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Bacterias anaerobias

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Departamento de Microbiologia
Instituto de Ciências Biológicas
Universidade Federal de Minas Gerais
http://www.icb.ufmg.br/mic
Bactérias Anaeróbias
 1
Introdução
Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic
As bactérias anaeróbias são definidas como microrganismos que vivem em meios de baixa tensão 
de O2. São encontradas em todo o corpo humano – na pele, nas superfícies de mucosas e, em 
altas concentrações, na boca e no trato gastrintestinal – como parte da biota normal. Podem ser 
facultativos, quando são capazes de sobreviver na presença de O2, ou aerotolerantes, quando são 
capazes de sobreviver com O2 produzindo a enzima superóxido dismutase, a qual diminui os radicais 
livres de oxigênio. 
Algumas infecções causadas por bactérias anaeróbias são graves e com altas taxas de morbidade e 
mortalidade. A tabela abaixo evidencia bactérias anaeróbias de importância clínica, sendo que ao 
longo do texto serão enfatizadas algumas delas.
Tabela 1 - Bactérias anaeróbias de importância clínica
1.1 Bacilos (bastonetes)
Local anatômicoGêneros
Gram-negativos
 Grupo do Bacteroides fragilis
 Grupo do Prevotella melaninogenica
 Fusobacterium
Gram-positivos
 Actinomyces
 Lactobacillus
 Propionibacterium
 Eubacterium, Bifidobacterium e Arachnia
 Clostridium
Cólon
Boca
Boca e Cólon
Boca
Vagina
Pele
Boca e Cólon
Cólon
1.2 Cocos (esferas)
Local anatômicoGêneros
Gram-positivos
 Peptostreptococcus
Gram-negativos
 Veillonella
Cólon
Boca e Cólon
Fisiologia dos microrganismos anaeróbios
 2
As bactérias anaeróbias associadas ao homem são, predominantemente, fermentadoras (oxidação 
parcial do substrato) e têm vantagem, tendo em vista a enorme diversidade de substratos que 
podem ser utilizados. 
Sabe-se que o oxigênio molecular é potencialmente tóxico para todos os seres vivos. O fato de 
algumas bactérias serem sensíveis a ele está ligado à incapacidade destas de eliminar os produtos 
do metabolismo do oxigênio molecular. 
Pesquisas revelaram que a enzima superóxido dismutase (SOD), envolvida na eliminação do ânion 
superóxido, é a principal enzima envolvida na maior resistência dos anaeróbios estritos ao oxigênio. 
Observou-se que quanto maior era a atividade dessa enzima em anaeróbios, maior era o tempo de 
sobrevivência destes em ambientes com oxigênio. 
As bactérias anaeróbias são ubíquas. No homem, elas predominam na cavidade oral (ao redor dos 
dentes), no trato gastrintestinal (especialmente no cólon, onde superam a E. coli em 1000:1), no 
trato geniturinário e na pele. A maioria desses habitats possui baixa tensão de oxigênio e baixo 
potencial redox. 
Colheita e transporte: o local deve ser limpo com sabão cirúrgico e desinfetado com álcool etílico 
ou similar. A colheita deve ser feita em agulhas ou seringas. Swabs não são adequados para o 
isolamento, pois expõem as bactérias ao oxigênio atmosférico.
Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic
 
Ocorrência 
Isolamento 
Cultivo 
Método físico
Consiste no uso de jarras anaeróbias (Figura 1) com retirada mecânica do oxigênio, deixando uma 
proporção de gases de, aproximadamente, 90% de nitrogênio e 10% de gás carbônico.
Método químico
O princípio básico dessas jarras consiste em remover o oxigênio pela reação com o hidrogênio 
adicionado ao sistema na presença de um catalisador.
 3
Os clostrídios são bastonetes anaeróbios, gram-positivos, móveis e grandes. Muitos decompõem 
proteínas ou formam toxinas, sendo que alguns exibem essas duas propriedades. Seu habitat natural 
é o solo ou o trato intestinal de animais e seres humanos, onde vivem como saprófitas. Dentre os 
patógenos estão os microrganismos responsáveis pelo botulismo, tétano, gangrena gasosa e colite 
pseudomembranosa.
Clostridium botulinum
É a bactéria causadora do botulismo. Encontra-se distribuída em todo o meio ambiente e os esporos 
conseguem penetrar em alimentos conservados ou enlatados com baixos níveis de oxigênio e 
nutrientes suficientes para garantir seu crescimento. Os microrganismos germinam e sintetizam as 
toxinas, enquanto ocorrem o crescimento e a lise. As neurotoxinas botulínicas são as mais potentes 
toxinas conhecidas, mas que podem ser neutralizadas por anticorpos específicos. As toxinas são 
termolábeis, de modo que o alimento adequadamente aquecido não provoca o botulismo. 
A toxina botulínica pré-formada é ingerida e absorvida, vindo a atuar sobre o sistema nervoso 
periférico ao inibir a liberação de acetilcolina nas sinapses colinérgicas, causando paralisia. Depois 
que a toxina se encontra ligada o processo é irreversível. Os sintomas estão associados à ação 
anticolinérgica e o botulismo deve ser tratado com antitoxina.
Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic
Nesse caso é usada uma bactéria anaeróbia facultativa de crescimento rápido que irá eliminar o 
oxigênio, criando um meio anaeróbio para o crescimento da bactéria anaeróbia. 
Método biológico
Gênero Clostridium
Clostridium tetani
Os esporos são responsáveis pelo tétano e estão presentes em todo o meio ambiente. Enquanto 
crescem os microrganismos elaboram a toxina tetanospasmina. A infecção localizada é quase 
sempre insignificante. A toxina propaga-se ao longo dos nervos até o sistema nervoso central, onde 
se liga aos gangliosídios, suprime a liberação de neurotransmissores inibitórios e provoca espasmo 
muscular. A morte resulta da incapacidade de respirar. Obviamente, os traumatismos graves podem 
predispor ao desenvolvimento do tétano; entretanto, mais de 50% dos casos de tétano ocorrem 
após pequenas lesões. O tétano é uma doença totalmente evitável: a imunização ativa é induzida 
pelo toxóide tetânico (toxina tetânica formalizada). O toxóide tetânico faz parte da rotina de 
vacinação infantil DPT (difteria, coqueluche, tétano) e os adultos devem tomar as doses de reforço 
em intervalos de 10 anos.
Clostridium perfringens
É o causador da gangrena gasosa. Todos os tipos de C. perfringens produzem alfatoxina, uma exotoxina 
hemolítica necrosante que é uma lecitinase. As outras toxinas apresentam atividades variáveis, 
incluindo necrose tecidual e homólise. O C. perfringens é encontrado em todo o meio ambiente. 
Ocorre gangrena gasosa quando uma ferida dos tecidos moles é contaminada por C. perfringens, 
conforme observado em traumatismo, aborto séptico e ferimentos de guerra. Uma vez iniciada a 
infecção, os microrganismos elaboram toxinas necrotizantes; o CO2 e o H2 acumulam-se nos tecidos 
e são, clinicamente, detectáveis na forma de gás. Ocorre edema, bem como comprometimento da 
circulação, promovendo a propagação da infecção anaeróbia. 
 4
São os organismos mais comuns na cavidade oral, principalmente na gengiva, e nos tratos genital 
feminino e gastrintestinal inferior. Constituem a maioria dos organismos associados a abscessos 
anaeróbicos. O processo infeccioso geralmente envolve duas ou mais espécies, como, por exemplo, 
organismos anaeróbios facultativos que ajudam a baixar o O2 de modo a fornecer o ambiente 
anaeróbico requerido pelos bacilos Gram-negativos co-infectantes. 
Esses bacilos agrupam-se, principalmente, em três gêneros principais:
Bacteroides 
Predominantes no colo humano. Fazem parte da microbiota normal, sendo patogênicos apenas se 
ganharem acesso ao sangue durante penetração do intestino, por exemplo, durante uma cirurgia ou 
trauma. São a causa mais comum de infecções sérias por organismos anaeróbicos. São bacilos finos 
ou cocobacilos e sua cápsula é um importante fator de virulência. A principal espécie é o B. fragilis. É 
comum entre as espécies desse gênero a resistência a drogas, sendo o tratamento com metronidazol 
a opção mais freqüente de antibiótico a ser utilizado.
Prevotella 
A principal espécie patogênica desse gênero é a P. melaninogenica, uma bactéria da biota normal 
da boca e dostratos alimentar superior e respiratório. Sua parede celular contém uma potente 
endotoxina. As infecções por Prevotella estão geralmente associadas ao trato respiratório superior, 
causando, por exemplo, infecções dentárias e sinusais, infecções e abscessos pulmonares, abscessos 
cerebrais e infecções causadas por uma mordida humana. 
Fusobacterium 
 Bacilos em forma de fuso, com extremidades afiladas, encontrados como parte da biota 
normal da boca, trato genital feminino e do colo uterino. Possuem virulência limitada, contudo, estão 
envolvidos em uma grande variedade de apresentações clínicas, como, por exemplo, peritonite, 
abscessos cerebrais, osteomielite e uma inflamação das tonsilas conhecida como angina de Vincent. 
O grupo Fusobacterium inclui várias espécies freqüentemente isoladas em infecções bacterianas 
mistas causadas pela microbiota normal das mucosas. 
Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic
Clostridium difficile
É o causador da colite pseudomembranosa. C. difficile faz parte da microbiota gastrintestinal normal 
de 2 a 10% dos seres humanos. Os microrganismos são relativamente resistentes à maioria dos 
antibióticos comumente utilizados. Com o uso de antibióticos, a microbiota gastrintestinal normal 
é suprimida, de modo que C. difficile passa a proliferar produzindo enterotoxinas citopáticas. Os 
sintomas da doença variam desde diarréia isolada até diarréia pronunciada e necrose da mucosa 
com acúmulo de células inflamatórias e fibrina, formando a pseudomembrana. 
Bacilos Gram-negativos anaeróbios
 5Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic
Tratamento
A resistência conferida pela produção de ß-lactamase em vários patógenos anaeróbios tem 
aumentado consideravelmente nos últimos 20 anos, especialmente entre o grupo B. fragilis. Essas 
enzimas determinam resistência natural a várias penicilinas e cefalosporinas. 
 Quatro grupos de drogas são ativos contra, virtualmente, todas as bactérias anaeróbias de 
importância clínica. Eles são: nitroimidazóis, carbapenens, cloranfenicol ou tianfenicol e combinações 
de drogas ß-lactâmicas (penicilinas e cefalosporinas) com inibidores de ß-lactamase. Os bacilos Gram-
positivos anaeróbios não-formadores de esporos são, comumente, resistentes aos nitroimidazóis. 
 Três outras drogas apresentam boa atividade, mas são menos ativas do que os quatro grupos 
mencionados anteriormente. São elas: cefoxitina, clindamicina e penicilinas de amplo espectro 
(ureidopenicilinas e carboxipenicilinas). 
BARON, Samuel. Medical Microbiology. 4ª ed. [online]. Disponível via URL em: www.ncbi.nlm. nih.gov/books.
CECIL, Russell L. (Russell La Fayette); GOLDMAN, Lee.; AUSIELLO, Dennis. Cecil tratado de medicina interna. 22ª ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2005 2v.
LEVINSON, Warren; JAWETZ, Ernest. Microbiologia médica e imunologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MURRAY, Patrick R; ROSENTHAL, Ken S; PFALLER, Michael A.. Microbiologia médica. 5. ed. Rio de Janeiro Elsevier, 2006.
STROHL, William A.; ROUSE, Harriet; FISHER, Bruce. Microbiologia Ilustrada. 1ª ed. Artmed, 2003.
JAWETZ, Ernest; MELNICK, Joseph; ADELBERG, Edward. Microbiologia Médica. 22ª Ed. Mc Graw Hill, 2005.
Literatura sugerida
Bactérias Anaeróbias - www.icb.ufmg.br/mic

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