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a luta pelo direito - fichamento

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Centro Universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi
CURSO DE DIREITO
Disciplina: Introdução ao Direito
Semestre: 1º - Noturno
Professora: Tatiana C. dos Reis Filagrana
Acadêmica: Raquel Franco Reblin
FICHAMENTO: A Luta pelo Direito - Rudolf Von Ihering
IHERING, Rudolf von. A Luta pelo Direito. Disponível em: <http://www.libertarianismo.org/livros/rvialpd.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2016.
Rudolf Von Ihering, nascido em 22 de agosto de 1818, em Aurich, Alemanha, foi um jurista alemão de grande renome, seu trabalho vem influenciando a cultura jurídica no mundo ocidental praticamente desde seu lançamento. “A Luta pelo Direito”, obra que foi composta em virtude de um seminário que Ihering apresentou à Sociedade Jurídica de Viena, em 1872, possui um prefácio e cinco capítulos que são correlacionados, e, como o próprio autor deixa claro no inicio do livro, o foco não era desenvolver uma teoria, mas sim uma tese ético-prática, ou seja, um livro com aplicações práticas de ética e moral. Assim sendo, Rudolf Von Ihering desenvolveu uma obra que se tornou atemporal, tratando da luta individual e coletiva em prol dos direitos públicos e privados.
Em “A Luta pelo Direito”, Rudolf Von Ihering fala que a sociedade deve lutar pra alcançar e exercer seus direitos. ”Todo direito no mundo foi adquirido pela luta” (p.22), pressupondo assim que do mesmo modo como alguns princípios do direito foram impostos na sociedade à força, o povo irá lutar para que os direitos que eles possuem sejam defendidos. Mas, logo abaixo, Ihering diz que a sociedade não compreende que deve lutar pelo direito, já que “o direito foi sempre para eles o reino da paz e da ordem” (p.22), se tornando algo inconcebível de haver luta sobre. Para exemplificar esse mau entendimento pela população, o autor cita o deus romano Jano, que possui duas cabeças, cuja quais alguns só vêem uma face e outros só vêem a outra face e isso se aplica não só a alguns indivíduos, mas a gerações inteiras, ou seja, os cidadãos não teriam uma visão total ou, por vezes, sequer parcial da luta que precisam travar pra ter seus direitos atendidos.
Ihering trás logo na introdução de seu livro o porquê a Deusa Têmis, que é a mais famosa simbologia do direito, possui em uma mão uma balança e na outra uma espada. “A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é o direito impotente” (p.22), tanto a espada quanto a balança se tornam ineficazes uma sem a outra, mas que ao usadas com a mesma habilidade, concebem o estado pleno do direito. A balança representa então, o equilíbrio, do certo e do justo em contrapartida com o errado e o injusto e com as penas que lhes são impostas, e a espada mostra o poder de coerção, de aplicação e das formas de, por vezes, imposição do direito.
“Se viveis na paz e na abundancia, deveis ponderar que outros têm lutado e trabalhado por vós” (p.23), e, se só quisermos falar de coisas boas e auspiciosas, Ihering nos pede para refletir sobre os tempos do Paraíso, porque desde então não há um dia que se passe sem que haja alguma turbulência.
O livro nos trás o direito em um duplo sentido, o objetivo e o subjetivo. O sentido objetivo é o conjunto de princípios escritos e em vigor, que o Estado, de certo modo, impõe, “[...] a ordem legal da vida [...]” (p.23), enquanto o direito subjetivo é a “ilusão” da norma, a ambição do indivíduo em fazer valer seu direito objetivo. De acordo com a opinião expressa no livro, o principal foco dele – do livro – encontra-se principalmente no âmbito do direito subjetivo, mas sem nunca esquecer o direito objetivo, já que sua luta está, igualmente, em seu terreno.
“O Estado não pode conseguir manter a ordem legal, sem lutar continuamente contra a anarquia que o ataca” (p.23), segundo a doutrina, que Ihering chama de “doutrina de Savigny e Puchta”, não se faz necessário lutar, que na realidade se torna inútil esse combate, já que a própria persuasão entra na alma e na mente da população e instaura os princípios os princípios do direito sem a necessidade da luta propriamente dita.
O autor retrata o período de Savigny e Puchta como uma espécie de “escola romântica do direito”, e possui opiniões contrárias a ela, já que é uma idéia romântica representar o passado sobre essa imagem errônea, com o direito florescendo “sem trabalho, sem esforço, como as plantas nos campos” (p.26), enquanto na historia real temos lutas e batalhas que nos narram o contrário. Ihering diz ainda que um direito que vem sem uma luta é comparável a um filho que vem da cegonha, sem a conexão necessária com a mãe, qualquer um pode facilmente roubar-lhes. “Forçoso é reconhecer que a energia e o amor com que um povo defende suas leis e seus direitos estão em relação proporcional com os esforços e trabalhos empregados em alcançá-los” (p.27), não sendo o costume, mas o sacrifício que une o povo a seus direitos de forma mais duradoura e forte. 
“Neste sentido, não vacilamos em proclamar que a luta que exige o direito para se tornar pratico, não é uma maldição, mas a graça” (p.27).
O segundo capítulo do livro, intitulado “O interesse na luta pelo direito”, trata do que leva o individuo a lutar pelo direito. “A demanda é antes uma questão de interesse que uma questão de caráter” (p.29), por exemplo, para um pequeno lavrador, não é viável lutar contra alguém muito mais forte que invade parte de seu terreno, já que ele certamente perderá, mas “resistir à injustiça é um dever do individuo para consigo mesmo, porque é um preceito da existência moral; - é um dever para com a sociedade, porque esta resistência não pode ser coroada com o triunfo, senão quando for geral” (p.30), então por pior que for a situação, é uma questão de caráter lutar para ter seus direitos prezados e cumpridos, e a injustiça não é algo com a qual a sociedade deveria compactuar, já que está, geralmente, ferindo os direitos de alguém, quiçá, por vezes, da sociedade em um todo.
O terceiro capítulo, “A luta pelo direito na esfera individual”, aborda como os indivíduos deveriam defender seus direitos privados. “O homem sem direito desce ao nível dos brutos” (p.30), dado essa afirmação que deriva de princípios encontrados no direito romano, nossa existência moral está intimamente ligada à conservação de nossos direitos, e desistir disso seria o equivalente a um “suicídio moral” (p.30). Tomemos o exemplo de um camponês da Inglaterra antiga, ele defenderia sua honra e moral a todo custo, desconfiando de toda e qualquer forma de injustiça que ele presencia-se, “toda injustiça não é, portanto, mais que uma ação arbitrária, isto é – um ataque contra a idéia do direito” (p.30), e essa injustiça não deveria ser permitida, já que fere abertamente os princípios do direito. Outro exemplo é o militar que abandona seu posto, “o covarde que abandona o campo de batalha, salva o que os outros oferecem em sacrifício, a vida, porém salva-a a custa da sua honra” (p.36), ou seja, a partir do momento onde ele decide que sua vida é mais importante do que sua luta, ele se torna um desertor, e juntamente com a bandeira abandonada, ele deixa para trás sua honra e sua moral. O autor fala ainda sobre as diferenças sociais na busca pelo direito, “não é a quantidade mais ou menos considerável de riqueza que se decide, mas a força do sentimento legal” (p.39), de modo que não interessa a condição econômica do individuo, mas o ardor com o qual ele busca seus direitos. 
“A defesa do direito é um ato de conservação pessoal e, por conseguinte, um dever daquele que foi lesado para consigo” (p.40).
O ponto ideal do direito, segundo Ihering, é quando atingimos a “proteção do direito contra a arbitrariedade” (p.42), ou seja, quando o direito é exercido puramente, sem a interferência dos caprichos ou vontades de quem o está aplicando.
O quarto capítulo, “A luta pelo direito na esfera social”, diz que a forma como o direito público acontece é dependente de como a sociedade luta por seu direito privado. Voltando ao exemplo do soldado que deserta, quando um só abandona sua luta não gera tanto impacto, agora quando cem soldadosviram as costas, a situação dos que continuam lutando fica precária. “Aqueles que defendem o direito privado são os únicos que podem lutar pelo direito público e pelo direito das gentes; eles empregarão nessa luta qualidades já reveladas na outra e eles decidirão a questão” (p.48), assim sendo, o direito público é fruto do direito privado, e aqueles que não defendem o direito privado não possuem as faculdades necessárias para lutarem pelo público.
Rudolf von Ihering compara, em seu livro, o sentimento sobre o direito com o crescimento de uma arvore, que ao se assentar em um terreno impróprio (árido, rochoso,...) cresce fraca, embora tudo o que se possa ver – a copa e o tronco – aparentem beleza, as raízes, as fortificações da árvore, estão danificadas. E é de tal “danificação” que crescem os políticos corruptos, as leis viciadas e é onde as “más instituições do direito exercem influência sobre a moral do povo” (p.49).
“A liberdade de ação é para o sentimento legal o que o ar é para a chama, se a diminuir ou paralisar, acabareis com tal sentimento” (p.51).
No quinto, e último capítulo, “O direito alemão e a luta pelo direito”, Ihering coloca à prova se tudo o que ele disse até então realmente acontece e, depara-se com uma resposta desanimadora, que todo o discurso desenvolvido não passa disso, uma mera utopia, não simplesmente porque a vida real não gera muitos casos práticos, mas porque na sociedade ainda impera uma visão “completamente contrária a esse idealismo” (p.51).
No livro diferencia-se a injustiça objetiva da subjetiva, a primeira ocorrendo quando apenas se faz a restituição da perda, e a segunda possuindo além dessa devolução material, uma pena pecuniária. Essa pena em forma de pagamento era muito utilizada pelo direito romano, do mesmo modo como a infâmia, que acarretava na perda dos direitos como cidadão, incluindo a “morte política” (p.53).
As penas pecuniárias vêm sendo aplicadas desde a Roma antiga e, se provaram muito eficazes na época, mas agora, na opinião do autor, se tornaram um marco triste para as punições, já que alguns delitos se tornam imensuráveis ao se passarem para monetização, por exemplo, como poderia ser avaliado o prejuízo que um chefe de cozinha causa a seus patrões ao abandonar seu posto no meio do horário de serviço? Ou, como aplicar um valor na perda de conhecimentos aos alunos quando um professor quebra seu contrato com a escola em que ensina no meio do período letivo? Segundo Ihering, “o nosso direito não concede em todos estes casos proteção alguma, porque o que ele dá tem tanto valor como uma noz para quem não tem dentes” (p.56)
O autor confirma, nas últimas páginas de seu livro, que o direito mudou desde a época de Justiniano, não sendo as regras mais tão claras como eram, ou seja, antigamente quando alguém cometia uma infração às leis, era punido, mas isso mudou e de acordo com Ihering, “o maior tratante vive em nossos dias completamente livre e impune, com tanto que seja bastante sagaz para evitar tudo o que poderia fazê-lo cair sobre a sanção do código criminal” (p.56).
Nas considerações finais do livro, o autor retoma e resume o que foi abordado o livro inteiro em apenas uma simples frase: “a luta é o trabalho do direito” (p.59).
Deste modo, torna-se claro no livro que o autor defende a luta individual pelos seus direitos para se conseguir chegar a um bom patamar para os direitos públicos. O Estado dificilmente irá batalhar pelo direito privado, então se torna necessária a luta de cada um pela defesa deste, para assim ser viável alcançar uma justiça que proteja a todos igualmente.
O livro se torna uma leitura necessária ao bacharel em direito a partir do momento em que possui uma linguagem contemporânea. Utilizando uma frase já citada anteriormente, que “o maior tratante vive em nossos dias completamente livre e impune, com tanto que seja bastante sagaz para evitar tudo o que poderia fazê-lo cair sobre a sanção do código criminal” (p.56), podemos interligá-lo com a atual situação política do país, já que a maior parte dos envolvidos nos escândalos da “Operação Lava Jatos” não estão sendo sequer mencionados por falta de provas, ou estão sendo citados, mas acaba saindo impunes pelo mesmo motivo – falta de provas. A parte aos assuntos contemporâneos que abrangem o livro, as lutas pelas defesas que ele traz em todo seu conteúdo podem ser relacionadas com a luta das mulheres e dos homossexuais para conseguirem direito iguais, vez que a ampliação da mulher na vida em sociedade como um todo só passou a realmente acontecer depois de diversas passeatas e protestos. 
Por fim, terminemos citando Simone de Beauvoir, “o homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade”, e deste modo, por mais livre e independentes que sejamos, a defesa dessa liberdade ainda só é possível se estiver de acordo com as leis, portanto devemos lutar para protegê-las e para que elas sejam exercidas corretamente.

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