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Ensaio análise sobre o filme Deus é brasileiro

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO
RAQUEL PEDROSO SOUZA
SCHAINE FRIZZO
ENSAIO SOBRE AS OBRAS:
O SANTO QUE NÃO ACREDITAVA EM DEUS
E
DEUS É BRASILEIRO
Mestre: Marcio Granez
Ijuí
2013
Introdução
O ensaio irá tratar de uma análise do discurso utilizado na obra Deus é Brasileiro, dirigido por Carlos Diegues e baseado no conto O Santo que não Acreditava em Deus, de João Ubaldo Ribeiro. Objetiva-se abordar sobre a linguagem utilizada, o discurso e sua ideologia histórica e social, realizando um comparativo com outras obras literárias que entraram no cinema brasileiro.
Neste ensaio será abordada a história de um rapaz que em sua canoa ao mar, viu surgir inesperadamente um homem o qual tinha o nome de Deus.
Também é relatado o resumo da obra para que possamos compreender que de forma essa literatura contribuiu na produção da película para o cinema.
Será base destas análisesHeidi Strecker, assim como as primeiras obras literárias que passaram a virar filmes: O Saci (1953) (baseado na obra de Monteiro Lobato “Pica-Pau Amarelo”); O Sobrado (1956) (baseado na obra de Érico Veríssimo); O Pagador de Promessas (1962) (da obra de Dias Gomes); Vidas Secas (1963) (do livro de Graciliano Ramos).
Resumo 
A história narrada no conto não contem diferenças significativas nos aspectos principais da do filme, todavia, assim segue:
No conto como no livro, a historia inicia-se com um rapaz Taoca, que entende de peixemas que não é um bom pescador, que esta atracado ao mar esperando em sua canoa fisgar um grande peixe, ele avista na biriba da torre velha um homem em pé numa escora, com as calças arregaçadas, um chapéu velho e um suspensório por cima da camisa suspenso sobre a água que se intitulava Deus. Não acreditando naquele misterioso homem, o homem mostrouque era mesmo Deus, fazendo um peixe bater na cara de Taoca e dando-lhe um banho com uma onda. 
	Cansado de tanto trabalho Deus precisa tirar umas férias nas estrelas, mas antes disso tem que deixar alguém no seu lugar como substituto durante sua ausência por isso ele precisa de renomear um novo santo e como o Brasil é um lugar de grande religiosidade ele prefere arrumar um santo no Brasil e por isso Deus pede a ajuda de Taoca para chegar à feira de Penedo para encontrar o santo que procura. 
Deus explicou a Taoca que esta procurando por Quincas das Mulas, um homem que podia ser rico se não tivesse doado todo o dinheiro a pessoas que achava que eram boas, e que agora vivia entre burros e mulas e não acreditava em Deus. Deus encontrou com Quincas, conversaram, beberam, e as horas foram madrugada adentro, quando no momento de ele dizer que era Deus e que provava, Quincas não acreditou e muito menos aceitou o convite. Deus e não teve maneira de fazê-lo aceitar. 
Ao amanhecer, Taoca e Deus voltaram para Itaparica, nenhum dos dois falando nada, Deus porque fracassou na missão e Taoca porque não gostava de ver um amigo derrotado. Foi então que, passando pelas encostas do Forte, Deus olhou para Taoca com grande simpatia e disse que não havia fracassado, apenas que a pesca não havia rendido peixe e então ficou azul, esvoaçou, subiu nos ares e desapareceu no céu.
Análise 
Analisando a obra de João Ubaldo Ribeiro, é preciso verificar que por ser tratar de um conto que relata um fato fictício, possui a forma de narrativa em prosa, a obra é de menor extensão no sentido estrito de tamanho em relação às novelas e romances, os quais são extensos e com muitas personagens. O eixo narrativo do conto aborda um só conflito, um só drama e uma só ação a busca de Deus por seu santo brasileiro.
A unidade de ação condiciona as demais características do conto, assim que a noção de espaço que durante todo o conto é restrita a apenas uma lugar, uma feira em Penedo. À noção de espaço segue-se imediatamente a de tempo os acontecimentos narrados no conto dão-se em curto lapso de tempo, em algumas horas, tempo em que Taoca leva Deus a feira de Penedo, ajuda-o a encontrar Quincas e volta com Deus ao raiar do dia para casa.
O que prende a atenção dos leitores neste conto é o impacto de Deus vir escolher para ser santo um homem brasileiro que não acredita em Deus e que não quer ser santo, também quer tirar férias e descansar como se fosse um ser humano qualquer que cansa e tem necessidades fisiológicas, que não esta sempre de bom humor, um deus formado por características diferentes da nossa concepção como mostra a atitude de Deus a seguir:
Ele, no meio da queda, me deu uns dois tabefes e me disse: está convertido, convencido, inteirado, percebido, assimilado, esclarecido, explicado, destrinchado, compreendido, filho de uma puta? E eu disse sim senhor, Deus é mais. Pare de falar em mim, sacaneta, disse ele, senão lhe quebro todo de porrada. Reze aí um padre-nosso antes que eu me aborreça, disse ele. Cale essa matraca, disse ele.
Com relação ao filme, vemos que o roteiro foi elaborado de forma mais complexa, com mais detalhes e adaptando algumas cenas para prolongá-lo já que Deus é Brasileiro contem mais de 1h de duração, diferenciando-se dos contos que viraram curtas metragens. Percebemos a cultura da região escolhida para se passar o filme, o vestuário, a linguagem dos personagens com suas gírias locais. Como se percebe no fragmento a seguir: 
— Ai égua! — disse eu. — Veio nadando e está enxuto?
—  Eu não vim nadando — disse ele. — Muito peixe?
— Carrapato miúdo
Quando Deus chega ao nordeste do Brasil ele encontra um povo simples mas muito religioso. É um filme triste e engraçado ao mesmo tempo, mostrando a realidade dura de nosso país através do humor sarcástico de um Deus diferente do na nossa concepção ideológica, cansado de ver os erros da humanidade.
Síntese
“O Santo que não acreditava em Deus”, conta com um aflorado humor, a necessidade do personagem de Deus por achar Quinca das Mulas pelo sertão baiano (de Itaparica até Maragogipe).
— Tem um rapaz aqui — disse Deus, coçando a gaforinha meio sem jeito — que eu preciso ver.
— Mas por que vosmecê não faz um milagre e não acha logo essa pessoa? — perguntei eu, usando o vosmecê, porque não ia chamar Deus de você, mas também não queria passar por besta se ele não fosse.
— Não suporto fazer milagre — disse ele. — Não sou mágico. E, em vez de me ajudar, por que é que fica aí falando besteira?
 A fábula se constrói de seguinte forma: um pescador reflete sobre várias espécies de peixes que podem ser encontrados no mundo e assume não ser bom pescador. Ele reclama por só conseguir pescar carrapatos, que nesse dia teimam em persegui-lo. E num instante surge subitamente a figura de um homem que lhe dá dicas sobre pescaria, e acaba revelando-se Deus e ensina como ele deveria pescar. Devido ao fato de Deus também só pescar carrapatos o pescador ridiculariza seu feito, no que lhe resulta uma surra. 
Irritado, o pescador tenta bater em Deus, que dessa vez estapeia o pescador intensamente, usando de sua identidade. Deus aproveita o momento e pergunta sobre uma feira em Maragogipe. E esclarece que o motivo de sua descida é a procura por um novo santo: um tal de Quinca das Mulas. 
Então, explicou Deus, eu vivo procurando um santo aqui, um santo ali, parecendo até que sou eu quem estou precisando de ajuda, mas não sou eu, é vocês, mas tudo bem. Agora, é preciso que você me entenda: o santo é o que faz alguma coisa pelos outros, porque somente fazendo pelos outros é que se faz por si, ao contrário do que se pensa muito por aí. Graças a mim que de vez em quando aparece um santo, porque senão eu ia pensar que tinha errado nos cálculos todos. Fazer por si é o seguinte: é não me envergonhar de ter feito vocês igual a mim, é só o que eu peço, é pouco, é ou não é? Então quem colabora para arrumar essa situação eu tenho em grande apreço. Agora, sem milagre. Esse negócio de milagre é coisa para a providência, é negócio de emergência, uma correçãozinha que a gente dá.Esse pessoal não entende que, toda vez que eu faço um milagre, tem de reajustar tudo, é uma trabalheira que não acaba, a pessoa se afadiga. Buliu aqui, tem de bulir ali, é um inferno, com perdão da má palavra. O santo anda dificílimo. Quando eu acho um, boto as mãos para o céu.
Então o pescador acaba por se encarregar de levar Deus até a cidade, onde encontram Quinca e festejam com ele na casa da cafetina Adalberta e suas agregadas. 
Pois tomaram mais e fizeram muito grande sucesso com as mulheres e era uma risadaria, uma coisa mesmo desproporcionada, havendo mesmo um serviço de molho pardo depois das seis, que a fome apertou de novo, e bastantes músicas. Cada refrão que Quinca mandava, cada refrão Deus repicava, estava uma farra lindíssima, porém sem maldade, e Deus sabia mais sambas de roda que qualquer pessoa, leu mãos, recitou, contou passagens, imitou passarinho com perfeição, tirou versos, ficou logo estimadíssimo. Eu, que estava de reboque bebendo de graça e já tinha aprendido que era melhor ficar calado, pude ver com o rabo do olho que ele estava fazendo uns milagres disfarçados, a mim ele não engana. As mulheres todas parece que melhoraram de beleza, o ambiente ficou de uma grande leveza, a cerveja parecia que tinha saído do congelador porém sem empedrar e, certeza eu tenho mas não posso provar, pelo menos umas duas blenorragias ele deve de ter curado, só pelo olhar de simpatia que ele dava.
Então depois da noite inteira de conversas e muitas festas Deus revela sua identidade a Quinca, que desacredita e nega convictamente tornar-se santo.
Ah, para quê? Para Quinca dizer que não acreditava em Deus. E para Deus, no começo com muita paciência, dizer que era Deus mesmo e que provava. Fez uns dois milagres só de efeito, mas Quinca disse que era truques e que, acima de tudo, o homem era homem e, se precisasse de milagre, não era homem. Deus, por uma questão de honestidade, embora o coração pedisse contra nessa hora, concordou.
E depois de uma longa discussão Deus o espanca e acaba por desistir de torná-lo santo.
 Você tem que ser santo, seu desgraçado! — gritava Deus. — Faz-se de besta! — dizia Quinca.
— Muito bem — disse Deus, depois de uma porção de vezes que todo mundo dizia que já ia, mas enganchava num resto de conversa e regressava. — Eu volto aqui outra vez.
— Voltar, pode voltar, terá comida e bebida — disse Quinca. — Mas não vai me convencer!
— Rapaz, deixe de ser que nem suas mulas!
— Posso ser mula, mas não tenho cara de jegue!
Com Deus sendo contrariado e desacreditado acaba retornando aos céus.
Quando iniciamos a leitura desse conto, a impressão que temos é de que estamos ouvindo uma típica “história de pescador”, e assim a história é; a formação simples dos fatos que compõem o enredo, parecendo-se intimamente às narrativas de tradição oral, tão conhecidas e disseminadas no nordeste brasileiro. É essa estruturação que marca também a composição de Grande Sertão: Veredas (2006), de Guimarães Rosa.
Já o filme Deus é Brasileiro, o roteiro foi adaptado para ter uma narrativa mais envolvente em que o telespectador não se atenha somente ao diálogo do pescador com Deus e a busca deles por Quinca Das Mulas, mas sim se envolva numa história divertida e bem humorada, mostrando todo o regionalismo que o sertão nordestino têm.
Inserindo a história de um jovem moça que desejar ir com Deus para São Paulo, depois de conhece-los no velório de seu irmão mais velho, assim se insere na história de procura por Quinca, e todo o roteiro se torna tão desinteressante, pois de pouco segue a grandeza do texto de João Ubaldo, demonstrando ainda que o cinema brasileiro em meados de 2002 era ainda pouco lucrativo e ainda menos atraente.
Deus é Brasileiro é uma obra que falha um pouco enquanto filme. A película não segue uma ordem narrativa aceitável, gira entre o cómico, o sério, o poético e o postal turístico, mistura religião com personagens desinteressantes, e está cheia de acontecimentos que em nada contribuem para o desenvolvimento da história, e tornam este filme fatigante demais para quem busca encontrar interesse na cinematografia brasileira. [CITAÇÕES DEVEM INDICAR A FONTE]
Considerações finais
Um dos clássicos da literatura brasileira foi adaptado para o cinema num roteiro que não o favoreceu em nada, pois muitas coisas lhe acrescentaram e nada se mostrou da narrativa de João Ubaldo, mesmo que o mesmo tenha ajudado em muito na formação do roteiro, auxiliando Carlos Diegues a adaptar sua própria obra para uma versão mais adequada para um formato tão exigente quanto é o cinema, o filme se deixou pecar pelo dinamismo, e pela inclusão de personagens paralelos ao conto e assim fazendo o filme ter um tempo mais prolongado, assim como o formato do cinema exige.
Mesmo com atores de alto nível e reconhecidos do cinema e televisão brasileira o filme não consegue sanar as expectativas que a leitura do conto cria. Fazendo-se assim, apenas, mais um dentre tantos a não conseguir se igualar ao conto como um clássico do cinema brasileiro.
Portanto, o conto de João Ubaldo Ribeiro mantém uma perspectiva lúdica da arte, e utiliza-se deliberadamente do entrecruzamento textual, parodiando aquilo que incorpora na diegese, conferindo ao seu eixo narrativo, uma perspectiva carnavalizante, deformativa e potencialmente humana, valendo-se do poderoso elemento da ambiguidade e ambivalência da escritura, assim podemos vincular a composição desse conto à pós-modernidade literária brasileira. [EXPLIQUE ANTES O QUE SÃO ESSES CONCEITOS QUE APARECEM AQUI]
Referências
RIBEIRO, João Ubaldo; O Santo que não acreditava em Deus,publicado em "Já Podeis da Pátria Filhos e Outras Histórias", Editora Nova Fronteira, 1991.
DIEGUES, Carlos; o filme "Deus é brasileiro", dirigido e produzido em 2002, lançado por Sony Pictures, foi baseado no conto acima.
STRECKER,Heidi Conto: Características do gênero literário http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conto-caracteristicas-do-genero-literario.htm
SANTOS, Héder Junior dos, (Mestrando – UNESP/Assis) http://sgcd.assis.unesp.br/Home/PosGraduacao/Letras/SEL/anais_2010/hederjunior.pdf
ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006 (Biblioteca do estudante).
GUERREIRO, Fábio, Blog Cine 7, Críticas de Cinema; http://cine7.blogspot.com.br/2005/05/deus-brasileiro.html
GAZOLA, AndréAugusto.102 filmes para amantes de literatura brasileira http://www.lendo.org/102-filmes-para-amantes-de-literatura-brasileira
ATENÇÃO: A SÍNTESE É MAIS ENXUTA, NÃO SE PRESTA A DESCREVER A OBRA. NO MAIS, SEU ENSAIO TRAZ ASPECTOS PERTINENTES, SOBRETUDO EM RELAÇÃO À LINGUAGEM E À ADAPTAÇÃO DA OBRA LITERÁRIA PARA O CINEMA. - 27

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