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Historia da saúde no Brasil 2

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Profa Alessandra Lucca
Profa. Daniela Fagioli
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Brasil República (1889 - 1930)
Principal idéia:
Modernizar o Brasil: “Ordem e Progresso”.
Positivismo: Sistema filosófico que afirma que o conhecimento científico se limita à descrição dos fatos observados e experimentados. 
Pretensão: Reformar o Estado e a sociedade sob o domínio da Ciência.
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Perfil epidemiológico
Febre amarela
 Varíola
 Tuberculose
 Sífilis
 Endemias rurais.
Organização do Setor Saúde
Acesso da população: medicina liberal e hospitais filantrópicos;
Estado deveria atuar somente naquilo que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse fazê-lo.
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República Velha (1889-1930)
Criação do Serviço Sanitário Paulista (1892): criação de um novo campo do conhecimento, voltado para o estudo e a prevenção das doenças.
Fiscalização de casas, ruas, fábricas, bares, etc. 
Notificação obrigatória de doenças infecto-contagiosas
Polícia localizava, punia curadores e curiosos que atendiam enfermos
Hospitalização compulsória de doentes mentais e doenças contagiosas
Controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação e atração de imigrantes
Massa operária deveria ser atendida pelo sistema de saúde: manter capacidade produtiva  gerar riquezas
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República Velha (1889 - 1930)
Economia cafeeira: Transformações urbanas
Processo civilizatório: lucros produzidos pelo café foram parcialmente aplicados nas cidades, favorecendo:
a industrialização 
a expansão das atividades comerciais 
aumento acelerado da população urbana, engrossada pela chegada dos imigrantes desde o final do século XIX. 
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República Velha (1889 - 1930)
Cenário Político e Econômico
precárias condições de trabalho
condições de vida das populações urbanas precárias
surgimento de movimentos operários que resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária.
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República Velha (1889 - 1930)
RJ - Reforma urbanística e Sanitária (1902 – 1906) 
Oswaldo Cruz inicia trabalhos de higienização da capital
Fiscalização em ruas e casas
Destruição de favelas e terraplanagem dos morros
Ações diminuíram óbitos
Final da década de 1910: 
Cidade: queda significativa da participação das consideradas doenças pestilenciais no total de mortes em SP
 evidencia certa eficácia de uma dada política social setorial
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República Velha (1889 - 1930)
Campo: 20 milhões de pessoas (17 milhões enfraquecidos por parasitas intestinais; 3 milhões com doença de Chagas; 10 milhões com malária e 5 milhões com tuberculose)
Homem rural: doente, subnutrido e alcóolatra.
Jeca tatu de Monteiro Lobato
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Gripe espanhola
Chega ao Brasil pelos portos em 1917
21 de outubro: primeira morte em São Paulo 
Desespero: Repentinamente, pessoas começam a tossir, suando febris, rostos azulando com a dificuldade respiratória. 
Autoridades distorcem informações sobre a epidemia.
Políticos fogem deixando população entregue à própria sorte 
Os médicos, atônitos com a letalidade da doença e a rapidez na propagação, desconhecem e divergem quanto às formas de tratamento.
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Gripe espanhola
Quem permanece imune tranca-se em casa, não recebe amigos nem parentes. 
Fecham-se bares, cinemas, teatros. 
Abraços e beijos são considerados quase que atos de traição. 
Em poucos dias, 11.762 covas foram abertas e 8.040 utilizadas (não apenas de gripados).
Os cemitérios do Araçá, Brás, Consolação e Penha ganharam iluminação noturna e o número de coveiros foi quadruplicado para dar conta da demanda. 
O preconceito contra os pobres também aflorava: o bairro do Brás, por ser o mais populoso e habitado por operários, foi tido pelas autoridades e jornais como o mais sujeito à propagação do mal.
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Revolta da Vacina (RJ – 1904):
Projeto de modernização do RJ (Presidente Rodrigues Alves).
Lei torna obrigatória vacinação contra varíola  desencadeia conflito
Destruição de cortiços e favelas, ampliação das avenidas, construção de novos prédios inspirando-se em Paris.
Expulsão de comunidades pobres das regiões centrais, inflação, alta do custo de vida.
Povo reage assustado  mortes e prisões
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Governo revoga obrigatoriedade da vacina, tornando-a opcional.
Revolta exigiu que Estado e Medicina buscassem outras formas de relacionamento com a Sociedade.
1920: criação do Departamento Nacional de Saúde pública (DNSP):
influenciada pela crise do setor saúde (epidemia de gripe) e por inúmeros debates sobre a questão social.
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República Velha
Estabeleceram-se bases para a criação de um Sistema Nacional de Saúde: concentração e verticalização das ações no governo central.
1923: Lei Elói Chaves: marco inicial da Previdência Social no Brasil
Reconhece legalmente como política pública a assistência médica e medidas de proteção social
Antes trabalhadores organizavam-se em associações de auxílio mútuo para lidar com problemas de invalidez, doença e morte
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República Velha
Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs): momento inicial da responsabilização do Estado pela regulação da concessão de benefícios e serviços
1923 – CAP dos Ferroviários
1926 – Portuários e Marítimos
Somente operariado urbano
Benefícios dependiam das contribuições dos segurados e organizações de direito privado
Desconto de 3% do salário e 1% da renda bruta da empresa: aposentadoria por tempo de serviço ou invalidez, médico, auxílio funeral e pensão para herdeiros
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República Velha
Dicotomia da saúde no Brasil
 Saúde Pública: prevenção e controle das doenças - coletiva;
 Previdência Social: medicina individual (assistência) - exclusiva.
Médicos  prática privada
Assistência hospitalar  instituições religiosas e filantrópicas
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Era Vargas (1930 – 1945)
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Era Vargas (1930 – 1945)
Perseguição policial aos opositores e líderes sindicais
Medidas populistas: ao Estado: era o “Pai dos pobres”
1934: CAPs vira IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensões)
Antes acidentados de trabalho  filantropia
Assistência à vasta parcela da população sem tiras dinheiro dos cofres públicos
Organização por categoria profissional não por empresa
	Aposentadoria
	Pensão por morte
	Assistência médica e hospitalar, internação até 30 dias
Licença remunerada à gestante
Salário Mínimo
Jornada de Trabalho (8 horas)
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Era Vargas (1930 – 1945)
 Previdência como mecanismo de controle dos trabalhadores (política compensatória)
IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensões)
 Na real: pouca cobertura a doentes graves
 Tuberculose: isolamento
 Operário sem carteira: caridade pública
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Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP)
Remodelação dos serviços sanitários: Área sanitária junto com setor educacional
Decisões tomadas por políticos, não médicos (sem conhecimento sobre epidemiologia e problemas de saúde)
Nas áreas onde não havia assistência: bem aceito
Para + ricos: intervenção federal era desnecessária
Centralização dos serviços: 
pouco ágil
atendimento de enfermidades específicas (tracoma, lepra, ancilostomose) 
não atendimento das demais doenças (tuberculose e doenças infantis) 
Prestação de serviços aos pobres, desempregados e trabalhadores informais
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Período democrático (1930 – 1945)
1943: criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) – obrigatórios a todo portador de carteira de trabalho:
Assistência médica
Salário mínimo
Indenização aos acidentados
Licença remunerada à gestante trabalhadora 
Jornada de trabalho de 8 horas
Férias remuneradas
Tratamento médico à doentes
Pagamento de horas extras
Educação em saúde: convencer a população a mudar hábitos de higiene  bem necessário para o desenvolvimento e o progresso
Panfletos e cartazes: população analfabeta
Divulgação tb por rádio e cartazes com ilustrações coloridas
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Era Vargas (1930 – 1945)
Durante era Vargas:
nítida diminuição das mortes por enfermidades epidêmicas, principalmente em grandes centros urbanos (Sudeste e Sul)
Crescimento de doenças endêmicas (esquistossomose, doença de Chagas, tuberculose, doenças gastrointestinais, DSTs e hanseníase)
Apesar de parceria com Fundação Americana Rockefeller e expansão da cobertura médico-hospitalar  um dos países mais enfermos do continente
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Democratização e Saúde (1945 – 1964)
Período conhecido como o da democracia restrita: marcado pelas eleições diretas para os principais cargos políticos, porém:
Não há votos dos analfabetos
Sindicatos tutelados pelo governo
Partido comunista é ilegal
1946: criação do Ministério da Saúde para reorganizar serviços de saúde
atuação pouco efetiva na redução da Morbidade e Mortalidade infantil
criação de burocracias: pouca eficiência
> verba para pgto de salários e < para assistência a doentes
troca de ambulâncias, leitos de hospitais por VOTO
responsável por área rural
área urbana: IAPs
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Democratização e Saúde (1945 – 1964)
Previdência assume prestação de assistência médica-hospitalar dos trabalhadores
Comum: filas, consultas de curta duração, dificuldades de internação à pacientes graves
Setor privado pressiona governo para fazer doações e empréstimos para empresários criarem redes de clínicas e hospitais  venda de serviços à população, ao IAPs e governo
Corrupção: deputados como sócios de hospitais + atendimento a quem pode pagar
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Democratização e Saúde (1945 – 1964)
Cenário da Saúde Pública:
Ineficiente e conservadora
Mortalidade infantil (MI) > que da Índia (diarréia)
Falta de higiene, ausência de tratamento de esgoto e água
Quadro de penúria e decadência
Péssima condições de vida
Principais metas:  a MI, miséria e a fome.
Josué Castro: “O estado não deve simplesmente doar comida à população carente; deve assegurar condições de trabalho e salário que permitissem a todo brasileiro garantir a própria alimentação e a da família”.
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Democratização e Saúde (1945 – 1964)
Receita curta previdenciária e pressão da classe médica
Massa operária grande a ser atendida
Lei orgânica da Previdência Social (para uniformizar contribuição dos trabalhadores de 8% do salário para a previdência)
Críticas ao modelo centralizado e proposição da municipalização dos serviços de saúde (3º Conf. Nacional de Saúde –1963).
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Regime Militar (1964)
Situação de abandono
 epidemias silenciosas (Meningite e Dengue)
Censura impede divulgação de notícias sobre endemias
Receita diminuída para o Ministério da Saúde
Tempos duros da repressão política e policial, do desrespeito aos direitos humanos e do aviltamentos dos direitos de cidadania
Combate ao inimigo interno (oposição = comunista)
“Milagre brasileiro” (PIB): crescimento sem distribuição de renda e arroxo salarial
Campanhas do governo utilizando frases de efeito patriótico como:
“Brasil, ame-o ou deixe-o” 
“Ninguém segura este país”
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Saúde na ditadura militar
1966: Unificação do IAPs no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 
Concentra contribuições previdenciárias (8% do salário)
Passa a gerir as aposentadorias, pensões e assistência médica de trabalhadores formais (exclui rural e informal)
Ênfase em medicina de cunho individual e assistencialista
Prática médica curativa (não preventiva)
Mercantilização da saúde: Convênio INPS + hospitais do setor privado: corrupção, baixos preços pagos a procedimentos desnecessários, superfaturamento, internações caras
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Década de 70
Serviços médicos prestados pelas empresas privadas aos previdenciários eram pagos por Unidade de Serviço (US)  fonte incontrolável de corrupção
1975: Crise - modelo de saúde previdenciário começa a mostrar suas mazelas:
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Década de 70
Mazelas do sistema de saúde previdenciário:
População c/ baixos salários
 Desemprego  menor arrecadação  redução de receitas
 marginalidade e favelas
 Mortalidade infantil
Custos elevados da medicina curativa
Incapacidade do sistema atender a população crescente
Desvios de verba  cobertura de outros setores + realização de obras
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Década de 70
1978: 1ª Conferência Internacional Atenção Primária à Saúde (Alma-Ata)
contra a elitização das práticas médicas e inacessibilidade dos serviços médicos às grandes massas populacionais
Movimento Sanitário: construção de nova agenda no campo da saúde; 
Críticas ao regime militar (medicina individual e assistencialista);
Princípio central: “saúde: direito de todos e dever do Estado”.
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Década de 80
Prev-Saúde + Conasp + AIS: 
Reorganizar saúde individual e coletiva
Evitar fraudes
Lutar contra monopólio das empresas particulares
1980: movimento de contestação ao sistema de saúde. Propostas: 
Apelo à democratização do sistema com participação popular
Universalização dos serviços
Descentralização 
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Década de 80
1982  “Pacote da previdência”
 alíquota de contribuição
 benefício dos aposentados
Intervenção na área de assistência médica e previdenciária
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Saúde nos anos 80 e 90
Hospitais com funcionamento precário
Corrupção + descontinuidade de programas
Inflação + crise econômica
Brasil desigual
Injustiças gritantes
Surtos de cólera e dengue e altos índices de pessoas atingidas por tuberculose, tracoma, doença de Chagas e doenças mentais
1986: 8ª Conf. Nacional (Brasília): marco “movimento pela democratização da saúde”
 Gerou relatório que foi referência para elaborar carta de 1988
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SUDS
Sistema Único e Descentralizado de Saúde
Integração de todos os serviços de saúde, públicos e particulares
Transferência de recursos do INAMPS para os serviços do Estado, mediante convênios
Apenas trabalhadores informais e seus dependentes
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SUDS - Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde 
INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social): prática individual-curativa
Pagamento por produção de serviços
Min. Saúde: assistência-coletiva
Ações de promoção de saúde e prevenção de doenças limitam-se a campanhas de vacinação e controle de endemias
Poucos hospitais especializados
1988: Constituição Federal aprova SUS
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Conselho Nacional de Segurança Pública
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Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde 
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
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