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Análise de Controladoria 2

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Controladoria II  Prof. Moreira 
 
1 
 
 
ANÁLISE DE BALANÇOS (parte 2) 
 
1) TÉCNICAS DE ANÁLISE 
As principais técnicas de análise de balanço são: Análise Vertical, Análise Horizontal, Análise por 
Indicadores e Análise Padrão. Vamos abordar cada uma delas detalhadamente. 
 
4.1) Análise Vertical 
 
Denominamos de análise vertical a análise de participação percentual ou de estrutura dos ele‐
mentos dos Demonstrativos Contábeis. Assume‐se como 100% um determinado elemento pa‐
trimonial, que, em princípio, deve ser o mais  importante, e se  faz uma relação percentual de 
todos os demais elementos sobre ele. Para o Balanço Patrimonial, convencionou‐se adotar co‐
mo 100% o total do ativo e do passivo. Para a Demonstração de Resultados, convencionou‐se 
adotar  como 100% o valor do  total da  receita de vendas,  líquida dos  impostos, denominada 
legalmente de Receita Operacional Líquida. A análise vertical da Demonstração de Resultados é 
muito mais significativa do que a do Balanço Patrimonial, pois, pelo fato de atribuir 100% à re‐
ceita operacional, permite uma visão da estrutura de custos e despesas da empresa, em termos 
de média sobre as vendas. Esta análise deve ser explorada ao máximo,  já que permite extrair 
informações muito úteis. 
 
4.2) Análise Horizontal 
 
É uma análise de crescimento (ou de variação). Tomam‐se como 100% todas as contas de um 
determinado período e se faz uma relação percentual em cima dos dados deste período. O no‐
vo número relativo indica o quanto o dado do período subseqüente é maior ou menor que do 
período anterior. Como é comum serem utilizados vários períodos, a variação seqüencial e con‐
secutiva acaba indicando uma tendência de crescimento (ou diminuição).  
 
4.3) Exemplo Numérico – Análises Vertical e Horizontal 
 
Nas tabelas a seguir apresentamos um exemplo de análises horizontais e verticais no Balanço 
Patrimonial  e  da Demonstração  de  Resultados.  As  análises  verticais  e  horizontais  produzem 
indicadores percentuais relativos. A análise vertical do Balanço Patrimonial deve ser feita com 
muita cautela, para não serem tiradas conclusões errôneas ou óbvias demais. Como a base da 
AV do Balanço Patrimonial é o total do ativo, qualquer alteração significativa deste valor, muito 
diferente das operações  tradicionais, pode modificar as estruturas percentuais, e  sua análise 
pode  não  fornecer  informações  úteis  e  conclusivas.  Como  exemplos  dessas  alterações  não‐
costumeiras podemos citar a criação de reservas de reavaliação no Ativo Permanente com con‐
trapartida no Patrimônio Líquido, um investimento significativo em imobilizado com entrada de 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
2 
 
capital, uma aquisição de controlada etc. A AV da Demonstração de Resultados é extremamen‐
te significativa, pois deixa bem clara a estrutura de custos e despesas da empresa. A AH, por 
indicar variação (crescimento ou diminuição do valor do elemento patrimonial em análise), por 
si só já dá uma informação significativa e, além disso, deve ser enriquecida com a análise inter‐
relacionada das variações entre os elementos do Balanço Patrimonial que se  integram com os 
elementos da Demonstração de Resultados. As principais inter‐relações são: 
 
Elementos da Demonstração de      Elementos do Balanço 
Resultados            Patrimonial 
Receita Operacional Bruta        Contas a Receber de Clientes 
              Impostos a Recolher 
Custo dos Produtos Vendidos      Produção em Andamento e 
              Produtos Acabados 
Consumo de Materiais        Estoques de Materiais 
              Contas a Pagar a Fornecedores 
Despesas de Pessoal          Salários e Encargos a Pagar 
Despesas Gerais          Contas a Pagar 
Depreciação            Imobilizado 
Despesas Financeiras         Empréstimos e Financiamentos 
Receitas Financeiras          Aplicações Financeiras 
 
Assim, caso ocorra um aumento de vendas de 10% seria admissível que Contas a Receber tam‐
bém aumentasse em 10%. Uma  redução do consumo de materiais em 5% deveria promover 
uma redução do estoque de materiais na mesma magnitude, e assim sucessivamente. 
 
Obviamente, outros  fatores poderão afetar esta  relação direta. Por exemplo, no  caso de au‐
mento de vendas, é possível que ele tenha sido conseguido com uma alteração da política de 
crédito, com mais prazo para pagamento. Neste caso, Contas a Receber de clientes provavel‐
mente terá um aumento percentual maior que o da receita. 
 
Um outro motivo que causa aumento da carteira de clientes, diferente do aumento de vendas, 
é o aumento da inadimplência. Assim, caso a empresa tenha maiores problemas com duplicatas 
em atraso, a carteira de clientes poderá crescer mais do que o aumento de vendas. 
 
Na área de compras de materiais e custo dos produtos vendidos, a situação é semelhante. A 
redução do prazo médio de pagamento poderá diminuir a conta de fornecedores, mesmo que o 
consumo de materiais aumente. O inverso – um aumento do prazo de pagamento – aumentará 
a conta de fornecedores em percentual maior do que o consumo de materiais. 
 
4.3.1) Exemplo de avaliação – AV do balanço patrimonial 
 
O ativo apresentou uma pequena alteração estrutural, com a participação do Permanente  fi‐
cando menor que a do Ativo Circulante. O valor absoluto do Ativo Permanente diminuiu em 
19X1 em  relação a 19X0, basicamente porque as novas aquisições de  imobilizados  foram em 
valor inferior ao total da depreciação lançada como despesa no ano. 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
3 
 
Este fato, aliado a um aumento geral do Passivo Circulante com o aumento do endividamento 
financeiro e dos passivos de  funcionamento, permitiu que  as  aplicações  financeiras de 19X1 
tivessem um aumento de 105,4% aumentando sua participação na estrutura do ativo. 
 
A estrutura do passivo evidencia apenas uma pequena mudança do perfil da dívida, pois parce‐
la do endividamento de longo prazo foi transferida para o curto prazo. 
 
4.3.2) Exemplo de avaliação – AV da demonstração de resultados 
 
O ano de 19X0 apresenta um custo dos produtos vendidos médio de 78,9% da receita  líquida, 
aumentando para 80,8% em 19X1. A causa foi que o pequeno aumento das vendas de um ano 
para outro – de 0,4% ‐ não permitiu uma boa diluição dos custos fixos industriais, que aumenta‐
ram em valor absoluto. 
 
As despesas operacionais, administrativas e comerciais também tiveram um aumento do valor 
absoluto em 19X1 e passaram a representar 13,1% da receita líquida de vendas contra 7,3% do 
ano anterior. 
 
Com isso, a margem operacional, que era de 9% em 19X0, passou a 6,1% em 19X1, prejudican‐
do o resultado da empresa. Os demais itens não tiveram alteração significativa, e o lucro líquido 
após os impostos, sobre as vendas líquidas, caiu de 4% em 19X0 para 2,4% em 19X1. 
 
4.3.3) Exemplo de avaliação – AH do balanço patrimonial e da demonstração de resultados 
 
As variações de crescimento de contas a receber maiores que as variações do total das vendas 
decorrem de ajuste de política de crédito. O mesmo acontece com as variações de fornecedo‐
res e contas a pagar, que decorrem de ajustes de prazos de pagamento. 
 
O permanente teve uma variação negativa de 5,9% tendo em vista que o total bruto do imobili‐
zado aumentou 8,4%, enquanto a depreciação acumulada aumentou em 43,3%, provocando 
uma redução no conjunto do imobilizado de 6,7%. 
 
No passivo, o aumento de empréstimos de curto prazo  (37,4%) decorre da contabilização de 
juros e novos empréstimos superiores às amortizações. O aumento do Patrimônio Líquido de 
6,8% se deu em virtude da retenção de lucros, resultados não‐distribuídos, de R$ 270.075. 
 
A AH da Demonstração de Resultados indica um aumento da vendas de 0,4%. O custo das ven‐
das aumentou 2,8%, uma vez que, mesmo reduzindo em 0,5% o custo do consumo dos materi‐
ais, houve um aumento muito grande das despesasgerais (24,5%). Somado aos aumentos dos 
custos de mão‐de‐obra, ao redor de 7%, houve um aumento médio do custo dos produtos ven‐
didos. 
 
As despesas operacionais aumentaram na média 8,1% pois  são, na maioria,  custos  fixos que 
tiveram reajustes, principalmente mão‐de‐obra. Com  isso, o Lucro Operacional caiu 31,4% e o 
Lucro Líquido, 39,1%. Portanto, a avaliação final é que o resultado do ano de 19X1 foi compro‐
metido pelo pouco  aumento das  vendas e pelo  aumento  geral dos  custos  fixos, provocando 
queda de margem e rentabilidade. 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
4 
 
 
Análises vertical e horizontal do balanço patrimonial
Elementos Patrimoniais 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
Ativo Circulante 5.527.500            48,0 6.911.945            55,1 25,0
Caixa/Bancos 1.000                    0,0 1.000                    0,0 0,0
Aplicações Financeiras 777.160                6,7 1.596.167            12,7 105,4
Contas a Receber de Clientes 1.650.000            14,3 2.048.604            16,3 24,2
(‐) Provisão Devedores Duvidosos (30.000)                 ‐0,3 (43.899)                ‐0,3 46,3
(‐) Títulos Descontados ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
* Contas a Receber‐ Líquido 1.620.000            14,1 2.004.705            16,0 23,7
Estoques: 3.124.340            27,1 3.302.972            26,3 5,7
* de materiais ‐ bruto 1.800.000            15,6 1.788.347            14,2 ‐0,6
* (‐) provisão retificadora ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
* de materiais ‐ líquido 1.800.000            15,6 1.788.347            14,2 ‐0,6
* em processo 625.940                5,4 839.145               6,7 34,1
* acabados 696.000                6,0 672.679               5,4 ‐3,4
Adiantamentos a fornecedores 2.400                    0,0 2.800                    0,0 16,7
Impostos a Recuperar 4.500                    0,0 5.800                    0,0 28,9
Despesas do Exercício Seguinte 500                        0,0 1.300                    0,0 160,0
Realizável a Longo Prazo 6.000                    0,1 8.000                    0,1 33,3
Depósitos Judiciais 5.000                    0 7.000                    0,1 40
Incentivos Fiscais 1.000                    0 1.000                    0 0
Permanente 5.990.000            52,0 5.634.775            44,9 ‐5,9
Investimentos em Controladas 200.000                1,7 230.000               1,8 15,0
* Imobilizado Bruto ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
* Terrenos ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
* Reavaliação de Terrenos ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
* Outros Imobilizados 8.290.000            71,9 8.987.000            71,6 8,4
* (‐) Depreciação Acumulada (2.500.000)           ‐21,7 (3.582.225)           ‐28,5 43,3
Imobilizado Líquido 5.790.000            50,2 5.404.775            43,0 ‐6,7
Diferido ‐                           0,0 ‐                           0,0 0,0
ATIVO TOTAL 11.523.500          100,0 12.554.719          100,0 8,9
Elementos Patrimoniais 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
Passivo Circulante 2.723.500            23,6 3.446.209            27,4 26,5
Fornecedores 460.000                4,0 679.377               5,4 47,7
Salários e Encargos a Pagar 200.000                1,7 264.981               2,1 32,5
Contas a Pagar 100.000                0,9 120.446               1,0 20,4
Impostos a Recolher ‐ sobre Mercadorias 460.000                4,0 475.203               3,8 3,3
Impostos a Recolher ‐ sobre Lucros 100.000                0,9 72.028                  0,6 ‐28,0
Adiantamento de Clientes 3.500                    0,0 5.000                    0,0 42,9
Empréstimos 1.200.000            10,4 1.649.124            13,1 37,4
Dividendos a Pagar 200.000                1,7 180.050               1,4 ‐10,0
Exigível a Longo Prazo 4.800.000            41,7 4.838.435            38,5 0,8
Financiamentos 4.800.000            41,7 4.838.435            38,5 0,8
Patrimônio Líquido 4.000.000            34,7 4.270.075            34,0 6,8
Capital Social 4.000.000            34,7 4.000.000            31,9 0,0
Reservas de Capital ‐                             0,0 ‐                              0,0 0,0
Reservas de Reavaliação ‐                             0,0 ‐                              0,0 0,0
Reservas de Lucros/Lucros Acumulados ‐                             0,0 ‐                              0,0 0,0
Lucro do Período ‐                             0,0 270.075               2,2 0,0
PASSIVO TOTAL 11.523.500          100,0 12.554.719          100,0 8,9  
 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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Análises vertical e horizontal da demonstração de resultados
Discriminação 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA 23.787.210          127,6 23.883.989          127,6 0,4
(‐) Impostos nas vendas ‐ ICMS ‐ PIS ‐ Cofins (5.149.931)           ‐27,6 (5.170.884)           ‐27,6 0,4
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 18.637.279          100,0 18.713.105          100 0,4
Custo dos Produtos Vendidos 14.707.102          78,9 15.122.900          80,8 2,8
* Materiais Diretos 9.152.000            49,1 9.107.375            48,7 ‐0,5
* Materiais Indiretos 798.000                4,3 793.914               4,2 ‐0,5
Consumo de Materiais Total 9.950.000            53,4 9.901.289            52,9 ‐0,5
Mão‐de‐Obra Direta 1.721.000            9,2 1.842.222            9,8 7,0
Mão‐de‐Obra Indireta 1.380.000            7,4 1.474.799            7,9 6,9
Despesas Gerais 940.986                5,0 1.171.915            6,3 24,5
Depreciação 905.000                4,9 922.559               4,9 1,9
(+/‐) Variação dos Estoques Industriais (189.884)              ‐1,0 (189.884)              ‐1 0,0
Lucro Bruto 3.930.177            21,1 3.590.206            19,2 ‐8,7
Despesas Operacionais 1.358.678            7,3 2.444.596            13,1 79,9
Comerciais 1.442.731            7,7 1.442.731            7,7 0,0
* Mão‐de‐obra 150.000                0,8 163.816               0,9 9,2
* Materiais Indiretos 50.000                  0,3 66.009                  0,4 32,0
* Despesas 1.128.678            6,1 1.171.007            6,3 3,8
* Depreciação 28.000                  0,2 28.000                  0,1 0,0
* Provisão Devedores Duvidosos 2.000                    0,0 13.899                  0,1 594,9
Administrativos 902.000                4,8 1.001.865            5,4 11,1
* Mão‐de‐obra 512.000                2,7 591.558               3,2 15,5
* Materiais Indiretos 50.000                  0,3 58.178                  0,3 16,4
* Despesas 220.000                1,2 220.463               1,2 0,2
* Depreciação 120.000                0,6 131.667               0,7 9,7
Lucro Operacional I 1.669.499            9,0 1.145.610            6,1 ‐31,4
Receitas Financeiras de Aplicações 16.800                  0,1 110.257               0,6 556,3
Outras Receitas Financeiras 30.000                  0,2 56.400                  0,3 88,0
Despesas Financeiras com Financiamentos (552.999)              ‐3,0 (590.230)              ‐3,2 6,7
Outras Despesas Financeiras (90.000)                 ‐0,5 (106.800)              ‐0,6 18,7
Equivalência Patrimonial 2.000                    0,0 30.000                  0,2 1400,0
Lucro Operacional II 1.075.300            5,8 645.237               3,4 ‐40,0
Resultados não‐operacionais (19.000)                 ‐0,1 (2.200)                   0 ‐88,4
* Valor de Venda de Imobilizados 1.000                    0,0 800                        0 ‐20,0
* (‐) Valor da Baixa de Imobilizados (20.000)                 ‐0,1 (3.000)                   0 ‐85,0
Lucro Antes dos Impostos 1.056.300            5,7 643.037               3,4 ‐39,1
Impostos sobre o Lucro (316.890)              ‐1,7 (192.911)              ‐1 ‐39,1
Lucro Líquido depois do Imp.Renda 739.410                4,0 450.126               2,4 ‐39,1  
 
 
4.4) Análise por Indicadores ou Índices 
 
A análise dos indicadores financeiros deve considerar todos os aspectos conjuntamente. O ana‐
lista deve assumir alguns parâmetros e dizer se a empresa está bem ou não tanto em cada um 
dos indicadores como no conjunto deles, e verificar entre outras coisas: 
 
• Os índices de liquidez estão bons ou não? 
• O endividamento é aceitável? 
• O giro do ativo está melhorando? 
• Os prazos médios de recebimento e pagamento são normais? 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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• Os prazos médios de estocagem são aceitáveis para o setor? Não há excesso de estoques de 
forma crônica? 
• O lucro gerado apresenta um grau de segurança para pagamento do serviço da dívida (juros 
dos financiamentos)? 
• A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de oportunidade do mer‐
cado? 
• A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de oportunidade do mer‐
cado? 
• Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e promoverão maior valor da empresa? 
• A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração de lucros? 
 
Essas considerações têm por  finalidade dar um grau de confiança maior tanto para o analista 
como para o usuário dos relatórios da análise de balanço. 
 
Apresentamos a seguir, a descrição detalhada dos indicadores mais conhecidos. 
 
4.4.1) Indicadores de Liquidez 
 
Os indicadores de liquidez visam medir a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, se os 
bens e direitos são suficientes para liquidar as obrigações assumidas perante terceiros. Convém 
ressaltar que, uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade 
de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia, em fun‐
ção de outros fatores, tais como prazo, renovação de dívidas etc. 
 
a) Liquidez Corrente 
 
Esse índice é considerado o principal e o mais utilizado para avaliar a capacidade de pagamento 
da empresa. É resultado do quociente entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Em outras 
palavras, é o  confronto do  total de bens e direitos  realizáveis ou  conversíveis em moeda no 
prazo de 360 dias (curto prazo) e as obrigações exigíveis no mesmo prazo. É apurado pela se‐
guinte fórmula: 
 
Ativo Circulante
Passivo Circulante
Fórmula =
 
 
 
b) Liquidez Seca 
 
Trata‐se de um indicador bastante conservador para avaliar a situação de liquidez da empresa. 
Este índice é um teste de força aplicado à empresa, visando medir o grau de excelência da situ‐
ação  financeira. É uma variante do  índice de  liquidez corrente, que elimina do numerador da 
fórmula, os Estoques e as Despesas Antecipadas. Em síntese, indica o quanto a empresa poderá 
dispor de bens e direitos realizáveis no curto prazo, sem vender seus estoques e sem amortizar 
suas despesas antecipadas. É apurado pela fórmula a seguir: 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
7 
 
Ativo Circulante − Estoques − Desp. Antecipadas
Passivo Circulante
Fórmula =
 
 
 
c) Liquidez Imediata 
 
Este indicador, considerado o mais agressivo, revela qual o valor de que a empresa dispõe para 
quitar as obrigações de curto prazo imediatamente, com recursos provenientes das Disponibili‐
dades, ou seja, Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras disponíveis para resgate. É representado 
pela seguinte fórmula: 
 
Disponibilidades
Passivo Circulante
Fórmula =
 
 
Este indicador deve ser analisado com muita cautela, considerando‐se o fato de que, as empre‐
sas possuem pouco interesse em manter montantes elevados de recursos em caixa, o que nor‐
malmente prejudicaria a rentabilidade. Assim sendo, na maioria dos casos, esse quociente está 
bem abaixo de $ 1,00. Entretanto, temporariamente, a empresa pode apresentar um alto índice 
de  liquidez  imediata, por exemplo, ao captar empréstimos para capital de giro. Nesse caso, o 
valor das disponibilidades torna‐se elevado até a efetiva destinação do capital de terceiros. 
 
d) Liquidez Geral 
 
Este  índice  revela  a  capacidade de pagamento  geral da empresa,  tanto no  curto, quanto no 
longo prazo.  
 
Esse indicador apresenta muitas dificuldades de avaliação. Não existe nenhum parâmetro refe‐
rencial, podendo ser até menor do que 1,00. A grande dificuldade em analisar este  indicador 
está no fato de que ele soma no denominador e no numerador  itens de mesma natureza, po‐
rém, completamente diferentes no aspecto de realização (de transformação em dinheiro). Isso 
se deve à parcela de longo prazo, uma vez que a contabilidade classifica como longo prazo tudo 
o que excede a um ano da data de balanço. Assim, estão aglutinados valores que podem vencer 
a pouco mais de um ano, como dois anos, sendo extremamente comuns, no caso do exigível a 
longo prazo, vencimentos de 5, 10, 15 e 20 anos. A fórmula utilizada para o cálculo da liquidez 
geral é a seguinte: 
 
Ativo Circulante + Realizáve a Longo Prazo
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Fórmula =
 
 
4.4.2) Indicadores de Estrutura de Capitais 
 
Os  índices desse grupo mostram as grandes  linhas de decisões  financeiras, em termos de ob‐
tenção e aplicação de recursos.  
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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a) Participação de Capitais de Terceiros 
 
O índice de Participação de Capitais de Terceiros visa medir a dependência da empresa dos re‐
cursos de  terceiros. Grande parte das empresas que vão à  falência, apresentam durante um 
período relativamente longo de tempo, altos quocientes de Participação de Capitais de Tercei‐
ros. Entretanto,  isto não é uma regra geral, ou seja, não significa que todas as empresas com 
altos índices irão se tornar insolventes. A fórmula de cálculo á apresentada a seguir: 
 
Capital de Terceiros
Patrimônio Líquido
Fórmula =
 
 
A interpretação básica deste indicador é de que, quanto menor melhor, ou seja, quanto menor 
a participação dos recursos de terceiros em relação ao capital próprio (patrimônio líquido), me‐
lhor para a empresa. Entretanto, vale ressaltar que, se a empresa estiver alavancada financei‐
ramente é conveniente manter alto índice de participação de capitais de terceiros, para os usu‐
ários  internos. Em outras palavras, se a empresa captar recursos de terceiros, pagando 8% de 
juros ao mês (despesa financeira), e aplicar estes recursos de forma a obter um retorno de 10% 
ao mês, estará fazendo um bom negócio, independentemente da estrutura de capitais. No en‐
tanto, devemos  lembrar que, para os usuários externos, é  importante que a empresa possua 
um baixo nível de participação de capitais de terceiros, pois, um endividamento elevado é fator 
de risco para os credores. 
 
b) Composição do Endividamento 
 
Este indicador demonstra quanto, do total de obrigações com terceiros, deverá ser liquidado no 
curto prazo. Quanto menor for esta relação, mais fôlego financeiro terá a empresa. A fórmula 
da Composição de Endividamento é representada da seguinte forma: 
 
Passivo Circulante
Capital de Terceiros
Fórmula =
 
 
O índice de Composição de Endividamento é uma medida da qualidade do passivo da empresa 
em termos de prazos, comparando o montante de dívidas no curto prazo com o endividamento 
total. Admite‐se que, quanto mais curto o vencimento das parcelas exigíveis, maior será o risco 
oferecido pela empresa. De outra forma, empresas com endividamento concentrado no  longo 
prazo, decorrente principalmente, de  investimentos efetuados em ativos fixos, oferecem uma 
situação mais tranqüila no curto prazo, mesmo porque, normalmente, o ativo fixo é aceito pe‐
los credores como garantia à dívida. 
 
c) Imobilização do Patrimônio Líquido 
 
Este  indicador mede quanto do patrimônio  líquido ou  capital próprio está aplicado no Ativo 
Permanente. A fórmula para o cálculo é a seguinte:Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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Ativo Permanente
Patrimônio Líquido
Fórmula =
 
 
Considerando‐se o princípio de uma boa gestão financeira, os  investimentos em Ativo Perma‐
nente  (Capital  Fixo  ‐  CF),  devem  ser  financiados,  preferencialmente,  com  recursos  próprios. 
Quanto mais a empresa  imobilizar de recursos próprios, maior será a dependência de aportes 
de capitais de  terceiros para o  financiamento do capital circulante. O  ideal é que este  índice 
seja menor que $ 1,00, pois indica a existência de Capital Circulante Próprio (CCP). Entretanto, 
esta regra não é válida para todas as empresas, principalmente para as que recorrem de recur‐
sos de terceiros de longo prazo para financiar novos investimentos de expansão. 
 
4.4.3) Indicadores de Dependência Bancária 
 
O Capital de Terceiros pode ser subdividido em dois grupos: Créditos de Funcionamento e Em‐
préstimos e Financiamentos Bancários. Como exemplo de Créditos de Funcionamento podemos 
citar: fornecedores, salários e encargos, impostos a recolher, contas a pagar etc. Já os Emprés‐
timos e Financiamentos Bancários são os recursos provenientes de instituições financeiras para 
financiamento do capital de giro ou investimentos no Ativo Permanente. A renovação dos Cré‐
ditos de  funcionamento é praticamente automática, pois essas obrigações decorrem das pró‐
prias operações. No que se refere aos empréstimos e financiamentos bancários, nada garante a 
renovação. Para  consegui‐la, a empresa deve manter  reciprocidade,  cadastro  impecável, boa 
gestão dos  recursos  financeiros, dentre outras exigências. A não  renovação dos empréstimos 
bancários é uma autêntica “rasteira” na administração financeira da empresa. Daí a importân‐
cia de  se  analisar esses passivos  separadamente. Por outro  lado, devemos observar que, na 
medida em que aumentam esses passivos onerosos, conseqüentemente, as despesas financei‐
ras tendem a aumentar também, influenciando o resultado e o fluxo de caixa da empresa. 
a) Financiamento de Ativo por Instituição de Crédito 
 
Este  indicador, de  grande  importância para  as empresas que  financiam  suas expansões  com 
recursos de terceiros, evidencia qual a participação dos Empréstimos e Financiamentos Bancá‐
rios, de Curto e Longo Prazos, na composição do total de investimentos (Ativo). 
 
 
Empréstimos e Financiamentos Bancários
Ativo Total
Fórmula = × 100
 
 
b) Participação de Instituições de Crédito no Endividamento 
 
O objetivo deste  indicador é evidenciar qual o percentual de participação dos empréstimos e 
financiamentos bancários, na composição do total de Capital de Terceiros. 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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Empréstimos e Financiamentos Bancários
Capitais de Terceiros
Fórmula = × 100
 
 
c) Participação de Instituições de Crédito no Ativo Circulante 
 
O indicador de Participação de Instituições de Crédito no Ativo Circulante mede o percentual de 
Empréstimos e Financiamentos de Curto Prazo que financiam o Ativo Circulante da empresa. 
 
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo
Ativo Circulante
Fórmula = × 100
 
 
 
4.4.4) Indicadores de Rentabilidade e Lucratividade 
 
A análise do binômio rentabilidade versus lucratividade pode ser considerada como a mais im‐
portante na análise econômico‐financeira. A análise de liquidez, por exemplo, pode ser impor‐
tante ao indicar a capacidade de sobrevivência da empresa no curto prazo. Todavia, empresas 
com problemas de liquidez, provavelmente tiveram, no passado, uma inadequada rentabilidade 
ou lucratividade. Embora muitos ainda pensam que essas duas nomenclaturas, rentabilidade e 
lucratividade, significam a mesma coisa, convém  ressaltar que se  tratam de mensurações  to‐
talmente distintas. A  lucratividade  representa a  relação do  lucro do empreendimento  com o 
valor total da receita de vendas. Já a rentabilidade, relaciona o lucro com o investimento reali‐
zado, objetivando mensurar o retorno do investimento. 
a) Margem Líquida 
 
Tem como objetivo compara o Lucro Líquido com as respectivas Vendas Líquidas do Período, 
fornecendo o percentual de lucro que a empresa obteve em relação ao Faturamento, já dedu‐
zido dos impostos e demais descontos. 
 
Lucro Líquido
Receita Líquida de Vendas
Fórmula = × 100
 
 
b) Giro do Ativo 
 
O giro do Ativo ou turnover asset, revela quanto a empresa vendeu para cada real de  investi‐
mento total, ou seja, quantas vezes o ativo total da empresa girou ou se renovou (transformou‐
se em dinheiro) em determinado período em  função das vendas  realizadas. Quanto maior o 
giro do Ativo, pelas vendas, maiores as chances de cobrir as despesas com uma boa margem de 
lucro. 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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Receita Líquida
Ativo Médio
Fórmula =
 
 
A  importância do maior giro possível está no fato de que, havendo  lucratividade/margem nos 
produtos e serviços que a empresa vende, quanto maior a quantidade de venda e, conseqüen‐
temente, a receita, há a possibilidade de gerar mais lucros e, portanto, rentabilidade.  
c) Retorno sobre o Patrimônio Líquido 
 
Também conhecido por Retorno sobre Patrimônio Líquido – TRPL ou Return On Equity – Retor‐
no sobre o Capital investido pelos Proprietários. O quociente revela qual foi a taxa de rentabili‐
dade obtida pelo Capital Próprio  investido na empresa,  isto é, quanto a empresa ganhou de 
lucro líquido para cada real de Capital Próprio investido. A interpretação deste quociente deve 
ser direcionada para verificar qual o tempo necessário para se obter o retorno do Capital Pró‐
prio  investido na empresa, ou seja, quantos anos serão necessários para que os proprietários 
obtenham de volta o valor do Capital que investiram na empresa. 
 
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido Médio
Fórmula = × 100
 
d) Retorno sobre o Ativo 
 
Também conhecido como Taxa de Retorno sobre o  Investimento – TRI, ou Return on  Investi‐
ment – ROI, este quociente evidencia o potencial de geração de  lucros por parte da empresa, 
isto é, quanto a empresa obteve de  lucro  líquido para cada  real de  investimentos  totais. Sua 
interpretação deve ser direcionada para verificar o tempo necessário para que haja retorno dos 
Capitais Totais (Próprios e de Terceiros) investidos na empresa. 
 
Lucro Líquido + Despesas Financeiras (1 − @IR)
Ativo Médio
Fórmula = × 100
 
Nota: @IR – Alíquota do IR 
 
Ao se medir a Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido, deve‐se comparar a este, a remunera‐
ção do Capital Próprio, ou seja, o Lucro Líquido. Com relação à rentabilidade sobre o Ativo, de‐
ve‐se comparar a  remuneração dos Capitais Totais, ou seja, Capital de Terceiros mais Capital 
Próprio, que equivale ao somatório do Lucro Líquido mais as Despesas Financeiras com o Ativo 
Médio Total. 
e) Grau de Alavancagem Financeira 
 
De grande relevância e complexidade, o quociente de alavancagem financeira,  indica se os re‐
cursos que estão sendo tomados por empréstimo pela entidade estão obtendo um retorno a‐
dequado pela sua aplicação no ativo da mesma. Em outras palavras, a expressão alavancagem 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
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financeira  indica o quanto  a empresa  consegue  alavancar, ou  seja,  aumentar o  lucro  líquido 
através da estrutura de financiamento. 
 
 Se o custo da dívida é maior que o retorno sobre o Ativo, ou seja, se a empresa paga, para cada 
real tomado, mais do que rende seu  investimento no negócio, então os acionistas  ‘bancam’ a 
diferença com sua parte do lucro (ou até com o próprio capital). Se o custo da dívida é menor 
que o retorno sobre o Ativo, os acionistas ganham a diferença. 
 
ROE
ROI
Fórmula =
 
 
Situando‐se acima de 1, o GAF mostra que o retorno dos Ativos é maior que o Custo da Dívida 
(situação favorável ou empresa alavancada). Ao contrário, ou seja, situando‐seabaixo de 1, o 
GAF denunciará que o custo da dívida é maior que o retorno dos Ativos (situação desfavorável). 
 
O exemplo a seguir tem por objetivo  ilustrar a variação do grau de alavancagem financeira, a 
partir da variação das estruturas de capitais e encargos de passivo oneroso. Supondo‐se que, a 
Cia. ABC seja constituída, em 01/01/X1, com um Capital  inicial de $ 1.000, sem aporte, neste 
momento, de Capital de Terceiros (Cenário A) e durante o exercício tenha realizado apenas as 
seguintes transações: compra a vista de mercadorias para revenda no valor de $ 500 e venda à 
prazo das mesmas mercadorias adquiridas, pelo valor de $ 1.000. O Balanço Patrimonial em 
31/12/X1 seria: 
 
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário A) 
 
Circulante 1.500 Circulante - Receita Líquida 1.000 
Caixa 500 ( − ) CMV (500) 
Clientes 1.000 Patrimônio Líquido 1.500 Lucro Bruto 500 
Estoques - Capital 1.000 ( − ) Despesas - 
Lucro Acumulado 500 ( − ) DF - 
Total do Ativo 1.500 Total do Passivo 1.500 Lucro Líquido 500 
ATIVO PASSIVO DRE
 
 
O Grau de Alavancagem Financeira seria: 
 
ROE (500 ÷ 1000) × 100 50%
ROI (500 ÷ 1000) × 100 50%
= 1,00GAF = = =
 
 
A partir do Cenário A, acima, podemos  tirar a  seguinte  conclusão: quando  a empresa opera 
somente com Capital Próprio, o grau de alavancagem será sempre igual a 1,00. 
 
Supondo  agora  que  a  Cia.  ABC,  em  01/01/X1,  seja  constituída,  com  um  Capital  inicial  de  $ 
1.000. E, como esta quantia não era suficiente para  iniciar o negócio, o gerente financeiro re‐
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13 
 
solveu emprestar mais $ 1.000 do Banco Alfa, a uma taxa de  juros anual de 50% (Cenário B).1 
Durante o exercício a empresa realizou as seguintes transações: compra a vista de mercadorias 
para revenda no valor de $ 1.000; venda à prazo das mesmas mercadorias adquiridas, pelo va‐
lor de $ 2.000 e pagamento em 31/12/X1, dos juros sobre o empréstimo, no valor de R$ 500,00. 
O Balanço Patrimonial em 31/12/X1 seria: 
 
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário B) 
 
Circulante 2.500 Circulante 1.000 Receita Líquida 2.000 
Caixa 500 Empréstimos 1.000 ( − ) CMV (1.000) 
Clientes 2.000 Lucro Bruto 1.000 
Estoques - Patrimônio Líquido 1.500 ( − ) Despesas - 
Capital 1.000 ( − ) D. Financeira (500) 
Lucro Acumulado 500 Lucro Líquido 500 
Total do Ativo 2.500 Total do Passivo 2.500 
ATIVO PASSIVO DRE
 
 
O Grau de Alavancagem Financeira seria: 
ROE (500 ÷ 1.000) × 100 50%
ROI (500 + 500) ÷ 2.000) × 100 50%
= 1,00GAF = = =
 
 
A partir do Cenário B, acima, podemos  tirar outra conclusão: quando o custo da dívida  (50% 
cobrado pelos bancos) for igual à rentabilidade do Ativo, o grau de alavancagem será também 
igual a 1,00.  
 
Supondo agora, que no Cenário C, a Cia. ABC, em 01/01/X1, seja constituída, com um Capital 
dos Acionistas de $ 1.000 mais $ 1.000 do Banco Alfa, a uma taxa de juros anual de 60%. Duran‐
te o exercício a empresa realizou as mesmas transações do Cenário B, com exceção dos  juros 
sobre o empréstimo, que aumentou para R$ 600,00. O Balanço Patrimonial em 31/12/X1 seria: 
 
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário C) 
 
Circulante 2.400 Circulante 1.000 Receita Líquida 2.000 
Caixa 400 Empréstimos 1.000 ( − ) CMV (1.000) 
Clientes 2.000 Lucro Bruto 1.000 
Estoques - Patrimônio Líquido 1.400 ( − ) Despesas - 
Capital 1.000 ( − ) D. Financeira (600) 
Lucro Acumulado 400 Lucro Líquido 400 
Total do Ativo 2.400 Total do Passivo 2.400 
ATIVO PASSIVO DRE
 
 
1 Note que a taxa cobrada pelo banco é igual à rentabilidade apurada no Cenário A. 
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O Grau de Alavancagem Financeira seria: 
 
ROE (400 ÷ 1.000) × 100 40%
ROI (400 + 600) ÷ 2.000) × 100 50%
= 0,80GAF = = =
 
 
A partir do Cenário C, acima, podemos tirar uma terceira conclusão: quando o custo da dívida 
(60% cobrado pelos bancos) for superior à rentabilidade do Ativo (50%), o grau de alavancagem 
será inferior a 1,00, indicando que os acionistas estão bancando a diferença com sua parte de 
lucro, que diminui de $ 500 para $ 400. Por outro lado, se o custo da dívida fosse inferior a 50%, 
teríamos um grau de alavancagem financeira superior a 1,00, o que  indicaria uma situação fa‐
vorável para a empresa, ou seja, ela estaria “ganhando dinheiro com o dinheiro dos outros”. 
f) Custo da Dívida 
 
Considerando‐se  que,  uma  empresa  pode manter  relação  com  diversos  agentes  financeiros, 
que cobram  taxas de  juros diferenciadas, utilizamos o  indicador do Custo da Dívida, que  tem 
por objetivo medir o custo médio da dívida da empresa. 
 
Despesas Financeiras
Passivo Gerador de Encargos
Fórmula = × 100
 
 
Voltando ao Cenário C, do exemplo de Alavancagem Financeira, tínhamos uma Despesa Finan‐
ceira de $ 600 e um Passivo Gerador de Encargos2 de $ 1.000,  temos um Custo da Dívida de 
60%. 
 
4.4.5) Indicadores do Ciclo Operacional (Prazos Médios) 
 
Uma das descobertas mais interessantes da Análise Financeira é a de que, através de dados das 
demonstrações financeiras, podem ser calculados, por exemplo, quantos dias, em média, a em‐
presa terá de esperar para receber suas duplicatas. Este é o chamado Prazo Médio de Cobrança 
(PMC). Outros  indicadores que podem ser calculados dentro desta  lógica são: Prazo Médio de 
Renovação de Estoques (PMRE), Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC). 
 
 
 
 
 
2 Passivo Gerador de Encargos são os empréstimos e financiamentos que geram encargos ou despesas financeiras. 
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O Ciclo Operacional  corresponde  ao  intervalo  de  tempo  compreendido  desde  a  compra  das 
mercadorias (no caso de uma empresa comercial) até o recebimento ou cobrança das vendas 
correspondentes, que no exemplo acima  foi de 90 dias. Durante esse período  são  investidos 
recursos nas operações da empresa sem que ocorram as entradas de caixa relativas às vendas. 
Parte desse capital de giro é suprida pelos fornecedores que concederam prazo para pagamen‐
to das matérias‐primas ou mercadorias (PMPC). Já o Ciclo de Caixa compreende o prazo entre 
as saídas de caixa relativas aos pagamentos dos fornecedores e as entradas de caixa provenien‐
tes dos recebimentos das vendas, que na ilustração acima foi de 30 dias. Durante esse período, 
a empresa tem de financiar suas operações sem a participação dos fornecedores. Quanto maior 
for o ciclo  financeiro, mais  recursos próprios e de  terceiros  (exceto de  fornecedores) estarão 
temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a renta‐
bilidade. 
a) Prazo Médio de Cobrança 
 
O volume de  investimentos em Duplicatas a Receber é determinado pelo prazo médio de co‐
brança. Este indicador, também conhecido por Days Sales Outstanding – DSO, evidencia quan‐
tos dias a empresa deverá esperar, em média, para receber suas vendas a prazo. Antes de apre‐
sentar a fórmula do cálculo do Prazo Médio de Cobrança, é necessário entender a dinâmica de 
Vendas a Prazo e Recebimento. Supondo‐se uma empresa que tenha vendas diárias de $ 100, 
com prazo de cobrança de 30 dias. No primeiro dia, ela terá em Duplicatas a Receber um saldo 
de $ 100. No segundo dia, acumulará um total de $ 200, pois ainda não recebeu a importância 
de $ 100 da venda realizada no primeiro dia. E assim, ocorre sucessivamenteaté acumular $ 
3.000 no 30.º dia. A partir do 31.º dia, o saldo permanece constante, pois diariamente a empre‐
sa vende $ 100 e recebe $ 100 da venda realizada à 30 dias atrás. 
 
Dinâmica de Vendas e Recebimento 
1.º 2.º 3.º 4.º .... 30.º 31.º 32.º 33.º
Vendas 100 100 100 100 .... 100 100 100 100 
Recebimentos - - - - .... - 100 100 100 
Duplicatas a Receber 100 200 300 400 .... 3.000 3.000 3.000 3.000  
 
Agora, vamos supor que esta empresa mude a política de cobrança de 30 para 90 dias, a partir 
do 33.º dia. Estendendo o prazo de cobrança em mais 60 dias, a venda realizada no 33.º será 
recebida após 90 dias, ou seja, no 123.º dia. A partir de 30 dias da mudança da política de ven‐
das, ou seja, do 63.º dia até o 123.º dia, a empresa apenas realizará vendas e não terá recebi‐
mentos. Concluindo, o Fluxo de Caixa somente será restabelecido após decorrido o prazo de 60 
dias. 
 
Dinâmica de Vendas e Recebimento 
30 31 32 33 .... 62 63 .... 122 123 124
Vendas 100 100 100 100 .... 100 100 .... 100 100 100 
Recebimentos - 100 100 100 .... 100 - .... - 100 100 
Duplicatas a Receber 3.000 3.000 3.000 3.000 .... 3.000 3.100 .... 9.000 9.000 9.000  
 
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16 
 
Com base nos exemplos anteriores, podemos concluir que, o volume ou saldo de Duplicatas a 
Receber é dado pela seguinte fórmula: 
 
Duplicatas a Receber = PMC × Vendas Diárias
 
 
No primeiro exemplo temos que, o saldo de Duplicatas a Receber será de $ 3.000, ou seja, 30 × 
$ 100, após o  início dos recebimentos das vendas. Já com a mudança da política de vendas, o 
saldo de Duplicatas será de $ 9.000, ou seja, 90 × $ 100, após o reinício dos recebimentos de 
vendas. Ajustando‐se a fórmula acima, podemos calcular o PMC, dado o saldo de Duplicatas a 
Receber e o volume de Vendas Diárias: 
 
Duplicatas a Receber
Vendas Diárias
PMC =
 
 
Ainda  com  base  no  exemplo  anterior,  o  PMC  é  de  30  dias,  ou  seja,  
$ 3.000 ÷ $ 100. No segundo caso, de 90 dias, ou $ 9.000 ÷ $ 100. Entretanto, convém destacar 
que, nas Demonstrações Financeiras encerradas em 31 de Dezembro, o valor das Vendas que 
aparece na Demonstração de Resultados é o valor acumulado de 360 dias. E, para saber o valor 
das vendas diárias, basta dividir as Vendas por 360, o que altera a fórmula acima para: 
 
Duplicatas a Receber
Vendas
PMC = × DP
 
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano) 
 
As Duplicatas a Receber funcionam como uma espécie de reservatório que é alimentado pelas 
vendas, e ao mesmo,  tempo, alimenta o Caixa. O nível desse  reservatório, determinado pelo 
produto Vendas Diárias × PMC representa o volume de investimentos efetuados pela empresa 
em Duplicatas a Receber. O  fluxo de entrada e de saída do reservatório não depende de seu 
nível, mas de quanto entra diariamente no  reservatório.  Isto significa que a entrada de caixa 
será igual em qualquer nível do reservatório: 
 
 
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b) Prazo Médio de Pagamento de Compras 
 
O Prazo Médio de Pagamento de Compras, ou Days’ Purchases  in Accounts Payable,  revela, 
quantos dias a empresa leva, em média, para pagar suas compras realizadas a prazo. O saldo de 
Fornecedores é determinado pela seguinte fórmula: 
 
Fornecedores = PMPC × Compras Diárias a Prazo
 
 
É importante destacar que, valem aqui, as mesmas observações feitas para o indicador anteri‐
or. Para determinar‐se o Prazo de Pagamento de Compras, basta fazer uma pequena modifica‐
ção na fórmula acima: 
 
Fornecedores
Compras a Prazo
PMPC = × DP
 
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano) 
c) Prazo Médio de Renovação de Estoques 
 
O quociente de Prazo Médio de Renovação de Estoques, ou Inventory Turnover, procura indicar 
quantos dias, em média, os produtos ficaram armazenados no almoxarifado da empresa, antes 
de  serem efetivamente vendidos. O volume de estoques mantido por uma empresa decorre 
fundamentalmente do seu volume de vendas e de sua política de estocagem. 
 
Estoques = PMRE × Custo dos Materiais Empregados
 
 
A fórmula para o cálculo do Prazo Médio de Renovação de Estoques é dada por: 
 
Estoques de Materiais
Custo dos Materiais Empregados
PMRE = × DP
 
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano) 
d) Posicionamento Relativo 
 
O indicador de Posicionamento Relativo decorre da razão entre o Prazo Médio de Cobrança e o 
Prazo Médio de Pagamento de Compras. Quanto menor for este quociente, preferencialmente 
abaixo de 1, melhor a situação financeira da empresa. 
 
PMC
PMPC
Posicionamento Relativo =
 
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18 
 
4.4.6) EBITDA 
O  termo  EBITDA  vem  do  Inglês,  Earning  Before  Interest,  Taxes, Depreciation/Depletion  and 
Amortization,  ficando em nosso  idioma algo como Lucro antes dos  Juros,  Impostos  (sobre  lu‐
cros), depreciações/exaustões e amortizações  (LAJIDA). O EBITDA representa o  lucro especifi‐
camente gerado pelos ativos operacionais, portanto, excluindo‐se as despesas e receitas finan‐
ceiras, e antes de considerar as despesas de depreciação, amortização e exaustão, bem como, a 
incidência dos impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL no caso do Brasil). 
Em essência, o EBITDA revela, a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma 
empresa, ou seja, sua eficiência  financeira determinada pelas estratégias operacionais adota‐
das. Quanto maior esse índice, mais eficiente se apresenta a formação de caixa proveniente das 
operações  (ativos), e melhor ainda a capacidade de pagamento aos proprietários de capital e 
investimentos demonstrada pela empresa. 
 
Uma visão pragmática do conceito EBITDA é mostrada a partir da Demonstração de Resultado 
do Exercício da empresa Topa Tudo S/A, do exercício de 2005: 
 
Receita Bruta de Vendas 294.299 
( − ) Deduções de Vendas (47.154) 
Receita Líquida de Vendas 247.145 
( − ) Custo das Vendas (119.137) 
( − ) Custo de Depreciação (18.144) 
Lucro Bruto 109.864 
( − ) Despesas de Vendas (24.139) 
( − ) Despesas Administrativas (39.678) 
( − ) Despesas de Depreciação (1.296) 
( − ) Despesas Financeiras Líquidas (24.309) 
( ± ) Outras Receitas/Despesas 5.706 
Lucro Operacional 26.148 
( ± ) Receitas/Despesas não Operacionais 29 
Lucro antes dos Impostos 26.177 
( − ) Imposto de Renda e Contribuição Social (8.833) 
( + ) Reversão de Juros sobre o Capital Próprio 17.400 
Lucro Líquido 34.744 
Demonstração de Resultado do Exercício
 
A DRE acima e o conceito de EBITDA proporcionam os seguintes entendimentos: 
• Receitas Financeiras e Despesas Financeiras (Interest): considera‐se no caso, as receitas 
provenientes das sobras de caixa aplicadas no mercado financeiro, o que não constitui 
uma atividade inerente ao negócio da empresa. Do mesmo modo, as despesas financei‐
ras decorrem da decisão de tomar dinheiro emprestado e não das atividades básicas da 
empresa. Assim, as receitas e as despesas financeiras não devem ter influencia no lucro, 
quando se quer mensurar a capacidade de geração de caixa dos ativos rigorosamente 
operacionais; 
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• Impostos (Taxes): precisa‐se esclarecer que impostos, neste caso, são os incidentes so‐
bre o  lucro:  Imposto de Renda e Contribuição Social, que por serem  influenciados por 
itens não‐operacionais, devem ser excluídos do cálculo do EBITDA; 
• Depreciações e Amortizações (Depreciation and Amortization): As depreciações, amor‐
tizações e, logicamente as exaustões (depletion) não representam desembolso. Portan‐
to, para o objetivo do Ebitda, as citadas despesas não devem ser subtraídas do  lucro, 
poiso que se quer mensurar é a capacidade de geração de caixa. 
 
Pode‐se encontrar, agora, o valor EBITDA baseado na DRE anterior: 
 
Lucro Operacional 26.148 
( + ) Despesas Financeiras Líquidas 24.309 
( + ) Custo de Depreciação 18.144 
( + ) Despesas de Depreciação 1.296 
( = ) EBITDA 69.897 
Reconciliação da DRE
 
a) Margem EBITDA 
Ao se dizer que o EBITDA da empresa Tudo Tudo S/A é de R$ 69.987 mil,  temos um simples 
dado. Entretanto ao compará‐lo com a Receita Líquida de Vendas, de R$ 247.145 mil, temos a 
conhecida Margem EBITDA, que neste caso é de 28%. Este indicador evidencia a capacidade da 
empresa em  gerar  resultados  comparativamente  à Receita  Líquida de Vendas. A  fórmula de 
cálculo é a seguinte: 
EBITDA
Receita Líquida de Vendas
Margem EBITDA = × 100
 
 
4.4.7) Termômetro de Kanitz 
Diversos estudiosos de Contabilidade efetuaram no Brasil, estudos sobre a previsão de  insol‐
vência, baseados na análise discriminante. Stephen C. Kanitz, do Departamento de Contabilida‐
de e Atuaria da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo  (FEA‐
USP) construiu o chamado termômetro de insolvência, baseado nesta ferramenta estatística. O 
indicador consiste em relacionar alguns quocientes, atribuindo‐se pesos aos mesmos, somando 
e subtraindo esses valores assim obtidos. O  resultado pode  recair na zona de  insolvência, de 
penumbra ou de solvência. O fator de insolvência, segundo Kanitz, é calculado da seguinte for‐
ma: 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
20 
 
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido
AC + RLP
PC + ELP
AC − Estoques − D. Ant.
Passivo Circulante
Ativo Circulante
Passivo Circulante
PC + ELP
Patrimônio Líquido
=X1 × 0,05
Fator de Insolvência: X1 + X2 + X3 −X4 − X5
X2 = × 1,65
X3 = × 3,55
X4 = × 1,06
X5 = × 0,33
 
Representação Gráfica do Termômetro de Kanitz: 
 
Se a soma resultar num valor compreendido entre 0 e 7, a empresa estará na faixa de solvência. 
Se recair entre 0 e −3, estará na zona de penumbra e se cair na faixa de −3 a −7, estará na zona 
de insolvência. 
 
4.5) Indicadores Padrão 
 
A Análise de Balanços através de índices só adquire consistência e objetividade quando os índi‐
ces são comparados com padrões, pois, do contrário, as conclusões se sujeitam à opinião e, não 
raro, ao humor do analista de balanços. Através de técnicas estatísticas, é possível a construção 
de indicadores padrão, que servem de parâmetro de comparação da performance econômico‐
financeira da empresa, objeto de análise, com o desempenho de um grande número de empre‐
sas do mesmo segmento. Esses padrões são  importantes para  toda a análise que se venha a 
fazer das empresas, permitindo que se estabeleçam qualificações (favorável, insuficiente etc.), 
nos vários índices extraídos dos demonstrativos financeiros. 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
21 
 
Por exemplo, um índice de liquidez seca de 0,60 pode ser qualificado como deficiente para uma 
empresa mineradora, mas como excelente para aquelas cujo  investimento relevante é em es‐
toques (comércio atacadista, supermercados etc.). 
 
Revistas  especializadas  em  negócios  publicam periodicamente  edições  especiais  em  que  são 
apurados os padrões de alguns indicadores econômico‐financeiros das empresas (liquidez geral, 
liquidez  corrente,  retorno  sobre  o  Patrimônio  Líquido  etc.).  Através  do  sítio 
www.bovespa.com.br é possível obter os demonstrativos  contábeis das empresas  listadas na 
Bolsa, e desta forma, calcular os quocientes‐padrão. 
 
Basicamente, a determinação dos índices‐padrão processa‐se pelo cálculo da mediana, ou seja, 
o índice do meio da série de valores calculados. 
 
A mediana  é  obtida  da  seguinte maneira:  colocam‐se  os  elementos  do  conjunto  em  ordem 
crescente de grandeza; a mediana  será o elemento que estiver exatamente no meio,  isto é, 
aquele que possuir o mesmo número de elementos acima e abaixo de si. Por exemplo, os índi‐
ces de Liquidez Corrente de 30 empresas de um mesmo segmento, são classificados por ordem 
crescente de grandeza a seguir: 
 
0,30 0,33 0,37 0,50 0,54 0,60 0,61 0,70 0,85 1,00
0,31 0,34 0,40 0,52 0,55 0,61 0,63 0,80 0,90 1,10
0,32 0,35 0,45 0,53 0,58 0,61 0,65 0,81 0,95 1,20
Mediana
0,59
 
 
A mediana distingui‐se da média por dividir os  valores exatamente no meio, permanecendo 
50% da distribuição antes e após a mediana. Assim, com base nos valores acima, a mediana 
situa‐se na 15,5.ª posição, entre os índices 0,58 e 0,60, que é obtida por meio da média aritmé‐
tica entre esses dois valores.  
 
Apenas com a mediana é possível identificar se determinada empresa tem seus índices entre os 
maiores ou entre os menores, porém fica difícil saber qual o grau de distanciamento que o índi‐
ce se apresenta em  relação ao padrão. Daí, a etapa seguinte será buscar novas medidas que 
possibilitem identificar em quanto o índice de determinada empresa se distancia do padrão, ou 
seja, da mediana. Para isso, pode‐se recorrer aos chamados decis. 
 
O uso da mediana nos fornece uma só medida; adotando os decis, teremos nove. Tendo os da‐
dos dispostos em ordem crescente, o 1.º decil será aquele valor que estiver acima de 10% dos 
índices e abaixo dos 90% dos mesmos; o 2.º decil, por sua vez, terá 20% dos índices abaixo de si 
mesmo e 80% acima; e assim por diante: 
 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
22 
 
 
 
Para se calcular os decis do exemplo anterior, dividem‐se os 30 números em 10 partes. O pri‐
meiro decil será a média aritmética entre o terceiro quociente da primeira parte e o primeiro 
quociente da segunda parte. O segundo decil será a média aritmética entre o terceiro quocien‐
te da segunda parte e o primeiro quociente da terceira parte, e assim por diante: 
 
26 29 35 37 45 55 60 80 90 97
27 30 36 39 46 56 63 85 96 98
27 31 37 43 47 58 70 86 96 100
9.º Decil
96,5
3.º Decil
37,0
5.º Decil
51,0
7.º Decil
75,0
1.º Decil
28,0
2.º Decil
33,0
8.º Decil
88,0
4.º Decil
44,0
6.º Decil
59,0
 
 
O próximo passo será atribuir a cada decil uma qualificação, de forma que sirvam como critério 
de avaliação. Entretanto, é importante destacar que, os índices são classificados em duas cate‐
gorias básicas: quanto maior, melhor (Liquidez, Rentabilidade e Lucratividade) e quanto menor, 
melhor (Estrutura de Capitais). 
 
Com base nessa classificação, pode ser sugerido o seguinte critério de avaliação: 
 
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º
Quanto Maior, Melhor Normal
Quanto Menor, Melhor Normal
Insatisfatório
Excelente
Regular
Bom
Bom Excelente
Regular Insatisfatório
 
 
 
4.5.1) Funções Estatísticas do Excel 
 
a) Função MED 
Retorna a mediana dos números indicados. Exemplo: 
Controladoria II  Prof. Moreira 
 
23 
 
 
 
b) Função PERCENTIL 
 
Retorna o k‐ésimo percentil de valores em um intervalo. O 10.º Percentil equivale ao 1.º Decil, 
o 20.º Percentil, ao 2.º Decil, e assim, secessivamente.

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