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Origem e Evolução da Previdência Social

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Profª. Marcilene Marques
Aula 1: Origem e evolução histórica da proteção
Previdenciária
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Aula 1: Origem e evolução histórica da proteção Previdenciária
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DESTAS AULAS
Principais marcos evolutivos.
2. A Previdência Social no Brasil – Fases da evolução.
3. Regulamentos previdenciários.
4. Resumo Geral 
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PREVIDÊNCIA SOCIAL
1.1 Noção de Previdência
A proteção social está relacionada com o período de grandes modificações das relações sociais(de trabalho, de familiares, de formatação do Estado) ocorridas no mundo a partir do século XIX. Mais precisamente a partir da segunda fase da Evolução Industrial (Inglaterra, França e Alemanha). Antes disso, a proteção em face dos riscos em que a humanidade sempre esteve exposta se dava com a utilização de mecanismos de direito privado (mutualismo, proteção familiar, corporações de ofício etc).
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Pergunta: Os acidentes acontecem mais no período final do dia?
Resposta: Eu tenho conhecimento de mais acidentes no início do dia do que no final. Eu fui, inclusive, testemunha de um deles. Uma criança estava trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a maquina; Mas a alça o prendeu, como ele foi pego de surpresa, acabou sendo levado para dentro do mecanismo; e nós encontramos de seus membros em um lugar, outro acolá, e ele foi cortado em pedaços; todo o seu corpo foi mandado para dentro e foi totalmente mutilado.
(John Allett começou a trabalhar numa fábrica de tecidos quando tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas fábricas aos 53 anos)
DEPOIMENTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
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Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição. (O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de 1849)
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A proteção social surge como fruto da pressão dos trabalhadores urbanos, daí por que esses foram seus primeiros destinatários. Essa pressão estava alinhada a novas teorias socioeconômicas empregadas neste período. Sua maior expressão foi a do socialismo pregada por Karl Marx na sua obra O Capital.
O modelo de proteção social como dever e responsabilidade do Estado foi fruto do projeto Legislativo do Chanceler alemão Otto Von Bismarck em 1873. O projeto determina a proteção social aos trabalhadores, uma vez que o seu não reconhecimento aumentaria a pressão dos trabalhadores que transformaram a Europa naquela época.
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O modelo de proteção social foi denominado de seguro social. Suas principais características são: a) proteção exclusiva dos trabalhadores urbanos; b) modelo contributivo – adotava a fórmula tripartite de custeio (financiamento compartilhado entre trabalhadores, empregadores e Estado); c) gestão estatal. Este modelo passa a ser fonte de inspiração aos demais países não só da Europa, mais também de outros continentes. Será o modelo que permeará a proteção social até a Segunda Guerra Mundial. 
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Pouco antes da finalização da segunda grande guerra, a Inglaterra encomenda relatório ao Lorde Beveridge visando naquele momento empregar um novo modelo de proteção social capaz de possibilitar a recuperação social do país em curto espaço de tempo em razão da degradação promovida pelo conflito social. Propôs-se então um novo princípio de proteção social fundado na universalidade, ou seja, na extensão da proteção social a todos os integrantes da sociedade. Esse modelo foi denominado de seguridade social. 
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O modelo da seguridade social é apresentado aos demais países na Convenção da OIT em 1944, nos Estados Unidos. Em 1948, a proteção social é erigida como uma das partes componentes dos direitos humanos (arts. 20 e 21 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, 10 de dezembro de 1948). Em 1952 é aprovada a Convenção nº 102 da OIT, a qual trata da norma mínima de seguridade social. 
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Pela Convenção n.º 102 da OIT o mínimo exigível em termos de seguridade social é composto por nove elementos. A cobertura desses elementos configura o “ ideal de cobertura”. A norma mínima prevê que o Estado-membro signatário proteja pelo menos três, dentre eles a proteção contra o desemprego, velhice e acidente do trabalho. Os nove elementos são: serviços médicos; prestações pecuniárias de doenças; prestações de desemprego; prestações velhice(idade); prestações em caso de acidente do trabalho e de doenças profissionais; prestações familiares; prestações de maternidade; prestações de invalidez; prestações de sobreviventes (dependentes). O Brasil ratificou a Convenção n.º 102 da OIT, por meio do Decreto Legislativo n.º 269, de 19 de setembro de 2008.
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2.1 A Previdência Social no Brasil – Fases da Evolução
1923 – Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 24 de janeiro de 1923). É considerada o marco inicial da proteção previdenciária no Brasil. Com ela foram criadas as caixas de aposentadoria e pensão-CAPs . Era privada, realizada pela própria empresa e vinculada a seus empregados. Previa proteção aos riscos de doença, invalidez, idade e morte.
A propósito desta lei devem ser feitas as seguintes considerações: a lei deveria ser aplicada somente ao operariado urbano. Para que fosse aprovado no Congresso Nacional, dominado na sua maioria pela oligarquia rural foi imposta a condição de que este benefício não seria estendido aos trabalhadores rurais. 
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Fato que na história da previdência do Brasil perdurou até a década de 60, quando foi criado o FUNRURAL.
· Outra particularidade refere-se ao fato de que as caixas deveriam ser organizadas por empresas e não por categorias profissionais.
· A criação de uma CAP também não era automática, dependia do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determi_ nada empresa para reivindicar a sua criação.
A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, o que pode ser explicado pela importância que este setor desempenhava na economia do país naquela época e pela capacidade de mobilização que a categoria dos ferroviários possuía.
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1931 – Governo Vargas. Foi determinada a intervenção nas caixas previdenciárias
até então existentes em face de problemas de gestão e efetivação da proteção. Foi determinado um novo modelo previdenciário para o Brasil. O Decreto n.º 20.465/31 veio a lume prevendo um amplo leque de proteção cobrindo os já existentes riscos de invalidez, velhice e morte, bem como concedendo outras prestações.
No modelo criado em 1931, a gestão passa a ser estatal (autarquias previdenciárias) e a proteção por segmentos profissionais (por categorias profissionais).
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1933 – Fruto do modelo criado em 1931, Criam-se os institutos de aposentadorias e pensões (IAP). Dos marítimos (IAPM) em 1933; Dos comerciários (IAPC) em 1934; Dos bancários (IAPB) em 1934; Dos industriários(IAPI) em 1936; Dos servidores da União e dos empregados em transportes e cargas (IAPTEC) em 1938.
1960 – Unificação da previdência social brasileira com a edição da LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social). Lei N.º 3.807/60. Representou a unificação legislativa do sistema previdenciário brasileiro. 
1966 – Decreto Lei nº 72/66. Unificação administrativa do sistema previdenciário. Fusão dos principais institutos previdenciários. Surge o INPS. 
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1977 – Criação do Sistema Integrado Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS. Com atribuições de concessão e manutenção das prestações previdenciárias, custeio de atividades e programas, e gestão administrativa, financeira e patrimonial. Era integrado pelo seguintes órgãos: Dataprev, INPS, Funabem, Inamps, Ceme, IAPAS e LBA. 
1988 – Constituição Federal. Conceito de seguridade social determinando a criação de um sistema de proteção social mais amplo que alcançasse todos os integrantes da sociedade brasileira e não mais apenas os trabalhadores. A seguridade está prevista nos arts. 194 a 204 da Carta da República. 
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1998 – Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro. Primeira reforma constitucional do sistema previdenciário brasileiro após a Constituição de 1988. Reformou o regime geral e estabeleceu diretrizes para os demais regimes de proteção previdenciária.
2003 – Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro. Tratou da reforma de regimes próprios de previdência social atingindo colateralmente o regime geral de previdência social.
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2005 – Emenda Constitucional nº47, de 05 de julho. Regulamentou o aspecto pendente na EC nº 41/2003.
2007 – A Lei n.º 11.457, de 16 de março, criou a Receita Federal do Brasil, unificando a Secretaria da Receita Federal e a Secretária da Receita Previdenciária.
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3.1 Regulamentos Previdenciários
Lei n.º 8.212 de 24 de julho de 1991. Lei dos Planos de Custeio da Previdência Social; 
Lei n.º 8.213 de 24 de julho de 1991. Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social;
Decreto n.º 3.048 de 06 de maio de 1999. Regulamento da Previdência Social (custeio e benefícios).
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4. RESUMO GERAL 
A Revolução Industrial em sua segunda fase foi o marco divisório entre a até então existente utilização de mecanismos de direito privado para proteção em face dos riscos que a humanidade sempre esteve exposta. A partir desta grande modificação das relações sociais nos idos da metade do século XIX a proteção social converge para uma obrigação do Estado, fruto das novas teorias socioeconômicas pregadas nesse período. O alemão Bismark inaugurou modelo de proteção social com dever e responsabilidade do Estado (seguro social) e o inglês Beverigde, já no século passado, o aperfeiçoou com fundamento no princípio da universalidade (seguridade social).
 
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Esse modelo denominado de seguridade social é copiado pelos demais países na convenção da OIT de 1944, tendo sido erigida como componente dos direitos humanos nos artigos 20 e 21 desta Declaração Universal. A convenção da OIT nº. 102 trata da norma mínima da seguridade social, estabelecendo a configuração do “ideal de cobertura”, com nove elementos, sendo três obrigatórios: proteção contra desemprego, idade avançada e acidente do trabalho. O Brasil ratificou essa convenção em 2008.
No Brasil a previdência social, como dever e responsabilidade do Estado, data de 1923, com a Lei Eloy Chaves, quando são criadas as CAP’s (Caixas de Aposentadorias e Pensões) realizadas pelas próprias empresas.
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Em 1933 em evolução são criados os cinco grandes institutos de aposentadorias e pensões (IAP’s), com modelo de gestão estatal e proteção por categorias profissionais. Em 1960 ocorre a unificação legislativa da previdência social brasileira com edição da LOPS (Lei 3.807/60). Em 1966 foi criado o INPS que promoveu a unificação administrativa do sistema previdenciário. Em 1974 é criada o MPAS (Ministério da Previdência e Assistência Social). Em 1977 foi criado o SINPAS (Sistema Integrado Nacional de Previdência e Assistência Social) que era integrado por sete órgãos. Em 1988 a Constituição Federal inseriu o conceito de seguridade social no Brasil, fundado no princípio da universalidade, em seus artigos 194 à 204. Em 1998, 2003 e 2005 as reformas das Emendas Constitucionais 20,41 e 47. 
Elaborado Por Carlos Renato
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