que vigoraram durante as décadas de 1980 - Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão - e primeira metade da década de 1990 - Plano Collor e Plano Real - pode-se concluir que as políticas de preços e inflação sempre foram as principais medidas que os governos procuravam resolver. De acordo com o que foi exposto, no entanto, vemos que o único plano que conseguiu obter sucesso em relação a esse ponto foi o Plano Real, realizado nos anos de 1993 e 1994 durante os Governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Enquanto os demais planos buscavam controlar a inflação através do congelamento de preços e salários insistentemente, o Plano Real mostrou que era possível acabar com a indexação da economia, sem essa política, como exposto no corpo do artigo.
Referências
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