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Apostila de Sociologia Geral e Jurídica

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Sociologia Geral e Jurídica
Pierre Bourdieu – Campo Jurídico
	Para formular o conceito de Campo Jurídico, Bourdieu procura fundir elementos da lógica Formalista e Instrumentação.
O Direito formal, guiado na “teoria pura do direito” de Kelsen, tenta construir um corpo de doutrinas e regras independentes dos constrangimentos e das pressões sociais.
O direito Instrumental é reflexo das relações de forças existentes; segundo a visão marxista ele exprime determinações econômicas e os interesses dos dominantes. Afirmam que o direito é instrumento de dominação. Os Marxistas estruturalistas ignoram a estrutura do sistema simbólico e da forma específica do discurso jurídico por não mencionarem as condições históricas para elevação das ideologias
Assim, a análise do campo jurídico parte de uma crítica à visão Internalista de Kelsen e a perspectiva Externalista dos marxistas: crítica ao direito visto como um conjunto de normas incorporadas em uma estrutura formal e ao direito como um subproduto determinado por condições internas (poder econômico, elites).
É preciso levar em conta o que uma ignora na outra, ou seja, considerar a existência de um universo social independente das pressões externas, no interior onde se produz e exerce autoridade jurídica, que é um monopólio do estado (que pode combinar com o uso da força física).
A prática e o discurso jurídico são resultados da ação do campo jurídico. A Lógica desse campo de determina na ação das forças específicas, as quais lhe confere estrutura, e a Lógica interna das obras jurídicas, as soluções propriamente jurídicas.
O Campo jurídico é o local onde ocorre a concorrência pelo monopólio de dizer o direito: visão legítima, que é a interpretação da doutrina.
O fruto das relações de força são os que conferem estrutura no campo jurídico (lógica interna do direto) que delimita as soluções que serão consideras incluídas no campo do direito.
	 Então, é um campo que, em períodos equilibrados, tende a funcionar como aparelho, o qual na medida em que o ‘sentir, pensar e agir’ dos intérpretes se une às leis e colocam em prática procedimentos para se montar uma jurisprudência (codificação dos conflitos entre os profissionais do direito).
	O campo jurídico tem um comprometimento com os valores e interesses dos dominantes.
A linguagem jurídica consolida a ciência jurídica por meio da racionalidade, métodos, lógicas dedutivas e pela suposta neutralidade do campo jurídico. 
A concepção da linguagem jurídica está carregada da noção de autonomia, neutralidade e universalidade das normas jurídicas. 
 Neutralização, impessoalidade, imparcial e objetivo (busca de uma objetividade na forma; universalidade ‘é’.) ; 
Universalização, obtido por processos convergentes, da terceira pessoa do singular, de indefinidos, para um aspecto realizado e generalidade e omnitemporalidade;
A elaboração de um corpo de regras e de procedimentos com pretensão universal é produto de uma divisão do trabalho resultada da concorrência entre as competências, variante entre as épocas e tradições e segunda a especialidade (direito privado e público, por exemplo)
O espíritos jurídico, ou sentido jurídico, é o verdadeiro direito de entrada no campo, consiste na postura universalizante. 
Os juristas e teóricos tendem a puxar o direito no sentido da teoria pura.
Já os juízes e práticos procuram à aplicação do direito em situações mais concretas. 
Os magistrados tendem a assegurar a função de adaptação ao real em um sistema.
A atividade interpretativa opera a historicização da norma - e, aliada à elasticidade dos textos -, adapta as fontes a circunstâncias novas, descobrindo nelas possibilidades inéditas, deixando de lado o que está ultrapassado ou o que é caduco. 
O conhecimento jurídico não é apenas aquilo que está positivado nas normas jurídicas, ou nos manuais dos doutrinadores, ou nas construções jurisprudenciais. Ele pode acompanhar as evoluções e crises da sociedade que o sustenta.
O campo jurídico é a constituição da realidade. 
Conformar-se com o direito para resolver o conflito é aceitar tacitamente a adoção de um modo de expressão e de discussão, que implica na renúncia á violência física e às formas elementares da violência simbólica, como a injúria.
Eficácia: ferramenta de transformação das pessoas (física ou psicológica);
O veredicto condensa toda a ambiguidade do campo jurídico, ele deve sua eficácia específica ao fato de participar ao mesmo tempo da:
I - 	Lógica do campo político: entre amigos, aliados e inimigos, que tende a excluir a intervenção arbitral de 3ºs;
II - 	Lógica do campo científico: que, ao chegar a um grau de autonomia, tende a conferir prioridade à oposição entre o verdadeiro e o falso, conferindo poder arbitral à concorrência entre os pares;
	A entrada no universo jurídico, em que se aceita a proposição de que os conflitos só podem ser resolvidos por meios jurídicos. 
	Entre as exigências de entrada no campo jurídico, tem-se, segundo Austin:
Deve se chegar a uma decisão (culpado ou não);
A acusação e a defesa devem se ordenar de acordo com o procedimento;
Se deve recorrer a precedentes e de se conformar com eles;
A constituição do campo jurídico é inseparável da instauração do monopólio dos profissionais sobre a produção e a comercialização dos serviços jurídicos. A competência jurídica permite que se controle o acesso ao campo jurídico, determinando os conflitos que merecem entrar nele e a forma específica.
Direito é processo dentro do processo histórico: não é uma coisa feita, perfeita e acabada; é aquele vir-a-ser que se enriquece nos movimentos de libertação das classes e grupos ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o contradizem, mas de cujas próprias contradições brotarão as próprias conquistas. (materialismo histórico).
	A legitimidade, conferida ao direito e agentes, advém das práticas e da rotina dos usos. É preciso ter em linha de conta o conjunto de relações objetivas entre o campo jurídico, lugar de relações complexas que obedecem a uma lógica autônoma, e o campo de poder e o campo social. É, pois, no interior desse universo que se definem os meios, os fins e os efeitos específicos que são atribuídos à ação jurídica.
O direito como um instrumento de normalização da vida social por excelência. E, socialmente falando, ninguém está fora do campo jurídico. Qualquer indivíduo, mesmo que jamais em sua vida estude o direito, para que possa viver em comunidade, deverá seguir as normas que lhe são impostas.
O campo jurídico, em decorrência de seu papel de reprodução social, dispõe de autonomia menor que certos campos que contribuem para manutenção da ordem simbólica, e manutenção da ordem social. Assim, a hierarquia na divisão do trabalho jurídico varia no decurso do tempo, em função principalmente das variações das relações de força no centro do campo social. 
Com relação entre o campo jurídico e a própria constituição da sociedade. Não há uma separação clara. A manutenção da ordem jurídica depende da ordem social e vice-versa. Ambas dependem da eficácia simbólica que legitima o poder incorporado nas práticas jurídicas.
	A manutenção da ordem simbólica é produto das ações que não têm como fim a realização desta função de reprodução do campo jurídico e que podem mesmo se inspirar em intervenções opostas (como trabalho de revolucionários); Essas intervenções opostas contribuem definitivamente para determinar a adaptação do direito e do campo jurídico ao novo estado das relações sociais e para garantir a legitimação da forma estabelecida dessas relações.
	Campo: pessoas e elementos que se relacionam segundo regras.
Pessoas se relacionando, tentando ter o monopólio do saber jurídico; é estruturado, as diferentes profissão do direito e o peso de suas respectivas opiniões; é um campo hierarquizado.
União do positivismo de Kelsen e do materialismo histórico de Marx 
O campo jurídico está permeável por um poder simbólico. É uma forma de se exercer o poder simbólico sobre a população.
Instituições dão o direitoàs pessoas de dizer o direito. (competência social, política, e técnica.)
O Contexto Histórico de Surgimento da Sociologia
	Inicialmente a cultura e o costume eram o que regia as relações; em seguida essas relações passaram a ser institucionalizadas, ou seja, regidas por leis.
	O assentamento dos povos germânicos e romanos na Europa surge um mecanismo de governo unitário nas diversas entidades políticas. O desenvolvimento político e econômico era local. Forma-se o regime “senhor”. Em seguida, com a institucionalização, a queda do império romano e as invasões bárbaras, têm-se a implantação do regime Feudal na Idade Média. 
O feudalismo era o produtor de relações sociais: baseava-se na servidão e a terra significava poder e riqueza. A sociedade se fundava na origem e no trabalho das pessoas, nela praticamente não havia mobilidade social. A única instituição europeia com caráter universal era a Igreja Católica. 
A Baixa Idade Média foi marcada pelos conflitos e pela dissolução da unidade instituída. Foi, então, que começou a surgir o estado Moderno, e a luta pela supremacia entre a igreja e o estado. 
Em seguida há uma contestação do poder e estrutura da Igreja, que culmina com a reforma protestante. Aí começa a expansão econômica e mercantil
	Ocorreu a valorização do homem, com o raciocínio lógico e crítica a realidade social. O iluminismo propõe uma sociedade analisada de forma raciona e não mais dedutiva. Os fenômenos sociais deveriam ser vistos num âmbito mais lógico. 
O surgimento da sociologia remete-se a quando surge o capitalismo, e assim os problemas sociais (desemprego, doenças e revoltas operárias). Esse problemas desencadearam uma maior análise da sociedade e uma busca por uma melhor organização social.
	Os Problemas nasceram após a Revolução Industrial e Francesa.
	A Revolução Industrial representou a consolidação do capitalismo, e a formação do proletariado. Surgiu a modificação do pensamento moderno, que vai se tornando racional e científico, substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum.
	É na Revolução francesa que acontece a quebra institucional, a decapitação de Luís XVI. Surge o positivismo, uma filosofia social voltada para construir um futuro, e o Ideal político. Seguiu o pensamento iluminista, que objetivavam demonstrar a irracionalidade e as injustiças de algumas instituições, pregando a liberdade e a igualdade dos indivíduos. 
	Em seguida há uma institucionalização feita por Napoleão, codificação das leis e costumes e, consequentemente, a padronizar as relações de comércio;
No Século XX tem-se o grande crescimento populacional, resultados de um crescimento da produção alimentícia, avanços tecnológicos...
Auguste Comte – ‘Pai do Positivismo’
Para Comte, o estado positivo se caracteriza pela subordinação da imaginação e da amamentação à observação. Cada proposição positiva deve corresponder a um fato, seja particular, seja universal. A filosofia positiva, ao contrário dos estados teológico e metafísico, considera impossível a redução dos fenômenos naturais a um só princípio (Deus, natureza ou outro experiência equivalente).
O conhecimento positivo caracteriza-se pela previsibilidade: “ver para prever” é o lema da ciência positiva. A previsibilidade científica permite o desenvolvimento da técnica e, assim, o estado positivo corresponde à indústria, no sentido de exploração da natureza pelo homem.
O espírito positivo instaura as ciências como investigação do real, do certo e indubitável, do precisamente determinado e do útil.
O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro.
Ele divide a história em 3 estados:
	antiguidade (medieval)- Teológico: Deus no centro - o Estado explica os fenômenos naturais recorrendo ao uso de Deus. Se subdivide em: politeísmo, monoteísmo e misticismo. É uma época escravista e servil, onde há uma confusão entre o poder espiritual e o temporal, havendo uma temporada teocrática(egito) Mítica (Greco-Romana) e o seu equivalente, o regime monárquico;
	moderno - Metafíco: é meramente intermediário, provisório. Vive e recorre em abstrações. Época das revoluções, de uma filosofia negativa. Relações voltadas pro pensamento - doutrina na soberania popular, livre expressão e igualdade; (revolução francesa) 
	Contemporânea - Positiva: procura reorganização da vida social para retirar a sociedade da anarquia e da crise, direcionada para uma fase de hegemonia científica. O monoteísmo é substituído pela síntese humana. Reformulação das relações, realidade mediante as verdades positivas da ciência, fé religiosa pela fé na ciência, educação universal, governo composto por sábios, leis extraídas das ciências naturais que defenderão as classes humildes por meio da república positiva.
Émile Durkheim 
Tenta definir uma ‘Consciência coletiva”. Parte do princípio que o homem é um animal selvagem que se tornou humano pela sua capacidade de se socializar, a esse processo de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social ele nomeia de ‘Socialização’. Parte da ideia que o indivíduo é produto da sociedade. Os costumes de uma sociedade são exteriores ao indivíduo, dotados de um poder imperativo e coercivo em virtude do qual se lhe impõem, quer ele queira ou não. A consciência pública reprime todos os atos que as ofendam. 
Fato social
	Durkheim definiu como objetivo da sociologia o fato social, todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade, mesmo que apresentem algum interesse social. Porém, poderíamos ver todos os acontecimentos como sendo um fato social, pois todo o indivíduo come, bebe, dorme, raciocina, e a sociedade tem todo o interesse em que essas funções se exerçam regularmente. Logo, se considerarmos esses objetos como sendo fatos sociais a sociologia perde o seu domínio próprio. É por isso que define posteriormente que só há fato social quando existe uma organização definida como regras jurídicas, dogmas religiosos, morais, etc.
	Em suma, o fato social é toda maneira de, ao se fazer, exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada, que possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuai.
	Apresentam três características principais:
Coerção social: impostos pela sociedade ao indivíduo (idioma, códigos, leis...); 
Sanções: Legais, em forma de lei; espontâneas, conduta não adequada à estrutura do grupo; 
Exteriorização: provem da sociedade e não do indivíduo. (regras sociais, costumes...)
Generalidade: é geral, se repete nos indivíduos de uma coletividade. 
	Inicialmente, devemos considerar o fato social como coisa, o que se realiza através do homem, de sua atividade. 
	Sua filosofia funcionalista deriva de sua ideia de compara a sociedade a um “corpo vivo” em que cada órgão cumpre uma função.
	Afirma que o todo predomina sobre as partes, o que significa que os fatos sociais existem em função da sociedade. E por isso procura identificar a vida social do indivíduo de acordo com a sociedade, concluído que essa possui um papel fundamental na vida social do indivíduo.
Suicídio
	Durkheim preocupou-se com o fato do suicídio na Europa, pesquisou o que ele considerou com sendo um fato social. entendia que o suicídio possui causas sociais. É nos grandes centros industriais que os crimes e os suicídios são mais numerosos. 
	Chama-se de suicídio todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, executado pela própria vitima e que ela sabia que deveria produzir esse resultado. O suicida sabe o que vai acontecer, como ira lesar o seu ato, qual será o resultado de sua ação. 
	Define, para isso, 3 formas:
Egoísta: os indivíduos apresentam desejos que não podem satisfazer-se, sente separado da sociedade. Quando esse egoísmo acaba o frustrando, sofrendo de depressão, melancolia, e outros sentimentos...
Altruísta: revela quando o indivíduo se identifica com uma causa nobre, com a coletividade, essaidentificação deve ser tão intensa que este acaba renegando a própria vida pela sua identificação.
Anômico: deve-se a um desregramento social, ocorre depois da mudança na vida de um indivíduo.
O que Durkheim deixa claro nos tipos de suicídio estudados é a relação indivíduo-sociedade, o suicídio ocorre tanto pela falta da ação do indivíduo em determinada sociedade como pela pressão que está sociedade acarreta sobre ele.
Durkheim considerava o crime como um fato social normal, já o suicídio era um fato social patológico que evidenciava que havia profundas disfunções na sociedade.
Na divisão social do trabalho cria uma solidariedade orgânica; o consenso se baseia na divisão social do trabalho: um formado em direito sabe que tem um papel na sociedade, ele se especializa em algo e por isso não precisa se especializar no resto; a diferenciação das nossas atribuições é o que cria a solidariedade orgânica.
Juízo de valor e Juízo de fato
É impossível você sair de um juízo de valor, pode-se haver uma reestruturação de suas ideias. O juízo de fato você pode mapear em verdadeiro ou falso, é mais próxima de sua observação. O juízo de valor não pode ser mapeado em verdadeiro e falso. Para Durkheim: procura sair do juízo de valor, que é de cada um, para uma análise das coisas como são.
	Juízo de valor: é um conceito prévio que se tem de algo.
	Juízo de fato: o que a coisa é em si.
Max Weber 
Os 3 tipos de dominação
Dominação é encontrar obediência a um determinado mandato; Normalmente apoia-se em bases jurídicas, nas quais se funda sua legitimidade. Para Weber, a dominação estável são apenas aquelas elencadas nos 3 tipos a seguir:
Dominação Legal: 
Tem como ideia base a existência de um estatuto que pode criar e modificar normas, desde que seu processo (forma) esteja previamente estabelecido. Constitui uma relação, baseia-se unicamente no profissionalismo e na hierarquia da empresa. Dominação é eleita ou nomeada. Essa forma de dominação é sustentada por regras, regulamentos e leis. Quando elas falham, valem pontos de vista de conveniência, "sem consideração da pessoa”.
	Apesar das condições do mercado de trabalho, o ingresso numa empresa é livre, estando-se, a partir de então, submetido às suas regras; no entanto, sua renúncia é igualmente livre. Dominação regulada por um contrato, configurando-se, assim, como legal.
Como exemplo de dominação legal pode-se citar o Estado, o município, uma empresa capitalista privada, numa associação com fins utilitários ou qualquer união em que haja uma hierarquia regulada por um estatuto. 
A forma mais pura de dominação legal é a burocracia, e todo o elemento burocrático é essencial para o trabalho rotineiro. Os princípios fundamentais da burocracia são a hierarquia funcional, a administração baseada em documentos, a demanda pela aprendizagem profissional, as atribuições são oficializadas e há uma exigência de todo o rendimento do profissional. A obediência se presta não à pessoa mas à regra, que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. 
É estável por ser baseada em normas que são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado.
Dominação Tradicional:
É a forma mais antiga de dominação. Basicamente é aceita em nome da tradição e dos níveis de hierarquias, onde o exercício da autoridade se dá através, por exemplo, do comando do rei aos súditos, do pai aos filhos, dentre outros.
Ocorre devido a fatores como: afetividade, respeito, admiração, crença, e até no prazer de ver o “senhor” feliz ou satisfeito. Assim, com uma inexplicável legitimidade, determina-se que tal hierarquia é inflexível a mudanças. 
Se estrutura de duas formas distintas, 
Quando há obediência devido a dependência dos indivíduos aos senhores 
Wuando a hierarquia é estabelecida devido a privilégios de alguns sobre outros.
Weber relaciona a “fidelidade tradicional” para explicar, por exemplo, a dominação patriarcal, onde o respeito e a admiração em virtude da tradição levam a obediência. Assim, existe uma forma de lei moral entre os indivíduos; a dominação está relacionada diretamente aos costumes, ações cotidianas e valores pessoais.
É estável devido à solidez do meio social e à dependência direta que a tradição tem com a consciência coletiva. E essa cultura já está enraizada a muito tempo na sociedade e estima-se que perdure ainda por muito mais.
Seu tipo mais puro é a dominação patriarcal. 
Dominação Carismática: 
É influenciada diretamente pelos fatores emocionais e afetivos, e a obediência é estabelecida pela crença nas qualidades do líder, ao caráter sagrado, à força heróica, ao valor exemplar ou ao poder da palavra que distingue de modo especial e, é aceita devido a devoção afetiva por parte dos dominados. Esta devoção deve-se ao reconhecimento que os heróis e demagogos alcançam, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis que devem ser seguidos pelos governados.
A dominação carismática se opõe às bases da legitimidade da ordem estabelecida e institucionalizada, onde o líder carismático, em certo sentido, é sempre revolucionário, na medida em que se coloca em oposição consciente a algum aspecto estabelecido da sociedade em que atua. Mas para que a autoridade seja estabelecida, é necessário que os seguidores considerem o apelo do líder como legítimo, estabelecendo-se assim, uma lealdade de tipo pessoal.
Como a obediência a um líder deve-se às suas qualidades pessoais, não há nenhum procedimento ordenado para a nomeação ou substituição deste e, sendo assim não há carreiras e nem é necessário formação profissional para se obter o carisma. Contudo, a fonte do poder é estabelecida em cima do novo, do que nunca existiu, carecendo da existência previa de vínculos predeterminados. Tratando-se de um fenômeno excepcional, a dominação carismática não pode estabilizar-se sem sofrer profundas mudanças estruturais e, dependendo dos padrões de sucessão que adotar e com a evolução do corpo administrativo, tornará-se ou racional-legal ou tradicional, em algumas de suas configurações básicas.
Seus tipos mais puros são a dominação do profeta, herói, guerreiro e do grande demagogo.
Ética protestante e o Espírito do capitalismo
É um livro de Weber, na qual ele investiga as razões do capitalismo se haver desenvolvido inicialmente em países como a Inglaterra ou a Alemanha, concluindo que isso se deve à visão do mundo e hábitos de vida instigados ali pelo protestantismo.
Weber avança a tese de que a ética e as ideias puritanas influenciaram o desenvolvimento do capitalismo. Na Igreja Católica a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos (como a ocupação econômica). 
O espírito do capitalismo é um conjunto de ideias e hábitos que favorecem eticamente a procura racional pelo ganho econômico. ‘Para que uma vida adaptada ao capitalismo possa predominar sobre as outras formas de organização ela teria que ter origem em vários lugares, como uma vida comum aos grupos de homens, não um só’.
Há vários motivos para procurar as suas origens nas ideias religiosas da Reforma Protestante. Certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento económico racional e que a vida terrena (em contraste com a vida "eterna") recebeu um significado espiritual e moral positivo. O Calvinismo trouxe a ideia de que as habilidades humanas deveriam ser percebidas como dádiva divina e por isso incentivadas. 
A lógica inerente destas novas doutrinas teológicas e as deduções que se lhe podem retirar encorajam o planejamento em prol do ganho económico.
Apesar de as ideias religiosas puritanas terem tido um grande impacto no desenvolvimento da ordem económica na Europa e nos Estados Unidos, eles não foram o único fator responsável pelo desenvolvimento; são por exemplo: o racionalismo na ciência, a mescla da observação com a matemática, a jurisprudência, sistematização racional da administração governativa e o empreendimentoeconómico.
Aética protestante explorava meramente uma fase da emancipação da magia, o desencantamento do mundo, uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.
Da análise de seu texto se evidencia a correlação com a temática abordada por Emile Durkheim, a temática religiosa, contudo devido a análise de suas peculiaridades, a obra de Weber se distância da obra de Durkheim, principalmente devido a peculiar realidade vivida pela sociedade alemã do século XIX e da defesa do autor sobre a importância do papel da política na vida social, sendo esta realizada através de uma burocracia eficiente e controlada pela democracia, condição que justifica a origem de um sistema legal voltado para o capitalismo.
"Espírito do Capitalismo", os homens de negocio, os grandes capitalistas, os operários de alto nível e o pessoal especializado do período pertencerem a religião protestante (calvinista), e através do isolamento de suas características em comum e estabelece um "tipo ideal de conduta religiosa", que consiste na elaboração limite de algo, vazio a realidade concreta. 
A Ética Protestante, a doutrina protestante de linha calvinista, que se distingue por santificar a vida diária em contraposição à contemplação do divino, condição que favorece o espírito capitalista moderno, notoriamente o alemão, ou seja, o autor busca idealizar, identificar, o tipo ideal de conduta religiosa, em oposição ao conceito pregado pela Igreja Católica, que na época por meio do conceito da piedade popular e da espera da recompensa na vida após a morte; e a mensagem protestante de linha luterana, que acredita que o homem já nasce predestinado a salvação, condutas que repugnavam a obtenção do lucro e que deste modo iam de encontro ao ideal burguês.
Max Weber defende o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, que o mesmo denomina racionalismo; sendo esta leitura realizada através da comparação da existência do capitalismo e de empresas capitalistas, sendo identificado na primeira uma estrutura social, política e ideológica ímpar, que pode se ditar como a condição ideal para o surgimento do capitalismo moderno, que no seu interior defende a paixão pelo lucro como demonstração de prosperidade, fé e salvação. 
Principais características do Sistema Capitalistao trabalho livre, a separação dos negócios da moradia da família e a implementação da contabilidade racional; da qual se origina a classe burguesa ocidental ligada estreitamente à divisão do trabalho.
Karl Marx 
Mais valia
É, basicamente, a diferença entre o valor da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria a base do lucro no sistema capitalista.
Tal lucro pode vir da mecanização, em que a força de trabalho valeria menos, ou por um prolongamento de jornada (mais valia absoluta).
Ideia de Alienação
	O capitalismo alienou: separou o trabalhador dos seus meios de produção, retirou seu controle do produto de sue trabalho. Na sociedade burguesa o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse dessa. quanto mais o operário produz, menos ele custa para a economia e conseqüentemente mais ele Se desvaloriza, chegando ao ponto de se tornar uma mercadoria do capitalismo. O trabalho transforma o operário numa máquina que não consegue afirmar-se e não se sente à vontade, um infeliz. Bases para a exploração de um homem por outro. O excedente do trabalho alienado termina por dar início ao acúmulo de riquezas e o surgimento da propriedade privada.
Classes Sociais
Para Marx o Estado é o instrumento na qual uma classe domina e explora outra classe. O Estado seria necessário a proteger a propriedade e adotaria qualquer política de interesse da burguesia, seria o comitê  executivo da burguesia.
As classes não seriam somente um grupo de que compartilha de um certo status social, mas é definida em relações de propriedade. Para ele havia aqueles que possuíam o capital produtivo, com o qual expropriavam a mais-valia, constituindo assim a classe exploradora; de outro lado estava os assalariados, os quais não possuíam a propriedade, constituindo assim o proletariado.
Marx definiu a classe de acordo com a propriedade produtiva, ou seja detentores de capital ou não. Isto porque se fossem relacionadas como a posição social, as classes de renda distintas não comungariam dos mesmos interesses.
Interesses seriam econômicos, e que para sua superação em relação a outra classe são usados todos os métodos, inclusive a violência, que poderia ser usada na revolta dos explorados contra os exploradores que controlam a expropriação da mais-valia.
Se a classe é egoísta o individuo também é, que era atribuído a ideologia burguesa e ao sistema capitalista. Marx oferece uma teoria baseada no comportamento individual racional e utilitário.
Modo de Produção
Maneira como se o organiza o processo pelo qual o homem age sobre a natureza material para satisfazer as suas necessidades. 
É a forma de organização socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Existem 6 modos de produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista.
Materialismo histórico
Fundamenta-se na ideia de que a história está ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os homens encontraram, em suas relações, para se desenvolverem e dar continuidade à espécie.
O propósito de uma história pautada no materialismo aparece como uma oposição ao idealismo. As ideias seriam o reflexo da imagem construída pela classe social dominante. Isto é, o poder que ela exerce sobre as pessoas está diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta “elite” constrói dentro das mentes de seus dominados, fornecendo sua visão de mundo. É dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração. 
Marx acredita que a manutenção da estrutura econômica se dá mediante a inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle mental e social.
A sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a se mostrar um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma implosão dentro desse sistema e originando um novo: o capitalismo. Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição, o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio.
Hegel
Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que influenciaram Marx foram sua filosofia da história e sua concepção dialética. 
Para Hegel, nada no mundo é estático, tudo está em constante processo (vir-a-ser); tudo é histórico. O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito do Mundo, que representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na ideia de Deus. 
Marx: passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias, na consciência que os homens têm dela, mas sim na ação concreta (material, portanto) dos homens, portanto no trabalho humano. A existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dialética materialista.

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