Transcrição Jéssica Aula I Microbiologia

Prévia do material em texto

Transcrição 1ª aula de micro 2 – Nathália
Ecologia Microbiana da cavidade bucal
Vamos entender um pouquinho da interação dos microorganismos dentro da cavidade oral.
Conceito de ecologia – É a ciência que estuda a interação entre os organismos e seus ambientes. E se pensarmos na ecologia da cavidade bucal a gente ta pensando nos microorganismos e do ambiente, que é a cavidade bucal composta por uma série de ambientes condensados em um único ambiente. Seria como micro habitats.
A presença de microorganismos na cavidade bucal foi observada pela primeira vez em 1683.
A boca é um órgão ecologicamente especial devido a sua intensa complexidade anatômica pois se formos pensar temos uma série de diferentes habitats dentro de um mesmo sítio, e essa complexidade anatômica garante uma extrema diversidade microbiana. Essa diversidade quer dizer que temos um enorme número de diferentes espécies e gêneros na cavidade bucal, o que faz desse sítio ecológico único.
Se formos analisar encontramos um tipo especifico de microbiota na superfície dos dentes sadios. Na superfície de dentes cariados encontramos um outro tipo de microbiota, o sulco gengival pode expandir para vários outros sítios, como lingual ou palatal. 
A boca é uma dos principais locais em relação a microbiota, tanto qualitativo com espécies diferentes, gêneros como quantitativo em número de microorganismos que podem ser observados na saliva, biofilme, esmalte...
(não se preocupar com os nomes dos microorganismos, mas sim com as diferenças dos microorganismos em determinados sítios, se o sítio tem uma baixa concentração de oxigênio, encontramos anaeróbios, se uma superfície que só tem a presença de oxigênio encontraremos aeróbios ou anaeróbios facultativos, pensar mais no sítio e na fisiologia do microorganismo para que ele consiga permanecer naquele sítio)
Biofilme: Também conhecido como placa bacteriana, que se acumula cotidianamente e que removemos através da escovação e do fio dental. O biofilme é uma estrutura em geral polimicrobiana, que significa ter diversas espécies e gêneros de microorganismos presentes em uma única estrutura. Essas células são cercadas por matriz intercelular polimérica autoproduzida aderida, o que significa que esses microorganismos ficam cercados por polímeros que podem ser de proteínas, açúcar, DNA. Essa matriz envolve esses microorganismos (como se fosse um “gel” uma “película” que envolve os MOO) e que não é fácil de remover, apenas mecanicamente. Esse biofilme esta aderido a uma superfície hidratada que pode ser biótica, abiótica ou interface liquido A, quer dizer biótica (viva) como o dente, abiótica (não viva) como numa prótese, implante, que pode ser depositado sobre esse material, interface liquido A é muito comum na natureza, uma película que forma por exemplo em cima de uma poça de água muito tempo parada, mas que não é muito comum no corpo humano, mas pode aparecer. 
Quando se diz que a microbiota bucal é a mais completa não quer dizer que tem o maior número e sim, mais espécies e gêneros, aproximadamente 30 gêneros e 700 espécies. A cavidade bucal possui MOO extremamente difíceis de serem cultivados em laboratórios, por isso esse número não é preciso. (número de cultiváveis).
Entre essas espécies a gente conta MOO residentes X transitórios (que significa que aquele moo não é comum naquele lugar, mas que quando ele passa por lá pode acarretar doenças), mas a cavidade oral é uma exceção a essa regra, pois a maior parte das doenças são causadas pela microbiota residente. O que leva a doença é apenas o desequilíbrio, com base que favoreça ao crescimento de uma determinada espécie ou gênero, que pode ocorrer por algum motivo como: desnutrição, má alimentação, ingestão de determinados produtos, maior quantidade de açúcar, álcool, fumo...
Mas também podemos encontrar MOO transitórios que são adquiridos através do contato da cavidade oral com alimentos, objetos, práticas sexuais, bebidas, beijo. Mas dificilmente uma cavidade que se encontra em equilíbrio esses MOO encontram condições idéias para se manter e acabam sendo eliminados. A utilização de antibiótico influencia muito nesse equilíbrio da microbiota bucal.
Quando falamos em complexo, possuímos outro local que é o trato gastro intestinal (TGI). O intestino é rico em numero de MOO, é complexo mas não tanto quanto a boca, mas ganha em números por ser maior que a boca.
A composição da microbiota bucal passa por várias alterações durante a vida.
Vamos começar pela vida intra-uterina da cavidade oral do bebê:
É uma cavidade estéril, mas quando o bebê nasce já para de ser estéril. Se pensarmos que esse bebê nasceu de parto normal, encontraremos microorganismos que estavam presentes no canal vaginal da mãe. Na cesárea encontramos microorganismos presentes na equipe de saúde da mãe e dos familiares. (os instrumentos usados no parto são estéreis)
Logo depois do contato do bebê com essa microbiota ele começa a se amamentar e ter contato com outras microbiotas, como a do peito da mãe, do contato de outras pessoas. Um microorganismo bem constante na microbiota bucal da criança é a Neisseria (microorganismo aeróbio) que é perdida depois. (Só aparece no adulto quando o individuo é portador da Neisseria). Temos também na criança a presença de MOO anaeróbios facultativos como por exemplo Streptococcus salivares, Streptococcus oralis (essa espécie é a mais observada na cavidade oral).
A erupção do dente significa a aparição de 2 novos sítios: A superfície dental e o periodonto. Então agora começa a ter um ambiente de anaerobiose que antes não tínhamos, que é no sulco gengival. Durante o crescimento desse bebê, quando ele atinge a puberdade aparece ou amplia bastante ao ponto de ser detectado é “Agregotibacter actinomycetemcomitans” também conhecido como AA. Os principais fatores de crescimento desse microorganismo são os hormônios que só são produzidos a partir da puberdade.
A composição global da microbiota bucal passa por várias alterações no decorrer da vida.
100 milhões de bactérias por ML de saliva.
10 bilhões de bactérias por grama de biofilme.
O individuo alcança o auge da quantidade qualitativa e da diversidade microbiana quando é adulto e possui os 32 dentes, e na superfície de mucosa, palato, língua e fora isso nas 32 superfícies dentarias, quando o individuo perde algum dente ou não chega a esse número ele não alcança o auge da diversidade e da quantidade. 
Quando acontece de um indivíduo perder alguns dentes há uma redução no número de microorganismos. Mas quando ele perde todos os dentes como pessoas idosas, a microbiota dele fica bem semelhante a de um bebê antes da erupção do primeiro dente, volta então a ter Neisseria, microorganismos que são aeróbios e anaeróbios facultativos. Acredita-se que os microorganismos presentes na superfície dentaria bem como no periodonto de certa forma competem e eliminam a Neisseria.
Um indivíduo que perde esses elementos dentários pode recorrer a prótese total imunosuportada, e então ele volta a ter uma microbiota (ambiente anaerobiose), mas o periodonto é perdido nesse caso (não há ligação do dente com o ligamento periodontal). 
O que leva os microorganismos a aderirem aos dentes¿
A etapa inicial não é necessariamente a matriz do esmalte com os microorganismos, essa matriz através de forças hidrofóbicas recebe a ligação de proteínas presentes na saliva como: fibronectina, fibrinogênio, colágenos diversos. E essas proteínas também se ligam na superfície da prótese. 
A outra opção é a prótese osteo suportada (integrada no osso conhecida como implante), essa sim volta com as mesmas características do indivíduo adulto. Essas modificações ocorridas tendem a voltar para uma situação inicial, só que com o avanço da odontologia elas podem voltar a situação de um adulto com 32 dentes.
A microbiota bucal então se altera de acordo com as mudanças do ambiente, como o aparecimento de um elemento dentário, perca do elemento dentário, ingestão de determinados carboidratos fermentáveis, fluxo salivar, antimicrobiano,higiene, tabagismo e doenças sistêmicas podem levar a um desequilíbrio da microbiota oral, e esse desequilíbrio esta associado a doenças da cavidade oral como a cárie, doença periodontal etc.