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Avaliação do status da
Vitamina B1
1. INTRODUÇ‹O
A Vitamina B1, também chamada de tiamina
ou aneurina, é essencial para a vida. A deficiência
dessa vitamina hidrossolúvel tem como
manifestações principais as lesões do sistema
nervoso e a insuficiência cardíaca (1,2).
Em tecidos animais, 95% a 98% da tiamina
está presente na forma fosforilada. Os eritrócitos
contêm cerca de 80% da tiamina total no sangue.
Cerca de 80% a 85% da vitamina apresenta-se
como tiamina difosfato (TPP), também
denominada tiamina pirofosfato ou cobarboxilase.
A vitamina B1 e seus ésteres atuam como
coenzima no metabolismo de carboidratos e na
condução nervosa (1,2,3).
2. FONTES
Uma vez que os animais não podem sintetizá-
la, humanos necessitam de fontes exógenas de
tiamina na dieta. Fontes ricas em tiamina incluem
leveduras, farelo de trigo, cereais integrais,
castanhas, hortaliças, frutas, ovos, carne de
frango, de carneiro e de boi. Atualmente, um
grande número de alimentos apresentam
suplementos com vitamina B1 (1,2,4).
A recomendação oficial para adultos é de 1,2
a 1,4 mg/dia, podendo ser necessários níveis
discretamente maiores na gravidez, lactação ou
em situações de estresse (4).
3. METABOLISMO
A tiamina é absorvida no intestino delgado
por difusão passiva. A sua subseqüente
fosforilação produz a forma mais importante da
coenzima, a tiamina difosfato (TPP). Essa
participa de diversas reações do metabolismo de
carboidratos, lipídico e na transmissão do impulso
nervoso (1-4).
A tiamina é excretada pela via renal, após
desfosforilação à forma livre ou como éster
conjugado a sulfatos. Desta forma, a síndrome de
sobrecarga de vitamina B1 parece não ter
relevância, devido ao fato do excesso da vitamina
ser rapidamente clareado pelo rim (2,4).
4. DEFICI¯NCIA DE B1
Os níveis sangüíneos da tiamina caem
dramaticamente duas semanas após sua privação,
diminuindo as reservas corporais e prejudicando
as atividades dependentes da vitamina (4,5).
As principais causas dietéticas da deficiência
incluem ingestão exclusiva de arroz e trigo não
enriquecidos, peixe cru contendo tiaminases e
chás contendo fatores anti-tiamina. O alcoolismo
crônico é causa comum, decorrendo da baixa
ingestão alimentar, absorção e armazenamento
prejudicados. Nos países desenvolvidos, cerca de
30% a 80% dos etilistas apresentam deficiência
de tiamina (3).
Diversos erros inatos do metabolismo que
incluem anemia megaloblástica de causa incerta,
acidose lática devido à deficiência de piruvato
descarboxilase, cetoacidúria de cadeia ramificada,
estão relacionados à deficiência de tiamina (5).
Os pacientes renais crônicos, com doença
febril prolongada crônica, portadores de AIDS,
Doença de Alzheimer, Diabete Melito,
transplantados, em uso de diuréticos,
quimioterapia e radioterapia também apresentam
maior incidência de deficiência da vitamina B1
(2,4,5).
Recentemente, com o aumento do número de
cirurgias bariátricas no tratamento da obesidade
grave, a deficiência de tiamina é uma condição a
ser monitorizada. Nesses pacientes, a deficiência
de tiamina decorre da baixa ingestão alimentar e
da ocorrência de vômitos (6,7). A gravidade da
deficiência depende do tipo de procedimento
realizado, embora a deficiência de tiamina
também ocorra em pacientes submetidos a
procedimentos restritivos (bandagem gástrica). A
deficiência pode ocorrer duas semanas ou até
treze anos após a cirurgia (8).
A deficiência clássica da Vitamina B1 é o
Beribéri, com sintomas neurológicos e
cardiovasculares. A tiamina livre media a
atividade neural parassimpática e sua deficiência
leva a um prejuízo na condução e transmissão
nervosa, podendo induzir a neuropatia periférica e
lesão cerebral. No adulto, os sinais e sintomas
mais freqüentemente observados são confusão
mental, nistagmo, encefalopatia de Wernicke,
 
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psicose de Korsakoff, fraqueza muscular, ataxia,
paralisia periférica, oftalmoplegia, anorexia,
edema, perda muscular, taquicardia e
cardiomegalia com insuficiência cardíaca de alto
débito. Em crianças pode se manifestar com
morte súbita. O quadro pode ser desencadeado
por alta ou baixa ingestão calórica e atividade
física (5).
Observa-se ainda, como achado laboratorial,
a redução da concentração de hemoglobina, com
clássicas características de maturação
megaloblásticas afetando todas as linhagens. É
freqüente o achado de múltiplas deficiências de
vitamina com redução da vitamina B2 e B6 (4).
5. AVALIAÇ‹O LABORATORIAL
Até recentemente, utilizava-se para a
determinação do status de tiamina o teste da
transquetolase eritrocitária. Neste teste, a
formação de gliceraldeído-3-fosfato pela enzima
transquetolase (TPP dependente) é avaliada como
indicador indireto da reserva corporal de tiamina.
Entretanto, este teste pode ser influenciado por
outras condições que não a deficiência de tiamina
(diabetes, doença hepática), além de apresentar
baixas reprodutibilidade e precisão.
A técnica de Cromatografia Líquida de Alta
Performance (HPLC) permite a determinação
direta da tiamina difosfato (TPP), a forma
fisiologicamente ativa de vitamina B1, utilizando
um sistema isocrático com detector fluorescente.
Estudos mostram que a dosagem da TPP em
sangue total é um indicador preciso da tiamina em
todos os órgãos (3,9,10).
O Instituto Hermes Pardini realiza a dosagem da
Vitamina B1:
Amostra:
02 ml de sangue total (EDTA)
Congelado.
Proteger da luz. Evitar hemólise.
Método: HPLC
Valor de referência:
28 a 85 mcg/L (66,5 a 200 nmol/L)
6. REFER¯NCIAS
1. Bianchini-Pontuschka R, Penteado MVC.
Vitamina B1. In: Penteado MVC. Vitaminas.
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e analíticos. 2003; 289-276.
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tiamine diphosphate in human erythrocytes: a
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4. Jacobs P. Hematology of Malnutrition, Part
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5. Burtis CA, Ashwood ER. Vitamins. In:
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Clinical Chemistry. 1009-1013.
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8. Mason ME, Jalagani H, Vinik AI. Metabolic
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Gastroenterol Clin N Am. 2005; 34: 24-33.
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erythrocytes or whole blood by HPLC:
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