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LIVRO: A LUTA PELO DIREITO

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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC
Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberaba
Disciplina: 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Professor(
a): 
GLAYS MARCEL COSTA 
Aluna:
 
 
DÉBORA CARVALHO SILVEIRA
 
Atividade Aula Reposição
LIVRO: “A LUTA PELO DIREITO” – RUDOLF VON IHERING
SÍNTESE CRÍTICA 
O autor Rudolf Von Ihering foi um jurista que nasceu em 1818. Formou-se em Direito na Universidade de Berlim em meados de 1843, no auge dos seus 25 anos. Foi o defensor do positivismo e influenciou o pensamento de vários juristas em diversos países. Logo no prefácio, afirma que a principal razão para a organização da obra foi à intenção de se criar uma tese ético-prática e não unicamente uma teoria. 
O livro está organizado em cinco capítulos e aborda como idéia principal do direito o paradoxo da luta e da paz pela busca da justiça, o meio de se alcançá-la. A preocupação em se alcançar tal fim, é o que provoca uma incessante luta contra a falta de justiça; a pretensão do Direito é a de paz, e a luta é o único meio de consegui-la e que não é da injustiça contra o direito, pelo contrário, o direito que deve lutar contra toda injustiça. Pois, se o Direito pudesse de alguma forma se omitir dessa luta, se equivaleria a despojar-se de sua própria natureza, de sua essência. 
Supõe-se que essa discussão teve um papel importante e essencial no direito, pois foi a partir daí que todos os direitos do mundo em que vivemos foram adquiridos. Para Ihering, o Direito é uma autoridade plena, que só se fortalece quando se propõe e/ou se firma um equilíbrio entre a balança e a espada que amparam em seus braços, fazendo uma analogia com a deusa Lustitia (romanos) ou a própria Themis (gregos) – “ A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do direito”. 
Na segunda parte do livro, o autor conceitua a existência de duas gerações do direito. A primeira é o direito objetivo, referindo-se ao ordenamento jurídico válido, que são normas estabelecidas pelo Estado; a segunda é o direito subjetivo, o poder conferido a um indivíduo para agir ou não a fim de proteger seus próprios interesses. No livro todo podemos perceber o autor realça a controvérsia, no que tange seu ponto de vista às discussões relacionadas ao direito subjetivo, embora esclareça que a luta se mantém como parte fundamental nos dois sentidos.
Faz ainda uma abordagem em oposição à teoria de Savigny e Putcha quanto à origem do direito. Na teoria em questão, acredita-se que o direito surge com facilidade, sem a necessidade de uma luta para tanto, assim como a linguagem; já o autor crê no surgimento do direito através da luta e esforços de um povo, embora acredite que a teoria deles seja válida para o período pré-histórico. 
Ele é incisivo em reafirmar que todas as conquistas históricas da humanidade – a abolição da escravatura, a liberdade de consciência, o direito de propriedade, e outros; vieram de grandes esforços, até mesmo batalhas sangrentas foram travadas em lutas que atravessaram os séculos. E ainda diz que, quanto mais esforços um povo se concentra para conquistar os seus direitos mais irá valorizá-los, defendendo-os com amor e tenacidade. Dessa forma, desqualifica a idéia de que unicamente o costume é suficiente para gerar os laços que unem os povos ao seu direito. 
No terceiro capítulo, faz uma comparação entre a dor física e a dor moral, nesta segunda ele define como um sinal de violação ao direito de um povo, assim como a primeira que ele define como um mal-estar no organismo. Quanto maior for à dor sofrida pelo o homem moralmente, maior será a energia com que o mesmo lutará pelos seus direitos, determinado a proteger à sua moral. 
De acordo com o autor, o indivíduo que tem seus direitos lesados tem uma escolha árdua que lhe é conferido, uma é lutar pelo direito, a outra é abrir mão da luta, para tanto é uma escolha que requer sacrifícios, optar pelo direito é promover a luta, porém optar pela paz é esquecer o direito, ou seja, é contra a essência do próprio direito, pois o indivíduo está preferindo fugir do combate diante da falta de justiça.
Na quarta parte, pegando um gancho do capítulo anterior, o autor descreve uma tese de que a defesa do direito é um dever para com a sociedade. Em uma sociedade em que os indivíduos lutam pelos seus direitos e o Estado provê o seu cumprimento, garante que as normas não caiam “por terra”, ou em desuso, em suma, não há direito subjetivo, se a lei, ou seja, o direito objetivo não estiver mais vigente. 
Finalizando sua obra, o autor questiona até que ponto ou que proporção o direito de sua época, o Direito em Roma aplicado na Alemanha corresponde aos princípios e condições por ele desenvolvido e afirma que está muito distante das verdadeiras pretensões que movem o sentimento legal na luta pelo direito. Faz-se uma censura a ausência de idealismo jurídico de sua época, criando uma analogia a Roma, em que segundo ele o dinheiro em si não constituía só no que se deseja, mas sim no meio que faz para consegui-lo.
Enfim, uma obra com mais de 100 anos, e sem dúvida, podemos perceber importantes conceituações sobre o direito; suas teses continuam sendo válidas e necessárias para repensar a forma como o direito é tratado e como o homem ainda tem receio de buscar pelos seus direitos e fazer valer a justiça.

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