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CURSO: DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL II PROFESSOR: ADAILTON FEITOSA FILHO TÓPICO 10 PODER JUDICIÁRIO 1. A Constituição Federal prevê a tutela jurisdicional plena, ao asseverar que nenhuma lesão ou ameaça de direito pode ser afastada do controle do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF), cuja independência constitui direito fundamental dos cidadãos (ser processado e julgado por um Tribunal imparcial e independente), inerente ao Estado Democrático de Direito. 2. A Constituição confere ao Poder Judiciário garantias institucionais e garantias aos seus membros, que não constituem privilégios dos magistrados, mas sim predicamentos indispensáveis à necessária independência para o exercício da jurisdição, resguardando-o das naturais pressões do Poder Legislativo e do Poder Executivo. 2.1. As garantias institucionais correspondem à autonomia funcional, administrativa e financeira (art. 99, CF). O Poder Judiciário tem por competência, entre outras: eleger os seus órgãos diretivos, organizar suas secretarias e serviços auxiliares, prover os cargos de juízes (art. 96, CF), além de elaborar suas propostas orçamentárias (art. 99, § 1º, CF). 2.2. As garantias dos magistrados são: Quanto à liberdade, mediante os seguintes predicamentos: o Vitaliciedade – o juiz somente pode perder o cargo por decisão judicial. A vitaliciedade é adquirida, na primeira instância, após dois anos de exercício (art. 95, I, CF) e, nos Tribunais, a partir da posse. o Inamovibilidade – o juiz permanece no cargo para o qual foi nomeado (não se admite remoção ex officio), somente podendo ser removido por iniciativa própria ou por interesse público, mediante decisão da maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa (art. 95, II, c/c art. 93, VIII, CF)1. 1 Art. 93, III, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC nº 45/2004. 2 o Irredutibilidade de subsídio – o valor nominal não pode ser reduzido (irredutibilidade jurídica), não existindo direito à atualização monetária (irredutibilidade real), consoante inteligência do STF (art. 95, III, CF). Quanto à imparcialidade, mediante as seguintes vedações (art. 95, parágrafo único, I a V, CF)2: o Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; o Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; o Dedicar-se à atividade político-partidário; o Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; o Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Atenção! As vedações fixadas para a magistratura coincidem com as que são estabelecidas para os membros do Ministério Público (art. 128, § 5º, II, CF), com algumas peculiaridades: a) os membros do MP não podem receber honorários ou percentagens relativas ao processo; b) o exercício da advocacia e de atividade comercial constituem vedação expressa para os membros do MP e implícita para os magistrados.3 3. A organização do Poder Judiciário deve observar os princípios previstos na Constituição (art. 93, I a XV, CF), além de outros a serem prescritos na lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, que disporá sobre o Estatuto da Magistratura. A Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu diversas mudanças.4 Vejamos: Exigência de três anos de atividade jurídica ao bacharel em direito para o ingresso na carreira (inciso I); Realização de avaliação de desempenho, a partir de critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição, para a promoção por merecimento (inciso II, c); 2 Os incisos IV e V do parágrafo único do art. 95 foram acrescidos pela EC nº 45/2004. 3 A vedação do exercício de atividade político-partidária para os membros do MP era relativa, ou seja, podiam candidatar-se a cargos eletivos, afastando-se temporariamente do serviço ativo. Com a EC nº 45/2004, igualmente aos magistrados, a vedação passou a ser absoluta. 4 Os dispositivo II-e, VIII-A, XII, XIII, XIV e XV foram acrescidos pela EC nº 45/2004. 3 Obrigatoriedade de voto fundamentado de 2/3 dos membros do Tribunal, assegurada a ampla defesa, para a recusa do juiz mais antigo, na apuração da antigüidade (inciso II, d); Proibição de promoção daquele juiz que, injustificadamente, retém autos em seu poder além do prazo legal – o juiz não poderá, para se afastar da vedação, devolver os autos ao cartório sem o devido despacho ou decisão (inciso II, e); Obrigatoriedade da participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados, no processo de vitaliciamento, havendo também a previsão de cursos oficiais de preparação (sem a previsão expressa como requisito indispensável para o ingresso na carreira), aperfeiçoamento e promoção de magistrados (inciso IV); Possibilidade do Tribunal autorizar o juiz titular não residir na comarca (inciso VII); Novo procedimento para remoção do magistrado, colocá-lo em disponibilidade ou aposentá-lo, por interesse público: decisão da maioria absoluta do Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa (inciso VIII); Observância das normas de promoção, no que couber, para a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância (inciso VIII-A): o Obrigatoriedade da promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; o Exigência de dois anos de exercício na entrância, integrando o juiz à primeira quinta parte da lista de antigüidade; o Avaliação de desempenho que considere: critérios objetivos de produtividade; presteza no exercício da jurisdição; freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; o Não retenção injustificada de autos. Possibilidade de limitar determinados atos processuais, por lei, nos casos em que a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação (inciso IX); Previsão de que as decisões administrativas serão tomadas em sessão pública (inciso X); Estabelecimento de critérios para a composição do órgão especial criado pelos Tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores para o exercício de atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do Tribunal Pleno (inciso XI): 4 o Provimento de metade das vagas por antigüidade; o Provimento da outra metade por eleição do Tribunal Pleno. Vedação de férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau – atividade jurisdicional ininterrupta, com juízes em plantão permanente nos dias em que não houver expediente forense normal (inciso XII); Manutenção da proporcionalidade entre o número de juízes na unidade jurisdicional e à efetiva demanda judicial e à respectiva população (inciso XIII); Possibilidade de delegação para os servidores de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório (inciso XIV); Determinação da distribuição imediata de processos, em todos os graus de jurisdição (inciso XV). 4. Quadro de organização estrutural do Poder Judiciário: 4.1. O Conselho Nacional de Justiça – CNJ, criado pela EC nº 45/20045, objetiva promover o controleda atuação administrativa e financeira do 5 A Constituição de 1988 aboliu o Conselho Nacional da Magistratura instituído pela Constituição de 1967 (e a Emenda Constitucional nº 07/1977) com atribuição correicional STF locali zado s na capit al de cada Esta do e no Distr ito Fede ral, TST STJ TSE STM TJ TRF TRT TRE TM Juízes de direito Juízes federais Juízes do trabalho Juízes eleitorais Juízes militares CNJ locali zado s na capit al de cada Esta do e no Distr ito Fede ral, 5 Poder Judiciário (observância aos princípios constitucionais da Administração Pública) e o controle do cumprimento dos deveres funcionais pelos magistrados (atribuições disciplinares e correicionais), exercendo, notadamente, as seguintes atribuições6 (art. 103-B, § 4º, CF): Desconstituir ou rever atos administrativos (não jurisdicionais), de ofício ou mediante provocação, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; Avocar processos disciplinares em curso e rever os processos disciplinares julgados há menos de um ano, de ofício ou mediante provocação; Elaborar relatório, propondo providências, sobre o Poder Judiciário, que deverá integrar a mensagem do Presidente do STF na abertura da sessão legislativa. 4.1.1. O Conselho Nacional de Justiça – CNJ tem a seguinte composição (art. 103-B, CF): 09 membros do Poder Judiciário nacional (da União e dos Estados): o O Presidente do STF (nas suas ausências e impedimentos, o Vice-Presidente do STF presidirá o Conselho); o 01 Ministro do STJ (indicado pelo próprio Tribunal); o 01 Ministro do TST (indicado pelo próprio Tribunal); o 01 Desembargador de Tribunal de Justiça (indicado pelo STF); o 01 Juiz Estadual (indicado pelo STF); o 01 Juiz de TRF (indicado pelo STJ); o 01 Juiz Federal (indicado pelo STJ); o 01 Juiz de TRT (indicado pelo TST); o 01 Juiz do Trabalho (indicado pelo TST); 02 representantes do Ministério Público: o 01 da União (indicado pelo Procurador-Geral da República); o 01 dos Estados (escolhido pelo Procurador-Geral da República, dentre os indicados pelos Estados); 02 advogados (indicados pelo Conselho Federal da OAB); 02 representantes do povo: o 01 cidadão, com notório saber jurídico e reputação ilibada, indicado pela Câmara dos Deputados; o 01 cidadão, com notório saber jurídico e reputação ilibada, indicado pelo Senado Federal. dos atos praticados pelos magistrados em geral, garantindo o autogoverno dos Tribunais e a exclusividade para processar e julgar seus magistrados nas infrações disciplinares. 6 Algumas atribuições já se encontravam previstas nos arts. 50 a 60 do antigo Estatuto da Magistratura (disposições não recepcionadas pela Constituição de 1988). 6 4.2. O Supremo Tribunal Federal – STF é o guardião da Constituição (sua função principal é apreciar questões constitucionais), mas não é uma Corte exclusivamente constitucional (tem outras atribuições). IMPORTANTE: O STF não é um Tribunal Constitucional nos moldes da Europa (Alemanha, Portugal), entretanto seus Ministros exercem o controle de constitucionalidade não só através de ADINs, mas também no caso concreto, mediante recurso extraordinário. 4.2.1. Composição: 11 Ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal (art. 101, parágrafo único, CF), que preencham os seguintes requisitos (art. 101, caput, CF): Brasileiro nato (art. 12, § 3º, IV, CF); Notório saber jurídico; Reputação ilibada; Mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade. 4.2.2. Competências: Originária – ações que ingressam diretamente no STF (ex: ADIN, ADECON); Recursal – mediante recurso. 4.2.2.1. Competência Originária, notadamente: Todas as ações do controle concentrado de constitucionalidade – ADIN, ADECON (art. 102, I, a, CF); Ações criminais por prerrogativa de foro de altas autoridades: o Crimes comuns – Presidente da República, Vice-Presidente da República, Deputados, Senadores, Ministros do STF, Procurador-Geral da República (art. 102, I, b, CF), como também Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, Membros dos Tribunais Superiores (STJ, TSE, STM, TST), Membros do TCU e Chefes das Missões Diplomáticas Permanentes (art. 102, I, c, CF); o Crimes de responsabilidade – Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas (nos crimes que não sejam conexos com as infrações político-administrativas do Presidente da República), Membros dos Tribunais Superiores (STJ, TSE, STM, TST), Membros do TCU e Chefes das Missões Diplomáticas Permanentes (art. 102, I, c, CF); 7 Mandado de segurança e habeas data contra atos do Presidente, das Mesas da Câmara e do Senado, do Procurador-Geral da República, do TCU e do próprio STF (art. 102, I, d, CF); Habeas corpus relativo a pessoas sujeitas à competência do STF, salvo o Ministro de Estado (art. 102, I, d, CF): o Habeas corpus contra Ministro (coator) – STJ o Habeas corpus em favor de Ministro (paciente) - STF Questões que envolvem litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União/Estado/DF/Território (art. 102, I, e, CF); Atenção! No que se refere ao litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no Brasil, a competência é do Juiz federal com recurso ordinário para o STJ. Conflitos de competência (art. 102, I, o, CF) – dois juízes se declaram (in)competentes – quando envolvam Tribunais Superiores (ex: TST x TST); IMPORTANTE: Se os juízes são ligados ao mesmo Tribunal, este é que vai decidir o conflito. Se os juízes são ligados a Tribunais diversos, quem vai decidir o conflito é o STJ. Ações que envolvam a União e Estados/DF ou os Estados entre si ou o DF (art. 102, I, f, CF), desde que a matéria discutida tenha relevância para o Estado Federal (ex: limites entre Estados seria questão federal7); Ações em que todos8 os membros da Magistratura sejam interessados (art. 102, I, e, CF). 4.2.2.2. Competência Recursal: O STF aprecia: o Recurso ordinário (art. 102, II, CF); o Recurso extraordinário (art. 102, III, CF). 4.2.2.2.1. O recurso ordinário (art. 102, II, CF) cabe nos casos de: Crimes políticos (crimes contra o Estado) julgados pela Justiça Federal de 1º grau (a questão não vai para o TRF); 7 Cf. jurisprudência do STF. 8 Não pode ser algo específico. 8 Decisões denegatórias de habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, em única instância pelos Tribunais Superiores. Ex: mandado de segurança contra Ministro (STJ). Atenção! As decisões definitivas de mérito do STF nas ADINs e ADECONs têm eficácia erga omnes e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e a toda Administração Pública (art. 102, § 2º, CF). 4.2.2.2.2. O recurso extraordinário (art. 102, III, CF) é cabível contra decisão definitiva que envolva questão constitucional (é necessário o prequestionamento9). É uma forma de exercício do controle difuso de constitucionalidade (o STF aprecia o caso concreto), quando as causas decididas em última ou única instância: Contrariar a Constituição; Declarar a inconstitucionalidade de tratadoou lei federal; Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; Julgar válida lei local contestada em face de lei federal.10 IMPORTANTE: A Constituição não exigiu que se estivesse diante da decisão de um Tribunal. Cabe, pois, recurso extraordinário contra as decisões dos colégios recursais dos Juizados Especiais (não são Tribunais, são órgãos julgadores de 2ª instância). 4.2.3. A súmula vinculante foi instituída pela Emenda Constitucional nº 45/2004 (art. 103-A, CF), com o objetivo de proporcionar segurança jurídica (tornar mais seguras as relações jurídicas) e garantir celeridade processual (art. 5º, LXXVIII, CF), sendo regulamentada pela Lei Federal nº 11.417, de 19 de dezembro de 2006, nos seguintes termos: órgão competente: STF; objeto: validade, interpretação e eficácia de normas jurídicas; 9 "Destinando-se o extraordinário, como salientado, a garantir a exata aplicação da constituição, falta razão para ele, se da norma constitucional não se tratou na decisão impugnada. O mesmo se diga do especial, pois não há como fazer-se controle, quanto à correta interpretação do tratado ou da lei federal, em relação a matéria que não se cogitou. Não pode o julgado havê-las contrariado, ou a elas negado vigência, se não versada a questão que regulam." (Oliveira, Eduardo Ribeiro de. Prequestionamento. IN: Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos cíveis de acordo com a lei 9756/98. 1ª Edição – São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.) 10 Exceção acrescentada pela Emenda Constitucional nº 45/2004. 9 legitimidade para propor a edição, a revisão ou o cancelamento:11 o O próprio STF (de ofício); o Aqueles que podem propor ADIN (art. 103, CF): Presidente da República; Mesa da Câmara dos Deputados; Mesa do Senado Federal; Governadores de Estado ou do Distrito Federal; Mesas das Assembléias Legislativas; Procurador-Geral da República; Partido político com representação no Congresso Nacional; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional; o Co-legitimados pela Lei nº 11.417/2006: Defensor Público da União; Tribunais Superiores; Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios; Tribunais Regionais Federais; Tribunais Regionais do Trabalho; Tribunais Regionais Eleitorais; Tribunais Militares. requisitos:12 o reiteração de julgados (jurisprudência), não bastando antecedentes isolados; o controvérsia atual: entre órgãos judiciários; ou entre órgãos judiciários e a Administração Pública; o matéria constitucional: grave insegurança jurídica; relevante multiplicação de processos sobre questões idênticas; o quorum qualificado de votação (decisão de 2/3 dos membros do STF); 11 As súmulas do STF podem ser revistas ou canceladas – cujo pedido seguirá os procedimentos previstos para ADECON (Lei nº 9.868/1999) –, devendo o STF observar a pertinência temática. 12 A Lei nº 11.417/2006 criou procedimento incidental de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmulas vinculantes, quando da propositura no curso de processo. 10 o manifestação do Procurador-Geral da República (nas propostas não formuladas por ele); o publicação no Diário da Justiça e no Diário Oficial da União, no prazo de 10 dias após a sessão.13 Atenção! As súmulas vinculantes constituem atividade legislativa plena, com a possibilidade de suscitar revogação do conteúdo da súmula, cujos vícios formais e materiais serão objeto de análise de constitucionalidade pelo STF. 4.3. O Superior Tribunal de Justiça – STJ foi criado pela Constituição de 1988, assumindo parte da competência do STF. É o guardião da legislação federal. 4.3.1. Composição: 33 Ministros, no mínimo, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal, que preencham os seguintes requisitos (art. 104, parágrafo único, CF): Brasileiro (nato ou naturalizado); Notório saber jurídico; Reputação ilibada; Mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade. Origem: 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/3 dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais; 1/6 dentre membros do Ministério Público Federal, dos Estados, Distrito Federal e Territórios; 1/6 dentre advogados. 4.3.2. Competências: Originária – ações que ingressam diretamente no STJ; Recursal: o Recurso ordinário; o Recurso especial. 4.3.2.1. Competência Originária, notadamente: Ações criminais por prerrogativa de foro das seguintes autoridades: 13 O art. 4º da Lei nº 11.417/2006 previu a possibilidade de limitação temporal dos efeitos da súmula vinculante (com restrição ou dilação da eficácia), em função de segurança jurídica ou excepcional interesse público. 11 o Crimes comuns – Governadores dos Estados e do Distrito Federal, Desembargadores dos Tribunais de Justiça e do DF, Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, Membros dos TRFs, Membros dos TREs, Membros do TRTs, Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e Membros do MP da União que oficiem perante Tribunais (art. 105, I, a, CF); o Crimes de responsabilidade – Desembargadores dos Tribunais de Justiça e do DF, Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, Membros dos TRFs, Membros dos TREs, Membros do TRTs, Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e Membros do MP da União que oficiem perante Tribunais (art. 105, I, a, CF); Atenção! Os Membros do MPU que atuem na 1ª instância serão julgados pelo TRF. Mandado de segurança e habeas data contra atos de Ministros de Estado, dos Comandantes da Marinha, Exército ou Aeronáutica e do próprio Tribunal – STJ (art. 105, I, b, CF); Conflitos de competência entre Tribunais ou juízes vinculados a Tribunais diversos, desde que não envolvam Tribunal Superior (art. 105, I, d, CF). 4.3.2.2. Competência Recursal: O STJ aprecia: o Recurso ordinário (art. 105, II, CF); o Recurso extraordinário (art. 105, III, CF). 4.3.2.2.1. O recurso ordinário é cabível em: Causas que envolvem Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no Brasil; IMPORTANTE: A competência originária é do juiz federal, não ensejando recurso para o TRF. Habeas corpus decididos em única ou última instância pelos TRFs ou TJs, quando a decisão for denegatória; Mandados de segurança decididos em única instância pelos TRFs ou TJs, quando a decisão for denegatória . 12 4.3.2.2.2. O recurso especial caracteriza a função peculiar do STJ, sendo cabível nas causas decididas em única ou última instância pelos TRFs ou TJs, quando a decisão recorrida: Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhe provimento; Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; Der a lei interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal. Atenção! Não cabe recurso especial ao STJ das decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais, pois a Constituição Federal exige que se trate de decisão de Tribunal. 4.4. O Tribunal Superior do Trabalho – TST é o órgão máximo de uma Justiça especializada em razão da matéria concebida pela Constituição de 1934, mas somente criada em 1942, como órgãodo Poder Executivo.14 A Justiça do Trabalho tem suas competências constitucionais taxativamente previstas (art. 114, CF), quais sejam: Ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;15 Ações que envolvam exercício do direito de greve; Ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; Mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; Ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; Ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; Execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, da Constituição Federal e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; 14 A Justiça do Trabalho passou a órgão do Poder Judiciário na Constituição de 1946, visando à solução dos conflitos de interesses trabalhistas. 15 O STF, por maioria, referendou a liminar (STF – Pleno – Med. Cautelar – Adin nº 3.395- 6/DF – Relator Nelson Jobim, DJ, Seção I, 27 jan. 2005, p. 3) que suspendeu toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a “(...) apreciação (...) de causas que (...) sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico- administrativo.” (STF – Pleno – Med. Cautelar – Adin nº 3.395-6/DF – Rel. Min. Cezar Peluzo, Informativo STF nº 422) 13 Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. IMPORTANTE: A Competência do TST é definida por lei (art. 111-A, § 1º, nos termos da EC nº 45/2004). 4.4.1. Composição (art. 111-A, CF): 27 Ministros nomeados pelo Presidente da República, após aprovação, por maioria absoluta, do Senado Federal, que preencham os seguintes requisitos (art. 104, parágrafo único, CF): Brasileiro (nato ou naturalizado); Notório saber jurídico; Reputação ilibada; Mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade. Origem: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício (quinto constitucional16), indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes, que encaminharão as indicações ao TST, que formará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (arts. 94 e 111-A, I, da CF); 4/5, no máximo, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio TST.17 4.5. O Tribunal Superior Eleitoral – TSE é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, que se faz integrada ainda pelos Tribunais Regionais, Juízes e 16 Cf. STF – Pleno – MS nº 22.323-5/SP – Rel. Min. Carlos Velozo. Ementário nº 1.824-10: “(...) essa é uma norma constitucional expressa, que há de prevalecer sobre a norma implícita, que decorre de norma expressa, no sentido de que, se um quinto é dos advogados e dos membros do Ministério Público Federal, quatro quintos serão dos juízes de carreira. Observada a regra de hermenêutica – a norma expressa prevalece sobre a norma implícita – força é convir que, se o número total da composição não for múltiplo de cinco, arredonda-se a fração – superior ou inferior a meio – para cima, obtendo-se, então, o número inteiro seguinte. É que, se assim não for feito, o Tribunal não terá na sua composição um quinto de juízes oriundos da advocacia e do Ministério Público Federal, com descumprimento de norma constitucional (CF, art. 94 e art. 107, I).” 17 A Emenda Constitucional nº 4572004 não previu a elaboração de lista tríplice pelo TST, mas sim de indicação pelo próprio Tribunal diretamente ao Senado Federal. 14 Juntas Eleitorais (art. 118, CF), todos organizados por lei complementar (art. 121, CF), com suas respectivas atribuições institucionais. 4.5.1. Composição (art. 119, CF): 07 Juízes, sendo: o 03 Ministros do STF, eleitos, em votação secreta, pelo próprio Tribunal; o 02 Ministros do STJ, eleitos, em votação secreta, pelo próprio Tribunal; o 02 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados, em lista sêxtupla, pelo STF ao Presidente da República, que os nomeará, dispensada a aprovação do Senado Federal. IMPORTANTE: Os membros dos Tribunais Eleitorais servirão por dois anos, no mínimo, e 04 anos (02 biênios consecutivos), no máximo, salvo motivo justificado, sendo todos os substitutos, em cada categoria, escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo. Atenção! As decisões do TSE são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. 4.6. O Superior Tribunal Militar – STM é o órgão superior da Justiça Militar que, ao lado dos Tribunais e dos Juízes instituídos e organizados por lei (art. 122, CF), processará e julgará os crimes militares (art. 124, CF). 4.6.1. Composição (art. 123, CF): 15 Ministros escolhidos, livremente (respeitada a proporção constitucional), pelo Presidente da República, que os nomeará, após aprovação, por maioria simples, do Senado Federal, sendo: o 10 Militares (brasileiro nato): 03 oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira; 04 oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira; 03 oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreira; o 05 Civis (brasileiro nato ou naturalizado, maior de 35 anos de idade): 15 03 advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com 10 anos de efetiva atividade profissional; 01 juiz auditor; 01 membro do Ministério Público Militar. 4.7. Os Tribunais Regionais Federais – TRFs processam e julgam originariamente (art. 108, I, CF): Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; Os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; Os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal. 4.7.1. Composição (art. 107, CF): 07 Juízes, no mínimo, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros (natos ou naturalizado), com mais de 30 anos e menos de 65 anos de idade, da respectiva região, quando possível, sendo: o 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Federal com mais de 10 anos de efetivo exercício (quinto constitucional), indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes, que encaminharão as indicações ao TRF, que formará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República que, nos vinte dias subseqüentes, escolheráum de seus integrantes para nomeação (arts. 94 e 115, I, da CF); o 4/5, no máximo, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. Não esquecer! Os TRFs, em grau recursal, têm competência para julgar as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição (art. 108, II, CF). 16 4.7.2. A Justiça Federal constitui, em cada Estado e no Distrito Federal, uma seção judiciária, com sede na Capital e varas distribuídas por lei, cabendo aos juízes federais processar e julgar (art. 109, CF): As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro; A execução de carta rogatória, após o exequatur18, e de sentença estrangeira, após a homologação; 18 "O cumprimento das rogatórias, aqui no Brasil, depende de exequatur a ser obtido em procedimento regulado pelo Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (art. 211). Exequatur é a autorização dada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal para que possam, validamente, ser executados, na jurisdição do juiz competente, as diligências ou atos processuais requisitados por autoridade judiciária estrangeira. Concedido o exequatur, a rogatória será remetida ao juiz federal do Estado em que deva ser cumprida (CF, art. 102, I, "h"). Praticado o ato, a rogatória é devolvida ao STF, que a remeterá de volta ao 17 As causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; A disputa sobre direitos indígenas. IMPORTANTE: No que se refere ao foro das causas de interesse da União, prevalece a seguinte regra: (a) se a União for autora, a causa será aforada na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte; (b) se a União for ré, a causa poderá ser aforada na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal (art. 109, §§ 1º e 2º, CF). Atenção! Não havendo na comarca vara do juízo federal, as causas em que for parte instituição de previdência social e segurado – ou outras permitidas por lei – serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, cabendo recurso ao Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 4.8. Os Tribunais de Justiça têm sua competência definida na Constituição dos respectivos Estados (art. 125, § 1º, CF), observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal (art. 125, caput, CF), que seguem (art. 125, §§ 2º a 7º, CF): A instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão; A possibilidade de criação por lei estadual, mediante proposta do Tribunal de Justiça, da Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes, com competência para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao Tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças (art. 125, § 4º, CF). país de origem." (DOWER, Nélson Gogoy Bassil Dower. Curso básico de Direito Processual Civil. 2. ed. São Paulo, Nelpa, 1996. v. I, p. 381). 18 A criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias, para dirimir conflitos fundiários, por proposta do Tribunal de Justiça; A aplicabilidade da regra do quinto constitucional na composição dos Tribunais de Justiça; A possibilidade de constituição de Câmaras regionais do Tribunal de Justiça, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo; A instalação, pelo Tribunal de Justiça, de justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Não esquecer! A competência da Justiça Estadual é subsidiária. 19 4.9. Os Tribunais Regionais do Trabalho – TRTs, localizados na capital de cada Estado e no Distrito Federal, são compostos por 07 Juízes, no mínimo, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros (natos ou naturalizado), com mais de 30 anos e menos de 65 anos de idade, da respectiva região, quando possível (art. 115, CF), sendo: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício (quinto constitucional), indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes, que encaminharão as indicações ao TRT, que formará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (arts. 94 e 115, I, da CF); 4/5, no máximo, mediante promoção de juízes do trabalho, por antigüidade e merecimento, alternadamente. IMPORTANTE: As Juntas de Conciliação e Julgamento (órgãos colegiados, com a participação classista temporária de representantes de empregados e empregadores) foram transformadas, pela Emenda Constitucional nº 24/1999, em Varas do Trabalho (a jurisdição trabalhista passa a ser exercida por um juiz singular). 19 A competência da Justiça Federal se encontra prevista, de forma taxativa, na Constituição Federal. 19 Atenção! Não havendo na comarca Vara do Trabalho,a jurisdição trabalhista será exercida por juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. 4.10. Os Tribunais Regionais Eleitorais – TREs, localizados na capital de cada Estado e no Distrito Federal, são compostos por 07 Juízes (art. 120, § 1º, CF), sendo: 02 Desembargadores do Tribunal de Justiça, eleitos, em votação secreta, pelo próprio Tribunal; 02 Juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; 01 Juiz do Tribunal Regional Federal, com sede na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo; 02 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados, em lista sêxtupla, pelo Tribunal de Justiça ao Presidente da República, que os nomeará, dispensada a aprovação do Senado Federal. Atenção! As decisões dos TREs somente poderão ser recorridas quando: (a) forem proferidas contra disposição expressa da Constituição; (b) ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; (c) versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (d) anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; (e) denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. 5. No que toca ao controle de constitucionalidade, a Constituição Federal (art. 97) estabelece a reserva de plenário, ou seja, somente por voto de maioria absoluta de seus membros ou dos integrantes do órgão especial pode Tribunal declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público. 6. O processo de execução contra a Fazenda Pública prescrito na Constituição (art. 100) segue os seguintes preceitos: Os bens públicos são impenhoráveis; As condenações judiciais contra a Fazenda Pública serão executadas pelo sistema de precatórios, que consiste na inclusão de verbas na Lei 20 Orçamentária do exercício seguinte para pagamento20 dos precatórios apresentados até 1º de julho. Atenção! Há a possibilidade de pagamento de dívidas de pequeno valor21 - definidas por legislação própria, conforme capacidade econômica da entidade federativa (sendo equivalente, no mínimo, ao valor do maior benefício pago pelo regime geral de previdência social) –, que não sejam através de precatórios. Se a dívida for de caráter alimentar22, o pagamento será igualmente feito por precatório, que terá preferência sobre todos os demais débitos – salvo aqueles de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave – até o limite correspondente ao triplo do quantum fixado em lei para as “dívidas de pequeno valor”, sendo o restante pago na ordem cronológica de apresentação do precatório; O Presidente do Tribunal que proferiu a decisão exeqüenda pode autorizar, a requerimento do credor, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito, no caso de preterição do direito de preferência; O Presidente do Tribunal competente que retardar ou frustrar a liquidação (por ação ou omissão) dos precatórios responderá por crime de responsabilidade perante o CNJ; O Chefe do Poder Executivo será responsabilizado nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Improbidade Administrativa; A entidade devedora do pagamento dos precatórios, enquanto inadimplente, não poderá contratar empréstimos (externo ou interno), tampouco receber transferências voluntárias; A União poderá reter os recursos do FPM e do FPE para efetivar os depósitos nas contas relativas aos precatórios; 20 Os pagamentos serão feitos na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, estando proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para tal finalidade. 21 Diante da omissão legislativa, a EC nº 62/2009 estabelece o valor de: (a) 40 (quarenta) salários mínimos para os Estados e para o Distrito Federal; e (b) 30 salários mínimos para os Municípios. 22 Os débitos de natureza alimentícia são aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte o por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 21 O Presidente do Tribunal requerido constituirá, alternativamente, em favor dos credores de precatórios, direito líquido e certo, autoaplicável e independentemente de regulamentação, à compensação automática com débitos líquidos lançados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios contra aqueles, liberando-os do pagamento de tributos, até onde se compensarem. Não esquecer! A regra especial de transição (art. 97 do ADCT) permitiu que Estados, Distrito Federal e Municípios possam optar para quitação dos precatórios vencidos até a data da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009, mediante ato do Poder Executivo, pelo depósito mensal em conta especial de 1/12 do valor devido ou pela a adoção de regime especial pelo prazo de 15 (quinze) anos.