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AULA 3 INDRODUÇÃO A FARMACOLOGIA DO SNA E MOTOR SOMÁTICO Uma das dificuldades da Fisiologia é nomear o sistema nervoso autônomo (ou autonômico). Há uma grande discordância, mesmo entre os fisiologistas da atualidade, sobre a terminologia empregada. Muitos se recusam a utilizar em seus livros o termo “autônomo ”, que, no Brasil, vem sendo substituído pelo termo “autonômico”. O sistema nervoso se subdivide em central (SNC) e periférico (SNP). Os nervos e gânglios que formam o SNP se agrupam em dois grandes ramos ou divisões: Autonômica; Somática. Como se divide o Sistema Nervoso Autonômico? Simpático Os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática do SNA estão localizados na região torácica e lombar da medula espinhal – divisão toracolombar, enquanto que os gânglios nervosos se localizam em uma cadeia paralela à coluna vertebral – cadeia de gânglios paravertebrais. Como os gânglios estão bem próximos à medula espinhal, o neurônio ou nervo pré-ganglionar é curto, enquanto que o neurônio ou nervo pós-ganglionar é longo, para alcançar o órgão efetor. O SNA simpático está classicamente relacionado aos mecanismos de respostas de luta e fuga/estresse. Ou seja, em situações de estresse ou após uma atividade física, o ramo mais ativo será o simpático. A ativação do neurônio pós-ganglionar (ou ganglionar) é feita através do neurotransmissor acetilcolina (ACh), que é liberada pelas terminações sinápticas do neurônio pré-ganglionar. A medula da glândula suprarrenal (ou adrenal) merece destaque. Como se pode observar pela imagem, ela recebe inervação direta do neurônio pré-ganglionar. Esta região da glândula, sua medula, possui a mesma origem embriológica do sistema nervoso. Portanto, suas células (neurônios modificados) são capazes de produzir o neuro-hormônio adrenalina, que é então liberada na corrente sanguínea. A adrenalina irá amplificar as ações da divisão simpática. Na realidade, a medula da suprarrenal fará o papel de um gânglio nervoso e seu neurotransmissor, mas na realidade, o hormônio liberado por ela terá ação sistêmica, e não ficará localizado somente em um órgão efetor. Parassimpático Os neurônios pré-ganglionares da divisão parassimpática do SNA estão localizados no tronco encefálico, isto é, possuem raízes surgindo desta região e passando por forames do crânio e também da região sacra da medula espinhal (craniossacral). Os nervos cranianos parassimpáticos são (por ordem dos pares): Oculomotor (III) Facial (VII) Glossofaríngeo (IV) Vago (X) O SNA parassimpático está classicamente relacionado a respostas de descanso e digestão. Ou seja, sempre que um indivíduo estiver em repouso, ou logo após fazer uma refeição, o ramo mais ativo do SNA será o parassimpático. Ao contrário do simpático, que tem todos os gânglios nervosos dispostos em uma cadeia, os gânglios parassimpáticos estão localizados próximos, senão dentro dos órgãos efetores. Outra diferença estrutural entre as divisões é em relação ao comprimento dos nervos, ou neurônios pré e pós-ganglionares. O parassimpático possui nervos pré-ganglionares longos, pois seus gânglios estão próximos aos órgãos ou vísceras, e por isso os nervos ou neurônios pós-ganglionares são curtos, ao contrário do simpático, como já vimos (imagem). A ativação do neurônio pós-ganglionar (ou ganglionar) é feita através do neurotransmissor acetilcolina (ACh), que é liberada pelas terminações sinápticas do neurônio pré-ganglionar, da mesma forma que ocorre no simpático. Tipos de controle; Antagonista - As ações de uma divisão se opõem às ações da outra. Sinergista - A ação de um auxilia a do outro (mais raro). Potenciais pós-sinápticos (PPS)-São respostas elétricas que as células-alvo demonstram na ligação do neurotransmissor ao seu receptor. Podem ser de dois tipos: Potencial pós-sináptico excitatório (PEPS) Quando a resposta da célula-alvo é uma despolarização, normalmente envolvendo a entrada de Na+ através dos canais de sódio voltagem dependentes. Um PEPS clássico é a junção neuromuscular (sistema nervoso somático). Potencial pós-sináptico inibitório (PIPS) Quando a resposta da célula-alvo é uma hiperpolarização, normalmente ocorre à entrada do íon Cl-, ou pode também haver perda de K+. Os neurotransmissores que causam esse tipo de resposta são chamados de inibitórios. Ex.: GABA e Glicina. AULA 4 FÁRMACOS DE AÇÃO PARASSIMPÁTICA E SIMPÁTICA Fármacos que atuam no sistema parassimpático O sistema parassimpático é responsável pelo repouso e digestão. Os fármacos de ação no sistema parassimpático, ou sistema colinérgico, são classificados em: • Agonistas muscarínicos • Antagonistas muscarínicos • Anticolinesterásicos (ou agonistas colinérgicos indiretos) • Bloqueadores neuromusculares • Bloqueadores ganglionares Agonistas muscarínicos-São os fármacos que se ligam aos receptores muscarínicos e os ativam.Caracterizam-se por sua ação semelhante á da acetilcolina (ACh),daí serem denominadas parassimpaticomiméticos,isto é, que imitam o parrassimpático ou colinomiméticos, pois imitam a ACh Os Agonistas Muscarínicos podem ser classificados ainda em; Diretos-Os agonistas direto são aqueles onde o próprio fármaco se liga ao receptor muscarínico e o ativa. Indiretos - Os agonistas indiretos irão provocar um aumento da disponibilidade do neurotransmissor acetilcolina e, então, a acetilcolina (ACh) irá ativar os seus próprios receptores. Os agonistas indiretos também recebem o nome de anticolinesterásicos. Antagonistas muscarínicos São os fármacos que, quando se ligam aos receptores muscarínicos, bloqueiam sua ação. Também são conhecidos como parassimpaticolíticos, por impedir a ação do parassimpático, e também como anticolinérgicos, por impedir a ação da acetilcolina. Provocam sua ação pela ligação aos receptores muscarínicos, impedindo assim a ligação da acetilcolina. Bloqueadores neuromusculares São fármacos que bloqueiam a transmissão neuromuscular – do neurônio para o músculo -, através do bloqueio dos receptores nicotínicos da ACh. Esses receptores estão localizados nos músculos estriados esqueléticos e nos gânglios autonômicos. Agentes bloqueadores não despolarizantes: Agem bloqueando o receptor nicotínico. São eles: Tubocurarina, Pancurônio, Vecurônio, Atracúrio, Mivacúrio e Rocurônio. Apresentação: Agentes bloqueadores não despolarizantes (Tubocurarina, Pancurônio, Vecurônio, Atracúrio, Mivacúrio e Rocurônio) Mecanismo de ação: Antagonistas competitivos dos receptores nicotínicos. Usos clínicos: Produção de intenso relaxamento muscular durante as cirurgias. Entretanto, o paciente deve ser ventilado mecanicamente, pois os músculos respiratórios também serão paralisados pelo uso desses fármacos. Efeitos adversos: Hipotensão transitória. Broncoconstrição pela liberação de histamina – tubocurarina. Agentes bloqueadores despolarizantes: Causam despolarização mantida na placa motora da junção neuromuscular. Essa despolarização é responsável por contrações espasmódicas transitórias dos músculos estriados, chamadas de fasciculações.São eles: Suxametônio, Decametônio e Succinilcolina. Apresentação: Agentes bloqueadores despolarizantes (Suxametônio, Decametônio e Succinilcolina) Usos clínicos: Os mesmos dos agentes não despolarizantes. Efeitos adversos: Bradicardia, arritmias e dores musculares pós-operatórias. Bloqueadores ganglionares(ou ganglioplágico) Apresentação: Hexametônio (pouco utilizado atualmente), Mecamilamina, Pempidina e Trimetafan. Mecanismo de ação: Agem nas sinapses ganglionares simpáticas e parassimpáticas, através do bloqueio competitivo dos receptores nicotínicos. Esse bloqueio impede tanto a atividade simpática quanto a atividade parassimpática pós-ganglionar. Usos clínicos: São utilizados no tratamento da hipertensão arterial maligna, pois reduz o retorno venoso e o débito cardíaco, por causar vasodilatação. Efeitos adversos: Boca seca, rubor cutâneo, diminuição da motilidade gastrintestinal e das secreções digestivas, retenção urinária. Fármacosque atuam no sistema simpático O sistema simpático é responsável pela luta e fuga, assim como pelo estresse. Os fármacos que atuam no sistema simpático ou sistema adrenérgico são classificados em: Agonistas adrenérgicos São fármacos que ativam os recepetores adrenérgicos e atuam provocando efeitos semelhantes aos do sistema simpático.Por isso, são chamados de simpatomiméticos/simoaticomiméticos. *Adrenalina *Noradrenalina *Dopamina *Dobutamina *Clonidina *Salbutamol *Anfetaminas Antagonistas adrenérgicos São fármacos que se ligam e bloqueiam a ativação dos receptores adrenérgicos. Também chamados de simpaticolíticos/ simpatolíticos. AULA 5 Medicamentos de ação na dor e no processo inflamatório: AINES A reação inflamatória geralmente é iniciada por uma ampla gama de estímulos nocivos, como infecções, anticorpos (autoimune) ou lesões físicas (traumas). A capacidade de responder gerando uma resposta inflamatória é, na realidade, um papel protetor importante para a sobrevivência dos seres multicelulares, principalmente nas infecções. Entretanto, a inflamação pode se dar de forma exagerada e durar mais tempo do que o normal, acarretando malefícios. Fases da inflamação; Fase aguda: caracterizada por vasodilatação local transitória e aumento da permeabilidade capilar; Fase retardada e subaguda: caracterizada por infiltração de leucócitos e células fagocitárias; Fase proliferativa crônica: caracterizada pela degeneração tissular e fibrose. Mediadores químicos da Inflamação- Os mediadores químicos da inflamação, liberados durante o processo inflamatório, irão depender da natureza deste mesmo processo. Processo Inflamatório- O processo inflamatório iniciado pela lesão na membrana celular causa ativação de uma enzima denominada fosfolipase A².Existem vários tipos de enzimas fosfolipases, mas sabe-se que o subtipo A² é a que está mais relacionada ás respostas inflamatórias. Isoformas de COX Existem duas isoformas de COX: Cox1 -Classificada como constitutiva, apesar de também aumentar na inflamação. Desempenha função homeostática nas células, como: agregação plaquetária; produção de muco gástrico (proteção da mucosa gástrica); modulação dos vasos sanguíneos do rim (vasodilatação). Responde aos fatores de crescimento a hormônios. Cox2-Classificada como inflamatória, é induzida pela inflamação (10 a 18 vezes) e tende a facilitar a resposta inflamatória. Entretanto, também possui papel fisiológico em vários tecidos. Induz a produção de prostaglandina I-2 (PG-I2), que possui papel protetor sobre o sistema cardiovascular, diminuindo a probabilidade de efeitos trombóticos. Classes de anti-inflamatórios Os fármacos que agem inibindo o processo inflamatório são divididos em duas classes, de acordo com suas naturezas químicas: Anti-inflamatórios não esteroides (AINES)- Fármacos heterogêneos, isto é, não estão relacionados quimicamente entre si. Anti-inflamatórios esteroidais-Produzidos a partir da semelhança química com o hormônio cortisol, que possui propriedades anti-inflamatórias. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) ou não hormonais O objetivo maior do tratamento da inflamação é diminuir a dor provocada pela lesão tecidual ou a própria reação inflamatória, se esta alcançou a fase proliferativa. Também pode haver febre, pela produção de citocinas pirógenas como a IL-1 (interleucina-1), que ativa a zona de controle da temperatura corporal no hipotálamo. O uso de anti-inflamatórios irá diminuir a reação inflamatória em seus processos básicos. Além disso, irá diminuir a dor, pois a produção dos mediadores químicos da inflamação, que sensibilizam as terminações livres neuronais, vai diminuir. A febre irá se atenuar ou desaparecerá, pois a produção de IL-1 será interrompida. Os AINES podem ser classificados em 2 tipos ; *AINES não seletivos; *AINES seletivos para a COX-2 Mecanismos dos AINES São os AINES que possuem como mecanismo de ação o bloqueio da COX-1 e COX-2, inibindo a produção das prostaglandinas e tromboxanos dessas vias. Esses fármacos possuem efeitos adversos comuns, pelo bloqueio da COX-1. AINES não seletivos - São classificados em grupos de acordo com a substância que levou ao seu respectivo derivadio, ex; aspirina, tylenol, diclofenaco, derivados do ácido propiônico, derivado fenilantranílico. AINES seletivos para a COX-2-São fármacos anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticos potentes, utilizados para o tratamento de doenças osteoarticulares e musculoesqueléticas. Primeiramente desenvolvidos para serem utilizados em pacientes que possuíam distúrbios gastrintestinais, por não bloquearem a COX-1, não possuindo os efeitos gerais comuns dos AINES não seletivos. Os AINES seletivos para COX-2 não causam alteração sobre o estômago, nem sobre a agregação plaquetária. São eles: Celecoxibe (Celebra®); Etoricoxibe (Arcoxia®); Valdecoxibe (Bestra®); Nimesulida (Nisulid® e Scafaln®). Seus efeitos adversos são resultado da inibição da produção de prostaciclinas vasculares, promovendo aumento da pressão arterial e da aterogênese (surgimento de placa de ateroma). Esses fármacos aumentam os riscos de infarto agudo do miocárdio e AVC isquêmico (eventos trombóticos). É necessário ter receita especial para se adquirir esses medicamentos.
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