Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Física I - Mecânica Página 1 
 
Jonathan Tejeda Quartuccio 
 
Física I 
 
De acordo com as aulas ministradas pelo professor Walter H. G. Lewin do Instituto de 
Tecnologia de Massachusetts (MIT) no outono de 1999. 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 2 
 
 
 
 
 
Jonathan Tejeda Quartuccio 
 
 
 
 
 
 
 
Física I 
De acordo com as aulas ministradas pelo professor Walter H. G. Lewin do Instituto de 
Tecnologia de Massachusetts (MIT) no outono de 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 3 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
Atualmente, enquanto escrevo esse livro, curso Física pelo Instituto de Física Gleb 
Wataghin da Universidade de Campinas (Unicamp). Esse livro é uma transcrição de aulas 
online ministradas pelo professor Walter H. G. Lewin do MIT. Posso dizer que mesmo cursando 
física eu não tinha um contato real com essa ciência (ainda não havia caído minha ficha de 
como a física funciona). Quando assisti às aulas do professor, fiquei fascinado com o seu modo 
de ensinar. Posso dizer que ele se tornou minha grande inspiração para a física. Para minha 
alegria, tive a grande satisfação de conversar, em rápidas palavras, com o professor Lewin 
através de e-mails. Pude então agradece-lo por abrir a minha mente para o verdadeiro 
conhecimento da física, e é exatamente isso que pretendo nesse curso de Mecânica. 
Não estão todas as aulas ministradas aqui, decidi escrever somente até o ponto que 
está de acordo com Física I, curso F 128 da Unicamp. 
Alunos abram suas mentes e não desistam da física. 
 
Jonathan T. Quartuccio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 4 
 
 
 
 
Índice 
Aula 01 – Unidades, Dimensões e Argumento de Escala 
Aula 02 – Velocidade e Aceleração 
Aula 03 – Vetores 
Aula04 – Movimento de Projéteis 
Aula 05 – Movimento Circular 
Aula 06 – Leis de Newton 
Aula 07 – Peso 
Aula 08 – Atrito 
Aula 09 – Revisão 
Aula 10 – Lei de Hooke e Osciladores 
Aula 11 – Trabalho, Energia e Gravitação Universal 
Aula 12 – Forças de Resistência 
Aula 13 – Equações do Movimento de Osciladores Harmônicos Simples 
Aula 14 – Órbitas, Velocidade de Escape e Energia 
Aula 15 – Momentum e sua Conservação 
Aula 16 – Colisões Elásticas e Inelásticas 
Aula 17 – Momentum de Objetos Individuais, Impulso e Foguetes 
Aula 18 – Revisão 
Aula 19 – Rotação de Corpos Rígidos, Momento de Inércia e Teorema dos Eixos 
Aula 20 – Momento Angular 
Aula 21 – Torque 
Aula 22 – Leis de Kepler e Mudanças de Órbitas 
Aula 23 – Efeito Doppler, Sistemas Binários, Estrelas de Nêutrons e Buracos Negros 
Aula 24 – Movimento Rotacional e Giroscópios 
Aula 25 – Equilíbrio Estático 
 
Física I - Mecânica Página 5 
 
 
 
 
 
 
Física I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 6 
 
Aula 01 – Unidades, Dimensões e Argumento de Escala 
 
Em física, nós exploramos coisas que vão desde o muito pequeno até o muito 
grande. Frações que compreendem o tamanho de um próton até o tamanho do 
Universo. Os físicos medem 45 ordens de grandeza (um seguido de quarenta e cinco 
zeros). 
Para expressar as medidas adotamos unidades: 
 Comprimento [L] 
 Tempo [T] 
 Massa [M] 
Essas são as grandezas chamadas de fundamentais na mecânica. 
Há um vídeo, chamado “Powers of Ten” que mostra um pouco sobre a 
magnitude das grandezas medidas em física. Segue o link para acessar o vídeo: 
http://www.powersof10.com/film 
Agora que nós conhecemos um pouco mais sobre ordens de grandeza, 
podemos introduzir as unidades de medida. Para a unidade de comprimento, temos 
metros (m); para a unidade de tempo, segundo (s); para a unidade de massa, temos o 
kilograma (kg). Mas essas não são as únicas unidades. Temos uma série de outras 
unidades que correspondem às mesmas grandezas. Por exemplo: para o comprimento 
nós temos metros, centímetros, polegadas, entre outras; para o tempo nós temos 
segundos, minutos, horas, dias, meses, etc.; para a massa nós temos o kilograma, 
toneladas, etc. E essas grandezas foram sofrendo alterações no decorrer do tempo até 
chegarmos aos padrões atuais de medida, descritos pelo Sistema Internacional de 
Unidades. 
A partir das grandezas fundamentais nós podemos derivar outras grandezas. 
Por exemplo: 
[ ] 
[ ]
[ ]
 [ ] [ ] 
 
[ ] 
[ ]
[ ] 
 [ ] 
[ ]
[ ] 
 
 
 
Conhecendo essas grandezas nós podemos fazer nossas medições. 
Porém, é importante conhecer o máximo possível uma medida. Para isso, 
devemos conhecer, também, uma incerteza relacionada à nossa medida. Qualquer 
medida que fazemos sem conhecer sua incerteza é completamente sem sentido. Essa 
frase é tão importante que ela merece destaque: 
“Qualquer medida que fazemos, sem conhecer a sua incerteza, é 
completamente sem sentido”. 
Algumas pessoas possuem uma crença popular, na qual dizem que quando 
estamos deitados somos ligeiramente maiores do que quando estamos em pé. O que 
faremos aqui é testar essa crença e ver se ela tem algum fundamento científico. 
Primeiramente, mediremos uma barra de alumínio. 
- Na vertical 
L = 149.9 0.1 cm 
Física I - Mecânica Página 7 
 
- Na horizontal 
L = 150.0 0.1 cm 
O “mais ou menos” representa a minha incerteza, pois o meu instrumento de 
medida pode conter algum erro, e certamente ele contém. Ou então eu posso ter 
cometido algum erro na hora da medida. Mas perceba que, embora minha medida na 
horizontal possa ter diferenciado da vertical, o meu erro anula essa diferença. 
Agora, medindo uma pessoa. 
- Na vertical 
L = 183.2 0.1 cm 
- Na horizontal 
L = 185.7 0.1 cm 
A diferença de altura é cerca de 2.5 0.2 cm 
Perceba que a diferença não é muito grande, e o nosso erro é dado em 
milímetros. Se o erro fosse maior ou menor, nós não seríamos tão convincentes em 
nossas medidas. Da mesma maneira, se esse valor fosse dado em polegadas ou em 
pés, nossa diferença de altura seria muito grande e quando saíssemos da cama 
sentiríamos uma sensação muito estranha. 
De qualquer forma, se não tivéssemos nossa incerteza nossa medida não faria 
sentido. 
Galileu Galilei fez a seguinte questão: 
“Por que os grandes mamíferos não podem ser muito maiores do que seu 
tamanho original?” 
Segundo Galileu, se a massa desses mamíferos se torna muito maior, seus ossos 
poderão se quebrar. Tomemos um animal de tamanho S e massa M. 
 
Vamos nos fixar no fêmur do animal. O fêmur possui um comprimento l e uma 
espessura d. Assim, a dimensão do fêmur é dada por: 
Fêmur = 
Física I - Mecânica Página 8 
 
 
 
Sendo A a área da secção transversal do fêmur. 
O que iremos fazer agora é utilizar uma ferramenta na qual os físicos chamam 
de argumento de escala. 
 
 
 
A pressão sobre o fêmur é dada por: 
 
 
 
 
 
 
 
Se a pressão for maior que certo valor, os ossos vão se quebrar. 
Se a massa de um animal aumenta para um fator 4 (por exemplo), para que os 
ossos não se quebrem d também terá de aumentar um fator para 4. 
 
 
 
 
 
Esse resultado mostra que se eu tenho dois animais e um é dez vezes maior que 
o outro, então S é dez vezes maior, os comprimentos das pernas serão dez vezes 
maiores, mas a espessura do fêmur será trinta vezes maior. 
 
Agora usaremos outra ferramenta, conhecida como análise dimensional, para 
tentar responder a seguinte questão: Digamos que uma maçã cai de uma altura h, o 
tempo de queda (t) depende de quais fatores? 
 
O valor α é desconhecido,mas se aumentamos α nós aumentamos t. 
Sabemos que a maçã possui uma massa m. 
 
Da mesma maneira, se β aumenta a maçã é mais maciça e levará menos tempo 
para cair. Mas também existe a aceleração da gravidade, que nós ainda não 
compreendemos muito bem. 
 
Agora, vamos tentar encontrar os valores dos nossos expoentes. Note que do 
lado esquerdo de nossa relação só existe o tempo, e ele está elevado a um. Da mesma 
maneira, temos de ter do lado direito apenas o tempo. 
Física I - Mecânica Página 9 
 
Assim, podemos escrever: 
[ ] [ ] [ ] 
[ ] 
[ ] 
 
Como só há M do lado direito, β deve ser zero. 
Como não há L no lado esquerdo, temos: 
 
Para T, temos: 
 
Portanto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que nos dá as possíveis respostas: 
 
 
 
 
 
 
 
Observando esses valores, nós podemos concluir que (como existem potencias 
iguais a ½ e isso é uma raiz): 
 √
 
 
 √ 
O valor C é uma constante, assim como g (que é a gravidade) e por essa razão 
nos sobra apenas √ . 
Se a maçã cai de uma altura de 8 metros e outra de uma altura de 2 metros, a 
de 8 metros demorará 2 vezes mais para chegar ao chão do que a de 2 metros. 
 
Fazendo uma experimentação... 
Lançaremos um objeto de duas alturas distintas, sendo que uma é o dobro da 
outra. 
H1 = 3.000 0.003 m 
H2 = 1.500 0.003 m 
 
Física I - Mecânica Página 10 
 
A relação de H1 para H2 é: 
 
 
 
O que queremos é encontrar uma relação do tempo de queda, sendo que não 
medimos o tempo de queda do objeto das diferentes alturas (apenas utilizamos os 
valores das alturas para encontrar uma relação). Mas sabemos que: 
 √ 
Com isso, podemos obter a relação dos tempos de queda t1 e t2: 
 
 
 √
 
 
 
O que fizemos até aqui foi apenas uma predição do que esperamos ocorrer 
experimentalmente. Agora, mediremos o tempo de queda do objeto das duas alturas. 
Os resultados são: 
t1 = 0.781 0.002 s 
t2 = 0.551 0.002 s 
 
Assim, nossa relação fica: 
 
 
 
Perceba que o valor experimental foi muito próximo de nossa predição. Na 
realidade, como estamos adotando um erro, podemos confiar em nossa experiência e 
dizer que os valores coincidem. 
Esse resultado nos mostra que o tempo de queda não depende da massa do 
objeto, mas sim da altura que o mesmo é lançado (pois o resultado com o objeto em 
queda foi o mesmo resultado analisando apenas a altura). 
 
Essa primeira aula buscou fazer com que o aluno comece a questionar 
fisicamente a natureza, pois é isso que um físico faz. Portanto, quero lhe desejar boas 
vindas ao conhecimento da natureza. Isso é Física! 
 
Indo mais além... 
Unidades de Medidas 
No decorrer da história, foi necessária a criação de padrões únicos de unidades 
de massa e comprimento pelo fato de que os poderosos da França (por volta do século 
XVIII) usufruíam mercadorias por um preço menor, e as vendiam por um preço maior. 
A França estava passando por problemas, e com a decadência e a desmoralização da 
monarquia, era difícil ter leis. Isso originou várias formas de opressão. Em 1790, no 
início da Revolução Francesa, um decreto da Assembleia Constituinte, que assumiu o 
poder da França, exigiu da Academia de Ciências uma criação de padrões únicos de 
massa e comprimento. Foram esses padrões que originaram o sistema métrico, 
oficializado na França em 1799. Para definir a unidade de quilograma, foi criado o 
Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM). Existem mais de oitenta cópias do 
BIPM pelo mundo, inclusive no Brasil. 
Medir uma grandeza é atribuir-lhe um valor numérico e uma unidade. São essas 
unidades muito importantes para o estudo da física, pois são elas que muitas das vezes 
confundem as pessoas. Em qualquer campo de conhecimento, em especial nas ciências 
e na engenharia, a interpretação e a previsão de eventos se baseiam na medição de 
Física I - Mecânica Página 11 
 
grandezas. A necessidade de classificar grandezas como temperatura, comprimento, 
etc. nos conduziu ao desenvolvimento de unidades de medidas, os padrões de 
medidas. Geralmente, os padrões de medidas seguem o Sistema Internacional de 
Medidas (S.I.), mas também temos outras unidades. 
 
Notas de Aula 
A figura mostra diferentes medidas de fêmures de vários mamíferos. 
 
Aqui temos um gráfico que relaciona as medidas obtidas com os fêmures. 
Física I - Mecânica Página 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 13 
 
Aula 02 – Velocidade e Aceleração 
 
Vamos falar sobre velocidade e aceleração. 
Temos um objeto que se move em linha reta, em um movimento 
unidimensional. 
 
A direção nós quem escolhemos, somos livres para decidir isso. 
Iremos introduzir o conceito de velocidade: 
〈 〉𝑡 𝑡 
 𝑡 𝑡 
 
 
Nesse caso, 〈 〉𝑡 𝑡 > 0, pois 𝑡 é maior que 𝑡 . Perceba que para 〈 〉𝑡 𝑡5 = 0, 
pois a posição 𝑡 e 𝑡5 é a mesma. Para 〈 〉𝑡 𝑡4 < 0, pois 𝑡4 é menor que 𝑡 . 
 𝑡 representa a posição x do objeto no tempo t, enquanto que 〈 〉 é a 
velocidade média. 
Se eu mudo o sentido da trajetória, eu mudo os sinais da minha velocidade. 
Velocidade negativa indica que o móvel está no sentido contrário ao sentido positivo 
da trajetória. Ou seja, a escolha dos sentidos determina os sinais. 
Analisando nosso movimento em um gráfico, escolhemos um intervalo, nesse 
caso de t2 a t3. 
 
O que nos dá: 
〈 〉 
 
 
 
Se α é positivo, então a velocidade é positiva. Mas se α é negativo então a 
velocidade é negativa, como é o caso de t4 a t5. 
Existe uma grande diferença entre velocidade média e velocidade escalar 
média. A velocidade escalar é definida como: 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 14 
 
Entre t1 e t5 a velocidade média é zero, mas a velocidade escalar é diferente de 
zero. Para a velocidade escalar o sinal não importa, mas sim a magnitude. Por 
exemplo, se eu tenho: v1 = + 30 m/s e v2 = – 100 m/s, embora sabemos que – 100 é 
menor que + 30, para a velocidade escalar só importa a magnitude, ou seja não 
consideramos o sinal (100 é a velocidade maior). 
Olhando novamente para o intervalo do meu gráfico: 
 
Se eu aproximo t3 de t2 o ângulo α começa a mudar. A nossa reta t2t3 se torna 
uma tangente em α no caso limite de Δt  0 (ou seja, quando meu intervalo de tempo 
for muito pequeno). Assim nós definimos velocidade instantânea: 
 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, a velocidade instantânea é uma derivada. 
Temos que: 
 
 
 
 
Pode ser maior que zero; igual à zero ou menor que zero. 
Suponha que temos um projétil que vai partir do ponto I e chegar ao ponto II, 
que estão separados por uma distância D. 
 
 
Como sabemos, medidas sem uma incerteza é sem sentido. Em nosso caso 
temos duas incertezas: à distância e o tempo que o projétil demora a ir de I até II. 
A distância nós medimos e sabemos que é D. 
Ao passar por I, o tempo do projétil começará a ser medido e terminará em II. 
Sendo D = 148.5 0.5 cm 
Se a velocidade do projétil fosse de 300 m/s, o tempo medido seria de 5 
milissegundos. Adotando um erro de 20%, temos que nosso erro será 0.1 ms. 
Medindo experimentalmente a velocidade do projétil: 
t = 5.8 0.1 ms 
Assim: 
Física I - Mecânica Página 15 
 
 
 
 
 
 
Introduziremos agora o conceito de aceleração média. 
Podemos perceber que a velocidade não permaneceu constante todo o tempo. 
Ela tem mudado. Assim: 
〈 〉 
 𝑡 𝑡Assim como a velocidade, o sinal depende da trajetória. 
〈 〉 
 
 
 
Suponha que uma bola caia no chão com uma velocidade de 5 m/s, e depois ela 
retorna com a mesma velocidade. 
 
 
Assim: 
〈 〉 
 
 
 
Note que a partir do gráfico de velocidade em função do tempo é possível 
encontrar o valor da aceleração. Da mesma maneira que fizemos anteriormente, 
podemos encontrar a aceleração em qualquer momento (aceleração instantânea) 
tornando o intervalo de tempo cada vez menor, ou tendendo a zero. Portanto, temos 
que: 
 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
Assim: 
 
 
 
 
Agora, analisemos o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(
 
 
) 
O que nos fornece: 
 
 
 
 
Ou seja, a aceleração é a segunda derivada do espaço em função do tempo. A 
aceleração pode ser maior que zero, igual a zero ou menor que zero. 
Física I - Mecânica Página 16 
 
Se em um gráfico a velocidade é constante então a aceleração é zero. Se v > 0 
então a > 0 e se v < 0 então a < 0. 
 
Tomemos a seguinte função: . 
Essa função representa o espaço percorrido por um determinando objeto em 
função do tempo. Vamos lembrar uma regra básica de derivação: 
 
 
 
 
Portanto, podemos derivar nossa função espacial e obter a velocidade do nosso 
objeto. Assim: v = – 6 + 2t (m/s) 
Derivando mais uma vez nossa função, encontramos o valor da aceleração: a = 
+ 2 (m/s²) 
Note que nossa função é de segundo grau e nossa aceleração é positiva. Assim, 
podemos esboçar nosso gráfico. 
 
Vamos nos focar no estudo em uma dimensão (1-D). Tomaremos o valor da 
nossa aceleração constante e os valores de C são parâmetros que dependem do 
tempo. 
 
 
Essa é uma forma geral de escrever o espaço percorrido. Derivando temos: 
 
 
Assim, ficamos com os seguintes resultados: 
 
 
 
 
 
 
Para objetos sob a influencia da gravidade, existe uma aceleração constante a 
qual chamamos de “g”, cujo valor é de 9.8 m/s². 
 
Essa aceleração é independente da massa do objeto. 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 17 
 
Vamos soltar uma bola de uma determinada altura, de maneira que o espaço 
inicial é zero e a velocidade inicial é zero (a bola parta do repouso): 
 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso nos conduz à uma conclusão com respeito à primeira aula, quando 
tínhamos a seguinte equação: 
 √
 
 
 
E agora, podemos concluir que: 
 √ 
Como v = gt, quando soltamos um objeto sua velocidade aumenta com o 
tempo. Com o auxilio de uma foto estroboscópica podemos ver espaços cada vez 
maiores entre imagens sucessivas do objeto em queda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 18 
 
Aula 03 – Vetores 
 
Algumas quantidades em física nós representamos utilizando apenas um 
número e uma unidade, como a massa ou a temperatura, por exemplo. Existem, 
porém, algumas grandezas na qual devemos conhecer, também, uma direção e um 
sentido. Esse é o caso dos vetores. 
Velocidade e aceleração são exemplos de vetores. 
Nessa aula, aprenderemos a trabalhar com essas ferramentas matemáticas. 
Os vetores possuem um comprimento, uma direção e um sentido. Sua 
representação é: 
 
Nós vamos estudar planos de uma maneira tridimensional. Por essa razão, 
muitas vezes, nossos vetores poderão sair do plano (papel) ou entrar no plano. 
 
 
Quando representamos vetores, nós podemos escrevê-los das seguintes 
maneiras: 
 
Aqui, vamos representar os vetores com negrito. 
Seja O um ponto qualquer e P uma determinada localização. Digamos que eu vá 
de O até P. 
 
Imagine que o plano onde OP esteja seja uma grande mesa, e essa mesa se 
move da seguinte maneira: 
 
O ponto S será minha posição final na qual vocês verão (embora, para mim, eu 
tenha permanecido em P). Portanto, haverá uma distância OS que vocês medirão. 
 
Essa distância é calculada utilizando-se a adição de vetores: 
 
Física I - Mecânica Página 19 
 
Há várias maneiras nas quais podemos somar vetores. Dados dois vetores A e 
B: 
 
Eu posso juntar a extremidade de um vetor com a origem do outro. 
 
 
Não importa qual vetor venha antes, meu resultado permanece o mesmo. 
 
 
 
Podemos utilizar a regra do paralelogramo, que consiste em juntar as duas 
origens dos vetores. 
 
O que significa um vetor ser negativo? 
 
 
Física I - Mecânica Página 20 
 
Ou seja - A é igual a A, mas com o sentido contrário (possui a mesma direção e 
o mesmo comprimento). Essa ideia nos conduz à subtração de vetores. 
 
 
 
 
Se não conhecemos a direção e o sentido de algo, então existem várias 
possibilidades para nosso resultado. Por exemplo, se temos dois vetores os quais 
conhecemos apenas suas magnitudes, sem os sentidos ou direções, e sejam seus 
valores iguais a 5 e 4, nosso vetor final pode ser 1 ou 9. 
Vários vetores podem ser representados por um único vetor. De maneira 
análoga, podemos decompor um único vetor em vários outros. 
Seja um vetor A num espaço tridimensional. 
 
Os vetores i, j e k representam os vetores unitários das coordenadas x, y e z 
(respectivamente). Esses vetores nós chamamos de “versores”. 
Assim eu reescrevo meu vetor A nas componentes i, j e k: 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 21 
 
A magnitude do vetor, ou o comprimento, é calculado da seguinte maneira: 
 | | √ 
Exemplo: 
A = 3i – 5j + 6k 
| | √ 
| | √ 
 
 
Agora, podemos calcular o valor do ângulo que temos. 
 
 
| |
 
Assim, nossa resposta fica: 
 
 
√ 
 
Multiplicação de Vetores 
 Produto Escalar (Produto Ponto) 
 
O resultado é um número. 
 
O ângulo θ entre os vetores deve ser encontrado projetando-se um vetor sobre 
o outro, o que nos fornece a definição de produto escalar: 
 
 
 | || | 
O sinal desse resultado depende do ângulo adotado. 
Isso será melhor visto em trabalho, pois nós teremos trabalho positivo e 
trabalho negativo. 
Exemplo 1. 
 
Assim, nossa resposta fica: 
 
Exemplo 2. 
 A = j e B = k 
 
Física I - Mecânica Página 22 
 
 Produto Vetorial (Produto Cruz) 
 
O resultado é um vetor. 
Vamos colocar nossos vetores em uma matriz. 
 
É importante que A venha antes, pois em nossa multiplicação ele vem antes. 
Agora, copiamos as coordenas dos vetores em ambos os lados da matriz e 
aplicamos a multiplicação como se fossemos encontrar o determinante. 
 
Conhecendo dois vetores A e B, temos que: 
 | || | 
Nós conhecemos a magnitude do vetor, mas comosaberemos sua direção? 
Para isso, nós utilizamos a regra da mão direita. 
Os dedos apontam para o mesmo sentido de A, pois ele foi o primeiro termo a 
surgir. Então você rotacional os dedos em direção à B (formando o ângulo). O polegar 
apontará no sentido do vetor C. 
 
Se o vetor entra no plano, seu sinal será positivo. O vetor é sempre 
perpendicular a A e B. Portanto: 
 
 
Com isso, podemos concluir que: 
 
Exemplo: 
A = i Ax = 1 
B = j By = 1 
Física I - Mecânica Página 23 
 
 
 
Há uma dica para a multiplicação de vetores: 
 
Assim, seguindo sempre no sentido das setas: 
 
 
 
Caso invertemos a ordem: 
 
 
 
Agora, vamos observar um ponto que se move em um espaço tridimensional 
durante um tempo t. Seja r(t) o vetor deslocamento: 
 
Podemos derivar essa função e encontrar a velocidade e a aceleração: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para o ponto P se movendo: 
 
 
 
 
 
 
 
Essas são as coordenadas em x. 
De modo análogo para y e z. 
Com isso decompomos um movimento tridimensional para um movimento em 
uma dimensão, o que irá facilitar as coisas. 
Lançando uma bola para frente sua trajetória poderá ser descrita em um plano 
vertical. Por mais que a bola viaje em 3 dimensões, podemos representar sua trajetória 
em apenas 2 eixos, bidimensionalmente, em x e y. 
Estudaremos o trajeto da bola analisando um trajeto no eixo x independente 
do eixo y. Da mesma maneira analisaremos o eixo y e então juntaremos ambos para 
descrever o trajeto da bola. 
Como vimos na aula anterior, em movimentos em 1-D. 
 
 
 
 
 
 
Estudaremos essas equações para x e depois y. 
Lançando uma bola, temos: 
Física I - Mecânica Página 24 
 
 
 
 é a velocidade inicial no eixo x e é a velocidade inicial no eixo y. 
A posição de P é dada por X(t) no eixo x no tempo t e por Y(t) no eixo y e no 
tempo t. O vetor deslocamento é dado por r(t). Estudando as equações nos eixos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora, em y: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, nós decompomos um movimento complicado em dois movimentos 
independentes. Na próxima aula nós retornaremos esses argumentos. 
Observando as equações, no eixo x a velocidade não varia, pois não há 
aceleração. Apenas em y a velocidade varia, pois existe a aceleração da gravidade. Isso 
implica que se lançarmos uma bola numa trajetória oblíqua e continuarmos andando 
no mesmo sentido com a mesma velocidade horizontal, a bola cairá em nossas mãos. 
O motivo é que só existe aceleração em y, e y é independente de x. Porém, a trajetória 
será uma junção de ambos os movimentos. 
Física I - Mecânica Página 25 
 
Fazendo uma experimentação... 
Um dispositivo com uma bola lançara a mesma assim que passar por um 
determinado ponto. Após lançar a bola, o dispositivo continuará se movimentando 
com velocidade constante, assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 26 
 
Aula 04 – Movimento de Projéteis 
 
Nessa aula faremos algumas aplicações do que vimos na aula passada. 
Tomando a trajetória de uma bola. 
 
P é o ponto máximo (altura máxima atingida) e S é o ponto final da trajetória 
(alcance). 
Vamos utilizar as equações do movimento em uma direção: 
 
 
 
 
 
 
 
Da aula anterior, temos que: 
 
 
 
 
 
A aceleração é –g, pois aponta no sentido contrário à y. 
Usando a equação 3, temos que: 
 
 
 
 
Como o espaço inicial é zero o termo desaparece. 
Da equação 1: 
 
Da mesma maneira, desaparece, pois é zero. 
Isolando t na equação 1: 
 
 
 
 
Substituindo t na equação 3: 
 (
 
 
) 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa é a equação da trajetória que por sua vez é uma parábola (perceba que há 
termos quadráticos). Nós usamos t da equação 1 pois ao término do movimento em x 
nosso objeto completa a trajetória. 
Agora, qual o tempo o nosso objeto demorará a atingir a altura máxima? 
Para isso, usaremos a equação 4. Devemos nos perguntar em que momento a 
velocidade em y é zero, pois na altura máxima essa velocidade é zero. 
Da equação 4, temos: 
 
 
 
 
 
Esse é o tempo que a bola demora a atingir o ponto P, ou a altura máxima. 
Substituindo esse resultado na equação 3: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com isso, podemos encontrar a altura máxima. 
Agora, podemos calcular o tempo que o objeto leva para ir de O até S. 
Calcularemos, portanto, seu alcance. 
O tempo de subida da bola é igual ao tempo de descida, portanto o tempo total 
do movimento, até chegar em S, será duas vezes o tempo para alcançar P. 
 
 
 
 
O ângulo determinará a altura e o alcance. 
Queremos saber a distância OS. Utilizaremos a equação 1 pois o alcance é com 
relação ao eixo x. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atirando um objeto verticalmente: 
 
 
 
 
 
Digamos que o objeto alcance uma altura igual a 307 0.15 m. 
Esses valores são experimentais (lançamos o objeto várias vezes para cima e 
estamos adotando um erro de 5%). Assim, temos que: 
 
Alterando o ângulo: 
 
Minha predição será: 
 
 
 
Minha predição será: 
Física I - Mecânica Página 28 
 
 
Nesse caso, adotamos um erro de 7%. 
É interessante fazer essas experiências. 
Se ao invés de 30° eu usasse 60°, OS não mudaria, pois 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E sen60 = sen120. 
 
 
Algumas pessoas possuem um hobby um tanto quanto maldoso. Trágico para 
ser mais exato. Essas pessoas, como ocorre muito na África, caçam macacos. 
 Um caçador mira sua arma, apontando diretamente para um macaco que está 
em uma árvore. 
 
A linha tracejada representa o trajeto que o projétil faria caso não houvesse a 
gravidade. A parábola representa a trajetória real do projétil (embora esteja um pouco 
exagerada). Ou seja, se o caçador mira direto no macaco ele não o acertará, mas o 
projétil atingirá o ponto P. 
Mas, digamos que o macaco se assuste com o flash do disparo e então ele salta. 
O que ocorrerá com ele? 
Vamos analisar as duas trajetórias do projétil. 
Sabemos que: 
 
 
 
 
Portanto, o que ocasiona a mudança na trajetória é a gravidade (que é a 
mesma em todo o trajeto). Com isso: 
Física I - Mecânica Página 29 
 
 
Perceba que a diferença de altura no primeiro ponto é ocasionada pelo mesmo 
fator que ocasiona a diferença de altura no segundo ponto (ambos são por causa do 
1/2gt²). 
Ou seja, se o macaco pula no momento do disparo ele será atingido. Se a 
velocidade do projétil for alta, o macaco será atingido em uma altura maior. Se a 
velocidade do projétil for baixa, o macaco será atingidoem uma altura menor. Mas se 
a velocidade for muito baixa, o macaco não será atingido. 
Agora, vamos imaginar a mesma situação só que dentro de um elevador em 
queda livre. 
 
Se o macaco não se mover ele verá o projétil vindo em direção a sua cabeça. 
Mas digamos que o macaco, muito inteligente, faça um rápido cálculo. Ele 
percebe que: 
 𝑡 
√ 
 
 
 
Para nós, calculando o tempo de morte do macaco (caso ele não faça nada): 
 𝑡 
 
 
 
 
E 
 
 
√ 
 
Física I - Mecânica Página 30 
 
 
Então: 
 𝑡 
 √ 
 
 
√ 
 
 
 
Ou seja, se o macaco vai viver ou morrer dependerá se os seus cálculos 
estiverem certos ou errados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 31 
 
Aula 05 – Movimento Circular 
 
Nessa aula nós discutiremos sobre movimento circular uniforme. 
 
Perceba que a velocidade é tangente à trajetória. A velocidade média está 
mudando, mas a velocidade escalar não. 
T = período (s) 
f = frequência (rad/s) ou Hz 
 
 
 
 
A velocidade angular (ω) em um movimento circular é dado por: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há uma aceleração sobre o objeto que altera sua direção. A aceleração 
centrípeta (ac) é sempre direcionada para o centro da trajetória. 
 
| | 
 
 
 
Um exemplo: 
r: 10 cm 
f: 10 Hz 
T = 1/10 s 
600 rpm 
Física I - Mecânica Página 32 
 
 
 
 
 
 
 
A aceleração centrípeta deve ser causada por algo. E é esse algo que está 
mudando o sentido da velocidade. Esse algo nós chamaremos de “puxão” ou 
“empurrão”. 
Imaginemos uma plataforma giratória, e você está sentado em uma cadeira que 
está parafusada a essa plataforma. A plataforma gira com uma velocidade angular ω. 
Então você sentirá um empurrão da cadeira em suas costas em direção ao centro. 
Agora, digamos que ao invés de estar sentado na cadeira você esteja em pé segurando 
um cabo de vassoura na vertical (voltado para o centro da plataforma). Dessa maneira, 
você sentirá que o cabo de vassoura está te puxando em direção ao centro. 
 
 
O que aconteceria se o puxão ou o empurrão deixasse de agir sobre você? 
Algumas pessoas acreditam que você seguiria uma trajetória descrita por uma espiral. 
 
Mas isso não é verdade. Não é isso o que acontece. 
Pelo fato da velocidade ser tangente à trajetória, se o puxão ou empurrão 
deixar de agir, você sairia no sentido da velocidade. 
Física I - Mecânica Página 33 
 
 
Se você possui uma velocidade na direção x e de repente o puxão ou empurrão 
deixa de agir, então você sairá na direção x. É fácil demonstrar isso 
experimentalmente. Fique girando algum objeto preso a uma corda e depois solte a 
corda. Você verá o objeto saindo na direção a qual você soltou a corda. 
No caso dos planetas do sistema solar, o que causa esse puxão é o Sol. Se o Sol 
desaparece, os planetas escapariam em linha reta ao longo da direção em que estavam 
no momento em que deixaram de sentir o puxão do Sol. 
Mas é claro que as órbitas dos planetas não são circulares. Como descreveu 
Kepler, as órbitas são elípticas. Conhecendo-se a distância dos planetas ao Sol (que 
seria o raio) e conhecendo também seus períodos, podemos adotar uma trajetória 
circular para os mesmos a fim de fazer uma estimativa de suas acelerações centrípetas. 
 
Temos uma bola de gude dentro de um tubo de vidro. Nós vamos girar esse 
tubo, como mostra a figura: 
 
 
O desenho mostra o trajeto circular da bola de gude. A bola necessita de uma 
aceleração centrípeta para girar em torno do centro. Mas o que prova que exista algo 
agindo sobre ela? 
Física I - Mecânica Página 34 
 
O tubo é o que ocasiona o movimento da bola, assim como o Sol dos planetas. 
A posição da bola depende do tudo. Se o tubo deixa de existir repentinamente a bola 
escapa no sentido de v. Essa é a ideia básica de uma centrífuga. 
Se quisermos secar salada, como alface, por exemplo, podemos fazer isso 
utilizando uma centrifuga para saladas. A secagem ocorre pois a água mantém seu 
sentido igual ao da velocidade e escapa pelos furos presentes na centrifuga. Abaixo, 
temos o exemplo de uma centrífuga para saladas. 
 
Vamos falar sobre aceleração centrípeta e a maneira como nós percebemos a 
gravidade. 
Iremos coloca-lo em várias situações e ver como você sente a gravidade. Você 
está segurando em uma corda. Eu te pergunto: você sente um puxão ou um 
empurrão? E em que sentido você sente a gravidade? 
 
Ou seja, você sente um puxão para cima e a gravidade no sentido oposto. 
Agora, você está em pé, sobre o chão. Você sente um puxão ou um empurrão? 
E em que sentido você sente a gravidade? 
Física I - Mecânica Página 35 
 
 
O chão empurra você para cima. Perceba que em ambos os casos a gravidade é 
oposta ao puxão ou empurrão. 
Agora, vou rodá-lo enquanto você segura na corda. Você sente um puxão ou 
um empurrão? E qual o sentido da gravidade? 
 
São esses os sentidos os quais você sentirá um puxão e a gravidade. Quanto 
mais rápido eu rodá-lo, mais forte será o puxão e mais forte será a sensação de 
gravidade. 
 
Vamos viajar agora para o espaço onde você está na estação espacial 
Enterprise. Não há gravidade, mas nós criaremos uma gravidade artificial. 
Física I - Mecânica Página 36 
 
 
 
O chão da nave está te empurrando, então você deveria sentir a gravidade no 
sentido oposto. Mas uma pessoa em outro ponto da estação espacial sentiria a 
gravidade em outra direção. 
Queremos calcular a rotação da Enterprise a fim de imitar a aceleração da 
gravidade terrestre, que é de 9.8 m/s², ou podemos arredondar o valor para 10 m/s². 
Então: 
 
 
 
 
 
 
 
| | 
No centro de nossa estação espacial não há aceleração centrípeta, pois o raio é 
zero. 
Agora vem uma questão: nós podemos andar pelo corredor em torno da nave 
sem problema algum, mas poderíamos andar nos corredores centrais? 
Digamos que você quer chegar até o quarto. 
Física I - Mecânica Página 37 
 
 
Você nunca conseguiria chegar ao seu destino pois você estaria indo contra a 
gravidade. 
Mas, por outro lado, digamos que você acorda no quarto e decida voltar para o 
corredor em torno da nave. O que aconteceria? 
Você simplesmente seria jogado para fora. A medida que você começa a se 
afastar do centro da Enterprise a gravidade começa a aumentar pois o raio começa a 
aumentar. 
 
Suponha que temos um líquido cheio de diminutas partículas. Essas partículas 
são tão pequenas que estão misturadas no líquido, nem podemos percebe-las. 
Colocamos o liquido em um tubo e o giramos em torno de um eixo. 
 
Física I - Mecânica Página 38 
 
Como há uma aceleração centrípeta, as partículas sentirão a gravidade no 
sentido oposto. O líquido é sempre perpendicular a gravidade, portanto, assim que o 
tudo começa a girar, temos: 
 
 
Depois de um certo tempo girando, as partículas no líquido irão todas emdireção à gravidade. No final teremos: 
 
Esse é o funcionamento de uma centrífuga de laboratório. 
 
Vamos dar alguns valores para uma centrífuga: 
 
 
 
 
Esse valor é cerca de 2000 vezes maior que a aceleração da gravidade da Terra. 
Agora, voltemos ao caso em que você esteja rodando enquanto segura em uma 
corda. Mas agora vou rodá-lo de uma maneira um pouco diferente. 
Física I - Mecânica Página 39 
 
 
Sabemos que: 
 
 
 
 
Eu posso girá-lo cada vez mais rápido, de modo que v aumente e a aceleração 
centrípeta aumente. Então, eu te pergunto: em que direção é a gravidade? 
E você me responderá o seguinte (assumindo que você esteja nesse ponto): 
 
Por mais que isso pareça ir contra nosso senso comum, é algo verdadeiro. É tão 
verdadeiro que eu posso pegar um balde com água, prende-lo à uma corda e girá-lo da 
mesma maneira que fiz com você de maneira que a água não caia do balde. 
 
Física I - Mecânica Página 40 
 
Com alguns dados, podemos calcular um valor para que a aceleração centrípeta 
seja maior que a aceleração da gravidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, se a física funciona, eu posso girar o balde com certa velocidade 
(mínima) que quando o balde estiver no topo a água não cairá dele. Se minha 
velocidade for baixa, então eu irei me molhar. 
 
Notas de Aula 
Esses são dados das distâncias dos planetas ao Sol, de seus períodos e de suas 
acelerações centrípetas. 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 41 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 42 
 
 
Perceba que foi encontrada uma relação entre as acelerações centrípetas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 43 
 
Aula 06 – Leis de Newton 
 
Na aula passada foi discutido como a aceleração é causada por um puxão ou 
empurrão. 
Nessa aula discutiremos melhor essa ideia com o que chamamos de Leis de 
Newton. 
A primeira lei foi expressa por Galileu, o qual dizia: 
“Um corpo em repouso permanece em repouso e um corpo em movimento 
permanece em movimento com uma velocidade constante através de uma linha reta 
ao menos que uma força externa aja sobre ele”. 
Newton, em seu famoso livro Principia, escreveu essa lei. E aqui está da forma 
como ele escreveu: 
“Todo corpo mantém seu estado de repouso ou de movimento uniforme em 
linha reta até que uma força externa mude seu estado”. 
Essa lei é chamada de inércia. 
Se um objeto fosse lançado através de uma linha reta e conseguíssemos anular 
a gravidade e outras forças, como o arrasto, por exemplo, então esse objeto 
permaneceria em movimento para sempre. 
A inércia não serve para um referencial que está sendo acelerado. Imagine que 
eu esteja me movendo em um movimento acelerado na seguinte direção. 
 
Você iria ver minha velocidade mudando, contanto que você esteja em 
repouso. De acordo com a primeira lei deve existir uma força agindo sobre mim. Se 
você me perguntar se eu sinto algo me empurrando eu responderei: sim, eu sinto um 
empurrão. 
Agora, imagine que vocês vêm na minha direção com velocidade constante. Eu 
veria vocês em movimento acelerado, pois eu estou acelerado e no sentido contrário. 
Então eu diria que vocês, de acordo com a primeira lei, devem estar sentindo uma 
força empurrando vocês. Mas vocês não sentem nada. 
Portanto, a inércia não funciona para meu referencial que está acelerado. 
A primeira lei funciona para referenciais inerciais. E nesses referenciais não 
podemos levar em conta qualquer tipo de aceleração. 
A sala em que você está não é um referencial inercial, pois a Terra gira ao redor 
do Sol com uma aceleração centrípeta. O Sol, por sua vez, gira em torno do núcleo da 
Via Láctea. E a Via Láctea gira em torno de outros aglomerados galácticos. 
Podemos fazer uma estimativa da aceleração que a sala está sofrendo. Vamos 
imaginar que a sala em que você está fique sobre o equador. 
Física I - Mecânica Página 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim: 
 
Esse valor é bem menor que a aceleração da gravidade da Terra. 
A primeira lei não pode ser provada, mas devemos acreditar nela. 
Vamos para a segunda lei. 
Tomemos uma mola, na qual a esticaremos um pouco. 
 
Se eu estico a mola surgirá uma força de tração (ou puxão) oposta. 
Agora, eu prendo um corpo de massa M1 à mola. 
 
Eu meço a aceleração a1 do bloco M1, causada pelo puxão logo após eu soltar a 
mola. 
Física I - Mecânica Página 45 
 
Agora, eu substituo M1 por outro corpo de massa M2, mas mantenho a mesma 
deformação da mola. Assim, eu meço a2. 
Experimentalmente eu vejo que, como a deformação é a mesma (o puxão é o 
mesmo e, portanto, a força é a mesma): 
 
E essa é a minha definição de força. 
Assim, uma força sobre um corpo de massa 10 vezes maior daria ao mesmo 
uma aceleração 10 vezes menor em relação a outro corpo. 
A segunda lei é descrita como: 
“A ação de uma força sobre um corpo lhe dá uma aceleração que é na direção 
da força e tem magnitude dada por ma”. 
O que nos fornece a seguinte equação: 
 
[ ] 
 
 
 
A segunda lei, assim como a primeira, só serve para referenciais inerciais e 
também não pode ser provada. 
Para um objeto em queda, podemos escrever: 
 
Se m se torna maior, a força da gravidade se tornará maior. 
Vamos adotar a sala como um referencial inercial. Temos uma bola na sala, e a 
bola está em repouso (a bola está em minhas mãos). Como a bola está em repouso, 
sua aceleração é zero e, portanto, as forças sobre ela devem ser zero. 
 
Eu começo a levantar a bola com a mesma força de mg (ou seja, a aceleração 
continua sendo nula). 
 
Física I - Mecânica Página 46 
 
Então: 
 
 
Chegamos à terceira lei: 
“Se um objeto exerce uma força sobre outro. O outro exerce a mesma força no 
sentido contrário ao primeiro”. 
Essa lei é conhecida como ação e reação. 
 
Vamos ver um exemplo: 
Vamos aplicar uma força de intensidade igual a 20 N sobre dois blocos que 
estão grudados. A massa dos blocos é dada: 
 
Podemos calcular a aceleração total do sistema: 
 
 
Vamos calcular a intensidade da força aplicada no bloco 2. Sendo F(1,2) a força 
que o bloco 1 aplica no bloco 2: 
 
 
No bloco 1: 
Física I - Mecânica Página 47 
 
 
 
Mas como F(2,1) está contrário, temos que F(2,1) = – 15 N. 
Assim como as outras leis, a terceira lei não pode ser provada. 
Seja uma mangueira de jardim a qual está ligada a uma torneira aberta. A força 
da água é na direção do jato, e na direção oposta temos uma força de reação, o que 
faz a mangueira serpentear quando a soltamos. 
 
Enchemos um balão com ar, e depois deixamos com que o ar saia. 
 
Dessa maneira a bexiga voa loucamente pelo ar. 
É essa a ideia básica de um foguete. 
Agora, quero apresentar um experimento simples de ser feito. O aparato que 
construiremos é conhecido como “motor de Hero” (ou “máquina de Hero”). Hero era 
uma sacerdotisa de Vênus que ficava em uma torre no mar e toda noite era visitada 
pelo seu amado Leandro, que atravessava nadando o mar até chegar à torre de Hero. 
Um dia, Leandrose afogou e Hero se jogou ao mar para salvá-lo, mas ambos acabaram 
morrendo. 
Temos uma esfera de ferro com água dentro. Nós iremos aquecer a água 
dentro da esfera. Ao redor da esfera existem saídas para o vapor d´agua. 
À medida que o vapor começa a sair, impulsionado por uma força de pressão, 
surge uma força oposta, o que faz com que a esfera comece a girar. 
 
Física I - Mecânica Página 48 
 
 
Podemos fazer essa experiência em casa. Utilizamos uma latinha de 
refrigerante e fazemos pequenos furos próximos da base. Quatro furos já são 
suficientes. Penduramos um barbante na boca da latinha e a enchemos de água. Assim 
que esticarmos o barbante e levantarmos a latinha, a água começara a sair pelos furos 
ocasionando a rotação da nossa “máquina de Hero caseira”. 
Vamos imaginar agora que uma maçã esteja caindo na Terra de uma altura de 
100 metros. Calcularemos o tempo de queda da maçã. 
 
 
 
 
 
 
A maçã puxa a Terra com a mesma força que a Terra puxa a maçã. 
 
Física I - Mecânica Página 49 
 
Ou seja, a Terra “cairá” em direção à maçã. 
Vamos calcular a aceleração que a Terra sofre (at). Seja Mt a massa da Terra. 
 
 
 4
 
 5 
 
 
 
 4 
Ou seja, a Terra se move 4 metros. Mas é claro que isso é impossível de 
se medir. 
Se eu jogo a maçã para cima, eu empurro a Terra para baixo. Essa é uma 
consequência da terceira lei de Newton. 
 
Agora, iremos analisar outro problema. 
Penduramos um objeto em cordas da seguinte maneira. 
 
O objeto está em repouso. Isso implica que a sua aceleração é zero e que as 
forças agindo sobre ele estão em equilíbrio (como diz a primeira lei). Vamos obter as 
coordenadas das forças. 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 50 
 
 
 
Em x: 
 
 
 
 
√ 
 
 
Em y: 
 
√ 
 
 
√ 
 
 
 
Portanto: 
 
 
 
√ 
 
 
 
 
 √ 
 
 
 
 
√ 
 
 
 
 
√ 
 
Se m = 4 kg, temos T1 = 29.3 N e T2 = 20.7 N. 
 
Fazendo uma experimentação... 
Eu tenho um bloco de massa m = 2 kg pendurado, onde na parte inferior tenho 
uma corda que está apenas presa ao bloco (sem aplicar força ao mesmo). 
 
Se eu puxo o bloco para baixo, de modo que eu não o estou acelerando, T1 
deve aumentar. 
Física I - Mecânica Página 51 
 
Agora, eu vou aumentar a tensão sobre T2 até que uma das cordas arrebente. 
Se estamos puxando T2, T1 deve aumentar. 
Qual das cordas arrebentará primeiro? 
Puxando rápido, a corda de baixo arrebenta. 
Mas isso é muito estranho. Parece ir contra as leis de Newton, pois 
aumentamos a tensão em T1 mas a corda não arrebentou. 
Fazendo novamente. 
Eu puxo T2 devagar e a corda de cima arrebenta. 
Pense sobre isso... 
 
Indo mais além... 
Força e Primeira Lei de Newton 
Em física, força é o agente capaz de alterar o estado de movimento retilíneo de 
um corpo ou produzir deformações em um corpo elástico. 
Na natureza, existem quatro forças as quais chamamos de fundamentais. Todas 
as outras forças são derivadas dessas quatro. São elas: 
 Gravitacional 
 Eletromagnetismo 
 Força Fraca 
 Força Forte 
A primeira lei de Newton relaciona a somatória de forças em um corpo com o 
seu estado de movimento ou repouso. 
A resultante de forças em um corpo é dada por: 
 
Se , o corpo mantém seu estado de movimento. Matematicamente, 
temos: 
 
Assim: 
 
 
 
 
Um corpo sob a ação de uma força não nula sofre aceleração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 52 
 
Aula 07 – Peso 
 
Até agora nós falamos de massa, de aceleração, de forças, mas ainda não 
falamos de peso. 
O que é o peso? 
Você está sobre uma balança. 
 
Fb é a força de reação da balança. Como você está em repouso, temos que, 
nesse caso, Fb = mg. 
É essa força de reação da balança sobre você que definimos como peso. 
Agora, vou coloca-lo dentro de um elevador junto com a balança. O elevador 
está subindo. 
 
Como o elevador está subindo, Fb deve ser maior que mg. Pela segunda lei: 
 
 
Ou seja, quando o elevador está subindo nosso peso aumenta. Vamos agora 
acelerar o elevador para baixo. 
Física I - Mecânica Página 53 
 
 
Pela segunda lei: 
 
 
Ou seja, quando o elevador está descendo nós perdemos peso. 
Digamos que nós cortemos o cabo que segura o elevador. Com isso, você estará 
em queda livre e o valor de a será o mesmo de g. 
Assim: 
 
 
 
Ou seja, em queda livre nós não temos peso algum. 
Podemos ler seu peso utilizando uma balança presa a uma corda. 
 
Se eu acelero esse sistema para cima T aumenta. 
 
 
Não há diferença com o elevador. 
Perceba que estamos utilizando cordas para medir o peso. Tomemos, então, o 
seguinte sistema, conhecido como máquina de Atwood. 
Física I - Mecânica Página 54 
 
 
Estamos assumindo que m2 > m1. 
A tensão na corda da esquerda deve ser igual a da direita, pois temos uma 
única corda. Estamos assumindo que a corda não tem massa. 
Para entender melhor como a tensão na corda é igual em todos os seus pontos, 
tomemos um pedaço qualquer da corda. 
 
Ou seja, existem forças de trações (tensões) em toda a corda, e todas com o 
mesmo valor. 
Como as trações são as mesmas, devo concluir que os pesos de m1 e m2 são 
iguais (pois lembre-se que estamos usando as cordas para medir os pesos). Embora as 
massas sejam diferentes, o peso é o mesmo. 
Vamos calcular a aceleração do sistema e as trações. 
Física I - Mecânica Página 55 
 
 
 
 
 
 
 
Resolvendo nossas equações, temos que: 
 
 
 
 
Assim, temos que: 
 
 
 
 
 
Considerando que m2 = m1 = m  a = 0, obtemos: 
 
Exemplo: 
m1 = m2 
 
 
 
 
 
 
 
Agora, vamos supor que m2 seja bem maior que m1. 
 
 
 
 
Exemplo: 
Física I - Mecânica Página 56 
 
m2 >> m1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, nesse caso não existe mais tração. 
Como no elevador, se m1 está subindo ele está ganhando peso e m2 está 
perdendo peso (pois está descendo). Assim: 
 
Vamos dar alguns dados: 
m1 = 1.1 kg 
m2 = 1.25 kg 
 
 
 
 
 
Ambos os corpo pesam 1.17g. Por isso: 
 
Podemos ver então que m1 ganhou peso e m2 perdeu peso. 
 
Voltemos à ideia de algumas aulas atrás, quando você está sendo girado preso 
à uma corda num movimento circular. 
Nós vamos nos fixar em dois pontos da trajetória. O ponto S é o máximo e P é o 
ponto mínimo. 
 
Quando você estiver em P, teremos: 
 
Física I - Mecânica Página 57 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, em P o seu peso é maior. 
Agora, você está no ponto S. 
 
 
 
 
Em S, você perde peso. 
Se acé menor que g, a tração na corda teria um valor negativo e isso não possui 
um significado físico. Caso isso ocorresse você simplesmente não conseguiria chegar 
até o ponto S. Quando giramos o balde com água na aula sobre movimento circular, foi 
necessário dar certa aceleração centrípeta para o balde. Se nossa aceleração fosse 
menor que g, o balde não chegaria ao topo e não conseguiríamos girá-lo de modo a 
impedir que água não caísse. 
O que vimos até agora implica que um objeto quando lançado para cima ganha 
peso e quando está em queda livre ele não possui peso. Eu posso pular de cima de 
uma mesa segurando algo em minhas mãos. Quando eu pulo, o objeto que eu seguro 
permanecerá, rapidamente, parado no ar e depois cairá em minhas mãos. 
Podemos soltar uma balança com um peso preso à ela de uma determinada 
altura. Durante a queda, a balança marca que o peso do objeto é zero. 
 
A NASA se interessa por experimentos que parecem anular a gravidade. São 
experimentos em condições de microgravidade. 
Se você saltar de uma altura de uns 100 metros, você possuíra um pouco de 
peso devido à resistência do ar. Mas se você saltar acima da atmosfera, onde a 
resistência do ar é desprezível, você ficaria sem peso. 
O que as pessoas tem feito é o experimento que elas chamam de “gravidade 
zero”. Esse nome é um equívoco, pois a gravidade nunca se torna zero. O certo seria 
“peso zero”. 
Um avião (KC-135) voa a uma altitude de cerca de 30.000 pés. Em determinado 
momento, o avião fica em um ângulo de 45° (por conveniência). A velocidade é cerca 
de 425 milhas por hora (425 mph). As componentes da velocidade são: 
Física I - Mecânica Página 58 
 
 
Os motores são desligados e o avião entra em queda livre (através de uma 
parábola). 
 
Em P1 os motores do avião são religados. Em P2 ocorre um aumento de peso 
devido à frenagem do avião. Nesse intervalo é como se você estivesse batendo no 
chão, então seria necessário uma aceleração na direção oposta (para cima). Nesse 
ponto, seu peso dobra. Em P3 seu peso volta ao normal e o avião se prepara para 
desligar seus motores novamente. 
Aqui temos um link de um vídeo desse experimento: 
 http://www.youtube.com/watch?v=e8Nmc_m2568 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 59 
 
Aula 08 – Atrito 
 
Nessa aula iremos tratar sobre atrito. 
Quando aplicamos uma força sobre um objeto o mesmo não sofre uma 
aceleração instantânea, pois existe uma força oposta ao movimento. Essa força nós 
chamamos de atrito. 
 
Existe uma força que é sempre perpendicular à superfície. Essa força é uma 
força de reação é nós a chamamos normal. Nesse caso, a normal é igual à mg. 
Se eu for aumentando a força, chegará um momento em que o objeto 
começará a se mover. A força de atrito (Fat) resiste até um valor máximo. 
Podemos escrever a força de atrito como: 
 
O coeficiente de atrito é dado por . Existem dois tipos de coeficiente de atrito. 
O coeficiente de atrito estático ( ) ocorre quando o objeto está parado. O coeficiente 
de atrito cinético ( ) ocorre quando o objeto já está se movendo. 
 
O coeficiente de atrito estático é maior, pois é bem mais difícil colocar um 
objeto em movimento do que manter o mesmo em movimento. 
Vamos analisar um plano inclinado. 
 
Podemos aumentar o valor de α a fim que nosso bloco comece a deslizar. 
No momento em que o bloco está prestes a deslizar, a segunda lei de Newton 
nos fornece: 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 60 
 
Ou seja, nós temos o ângulo crítico no qual o bloco começará a deslizar. 
Perceba que o atrito não depende da massa do objeto, nem da área da superfície de 
contato. 
Podemos fazer vários experimentos com uma rampa utilizando diferentes 
objetos para demonstrar a ideia acima. 
Vamos utilizar novamente nosso plano inclinado. Mas penduraremos o objeto à 
uma corda. 
 
Como não sabemos para que lado o sistema esteja acelerando, se é que ele 
está acelerando, temos de tratar essas opções independentemente. 
 
Como eu não sei para que lado meu objeto esteja se acelerando eu não sei 
aonde eu colocarei a força de atrito. A única coisa que eu sei é que: 
 
Eu devo estudar os três possíveis casos para a aceleração. 
 
 
Como vimos anteriormente, as trações na corda são as mesmas. 
Vamos analisar um sistema em repouso. 
Para permanecer em repouso: 
 
Analisando outras situações: 
1. O sistema está começando a se acelerar para cima (está na eminencia do 
movimento). 
Física I - Mecânica Página 61 
 
 
 
 
2. O sistema está começando a se acelerar para baixo. 
 
 
 
Se não ocorrer nem 1 e nem 2, então a aceleração do sistema é zero. 
Exemplo: 
m1 = 1 kg 
m2 = 2 kg 
 
 
 
Analisando os casos: 
 
 
 
20 > 5 + 4.33, ou seja, sabemos que nesse caso a aceleração é para cima. 
Agora, podemos nos perguntar qual é a aceleração e qual é a tensão. 
Como meu objeto está acelerando para cima: 
 
Vamos escrever a segunda lei de Newton na direção x: 
 
Nesse caso eu tenho duas incógnitas (a e T). 
Analisando m2. 
 
Física I - Mecânica Página 62 
 
 
Agora eu tenho duas equações com duas incógnitas, o que permite que eu 
resolva o problema. Assim: 
 
 
Agora, mudaremos apenas o valor de m2. 
m2 = 0.4 kg 
m2g = 4 
4 > 5 + 4.33, nesse caso há um erro, pois 4 é menor e não maior que 5 + 4.33. 
Vamos testar o segundo caso: 
4 < 5 – 4.33, nesse caso também há um erro, pois 4 é maior e não menor que 5 
– 4.33. 
Ou seja, concluímos que a aceleração é zero (o objeto não será acelerado). 
O atrito se ajusta de forma que a aceleração seja zero. 
 
As pessoas tentam reduzir o atrito, pois o mesmo causa desgastes e custa 
dinheiro. Pense num pneu de automóvel. O atrito desgasta os pneus. 
Podemos utilizar óleos e lubrificantes para diminuir o atrito. A água é um ótimo 
lubrificante. 
Se uma estrada está molhada, o coeficiente de atrito da estrada com os pneus 
do carro torna-se quase zero e o carro desliza. Quando o carro derrapa, nós temos a 
chamada aquaplanagem. 
Um Hovercraft é um veículo que se apoia em um colchão de ar. Ele é capaz de 
atravessar diversos tipos de solo e também se desloca na água. O ar diminui o atrito a 
um valor quase que zero. Em um Hovercraft, o ar empurra esse veículo para cima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 63 
 
Aula 09 – Revisão 
 
Essa aula destina-se à uma revisão sistemática de algumas aulas anteriores. 
Está de acordo com a primeira prova do MIT. A revisão segue a seguinte ordem: 
Unidades e Medidas 
 Argumento de escala 
 Analise Dimensional 
 
Cinemática em uma Dimensão 
 Velocidade 
 Velocidade Escalar 
 Aceleração 
 
Vetores 
 Produto Escalar 
 Produto Vetorial 
 
Cinemática em três Dimensões 
 Posição de objetos através de vetores 
 Trajetória 
 
Movimento Circular Uniforme 
 Período 
 Frequência 
 Velocidade Angular 
 Aceleração Centrípeta 
 Percepção de gravidade Artificial 
 Centrífuga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 64 
 
Aula 10 – Lei de Hooke e Osciladores 
 
Nessa aula falaremos sobre molas, pêndulos e osciladores harmônicos. Temos 
uma mola: 
 
Quando esticamos a mola, surge umaforça contrária que a puxa para sua 
posição de equilíbrio (comprimento inicial). 
Há uma relação dessa força com a deformação x da mola. 
| | | | 
Se aumentarmos a mola 3 vezes mais, a força aumentará 3 vezes mais. Com 
isso, temos a Lei de Hooke: 
 
Onde K é a constante da mola. 
O sinal negativo mostra que a deformação é oposta à força da mola. Dizemos 
que essa força é uma força restauradora. 
Como é possível medir a constante da mola? 
Podemos usar a gravidade. 
 
Não há aceleração, pois o sistema está em equilíbrio. Com isso podemos utilizar 
diferentes pesos a fim de alterar o valor de F, e consequentemente da deformação x. 
Fazendo isso e obtendo os resultados em um gráfico: 
Física I - Mecânica Página 65 
 
 
Assim, temos que: 
 
 
 
 
Podemos ir colocando vários pesos sobre a mola e ao final, retirando os pesos, 
a mola voltará ao seu tamanho original. Ou seja, ela se comporta de acordo com a lei 
de Hooke. 
Porém, podemos pegar uma mola e estica-la até o ponto em que já não se 
comporte de acordo com a lei de Hooke. Se isso acontece a mola não voltará ao seu 
tamanho original. Ocasionaremos uma deformação permanente em nossa mola. Ou 
seja, existe um limite para a deformação. 
Se nós aplicamos uma força muito grande na mola, chegará um momento em 
que a força aplicada será constante e a deformação começará a aumentar. Ao soltar a 
mola, ela tomará um comprimento maior do que tinha anteriormente. 
 
Há outras maneiras de medir o valor de K. 
Vamos tomar um bloco em uma superfície sem atrito. 
 
Física I - Mecânica Página 66 
 
Digamos que esse sistema comece a oscilar (entre x e x = 0). 
O período de oscilação é dado por: 
 √
 
 
 
O período não depende da minha deformação (não depende do intervalo de x e 
x = 0). 
Estamos analisando um caso ideal, ou seja: a mola tem massa desprezível e a lei 
de Hooke está presente. 
Vamos escrever a segunda lei de Newton para nosso sistema: 
 
 
 
 
 
Dividindo tudo por m: 
 
 
 
 
 
 
 
E assim obtemos uma equação diferencial. 
Se observarmos o gráfico de um objeto oscilante, teríamos algo parecido com 
um senóide ou cossenóide. 
 
Assim: 
 
 
 
 
 
Vamos substituir essa equação na equação diferencial. 
Eu tenho que: 
 
 
 
 
 
 
Assim: 
 
 
 
 
Portanto: 
 
 
 
 
O que nos dá: 
 √
 
 
 
Física I - Mecânica Página 67 
 
 √
 
 
 
Exemplo: 
 
 √
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim: 
 
 
 
“A” não é zero, pois como há uma velocidade existe uma amplitude. Portanto, 
 tem de ser zero. 
Com isso, temos as possíveis respostas: 
 
 
 
 
 
 
 
Para a velocidade: 
 
Se 
 
 
, o . 
Assim: 
 
 
 
 
 
Se escolhêssemos o 
 
 
, teríamos: 
 
 
 
 
O que não mudaria nada. Ou seja, A e são apenas condições iniciais do 
movimento. 
A oscilação é independente da amplitude. 
Tomemos um objeto de massa m1 que vai oscilar de um ponto á outro. 
Faremos isso experimentalmente. 
 
Nós iremos contar 10 períodos de oscilação e depois mudaremos a amplitude. 
 
 
Tomando uma massa diferente: 
 
Vamos medir 10 períodos: 
 √
 
 
 
Fazendo uma previsão: 
 
Fazendo A = 35 cm. 
 
Física I - Mecânica Página 68 
 
Tomemos um pêndulo. 
 
Decompondo a tensão T em y e x. 
Em x: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em y: 
 
 
 
 
Resolver essas equações diferenciais acopladas é uma tarefa impossível. O que 
iremos fazer é uma aproximação. Em física, quando algo oscila nós usamos os 
chamados “aproximação por pequenos ângulos”. Ou seja, 
Assim: 
 
Essa é a nossa primeira consequência. 
A segunda consequência: perceba que o espaço de x = 0 para x é bem maior do 
que x = 0 para y (ver figura anterior). Com isso, podemos dizer que: 
 
 
 
Ou seja, a aceleração em y é quase zero. 
Portanto, na equação II: 
 
 
Substituindo em I: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esse resultado representa uma oscilação harmônica simples. 
Com isso: 
 
Física I - Mecânica Página 69 
 
 √
 
 
 
 √
 
 
 
Ou seja, o período é proporcional ao comprimento da corda. Se eu diminuo a 
corda pela metade o mesmo deve ocorrer com o período. 
Vamos analisar o período de uma mola e de um pêndulo. 
Mola: 
 √
 
 
 
Pêndulo: 
 √
 
 
 
Perceba que para o pêndulo, o período não depende da massa. 
Fazendo uma experimentação... 
 
Temos um pêndulo de comprimento L e massa m. 
 
 
 √
 
 
 
Essa foi nossa predição. Iremos contar 10 períodos. 
 
 
Ou seja, a física funciona. Eu mudei o ângulo, mas o período permaneceu igual. 
Como eu disse anteriormente, o período é independente da massa do objeto. Isso 
significa que eu posso sentar nessa esfera e me balançar, de forma que obterei o 
mesmo período. 
Física I - Mecânica Página 70 
 
 
A física funciona! Eu já disse isso! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 71 
 
Aula 11 – Trabalho, Energia e Gravitação Universal 
 
Nessa aula iremos tratar sobre trabalho e energia. 
Começaremos analisando um caso unidimensional. 
O trabalho que a força está fazendo para mover um objeto de A até B é: 
 ∫ 
 
 
 
 
W = [N.m] = J (joule) 
O trabalho pode ser maior que zero; igual a zero ou menor que zero. 
Sabendo que: 
 
 
 
 
 
Assim: 
 ∫ 
 
 
 ∫ 
 
 
 | 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em física: 
 
 
 
Que nós chamamos de Energia Cinética. 
Assim, podemos escrever trabalho da seguinte maneira: 
 
Exemplo 1. 
 
Jogamos uma bola para cima. A gravidade a puxará para baixo (no sentido 
contrário à nossa trajetória). Nós desconhecemos a altura h. 
 
Mas a energia cinética em B é igual a zero, pois nesse ponto a velocidade é 
zero. Então: 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 72 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 2. 
Eu estou levantando um objeto. Como meu movimento é na direção positiva de 
y, tenho que meu trabalho é positivo. 
 
 
 
 
Se eu levanto um objeto do chão, eu faço um trabalho positivo. Se esse objeto 
retorna para o chão, ocorre trabalho negativo. Ao final, eu não realizei trabalho algum. 
Por mais que eu tenha feito esforço e tenha me cansado, meu trabalho foi zero. Não 
vamos confundir cansaço com trabalho. 
Analisaremos agora o trabalho emtrês dimensões: 
 ∫ 
 
 
 
r é a posição no espaço tridimensional. 
 
 
 ∫ ∫ ∫ 
 
 
 
 
 
 
 ∫ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ( 
 
 ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portanto, o trabalho é a variação da energia cinética. 
Voltando para a gravidade. Um objeto se move de A para B. 
Física I - Mecânica Página 73 
 
 
Queremos saber o trabalho realizado pela gravidade e estamos 
desconsiderando outras forças que não sejam em y. 
 
 ∫ ∫ 
 
 
 
 
 
Sempre que o trabalho é feito por uma força independente do percurso, ou 
seja, só depende do ponto final e inicial nós chamamos essa força de força 
conservativa. A gravidade é um exemplo desse tipo de força. 
 
 
 
 
 
Chegamos, assim, ao que chamamos de Energia Mecânica. 
 
A energia mecânica é sempre conservada, mas somente em casos de forças 
conservativas. 
O atrito é uma força não conservativa. 
Em problemas envolvendo energia mecânica, se temos uma altura nós 
escolhemos onde iremos ter h = 0 (é de livre escolha). 
Vamos estudar uma consequência da energia mecânica. 
Temos um trajeto que se assemelha à um loop. Um objeto será solto do ponto 
A. 
Física I - Mecânica Página 74 
 
 
Queremos saber o menor valor que h pode ter para que o objeto, quando solto 
de A, complete e loop. 
Em C, o objeto atinge a velocidade máxima pois toda a energia potencial foi 
transformada em energia cinética (repare que nesse ponto, h = 0). Aplicando a 
conservação de energia: 
 
Eu sei que em A, eu tenho energia cinética igual a zero, pois v é zero. Portanto, 
eu posso trabalhar apenas com meus valores inicial e final. 
 
 
 
 
 
 
A altura está descrita como h – y, pois não sabemos o valor de h (o que 
sabemos é que seu resultado é uma diferença das alturas no eixo y, nesse caso h que é 
a altura de A e y que é a altura de D). 
Não sabemos o valor da velocidade em D, mas sabemos que nesse ponto existe 
uma aceleração centrípeta. Com isso: 
 
 
 
 
Substituindo II em I: 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, para completar o loop o objeto tem de ser abandonado de uma altura 
maior ou igual a 2,5 do raio. Note que a altura em D é igual à duas vezes o raio. 
Vamos analisar uma situação na qual os pontos A e B são tão afastados que a 
aceleração da gravidade não é mais constante, ou seja, não podemos simplesmente 
dizer que a diferença de energia potencial é mgh. Temos dois corpos, M e m separados 
por uma distância r. 
 
Física I - Mecânica Página 75 
 
Ocorre uma força de atração entre esses corpos. Essa força é descrita pela Lei 
da Gravitação Universal de Newton. 
 
 
 
 
G é uma constante, e seu valor é: 
 
Vamos tomar a massa da Terra. Sendo que eu estou na superfície, eu sinto a 
atração da Terra. Minha massa é dada por m. 
 
 
 
 
Substituindo os valores (minha única incógnita é g), tenho que: 
 
 
 
Tomemos um ponto P bem distante de M (a distância tende a infinito). 
Veremos o trabalho necessário para trazer um objeto em P até M. 
 
Minha força é dada por: 
 
 
 
 
O meu trabalho será: 
 
 
 ∫
 
 
 
 
 
| 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perceba que nesse caso, não podemos escolher onde teremos altura zero, pois 
não estamos próximos da superfície da Terra. 
Podemos fazer um gráfico de nossa função. 
 
Física I - Mecânica Página 76 
 
Retornando para a conservação de energia mecânica. 
Temos um pêndulo de massa 15 kg. 
 
Se eu o levanto eu estarei fazendo um trabalho dado por mgh. Se eu o levanto 
cerca de 1 metro, meu trabalho será de 150 J. Soltando o pêndulo, a energia potencial 
é convertida em energia cinética. Se o pêndulo balança à uma altura de 1 metro e 
acerta sua cabeça você morre, pois 150 J já é energia suficiente para mata-lo. As 
pessoas usam dispositivos semelhantes a pêndulos, chamados guincho-bola, para 
demolir edifícios. 
Levantando o objeto e o soltando, você está convertendo um tipo de energia 
em outro. 
Se eu soltar a esfera do pêndulo de uma altura h, de uma maneira que ao voltar 
ela não ultrapasse essa altura, e eu ficar no ponto de partida da esfera, eu não serei 
atingido, pois existe a conservação de energia, contanto que eu não forneça uma 
velocidade inicial a esfera. Eu posso por minha vida em risco, mas se a física funciona e 
a conservação de energia é verdadeira, eu ficarei vivo. 
 
 
Física I - Mecânica Página 77 
 
 
 
 
A física funciona e ainda estou vivo. 
 
Física I - Mecânica Página 78 
 
Aula 12 – Forças de Resistência 
 
Nessa aula falaremos sobre forças de resistência, fixando no que chamamos de 
arrasto. 
Quando você move um objeto através de um gás ou um líquido, o objeto 
experimenta uma força oposta ao movimento. Essa força é a força de arrasto. 
A força de arrasto depende do tamanho do objeto, da forma do objeto, do 
meio no qual ele está e da velocidade do objeto. 
Não vamos confundir arrasto com atrito. O atrito, a partir de certo valor, possui 
um coeficiente de atrito constante enquanto que o arrasto depende da velocidade. 
Podemos escrever: 
 
 
O sinal é negativo, pois a força se opõe ao sentido de v. 
Os valores de k dependem da forma e do tamanho do objeto. 
Vamos nos concentrar no caso de esferas. 
| | 
 
 (
 
 
) 
 (
 
 
) 
Se a viscosidade de um meio é maior, mais pegajoso, então vai ter um valor 
maior. é uma função da temperatura (quando algo esquenta ele se torna menos 
viscoso). 
Ainda não podemos entender a razão de existir um v², mas podemos pensar 
sobre r. 
Se possuímos uma esfera em um líquido, e essa esfera possui uma área 
transversal A: 
 
Temos que 
Portanto, essa área da esfera sente uma pressão do líquido que é proporcional 
a r. 
Digamos que eu solte um objeto de uma determinada altura. 
Física I - Mecânica Página 79 
 
 
A medida que o objeto vai caindo, sua velocidade vai aumentando cada vez 
mais (devido a aceleração da gravidade). Porém, em determinado momento, a força 
de resistência e a força da gravidade se tornam iguais. Dessa maneira a aceleração se 
anula. 
Então, quando não há aceleração e o objeto cai com velocidade 
constante. Essa é a chamada velocidade terminal. 
 
Em um contexto onde , podemos obter a velocidade crítica. Essa 
velocidade crítica é quando esses dois termos são iguais. 
 𝑡 
 
 
 
Tomemos o seguinte caso, o qual chamaremos de regime I. 
 𝑡 
 𝑡 
 𝑡 
 
 
 
Se você deixa cair objetos formados pelo mesmo material, isso é de mesma 
densidade, no líquido ou no gás, temos que a massa da esfera é dada por: 
 
 
 
 
Onde é a densidade do objeto. 
Temos que: 
 𝑡 
 
 
 
Estudando outro caso, temos o regime II. 
 𝑡 
 
 𝑡 √
 
 
 √ 
Vamos medir o tempo de queda de algumas esferas em um meio viscoso. 
Serão quatro esferas, com seus diâmetros dados em polegadas:Física I - Mecânica Página 80 
 
 
 
 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao invés de utilizar 1/d², utilizarei 100/d² (o que me dará alguns valores mais 
interessantes). 
 
 
 
 
 
Em um gráfico, nós teríamos algo próximo de uma linha reta. 
 
Não foi necessário adotar o erro das esferas, pois seu erro de diâmetro é 
insignificante se comparado ao erro do tempo. Perceba que as últimas duas esferas 
nós adotamos um erro maior (cerca de 0.2 s). Isso se deve ao fato delas descerem bem 
mais rápido que as outras esferas. 
Física I - Mecânica Página 81 
 
Quanto tempo demora para o objeto atingir a velocidade terminal? 
O objeto possui uma certa massa, então há uma força gravitacional sobre ele. 
Estamos analisando o regime I. 
 
 
 
 
 
 
Assim eu obtenho uma equação diferencial. 
Nós poderemos ver que a velocidade em função do tempo irá atingir um valor 
máximo, que é a velocidade terminal. Nosso gráfico fica assintótico. Caso não 
houvesse a força de arrasto, a velocidade aumentaria linearmente. 
 
O ar se comporta de uma maneira diferente, mas o princípio é o mesmo. Os 
valores de C1 e C2 são muito diferentes. 
O ar atmosférico a 1atm e temperatura ambiente, tem: 
 
 4 
 
 𝑡 
 
 
 
 4
 
 
Física I - Mecânica Página 82 
 
Esse valor é bem menor do que em um meio pegajoso. 
Estamos analisando o regime II. A maioria das esferas no ar seguirá o regime II. 
Não importa o que você esteja estudando. Pode ser uma bola, um salto livre 
com ou sem paraquedas, um pingo de chuva, não importa, você sempre está 
dominado pela pressão, por v² e por uma velocidade terminal que é proporcional à raiz 
quadrada de r. 
Vamos pegar uma bola com as seguintes dimensões: 
 
 
Calculando, temos: 
 𝑡 
Se eu jogasse a bola de uma altura de 3 metros, o tempo para atingir o chão 
seria: 
 
 
 
 
Mas é claro que isso é uma aproximação, pois a velocidade terminal não é 
alcançada instantaneamente. 
Calcular o tempo para alcançar a velocidade terminal não é uma tarefa fácil, 
pois requer a resolução de uma equação diferencial desagradável. 
Teríamos de encontrar a aceleração: 
 
E a força de resistência possuiria um v e um v², de modo que é impossível 
resolver analiticamente. 
Lançaremos a bola e poderemos encontrar um valor diferente de 1.7. Há 
algumas razões para isso: 
a) A esfera não é perfeita. 
b) A nossa bola é elástica e no momento da queda pode sofrer oscilações. 
Medindo o tempo de queda da bola, encontramos: 
 
Em nossa ultima parte da aula, veremos como o arrasto pode influenciar na 
trajetória de um objeto. 
Vamos avaliar o movimento de um objeto em um líquido. 
A trajetória sem o arrasto seria descrita pela curva pontilhada. A trajetória 
verdadeira é dada pela curva contínua. 
 
Esse é o regime I, pois nós estamos analisando um líquido. 
Digamos que eu lance uma bola de tênis. Sem o arrasto a trajetória seria uma 
parábola maior. 
Física I - Mecânica Página 83 
 
 
Ou seja, você não alcançaria a altura máxima que teria sem a resistência do ar e 
nem o alcance máximo. 
 
Notas de Aula: 
Resumo de Resistividade: 
 
 
Os gráficos seguintes representam estudos sobre queda de balões com e sem a 
resistência do ar. 
Física I - Mecânica Página 84 
 
 
Física I - Mecânica Página 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 86 
 
Aula 13 – Equações do Movimento de Osciladores Harmônicos Simples 
 
Temos um objeto de massa m em um campo gravitacional. 
 
Como esse é um problema unidimensional, podemos escrever, para a força da 
gravidade, simplesmente: 
 
O sinal negativo é importante, pois ele mostra que a força é no sentido 
contrário à trajetória. 
Eu posso escolher um nível e adotar esse nível como minha altura inicial (ou 
seja, y = 0). Nesse ponto eu tenho energia potencial gravitacional igual a zero. 
Qualquer outro ponto acima me dá . 
 
Eu posso fazer um gráfico da energia potencial gravitacional em função de y. 
 
Se eu movo um objeto de A para B, eu estou realizando um trabalho positivo. 
Se eu faço um trabalho positivo, a gravidade faz um trabalho negativo. 
Se o objeto vai de A para B’, eu realizo um trabalho negativo e nesse caso a 
gravidade faz um trabalho positivo. 
Física I - Mecânica Página 87 
 
Eu poderia ter escolhido meu ponto de energia potencial gravitacional igual à 
zero em qualquer outro lugar. Eu poderia ter escolhido em B, por exemplo. 
 
Perceba que isso não muda nada. Se eu for de A para B, meu trabalho 
continuará sendo positivo. 
Quando você está próximo da Terra você é livre para escolher seu ponto zero 
(onde a altura é zero). 
Agora, vamos para uma situação em que não estamos mais próximos da Terra. 
 
Como esse é um problema unidimensional, podemos escrever: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em um gráfico: 
 
Física I - Mecânica Página 88 
 
Se eu mover um objeto de A para B, minha energia potencial está aumentando 
e meu trabalho é positivo. 
Perceba que, a força da gravidade é sempre oposta ao sentido positivo da 
energia potencial. 
 
Agora usaremos uma mola, de comprimento l. 
 
Como eu estou puxando a mola no ponto B, eu crio uma força contrária à força 
elástica. Eu posso calcular o trabalho para aumentar o tamanho da mola de A para B. 
 
 
 ∫ ∫ 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esse valor é o que chamamos de energia potencial da mola. 
Aqui nós também podemos escolher onde colocaremos a energia potencial 
igual à zero. 
Fazendo um gráfico. 
 
Física I - Mecânica Página 89 
 
Em A e B temos as forças indo no sentido contrário ao aumento da energia 
potencial. Portanto, temos uma força restauradora. 
As forças sempre vão no sentido contrário à energia potencial. A força conduz o 
objeto a diminuir sua energia potencial. 
Agora surge uma pergunta: se nós conhecemos a energia potencial, nós 
podemos encontrar a força? E a resposta é sim. 
Utilizaremos nossa mola: 
 
 
 
 
 
 
 
Mas a força da mola é negativa, então: 
 
 
 
Com isso, temos: 
 
 
 
Se tivermos uma situação tridimensional, tanto a força quanto a energia 
potencial estão em função de nossas três coordenadas. Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essas derivadas são chamadas de derivadas parciais, e são representadas por . 
Voltemos à situação próximo a Terra. 
 
 
 
 
 
Agora não estamos mais próximos da Terra: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, sempre que temos uma energia potencial em função do espaço nós 
podemos encontrar as três componentes da força. 
Vamos supor que eu tenha uma superfície curva. 
Física I - Mecânica Página 90 
 
 
 
 
Há pontos em que 
 
 
 . São eles: a, b, c, d, e. 
Isso significa que: 
 
Nesses pontos o objeto está parado. 
Porém há uma diferença entre os pontos “a” e “b”, por exemplo. Digamos que 
eu coloque uma bola de gude em a. Se eu fizer uma força, por menor que seja, a bolade gude vai cair para algum lado, ela vai diminuir sua energia potencial. Se a bola de 
gude estiver em b, e nós aplicarmos uma força à ela, a mesma voltará à b, pois sua 
energia potencial é menor. Em b, nós temos o que chamamos de equilíbrio estável e 
em a nós temos o equilíbrio instável. 
Retornemos à mola. 
Podemos utilizar a energia potencial da mola e mostrar que um objeto que 
oscila na mola segue um movimento harmônico simples. 
 
Temos um objeto oscilando entre um x máximo positivo e um x máximo 
negativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (
 
 
)
 
 
 
 
 
(
 
 
)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 91 
 
 (
 
 
) (
 
 
) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E esse resultado nós sabemos que representa um movimento harmônico 
simples. 
Temos assim: 
 
 √
 
 
 
 
 
 
Iremos analisar uma oscilação através de uma pista circular perfeita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 92 
 
 
 
 
 (
 
 
)
 
 
Utilizando a aproximação por pequenos ângulos, podemos tomar um valor que 
nos dará um bom resultado. Então: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Então: 
 
 
 
 (
 
 
)
 
 
 
 
 
 
 
 
 (
 
 
) (
 
 
) (
 
 
) 
 
 
 
 
 
 
E essa equação é uma oscilação harmônica simples. 
Assim: 
 
 √
 
 
 √
 
 
 
E como podemos ver isso é bem parecido com um pêndulo. 
A força da gravidade é a que faz trabalho. Por mais que exista uma tensão, 
como é o caso do pêndulo, ou uma força normal (que é o caso de um corpo num 
movimento circular), será que apenas a gravidade faz trabalho? 
Quando eu quase me matei com o pêndulo, eu estava crente na conservação 
de energia que acabei ignorando a tensão. 
É possível a tensão fazer trabalho? Se for esse o caso eu poderia ter morrido. E 
a normal? É possível que ela faça trabalho? 
A resposta é não! 
Essas forças são sempre perpendiculares à direção do movimento. Uma vez que 
o trabalho é o produto escalar entre a força e a direção do movimento, nem a tensão 
nem a força normal faz qualquer trabalho. 
 
Fazendo uma experimentação... 
Temos uma pista circular. Seu raio é de 115 metros, com um erro de 
aproximadamente 5 metros. 
 
Podemos calcular o período de oscilação de um objeto nessa pista. A parte da 
pista na qual o objeto vai oscilar possui 5 metros de comprimento. Meia pista nos dá 
cerca de 2,5 metros. Pelo fato da pista ser grande, é um pouco difícil notar sua 
curvatura. Assim: 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 93 
 
Como disse anteriormente, nossa pista é grande o que dificulta nossa 
percepção da mesma em ser circular. Vamos tentar reduzir o máximo possível o atrito 
presente na pista. Haverá ar saindo por pequenos orifícios da pista, o que diminuirá o 
atrito do objeto com a mesma. 
Como encontramos um ângulo pequeno, podemos fazer uma predição de seu 
período: 
 √
 
 
 
Medindo 3 oscilações: 
 
 
 
As setas indicam que o objeto está oscilando entre os pontos extremos da 
pista. 
Tomando agora uma trajetória de raio igual à 85 centímetros, vamos utilizar 
uma esfera. 
 
O comprimento da pista é cerca de 40 centímetros. Portanto, temos que nosso 
ângulo máximo será: 
 
 
 
 
 
Fazendo uma predição: 
 
Mediremos 10 oscilações: 
 
ISSO ESTÁ ERRADO! 
Nosso resultado deveria ser algo em torno de 18 segundos. 
Há algo de errado com a conservação de energia ou existe algo a mais? 
Uma coisa é certa: não é o atrito que causa isso, pois seu valor é tão baixo que 
podemos desconsiderá-lo. 
Qual a diferença entre o primeiro experimento e o segundo? 
Pense nisso... 
Física I - Mecânica Página 94 
 
Aula 14 – Órbitas, Velocidade de Escape e Energia 
 
Você está em pé na superfície da Terra. 
 
Vamos assumir que não há atmosfera. Digamos que eu lhe dê um chute bem 
forte de maneira que você comece a subir e não volte para a Terra. Ou seja, você irá 
escapar da atração gravitacional da Terra. 
Para que isso ocorra, você deve adquirir certa velocidade. 
Enquanto você esta na Terra, sua energia mecânica é, como sabemos, a soma 
da energia cinética com a energia potencial. Portanto: 
 
 
 
 
 
 
 
Se você for aumentando a distância à Terra, a energia mecânica vai se 
conservar, portanto nossa equação é dada por (assumindo que você está em uma 
posição em R): 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se a distância aumenta, com r tendendo ao infinito: 
 
Assim, . 
Perceba que a energia potencial gravitacional no infinito é zero, pois o valor de 
r é infinitamente grande. Para que eu mantenha uma conservação de energia eu vou 
assumir que sua velocidade no infinito também será zero, caso contrário você 
continuaria se movendo cada vez para mais longe. Assim, pela conservação de energia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa maneira, nós podemos encontrar a velocidade necessária para que você 
escape da atração gravitacional da Terra. Essa velocidade é chamada de velocidade de 
escape. 
 
 
 
 
 
 
 
 √
 
 
 
Física I - Mecânica Página 95 
 
No caso da Terra, substituindo os respectivos valores temos que a velocidade 
de escape é de aproximadamente 11.2 km/s. 
Se a energia total for maior ou igual a zero, você chegará ao infinito com uma 
energia cinética um pouco maior do que zero. Se a energia é menor que zero, você 
nunca irá escapar da atração gravitacional. 
Assim: 
 
 
Falaremos agora de órbitas circulares. 
Temos a Terra e ao redor dela temos um objeto de massa m, um satélite, que 
se desloca numa trajetória circular. 
 
Estamos assumindo que a massa do satélite seja bem menor que a da Terra, 
assim m <<< MT. 
A força gravitacional que mantém o satélite em órbita é exatamente a mesma 
que a força centrípeta. 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
Assim, podemos encontrar a velocidade orbital: 
 √
 
 
 
O período será: 
 
 
 
 
 
 
 
√ 
 
Nós podemos utilizar essas equações para outros planetas, bastando substituir 
o valor da massa da Terra. 
Perceba que tanto a velocidade orbital quanto o período independe da massa 
do satélite. 
Reescrevendo a conservação de energia: 
 
 
 
 
 
 
 
Substituindo a velocidade na equação pela velocidade orbital: 
Física I - Mecânica Página 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perceba que os termos são semelhantes. O sinal negativo torna-se crucial e 
também temos ½ no primeiro termo. Assim: 
 
 
 
 
Agora, iremos partir para algo totalmente diferente. Falaremos de potência e 
abandonaremos completamente as órbitas circulares. 
Potência é o trabalho feito em uma certa quantidade de tempo. 
 
 
 
 
[P] = J/s = Watt (W) 
Não vamos confundir a unidade de potência (W) com trabalho. 
Sendo:Assim: 
 
Ou seja, potência pode ser escrita como o produto escalar da força com a 
velocidade. 
Eu estou em minha bicicleta com uma velocidade constante. 
 
A força que eu faço busca superar a força de resistência do ar. 
Para me mover eu empurro os pedais para trás e eles me empurram no sentido 
contrário, pois a força de ação é igual a “menos” reação. Ou seja, não há força 
resultante na bicicleta, pois elas se cancelam (com os pedais e meus pés). Nós 
chamamos essas forças de internas. 
Agora, o pedal empurra a corrente que por sua vez empurra a roda e a bicicleta 
começa a se mover. 
Então, a roda empurra o chão para trás e o chão empurra a bicicleta para 
frente. Portanto há uma força de atrito que coincide com a força que eu aplico. 
Física I - Mecânica Página 97 
 
 
A potência é uma função da velocidade. 
Lembrando daquilo que chamamos de regime II, o qual temos a pressão 
envolvida, obtemos: 
 
 
Existe também a energia térmica, a qual expressamos de um modo diferente. 
Nós a expressamos em termos de calorias, que é a energia necessária para aumentar 
um grama de água em um grau centígrado. 
Assim, escrevemos: 
 
Onde c é o calor específico (cal/g°C) 
Q é medido em caloria (cal) 
O físico James Joule mostrou que 1 cal = 4,2 J 
Quando queimamos alguma coisa há uma reação química envolvida que produz 
calor. Gasolina, por exemplo, produz algo em torno de cem milhões de joules. 
Nosso corpo produz um calor de aproximadamente 100 W. 
Nas notas de aula há alguns dados interessantes sobre isso. 
Podemos usar uma queda d’agua para transformar energia mecânica em 
elétrica, e essa por sua vez em térmica. 
A energia nuclear pode ser convertida em calor, que pode ser convertida em 
energia mecânica e novamente em elétrica. 
Energia química pode ser convertida em calor, que é convertida em 
eletricidade. 
Existem baterias que convertem energia química em elétrica. Essas baterias são 
ácidas, como às dos automóveis. 
 
Física I - Mecânica Página 98 
 
 
Com isso podemos acender uma pequena lâmpada. 
O Sol possui uma potência de 6 , o que faz dele uma grande fonte de 
energia. Mas para utilizar essa energia seria necessário obter mecanismos do tamanho 
da Inglaterra ou da França, por exemplo. E isso não é muito viável para a economia 
mundial. 
A fissão nuclear também nos dá energia, mas devido há acidentes e à produção 
de bombas as pessoas tem receio desse meio de obter energia. 
A fusão nuclear é diferente da fissão, pois não quebramos um átomo, mas 
juntamos núcleos de deutério, produzindo uma grande quantidade de energia. Essa 
energia é bem maior do que a produzida pela fissão. O Sol, em seu núcleo, assim como 
todas as outras estrelas, funde núcleos de deutério produzindo elementos mais 
pesados e liberando uma grande quantidade de energia. Nosso Sol possui 
aproximadamente 5 bilhões de anos de vida, isso quer dizer que ele possui mais 5 
bilhões de anos de existência antes de aumentar de tamanho, engolir todos os 
planetas rochosos (inclusive a Terra) e depois morrer. Portanto, nossas preocupações 
para obter energia vão durar apenas por mais 5 bilhões de anos, se não formos 
extintos antes disso. 
 
Indo mais além... 
Fissão e Fusão Nuclear 
Após fazer a descoberta da relação entre energia e massa, Einstein despertou em 
outros cientistas a vontade de experimentar essa quantidade de energia. A fissão nuclear é o 
mecanismo usado em bombas como as que explodiram sobre as cidades de Hiroshima e 
Nagasaki, em 1945. 
Com uma grande massa de Urânio (U-235), é possível gerar uma grande quantidade de 
energia. O que foi feito, foi usar nêutrons como sendo balas e assim disparando-os contra um 
núcleo de U-235. O nêutron iria despedaçar o núcleo, formando dois outros núcleos e 
liberando mais dois nêutrons. Esses dois nêutrons iriam fissionar esses dois núcleos, gerando 
quatro nêutrons que fissionam oito núcleos, que geram mais dezesseis nêutrons e assim por 
diante. 
Física I - Mecânica Página 99 
 
 
Esse efeito é chamado de reação em cadeia. Se a reação em cadeia ocorrer de uma 
forma descontrolada, uma grande quantidade de energia será criada ocasionando uma 
enorme explosão. 
Quando um grupo de cientistas percebeu a potência da fissão nuclear, eles 
convenceram Einstein a escrever uma carta ao presidente Roosevelt em 1939. Isso exortou os 
Estados Unidos a construírem um programa de pesquisa nuclear, gerando o projeto 
Manhattan. 
 Bomba Atômica 
Mas não podemos culpar Einstein das mortes ocasionadas devido ás bombas atômicas, 
pois o físico nunca desejou isso a ninguém, era apenas para ser uma pesquisa científica e não 
uma arma de destruição em massa. 
Mas as pesquisas nucleares continuaram, levando a criação da arma mais letal já 
construída: a bomba de hidrogênio. Também podemos chamá-la de bomba de fusão nuclear. 
Diferente da fissão nuclear, que divide os núcleos pesados para gerar energia, a fusão nuclear 
funde os núcleos leves em núcleos mais pesados. Isso é o que ocorre dentro das estrelas, 
como o nosso Sol. 
Física I - Mecânica Página 100 
 
 
A fusão se inicia com o hidrogênio, o elemento mais leve. Quando dois núcleos se fundem eles formam um 
núcleo de Hélio, liberando um nêutron, formando novos núcleos e assim por diante. 
 Bomba de Hidrogênio 
Essas energias não são usadas apenas para destruir, mas podem ser usadas para nos 
auxiliar, só precisamos ter um controle. Graças à fusão nuclear das estrelas você está aqui, 
lendo esse livro. 
O certo é que se ocorrer uma terceira guerra mundial, o homem se autodestruirá e 
todas essas pesquisas serão jogadas no lixo. Portanto, se não deixarmos de existir por um fator 
natural (lembrando que podemos ser atingidos por um asteroide igual ao que dizimou os 
dinossauros), iremos deixar de existir devido ao desejo de poder que tomam muitas pessoas. 
Eu espero, e creio que todos também, que não cheguemos ao ponto de uma terceira 
guerra. Mas o fato é que, com guerra ou sem, não permaneceremos aqui para sempre. Antes 
que um Big-Crunch, um Big-Chill ou um Big-Rip aconteça, nosso Sol não irá mais brilhar como 
faz nos dias de hoje. O tempo de vida do nosso Sol é de 10 bilhões de anos, ou seja, ele 
brilhará por mais uns 5 bilhões de anos antes de transformar-se em uma estrela insignificante. 
Ao fim de sua vida, nosso Sol irá expandir suas camadas externas e todo seu combustível irá 
começar a acabar. Até que seu brilho não será suficiente para manter a vida em nossa Terra, e 
por fim, nosso pequeno Sol irá deixar de brilhar. 
 
Física I - Mecânica Página 101 
 
Notas de Aula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 102 
 
Aula 15 – Momentum e sua conservação 
 
Falaremos de algo completamente novo. Discutiremos o momentum. 
Em física, momentum (ou quantidade de movimento) é um vetor, dado por: 
 
Ou seja, é o produto da massa pela velocidade. Sua unidade é kgm/s. 
Sabemos que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, força é igual a dp/dt, o que significa que se uma partícula mudou seu 
momentum é porque uma força agiu sobre ela. Vamos supor que temos uma grande 
quantidade de partículas que estão interagindo umas com as outras. Tomemos duas 
partículas as quais chamaremos de mi e mj. Existe uma força exterior agindo sobre 
elas. 
 
Mas como dissemos anteriormente, elas estão interagindo entre si, portanto a 
partícula i sente uma força da partícula j e vice e versa. 
 
De acordo com a terceira lei de Newton, tem a mesma intensidade de . 
Chamamosessas forças de forças internas. Essas são as forças de interação entre as 
partículas. Mas como existem inúmeras partículas, existem inúmeras forças internas. 
Portanto, podemos dizer que a força total será a soma de todas as forças internas. O 
momentum total do sistema será a soma dos momenta individuais de cada partícula: 
 𝑡 𝑡 
Física I - Mecânica Página 103 
 
Tomando a derivada, temos: 
 𝑡 𝑡 
 
 𝑡 𝑡 
Agora vem algo importante: todas as forças internas se anulam. Se você 
observa uma única partícula isso não ocorre, mas para um sistema de partículas, as 
forças internas se anulam, o que nos fornece a conclusão de que a força total nada 
mais é do que a força total externa: 
 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡 
Ou seja, podemos esquecer completamente as forças internas. Isso significa 
que se a força externa for zero, então o momentum não mudará, ele se conservará. 
Assim temos a chamada conservação do momentum, que só é válida se todas as forças 
externas forem zero. 
Vamos nos voltar para um exemplo simples (unidimensional). Temos dois 
objetos de massas m1 e m2, com velocidade v1 e v2, respectivamente. O sentido 
positivo de x é dado. 
 
Assim que um tocar no outro eles permanecerão juntos, como se houvesse cola 
em algum deles. Antes da colisão eu tenho uma certa quantidade de força. Estamos 
desconsiderando quaisquer forças de atrito ou arrasto. Antes da colisão, eu tenho: 
 
Após a colisão, os objetos se unem, portanto eu tenho que a massa total será 
m1+m2 e a velocidade final será dada por v’. Agora, nós podemos aplicar a 
conservação do momentum: 
 
Dando alguns valores para nosso problema: 
m1 = 1 kg v1 = 5 m/s 
m2 = 2 kg v2 = 3 m/s 
Perceba que o sentido de ambos os objetos é o mesmo, então não mudamos o 
sinal da velocidade. Com isso, encontramos que v’ = 11/3 m/s. 
Ou seja, a conservação do momentum nos dá a velocidade após uma colisão. 
Como determinamos uma única velocidade final, pois os objetos saíram juntos, 
grudados, após a colisão temos a chamada colisão inelástica. 
Temos uma energia cinética antes da colisão: 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
Calculando teremos um valor igual a 21,5 J. 
E o que dizer da energia cinética após a colisão? 
A energia cinética após a colisão será: 
 
 
 
 
Calculando teremos um valor igual a 20,2 J. 
Ou seja, a energia cinética diminui após a colisão. 
Vamos tomar agora outro caso, mas a velocidade de v2 estará no sentido 
contrário. 
Física I - Mecânica Página 104 
 
 
O momentum do objeto 1 será + 5, pois está no sentido positivo da trajetória. O 
momentum do objeto 2 será – 6, pois está no sentido oposto à trajetória. Ou seja, 
temos que o momentum total será: 
 𝑡 𝑡 
Como o resultado é negativo, eu sei que o sentido final da trajetória será no 
sentido oposto à x. Assim: 
 
 
 
 
 
Agora, qual será a energia cinética após a colisão? 
 
Ou seja, a energia cinética foi quase que totalmente destruída. 
A conclusão que temos é que a energia cinética pode ser destruída, mas o 
momentum não. O momentum das partículas individuais se alterou, mas o momentum 
total não. 
Eu posso criar uma colisão na qual toda a energia cinética seja destruída. 
Seja o seguinte sistema: 
 
O momentum desse sistema será zero. Após a colisão as partículas 
permanecerão grudadas. 
Analisemos agora um problema bidimensional. 
 
Após a colisão dos corpos, temos um vetor resultante que nos dá o momentum 
total. Assim temos que: 
 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡 
Todos esses casos que vimos correspondem à colisões inelásticas, pois os 
objetos saem grudados após a colisão. Nesses tipos de colisões sempre ocorrerá perda 
de energia cinética, podendo ser total ou parcial. 
Em uma colisão podemos ter o aumento de energia cinética? 
Física I - Mecânica Página 105 
 
Tomemos um exemplo simples. Usaremos um bloco de massa m onde há uma 
bomba em seu interior. Antes de a bomba explodir a velocidade do bloco é zero então 
seu momentum é zero. Após a explosão, diversos pedaços voarão pelo espaço. Vamos 
nos fixar em dois pedaços quaisquer. 
 
Claramente, o momentum deve ser conservado. A explosão é uma força 
interna. Adotando o sentido da figura, temos que 
 é negativo. Sabemos que o 
momentum total nunca vai mudar: 
 𝑡 𝑡 
 
 
Nitidamente, a energia cinética aumentou. Por isso, não devemos confundir 
momentum com energia. O momentum se conservou, mas a energia cinética não. A 
energia cinética pode crescer ou diminuir. 
Devido à conservação de momentum podemos fazer o seguinte experimento: 
digamos que, após a explosão, nós medimos o tempo que dois objetos de massas 
iguais demoram a percorrer espaços iguais. Percebemos que para massas iguais, o 
tempo será o mesmo. Agora, se um dos objetos tiver uma massa maior, seu tempo 
será maior, pois sua velocidade é menor. Portanto, devido à conservação de 
momentum, temos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portanto, um objeto de massa duas vezes maior terá uma velocidade duas 
vezes menor. 
Trataremos agora de um assunto que, a princípio, parece não estar muito 
relacionado com essa matéria. Veremos o conceito de centro de massa de um sistema. 
Temos um objeto qualquer, o qual seu centro de massa (CM) está definido. 
 
Vamos adotar um sistema de referência, o qual iremos escolher um ponto para 
ser a origem (não importa qual ponto seja). Existirá um vetor que parte da origem 
e chega ao centro de massa. Esse vetor determinará a posição do centro de massa. Da 
mesma maneira, existirá outro vetor que determina a posição de uma partícula 
(mi) no objeto. 
Física I - Mecânica Página 106 
 
 
O centro de massa será definido como a massa total de nosso objeto (a soma 
de infinitas massas mi) multiplicada pela posição do centro de massa. Assim: 
 𝑡 𝑡 
 
 
Assim, tomando as derivadas: 
 
 
 
 
 
 
Sendo M a massa total do objeto. Com isso, encontramos a velocidade. Perceba 
que a nossa equação anterior pode ser escrita como: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 𝑡 𝑡 
Agora, podemos nos atentar para outra regra importante da física. 
 𝑡 𝑡 
Se derivarmos essa equação: 
 𝑡 𝑡 
 
 𝑡 𝑡 
Perceba que isso diz que F = ma. 
Portanto, podemos dizer que o centro de massa se comporta de tal maneira 
que é como se toda a massa do corpo estivesse contida no centro de massa. Se 
tivermos um objeto, um tubo, por exemplo, e o jogamos pelo espaço com certa 
velocidade, seu centro de massa apresentará uma velocidade constante caso nenhuma 
força externa haja sobre o mesmo. Isso implica como já vimos anteriormente, que a 
aceleração é zero. Não importa a forma do corpo, se formos analisar a trajetória com 
respeito ao centro de massa, teremos uma trajetória conhecida. 
Física I - Mecânica Página 107 
 
 
Perceba que embora o tube gire ao ser lançado, seu centro de massa percorre 
uma trajetória parabólica. Ou seja, como já disse, é como se toda a matéria estivesse 
concentrada nesse ponto. 
Vamos tomar um exemplo para ver como calculamos o centro de massa. 
Tomemos três objetos (m, 2m e m) ligados por três hastes de comprimento L 
como mostra o desenho. 
 
A pergunta é: como determinar o centro de massa? 
Para quem tem um bom senso de espaço, pode perceber que temos uma 
espécie de triângulo equilátero, portanto o centro de massa deveria estar no meio. 
Mas como um objeto é maispesado que os outros dois, o centro de massa deve estar 
um pouco mais próximo dele. Assim: 
 
Podemos fazer alguns cálculos agora. Sabemos que a massa total do nosso 
sistema é 4m, assim: 
Física I - Mecânica Página 108 
 
 
 
 
Aqui temos uma soma vetorial, e quando temos uma soma vetorial o melhor a 
fazer é obter uma soma em x e outra em y. 
Na direção x, temos: 
 
 
 
 
O primeiro termo do lado direito da equação é zero, pois um de nossos objetos 
está sobre a origem, portanto , pois o vetor está sobre a origem (sua 
distância da origem ao objeto é zero). Nosso segundo termo é 2mL, pois sua massa é 
2m e a distância dele à origem é L. Por fim, nosso terceiro termo é 1/2mL pois esse 
objeto encontra-se na metade do comprimento de L (com relação ao eixo x). 
 
Cancelando todos os termos m, temos: 
 
 
 
 
Agora, na direção y: 
 
 
 
 √ 
Perceba que para y, tanto o primeiro m quanto 2m estão sobre o eixo y = 0. 
Portanto, esses termos são nulos. Para calcular o comprimento de y em m, usamos 
uma relação triangular. Perceba que: 
 
Assim: 
 (
 
 
)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 109 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 √ 
Com isso, obtemos nosso valor anterior: 
 
 
 
 √ 
O que nos fornecerá: 
 
√ 
 
 
Portanto analisando um pouco melhor podemos ver que: 
 
E assim podemos determinar o centro de massa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 110 
 
Aula 16 – Colisões Elásticas e Inelásticas 
 
Na aula passada nós falamos exclusivamente de colisões inelásticas. Nessa aula, 
trataremos de colisões de um modo mais geral. Tomaremos um caso unidimensional. 
Temos dois objetos com massas m1 e m2 e velocidades v1 e v2. Para facilitar 
um pouco as coisas, vamos assumir que v2 seja igual à zero. 
 
Após a colisão, m2 terá uma velocidade 
 e m1 terá uma velocidade 
 . Não 
sabemos se m1 vai bater em m2 e retornar, ou bater e continuar no mesmo sentido. 
Qualquer uma dessas opções é possível. Para encontrar 
 e 
 precisaremos de duas 
equações. Se não houver nenhuma força externa sobre os objetos durante a colisão, 
então o momentum é conservado. Assim, podemos escrever: 
 
 
 
Como nós vimos anteriormente, existe uma conservação de momentum, 
embora possa haver perda de energia cinética. Em uma colisão de carros, por exemplo, 
existe atrito interno entre eles e a energia cinética pode se dissipar em forma de calor. 
Assim, pode escrever: 
 
Onde K representa a energia cinética antes da colisão, Q representa certo 
número e K’ é a energia cinética após a colisão. Se conhecermos o valor de Q, então 
obteremos uma nova equação. Se Q é maior que zero, então houve ganho de energia 
cinética, e chamamos esse tipo de colisão de super elástica. Poderia ser uma explosão, 
por exemplo. 
Q também pode ser igual a zero. Nesse caso, temos uma colisão perfeitamente 
elástica. 
Por fim, Q pode ser menor que zero o que nos fornece as colisões inelásticas. 
Assim: 
 
 
 
Vamos tomar um caso de uma colisão perfeitamente elástica. Assim temos que 
Q é zero, então temos uma conservação de momentum e de energia cinética. 
Portanto, a energia cinética antes da colisão, deverá ser igual a energia cinética após a 
colisão. Estamos estudando o caso inicial de nossa aula, onde a velocidade do objeto 
m2 é zero. 
Portanto, escrevemos nossas duas equações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resolvendo: 
 
 (
 
 
) 
 
 (
 
 
) 
Física I - Mecânica Página 111 
 
Perceba de 
 é na mesma direção de . Isso ocorre, pois nosso objeto m2 
estava em repouso. Ou seja, nesse caso, nunca haverá uma reversão de sinais. Já no 
caso de 
 pode ocorrer a reversão. Se você faz com que uma bola de pingue-pongue 
colida com uma bola de bilhar que esteja em repouso, a bola de pingue-pongue irá 
bater e voltar. Se, no entanto, a bola de bilhar colidir com uma bola de pingue-pongue 
que esteja em repouso, então as duas bolas sairão no mesmo sentido. 
Tomemos três casos. 
1° Caso: , de modo que . 
É como se uma bola de boliche colidisse com uma de pingue-pongue. Se 
olharmos para a equação de 
 então temos que é zero. 
 
 
Ou seja, ao colidir com a bola de pingue-pongue, a bola de boliche iria 
continuar em seu sentido de movimento, desprezando a existência da bola de pingue-
pongue. Vamos observar a equação de 
 , como é zero, temos: 
 
 
2° Caso: , de modo que . 
Substituindo nas respectivas equações, de 
 primeiro: 
 
 
Isso é obvio, pois a bola de pingue-pongue bate na bola de boliche e 
claramente a primeira retorna. Observado a equação de 
 : 
 
 
3° Caso: . 
Substituindo nas respectivas equações, temos: 
 
 
 
 
Todos nós já vimos esses casos com o pêndulo de Newton. 
 
Vamos nos voltar para o centro de massa de um sistema. Na ausência de forças 
externas sobre um corpo, seu centro de massa terá sempre velocidade constante. Se o 
seu centro de massa está com uma velocidade constante, então o momentum das 
partículas no centro de massa é zero. O momentum é zero antes e depois da colisão. 
Isso dá certas propriedades ao centro de massa. Primeiro, temos uma partícula m1 e 
uma partícula m2 e entre elas temos o centro de massa. As massas m1 e m2 possuem 
Física I - Mecânica Página 112 
 
velocidades u1 e u2, respectivamente, no sentido do centro de massa. As velocidades 
dadas por u estão no sistema de referência do centro de massa. Em nosso caso, 
estamos assumindo uma colisão perfeitamente elástica, ou seja, temos Q = 0. Após a 
colisão, m2 apresenta uma velocidade u2’ e m1 tem uma velocidade u1’. 
 
Eu sei que o momentum é zero, então eu posso escrever, para esse caso: 
 
 
 
Perceba que quando tratamos de problemas unidimensionais, não é necessário 
escrever os vetores. Como a colisão é perfeitamente elástica a energia cinética é 
conservada. Então temos que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O resultado é que, no centro de massa temos: 
 
 
 
 
Isso significa que no centro de massa as velocidades revertem as direções, mas 
as velocidades escalares permanecem as mesmas. Se você quiser se mover para o 
centro de massa, você deve saber qual é a velocidade do centro de massa. Como 
podemos calcular essa velocidade? Anteriormente, nós definimos o centro de massa: 
 𝑡 𝑡 
A velocidade será: 
 
 
 
 
Mas agora, vamos retornar ao sistema de referência como o centro de massa, 
onde a velocidade é dada por u. 
 
 
Mas lembre-se que no centro de massa, o momentum é zero. Independente de 
a colisão ser elástica ou não, o momentum é zero. 
Faremos uma colisão completamente inelástica, ou seja, após a colisão os 
objetos permanecerão juntos. Vamos assumir que nossa segunda partícula tem 
velocidade igual a zero. 
 
Após a colisão: 
 
Como não há forças externas o momentum é conservado. 
 
 
 
 
 
Podemos calcular a diferençada energia cinética após a colisão e antes da 
colisão. 
Física I - Mecânica Página 113 
 
 
 
 
(
 
 
) 
 
Ou seja, ocorre uma perda de energia, e Q é expresso como calor. 
Agora, trataremos o mesmo caso, mas adotando o referencial como o centro 
de massa. 
 (
 
 
) 
 
Mas nós vimos que é zero. 
 (
 
 
) 
Calculando a energia cinética no centro de massa: 
 
 
 
 
 
 
 
Isso é o que temos antes da colisão. Calculando: 
 
 
 
(
 
 
) 
Esse valor expressa a energia cinética interna do sistema. 
Para terminar, quero que pense no funcionamento de um pêndulo de Newton. 
Se tivermos um pêndulo com oito bolas, se uma bola bate de um lado ela ficará parada 
e uma bola subirá do outro lado. Se batermos duas bolas de um lado, essas duas bolas 
ficarão paradas e duas bolas subirão do outro lado. Se eu bater cinco bolas de um lado, 
cinco bolas subirão do outro. Como descrever isso quantitativamente? Pense nisso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 114 
 
Aula 17 – Momentum de Objetos Individuais, Impulso e Foguetes 
 
Em uma das nossas primeiras aulas nós medimos a velocidade de um projétil. 
Um método de medir a velocidade de um projétil é utilizar o chamado pêndulo 
balístico. Temos um pêndulo de comprimento L com um objeto muito pesado na 
extremidade da corda (bloco de massa M). Temos um projétil, de massa m, que entra 
com uma velocidade v no bloco e fica preso a ele. Temos, então, uma colisão 
inelástica. 
 
Após a colisão, o pêndulo terá uma velocidade v’. O momentum é conservado, 
então temos que: 
 
Então, se podemos medir v’, nós podemos medir a velocidade do projétil. Como 
fazemos para medir v’? Vamos esperar que o pêndulo, após a colisão, sofra uma 
elevação. Sua velocidade nesse ponto será zero. 
 
Logo no momento em que o projétil entra no bloco, temos que a energia 
potencial gravitacional é zero, pois a altura nesse ponto é zero: 
 
Durante o movimento do pêndulo temos a energia cinética sendo transformada 
em energia potencial gravitacional até chegar ao ponto final, onde v = 0. Então temos: 
 
 
 
Cancelando os termos semelhantes: 
 √ 
Física I - Mecânica Página 115 
 
Porém, não é muito fácil medir a altura. Vamos supor que nosso ângulo seja 
apenas 2°. Assim, temos que: 
 
Mas nós podemos não medir o valor de h, mas medir o valor do deslocamento 
x. 
 
Para um comprimento de corda igual a 1 m, temos uma altura igual a 0.6 mm 
(aproximadamente). Para um ângulo de 2° o valor do deslocamento em x é cerca de 
3.5 cm. Podemos fazer uma aproximação da altura, de forma que teremos: 
 
 
 
 
Em outras palavras, podemos escrever: 
 
 
 
 
Assim, temos que: 
 
 (
 
 
) √
 
 
 
Assim, podemos ter uma predição da velocidade do projétil. Vamos tomar um 
projétil e medir sua velocidade. 
Os dados que temos são: 
 
 
 
A incerteza da massa do projétil é de 10%. Para o comprimento temos uma 
incerteza de 2% e para o bloco a incerteza é insignificante. Utilizando a equação que 
temos, podemos calcular a velocidade do projétil (embora ainda não saibamos o valor 
de x). Calculando temos: 
 
Experimentalmente, encontramos que o valor de x é aproximadamente 5.2 cm. 
Assim, encontramos o valor da velocidade do projétil igual a 244 m/s. 
 Nós temos energia cinética no projétil antes dele atingir o pêndulo. Como nós 
descobrimos a velocidade do projétil, nós podemos calcular essa energia. Da mesma 
maneira, podemos calcular a energia cinética do projétil com o bloco. Se você for fazer 
uma comparação, você verá que cerca de 99.98% da energia cinética foi perdida na 
colisão e transformada em calor. 
 
Agora, vamos tratar sobre o conceito de impulso. O impulso é um conceito não 
muito diferente do que vimos até agora. Quando você chuta alguém, por exemplo, 
Física I - Mecânica Página 116 
 
você está fazendo um impulso. O projétil deu um impulso em nosso bloco. O impulso 
(I) é um vetor, definido como: 
 ∫ 
 𝑡
 
 
Temos que: 
 
 
 
 
 ∫
 
 
 ∫ 
 
 
 𝑡
 
 
Ou seja, temos que o impulso á igual a variação do momentum: 
 
O impulso muda o momentum. Podemos dizer que o momentum é uma força 
que atua num período de tempo pequeno (mas ás vezes o tempo é um pouco mais 
longo, como é o caso de foguetes). 
Se temos um objeto de massa m e o soltamos de uma altura h ele irá bater no 
chão com uma determinada velocidade v que é dada por √ . Se essa colisão fosse 
completamente elástica a bola iria voltar para cima com a mesma velocidade. Ou seja, 
existe um impulso dado, tanto pela bola no chão quanto pelo chão na bola, que é: 
 
Agora, digamos que a colisão é completamente inelástica. A bola iria bater no 
chão e não retornaria (como se fosse uma bola de massinha que se prende ao chão). 
Dessa maneira o impulso seria apena . 
Temos duas bolas iguais, de massa . Elas serão abandonadas de 
uma altura de cerca de um metro e meio. E a velocidade quando baterem no chão será 
de 5.5 m/s. 
 
Assim temos o seguinte: 
〈 〉 
 
 
 
O impacto dura 2 milissegundos (isso é possível medir com uma câmera 
especial), então: 
〈 〉 
Utilizaremos uma bola de basquete e uma bola de tênis. Colocarei a bola de 
tênis em cima da bola de basquete e as soltarei, de modo que elas caiam juntas. A 
pergunta é: ao soltarmos as bolas, a bola de tênis irá pular após o impacto (juntamente 
com a de basquete), a altura que ela atingir será maior que a altura que a soltamos, 
será igual ou será menor? 
Quando soltamos as bolas, após o impacto a bola de tênis “voa” para longe. 
Falaremos um pouco sobre foguetes. 
Mas antes, vamos no fixar num problema que envolve vários tomates sendo 
jogados no chão. Quando o tomate atinge o chão ele estoura, então temos uma 
colisão inelástica. O momentum do tomate é , então se temos n tomates temos 
que o momentum será . Isso é uma variação do momentum, então: 
 
 
 
 〈 〉 
Então, o chão sentirá uma força direcionada para baixo (e o tomate sentirá a 
mesma força para cima). Podemos escrever essa força de outra maneira: 
Física I - Mecânica Página 117 
 
 
 
 
 
Agora, pegarei um tomate, ou vários tomates, e jogarei contra seu rosto. Isso é 
algo desagradável de fazer. Para ser mais desagradável, jogarei tomates podres. O 
tomate possui, inicialmente, uma velocidade igual a zero. Digamos que o tomate vá até 
você na direção x, então ele apresentará uma velocidade igual a . O tomate vai te 
atingir, podendo ficar grudado em seu rosto ou escorregar. De qualquer maneira, a 
velocidade vai ser cancelada ( . Você vai sentir uma força em seu rosto a 
medida que os tomates vão lhe atingindo. A força irá ao sentido de encontro ao seu 
rosto. Analisando isso como um problema de simetria, perceba que ao final (quando 
você é atingido) a velocidade do tomate vai de para . No início (quando eu 
jogo o tomate) a velocidade vai de para . Então, eu devo sentir uma força no 
sentido contrário. 
 
Pense em um recuo de uma arma de fogo. Quando você dá um tiro, com um 
7.62 ou com uma 12 (por exemplo) você sente uma força contrário, que é o recuo. Ou 
seja, quando eu jogar o tomate eu sentirei a mesma força que você só que no sentido 
contrário. É essa a ideia por detrás de umfoguete. O foguete está expelindo gás em 
uma direção, de modo que ele sente uma força na direção oposta. 
 
Quanto maior a velocidade do gás expelido, maior será a força sentida no 
foguete. Essa força é o impulso do foguete. 
Então, temos um foguete no espaço que expele gás com uma velocidade . O 
foguete sente uma força oposta, chamada de empuxo ( ), que é dada pela 
equação: 
 
 
 
 
Para o foguete Saturno (também chamado de foguete lunar), usado nas 
missões Apollo e Skylab tinha uma velocidade , ou seja o gás saia com 
Física I - Mecânica Página 118 
 
essa velocidade do foguete. A quantidade de gás era cerca de 15 toneladas por 
segundo. Ou seja: 
 
 
 
Isso daria uma força ao foguete: 
 
6 
Se não tivéssemos essa força, o foguete não subiria. A partir que o foguete 
começa a queimar combustível (tempo de queima), o mesmo começa a perder massa, 
pois muito combustível está sendo eliminado. Portanto, a aceleração durante a 
queima aumenta. 
Digamos que você esteja observando um foguete subir. Temos que a força é 
dada, como vimos: 
 
 
 
 
Lembre-se que agora a velocidade do foguete é dada por . 
Em nosso quadro de referência, durante um tempo t o foguete sobe com uma 
velocidade . Em um determinado tempo o foguete aumenta sua velocidade 
para e sua massa é (pois ele expele uma de suas partes). A parte do 
foguete que é expelida sai com uma velocidade com relação ao foguete. Então, para 
nosso quadro de referência essa parte do foguete que é expelida (chamaremos de ) 
possui uma velocidade . 
Faremos uma comparação da quantidade de movimento antes e depois que o 
foguete começa a expelir suas partes. Vamos considerar que não há forças externas 
agindo sobre o foguete. O momentum deve ser, então, conservado. 
No tempo t, o momentum é: 
 𝑡 
O momentum no tempo será: 
 𝑡 𝑡 
Perceba que embora o foguete perca massa, e sua velocidade aumente, 
estamos assumindo o momentum do sistema. Portanto, o momentum se conserva. 
 𝑡 𝑡 
Haverá um produto entre com , mas os valores são tão pequenos 
que podemos ignorá-los. Então: 
 
Podemos tomar a derivada dessa equação: 
 
 
 
 
 
 
O que vemos aqui nada mais é que: 
 
 
 
 
Isso é verdade se não existir forças externas sobre o sistema. Mas é 
interessante analisar um caso real de lançamento a partir da Terra. Então, temos o 
foguete subindo em uma determinada direção ( ) e a força da gravidade é na direção 
oposta ( ). 
Física I - Mecânica Página 119 
 
 
Nesse caso, nossa equação deve ser ajustada: 
 
Mas lembre-se, apenas se tivermos um lançamento vertical na Terra. 
Portanto, temos: 
 (
 
 
) 
Onde e são velocidades finais e iniciais do foguete. O termo é usado 
somente para casos onde o lançamento é na superfície da Terra. O tempo é o tempo 
de queima do combustível. Digamos que tenhamos um lançamento, mas o foguete 
não existe, então o termo (
 
 
) não existe. Assim temos: 
 
E essa equação nós vimos no início do curso. 
Lançamos um foguete, e sua velocidade inicial é zero. Para saber a velocidade 
final, temos que ter (
 
 
) como um número positivo. Mas como obter isso 
sendo que temos um sinal de menos? Bom, lembre-se de que a massa final é sempre 
menor que a massa inicial ( ), portanto o logaritmo sempre será negativo. Com 
isso, todo nosso termo será positivo. 
Vamos tomar um exemplo com alguns dados. O tempo de queima do 
combustível será de 100 segundos. A velocidade inicial será zero e m/s. A 
relação de massa é 
 
 
 . 
Agora podemos encontrar a velocidade final. 
 
Se não houvesse gravidade, a velocidade do foguete seria 2300 m/s. 
Quando você queima certa quantidade de combustível por um certo período de 
tempo, você obtém uma variação constante na velocidade. 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 120 
 
Notas de Aula 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 121 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 123 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 124 
 
Aula 18 – Revisão 
 
Essa aula destina-se à uma revisão sistemática de algumas aulas anteriores. 
Está de acordo com a segunda prova do MIT. A revisão segue a seguinte ordem: 
Leis de Newton 
 Leis de Newton 
 Peso, percepção da gravidade 
 Atrito 
 
Lei de Hooke 
 Molas 
 Pêndulos 
 Movimento harmônico simples 
 
Trabalho 
 Trabalho 
 Energia Cinética e Potêncial 
 Teorema da Energia Mecânica 
 Forças Conservativas 
 
Gravitação 
 Lei da Gravitação Universal 
 
Forças de Resistência 
 Arrasto 
 Velocidade Terminal 
 Velocidade de Escape 
 Orbitas Circulares 
 
Potência 
Momentum 
 Conservação do Momentum 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 125 
 
Aula 19 – Rotação de Corpos Rígidos, Momento de Inércia e Teorema dos Eixos 
 
Vamos lembrar sobre movimentos circulares. Temos um objeto, com certa 
velocidade, percorrendo uma trajetória circular. 
 
Podemos fazer algo que antes não tínhamos feito. Nós podemos dar ao objeto 
uma aceleração. Dessa maneira, não é necessário manter a velocidade constante. 
Assim: 
 
 
 
 
Posso encontrar a aceleração tangencial: 
 𝑡 
 
 
 
 
 
 
Chamamos de aceleração angular, que é medida em rad/s². 
Não confunda aceleração tangencial com aceleração centrípeta. Os dois 
existem em nosso exemplo (a aceleração centrípeta existe, pois caso não existisse o 
objeto não estaria em uma trajetória circular). Nós podemos fazer uma relação das 
equações que tínhamos no movimento linear com as equações do movimento circular. 
Assim, podemos utilizar as equações que já conhecemos, contanto que mudemos 
nossos valores. Portanto: 
 
 
 
Como exemplo, temos a equação: 
 
 
 
 
Para o movimento circular ela se torna da seguinte maneira: 
 
 
 
 
Para a velocidade: 
 
Temos: 
 
Se nós temos um disco girando, podemos nos perguntar qual é a energia 
cinética presente nesse disco. Até então nós estávamos trabalhando com problemas 
Física I - Mecânica Página 126 
 
lineares mas não com objetos em rotação. Faremos isso agora. Temos um disco com 
centro C que gira a uma velocidade angular que pode mudar com o tempo. O disco 
possui uma massa m e um raio R. 
 
Eu quero saber qual a energia cinética de rotação presente nesse disco. Vou 
tomar um pedaço qualquer do disco, e esse pedaço que eu tomar possuirá uma massa 
 e um raio . 
 
A energia cinética desse pedaço do disco será: 
 
 
 
 
A velocidade de é na seguinte direção (faz um ângulo de 90° com o raio ): 
 
Agora, o que sempre vale para objetos em rotação. Então eu posso 
escrever: 
Física I - Mecânica Página 127 
 
 
 
 
 
 
Então, qual será a energia cinética de rotação de todo o disco? Podemos 
escrever: 
 
 
 
 
Ou seja, temos de somar todas as partículas presentes no disco. Se não 
somarmos todas essas partículas estaremos assumindo que a massa de nossa equação 
nada mais é do que o centro de massa, mas no centro de massa a energiacinética de 
rotação é zero. O termo nós chamamos de momento de inércia e 
representamos pela letra I. 
 
Assim, nossa equação fica: 
 
 
 
 
Retornando ás nossas relações de equações lineares, temos: 
 
Para calcular a energia cinética de rotação, devemos conhecer o momento de 
inércia, o que pode dar um pouco de trabalho. É preciso recorrer à matemática, pois o 
cálculo do momento de inércia envolve muito mais matemática do que física. É preciso 
recorrer às integrais. Para nosso caso, como temos um disco o momento de inércia 
será: 
 
 
 
 
O momentum de inércia depende do objeto que temos. Depende também do 
eixo ao qual iremos girar nosso objeto. Se tivermos uma esfera, uma esfera sólida: 
 
 
 
 
 
Onde R é o raio da esfera e m é a massa da esfera. 
Têm-se uma haste, e ela gira ao redor de um eixo que passa pelo centro (esse 
eixo é perpendicular à haste). Temos que a massa da haste é m e o comprimento é L. 
Então, seu momento de inércia é: 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 128 
 
Ao final desse capítulo, teremos uma demonstração de alguns cálculos de 
momentum de inércia. Vamos estudar dois teoremas que nos ajudarão a calcular os 
momentos de inércia na maioria dos casos. Temos um disco em rotação onde a 
rotação é feita sobre o centro de massa. O eixo de rotação nós chamaremos de L, e ele 
é perpendicular ao disco. 
 
O momento de inércia nós já sabemos o valor. Vamos tomar um segundo ponto 
em nosso disco, por onde passa um eixo L’ que é paralelo a L. Vamos forçar nosso 
disco a girar em torno desse eixo. Vamos introduzir o Teorema dos Eixos Paralelos. 
Esse teorema diz que o momento de inércia de rotação sobre o eixo L’, contanto que L’ 
seja paralelo a L, é igual ao momento de inércia de um objeto que gira sobre o eixo L 
através do centro de massa mais a massa do disco vezes a distância dos eixos ao 
quadrado. 
 
Existe um segundo teorema, que serve quando temos objetos finos. Esse 
teorema é chamado de Teorema dos Eixos Perpendiculares. Vamos tomar um ponto 
sobre uma placa irregular (mas fina), e por ele vai passar um eixo, o qual chamaremos 
de eixo z. Esse eixo está indo em sua direção, está saindo do plano. Agora, eu posso 
desenhar qualquer outro eixo x ou y passando por z em qualquer lugar do plano, de 
forma que eles formem um ângulo de 90°. 
 
Lembrando que se utilizarmos a regra da mão direita, temos que . Ou 
seja, o eixo z vem em nossa direção. Agora, podemos girar nossa placa em torno desse 
eixo. Também podemos girar a placa em torno de y e em torno de x. 
Física I - Mecânica Página 129 
 
 
O teorema dos eixos perpendiculares diz que para a rotação em torno de z: 
 
Existem certas aplicações em que a energia cinética é temporariamente 
armazenada num disco rotativo, e nós os chamamos de “flywheels”. A energia cinética 
de rotação pode ser consumida em pouco tempo, o que é bastante econômico. Essa 
energia cinética pode ser convertida em eletricidade, por exemplo, ou em outras 
formas de energia. 
Vamos ver um exemplo de um carro que está descendo uma montanha. A 
estrada é bastante perigosa, possui muitas curvas, um ziguezague. Dessa maneira, o 
condutor do carro deve ir um pouco devagar. A velocidade máxima não pode passar de 
4 metros por segundo. A massa do carro é de 10³ kg. A altura é cerca de 500 metros e 
após descer a montanha você chega ao ponto P. Logo após chegar ao ponto P você 
sobe novamente à montanha até o ponto Q. A pergunta é: qual a sua energia cinética 
em P? 
 
 
Pois bem, sua velocidade é cerca de 4 m/s. No ponto P sua energia cinética é: 
 
 
 
 
Compare esse valor com o trabalho realizado pela gravidade, que é dada por 
 . 
 6 
Ou seja, é um número muito grande. Toda essa diferença de valor foi 
convertida em calor utilizando os freios do veículo. Também existe o desgaste dos 
pneus. A questão é: podemos diminuir a perda dessa energia? A resposta é sim. 
Física I - Mecânica Página 130 
 
Nós podemos instalar discos nas rodas de nosso carro de modo que 
convertamos energia potencial gravitacional em energia cinética de rotação. Vamos 
supor que em seu carro tenha um disco de raio igual a meio metro ( ). A massa do 
automóvel é de 200 kg. O momento de inércia é 
 
 
 . 
O que queremos fazer é converter toda essa energia potencial gravitacional em 
energia cinética do disco. Então: 
 
 
 6 
A frequência do disco será: 
 
Ou seja, durante a descida, à medida que você freia você não estará aquecendo 
seus pneus, nem seus freios, você estará, de alguma forma, convertendo energia para 
o disco giratório. Então a frenagem é feita, agora, devido a uma conversão de sua 
velocidade linear, que vem da energia potencial gravitacional, na rotação do disco. Se 
todos os cinco milhões de joules pudessem ser convertidos novamente para o veículo, 
você poderia subir para o ponto Q sem necessitar de combustível extra. 
Mas nosso exemplo cita um caso para uma montanha. Podemos usar esse 
dispositivo nas cidades? E novamente, a resposta é sim. 
 
Nota Extra 
Flywheel 
"Flywheel" - é um vocábulo inglês que à letra quererá dizer roda que voa. Até a 
uns tempos atrás este "vocábulo" referia-se a "grandes" rodas pesadas que fizessem, e 
ainda fazem, parte de algumas máquinas rotativas, e que têm a função de "guardar" e 
regular a rotação destas (motores) de forma a trabalharem a uma velocidade 
controlada (sem sobressaltos). Não é por acaso que aquando da Revolução Industrial 
(com máquinas a vapor) muitas das máquinas tinham rodas "gigantescas", que no 
fundo eram "Flywheel’s". 
Resumindo, uma "Flywheel" é uma roda feita de um material pesado (aço, 
fibras de carbono especial, etc.) que tem a função de "armazenar" e controlar uma 
certa quantidade de movimento (Energia Cinética). 
 
Freio ABS 
A vantagem do freio ABS se baseia num conhecimento da física. Quando as 
rodas ainda não estão em movimento, elas sofrem com a superfície na qual deslizam 
com uma força chamada de atrito estático. Quando derrapam, elas sofrem uma força 
de atrito cinético. Como a força máxima de atrito estático tem sempre um valor maior 
do que a força máxima de atrito cinético é mais vantajoso para a frenagem que a roda 
diminua sua rotação em movimento do que simplesmente travar. 
 
Talvez no futuro os carros venham com dispisitivos capazes de reutilizar uma 
parte da energia perdida. 
Esses discos em rotação podem utilizar da energia cinética para produzir 
campos magnéticos muito fortes. Em outras palavras, eles convertem energia 
mecânica de rotação em energia magnética. Esse assunto será visto em outra frente da 
física. 
Física I - Mecânica Página 131 
 
Essa enorme quantidade de energia cinética de rotação deve ser armazenada 
em planetas e estrelas, pois eles apresentam uma rotação. Vamos nos fixar nesse 
assunto por um instante. Vamos analisar primeiramente o Sol e a Terra e ver o quanto 
de energia cinética de rotação é armazenada nesses dois corpos. Nas notas de aula nós 
temos alguns dados que utilizaremos, como a massa do Sol e a da Terra e o raio deles. 
Com esses dados, nós podemos calcular o momento de inércia. Da mesma maneira, 
nós podemos calcular o valor da energia cinética de rotação. Se olharmos para o valor 
da energia cinética de rotação do Sol, podemos pensar que a energia que recebemos é 
devida a sua rotação. Mas se isso fosse verdade, a energia duraria apenas 125 anos, o 
que invalida essa ideia. Agora sabemos que a energia proveniente do Sol é devido à 
fusão nuclear. 
Existe um objeto astronômico, não um objetopalpável, chamado de pulsar do 
caranguejo. É uma estrela de nêutrons localizada na nebulosa do caranguejo. Essa 
nebulosa é resultado de um supernova que foi presenciada por volta de 1054 por 
astrônomos chineses. Vamos nos concentrar nas estrelas de nêutrons. Nas notas de 
aula também temos os dados do pulsar do caranguejo. O momento de inércia é 
pequeno se comparado ao Sol, pois o raio do pulsar é bem menor que o do Sol. No 
entanto, se olharmos para a energia cinética de rotação a situação é completamente 
diferente. A estrela de nêutrons gira em torno de seu eixo num tempo igual a 33 
milissegundos. Sua velocidade angular é muito alta. 
O pulsar do caranguejo está irradiando uma grande quantidade de raios-x e de 
raios gama. Existem jatos de gás ionizado saindo da estrela. Toda a energia que esse 
objeto está expelindo vem da sua energia cinética de rotação. 
 Nebulosa do Caranguejo 
Física I - Mecânica Página 132 
 
 
 
Se calcularmos toda a energia que o pulsar do caranguejo dissipa, 
encontraremos uma potência aproximadamente igual a . O pulsar consegue 
gerar energia cerca de 150.000 vezes mais que o Sol. 
O período de rotação de um pulsar, adotando algo bem próximo do real, é 
cerca de 0.0335028583 segundos. Mas esse valor está começando a abrandar. Isso 
significa que está começando a diminuir. 
O pulsar recebe esse nome pois seu brilho parece variar. Isso se deve ao fato de 
que o jato que emana do pulsar sai pelas regiões de campo magnético mais fraco. À 
medida que a estrela de nêutrons gira, o jato aponta em nossa direção 
periodicamente, alternando o brilho. Existem outros tipos de pulsares, como é o caso 
de Mira. A estrela Mira muda de brilho periodicamente no céu, isso ocorre pelo fato 
da combinação de oxigênio e titânio (elementos presentes em sua atmosfera). Esses 
elementos se combinam e formam óxido de titânio, o mesmo usado em protetores 
solares. Uma nuvem negra é formada em volta da estrela, diminuindo assim o seu 
brilho. Porém, Mira não para de liberar radiação, a estrela continua a aquecer até que 
as moléculas da nuvem se rompam e assim o brilho volta a ser intenso. 
Física I - Mecânica Página 133 
 
A companheira de 
Mira atrai boa parte do vento 
estelar da companheira. Isso 
cria uma ponte gasosa entre 
as duas formando um disco 
de acreção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indo mais além... 
 
Cálculo de momento de inércia 
Momento de inércia de uma distribuição de massas pontuais 
Temos que calcular a quantidade 
 
Onde xi é à distância da partícula de massa mi ao eixo de rotação. 
Uma varinha delgada de 1 m de comprimento tem uma massa desprezível. São 
colocadas 5 massas de 1 kg cada uma, situadas a 0.0, 0.25, 0.50, 0.75, e 1.0 m de um 
dos extremos. Calcular o momento de inércia do sistema relativo a um eixo 
perpendicular a varinha que passa através de: 
 Um extremo 
 Da segunda massa 
 Do centro de massa 
 
O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular 
a varinha e que passa pela primeira partícula é 
IA=1·0
2+1·0.252+1·0.52+1·0.752+1·12=1.875 kgm2 
 
O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular 
a varinha e que passa pela segunda partícula é 
IB=1·0.25
2+1·02+1·0.252+1·0.52+1·0.752=0.9375 kgm2 
 
O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular 
a varinha e que passa pela terceira partícula (centro de 
massas) é 
Física I - Mecânica Página 134 
 
IC=1·0.5
2+1·0.252+1·02+1·0.252+1·0.52=0.625 kgm2 
Em vez de calcular de forma direta os momentos de inércia, podemos calcular 
de forma indireta empregando o teorema de Steiner. Conhecido IC podemos calcular IA 
e IB, sabendo as distâncias entre os eixos paralelos AC=0.5 m e BC=0.25 m. 
A fórmula que temos que aplicar é: 
 
 IC é o momento de inércia do sistema relativo a um eixo que passa pelo 
centro de massa 
 I é o momento de inércia relativo a um eixo paralelo ao anterior 
 M é a massa total do sistema 
 d é a distância entre os dois eixos paralelos. 
IA=IC+5·0.5
2=0.625+1.25=1.875 kgm2. 
IB=IC+5·0.25
2=0.625+0.3125=0.9375 kgm2. 
 
Momento de inércia de uma distribuição contínua de massa 
Passamos de uma distribuição de massas pontuais a uma distribuição contínua 
de massa. A fórmula que temos que aplicar é 
 ∫ 
dm é um elemento de massa situado a uma distância x do eixo de rotação 
Resolveremos vários exemplos divididos em duas categorias 
 Aplicação direta do conceito de momento de inércia 
 Partindo do momento de inércia de um corpo conhecido 
 
Momento de inércia de uma varinha (haste) 
 
Vamos calcular o momento de inércia de uma varinha de massa M e 
comprimento L relativo a um eixo perpendicular a varinha que passa pelo centro de 
massas. 
 
A massa dm do elemento de comprimento da varinha compreendido entre x e 
x+dx é: 
 
 
 
 
O momento de inércia da varinha é: 
 ∫
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de um disco 
Vamos calcular o momento de inércia de um disco de massa M e raio R relativo 
a um eixo perpendicular ao plano do disco e que passa por seu centro. 
Física I - Mecânica Página 135 
 
 
Tomamos um elemento de massa que dista x do eixo de rotação. O elemento é 
um anel de raio x e de largura dx. Se recortamos o anel e o estendemos, é convertido 
em um retângulo de comprimento 2px e largura dx, cuja massa é: 
 
 
 
 
 
 
 
O momento de inércia do disco é: 
 ∫
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de um cilindro 
Vamos calcular o momento de inércia de um cilindro de massa M, raio R e 
comprimento L relativo a seu eixo. 
 
Tomamos um elemento de massa que dista x do eixo de rotação. O elemento é 
uma camada cilíndrica cujo raio interno é x, externo x+dx, e de comprimento L, tal 
como é mostrada na figura. A massa dm que contém esta camada é: 
 
 
 
 
 
 
 
O momento de inércia do cilindro é: 
 ∫ ∫
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de uma placa retangular 
 
Vamos calcular o momento de inércia de uma placa retangular delgada de 
massa M de lados a e b relativo ao eixo que passa pela placa. 
Física I - Mecânica Página 136 
 
 
Tomamos um elemento de massa que dista x do eixo de rotação. O elemento 
é um retângulo de comprimento a de largura dx. A massa deste retângulo é: 
 
 
 
 
 
 
 
 
O momento de inércia da placa retangular é: 
 ∫
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de um disco 
 
Vamos calcular o momento de inércia de um disco 
de massa M e raio R, relativo a um de seus diâmetros. 
Tomamos um elemento de massa que dista x do 
eixo de rotação. O elemento é um retângulo de 
comprimento 2y de largura dx. A massa deste retângulo é: 
 
 
 
 
 
O momento de inércia do disco é: 
 ∫
 
 
 
 
 
 
Fazendo a mudança de variável: 
x=R·cos 
y=R·sen 
Chegamos a integral: 
 
 
 
∫ 4 
 
 
∫ 
 
 
 
 
 
 
 
 
∫ 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de uma esfera 
Vamos calcular o momento de inércia de uma esfera de massa M e raio R 
relativo a um de seus diâmetros 
Física I - Mecânica Página 137 
 
 
Dividimos a esfera em discos de raio x e de espessura dz. O momento de inércia 
de cada um dos discos elementares é: 
 
A massa de cada um dos discos é: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O momento de inércia da esfera, é a soma dos momentosde inércia de todos 
os discos elementares. 
 ∫
 
 
 ∫
 
 
 
 
 
 
 
 
∫ 4 
 
 
 
 
 
Para resolver a integral temos que relacionar a variável x com a z. Como vemos 
na figura x2+z2=R2 
 
 
 
∫ 
 
 
∫ 4 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de um cilindro 
Vamos calcular o momento de inércia de um cilindro de massa M, raio R e 
comprimento L, relativo a um eixo perpendicular a sua geratriz e que passa por seu 
centro. 
 
Dividimos o cilindro em discos de raio R e espessura dx. O momento de inércia 
de cada um dos discos relativo a um de seus diâmetros é: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicando o teorema de Steiner, calculamos o momento de inércia deste disco, 
relativo a um eixo paralelo situado a uma distância x. 
Física I - Mecânica Página 138 
 
 
 
 (
 
 
 )
 
 
 (
 
 
 )
 
 
 
O momento de inércia do cilindro é: 
 ∫ (
 
 
 )
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Momento de inércia de um paralelepípedo 
Vamos calcular o momento de inércia de um paralelepípedo de massa M e de 
lados a, b e c relativo a um eixo perpendicular a uma de suas faces. 
 
Dividimos o paralelepípedo em placas retangulares de lados a e b e de 
espessura dx. O momento de inércia de cada uma das placas relativo seu eixo de 
simetria é: 
 
Aplicando o teorema de Steiner, calculamos o momento de inércia desta placa 
relativo a um eixo paralelo situado a uma distância x é: 
 
 
 (
 
 
 )
 
 
 (
 
 
 )
 
 
 
O momento de inércia do sólido em forma de paralelepípedo é: 
∫ (
 
 
 )
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
http://www.fisica.ufs.br/egsantana/solido/din_rotacion/inercia/inercia.htm 
www.sc.ehu.es/sbweb/fisica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 139 
 
Notas de Aula 
 
Dados do Sol, Terra e Pulsar do Caranguejo. 
 
 
Física I - Mecânica Página 140 
 
Imagem de Raios-X do Pulsar do Caranguejo (Chandra X-ray Observatory) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 141 
 
Aula 20 – Momento Angular 
 
É preciso dizer que o assunto desta aula, e de outras que virão, necessita de 
uma atenção extra. O assunto sobre momento angular e torque se torna, muitas das 
vezes, mal compreendido pelos alunos. Por essa razão algumas aulas serão voltadas 
para tais assuntos. 
Vamos iniciar estudando o momento angular. Eu tenho um objeto de massa m 
que possui uma velocidade v. 
 
Então, claramente nós temos um momentum p. 
 
O momento angular eu posso tomar em relação a qualquer ponto, o qual eu 
chamarei de Q. Então existirá um vetor que determinará a posição do objeto com 
relação a Q. Um ângulo é formado pelo vetor com a velocidade. 
 
Assim, o momento angular com relação a Q ( ) é dado por: 
 
A magnitude do momento angular em relação a Q é: 
| | 
Muitas das vezes podemos utilizar uma notação abreviada para , a qual 
escrevemos simplesmente . Ou seja, r é a distância perpendicular com relação a Q. 
Assim: 
Física I - Mecânica Página 142 
 
 
A direção do momento angular é fácil de achar, nós já vimos isso. Utilizando a 
regra da mão direita veremos que a direção do momento, dado por , é entrando 
no plano ( ). Agora, digamos que eu escolha qualquer ponto da linha de p. Chamarei 
esse ponto de C. 
 
Em relação a C o momento angular é zero ( ). Isso é verdade, pois o vetor 
posição e o vetor velocidade encontram-se, nesse caso, na mesma direção. Ou seja, o 
ângulo é zero e seno de zero é zero. Percebemos com isso que o momento angular não 
é uma propriedade intrínseca do objeto em movimento, ao contrário do momentum. 
Se você observa um objeto se movendo e você conhece sua velocidade então você 
pode encontrar seu momentum. Mas para calcular o momento angular você deverá 
escolher um referencial. Se você escolhesse um ponto diferente de Q, digamos um 
ponto D, então a direção do momento angular seria para fora do plano ( ). Basta 
utilizar a regra da mão direita. 
 
Vamos analisar uma situação em que a velocidade de um objeto está mudando, 
mas o momento angular permanece o mesmo. Vamos tomar a Terra (m), que gira ao 
Física I - Mecânica Página 143 
 
redor do Sol (C). A distância é dada pelo vetor . A Terra possui uma velocidade 
tangencial. A velocidade em si muda, mas a velocidade escalar nunca muda. 
 
Agora, vamos para o momento angular da Terra, ao redor do Sol, ou seja, com 
relação a C. Tomando o ponto C. Perceba que a direção do momento angular é saindo 
do plano. 
| | | | 
Perceba que o ângulo da velocidade com o vetor posição é de 90°, ou seja, o 
seno é igual a um e portanto não é necessário escreve-lo. Então, podemos escrever: 
| | 
Se Tomarmos a Terra em outra posição veremos que o nosso momento angular 
permanecerá o mesmo. Isso ocorre devido à existência da velocidade tangencial. Em 
qualquer momento a Terra apresenta uma velocidade tangencial que é perpendicular 
ao vetor posição. Portanto, em qualquer momento o ângulo é 90° e o seno é igual a 
um. 
 
Portanto, a velocidade está mudando mas o momento angular em relação a C 
não muda. Suponha que eu tenha escolhido um ponto Q ao invés do ponto C. 
Física I - Mecânica Página 144 
 
 
Em determinado momento a Terra passa pelo ponto Q, então o momentum 
angular com relação a Q é zero (quando a Terra está nele), pois o vetor posição é zero. 
O momento angular só não mudará se adotarmos nossa referencia como o ponto C. 
Em outras palavras, para esse caso, o momento angular se conserva somente no caso 
de nossa referencia ser o ponto C. Analisemos isso de um modo mais geral. Vamos 
tomar nossa referencia como um ponto Q. 
 
Vamos derivar essa equação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O termo 
 
 𝑡
 nós sabemos que é a velocidade do objeto que por sua vez é na 
mesma direção de p. Portanto o termo 
 
 𝑡
 é igual à zero. O termo 
 
 𝑡
 é a força. 
Então, temos: 
 
 
 
E assim temos o chamado torque, que representamos por que é um vetor. 
 
No caso de nossa referencia ser o ponto Q, teremos: 
 
Analisando essa equação podemos ver que se ocorre uma variação da 
quantidade de momento angular é porque temos um torque agindo sobre o objeto. Se 
não existir torque, então o momento angular será conservado. 
No exemplo que vimos sabemos que existe uma força (força da gravidade) 
apontada para C. Ou seja, essa força é contrário ao sentido do vetor posição, o que nos 
dá . Ou seja, não existe torque com relação a C. Portanto, não importa em 
que posição a Terra esteja no círculo, o produto da força da gravidade vezes a posição 
será sempre zero. Mas se tomarmos outro ponto, como foi o caso de Q então existirá 
um torque. Portanto se existir o torque haverá mudança no momento angular. 
Vamos expandir a ideia do momento angular. Tomemos um objeto se movendo 
pelo espaço. Esse objeto pode ser um disco, ou uma esfera. Ele está em rotação em 
torno de seu centro de massa. Vamos usar um disco de massa M e raio R. O centro demassa do disco é dado por C. O disco gira com uma velocidade angular . 
Física I - Mecânica Página 145 
 
 
Eu quero saber o valor de . A direção do momento angular é trivial. Vamos 
tomar um ponto qualquer nesse disco e sua massa será . Nós teremos um raio 
que é à distância do centro ao ponto e teremos que apresenta uma velocidade ( ) 
que forma um ângulo reto com . 
 
O sentido do momento angular está saindo do plano. Mas qual será a 
magnitude do disco como um todo? Primeiro vamos calcular o momento angular de 
 em relação a C. Vamos tratar apenas da magnitude, então: 
 
A velocidade vai depender de quão longe você está do centro, pois no centro o 
raio é zero e isso anula sua velocidade (no caso a do objeto). Mas, por mais que as 
velocidades dos diversos pontos no disco possam ser diferentes, a velocidade angular 
 vai ser sempre a mesma. Então: 
 
Então, nossa equação fica: 
 
 
Com isso, podemos calcular o momento angular do disco em relação a C: 
 
 
 
E novamente temos que 
 é o momento de inércia. 
Então podemos escrever: 
 
Se existe uma rotação em torno do centro de massa, eu posso escolher 
qualquer outro ponto para colocar meu objeto que o valor do momento angular será 
sempre o mesmo. Poderia escolher um ponto fora do disco, mas meu momento 
angular seria o mesmo. 
Física I - Mecânica Página 146 
 
O chamado spin é uma propriedade intrínseca do objeto. É a rotação em torno 
de seu centro de massa. Independe do ponto que você escolher para calcular o 
momento angular. Então, quando um objeto gira em torno do seu centro de massa 
não é necessário especificar o ponto que escolheu como origem. A Terra está girando 
ao redor de seu centro de massa, então a Terra possui um momento angular intrínseco 
de spin. 
Vamos fazer uma experiência que nos permitirá entender um pouco de ballet 
no gelo. Temos uma plataforma giratória. Uma pessoa está em cima dela e nós iremos 
girar a plataforma e logicamente a pessoa vai girar junto. A pessoa segura um peso em 
cada mão. Eles pesam cerca de 1.8 kg. A massa total da pessoa, incluindo os pesos e a 
plataforma, é de 75 kg. Quando a pessoa começar a girar ela estará com os braços 
esticados (abertos): 
 
A pessoa está girando em torno de seu centro de massa. O vetor do momento 
angular é direcionado para cima. Existe também a força da gravidade atuando sobre a 
pessoa, mas ela possui o mesmo valor da força normal que é oposta, então não 
precisamos nos preocupar com isso. A medida que a pessoa começar a girar ela vai 
fechar os braços, trazendo eles mais perto do corpo: 
 
Não existe torque agindo na pessoa durante o movimento. Nós apenas 
empurramos a pessoa no início para que ela começasse a girar, mas durante o 
movimento não houve torque algum. Como não existe torque, o momento angular 
deve ser conservado. Então: 
 
Quando a pessoa puxar os pesos, ou seja, trouxer os braços para mais perto do 
corpo, o momento de inércia deverá diminuir. Se o momento de inércia diminui então, 
para que o momento angular permaneça conservado, o valor de deve subir. Quando 
a pessoa abre os braços, o momento de inércia aumenta então deve diminuir. 
Física I - Mecânica Página 147 
 
Assim, com os braços abertos a pessoa gira mais devagar e com os braços fechados a 
pessoa gira mais rapidamente. Vamos, para simplificar um pouco as coisas, imaginar o 
corpo da pessoa como uma superfície cilíndrica de modo que possamos calcular o 
momento de inércia mais facilmente. O cilindro possui um raio de 20 cm, que é 
próximo do raio da pessoa com os braços fechados. 
 
Podemos agora calcular o momento de inércia. Então, o momento de inércia 
quando a pessoa está com os braços fechados será: 
 
 
 
 
Agora, a pessoa vai abrir os braços, de modo que o comprimento dos braços, 
que seria o raio, é cerca de 90 cm. Como aumentamos o valor do raio, então o 
momento de inércia deve aumentar. 
 
Quando um patinador no gelo começa a girar e fecha seus braços, então ele 
começa a girar mais rapidamente, pois como vimos com os braços abertos o momento 
de inércia é maior mas o momento angular é constante, pois não há torque, então 
quando o momento de inércia aumenta a velocidade angular diminui e vice-versa. 
 
Podemos fazer essa experiência em cima de uma plataforma giratória ou então 
em cima de uma cadeira giratória. 
Física I - Mecânica Página 148 
 
 
Se nós temos muitos pontos juntos, como já discutimos anteriormente com 
momentum, esses pontos interagem uns com os outros. Esses pontos podem ser 
estrelas que interagem gravitacionalmente ou podem ser objetos ligados por molas. O 
certo é que eles tem uma interação interna, eles colidem, se despedaçam, há atrito, 
qualquer uma dessas situações. Então, eu posso tomar dois desses pontos e eles irão 
sofrer uma atração de mesma intensidade, pois ação é igual a menos reação. Se não 
existir uma força externa sobre eles, o momento angular se conservará. Da mesma 
maneira, todos os torques internos se cancelam. 
Nós podemos fazer uma comparação da conservação do momento angular com 
a conservação da quantidade de movimento. No caso da conservação de momento nós 
tínhamos um sistema de objetos e na ausência de uma força externa sobre o sistema 
como um todo o momentum era conservado. Agora nós temos um conjunto de 
partículas onde não há qualquer tipo de torque externo agindo então o momento 
angular é conservado. Voltando para o caso de um patinador no gelo, quando ele 
fecha os braços ele diminui seu momento de inércia e aumenta a velocidade. Quando 
uma estrela encolhe, ou seja, seu raio diminui, seu momento de inércia diminui e 
portanto a velocidade angular da estrela aumenta. 
O que determina o tamanho de uma estrela? 
Dentro de uma estrela nós temos uma fornalha, o núcleo da estrela onde 
ocorrem fusões nucleares que transformam elementos mais leves em elementos mais 
pesados. O calor produz pressão na estrela, de maneira que faz com que a mesma 
comece a expandir. Por outro lado, existe a gravidade que busca conter essa expansão 
estelar. A gravidade tenta colapsar a estrela. 
 
Física I - Mecânica Página 149 
 
A natureza busca uma maneira de equilibrar a gravidade com a pressão 
produzida pela fusão. Chega um momento, porém, que a fusão nuclear deixa de 
ocorrer, pois todo o material para isso (combustível) foi consumido. Para o Sol, a fusão 
continuará ocorrendo por mais cinco bilhões de anos. O tempo total de vida do Sol é 
de dez bilhões de anos, ou seja, ele está na metade de sua vida. Uma vez que todo o 
combustível da estrela é queimado ela pode ter seu fim de três maneiras distintas, 
dependendo de seu tamanho. Assim, teremos: 
1) Anã Branca: seu raio é aproximadamente igual ao da Terra ( 4 ). 
Sua massa é cerca da metade da massa do Sol ( ). Sua 
densidade será de 6 . Nosso Sol se tornará uma anã branca. 
2) Estrela de Nêutrons: seu raio é aproximadamente . Sua massa é 
cerca de . Sua densidade é cerca de 
 4 . 
3) Buraco Negro: não vamos nos ficar ainda nesses objetos. Seu raio é , 
sua massa é cerca de três vezes maior do que a massa do sol, ou seja, 
 . A densidade de um buraco negro é infinitamente grande. 
Como vimos o que determinará se uma estrela se transformará em um desses 
objetos é sua massa. Ao final de sua vida, o Sol irá expandir suas camadas externas e 
seu núcleo vai colapsar e formar uma anã branca.Quando uma estrela colapsa uma grande quantidade de energia potencial 
gravitacional é liberada em forma de energia cinética. A energia por sua vez se 
converte em calor e radiação. Além de liberar uma grande quantidade de energia, a 
estrela começa a girar, pois seu raio diminui e a velocidade angular aumenta (pois seu 
momento de inércia diminui). Vamos tomar alguns valores. Quero colapsar uma 
grande estrela, de maneira que ao final eu tenha uma estrela de nêutrons. Então: 
 5 
A massa é cerca de: 
 
Quando a estrela colapsar, uma grande quantidade de energia potencial 
gravitacional será liberada. Seu valor será: 
 46 
Esse valor é convertido em energia cinética e depois em calor. Para se ter uma 
ideia desse valor, toda a energia que o Sol produz em seus 10 bilhões de anos é cerca 
de cem vezes menor do que 46. Assim quando um colapso acontece e essa grande 
quantidade de energia é liberada nós temos a chamada supernova. As camadas 
Física I - Mecânica Página 150 
 
externas da estrela são lançadas para fora com uma velocidade de 10.000 quilômetros 
por segundo. 
A foto a seguir mostra uma imagem de uma supernova. Uma supernova pode 
ser mais brilhante do que todas as estrelas de sua galáxia. 
 
Em 1987, Ian Shelton descobriu a nebulosa conhecida como 1987A. Ele 
percebeu que uma estrela na Grande Nuvem de Magalhães (uma pequena galáxia 
satélite cuja distância de nós é cerca de 160.000 anos luz) estava um tanto quanto 
estranha. Aquela estrela não deveria estar lá. A nebulosa 1987A foi a remanescente de 
uma supernova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 151 
 
Aula 21 – Torque 
 
Na aula anterior nós vimos a respeito de momento angular e torque. Como foi 
dito, esses conceitos necessitam de uma atenção extra, pois são conceitos complicados 
de se estudar. Para compreender esse assunto é necessário um pouco de treino e não 
fique aborrecido se demorar um pouco para entender o assunto. 
Lembrando nossa definição de momento angular (com relação a um ponto Q): 
 
O torque em relação a Q é: 
 
Devemos nos lembrar de que o torque conduz a uma mudança no momento 
angular: 
 
 
 
Se não há torque então o momento angular é conservado. 
Vamos tomar um exemplo da Terra (m) se movendo ao redor do Sol (C). Nós 
temos a força da gravidade direcionada para o centro. 
 
Vamos partir da equação do momento angular com relação a C: 
| | 
O seno é um, pois o ângulo formado é de 90° e o sentido do vetor momento 
angular é para fora do plano. Podemos escrever o momento angular como: 
| | 
 
O momento de inércia com relação ao ponto C pode ser calculado: 
 
O que coincide com . Observando a seguinte equação: 
 
Ela nos diz que se escolhermos o ponto C, e somente esse ponto, então o 
torque é zero. Isso ocorre pois a força e o vetor posição formam um ângulo de 
180°entre si. Ou seja, com relação ao ponto C o momento angular é conservado. 
 
Qualquer outro ponto que escolhermos existirá um torque envolvido, fazendo 
com que o momento angular não seja conservado. Mas podemos tomar um exemplo 
no qual o momento angular seja conservado em relação a apenas um ponto mas não 
para qualquer outro ponto. Tomemos uma barra, ou uma haste, de massa M e 
comprimento L com seu centro de massa dado em C. Nós iremos forçar essa barra a 
Física I - Mecânica Página 152 
 
girar em torno de um ponto P. A distância de C a P é dado por d. Vamos pensar em 
uma situação sem atrito e nossa barra gira com uma velocidade . 
 
Vamos supor que existe um prego em P, então a barra gira ao redor de P. Eu 
quero saber qual é a magnitude do momento angular com relação ao ponto P: 
| | 
Vamos nos recordar do teorema dos eixos paralelos, pois eu tenho um eixo no 
centro de massa e tenho um eixo em P. 
O momento de inércia passando pelo centro de massa da barra é: 
 
 
 
 
Então, o teorema dos eixos paralelos me diz que: 
 
Assim eu tenho que: 
| | (
 
 
 ) 
Vou afirmar que no ponto P deve existir uma força agindo sobre ele, a qual é na 
seguinte direção: 
 
Vamos analisar melhor esse caso observando uma haste sem massa, mas com 
dois objetos de massas iguais em suas extremidades. Elas irão girar ao redor de um 
eixo que passa pelo centro. Haverá forças centrípetas (partindo dos objetos) 
apontando para o centro da haste. Essas forças possuem a mesma intensidade, mas 
sentidos opostos e por essa razão elas se anulam. 
 
Mas agora, digamos que eu tenha a mesma haste, mas vou girá-la em torno de 
outro ponto, descrito na figura: 
 
Então, a força centrípeta do objeto da direita é maior do que o da esquerda. 
 
Existe uma assimetria nesse sistema. Haverá uma força da haste sobre o ponto 
no qual a haste gira e vice-versa. Mas essas forças não me interessam, pois iremos 
analisar apenas o torque sobre a haste. Quando existe um torque, como é o caso da 
Física I - Mecânica Página 153 
 
haste com os pontos P e C, qualquer força através do ponto P (como é o caso) não tem 
efeito algum, pois o vetor posição é zero. Mas existe uma força. 
Se eu tomar o torque com relação a P, eu não me preocuparei com a outra 
força agindo em P. O torque com relação a P é zero: 
| | 
Então o momento angular sobre esse ponto deve ser conservado. Podemos 
pegar qualquer outro ponto que o momento angular não será mais conservado. Agora, 
faremos uma rotação em torno do centro de massa. Vamos utilizar a mesma barra, 
mas dessa vez o giro será em torno de C (centro de massa). 
 
Não existe nenhuma força sobre C devido à simetria. Se não existe força, então 
o torque, com relação a qualquer ponto, deve ser zero. Isso ocorre porque se a força é 
zero então não importa qual ponto nós peguemos, sempre teremos e como 
vimos, . 
O momento angular com relação ao centro de massa será: 
| | 
 
 
 
Vamos para algumas aplicações. Na verdade existem inúmeras aplicações, 
umas mais intuitivas e outras nem tanto. Temos uma haste sobre uma mesa horizontal 
sem atrito. A haste tem massa M e comprimento L e seu centro de massa é dado por C. 
Eu darei um impulso perpendicular à direção da haste. Existe uma distância do centro 
de massa até o sentido do impulso. 
 
A pergunta é: o que irá acontecer com esse objeto? 
Bom, certamente nossa haste vai se mover para a direita, pois ela sofreu um 
empurrão nessa direção. Mas, existe rotação? E se existe, sobre qual ponto ela vai 
girar? O giro deve ser em torno do centro de massa. Mas para que isso ocorra, é 
necessário dar uma velocidade ao centro de massa, que nunca mudará, e também ter 
uma velocidade angular em torno do centro de massa. 
Física I - Mecânica Página 154 
 
 
Com o passar do tempo, essa haste irá se mover para frente, mas seu centro de 
massa nunca mudará, assim como sua velocidade e sua velocidade angular. Para o 
centro de massa, sempre teremos: 
 
Para uma força que atua em certo período de tempo, temos que sua magnitude 
é: 
 𝑡 
O que nada mais é do que o impulso: 
 𝑡 
Como a velocidade antes de eu aplicar o impulso era zero, temos que 
 . Então temos que o impulso será: 
 
 
 
 
 
E assim podemos calcular a velocidade da haste. Perceba que esse resultado é 
independente do valor de d, ou seja: não importa onde aplicamos o impulso, o centro 
de massa sempre se comportará de uma forma pontual,então a velocidade dependerá 
apenas do valor do impulso e da massa do objeto. 
Agora, veremos outra aplicação do uso de torques. Essa aplicação está 
relacionada com osciladores harmônicos simples. Nós conseguimos calcular o período 
de oscilação de um pêndulo, o que não foi muito difícil. Mas agora imagine que temos 
uma régua, com um furo em uma de suas extremidades. Nós penduraremos essa 
régua em um suporte e então a soltaremos, de maneira que ela irá oscilar como se 
fosse um pêndulo. Como calcular o período de oscilação dessa régua? 
A massa possui uma massa M e um comprimento L. Seu centro de massa está 
como descrito na imagem. A régua vai girar em torno de um ponto P, que será o furo 
da régua. A distância do centro de massa ao ponto P eu chamarei de b. 
Física I - Mecânica Página 155 
 
 
Existe também um ângulo formado entre o CM e o ponto P. 
 
Com certeza haverá uma força em P, mas não precisamos nos preocupar com 
isso. Eu vou tomar o torque com relação ao ponto P, de maneira que eu me livre de 
todas as forças que estão nesse ponto. Assim temos: 
 
Então, a magnitude do torque, que estará mudando com o tempo, será: 
| 𝑡| 𝑡 
Esse meu resultado deve ser igual ao meu momento de inércia em P: 
| 𝑡| 𝑡 
Eu tenho que é minha aceleração angular. Porém, há algo muito importante a 
notar: esse torque é um torque de restauração, ou seja, ele busca retornar o objeto a 
posição de equilíbrio. E por essa razão, nós precisaremos de um sinal de menos em 
nossa equação: 
| 𝑡| 𝑡 
Podemos escrever: 
 
 
 
 
 
 
 
Aqui podemos usar a aproximação por pequenos ângulos. Assim: 
Física I - Mecânica Página 156 
 
 
 
 
 
 
 
 (
 
 
) 
E esse resultado nos descreve uma oscilação harmônica simples. O que nos da à 
resposta: 
 𝑡 
O dessa ultima equação nada tem a ver com o da primeira equação. Na 
primeira equação é a velocidade angular e nessa última equação ele é a frequência 
angular. A frequência angular nunca muda, mas a velocidade angular está mudando o 
tempo todo. Assim temos: 
 √
 
 
 
 √
 
 
 
Utilizando o teorema dos eixos paralelos, temos: 
 
 
 
 
O que nos fornece: 
 √
 
 
 
 
 
Agora que tratamos o problema com respeito a uma régua, ou uma haste, 
vamos analisar um objeto um pouco diferente. Vamos tomar um bambolê. Nós vamos 
fazer a mesma coisa com o bambolê. Teremos um pino (no ponto P) no bambolê. O 
centro de massa é dado por C. Depois de certo tempo o bambolê vai oscilar, e teremos 
uma nova posição do centro de massa. Um ângulo será formado entre o centro de 
massa e a nova posição do centro de massa após o bambolê se deslocar. A massa do 
bambolê é M e seu raio é R. Eu sei que existem forças que passam pelo ponto P, mas 
eu não preciso me preocupar com elas. O que eu devo levar em consideração é a força 
peso e o vetor posição . 
 
Então: 
Física I - Mecânica Página 157 
 
| | 
 
 
 
O momento de inércia do ponto P será descrito pelo teorema dos eixos 
paralelos: 
 
 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
O que nos da uma oscilação harmônica simples. Assim temos que o período 
será: 
 √
 
 
 √
 
 
 
E isso é semelhante a um pêndulo. Se eu tivesse um pêndulo de comprimento 
2R eu encontraria o mesmo resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 158 
 
Aula 22 – Leis de Kepler e Mudanças de Órbitas 
 
Nessa aula iremos estudar órbitas elípticas e as famosas Leis de Kepler. Vamos 
apenas nos lembrar do que vimos sobre órbitas circulares: 
Temos um objeto, como a Terra, se movendo através de uma órbita circular. 
Assim, podemos obter as equações de nosso movimento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 √
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 √
 
 
 
As órbitas dos planetas no sistema solar são próximas de um movimento 
circular, mas não são circulares. A forma mais geral é dizer que suas órbitas são 
elípticas. No início do século XVII, Kepler formulou três importantes leis. A primeira lei 
diz que a órbita dos planetas são elípticas. Nesse modelo, os planetas giram ao redor 
do Sol, e o Sol, por sua vez, ocupa um dos focos da elipse. Essa lei é conhecida como lei 
das órbitas. 
 
A segunda lei de Kepler parece ser um pouco mais bizarra. Essa lei é conhecida 
como lei das áreas. Se tomarmos uma elipse e colocarmos o Sol em um de seus focos, 
e o planeta vai do ponto um ao ponto dois em certo período de tempo teremos uma 
área formada entre esses dois pontos e o Sol. Se tomarmos o mesmo período de 
tempo, mas agora o planeta indo do ponto três ao ponto quatro, teremos outra área. 
A segunda lei de Kepler diz que essas áreas são iguais. 
Física I - Mecânica Página 159 
 
 
Assim, para a segunda lei temos que as áreas são iguais para tempos iguais. De 
alguma maneira, essa lei tem algo com conservação de momento angular. 
Sua terceira lei diz que se tomarmos o quadrado do período orbital ao redor de 
uma elipse, ele será proporcional á distância média ao Sol na potência de três. 
 
Nas notas de aula temos alguns dados obtidos por Kepler. Perceba que a 
distância média da Terra ao Sol é dada por 1 AU (ou 1 UA). Isso significa unidade 
astronômica. A relação da distância ao cubo dos planetas conhecidos na época de 
Kepler dividido por seus períodos ao quadrado nos dá valores quase que constantes. 
Assim, temos que a terceira lei pode ser escrita como: 
 
 
 
 
Em que K é a constante de Kepler. 
Portanto, no geral, as órbitas planetárias são elipses. Vamos nos fixar por um 
instante nas elipses. Temos om objeto ao redor de um corpo, que pode ser a Terra ou 
o Sol. Vamos assumir que seja a Lua ao redor da Terra. A distância entre os extremos 
mais afastados da elipse (perigeu e apogeu) nós chamamos de 2a. Perigeu é o ponto 
onde a Lua está mais próxima da Terra (que se encontra no ponto Q, que é um dos 
focos) e apogeu é o ponto mais afastado. 
 
Se ao invés da Lua e da Terra tivéssemos a Terra e o Sol, esses pontos seriam 
chamamos de periélio e afélio. Temos então uma massa menor m girando ao redor de 
M com uma velocidade dada por v. Podemos então tomar algumas equações para 
nosso movimento: 
 
 𝑡 𝑡 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 160 
 
 
 
 
 
 √
 
 
 𝑡 𝑡 
Perceba que as equações do movimento circular e do movimento elíptico são 
bem parecidas. 
Vamos supor que temos mais de uma órbita elíptica que possuem o mesmo 
eixo maior, de maneira que o período é o mesmo. Temos uma órbita maior, que se 
aproxima de um círculo, e uma órbita menor. 
 
A distância de 1-2 é a mesma distância de 3-4. Isso quer dizer que de acordo 
com as equações 5 e 6 ambas possuem a mesma excentricidade e a mesma energia 
mecânica, e ambas possuem o mesmo período. 
Um objeto de massa m está em uma órbita elíptica e queremos obter todas as 
informações possíveis de nossa elipse. Temos nossa elipse de um objeto que gira ao 
redor da Terra (M), então o ponto P será o perigeu e o ponto A será o apogeu. A 
distância AP será igual a 2a, que nada mais é do que nosso semieixo maior. A distância 
de m até Mé dada por . Vamos imaginar isso como sendo no tempo zero. O objeto 
apresenta uma velocidade e o ângulo entre a velocidade e o vetor posição é dado 
por . 
 
A partir de M, , e podemos descobrir o tempo que nosso objeto leva 
para completar uma volta? Podemos descobrir o que é QP? Podemos descobrir o que 
é o semieixo maior? Podemos descobrir a velocidade do ponto P e no ponto A? A 
resposta é sim. Vamos nos voltar a equação 5, que é a conservação da energia 
mecânica. 
 𝑡 𝑡 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 161 
 
Então, podemos usar a equação 6 e calcular quanto tempo o objeto demora 
para dar uma volta completa. Vamos ver um exemplo para qual a Terra está no foco. 
 4 
 
 
 
Através da equação 5, podemos encontrar . Isso nos mostra 
que 2a = 10.000 km. E por que essa distância é tão grande? A resposta para essa 
questão está em analisar a velocidade de escape: 
 √
 
 
 
Usando a equação número 6 nós podemos encontrar o tempo que m leva para 
dar uma volta completa ao redor de M. 
 
Agora, queremos saber a situação no perigeu e no apogeu. Podemos calcular a 
distância QP, a velocidade em P e em A. Vamos aplicar a conservação de momento 
angular para esse sistema. O momento angular é conservado com relação ao ponto Q 
e apenas com relação a esse ponto. Assim: 
| | 
Essa é a situação do objeto no ponto D. 
 
No ponto P a velocidade será perpendicular à linha QP, de modo que o seno do 
ângulo será um: 
 
Então eu posso igualar os momenta em D e em P: 
| | 
Da mesma maneira, podemos fazer com relação ao ponto A ao invés de P. Aqui 
temos uma equação com duas incógnitas ( e ), assim precisamos de outra 
equação. 
Física I - Mecânica Página 162 
 
Mas temos que nos lembrar de que existe a conservação de energia mecânica. 
Portanto, temos que a energia total deve ser conservada: 
 𝑡 𝑡 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que nada mais é do que nossa equação 5. Dessa maneira você irá obter duas 
soluções. Um , ou seja, uma velocidade em P que te dará a distância QP e 
 , ou seja, uma velocidade em A que te dará a distância QA. 
Com os dados que tínhamos anteriormente encontraremos: 
 
 4 
Assim: 
 5 
Agora, vamos falar de um assunto um pouco mais complicado. O assunto é 
sobre mudanças de órbitas. Vamos estudar o caso de um foguete, que começa em 
uma órbita circular. Vamos lançar o foguete de maneira que a velocidade irá aumentar 
tangencialmente à trajetória. Nossa trajetória circular possui um raio R e o ponto X é 
onde iremos lançar o foguete. 
 
A primeira coisa que faremos é aumentar a energia cinética. Então nós iremos 
expelir o gás do foguete de maneira que ele (o foguete) vá na direção da trajetória 
circular. Ou seja, vamos fazer com que o gás vá na direção oposta ao movimento: 
 
A velocidade do foguete irá aumentar, pois eu aumento a energia cinética, 
então teremos uma nova velocidade que será maior: 
Física I - Mecânica Página 163 
 
 
Se a velocidade do foguete aumentou, a energia cinética aumentou. Estamos 
considerando que a queima de combustível do foguete é tão curta que após a queima 
o foguete continua em X, portanto a energia cinética aumentou mais a energia 
potencial permaneceu a mesma de modo que a energia total aumentou. Assim: 
 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡 
Então: 
 
Agora estamos entrando em uma órbita elíptica, pois a nova velocidade não é 
mais a velocidade certa para uma órbita circular. Então, o que está ocorrendo é: 
 
E claramente , pois a energia total é maior. Isso também significa que 
o período da órbita elíptica deve ser maior que o da órbita circular. Agora, vamos 
expelir o gás do foguete na direção oposta (na mesma direção do movimento circular), 
de maneira que iremos diminuir a energia cinética e consequentemente a velocidade 
do foguete. Após a explosão do combustível minha velocidade será menor: 
 
Quando eu fizer isso teremos: 
Física I - Mecânica Página 164 
 
 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡 
 
 
Então, nossa nova órbita será: 
 
Notas de Aula: 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 165 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 166 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 167 
 
Aula 23 – Efeito Doppler, Sistemas Binários, Estrelas de Nêutrons e Buracos Negros 
 
A velocidade do som no ar é de aproximadamente 340 m/s. Esse valor depende 
também da temperatura. Quando você está conversando com alguém a voz dessa 
pessoa chega aos seus ouvidos com a velocidade 340 m/s. Quando você fala, você 
produz uma certa frequência, certas oscilações por segundo. 
Um diapasão oscila 440 vezes por segundo. Quando batemos num diapasão 
nosso tímpano oscila 440 vezes por segundo. Se você ficar parado e eu mover o 
diapasão de várias maneiras diferentes, em várias direções, você ouvirá frequências 
diferentes do mesmo objeto. Isso é o que chamamos de Efeito Doppler. 
Se a fonte de som se aproxima de você, então você ouvirá uma frequência 
que é maior que a frequência do objeto em questão ( ). Agora, se o objeto se 
move para longe de você, ou seja, a fonte está se afastando, então você ouvirá uma 
frequência que é menor que a frequência do objeto ( ). 
Pense em uma sirene de ambulância quando se aproxima de você. Quando a 
ambulância está mais perto o som é mais agudo e à medida que ela vai se afastando o 
som vai ficando mais grave. 
Temos um transmissor de som cuja velocidade é 𝑡 . O transmissor se 
aproxima de você, de maneira que você ouvirá: 
 
O valor mostra que é uma parte de 340 m/s (pois a velocidade é 1 m/s). 
Se o transmissor se afasta você ouvirá: 
 
Imagine que agora eu irei rodar uma fonte de som ao redor de um círculo. A 
frequência que você irá receber chegará aos seus ouvidos de uma maneira senoidal (a 
mudança de som seguirá um senóide). 
 
Ou seja, quando a fonte estiver vindo em sua direção à frequência ouvida será 
máxima, e na direção contrária ela será mínima. Esse é o chamado efeito Doppler. 
Então, à medida que eu rodar a fonte você ouvirá o som de uma maneira senoidal. 
Física I - Mecânica Página 168 
 
 
Se você fizer: 
 
 
 
 𝑡 
A distância de duas cristas sucessivas nos fornece o período de rotação de 
nossa fonte transmissora. 
 
Uma vez que: 
 
 
 𝑡 
Onde R é o raio do meu movimento circular. 
Ondas eletromagnéticas podem viajar na velocidade da luz, que é cerca de 
300.000 km/s, e para tratar de coisas rápidas desse tipo seria necessário recorrer à 
relatividade especial. Quando falamos sobre o som, vimos que existe uma maneira de 
você perceber diferentes frequência emitidas caso a fonte de som esteja se movendo 
em sua direção ou na direção oposta. Vimos que o som pode parecer mais agudo ou 
mais grave. No caso de ondas eletromagnéticas não faz tanto sentido essa questão. O 
que vamos levar em consideração é nosso quadro de referência. A velocidade da luz, 
de acordo com a relatividade, permanece sempre a mesma não importando o 
movimento que fazemos (diferente do som). A radiação eletromagnética compreende 
a luz visível, infravermelho, raios-X, raios gama, ultravioleta, etc. 
Se a velocidade do transmissorda radiação eletromagnética é bem menor que 
a velocidade da luz ( <<< ) então é fácil prever a mudança na frequência devido ao 
efeito Doppler. Temos o transmissor que emite uma frequência e um receptor, que 
recebe uma frequência . A velocidade da fonte de transmissão é 𝑡 . Há um ângulo 
entre a velocidade e a distância até o receptor: 
Física I - Mecânica Página 169 
 
 
O termo é a componente radial. Assim: 
 ( 
 
 
 ) 
 
 
Ou seja, se o ângulo é menor que 90° então a frequência recebida é maior que 
a frequência emitida. Caso o ângulo seja maior, a frequência recebida é menor. De 
acordo com nossa equação, se o ângulo formado é de 90°, temos que nossa 
componente radial é zero e . 
Quando lidamos com o som existe algo oscilando, existe uma vibração. No caso 
da radiação eletromagnética, elétrons estão vibrando com certa frequência e possuem 
um período de oscilação: 
 
 
 
 
Podemos nos perguntar até onde a luz consegue viajar, o quão distante ela 
consegue ir. A radiação eletromagnética, claramente, viaja na velocidade da luz (c), 
então: 
 
Essa equação nós definimos como o comprimento de onda da radiação 
eletromagnética. Podemos escrevemos essa equação como: 
 
 
 
 
Podemos tomar alguns exemplos: 
 5 7 
 5 7 
Em astronomia, não medimos o período ou a frequência da luz, tudo o que 
podemos medir é o comprimento de onda. Assim, para utilizar nossa equação teremos 
de fazer algumas mudanças: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando eu faço isso, eu obtenho: 
 ( 
 
 
 ) 
Para chegar a esses valores é necessário utilizar aproximação por pequenos 
ângulos e expansão de Taylor. 
Se o objeto vem em sua direção o comprimento de onda será menor, assim 
temos que quando o objeto está se aproximando, então e assim 
temos o chamado blueshift. As ondas de luz movem-se no sentido azul do espectro. 
Caso o objeto está se afastando, então e assim temos o chamado 
redshift. Quando você analisa o espectro de uma estrela você pode fazer isso com o 
auxilio de prismas (ou outros meios). A intensidade do brilho é uma função do 
comprimento de onda. Quando analisamos o espectro, podemos ver algo levemente 
Física I - Mecânica Página 170 
 
contínuo, mas existem certas linhas (pretas) de absorção no espectro. Elas linhas de 
absorção correspondem aos elementos da atmosfera da estrela. Observando as linhas 
de absorção podemos detectar os elementos presentes na estrela. Cada elemento 
possui sua linha de absorção característica: 
 
 
 
Muitas etrelas que vemos são sistemas binários. Uma estrela gira em torno da 
outra, ou seja, ocorre o efeito Doppler, pois em determinado momento elas giram em 
sua direção e depois giram na direção contrária. Dessa maneira, podemos medir a 
velocidade das estrelas, os raios e os períodos. 
Vamos nos fixar em sistemas binários. Nossa primeira estrela, possui um raio 
 , uma massa e uma velocidade . A segunda estrela possui o mesmo centro de 
massa da primeira estrela. Nossa seguna estrela possui um raio , uma massa e 
uma velocidade . 
Podemos, então, definir o centro de massa como: 
 
Física I - Mecânica Página 171 
 
Você observa esse sistema binário. Então: 
 
 
 
 
 
 
Você mede o efeito Doppler da estrela 1 em função do tempo, obtendo o 
período, a velocidade e o raio. Da mesma maneira você faz com a estrela 2. Se você 
conhece os raios, então: 
 
Então podemos partir da terceira lei de Kepler. Conhecendo os períodos nós 
podemos encontrar as massas das estrelas. 
Vamos discutir uma aplicação de raios-X na astronomia. Temos os raios-X 
binários. Temos uma estrela, igual ao Sol e outro corpo em órbita, que vamos 
começando supondo que seja uma estrela de nêutrons. Vamos supor que as massas 
dessas estrelas sejam a mesma, então existirá um ponto entre elas em que a atração 
gravitacional de ambas será a mesma. Chamamos esse ponto de ponto de Lagrange. Se 
você estivesse nesse ponto, a estrela de nêutrons te puxaria para um lado e a outra 
estrela te puxaria com a mesma força para o outro lado. Digamos que o ponto de 
Lagrange vá para dentro da estrela maior. Então essa estrela deveria ser atraída pela 
estrela de nêutrons, pois a força da estrela de nêutrons se tornaria maior. 
Mas como esse sistema é binário, uma gira em torno da outra de modo que a 
estrela maior é atraída pela estrela de nêutrons não de uma maneira retilínea, mas sim 
no formato de uma espiral, o qual chamamos de disco de acreção. 
Física I - Mecânica Página 172 
 
 
 
Quando isso ocorre, uma grande quantidade de energia é liberada. Vamos 
supor que um objeto é lançado para uma estrela de nêutrons. Qual a velocidade que 
esse objeto irá atingir a estrela? Temos que: 
 
 
 
 
 
 
 
Em que e são, respectivamente, a massa e o raio da estrela de 
nêutron. A velocidade é a velocidade em que o objeto atinge a estrela. Então: 
 √
 
 
 
Essa equação nada mais é do que a da velocidade de escape. Quando o objeto 
atinge a estrela, a energia cinética é liberada e transformada em calor. Para 
imaginarmos a grande energia de uma estrela de nêutrons, digamos que o objeto que 
caia na estrela possua uma massa de apenas 10 gramas. A energia liberada será 
próxima a da bomba atômica que explodiu sobre Hiroshima. A razão para isso é que a 
velocidade do objeto se torna muito grande. Durante a queda, temos energia potencial 
gravitacional sendo transformada em energia cinética e ao final em calor. 
A taxa de transferência de uma estrela para outra é dada por: 
 
 
 4 
Física I - Mecânica Página 173 
 
Assim, a potência da estrela de nêutrons se torna: 
 
Isso é cerca de 5.000 vezes maior que a potência do Sol. A temperatura de uma 
estrela de nêutrons, devido à grande quantidade de energia liberada, é: 
 7 
Essas estrelas liberam grandes quantidades de raios-X. 
Todas as massas de estrelas que vimos até agora, em sistemas binários e 
estrelas de nêutrons, são cerca de 1.4 da massa solar. Há uma razão para isso. Em 
1930, o físico Chandrasekhar previu que as anãs brancas não poderiam existir se suas 
massas fossem maiores que 1.4 da massa solar. Ele utilizou de um cálculo da mecânica 
quântica e recebeu o premio Nobel em 1983. Imagine que temos uma anã branca e 
então comecemos a ceder massa para essa estrela de modo que ela ultrapasse 1.4 da 
massa solar. Quando isso ocorrer, a estrela colapsa numa estrela de nêutrons. Quando 
medimos as massas de estrelas de nêutrons temos uma surpresa: todas são próximas 
de 1.4 da massa solar. Se pudéssemos adicionar mais matéria para uma estrela de 
nêutrons chegaria um ponto em que ela iria se tornar tão massiva quanto três vezes a 
massa solar. Dessa maneira, a estrela de nêutrons não poderia mais se sustentar e 
então se tornaria um buraco negro. 
Os buracos negros tem tomado conta da imaginação dos cientistas e das 
pessoas que os conhecessem. É um objeto astronômico fascinante, mas é melhor 
manter distância deles. Um buraco negro é desprovido de tamanho, diferente de uma 
estrela. Ele não possui tamanho, mas possui uma massa três vezes maior que a do Sol 
(ou dez vezes maior, ou cem vezes maior, etc.). Ao redor do buraco negro temos uma 
esfera de raio R, a qual chamamos de horizonte de eventos. 
Digamos que você esteja sobre o horizonte de eventos. Qual a velocidade 
necessária para você escapar da atração do buraco negro? A resposta nós sabemos, 
basta calcular a velocidade de escape: 
 √O raio do horizonte de eventos será: 
 
 
 
 
A velocidade de escape possui um valor máximo o qual pode atingir. Esse valor 
é c, que é o valor da velocidade da luz. Essa velocidade diz respeito a você, ou qualquer 
outro objeto, que esteja no horizonte de eventos o qual possui um raio R que vai 
Física I - Mecânica Página 174 
 
desde o buraco negro até a borda do horizonte. Por essa razão, nossa equação do raio 
do horizonte de eventos apresenta um , pois é o valor máximo que podemos 
atingir. 
Se você ultrapassar o horizonte de eventos então você jamais conseguirá 
escapar da atração do buraco negro. Para isso, seria necessário que sua velocidade 
fosse maior do que a velocidade da luz. Portanto, nada escapa da atração de um 
buraco negro. 
A questão é: se nada pode escapar de um buraco negro, nem mesmo qualquer 
tipo de radiação, podemos detectar raios-X do mesmo? 
Claramente nós podemos detectar raios-X vindos de buracos negros. Isso é 
possível porque enquanto a matéria cai no buraco negro ela começa a girar em torno 
do horizonte de eventos, e a matéria é aquecida, pois a energia potencial gravitacional 
está sendo liberada, e então temos raios-X sendo liberado. 
Não existe efeito Doppler para um buraco negro, pois o mesmo, diferente de 
uma estrela de nêutrons, não possui superfície. Como os astrônomos conseguem 
estimar, então, a massa de um buraco negro? Eles fazem isso analisando outro corpo 
que está perdendo massa para o buraco negro. Eles conseguem analisar o raio desse 
corpo, sua massa, tudo através do efeito Doppler. Assim, eles conseguem uma 
estimativa da massa do buraco negro. 
Cygnus X-1 é um sistema binário. Possui um período orbital de 5.6 dias. As 
medições da estrela que está perdendo massa (a doadora) foram feitas utilizando os 
deslocamentos de Doppler. Os astrônomos, observando as linhas de absorção do 
espectro, conseguiram prever que a massa da doadora era cerca de 30 massas solares. 
Com esses dados, a massa mais o efeito Doppler, foi possível encontrar a massa do 
buraco negro que é cerca de 15 massas solares. 
 
Física I - Mecânica Página 175 
 
 
Indo mais além... 
Radiação Hawking 
A mecânica quântica faz predições de que no universo partículas subatômicas podem 
surgir espontaneamente. Em outras palavras, essas partículas surgem do “nada” e 
desaparecem instantaneamente. Essas partículas surgem em pares, sendo que uma delas tem 
massa negativa e a outra tem massa positiva. Porém, a existência dessas partículas não pode 
durar muito tempo. 
O professor Stephen Hawking propôs que ao redor de um buraco negro as coisas 
podem ser um pouco diferentes. Na região do horizonte de eventos, um par dessas partículas 
écriada mas a partícula de massa negativa cai dentro do buraco negro, enquanto que a outra é 
expelida para além do horizonte. 
A partícula de massa positiva é lançada para longe do buraco negro em forma de 
radiação. Esse fenômeno é chamado de Radiação Hawking e é a causa dos buracos negros não 
serem totalmente escuros, mas apresentarem um brilho muito forte. 
As partículas de massa negativa lentamente consomem a massa no interior do buraco 
negro. Após um longo período, toda a massa interna do buraco negro é consumida o que leva 
o mesmo a um colapso seguido de uma enorme explosão. Embora isso nunca tenha sido 
observado, acredita-se que esse será o fim de quase todos os buracos negros. 
 
Física I - Mecânica Página 176 
 
Aula 24 – Movimento Rotacional e Giroscópios 
 
Nosso conhecimento de torque e momento angular está completo. Assim, podemos 
passar a estudar objetos que apresentam um rolamento. Vamos imaginar um cilindro, ou uma 
esfera, descendo por um plano inclinado. Temos um ângulo , um coeficiente de atrito e 
nosso objeto vai rolar para baixo com uma aceleração . 
 
Vamos analisar essa situação, de maneira que temos um rolamento puro, ou seja, o 
objeto não está derrapando nem escorregando. Para entendermos um rolamento puro, vamos 
tomar o seguinte sistema, no qual um cilindro está rolando. O cilindro tem um raio R e um 
centro Q. Assim que o cilindro der uma volta completa ele terá percorrido uma distância igual 
a . E assim, nós temos um rolamento puro: 
 
Quando temos um rolamento puro, a velocidade no ponto Q e a velocidade da 
circunferência são as mesmas: 
 
 
Se tivéssemos um deslizamento, poderíamos imaginar que o cilindro estivesse girando 
mas sempre no mesmo lugar (o ponto Q nunca iria mudar sua posição). 
Agora, vamos calcular a aceleração que o cilindro irá obter, a medida que ele desce 
uma rampa. Temos três dados importantes para isso: a massa , o comprimento e o raio . 
Vamos supor que existam dois cilindro, que possuem a mesma massa, o mesmo 
comprimento, mas raios diferentes. Imagine que queremos fazer uma corrida entre esse dois 
cilindros e assim determinar qual chegará primeiro ao fim da rampa. 
Coloquemos as forças que conhecemos sobre nosso sistema: 
Física I - Mecânica Página 177 
 
 
A velocidade angular está mudando com o tempo, assim como a velocidade do 
centro, que chamaremos . Então: 
 
Tomando a derivada, temos que: 
 
 
 
 
E é a aceleração angular. Portanto, essa é a nossa condição para um rolameno puro. 
Vamos tomar o torque com relação ao ponto Q: 
 𝑡 
Tanto a normal, quanto o peso passam pelo ponto Q, portanto, a força de atrito é a 
única que está ocasionando o torque. Utilizando a regra da mão direita, temos que o vetor é 
dado para dentro, entrando no plano. Temos então: 
 𝑡 
 
 
 
Essa nossa equação apresenta duas incógnitas, pois temos uma força e uma 
aceleração. Portanto, precisamos de outra equação. Partindo da segunda lei de Newton: 
 𝑡 
Agora nós temos duas equações com duas incógnitas. 
Então, resolvendo, encontramos: 
 
 
 
 
 ( 
 
 
) 
Multiplicando ambos os lados por : 
 
 
 
 
Mas devemos nos lembrar que esse resultado só é válido para um rolamento puro. 
Substituindo os valores que temos para um cilindro sólido: 
 
 
 
 
Substituindo em nossa equação de aceleração: 
 
 
 
 
Perceba que no meu resultado não há massa, não há raio e não há comprimento. Se 
eu tenho dois cilindros sólidos, com massas, raios e comprimentos diferentes, nenhum deles 
ganhará a corrida através de nosso plano inclinado. Mas isso vale apenas para cilindros sólidos. 
Podemos alterar a massa de um desses cilindros, mas eles descerão a rampa no mesmo 
tempo. 
Agora, vamos tomar um cilindro oco, ou vazado. Temos que sua massa é bem próxima 
da casca do cilindro, então: 
 
Sua aceleração será: 
Física I - Mecânica Página 178 
 
 
 
 
 
Perceba que a aceleração do cilindro oco é menor que o cilindro sólido. 
Chegamos agora a parte menos intuitiva de nosso curso. Essa talvez seja a parte mais 
dificil de toda a física, e por essa razão será necessário ter muita atenção. Iremos tratar a 
respeito de giroscópios. 
Imagine que estejamos no espaço, sem gravidade e sem nenhuma força externa. 
Suponha que temos uma roda de bicicleta. 
 
No ponto D está a minha mão direita e no ponto E está a minha mão esquerda. Eu 
seguro a roda pelo seu eixo de rotação. Eu darei um torque com minha mão direita, ou seja, 
empurrarei o eixo de rotação para a frente. Ao empurrar o eixo para frente, minha mão 
esquerda irá para trás. 
Após fornecer o torque à roda, eu irei soltá-la, então a mesma permanecerá girando.A roda continuará girando para sempre. Se eu aplicasse o torque em qualquer outro 
sentido, a roda iria girar nesse sentido eternamente. Isso não é tão dificil de perceber. É 
bastante intuitivo. Agora, vamos para uma parte nada intuitiva. Eu vou girar a roda da bicicleta 
em sua direção (até então a roda não estava girando sobre seu eixo de rotação). 
 
Física I - Mecânica Página 179 
 
Novamente, eu darei um torque com a minha mão direita. A questão é: o que vai 
acontecer agora? 
Nossa intuição poderia nos dizer que a roda ficaria rodando e girando eternamente. 
Mas isso não pode ocorrer. Perceba que se a roda gira em torno do seu eixo, então existe um 
momento angular, dado na seguinte direção: 
 
 
Se aplicarmos um torque e depois soltarmos a roda, então ela ficaria girando da 
seguinte maneira: 
 
Ou seja, o momento angular continuaria sempre mudando. Mas temos de lembrar que 
o momento angular só muda quando está sobre a ação de algum torque. Acontece que eu 
apliquei um torque apenas no começo, e depois deixei de aplicar o torque. Como a natureza 
reage, então, em uma situação como essa? 
Vamos analisar um pouco melhor essa caso: 
 
Física I - Mecânica Página 180 
 
Esse é o caso geral de uma roda girando em sua direção. Em A eu tenho minha mão 
direita e em B eu tenho minha mão esquerda. A distância de A até B eu chamo de b. Então, o 
torque que estou aplicando é dado por . O sentido do momento angular está dado em 
L. A força que eu aplico, eu aplico por um determinado tempo, bem curto, . Quando eu fizer 
isso, um momento ângular será dado na seguinte direção: 
 
Eu aplico a força por um curto período de tempo e então eu paro. Isso quer dizer que, 
após eu parar de aplicar o torque, o momento angular como um todo deixa de mudar. 
Portanto, para resolver nosso problema a natureza inclina a roda. 
 
A roda está girando em seu sentido. 
Com isso, o momento angular está direcionado para sua direita (para a esquerda do 
professor Lewin). Ao aplicar o torque com a mão direita, ou seja, a mão do professor está indo 
em sua direção enquanto que a mão esquerda está indo na direção contrário, ocorrerá o 
seguinte: 
 
 
Física I - Mecânica Página 181 
 
 
Caso nós apliquemos um torque com a mão esquerda, ocorrerá o seguinte: 
 
O momento angular (spin) sempre se move na direção do torque externo. Agora, 
vamos tomar a mesma roda, mas ao invés de aplicar o torque para a frente ou para trás, 
vamos aplicar o torque para cima ou para baixo, da seguinte maneira: 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 182 
 
Fazendo uma experimentação... 
Nós vamos colocar a roda da bicicleta em rotação, de maneira que ela gire bem rápido. 
Depois, sentarei num banquinho (o que gira sobre sua base) e irei aplicar um torque sobre a 
roda de acordo com a seguinte figura: 
 
 
Quando sentar sobre o banquinho e o torque for aplicado, o banquinho começará a 
girar: 
 
Física I - Mecânica Página 183 
 
Quando estamos sentados apenas segurando a roda, não há torque algum, portanto 
temos que nosso momento angular é zero (não estamos girando). Quando aplicamos um 
torque sobre a roda de modo que o vetor momento angular da roda aponte para cima, nosso 
corpo começa a girar de modo que nosso vetor momento angular aponte para baixo: 
 
Quando invertemos o sentido do vetor momento angular da roda, o sentido de nosso 
momento angular também muda: 
 
Isso ocorre devido á conservação total do momento angular do sistema. Chamamos 
esse tipo de movimento de precessão. 
Vamos estudar outro tipo de precessão, um pouco mais intrigante. Temos uma corda, 
e iremos prender em sua ponta a roda da bicicleta. 
Devido à gravidade, a roda irá permanecer na seguinte posição: 
 
Mas nós iremos girar essa roda antes de soltá-la. O eixo de rotação preso à corda 
possui um tamanho dado por r. A roda possui um raio R. O centro da roda é dado por Q. Nós 
daremos um giro sobre a roda, denotado por . Assim, com a regra da mão direita, podemos 
determinar o sentido do momento angular. Ao girar a roda, teremos: 
Física I - Mecânica Página 184 
 
 
Temos uma força agindo sobre a roda, dado por , onde M é a massa da roda e g é a 
aceleração da gravidade. 
 
Em relação ao ponto P, existe um torque, dado por: 
 
Utilizando a regra da mão direita nós podemos determinar o sentido do torque, pois 
temos : 
 
Em outras palavras, o torque é entrando no plano. Dessa maneira o torque é 
perpendicular ao momento angular. A natureza fará com que o momento angular sempre “vá 
atrás” do torque: 
Física I - Mecânica Página 185 
 
 
Assim, o torque também começará a mudar. Dessa maneira, a roda começará a girar 
em torno da corda. 
Mas você pode pensar que é impossível a roda permanecer nessa posição, pois existe 
uma força agindo sobre a roda dada por , então a roda tem de ir na direção da 
aceleração. Acontece que não existe uma única força sobre a roda, temos a tensão aplicada na 
corda, e a tensão é exatamente igual a Ma, assim: . 
 
Então, temos: 
 
É importante conhecer a chamada frequência angular de precessão, que é dado 
por: 
 
 
 
 
 
 
 
O período de precessão é: 
 
 
 
 
Analisando a roda da bicicleta: 
 
 
 
 
 
 
 
Girando nossa roda: 
 
Quando calculamos o período de precessão, estamos calculando o tempo no 
qual a roda demora para dar uma volta completa em torno da corda. Se prendermos 
um peso à nossa roda veremos que o período diminui. 
Giroscópios, ou objetos que giram, possuem um efeito estabilizador. Se 
subirmos em uma bicicleta e não fizermos nada (não pedalarmos) então iremos cair da 
bicicleta. Mas, se a roda da bicicleta estiver rodando, devido ao momento angular, ela 
Física I - Mecânica Página 186 
 
não irá cair. Da mesma maneira, podemos fazer uma moeda girar por um bom tempo 
sem cair. O momento angular possui uma propriedade de estabilizar as coisas. 
Giroscópios são utilizados em aviões, navios e até mesmo alguns mísseis. Por 
mais que um avião, por exemplo, mude sua direção seu giroscópio permanecerá 
sempre apontando para o mesmo sentido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 187 
 
Aula 25 – Equilíbrio Estático 
 
Até agora, podemos ver uma vasta gama de um conteúdo envolvendo 
rotações, torques e movimentos circulares como um todo. Abaixo segue um anexo 
com conversões de unidades que podem ser muito uteis na hora de estudar tais 
assuntos, pois não será necessário decorar inúmeras fórmulas se simplesmente 
conseguimos fazer conversões de nossas unidades. 
 
 
 
Nessa aula trataremos de objetos em equilíbrio estático. Para um objeto estar 
em perfeito equilíbrio estático, devemos ter: 
 
Física I - Mecânica Página 188 
 
Ou seja, todas as forças devem ter sua resultante nula. Da mesma maneira, 
para qualquer ponto que escolhermos, devemos ter: 
 
E são essas condições que usaremos de base para a aula de hoje. Temos um 
objeto qualquer no espaço, em que o seu centro de massaCM está determinado. 
 
Existem duas forças sendo aplicadas ao objeto em sentidos opostos mas com a 
mesma magnitude. 
 
Existe um torque em nosso objeto: 
 
O torque é dado por: 
 
Como existe um torque, nosso objeto vai girar em torno do centro de massa. 
Portanto, nesse caso não temos um equilíbrio estático. 
Temos uma rampa (que pode ser uma escada apoiada em uma parede, por 
exemplo), como na figura a seguir: 
Física I - Mecânica Página 189 
 
 
No ponto P, temos a escada encostada na parede. E no ponto Q temos a escada 
encostada no chão. O atrito em P é nulo, assim: 
 
No ponto Q, teremos: 
 
Temos que M é a massa da escada e é o seu comprimento. 
 
 
O ponto c é o centro de massa da escada e a mesma forma um ângulo com o 
chão. É fácil notar que (já vimos isso muitas vezes no dia-dia) se o ângulo for muito 
pequeno a escada vai deslizar. Tentaremos compreender qual o valor do ângulo a fim 
de que a escada não deslize. As forças que agem sobre a escada são dadas na figura: 
 
No centro de massa temos a força da gravidade agindo sobre a escada. Caso a 
escada deslize, temos uma força de atrito no sentido oposto. No ponto Q temos uma 
normal e em P, como não há atrito, temos, também, uma normal. 
Assim: 
Física I - Mecânica Página 190 
 
 
O que significa que a normal de P deve ser igual ao atrito. Então: 
 𝑡 
 
Como as forças em y devem ser zero: 
 
Temos que: 
 
Não importa o ponto que escolhemos, podemos escolher um ponto na parede, 
na escada ou em qualquer outro lugar. Por simplicidade, escolhemos o ponto Q, então: 
 
 
 
 
 
 
 
 𝑡 
Não queremos que nossa escada deslize. Então, devemos ter: 
 𝑡 𝑡 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses dois valores obtidos nos dão a condição para que nossa escada fique 
estável. Esses valores nos dizem que quanto maior o menor é o ângulo. Então, se o 
ângulo é muito pequeno, a escada começa a deslizar. Vamos treinar nossa intuição. 
Suponha que temos um determinado ângulo, que é o ângulo crítico (ou seja, a escada 
está na eminência do deslizamento). Agora, vamos supor que alguém comece a subir 
pela escada, partindo do ponto Q e indo até o ponto P. O que ocorrerá? A escada vai 
deslizar assim que o sujeito começar a andar por ela? Ou então a escada ficará mais 
estável? 
Vamos colocar uma pessoa de massa m na escada. Vamos supor que ela esteja 
a uma distância d do ponto Q. 
 
Existe uma força agindo sobre a pessoa. Vamos refazer todos nosso 
cálculos. Então: 
Física I - Mecânica Página 191 
 
 
 𝑡 
 
 
 𝑡 
 
 
 
 
 
Mas agora nós temos um terceiro elemento, que é o vetor posição, dado por d. 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
[
 
 
 ] [
 
 
 
 
 
] 𝑡 
Perceba que a força de atrito está aumentando, pois estamos somando 
 
 
, que 
não tínhamos anteriormente. Se o atrito aumenta, e nossa escada estava no limite de 
deslizar, então você pode pensar que a mesma começará a deslizar. O atrito máximo 
também aumentou. Portanto devemos fazer uma comparação. A melhor maneira de 
fazer essa comparação é adotar d igual à zero. A pessoa começa a subir a escada a 
partir do ponto Q. Quando d é igual à zero, a força de atrito final é igual à força de 
atrito inicial. Porém, o atrito máximo altera, pois ele apresenta o termo m (estamos 
somando ). O valor do atrito máximo é independente da distância. Se o atrito 
máximo aumenta, mas o atrito permanece o mesmo, então a escada fica mais estável. 
Portanto, no ponto Q a escada não irá deslizar, pelo contrário, ela ficará mais firme. 
Mas a medida que a pessoa começa a subir, nossa força de atrito vai mudando, pois o 
valor de d vai aumentando. Porém, o atrito máximo permanece sempre o mesmo. 
Então, chega um momento em que 𝑡 𝑡 . Quando isso ocorre, a escada 
desliza. Portanto, de uma maneira geral, a escada não deslizará quando: 
 𝑡 𝑡 
Esse é o caso quando: 
 [
 
 
 
 
 
] 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos discutir aqui uma importante aplicação desse conceito de atrito. Iremos 
ver como é possível sustentar algo pesado por um bom tempo sem fazer muita força. 
Vamos enrolar uma corda em torno de uma haste, por exemplo, e usaremos o atrito 
entre elas para sustentar nosso objeto. Vamos passar uma corda por uma haste e em 
uma ponta da corda colocaremos um peso de massa M e na outra um peso de massa 
m. As tensões na corda são dadas como mostrado na figura: 
Física I - Mecânica Página 192 
 
 
Se não houver tração na barra, então T1 será igual ou próximo de T2. Mas se 
recorrermos ao atrito, então poderemos ter uma situação de equilíbrio estático, de 
modo que nenhuma bloco irá se mover. Assim, poderemos ter T1 >>> T2. 
Vamos analisar melhor esse caso. Temos que R é o raio de nossa haste: 
 
Estamos supondo que o puxão em T2 é bem maior que em T1. Então, a corda irá 
deslizar no seguinte sentido: 
 
Imagine agora que a corda seja dividida em vários pedacinhos. Como a corda 
está deslizando, cada pedacinho (logicamente) está deslizando junto. Sendo assim, 
existe um atrito na direção contrária, um atrito em cada pedacinho da corda. 
Física I - Mecânica Página 193 
 
 
Como existe um atrito, podemos imaginar que essa força auxilia T1 a segurar o 
peso em T2. Para calcular esse atrito, devemos tomar uma integral de todos os valores 
dos atritos na corda. Existe um ângulo formado entre os extremos dos pedacinhos 
da corda. Quando resolvemos nossa integral e nossas derivações encontramos: 
 
 
 
Suponhamos que temos uma corda, na qual serão dadas três voltas em torno 
da haste. Então, temos que . Vamos supor que . Assim, temos que: 
 
Ou seja, a força do lado de T1 é 40 vezes menor que T2, ou seja, podemos 
aplicar uma força 40 vezes menor que o peso aplica de modo que sustentemos o 
mesmo. Se dermos seis voltas, nosso valor final será 2.000. Isso significa que se de um 
lado temos um peso igual a 10.000 kg, do outro lado podemos colocar um peso de 5 kg 
que manteremos o equilíbrio (na eminência de deslizamento). 
Agora, digamos que eu queira levantar os 10.000 kg puxando a corda com uma 
força um pouco maior que 50 N. Seria possível fazer isso? 
De forma alguma eu conseguirei puxar o peso de 10.000 kg para cima. Se eu 
tento fazer isso, eu inverto completamente a situação e coloco o atrito a favor dos 
10.000 kg. Em outras palavras, T1 se torna T2, o que nos fornecerá: 
 
 
 
Desse modo, se eu quero levantar os 10.000 kg dando seis voltas com a corda 
em torno da haste, eu terei de fazer uma força 2.000 vezes maior que 10.000 kg. 
Assim, eu precisarei de 20 milhões de quilogramas. 
Podemos enrolar a corda em torno de uma haste até chegar um ponto em que 
o próprio peso da corda segurará o peso do outro lado, sem a necessidade de 
segurarmos. 
Temos um objeto qualquer, e vamos fixa-lo (pode ser numa parede) num ponto 
P. O centro de massa é dado por CM. Então: 
Física I - Mecânica Página 194 
 
 
 
Temos que é a força peso agindo sobre o centro de massa e é o vetor 
posição do ponto P. Dessa maneira, temos que o objeto sofrerá um giro em torno de P. 
Então:Onde é a aceleração angular. 
Sabemos que para ter uma situação de equilíbrio estático, devemos ter: 
 
 𝑡 
A natureza resolve esse problema, colocando sempre o centro de massa numa 
mesma linha vertical que P. 
Dessa maneira, não importa qual ponto escolhemos. Pode ser um ponto dentro 
do objeto, ou pode ser um ponto fora do objeto, como P e CM estão na mesma linha, o 
torque é nulo. 
 
 
Temos que para um objeto estar em equilíbrio, além do torque, a soma das 
forças devem ser zero. Perceba que: 
Física I - Mecânica Página 195 
 
 
Assim, a soma das forças é zero. 
Pense em um pêndulo, por exemplo: 
 
O pêndulo está em equilíbrio estático. 
O centro de massa do objeto sempre estará abaixo do ponto de suspensão. 
Vamos pensar agora num equilibrista em cima de uma corda. 
 
O centro de massa do equilibrista encontra-se próximo de seu peito. Então, 
existe uma distância do centro de massa até a corda, que vamos adotar sendo de um 
metro. A massa do equilibrista é cerca de 70 kg. O equilibrista segura duas barras 
verticais em suas mãos, com um peso de 5 kg na ponta de cada uma. 
Física I - Mecânica Página 196 
 
 
A massa das barras é desprezível e vamos imaginar que cada barra mede 10 
metros de comprimento (contando a partir da corda). Temos que 70 kg estão em cima 
da corda e 10 kg estão 10 metros abaixo da corda. O centro de massa total do sistema 
ficará um pouco abaixo da corda. Por essa razão o equilibrista mantém seu equilíbrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 197 
 
 
 
 
 
 
 
Provas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 198 
 
PROVA 1 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 199 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 200 
 
PROVA 2 
 
 
 
Física I - Mecânica Página 201

Mais conteúdos dessa disciplina