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Lei de Propriedade Industrial

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Apresentação
Uma cartilha tem o objetivo de apresentar de forma simplificada um assunto que, 
para muitos, parece ser complicado ou, apenas, extenso demais para quem não 
é especialista na área. Isso equivale a dizer que a elaboração de uma 
determinada cartilha é uma tarefa normalmente difícil e de grande 
responsabilidade para seus autores.
Com a finalidade de facilitar o entendimento dos conceitos básicos nas áreas da 
propriedade intelectual e da inovação, a Diretoria de Inovação e Tecnologia 
(Ditec) elaborou uma cartilha com os principais tópicos desses temas. São eles:
a) Propriedade intelectual: conceitos de descoberta, invenção, ciência e 
tecnologia; patentes - como o inventor se protege, requisitos para proteção 
patentária, decisão de patentear e sugestões para o sucesso no patenteamento. 
O Registro e a Proteção por meio do desenho industrial. Marcas e suas formas de 
apresentação e Registro de software.
b) Inovação: inovação e invenção; tipos de inovação; a difusão tecnológica; os 
sistemas de inovação; sistemas nacionais de inovação; incubadora de projetos e 
empresas e parque tecnológico; inovação no Brasil e incentivos fiscais à 
inovação.
Nossa intenção é que este material sirva como ponto de partida para a 
introdução das noções básicas de propriedade intelectual e inovação, mas não 
deve ser considerado isoladamente para quaisquer decisões sobre proteção 
intelectual no âmbito do Inmetro. Para mais informações e orientações sobre 
propriedade intelectual, entre em contato através do endereço eletrônico: 
 ou pelo telefone (21) 2679-9340.
Dr. Jorge Humberto Nicola
Diretor de Inovação e Tecnologia do Inmetro
deppi@inmetro.gov.br
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CARTILHA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL E INOVAÇÃO
PROPRIEDADE INTELECTUAL
O homem sempre buscou soluções para seus problemas de ordem tecnológica e, 
para isso, tem sido necessário grande investimento de tempo e recursos, 
tornando estas soluções sempre custosas. Antigamente, estas soluções eram 
bem guardadas de modo a não ser copiadas por terceiros, ficando dessa forma 
instituída uma proteção pela forma do segredo. Logicamente, sempre houve 
tentativas de se fazer o caminho contrário, hoje conhecido como engenharia 
reversa, para se descobrir como certa solução foi desenvolvida.
Com o objetivo de se estimular a criação de novas invenções, foi instituído um 
sistema de proteção para os inventores, que, em troca da revelação de como 
resolver determinado problema, receberiam um direito de exploração que 
excluindo terceiros não autorizados a explorarem a sua invenção. Esse conceito 
foi desenvolvido e hoje em dia ainda mantém o mesmo princípio. Ou seja, só 
haverá interesse em se desenvolver novas tecnologias se houver algum ganho 
financeiro em troca.
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Em primeiro lugar precisamos definir alguns conceitos:
Descobertas: É a revelação à sociedade de alguma coisa existente na natureza.
Exemplo: descobertas arqueológicas
Invenção : é uma criação do ser humano que tem como objetivo oferecer uma 
solução para um problema técnico.
Exemplo: telefone
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Ciência : estudo da natureza, por meio de um método, objetivando formular uma 
teoria acerca de um determinado fenômeno.
Exemplo: biologia ( processos de fermentação de bebidas)
Tecnologia : utilização do conhecimento científico para solucionar um problema 
técnico.
Exemplo: motores para propulsão de foguetes
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É importante citar que muitas tecnologias foram desenvolvidas sem haver uma 
teoria científica que a suportasse. O processo de fabricação do aço foi 
desenvolvido empiricamente, e posteriormente foi aperfeiçoado, de acordo com 
as pesquisas científicas realizadas.
As invenções, de um modo geral, são resultantes da combinação de 
descobertas, ciência e tecnologia, resultando em novos produtos ou processos, 
ou no seu aprimoramento. 
Qualquer criação exige um grande dispêndio de tempo, trabalho e dinheiro. O 
invento que não esteja devidamente protegido pode ser copiado e 
comercializado por terceiros, sem nenhum benefício para o inventor.
Pode até acontecer que o inventor tenha seu invento patenteado por terceiro e 
este, obtendo a carta-patente, impeça o legítimo inventor de comercializar seu 
invento! 
Como o inventor se protege?
Propriedade intelectual é definida como sendo todas as criações produzidas 
pelo intelecto humano. Como exemplo podemos citar: obras musicais; criações 
literárias; pinturas; esculturas; programas de computador; desenvolvimento de 
novas tecnologias e diversas outras formas em que a criatividade do homem foi 
concretizada de alguma forma.
Deve ser destacado que “idéias” não são protegíveis sob nenhuma forma. A 
concepção de uma idéia devidamente materializada pode ser protegida 
conforme a sua natureza.
Propriedade industrial é uma subdivisão da propriedade intelectual e abrange 
especificamente as criações que possam ser aplicadas em algum tipo de 
indústria.
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propriedade intelectual
propriedade industrial
Para o escopo desta cartilha a propriedade 
industrial será considerada como os bens 
intangíveis protegíveis sob a forma de:
- Patente de invenção ou de Modelo
de utilidade;
- Registro de Desenho Industrial
- Registro de Marcas.
O INPI
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI é uma autarquia federal 
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 
responsável por registros de marcas, concessão de patentes, averbação de 
contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, e por 
registros de programas de computador, desenho industrial e indicações 
geográficas, de acordo com a Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) e a 
Lei de Software (Lei nº 9.609/98).
O INPI é reconhecido como autoridade Internacional de Busca (ISA) e Exame 
Preliminar de Patentes (IPEA) no âmbito do Tratado de Cooperação de Patentes 
(PCT). Dessa forma o Brasil passa a fazer parte de um grupo relativamente 
pequeno de países dotados de alta capacidade técnica em patentes.
Patente de Invenção: é uma das formas mais conhecidas de proteção industrial 
e abrange uma grande quantidade de criações em diferentes áreas do 
conhecimento. O entendimento da matéria a ser protegida por patente de 
invenção varia conforme legislação de cada país.
O instituto do sistema de patentes visa compensar o esforço do inventor. Em 
troca da revelação da sua invenção, o inventor recebe o direito de excluir 
terceiros da exploração ou o uso da sua invenção por um tempo determinado.
O que pode ser patenteável? Tudo, exceto aquilo que não puder ser patenteável!
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A Lei da Propriedade Industrial em vigor no Brasil define claramente o que não é 
considerado como patente de invenção.
Segundo a Lei, não se considera patente de invenção: descobertas, teorias 
científicas e métodos matemáticos; concepções puramente abstratas; 
esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, 
educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; as obras literárias, 
arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; programas de 
computador em si; apresentação de informações; regras de jogo; técnicas e 
métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de 
diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e o todo ou parte de 
seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda 
que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo 
natural e os processos biológicos naturais.
Apesar das restrições indicadas acima, muitas e muitas invenções estão 
protegidas pelo sistema de patentes.
As patentes de invenção devem apresentar uma solução tecnológica para um 
problema específico, sejam para produtos ou processos industriais. Ou seja, é 
possível a proteção por patente para um produto novo, como para um novo 
processo deobtenção de um produto já conhecido.
O pedido de patente, após depósito no Instituto Nacional de Propriedade 
Industrial - INPI será submetido a exame técnico com intuito de se avaliar se a 
solução proposta é realmente uma invenção.
É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de:
Novidade - a solução apresentada no pedido de patente para resolver deter-
minado problema técnico deve ser inédita, isto é, não pode ter sido divulgada 
antes da data do depósito.
Vale ressaltar que em alguns países existe um dispositivo chamado “período de 
graça”, ou seja, após a divulgação o inventor teria até um ano para depositar o 
pedido de patente sem perder o possível direito caso a patente seja concedida. 
CUIDADO! Na maior parte das vezes é muito difícil comprovar a data de 
divulgação e grande parte dos países não aceita este período de graça. 
Portanto, a recomendação é PRIMEIRO deposite o pedido de patente, depois 
divulgue a invenção.
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Atividade inventiva - a solução apresentada não deve ser óbvia para um técnico 
no assunto.
 Aplicação industrial - o invento pode ser fabricado industrialmente.
A decisão para patentear...
O inventor tem a tendência de considerar que seu invento tem novidade porque 
“nunca o viu à venda”. É comum ainda a condução de importantes pesquisas 
sem que se faça uma cuidadosa pesquisa nos bancos de patentes, que estão 
repletos de pedidos de patente que não foram comercializados! 
Estima-se que aproximadamente 5 % dos pedidos de patente cheguem ao 
mercado. Os demais documentos depositados nos escritórios de patente e que 
tenham sido publicados podem revelar a matéria que se pleiteia invenção. E 
dessa forma impedir a concessão da patente por falta de novidade. 
E mais, 80% da matéria contida nos bancos de patentes não está revelada em 
nenhum outro lugar!
O primeiro passo é verificar se a matéria descrita no invento não foi depositada, 
em data anterior, em um instituto de patente em qualquer país. Isto porque o 
quesito novidade diz respeito à matéria que tenha sido revelada em qualquer 
país.
A melhor forma de se evitar o depósito de matéria já divulgada é realizar uma 
busca de anterioridades, isto é, um técnico treinado realizará nos bancos de 
patentes nacionais e internacionais uma busca para verificar se a matéria já foi 
revelada anteriormente.
Mesmo que se encontre algum pedido de patente que antecipe o objeto da 
invenção, o inventor poderá desenvolver uma solução que supere a matéria 
encontrada e assim alcançar a pretendida proteção patentária. É sempre 
recomendado como melhor alternativa a execução de busca de anterioridades 
antes do início da pesquisa.
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A busca de anterioridades deve também abranger publicações especializadas 
(periódicos, teses, livros e etc.), pois o invento deve ter novidade absoluta, isto é, 
não ter sido revelado por qualquer meio de publicação.
Sugestões para o sucesso no patenteamento.
Alguns pontos devem ser considerados quando se pensa em ter sucesso com 
alguma invenção:
- Avaliar se o invento tem possibilidade de ser comercializado;
- É possível a associação com parceiros, para desenvolver ou comercializar o 
invento?;
- Manter sigilo até o depósito do pedido de patente;
- No caso de haver uma equipe desenvolvendo um invento, definir claramente 
quais serão os direitos de cada participante (inclusive entre diferentes 
instituições e empresas).
Essas condições devem estar declaradas formalmente em documentação a ser 
assinada pelos participantes. 
Registro de Desenho Industrial
Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o 
conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, 
proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e 
que possa servir de tipo de fabricação industrial.
Desenhos industriais são aplicados a uma extensa variedade de produtos, tais 
como instrumentos técnicos e médicos, relógios, jóias, artigos para o lar, 
dispositivos elétricos, veículos, estruturas arquitetônicas, design têxtil, artigos de 
lazer e muitos outros.
O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma 
configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores. O resultado 
visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos conhecidos.
Não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente 
artístico.
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Proteger um Desenho Industrial:
- ajuda a assegurar um retorno adequado sobre o investimento;
- aumenta a competitividade de um negócio contra a reprodução e imitação do 
design pelos competidores;
- ajuda a aumentar o valor comercial de uma empresa, pois desenhos industriais 
de sucesso constituem ativos empresariais;
- estimula a criatividade nos setores industrial e manufatureiro, bem como nas 
artes tradicionais e no artesanato.
Não é registrável como desenho industrial:
I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra 
ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto 
religioso ou idéia e sentimentos dignos de respeito e veneração;
II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela 
determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.
Registro de Marcas
Uma marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e 
distingue produtos e serviços de outros análogos.
A importância das marcas pode ser constatada pela significativa quantidade de 
marcas depositadas no INPI.
No intervalo de 10 anos o número de depósitos aumentou em aproximadamente 
50% !
 
As marcas têm papel fundamental na concorrência e na estratégia de 
competição das empresas, porque estabelecem a imagem e a reputação da 
empresa e de seus produtos. Além disso, as marcas criam confiança e lealdade 
dos consumidores e aumentam o valor intangível da empresa.
Proteção legal – uma marca não existe se não estiver legalmente protegida.
A proteção conferida pela marca registrada garante a exclusividade do seu uso 
em todo o território em que foi concedida, identifica os produtos ou serviços 
similares, diminuindo o risco de confusão dos consumidores e é uma forma de 
preservar a imagem e reputação da empresa.
Apresentação da Marca
Marca Nominativa – é constituída por uma ou mais palavras do alfabeto romano, 
combinações de letras, algarismos romanos ou arábicos. Esses elementos não 
se apresentam de forma fantasiosa ou figurativa.
Exemplo: INMETRO
Marca Figurativa – é constituída por desenho, imagem, figura, símbolos ou 
qualquer forma fantasiosa de letra e número isoladamente
Marca Mista – composta de elementos nominativos e elementos figurativos, 
ou de elementos figurativos com grafia estilizada.
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Criação de uma marca
 - Além de todo o cuidado com a criação conceitual da marca, deve ser realizada 
busca prévia no INPI ou no escritório nacional onde se pretende registrar a marca. 
Tem o objetivo de evitar desperdício de tempo e dinheiro em uma marca que 
poderá não ser concedida e evitar possíveis ações judiciais pelos legítimos 
detentores da marca já registrada.
 - A concessão de uma marca é um processo que pode levar alguns anos. Deve 
ser considerado a aquisição da marca de um concorrente.
Software
Conforme a lei do software, programa de computador é a expressão de um 
conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida 
em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas 
automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou 
equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los 
funcionar de modo e para fins determinados.
O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o 
conferidoàs obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos 
vigentes no território brasileiro.
Dessa forma, a proteção aos direitos do autor de programa de computador 
independe de registro. Porém, com intuito de comprovar a autoria de programas 
de computador para que fique assegurada a exclusividade de exploração é 
recomendado que se faça o registro do programa no INPI.
Deve ser observado que, nos casos de transferência, parcial ou total, de direitos 
sobre um programa, para a garantia dos direitos das partes contratantes, o 
contrato poderá ser averbado à margem do registro.
O registro do programa de computador realizado no INPI é reconhecido 
internacionalmente e desse modo, os programas de estrangeiros não precisam 
de registro no Brasil, bem como os programas originados em território nacional 
não necessitam de registro em outros países, desde que ocorra o registro no INPI.
Documentação Técnica.
Os documentos que instruirão o registro são de inteira responsabilidade do 
usuário. No entanto, toda atenção deve ser dada a este aspecto, uma vez que tais 
documentos são de capital importância para esclarecer possíveis questões 
referentes à utilização indevida do programa de computador.
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Tais documentos devem ser suficientes para comprovar em juíz, o se for o caso, 
que um programa de computador foi registrado no INPI, numa determinada data, 
por um determinado autor, servindo portanto a documentação de registro para 
permitir identificar de modo inequívoco o autor do programa, seu conteúdo e 
data de registro.
Observação: No caso de um programa de computador ser essencial à operação 
de um método, processo ou produto a ser protegido pelo sistema de patentes, 
existe a possibilidade deste software também ser protegido pelo mesmo sistema 
de patentes.
Referências consultadas:
Tratado sobre Aspectos do Direito de Propriedade Intelectual Relacionados ao 
Comércio Internacional – TRIPs
Manual do Usuário para Registro de Software – INPI
Lei da Propriedade Industrial nº. 9.279 de 14 de maio de 1996
Lei de Programa de Computador nº. 9.609, de 19 de fevereiro de 1998
INOVAÇÃO
Em meados do século passado um renomado economista chamado Joseph 
Alois Schumpeter lançava uma nova luz sobre o estudo dos mercados, em seu 
livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, explicando que a economia saía 
de seu equilíbrio através da introdução de novas tecnologias, processos, novos 
métodos de venda e outras aplicações novas que suscitassem à empresa 
sucesso em sua esfera de negócios . 
Ou seja, a teoria schumpeteriana está fundamentada na idéia da incorporação 
de inovações ao sistema econômico, que ocasionam mudanças nos mercados 
como resultado das interações e/ou impactos das novidades.
O desenvolvimento econômico é conduzido pela inovação por meio de um 
processo dinâmico em que as novas tecnologias substituem as antigas, um 
processo por ele denominado “DESTRUIÇÃO CRIADORA”. As inovações 
radicais introduziriam rupturas mais profundas, enquanto inovações 
incrementais dariam continuidade ao processo de mudança.
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Isso significa que a tecnologia passou a ser considerada um importante 
componente ao processo de desenvolvimento e, sem dúvida, vem assumindo 
um papel crescente, e cada vez mais importante, na estrutura econômica 
dominante.
Ciclos econômicos
O pensamento schumpeteriano estuda a relação dos ciclos econômicos com os 
ciclos de inovação institucional e tecnológica realizados pelas empresas e sua 
difusão pela economia:
- introdução de um novo bem no mercado; 
- a descoberta de um novo método de produção ou de comercialização de 
mercadorias; 
 - a conquista de novas fontes de matérias-primas; 
 - a alteração da estrutura de mercado vigente, como a quebra de um monopólio. 
Inovação e invenção
Toda a invenção é uma inovação?
Nem sempre, pois se uma invenção não possui aplicabilidade ou fisiabilidade 
prática nos mercados não é considerada uma inovação. Explicando melhor, se 
um inventor cria uma nova tecnologia, porém ela não desperta o interesse das 
empresas em licenciá-la para comercialização, não seria considerada uma 
inovação.
Assim, define-se INOVAÇÃO como:
A implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente 
melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo 
método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de 
trabalho ou nas relações externas.
Notem! As atividades de inovação são etapas científicas, tecnológicas, 
organizacionais, financeiras e comerciais que conduzem, ou visam conduzir, à 
implementação de inovações.
O núcleo da inovação é que ela deve ser IMPLEMENTADA!!
Uma empresa inovadora, então, é assim considerada somente se 
IMPLEMENTOU uma inovação nos mercados, em determinada época.
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É importante lembrar que os conceitos de nova para o mercado e nova para o 
mundo dizem respeito ao fato de determinada inovação ter sido ou não 
implementada por outras empresas, ou de a empresa ter sido a primeira no 
mercado ou na indústria ou no mundo a implementar tal inovação. É nova para o 
mercado quando a empresa é a primeira a introduzir a inovação em seu mercado. 
É nova para o mundo quando se introduz a novidade em todos os mercados e 
indústrias, domésticos ou internacionais.
TIPOS DE INOVAÇÃO 
a) Inovação do produto:
Introdução no mercado de novos ou significativamente melhorados 
bens ou serviços, no que concerne as suas características ou usos 
previstos. Inclui alterações significativas nas suas especificações 
técnicas, componentes, materiais, software incorporado, interface com 
o utilizador ou outras características funcionais;
Exs.: Os primeiros microprocessadores e câmeras digitais. 
O MP3 foi uma combinação de tecnologia de disco rígido miniaturizado 
com padrões de softwares já existentes.
Tecidos respiráveis em vestuário foram uma inovação de produtos 
utilizando novos materiais.
Serviços bancários via internet, são um bom exemplo de inovação de 
serviços.
b) Inovação do processo: 
Implementação de um método de produção ou distribuição novo ou 
significativamente melhorado. Inclui alterações significativas de técnicas, 
equipamentos ou software. Em geral essas inovações visam diminuir os 
custos de produção ou de distribuição, melhorando a qualidade.
Exs.: A introdução de novos equipamentos de automação em uma linha 
de produção.
A introdução de um sistema de rastreamento de bens por código de 
barras ou de identificação ativa por freqüência de rádio.
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c) Inovação organizacional:
Implementação de novos métodos organizacionais nas práticas do 
negócio, organização do local de trabalho e/ou suas relações externas. 
Visam à melhoria do desempenho de uma empresa por meio de 
redução de custos administrativos ou de custos de transação, 
estimulando a satisfação no local de trabalho (e assim a produtividade 
do trabalho). É a implementação de um novo método organizacional.
Exs.: A primeira implementação de um modelo organizacional que 
confere aos empregados maior autonomia na tomada de decisões e os 
encoraja a contribuir com suas idéias.
A introdução no sistema de negócios de uma firma de um método de 
venda integrada à produção.
 
d) Inovação de marketing:
Implementação de novos métodos de marketing, envolvendo melhorias 
significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no 
posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. 
Objetiva a melhor atender as necessidades dos consumidores, abrindo 
novos mercados, ou reposicionando o produto de uma empresa no 
mercado, com o objetivo de aumentar as vendas.
Exs.: Introdução de um sistema de franquia, de vendas diretas ou varejo 
exclusivo, e de licenciamento do produto.
A introdução de salas de exposição de móveis, redesenhadas de acordo 
com temas, permitindo ao consumidor visualizar os produtos emsalas 
permanentemente decoradas.
DIFUSÃO TECNOLÓGICA
Difusão é o processo pelo qual uma inovação é transmitida através de certos 
meios, através do tempo, entre os atores de um sistema social. Contribui 
grandemente para o processo de inovação, servindo de elemento para se 
entender como os mercados reagem à introdução das novidades.
Nessa linha, as mudanças que as inovações introduzem podem ser classificadas 
da seguinte forma: 
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Incremental - melhoramentos cont ínuos,que vão introduzindo 
aperfeiçoamentos;
Radical- saltos descontínuos da tecnologia;
Novo sistema tecnológico - mudanças que afetam vários setores e dão 
origem a novos negócios;
Novo paradigma tecnoeconômico - mudanças profundas que influenciam a 
economia por décadas.
Direção tecnológica
O fenômeno da inovação acaba por criar trajetórias de adoção de uma 
tecnologia no mercado. Ex.: A difusão do telefone celular.
Muitas vezes, num mercado surgem várias inovações que introduzem novas 
tecnologias , muitas vezes oferecendo facilidades muito próximas ou quase 
iguais aos consumidores, criando uma verdadeira GUERRA DE PADRÕES. Por 
exemplo, a descontinuidade do sistema de vídeo Betamax, em virtude da rápida 
difusão do sistema VHS, mesmo de menor qualidade.
OS SISTEMAS DE INOVAÇÃO
Os estudiosos conseguiram identificar, analisando de perto o processo de 
inovação, uma verdadeira teia de interações que facilitariam e tornariam férteis o 
ambiente para gerar novas idéias, descobertas e invenções passíveis de serem 
implementadas nos mercados. Esta rede se constituiria de agentes econômicos 
que, juntamente com instituições e políticas, influenciariam comportamentos e 
desempenhos inovadores. Portanto, um sistema de inovação pode ser definido 
como um conjunto de agentes inter-relacionados, instituições e práticas que 
constituem, executam e participam de modo relevante na inovação tecnológica, 
apoiado fortemente por uma política governamental. 
O melhor exemplo de um sistema inovativo é o Vale do Silício, sede de empresas 
de alto conteúdo tecnológico, como a Microsoft, fruto da interação universidade-
empresa.
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Arranjos Produtivos Locais (APLs)
São conjuntos de atores econômicos, políticos e sociais, localizados em um 
mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que 
apresentam vínculos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. Uma 
verdadeira concentração geográfica de empresas de um determinado setor ou 
cadeia. Um bom exemplo brasileiro é o pólo metal-mecânico de Caxias de Sul.
Os APLs geralmente incluem empresas – produtoras de bens e serviços finais, 
fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, 
comercializadoras, clientes, etc., cooperativas, associações e representações - e 
demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, 
informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e 
financiamento, uns complementando os outros. 
A articulação de empresas de todos os tamanhos em APLs e o aproveitamento 
das sinergias geradas por suas interações fortalecem suas chances de 
sobrevivência e crescimento, constituindo-se em importante fonte de vantagens 
competitivas duradouras.
Sistemas nacionais e locais de inovação 
Um sistema nacional de inovação pode ser inicialmente definido como um 
conjunto de agentes inter-relacionados, instituições e práticas que constituem, 
executam e participam de modo relevante na inovação tecnológica. 
O termo 'Sistema Local de Inovação', ou simplesmente SLI, refere-se à 
localização geográfica específica e também ao tecido cultural no qual o sistema 
de inovação está inserido. 
Um SLI também apresenta elementos que interagem na produção, na difusão e 
no uso de conhecimentos novos, com valor econômico, existentes em uma 
região específica. 
Dentro deste conceito de sistemas inovativos temos também a existência de 
incubadoras de empresas e parques tecnológicos
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Incubadora de Empresas e Parque Tecnológico
Uma incubadora é uma organização cujo objetivo é fornecer a empresas 
nascentes os recursos necessários para garantir sua vida e posterior auto-
sustentação. Costuma ligar-se a instituições de ensino e pesquisa, beneficiando 
as empresas incubadas pela proximidade de seus laboratórios, locais de 
treinamentos, cursos e acesso a recursos humanos especializados;
O Parque Tecnológico é um ambiente que reflete a suposição de que a inovação 
tem origem na pesquisa tecnológica e que pode fornecer o ambiente catalisador 
necessário para a transformação da pesquisa em produtos e ou processos 
comercializáveis, pois as empresas ali existentes aproveitariam a capacidade 
técnica de pesquisadores e técnicos, encontrados principalmente em áreas 
próximas a universidades .
A INOVAÇÃO NO BRASIL
O desafio de se estabelecer no País uma cultura de inovação está amparado na 
constatação de que a produção de conhecimento e a inovação tecnológica 
passaram a ditar crescentemente as políticas de desenvolvimento dos países. 
Nesse contexto, o conhecimento é o elemento central das novas estruturas 
econômicas que surgem e a inovação passa a ser o veículo de transformação 
desse conhecimento em riqueza e melhoria da qualidade de vida das 
sociedades.
Assim, o Brasil editou em 2 de dezembro de 2004 a Lei nº. 10.973, denominada 
"Lei da Inovação", refletindo a necessidade do país de contar com dispositivos 
legais que contribuam para o delineamento de um cenário favorável ao 
desenvolvimento, tecnológico e ao incentivo à inovação.
O marco regulatório está organizado em torno de três vertentes, a saber:
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Vertente I - Constituição de ambiente propício às parcerias estratégicas 
entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas.
Nessa linha a lei contempla diversos mecanismos de apoio e estímulo à 
constituição de alianças estratégicas e ao desenvolvimento de projetos 
cooperativos entre universidades, institutos tecnológicos e empresas nacionais, 
entre os quais:
· estruturação de redes e projetos internacionais de pesquisa tecnológica; 
· ações de empreendedorismo tecnológico; e 
· criação de incubadoras e parques tecnológicos, como incentivo ao 
espirito em empreendedor. 
São também criadas facilidades para que as instituições de ciência e tecnologia 
(ICT) possam compartilhar, mediante remuneração, seus laboratórios, 
instalações, infraestrutura e recursos humanos com empresas (inclusive Micro e 
pequenas empresas) e organizações privadas sem fins lucrativos seja para 
atividades de incubação, seja para atividades de pesquisa conforme a situação 
especificada na lei.
Vertente II - Estimulo à participação de instituições de ciência e 
tecnologia no processo de inovação. 
Nessa vertente, a lei faculta às ICT celebrar contratos de transferência de 
tecnologia e de licenciamento de patentes de sua propriedade, prestar serviços 
de consultoria especializada em atividades desenvolvidas no âmbito do setor 
produtivo, assim como estimular a participação de seus funcionários em projetos 
onde a inovação seja o principal foco. 
Com o propósito de viabilizar a situação acima e gerir a política de inovação da 
ICT, especialmente no que tange a proteção do conhecimento, a lei determina 
que cada ICT constitua um Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) próprio ou em 
associação com outras ICT.
Benefícios financeiros a pesquisadores:
Os pesquisadores vinculados às ICT, quando envolvidos nas atividades de 
inovação empreendidas por suas instituições, poderão, beneficiar-se do 
resultado financeiro dos serviços prestados, independentemente da 
remuneração percebida em face do vínculo com a instituição. Da mesma forma, 
sendo criador ou inventor, o pesquisador poderá fazer juz a umaparcela dos 
ganhos pecuniários auferidos por sua ICT, quando da exploração comercial de 
sua criação. 
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Assim, no art. 13 da Lei de Inovação, é assegurada ao criador o recebimento de 
royalties através da participação mínima de 5% (cinco por cento) e máxima de 
1/3 (um terço) nos ganhos econômicos, auferidos pela ICT, resultantes de 
contratos de transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de 
direito de uso ou de exploração de criação protegida da qual tenha sido o 
inventor, obtentor ou autor, aplicando-se, no que couber, o disposto no parágrafo 
único do art. 93 da Lei de Propriedade Industrial.
Dentro do mesmo espírito a lei faculta também os servidores públicos das ICT, a 
receber, como estímulo à inovação, bolsa diretamente de instituição de apoio ou 
de agência de fomento envolvida nas atividades empreendidas em parceria com 
sua instituição. 
Vertente III - Incentivo à inovação na empresa. 
Benefícios financeiros às empresas
Os dispositivos legais explicitados nessa vertente buscam estimular maior 
participação do setor produtivo em relação à alocação de recursos financeiros na 
promoção da inovação.
A lei prevê, para tal fim, a concessão, por parte da União, das ICT e das agências 
de fomento, de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura, 
para atender às empresas nacionais envolvidas em atividades de pesquisa e 
desenvolvimento. Mediante contratos ou convênios específicos tais recursos 
serão ajustados entre as partes, considerando ainda as prioridades da política 
industrial e tecnológica nacional.
Os recursos financeiros poderão vir sob a forma de subvenção econômica, 
financiamento ou participação societária, sendo que no caso da subvenção 
econômica, os recursos deverão se destinar apenas ao custeio, sendo exigida 
ainda contrapartida da empresa beneficiária.
O apoio à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento, que 
envolvam risco tecnológico, para solução de problemas técnicos ou obtenção 
de produto ou processo inovador também está contemplado, assim como a 
implementação, pelas agências de fomento, de programas com ações dirigidas 
especialmente à promoção da inovação nas micro e pequenas empresas.
Como se pode ver o marco legal ora em vigor representa um amplo conjunto de 
medidas cujo objetivo é ampliar e agilizar a transferência do conhecimento 
gerado nas ICT para a sua apropriação pelo setor produtivo, estimulando a 
cultura de inovação e contribuindo para o desenvolvimento industrial do país.
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INCENTIVOS FISCAIS À INOVAÇÃO
Lei do Bem: incentivos fiscais à Inovação
Por determinação da Lei da Inovação, buscando fortalecer o novo marco legal 
para apoio ao desenvolvimento tecnológico e inovação nas empresas brasileiras, 
foi promulgada a Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como Lei 
do Bem, que traz em seu Capítulo III a consolidação dos incentivos fiscais que as 
pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem 
pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. 
Os benefícios da Lei do Bem são baseados em incentivos fiscais, tais como:
· deduções de Imposto de Renda e da Contribuição sobre o Lucro 
Líquido - CSLL, de dispêndios efetuados em atividades de P&D; 
· a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, na compra 
de máquinas e equipamentos para P&D; 
· depreciação acelerada desses bens; 
· amortização acelerada de bens intangíveis; 
· redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa 
ao exterior resultante de contratos de transferência de tecnologia; 
· isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas 
para o exterior destinadas ao registro e manutenção de marcas, 
patentes e cultivares. 
Lei do MEC: Incentivo Adicional
Adicionalmente aos incentivos preconizados na Lei do Bem, em 2007 foi 
editada a Lei nº 11.487 que concedeu às empresas a opção entre os 
incentivos originais da Lei do Bem e os dessa nova legislação - conhecida 
como Lei do MEC. Esta modalidade regulatória trata de financiamento pelas 
empresas de projetos de pesquisa de Instituições Científicas e Tecnológicas - 
ICT (conforme definidas na Lei de Inovação), previamente aprovados por um 
comitê permanente (MEC, MCT e MDIC).
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Referências consultadas:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - Manual de Oslo
Comissão de Pós-Graduação de Pesquisa de Engenharia - COPPE / UFRJ
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES
Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI
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Diretoria de Inovação e Tecnologia - Ditec
Divisão de Estudos Prospectivos e de Propriedade Intelectual - Deppi
Texto: Marcelo De Cicco e
Paulo José Soler Teixeira dos Santos
Ilustração:
Divisão de Comunicação Social do Inmetro
Impressão: Gráfica do Inmetro
 Diogo Soler, 8 anos
	1: Capa
	2: pg 1
	3: pg 2
	4: pg 3
	5: pg 4
	6: pg 5
	7: pg 6
	8: pg 7
	9: pg 8
	10: pg 9
	11: pg 10
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	13: pg 12
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