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Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 1 Hercílio Belarmino RESUMO RESPONSABILIDADE CIVIL Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 2 SUMÁRIO Sumário SUMÁRIO .............................................................................................................................................................. 2 NOTAS INTRODUTÓRIAS ................................................................................................................................. 7 RESPONSABILIDADE CIVIL ......................................................................................................................... 7 Distinção entre obrigação e responsabilidade ................................................................................................. 7 Responsabilidade contratual e extracontratual ................................................................................................ 8 Responsabilidade civil subjetiva e objetiva .................................................................................................... 9 Sistematização da responsabilidade no Código Civil ..................................................................................... 9 Culpa da vítima (exclusiva ou concorrente) ................................................................................................. 12 Fato de terceiro ............................................................................................................................................. 13 Caso fortuito ou de força maior .................................................................................................................... 14 Cláusula de não indenizar ............................................................................................................................. 15 Excludentes de ilicitude ................................................................................................................................ 15 Estado de necessidade................................................................................................................................... 16 Legítima defesa e exercício regular de um direito ........................................................................................ 16 Roteiro simplificado e esquematizado da responsabilidade civil ................................................................. 18 Reflexos da sentença penal condenatória no cível ................................................................................................ 18 Reflexos da sentença penal absolutória ............................................................................................................ 20 1. Faz coisa julgada no cível: ........................................................................................................................ 20 2. Não faz coisa julgada no cível: ................................................................................................................. 21 Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado ................................................................................... 22 Conceito de consumidor, fornecedor e produto ................................................................................................ 22 Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo .............................................................................................. 24 Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço ....................................................................................... 24 Causas excludentes de responsabilidade ........................................................................................................... 26 Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço ....................................................................................... 28 Responsabilidade dos órgãos públicos.............................................................................................................. 29 FUNDAMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO .............................................................. 30 NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................................................ 30 Responsabilidade civil dos profissionais liberais ................................................................................................. 32 Natureza jurídica da responsabilidade civil do profissional liberal .................................................................. 32 Fundamentos legais ...................................................................................................................................... 32 DOS ATOS ILÍCITOS ......................................................................................................................................... 33 Art. 186. ............................................................................................................................................................ 33 Conceito de ato ilícito ................................................................................................................................... 33 Art. 187. ............................................................................................................................................................ 34 Conceito de abuso de direito ou exercício irregular do direito ..................................................................... 34 Art. 188. ............................................................................................................................................................ 34 Atos lesivos que não são ilícitos ....................................................................................................................... 34 Legítima defesa............................................................................................................................................. 35 Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 3 Exercício regular de um direito reconhecido ................................................................................................ 35 Estado de necessidade................................................................................................................................... 35 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES ................................................................................................ 35 Art. 389. ............................................................................................................................................................ 35 Conceito de inadimplemento absoluto .......................................................................................................... 35 Art. 390. ............................................................................................................................................................ 36 Art. 391. ............................................................................................................................................................ 36 Art. 392. ............................................................................................................................................................ 37 Responsabilidade civil contratos benéficos e nos contratos onerosos. ......................................................... 37 Art. 393. ............................................................................................................................................................37 DA MORA ........................................................................................................................................................... 39 Art. 394. ............................................................................................................................................................ 39 Conceito de mora .......................................................................................................................................... 39 Art. 395. ............................................................................................................................................................ 40 Responsabilidade civil do devedor no caso de mora. ................................................................................... 40 Art. 396. ................................................................................................................................................................ 40 Constituição do devedor em mora. ............................................................................................................... 40 Art. 398. ............................................................................................................................................................ 41 Art. 397. ............................................................................................................................................................ 41 Termo inicial da constituição do devedor em mora ...................................................................................... 41 Art. 399. ............................................................................................................................................................ 42 Caso fortuito e força maior: antes da mora e depois da mora ....................................................................... 42 Art. 400. ............................................................................................................................................................ 42 A mora do credor. ......................................................................................................................................... 43 Art. 401. ............................................................................................................................................................ 44 Purgação da mora. ........................................................................................................................................ 44 DAS PERDAS E DANOS .................................................................................................................................... 45 Art. 402. ............................................................................................................................................................ 45 Conceito de perdas e danos. .......................................................................................................................... 45 Conceito de dano emergente. ........................................................................................................................ 45 Conceito de lucro cessante. ........................................................................................................................... 45 Art. 403. ............................................................................................................................................................ 46 Requisito da previsibilidade dos lucros cessantes na inexecução dolosa. ..................................................... 46 Art. 404. ............................................................................................................................................................ 46 Perdas e danos nas obrigações pecuniárias: caso de dano emergente e caso de lucro cessante. ................... 46 Art. 405. ............................................................................................................................................................ 47 Termo de início da contagem dos juros. ....................................................................................................... 47 DOS JUROS LEGAIS .......................................................................................................................................... 48 Art. 406. ............................................................................................................................................................ 48 Conceito de juros moratórios legais. ............................................................................................................. 48 Art. 407. ............................................................................................................................................................ 48 Princípios para aplicação dos juros de mora. ................................................................................................ 48 Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 4 DA CLÁUSULA PENAL .................................................................................................................................... 49 Art. 408. ............................................................................................................................................................ 49 Conceito de cláusula penal. .......................................................................................................................... 49 Art. 409. ............................................................................................................................................................ 50 Acessoriedade da cláusula penal ................................................................................................................... 50 Art. 410. ............................................................................................................................................................ 51 Conceito de cláusula penal compensatória. .................................................................................................. 51 Alternativa do credor em exigir o cumprimento da obrigação ou de pedir a cláusula penal. ....................... 51 Art. 411. ............................................................................................................................................................ 51 Conceito de cláusula penal moratória. .......................................................................................................... 51 Art. 412. ............................................................................................................................................................ 52 O valor da cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. ........................................................ 52 Art. 413. ............................................................................................................................................................ 52 Hipóteses que autorizam a redução de ofício pelo juiz do valor cláusula penal. .......................................... 52 Art. 414. ............................................................................................................................................................ 53 Aplicação da pena quando obrigação é indivisível e vários são os devedores.............................................. 53 Art. 415. ............................................................................................................................................................ 53 Art. 416. ............................................................................................................................................................54 Efeitos da cláusula penal. ............................................................................................................................. 54 DA RESPONSABILIDADE CIVIL ..................................................................................................................... 55 DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR ................................................................................................................... 55 Art. 927. ............................................................................................................................................................ 55 Art. 928. ............................................................................................................................................................ 58 Art. 929. ............................................................................................................................................................ 58 Art. 930. ............................................................................................................................................................ 60 Art. 931. ............................................................................................................................................................ 60 Art. 932. ............................................................................................................................................................ 61 Art. 933. ............................................................................................................................................................ 64 Art. 934. ............................................................................................................................................................ 66 Art. 935. ............................................................................................................................................................ 66 Art. 936. ............................................................................................................................................................ 67 Art. 937. ............................................................................................................................................................ 67 Art. 938. ............................................................................................................................................................ 68 Art. 939. ............................................................................................................................................................ 69 Art. 940. ............................................................................................................................................................ 70 Art 941. ............................................................................................................................................................. 70 Art. 942. ............................................................................................................................................................ 70 Art. 943. ............................................................................................................................................................ 71 DA INDENIZAÇÃO ............................................................................................................................................ 72 Art. 944. ............................................................................................................................................................ 72 Art. 945. ............................................................................................................................................................ 74 Art. 946. ............................................................................................................................................................ 75 Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 5 Art. 947. ............................................................................................................................................................ 76 Art. 948. ............................................................................................................................................................ 76 Art. 949. ............................................................................................................................................................ 79 Art. 950. ............................................................................................................................................................ 81 Art. 951. ............................................................................................................................................................ 83 Art. 952. ............................................................................................................................................................ 84 Art. 953. ............................................................................................................................................................ 86 Art. 954. ............................................................................................................................................................ 87 RESUMÃO – RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................................................... 89 Conceito de responsabilidade civil. .................................................................................................................. 89 Função da responsabilidade civil ...................................................................................................................... 90 Introdução ao estudo da responsabilidade civil. ............................................................................................... 91 A responsabilidade civil como uma problemática jurídica. .......................................................................... 91 As funções da responsabilidade civil na atualidade. ..................................................................................... 91 A evolução da responsabilidade civil. .......................................................................................................... 91 A responsabilidade moral, civil e criminal. .................................................................................................. 91 Pressupostos da responsabilidade civil – esquema gráfico ............................................................................... 92 Pressupostos da responsabilidade civil ............................................................................................................. 93 Existência de uma ação comissiva ou omissiva qualificada juridicamente. ................................................. 93 Ocorrência de um dano moral ou patrimonial. ............................................................................................. 93 Nexo de causalidade entre o dano e a ação que o produziu. ......................................................................... 93 Efeitos da responsabilidade civil. ..................................................................................................................... 97 Reparação do dano. ....................................................................................................................................... 97 Liquidação do dano. ..................................................................................................................................... 97 Garantias de indenização. .............................................................................................................................97 Efeito no cível da decisão prolatada no crime. ............................................................................................. 97 Inadimplemento voluntário. ............................................................................................................................ 100 Conceito de inadimplemento da obrigação. ................................................................................................ 100 Noção de inexecução voluntária. ................................................................................................................ 100 Modos de inadimplemento voluntário. ....................................................................................................... 100 Fundamento e pressupostos da responsabilidade contratual do inadimplente. ........................................... 100 Mora. .............................................................................................................................................................. 101 Mora e inadimplemento absoluto. .............................................................................................................. 101 Conceito de mora. ....................................................................................................................................... 101 Espécies de mora. ....................................................................................................................................... 101 Mora do devedor. ........................................................................................................................................ 101 Mora do credor. .......................................................................................................................................... 101 Mora de ambos os contratantes. .................................................................................................................. 101 Juros moratórios. ........................................................................................................................................ 101 Purgação da mora. ...................................................................................................................................... 101 Cessação da mora. ...................................................................................................................................... 101 Perdas e danos ................................................................................................................................................ 103 Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 6 Noção de perdas e danos. ............................................................................................................................ 103 Fixação da indenização das perdas e danos. ............................................................................................... 103 Modos de liquidação do dano. .................................................................................................................... 103 Cláusula penal................................................................................................................................................. 104 Conceito. ..................................................................................................................................................... 104 Função. ....................................................................................................................................................... 104 Caracteres. .................................................................................................................................................. 104 Modalidades................................................................................................................................................ 104 Requisitos de sua exigibilidade................................................................................................................... 104 Efeitos. ........................................................................................................................................................ 104 Responsabilidade profissional – natureza jurídica. ......................................................................................... 106 Responsabilidade dos advogados................................................................................................................ 107 Responsabilidade dos médicos. .................................................................................................................. 108 Responsabilidade civil no Código de Defesa do Consumidor. ................................................................... 109 Abuso de direito na sistemática jurídica brasileira. ........................................................................................ 113 Noção de responsabilidade extracontratual do Estado. ................................................................................... 114 Princípios da responsabilidade estatal. ....................................................................................................... 114 Conceito. ..................................................................................................................................................... 114 Fundamento. ............................................................................................................................................... 114 Responsabilidade aquiliana do Estado por atos administrativos. .................................................................... 115 Responsabilidade estatal por atos legislativos. ............................................................................................... 116 Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais. ...................................................................................... 117 BIBLIOGRAFIA. ............................................................................................................................................... 119 Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 7 NOTAS INTRODUTÓRIAS RESPONSABILIDADE CIVIL Distinção entre obrigação e responsabilidade O Código Civil faz a distinção entre obrigação e responsabilidade no seu art. 389 – “não cumprida a obrigação (obrigação contratual, originária ou preexistente), responde o devedor por perdas e danos (obrigação sucessiva, consequente, reparatória ou ressarcitória, ou seja, responsabilidade). Esse dispositivo é aplicável tanto à responsabilidade contratual como à extracontratual ou aquiliana. Quanto à responsabilidade contratual, se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é, todavia, a obrigação nascida do contrato é diferente da que nasce de sua inexecução. A primeira obrigação (a contratual) tem origem na vontade comum das partes. A segunda, a obrigação nova, nasce da inexecução da obrigação contratualmente estabelecida e ao contrário da primeira, surge contra a vontade do devedor – a obrigação de reparar o prejuízo. Logo, há violação de um dever jurídico preexistente. Quanto a responsabilidade extracontratual ou aquiliana esta tem origem na lei. A própria lei que determina quando a obrigação surge. Seja pela lesão antijurídica e culposa (ato ilícito) dos comandos normativos preexistentes que devem ser observados por todos seja pelo ato que, embora lícito, enseja a obrigação de indenizar nos termos estabelecidos pela própria lei. Sem violação de um dever jurídico preexistente, portanto, não há que se falar em responsabilidadeem qualquer modalidade, porque a responsabilidade enseja um dever sucessivo decorrente do dever jurídico. Em outras palavras, a característica marcante da obrigação de indenizar é a sucessividade e sempre decorre de uma obrigação anterior estabelecida: Na lei; No contrato; Ou na própria ordem jurídica. Assim sendo, o art. 927 do Código Civil (“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.) categoriza o dever de indenizar como uma obrigação. Vale dizer, entre as modalidades de obrigações existentes (dar, fazer e não fazer), o Código incluiu mais uma – a obrigação de indenizar. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 8 Em face do exposto, podemos concluir que, a responsabilidade civil se situa na teoria geral do direito entre os fatos jurídicos naturais, decorrentes da ação da natureza e os fatos jurídicos voluntários, decorrentes da conduta humana, que pode ser de acordo com o direito (atos lícitos – atos jurídicos e negócios jurídicos) e contrários ao direito (atos ilícitos – civil e penal). Responsabilidade contratual e extracontratual Se preexistente um vínculo obrigacional, e o dever de indenizar é consequência do inadimplemento, temos a responsabilidade contratual, também chamada de ilícito contratual ou relativo. Se esse dever surge em virtude de lesão a direito subjetivo, sem que entre o ofensor e a vítima preexista qualquer relação jurídica que o possibilite, temos a responsabilidade extracontratual, também chamada de ilícito aquiliano ou absoluto. Tanto a responsabilidade extracontratual como na contratual há violação de um dever jurídico preexistente. No ilícito contratual é violação de dever jurídico criado pelas partes no contrato, enquanto que no ilícito extracontratual é a transgressão de um dever jurídico imposto pela lei. É possível, ainda, destacar as seguintes distinções entre a responsabilidade contratual e a extracontratual: 1. Em matéria de prova, tratando-se de responsabilidade contratual, incumbe ao credor (contratante prejudicado) apenas demonstrar o inadimplemento do devedor, ou seja, basta a prova do não cumprimento da obrigação gerada pelo contrato. Por outro lado, resta ao devedor (contratante inadimplente) provar a presença de alguma excludente de responsabilidade a fim de justificar o não cumprimento da obrigação por ele contraída: inexistência de culpa sua, caso fortuito ou de força maior. 2. Na hipótese da responsabilidade aquiliana, a situação do credor (vítima), em termos processuais, é desfavorável em relação ao credor na responsabilidade contratual. Se aquiliana a responsabilidade civil, cabe à vítima o ônus de provar todos os pressupostos da responsabilidade civil a fim de que tenha reconhecido o direito de indenização pelos danos sofridos, ou seja, além do dano e do nexo de causalidade - pressupostos que também devem ser provados pelo credor na responsabilidade contratual -, também deve demonstrar o comportamento culposo do agente. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 9 Responsabilidade civil subjetiva e objetiva Com o advento do novo Código Civil, em 2002, foi mantida, como regra, a responsabilidade civil subjetiva, aplicando-se a objetiva a situações especiais. Em princípio, prevê o art. 927, que “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo”. Fácil constatar que, nesse caso, a responsabilidade civil apenas surge em função da prática de ato ilícito, para cuja configuração faz-se necessário o pressuposto culpa ou dolo, como aliás se infere, expressamente, da definição contida no mencionado artigo 186: a) Conduta culposa do agente, o que fica demonstrado pela expressão “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência...” b) Nexo causal, que vem expresso no verbo “causar”; e c) Dano, revelado pelas expressões “violar direito ou causar dano a outrem”. No entanto, consagrou-se, no novo texto legislativo, a responsabilidade civil objetiva, fundada na teoria do risco da atividade. Ainda que de forma excepcional, estabeleceu-se, no parágrafo único do art. 927 do Código Civil de 2002, que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa: a) Nos casos especificados em lei, b) Ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Sistematização da responsabilidade no Código Civil Atualmente, o legislador, na Parte Geral do Código Civil, dedicou três artigos ao tema. No art. 186, estabeleceu a denominada responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana. Isto é, introduziu no ordenamento jurídico a base da responsabilidade civil subjetiva ou clássica, à medida que impôs a todo aquele que por ação ou omissão, dolosa ou culposa, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, a obrigação de reparar os prejuízos decorrentes de seu comportamento, definido como ato ilícito. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 10 A partir do art. 186, contemplou a lei civil três situações: 1. Responsabilidade civil do agente por ato próprio (CC., art. 942). Trata- se de pura aplicação da teoria da reparação do dano. Adotada como regra, consiste em impor a obrigação de reparar o dano diretamente à pessoa que praticou a conduta (omissiva ou comissiva) reprovada pelo ordenamento jurídico. 2. Responsabilidade civil por fato de terceiro (CC., art. 933). Excepcionando a responsabilidade civil por ato próprio, adotada como regra, possibilitou o legislador, em algumas situações, impor-se a obrigação de indenizar a pessoa diversa daquela que praticou a conduta causadora do dano. Nesse caso, exige-se a presença de uma relação de sujeição entre aquele responsável pela indenização e o autor do comportamento danoso (Exemplo: pai em relação ao filho autor do ato ilícito, patrão e empregado etc.). 3. Responsabilidade civil pela guarda da coisa ou do animal. Nesse caso, também como exceção à responsabilidade civil por ato próprio, estendeu-se a obrigação de indenizar não apenas ao autor da conduta causadora direta do dano, mas também àqueles que mantêm a guarda de coisas ou de animais responsáveis por prejuízos provocados a terceiros. É por isso que responde o dono ou possuidor do animal por danos por eles causados (CC., art. 936), ou aquele que habita moradia de onde são lançados ou caem objetos (CC., art. 938). Como novidade, no art. 187, inseriu, no conceito de ato ilícito, o comportamento praticado em abuso do direito, assim entendido como aquele que excede manifestamente os limites impostos por seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. No art. 188, considerou como lícitos alguns comportamentos, conquanto consistam em condutas voluntárias causadoras de dano. Fala-se, aqui, dos atos praticados em legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de um direito reconhecido. Deve-se tomar cautela ao considerá-las como excludentes de responsabilidade. Isso porque nem sempre tais comportamentos, embora considerados lícitos, frise-se, vão eximir seu autor da obrigação de indenizar a vítima, como, por exemplo, ocorre com o atopraticado em estado de necessidade (vide CC, arts. 929 e 930). Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 11 Na parte especial, no tópico em que se cuida do inadimplemento das obrigações, o art. 389 dá-nos a regra básica da responsabilidade civil contratual, isto é, ao estabelecer que o devedor, não cumprindo sua obrigação, responde por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários advocatícios, nada mais fez do que impor-lhe a obrigação de indenizar a vítima (credor ou contratante prejudicado), justamente em razão de um comportamento humano que, no caso, consiste no descumprimento culposo de uma obrigação contratualmente prevista. Por derradeiro, na parte especial e no Livro das Obrigações, dedicou o legislador à responsabilidade civil o Título IX, composto de dois capítulos. No primeiro deles, titulado de da obrigação de indenizar (arts. 927 a 942), encontram-se as regras reguladoras dessa espécie de obrigação, dando-se destaque à responsabilidade patrimonial do autor do ato ilícito pela reparação dos danos causados à vítima, bem como à responsabilidade solidária de todos os que, de qualquer modo, concorrerem para o evento danoso (coautores e partícipes). Sintetizando, dentro do campo da responsabilidade civil, encontram-se, nesse capítulo, as regras fixadoras da responsabilidade civil por ato próprio, por ato de terceiro e pelo fato da coisa ou do animal. No segundo capítulo, preocupou-se o legislador em conferir ao aplicador da lei diretrizes para liquidar a obrigação de indenizar a vítima. Isto é, partindo- se do reconhecimento de que o autor do ato ilícito deve reparar o dano suportado pela vítima (un debeator), necessário se faz fixar o exato montante dessa prestação (quantum debeator), objeto da obrigação, tornando-a, portanto, líquida e certa. Assim, reconhecida, por exemplo, a obrigação do homicida de reparar os danos decorrentes de seu comportamento, estabeleceu o legislador que, a título de perdas e danos, deverá o responsável arcar com as despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família, além de prestar alimentos às pessoas a quem o morto os devia (art. 948, I e II, do CC). Destacam-se, ainda, regras de liquidação dos danos para o caso de lesões corporais, esbulho possessório, calúnia, injúria e difamação. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 12 Análise, caso a caso, para verificação de excludentes de responsabilidade: 1. Culpa da vítima (exclusiva ou concorrente) CC., art.945 2. Fato de terceiro CC., arts. 928 a 934 3. Caso fortuito ou de força maior CC., art. 393 4. Cláusula de não indenizar (CDC, art. 51, I cc./ CC., arts. 424 e 734) 5. Excludentes de ilicitude (CC., arts. 188, 929, 930) a. Estado de necessidade b. Legítima defesa c. Exercício de um direito reconhecido Culpa da vítima (exclusiva ou concorrente) No tocante a essa excludente, duas são as situações possíveis. A primeira ocorre quando a conduta do agente configura mero instrumento para a causação do dano. Em suma, embora se faça presente ação ou omissão do agente, o fator desencadeante do dano consiste em conduta culposa da própria vítima. Acrescente-se, também, que a ação ou omissão do agente não configura qualquer violação de dever de cuidado, embora tenha servido, objetivamente, para o evento danoso. Diz-se nesse caso que há a quebra total do nexo de causalidade, de sorte a isentar o agente do dever de indenizar o prejudicado. Trata-se aqui da culpa exclusiva da vítima, figura que, efetivamente, surge como excludente de responsabilidade. Exemplo: indivíduo que, intencionando o suicídio, atira-se embaixo de um veículo que trafega de forma regular. A segunda hipótese tem vez quando à culpa da vítima concorre também conduta culposa do agente, de sorte que ambas proporcionam o resultado danoso. Nesses casos, não há a efetiva quebra do nexo de causalidade, mas apenas seu enfraquecimento. Por consequência, não desaparece a obrigação do agente de indenizar a vítima, que fica apenas atenuada. Exemplo: na mesma situação anterior, o suicida acaba sendo atropelado pelo condutor que dirigia em alta velocidade. Embora diante da imprudência da vítima, poderia o condutor ter evitado o acidente se dirigisse diligentemente. Na culpa concorrente, figura não prevista, expressamente, no Código de 1916, havia problema em se fixar o montante indenizatório. Inicialmente, prevaleceu a orientação de que, atenuado o nexo de causalidade por essa razão, a obrigação de indenizar a vítima deveria ser reduzida pela metade (RT 221/220). Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 13 Fruto de evolução passou a dominar a tese de que, verificado que autor e vítima são culpados, a divisão da indenização não precisa ser, necessariamente, reduzida pela metade. Deve, outrossim, ser aferido o grau de culpabilidade de cada uma das partes e, em função disso, estabelecer- se o justo valor indenizatório. Tal orientação veio a ser consagrada pelo Código Civil de 2002. Dispondo a respeito da culpa concorrente da vítima, estabeleceu o legislador, no art. 945 que, “se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. Fato de terceiro Em termos de responsabilidade civil, prevalece a regra básica de que aquele que causa direta e culposamente o dano responde pela obrigação de repará-lo. Isto é, o comportamento de terceira pessoa que concorra para o resultado não exonera o causador direto pelo dever de indenizar, garantindo-lhe apenas o direito regressivo. É o que ocorre nos atos praticados em estado de necessidade, cuja matéria vem regulada nos arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002. Estabelece o legislador apenas o direito regressivo contra aquele causador da situação de perigo, após ter sido a vítima indenizada pelo causador direto do dano. Há hipóteses, contudo, em que o ato de terceiro surge como causa exclusiva do dano suportado pela vítima, de sorte que o agente cuja conduta materialmente tenha proporcionado o resultado apenas figura como mero instrumento. Nesses casos, o ato de terceiro fica equiparado ao caso fortuito ou de força maior e quebra o nexo de causalidade. Raciocina- se no sentido de que, se, efetivamente, o fato de terceiro constituiu-se na causa exclusiva do dano, a ele deve ser imputada a obrigação de indenizar a vítima e, com relação ao autor inicialmente investigado, não há como estabelecer o necessário nexo de causalidade. Em outras palavras, diz-se que a conduta do agente (ação ou omissão), que proporciona apenas materialmente o dano, por ser meramente instrumental, não surge como causa, desaparecendo, pois, o nexo de causalidade. Enfocando o tema, mas na esfera contratual, assevera Aguiar Dias que “o fato de terceiro só exonera quando constitui causa estranha ao devedor, isto é, quando elimine, totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do contrato”. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 14 Na esfera da responsabilidade civil aquiliana, a questão surge, na prática, nos acidentes automobilísticos, notadamente nos chamados “engavetamentos”. Em regra, o motorista do veículo que, projetado em razão de colisão traseira, vem a atingir o automóvel da frente fica isento daresponsabilidade de reparar o dano. Isto porque, no tocante à provocação do dano, seu veículo apenas serviu como mero instrumento, não havendo, pois, nexo de causalidade entre sua conduta e o dano suportado pela vítima. Já na esfera da responsabilidade civil contratual, o interesse do tema acentua-se nos casos de responsabilidade do transportador. Como já visto, adotada que foi a responsabilidade objetiva, tem-se como regra que a culpa de terceiro não exonera o transportador pelos danos causados ao passageiro transportado. Assim, não se exonera o transportador da obrigação de reparar o dano sofrido por seu passageiro, ainda que demonstrado que a culpa do acidente fora do motorista do outro veículo envolvido. Na hipótese, garante- se apenas o direito regressivo. Note-se que, no caso, embora não haja qualquer comportamento culposo do transportador, persiste sua responsabilidade indenizatória por ser ela de natureza objetiva. E, o acidente automobilístico, a que está sujeito o transportado, integra o risco da atividade assumida pelo transportador e que fundamenta essa responsabilidade objetiva. Caso fortuito ou de força maior O art. 393, parágrafo único, do Código Civil de 2002, define caso fortuito ou de força maior como o “fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”. Tem-se aqui a mais importante excludente de responsabilidade civil, quer contratual, quer aquiliana, dada sua grande incidência prática. Trabalhando o conceito legal referido, pode-se dizer que caso fortuito ou de força maior consiste em todo acontecimento alheio à vontade do contratante ou agente que, por si só, proporcionou o resultado danoso. Isto é, para o dano não concorreu qualquer conduta culposa do agente (negligência, imprudência e imperícia) - ausência de culpa. Conclui-se, pois, pela quebra do nexo de causalidade, já que, diante desse quadro, não mais se pode imputar à ação ou omissão do agente o resultado danoso verificado. Importante frisar que esse fato externo e estranho à vontade do agente apenas figura como excludente de responsabilidade civil, quando consistir em causa exclusiva do dano, retirando, pois, do comportamento do agente qualquer liame de causalidade com o resultado. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 15 Cláusula de não indenizar Por evidente, essa excludente de responsabilidade está adstrita ao campo da responsabilidade civil contratual e consiste na estipulação, inserida no contrato, por meio da qual uma das partes declara, com a anuência da outra, que não será responsável pelos prejuízos decorrentes do inadimplemento, absoluto ou relativo, da obrigação ali contraída. Transferem-se, por dispositivo contratual, os riscos para a vítima. A natureza dessa cláusula deu margem a grande controvérsia de sua validade ou não. Há quem sustente ser nula porque contrária ao interesse social. Outros defendem sua validade em nome do princípio da autonomia da vontade. Todavia, não se pode perder de vista que a matéria deve ser enfocada, também, à luz do Código de Proteção ao Consumidor. Assim, estabelecida relação de consumo entre os contratantes, parece insustentável defender sua validade, posto contrariar os princípios ali contidos, notadamente o disposto no art. 51, I, da Lei ne 8.078/90, que expressamente consideram nulas de pleno direito as cláusulas que “impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos”. Também o Código Civil de 2002, ao regular os contratos de adesão, não compactuou com a cláusula de irresponsabilidade nele inserida, em desfavor do contratante aderente, conforme se infere do disposto em seu art. 424. O mesmo se diz do contrato de transporte de pessoas, estabelecendo-se a nulidade de qualquer cláusula excludente de responsabilidade (art. 734 do CC/2002). Excludentes de ilicitude Importante, dentro desse contexto, estudar as figuras que, segundo o legislador, retiram o caráter ilícito do comportamento humano, mas que nem sempre excluem seu autor do dever de indenizar o dano dele provocado. O art. 188 do Código Civil de 2002 estabelece hipóteses de conduta humana voluntária causadora de danos que não constituem atos ilícitos (legítima defesa, exercício regular de um direito e estado de necessidade). Isso, frise-se, num primeiro momento induziria à conclusão de que não ensejariam responsabilidade civil do agente, posto que inexistente ato ilícito. No entanto, o quadro altera-se, como será visto a seguir, quando examinados os arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 16 Estado de necessidade Ao cuidar da responsabilidade civil, não poderia o legislador deixar de trabalhar com a figura do estado de necessidade, que encontra sua regulamentação legal, conforme já mencionado anteriormente, nos arts. 188, II, 929 e 930 do Código Civil de 2002. Consiste, em suma, na “deterioração ou destruição de coisa alheia, a fim de remover perigo iminente”. Segundo o próprio legislador, para a configuração do estado de necessidade, é imperioso que as circunstâncias tomem absolutamente necessária a conduta lesiva, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo (art. 188, parágrafo único do CC/2002). Percebe- se, com facilidade, que, conceitualmente, o estado de necessidade previsto no Direito Penal não difere desse, tratado no Direito Civil. Age em estado de necessidade aquele que, para remover perigo iminente, deteriora ou destrói bem alheio, desde que as circunstâncias tomem o ato absolutamente necessário e os meios sejam os suficientes para remover o perigo. Repita-se aqui que a conduta lesiva, embora praticada em estado de necessidade, o que a torna lícita, não surge, em geral, como excludente de responsabilidade civil. Isso porque, segundo disposição contida nos arts. 929 e 930 do Código Civil de 2002 (mantida orientação adotada pelo CC/1916), permanece a obrigação de indenizar o dono da coisa destruída (vítima), desde que este não tenha sido o causador da situação de perigo. Garante- se aquele que indenizou, contudo, o direito regressivo em face do causador de tal situação. Não são poucos na doutrina os que criticam essa solução paradoxal adotada pela legislação civil, já que impõe a quem age licitamente a obrigação de reparar o dano decorrente desse agir. Silvio Rodrigues exterioriza sua crítica, afirmando que a solução adotada pelo legislador desencoraja o “herói a praticar ato capaz de evitar mal maior.” Legítima defesa e exercício regular de um direito Também a figura da legítima defesa mereceu tratamento do legislador que, no art. 188,1, do Código Civil de 2002, considerou lícito o ato praticado nessas circunstâncias. O mesmo se diz quanto ao ato praticado no exercício regular de um direito e no estrito cumprimento de um dever legal (figura esta não contemplada no texto do referido dispositivo legal, mas, incluída entre as excludentes de ilicitude por unânime interpretação doutrinária). Tais figuras, como regra e diversamente do que acontece com o estado de necessidade, além de tornarem lícita a conduta, também eximem seu autor do dever de indenizar pelos danos dela decorrentes. Também a legítima defesa tem sua definição emprestada do Direito Penal. Age, portanto, em legítima defesa aquele que, valendo-se do uso moderado de meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 17 Atente-se para o fato de que se isenta da obrigação de reparar o dano aquele que age contra o próprio agressor, repelindo injusta agressão, valendo-se dos meios moderados e necessários para a repulsa. Assim, os danos causados ao próprio agressor não são indenizáveis por quem age em legítima defesa. Conclui-se, portanto, que como excludente de responsabilidade civil, tem- se, apenas, a legítima defesa real (compreendida a legítima defesa de terceira pessoa) e praticada contra a pessoa do agressor, causando-lhe danos. Isto quer dizer que, se por erro ou engano, terceira pessoa também for atingida, persistirá, diante dela, o dever de reparar o dano. O mesmo cuidado se deve tomar com a legítima defesa putativa (derivada de erro sobre as circunstâncias de fato). Nesse caso, tal comportamento mantém o caráter ilícito, à medida que tal putatividade não surge como excludente de ilicitude, mas de culpabilidade. Tanto é assim que a legítima defesa putativa sequer vem abrangida pelo já estudado art. 65 do CPP Conclui-se, pois, que, embora não haja responsabilidade penal por ausência de culpabilidade, persiste a obrigação, no cível, de reparar o dano causado porque ilícito o comportamento do agente. No que diz respeito ao exercício regular de um direito e estrito cumprimento de um dever legal, o tema não comporta maiores considerações, aplicando-se a eles o que fora dito a respeito da legítima defesa. Destaca- se apenas porque maior a incidência prática que os danos causados por agentes no desempenho de serviço público, ainda que por delegação, mesmo que no estrito cumprimento do dever legal, são indenizáveis pelo Estado ou pelas pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Isso porque, como já visto, foi adotada, constitucionalmente, a responsabilidade objetiva do Estado (art. 37, § 6S da CF/88). Todavia, não há que se falar em direito regressivo do Estado em face de seu agente justamente porque, diante da presença de tal excludente de ilicitude, não se tem por caracterizado comportamento reprovável - culposo ou doloso - dele a justificar sua responsabilidade civil. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 18 Roteiro simplificado e esquematizado da responsabilidade civil 1. Responsabilidade civil 1.1. Extracontratual 1.1.1. Subjetiva (CC., arts. 927 e 186) 1.1.1.1. Culpa provada 1.1.1.2. Culpa presumida 1.1.2. Objetiva 1.1.2.1. Abuso de direito (CC., art. 927 cc./ art. 187) 1.1.2.2. Atividade de risco – fato do serviço (art. 927, parágrafo único) 1.1.2.3. Fato do produto (CC., art. 931) 1.1.2.4. Fato de outrem (CC., arts. 932 e 933) 1.1.2.5. Fato da coisa (CC., arts. 936 a 938) 1.1.2.6. Do Estado e dos prestadores de serviço público (CF., art. 37, § 6º) 1.1.2.7. Nas relações de consumo (CDC., arts. 12 e 14) 1.2. Contratual (CC, arts. 389 e 475) 1.2.1. Com obrigação de resultado 1.2.2. Com obrigação de meio 1.3. Excludentes de Ilicitude 1.3.1. Culpa da vítima (exclusiva ou concorrente) CC., art.945 1.3.2. Fato de terceiro CC., arts. 928 a 934 1.3.3. Caso fortuito ou de força maior CC., art. 393 1.3.4. Cláusula de não indenizar (CDC, art. 51, I cc./ CC., arts. 424 e 734) 1.3.5. Excludentes de ilicitude (CC., arts. 188, 929, 930) a. Estado de necessidade b. Legítima defesa c. Exercício de um direito reconhecido Reflexos da sentença penal condenatória no cível Cuidando também do tema, considerou o legislador processual civil a sentença penal condenatória transitada em julgado título executivo judicial (art. 584, II, do CPC), evitando-se, assim, nova ação de conhecimento. Vale dizer que a sentença penal condenatória transitada em julgado torna certa a obrigação do ofensor de reparar os danos suportados pela vítima. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 19 Isso leva à conclusão de que, em face do ofensor, no que diz respeito à autoria e à materialidade, faz coisa julgada no cível a sentença penal condenatória. Note-se que esse posicionamento vem ao encontro da orientação inicial adotada no art. 935 do Código Civil de 2002. Isto porque, se, para se chegar à condenação do réu, há que se ter certeza quanto à existência do fato e sua autoria, e tais questões já não podem ser enfrentadas no cível, nada mais razoável do que conferir à sentença penal força de título executivo judicial. Importante atentar para o fato de que a sentença penal condenatória, por si só, não autoriza o imediato ajuizamento de uma ação de execução. Isto porque, embora certa a obrigação do ofensor de indenizar a vítima, necessário que se apure o exato valor da indenização (fixação do quantum debeatur), o que se dá por intermédio de um processo de liquidação - por arbitramento ou por artigos - quando não for líquida a sentença penal. Cita- se, como exemplo de sentença penal líquida, aquela que comina multa reparatória, com fundamento no art. 297 da Lei nº 9.503/97 - Código de Trânsito Brasileiro. Questão interessante diz respeito à legitimidade para figurar no polo passivo da ação executiva baseada nessa modalidade de título executivo judicial. Tem prevalecido, tanto na jurisprudência quanto na doutrina, que o título executivo formado com a sentença penal condenatória confere legitimidade passiva para a ação executiva apenas ao ofensor, ou seja, aquele que foi parte na ação penal. Quanto à apuração da responsabilidade civil indireta (patrão por ato do empregado, a título de exemplo), necessário nova ação civil de conhecimento. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça: “A execução da sentença penal somente pode ser dirigida contra o condenado, pois ele foi parte no processo penal. Contra o patrão indispensável será que se proponha a ação ordinária civil” (STJ, 4a T., REsp. nB 109060-DF, Rei. Min. Barros Monteiro, v. u., j. 24-2-97, DJU 12-5-97, p. 18.813). Em sentido contrário, confira-se: l e TAC/SP RT 706/99 (precedente fundamentado na responsabilidade solidária entre o responsável por ato próprio e o por ato de terceiro). Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 20 Reflexos da sentença penal absolutória Por outro lado, tendo em vista a distinção entre a responsabilidade civil e a penal, notadamente no tocante à finalidade de cada uma, situação já examinada, tem-se que a sentença penal absolutória, por seu turno, não implica, em geral, óbice para o ajuizamento da ação civil, buscando a reparação do dano suportado pela vítima. Dispõe o art. 66 do CPP que “não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato”. Bem por isso, levando-se em conta a fundamentação da sentença penal absolutória (incisos do art. 386 do CPP), esta produzirá ou não os efeitos da coisa julgada no cível. Temos, assim, as seguintes hipóteses: 1. Faz coisa julgada no cível: • quando reconhecida, expressamente, a inexistência do fato ou de que o réu não foi seu autor (arts. 3 8 6 ,1 c/c 66, ambos do CPP e 935 do CC/2002). Há, no caso, um pronunciamento negativo a respeito da existência do fato ou de sua autoria, o que afasta o primeiro pressuposto da responsabilidade civil subjetiva clássica, já estudado; • quando reconhecido que o fato se deu na presençade uma das excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de um direito ou estrito cumprimento de um dever legal). Aplica-se, aqui, o art. 65 do CPP Essa hipótese merece atenção, à medida que o efeito produzido no cível implica o reconhecimento, definitivo, da presença de tais excludentes de ilicitude. Contudo, isso não leva necessariamente à exoneração da obrigação do ofensor de reparar o dano causado. Basta lembrar que o dano provocado diante de uma conduta praticada em estado de necessidade (art. 188, II, do CC/2002) mantém a obrigação do causador direto do dano de repará-lo, garantindo-lhe apenas o direito regressivo contra a pessoa que gerou a situação de perigo. O mesmo cuidado deve-se ter com o ato praticado em legítima defesa. Isso porque apenas a legítima defesa real inviabiliza a obrigação de indenizar o dano suportado pelo agressor. De outra sorte, a legítima defesa putativa (erro quanto aos pressupostos de fato da excludente), ou a que causa dano a terceiro, não exclui a obrigação indenizatória, garantindo, apenas, e se for o caso, o direito regressivo, até porque a legítima defesa putativa não está contemplada na vedação do art. 65 do CPP o que leva, inclusive, à possibilidade de reapreciação dessa situação fática na esfera civil. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 21 2. Não faz coisa julgada no cível: • quando a absolvição dá-se por falta ou insuficiência de provas para a condenação. Abre-se oportunidade à vítima de provar o ato ilícito civil no juízo respectivo; • quando a absolvição ocorre por inexistência de culpa do agente (art. 66 do CPP). Nesse caso, os critérios para aferição da violação do dever de cuidado são diferentes no cível e no crime, sendo mais rigoroso neste último. Para que a vítima não fique ao desamparo, basta a culpa levíssima para fazer surgir a obrigação de reparar o dano; • quando reconhecido que o fato não constitui infração penal (art. 67 do CPP). Não havendo exata correspondência entre o ilícito penal e o civil, o fato, ainda que descartada a possibilidade de ser considerado ilícito penal, pode constituir ilícito civil; • quando reconhecida causa excludente de culpabilidade, como erro de proibição, coação moral irresistível, obediência hierárquica, inimputabilidade por doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou de força maior. Nada impede, portanto, o ajuizamento de ação civil indenizatória, bem como a reapreciação desses fatos definitivamente reconhecidos na esfera criminal. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 22 Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado Conceito de consumidor, fornecedor e produto Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social... Normas de ordem pública e interesse social... São inderrogáveis pelos interessados em uma determinada relação de consumo. As partes ficam obrigadas a aceitar o que está previsto em lei, não podendo regular as relações jurídicas de forma diferente. Normas de aplicação imediata. O conteúdo dos contratos tem que se adaptar às suas inovações. Por conta de sua incidência imediata, alcança os contratos em curso, de trato sucessivo. (O CDC não retroage para disciplinar contratos assinados antes da vigência em respeito ao ato jurídico perfeito e o direito adquirido. Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Para que se considere que uma dada relação jurídica é ou não de consumo, a questão determinante é a destinação final do produto ou serviço e a vulnerabilidade de umas das partes envolvidas. Art. 2° Parágrafo único. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Ao ampliar a concepção de consumidor, o CDC visou a alcançar aqueles que não são considerados destinatários finais, mas que sofrem os efeitos da relação originalmente estabelecida. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Com bastante freqüência, os danos causados por vícios de qualidade dos bens ou dos serviços não afetam somente o consumidor, mas terceiros, estranhos à relação jurídica de consumo. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 23 Exemplos de propagação dos danos materiais ou pessoais: acidentes de trânsito; uso de agrotóxicos ou fertilizantes, com a conseqüente contaminação dos rios; construção civil, quando há comprometimento dos prédios vizinhos. Em todos esses casos, o Código assegura o ressarcimento dos danos causados a terceiros que, para todos os efeitos legais, se equiparam aos consumidores. Como exemplo temos o acidente ocorrido no Plaza Shopping de Osasco em 1996: A sentença GENERICAMENTE condenatória entendeu cabíveis indenizações por danos materiais e morais não apenas as pessoas que estavam diretamente ligadas às suas atividades, mas, também, as pessoas que estavam de passagem pelas dependências do estabelecimento, que passaram a ser reconhecidas como integrantes da relação de consumo. STJ Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Art. 3° § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Devemos excluir as relações de natureza tributária, pois, contribuinte não se confunde com consumidor. De igual forma, serviços públicos prestados de maneira genérica e universal pelo Estado, na sua atividade de zelar pelo bem comum, não estão subordinados às regras do CDC, pelo fato da inexistência de remuneração. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 24 Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo Art. 12 ao Art. 17 Da Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço O CDC se ocupa: a) Dos vícios de segurança em sua Seção lI, arts. 12 ao 17, sob a rubrica Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço; b) E dos vícios de adequação em sua Seção III, arts. 18 a 25, disciplinando a Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço. Entende-se por defeito ou vício de qualidade a qualificação de desvalor atribuída a um produto ou serviço por não corresponder à legítima expectativa do consumidor: a) quanto à sua utilização ou fruição (falta de adequação); b) por adicionar riscos à sua integridade física (periculosidade); c) Ou, adicionar riscos ao seu patrimônio ou de terceiros. (insegurança) Existe uma distinção entre os dois modelos de defeito e responsabilidade, para exemplificar podemos considerar as seguintes situações jurídicas: a) um produto ou serviço pode ser defeituoso sem ser inseguro; b) um produtoou serviço pode ser defeituoso e, ao mesmo tempo, inseguro. Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. RESPONSÁVEIS - Quando alude ao fornecedor, o Código pretende alcançar todos os partícipes do ciclo produtivo-distributivo, vale dizer, todos aqueles que desenvolvem as atividades descritas no art. 3º do CDC. A doutrina contempla as três categorias clássicas de fornecedores: a) fornecedor real, compreendendo o fabricante, o produtor e o construtor; b) fornecedor presumido, assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura; c) fornecedor aparente, ou seja, aquele que apõe seu nome ou marca no produto final. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 25 O comerciante, somente será responsabilizado em via secundária, isto é, se o fornecedor real, aparente ou presumido não puderem ser identificados. Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Por fabricante entende-se não só aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos industrializados, como também o mero montador de componentes que serão incorporados ao produto final, como elemento integrativo. Produtor foi a designação dada pelo Código àquele que coloca no mer- cado de consumo produtos não industrializados, abrangendo, com maior frequência, os produtos de origem vegetal ou animal. O construtor é aquele que introduz produtos imobiliários no mercado de consumo, através do fornecimento de bens ou serviços. Sua responsabilidade por danos causados ao consumidor pode decorrer dos serviços técnicos de construção, bem como dos defeitos relativos ao material empregado na obra. O importador de produtos industrializados ou in natura responde, também, por danos causados aos consumidores por eventuais defeitos de fabricação ou produção dos artigos importados. O fornecedor aparente está ligado à noção da franquia comercial: ”contrato pelo qual o titular de uma marca de indústria, comércio ou serviço (franqueador) concede seu uso a outro empresário (franqueado), recebendo em troca determinada remuneração”. No âmbito das relações de consumo, a responsabilidade objetiva é denominada "responsabilidade pelo fato do produto e do serviço": Não interessa investigar a conduta do fornecedor, pois ele é responsável pelo simples fato de colocar produtos e serviços no mercado de consumo. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 26 A abolição do elemento subjetivo da culpa na aferição da responsabilidade não significa exclusão dos pressupostos: a) Do eventus damni (dano), b) Do defeito do produto, c) Bem como relação de causalidade entre ambos. Assim sendo, um acidente de trânsito que, na ordem civil, é apurado mediante constatação dos danos e da conduta culposa do motorista, também pode ser apurado como acidente de consumo, se ficar demonstrado que os danos decorrem de um defeito no sistema de freios do veículo (defeito intrínseco, previsto no art. 12) ou da deficiência de sinalização do trânsito (defeito extrínseco, previsto também no art. 12, in fine). Nesta última hipótese, não se cogita da investigação da culpa, pois a responsabilidade deriva do fato do produto. (responsabilidade objetiva do fornecedor) A doutrina corrente costuma surpreender três modalidades de defeitos dos produtos: a) Defeito de concepção, também designado de criação, envolvendo os vícios de projeto, formulação, inclusive design dos produtos; b) Defeito de produção ou de fabricação, envolvendo os vícios de fabricação, construção, montagem, manipulação e acondicionamento dos produtos; c) Defeito de informação ou de comercialização, que envolve a apresentação, informação insuficiente ou inadequada, inclusive a publicidade. Enquanto os defeitos de concepção e de produção configuram defeitos intrínsecos aos respectivos produtos, os defeitos de informação são extrínsecos, pois dizem respeito às instruções que devem acompanhar, externamente, qualquer produto idôneo no mercado de consumo. Causas excludentes de responsabilidade Art. 12. O fabricante... § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Prof. Hercílio Belarmino – www.professorhercilio.com Página 27 As hipóteses de caso fortuito e força maior, descritas no art. 393 do Código Civil como eximentes da responsabilidade na ordem civil, não estão elencadas entre as causas excludentes da responsabilidade pelo fato do produto. Contudo: a) Instalando-se na fase de concepção ou durante o processo produtivo, o fornecedor não pode invocá-Ia para se subtrair à responsabilidade por danos. b) Se manifesta após a introdução do produto no mercado de consumo, ocorre uma ruptura do nexo de causalidade que liga o defeito ao evento danoso. Vale dizer, fica afastada a responsabilidade do fornecedor pela inocorrência dos respectivos pressupostos. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14. O fornecedor de serviços responde... § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. O § 4º abre uma exceção ao princípio da objetivação da responsabilidade civil por danos. Trata-se do fornecimento de serviços por profissionais liberais cuja responsabilidade será apurada mediante verificação de culpa. Explica-se a diversidade de tratamento em razão da natureza intuitu personae dos serviços prestados por profissionais liberais.
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