Buscar

ADM III - LUCIANO CHAVES

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

ADMINISTRATIVO III
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO - esfera patrimonial/reparação de danos
O Estado, para cumprir suas obrigações e desempenhar suas funções, exerce múltiplas atividades. No exercício destas, ele precisa atuar em diversas frentes: saúde, segurança, transporte, coleta de lixo, etc. Dessa forma, o Estado pode provocar danos aos administrados, seja por conduta omissiva ou comissiva. Quando isso acontece, no exercício das suas funções estatais, através dos seus agentes, ele se responsabiliza destes danos provocados a terceiros.
Responsabilidade contratual é aquela oriunda de um compromisso celebrado por contrato pelo Estado. Surge quando o Estado descumpre cláusulas contratuais, as quais se obrigou a cumprir pela assinatura de um ajuste, gerando uma responsabilização. 
Responsabilidade extracontratual surge do próprio ordenamento jurídico, seja da Constituição, seja de leis. É a obrigação que tem o Estado de indenizar os danos lesivos causados a terceiros, isto é, uma obrigação de reparação de danos. Estes precisam ser causados por agentes públicos no exercício de sua atividade, em comportamentos lícitos ou ilícitos, omissivos ou comissivos. Comportamentos judiciais e legislativos também podem ser alvo de responsabilização do Estado.
EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE
No mundo moderno, onde se impera os valores democráticos, é inconcebível crer que o Estado não se responsabiliza pelos danos criados aos particulares, mas nem sempre se pensou dessa forma, até porque nem sempre houve o Estado de Direito.
Primeiramente, vigia a ideia da irresponsabilidade estatal. Logo quando o Estado se consolidou, na época da Idade Média, este não se responsabilizava por danos de terceiros, e essa noção vigorou durante o período dos Estados absolutistas. Nesse tempo, o monarca tinha incontestável poder sobre os seus súditos, e era inconcebível que ele pudesse provocar lesões a estes. "The king can`t do wrong".
TEORIAS
A Responsabilidade com Culpa Civil do Estado foi o ideal civilista que passou a responsabilizar o Estado. Para isso, seria preciso que houvesse a identificação e comprovação da culpa individual do agente público, causador do dano ao particular. Esta culpa é em sentindo amplo, podendo ser por dolo ou culpa stricto sensu.
A Teoria da Culpa Administrativa (ou Culpa do Serviço), surgida o início do século XIX, entende que o Estado não pode se responsabilizar do mesmo modo que o particular. Esta teoria desvinculou a culpa do Estado da culpa individual do agente. O Estado passou a ser responsabilizável, quando se demonstrava a culpa administrativa, ou culpa do serviço. A culpa não é mais civil, e esta é verificada de três formas: o agente tinha que demonstrar que o serviço não existiu; existiu, mas foi ineficaz; existiu, foi eficaz, mas atrasado.
A Teoria do Risco serve de fundamento para a construção da responsabilidade objetiva do Estado. Esta leva em conta os riscos inerentes do desempenho das atividades administrativas. Responsabilidade objetiva é aquela que não mais se fundamenta no elemento culpa, e sim no elemento do nexo de causalidade. Consequentemente, há três elementos para configurar a responsabilidade do Estado: conduta, dano e nexo de causalidade. O deve ter sido causado pela conduta. 
Boa parte da doutrina costuma dividir a Teoria do Risco em dois tipos: Helly Lopes Meireles classifica em Risco Administrativo e Risco Integral. A diferença básica entre uma e outra reside na possibilidade ou não de invocação das chamadas Causas Excludentes de Responsabilidade. A Teoria do Risco Administrativo admite as Causas Excludentes de Responsabilidade, enquanto que a Teoria do Risco Integral não admite.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO BRASILEIRO
O Estado brasileiro é um Estado que responde. O direito pátrio nunca adotou a Teoria da Irresponsabilidade do Estado, entretanto a responsabilidade objetiva só foi consagrada com a Constituição de 1946. 
Art.37, VI da CF: As pessoas jurídicas de direito público e as entidades de direito privado, prestadoras de serviço público, responderão pelos atos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável, em caso de dolo ou culpa.
Tradicionalmente, se entendia que as empresas privadas só responderiam objetivamente se houvesse uma relação de fornecedor-consumidor.
O Estado brasileiro só vai responder objetivamente, se os agentes agirem na sua qualidade de servidor, no exercício de suas funções. Se o agente causador do dano estiver fora da sua condição, o Estado não responde.
Duas relações de responsabilidade: do Estado perante a vítima (objetiva) e; do agente causador do dano perante o Estado (subjetiva - Ação de regresso).
O Estado também pode ser responsabilizado pela sua inércia. A responsabilidade, nesse caso será subjetiva, portanto é inserido um novo elemento: a culpa. A vítima, para responsabilizar o Estado, precisa provar a culpa do serviço, ou seja, demostrar a inércia da administração pública, isto é, que esta tinha o dever jurídico de agir, mas não agiu.
A omissão estatal pode ser de dois tipos: Genérica e Específica. No caso da Omissão Genérica, o Estado vai se responsabilizar subjetivamente. No caso de Omissão Específica, a responsabilidade é objetiva, quando o Estado tem um dever específico de ação como, por exemplo, uma criança que sofre agressões físicas nas dependências de uma escola pública, pois o poder público é responsável pelas crianças que ali estão matriculadas.
Em caso de danos nucleares, a União vai responder objetivamente, independentemente de culpa, tanto por comportamentos comissivos ou omissivos. A Teoria do Risco Integral se baseia na impossibilidade de invocação das causas excludentes, quando se tratar de danos nucleares.
O dano, para ser indenizável, precisa ser jurídico. 
Nem todo dano é indenizável, o dano apenas gerará responsabilidade para o Estado se for indenizável, mas nem todo e qualquer dano provocado a uma vítima será indenizável, nem toda situação em que podemos visualizar comportamento do Estado, dano a vítima e liame entre nexo causal e comportamento do Estado gerará responsabilidade estatal, pois o dano para ser indenizável precisa ser jurídico.
Para se configurar uma atividade estatal precisa haver lesão econômica, não pelo simples fato de que uma vítima teve prejuízo e que esse prejuízo possa ser imputado ao Estado não significa necessariamente que o Estado terá o dever de reparação e se responsabilizará. A vítima deve demonstrar que tinha um direito que foi violado.
Por exemplo, imaginemos a Av. Ademar de Barros em Ondina, logo no início dessa via abriu um restaurante a quilo o qual tem grande movimentação de pessoas, pois havia uma carência, já que dentro do campus da UFBA que fica ao lado existe um fluxo grande de alunos há necessidade muitas vezes do aluno almoçar, no PAF havia um restaurante universitário, porém sem qualidade. Diante desse cenário o empresário abriu seu negócio. Imaginemos que num determinado dia a UFBA por ordem do reitor transfira aqueles cursos do PAF, doe aquele campus e resolva transferir os cursos para outro bairro, essa atitude é licita, esse comportamento estatal de uma autarquia federal pode gerar um dano ao administrado, especificamente, o dono do restaurante, pois o fluxo de caixa cairá. Sendo que ele produziu reformas para melhor atender seus clientes, no entanto, o Estado muda o local, o que causa grande prejuízo. O dono do restaurante vai ao judiciário e reclama o que aconteceu, demonstra o nexo ao mostrar o faturamento até o mês em que a UFBA está ali e depois que saiu, então mostra os elementos da responsabilidade, porém apesar de ter todos os elementos não poderá ter indenização, pois o dano não é jurídico, mas apenas econômico, o qual não é reputado ao Estado porque o Estado não lesou o direito do dono do restaurante. O Estado não violou, pois em momento nenhum fez com que aquele proprietário abrisse um restaurante.
Outro exemplo seria que em Salvador, há cinco anos, o TRT 1º
e 2º grau ficavam no Comércio, porém o 1º grau foi transferido para o Comércio, era muito complicado conseguir estacionar e diante dessa dificuldade vários empresários arrendaram imóveis para fazer estacionamentos, obviamente, tinha um fluxo imenso, porém com a mudança o fluxo caiu consideravelmente, logo alguns dos empresários foram ao judiciário, porém não tiveram êxito em responsabilizar o Estado, pois houve apenas lesão econômica, o Estado não violou direitos.
Diferente, por exemplo, do caso do Pelourinho que quando houve a primeira reforma na déc. 90, o Estado fez com que os soteropolitanos voltassem a frequentar o Pelourinho e podia entrar de carro no bairro até determinado local, ocorreu que o Estado incentivou que houvesse empresários dispostos a fazer edifícios com garagem e posteriormente o Estado proibiu porque se entendeu que estava prejudicando a movimentação no local, então os edifícios tiveram que fechar. Essa situação gerou responsabilidade estatal, pois o Estado incentivou através de isenções, fomento. Hoje não mais indeniza o dano emergente, lucro cessante e pela perda de uma chance, claro que levando em conta o tempo que levaria o contrato.
1.9 Causas Excludentes da Responsabilidade (Como a responsabilidade objetiva está fundada na relação entre o comportamento estatal e o dano, é evidente que se houver uma outra causa que concorra ou que seja a única causadora do dano, ela quebrará o nexo de causalidade e excluirá a responsabilidade do Estado).
A responsabilidade estatal é pautada na teoria do risco administrativo integral porque pela teoria do risco administrativo são admitidas as causas excludentes de responsabilidade as quais incidem justamente no elemento nexo, ou seja, os elementos que são: comportamento, dano e nexo, mas existem situações em que o elemento de prova é mais difícil e, além disso, existem algumas situações em que condutas alheias a do autor concorrem ou são efetivamente as únicas causadoras do dano e isso ocorrendo haverá a supressão, eliminação do nexo de causalidade entre comportamento estatal e dano da vítima. Se houve ruma causa alheia que concorra, ou seja, única causadora do dano quebrará o nexo de causalidade, consequentemente exclui a responsabilidade do Estado.
Essas causas que concorrem ou são únicas causadoras do dano são chamadas pela doutrina de quebra de nexo de causalidade, então a causa excludente é a quebra do nexo de causalidade.
1.9.1 Espécies
Quando essas causas acontecem haverá exclusão da responsabilidade estatal.
a) culpa exclusiva da vítima – obviamente, se a vítima foi quem deu causa ao dano não poderá haver uma imputação de responsabilidade do Estado.
Por exemplo, tem a linha do metrô, faixa amarela com avisos sobre a passagem do trem após aquela faixa, porém uma pessoa espera e se joga na frente do metrô, o acidente é fatal, então o parente entra com ação contra Estado, já que está no laudo médico que foi traumatismo craniano decorrente do choque com o trem, se configura dano (morte), comportamento do Estado e nexo (foi o veículo do Estado), embora os três elementos estejam comprovados existe um que se sobrepõe que é a culpa exclusiva da vítima; diferente de uma situação hipotética em que havia uma poça, o sujeito se desequilibrou, caiu e foi atropelado pelo trem, nesse caso pode-se ignorar a culpa exclusiva da vítima.
A culpa da vítima só ilide a responsabilidade estatal se for uma culpa exclusiva, em que se for concorrente haverá abatimento na indenização por parte do Estado, porém não haverá isenção. Por exemplo, cidadão trafegando em via pública a 120km/h sendo que o limite permitido é de 70 km/h, um carro do Estado ultrapassa o sinal e colide com o veículo acima da velocidade, apesar de o carro deste ter sofrido mais com a batida por estar acima da velocidade e o público não, haverá culpa concorrente.
A responsabilidade só é excluída quando a culpa é exclusiva da vítima.
b) caso fortuito – casos que decorrem do comportamento humano são eventos imprevisíveis e inevitáveis oriundos do comportamento humano. Por exemplo, uma guerra, revolta popular incontrolável, greve.
c) força maior – eventos irresistíveis e inevitáveis oriundos da natureza. Hoje, boa parte dos eventos da natureza pode ser previstos de alguma forma através da ciência, o Estado pode se organizar e mitigar os danos da vida humana, mas não tem como resistir à força de um evento da natureza; uma vítima de situação como essa pode tentar judicializar, porém o Estado apenas pode lamentar e informar que está tomando medidas necessárias, mas não pode ressarcir valor gasto na compra da casa, por exemplo.
1.9.2 As concausas atribuídas ao Estado desqualificam as causas excludentes (ou seja, se houver uma causa paralela atribuída ao Estado, mesmo que haja força maior, não mais pode-se falar em excludentes)
Desqualificam-se as excludentes mantém a responsabilidade do Estado. Concausas são causas paralelas atribuídas ao Estado, portanto, é uma causa paralela que vai contribuir para o dano e se essa concausa for atribuída ao Estado mesmo que haja excludente não pode-se falar mais sobre excludente, logo mantém-se a responsabilidade do Estado.
Por exemplo, há uma empresa privada de ônibus que faz uma linha intermunicipal, portanto, se enquadram no art. 37, §6, portanto, se responsabilizam por danos causados a terceiros. Imaginemos que essa empresa tem uma rota diária e está ocorrendo com grande frequência assaltos com essa linha, nesse mesmo horário, portanto, diariamente os funcionários vêm sendo assaltados. Diante dessa situação houve um assalto e havia um advogado entre os passageiros, ao chegar a Salvador entrou com ação de responsabilização contra a empresa, a qual se defendeu usando caso fortuito, no entanto, o judiciário analisando o caso concreto pode chegar a conclusão que houveram concausas atribuídas a empresa concessionária a qual desqualifica a concausa e mantém responsabilidade. O advogado provou que os assaltos ocorrem desde setembro do ano anterior e diante daquela situação o juiz começa a perceber que a empresa não tomou nenhuma atitude. A empresa toma atitude de colocar um comboio seguindo o ônibus, o qual não funcionou, então mudou a rota, o qual não funcionou, logo parou de rodar naquele horário. O Estado tem que tomar as medidas necessárias para garantir a prestação de serviço, então ao vender a passagem ao serviço garante que vai levar a pessoa com segurança ao ponto de chegada.
A atividade pública é de risco, então deve-se se comportar diante desse risco, adotando comportamentos para garantir o serviço. Se acontece uma vez não se configura, mas a jurisprudência vem considerando concausa quando o comportamento é reiterado.
Se houver, no caso concreto, uma causa paralela atribuída ao Estado (concausa), não se faz uso de excludente de responsabilidade.
Duas relações de responsabilidade: a da vítima perante o Estado, em que o Estado responde objetivamente; a do gente causador do dano perante o Estado. O servidor responde perante o Estado, pelo prisma subjetivo.
O direito de regresso é o direito do Estado de agir regressivamente contra o agente causador do dano, para cobrar dele o prejuízo que teve, ao indenizar a vítima. o Estado averigua quem deu causa `aquele dano, buscando culpa ou dolo e cobrando do agente sua responsabilidade.
Para exercer esse direito, o Estado precisa demonstrar dois pressupostos: o Estado só pode agir regressivamente quando o agente causador do dano estiver com dolo ou culpa; o Estado só pode agir regressivamente se ele efetivamente indenizou a vítima (desembolso do ressarcimento). Isso é uma garantia ao particular, de processar o Estado sobre um dano causado por ele.
É impossível a vítima processar, diretamente, o agente do Estado. Essa linha que defende a impossibilidade ganhou força em 2006, dizendo que o agente público ganhou uma garantia de responder apenas ao Estado. Se um motorista de ambulância tiver que responder para todos os particulares que sofreram dano, o seu serviço
seria inviável e ele sofreria uma injustiça, porque sua atividade gera alta probabilidade de causar dano a terceiro.
Denunciação da lide é uma espécie de denunciação de terceiro, quando um réu é chamado ao processo e ele denuncia outro autor para o caso, isentando-se de culpabilidade. É impossível, uma vez o Estado indiciado, denunciar da lide para envolver diretamente o agente causador do dano.
Isso só ocorre quando a comprovação de culpa ou dolo já restar comprovada nos autos do processo. Se a vítima precisar provar a culpa ou dolo do agente, ela terá mais dificuldade em comprovar esse elemento, enquanto que o Estado pode facilmente levantar estas informações. Com base no princípio da celeridade e outros, o juiz deve aceitar que o agente seja processado diretamente pela vítima, quando restar provada sua culpa ou dolo.
O prazo que o Estado tem para processar, regressivamente, o agente causador do dano é imprescritível. A constituição prevê isso, porque é direito do Estado e direito do povo, pois é recurso público. A ação regressiva é imprescritível. Art. 37, parágrafo 5o. Ações de ressarcimento são imprescritíveis e o Estado é obrigado a exercer o direito de regresso, pelo princípio da indisponibilidade do interesse público.
A regra geral é que o Estado não se responsabiliza pelos seus atos legislativos, porque o poder legislativo tem autonomia e soberania, no exercício de suas funções, não se subordinando a ninguém, apenas obedecendo os trâmites constitucionais e institucionais. Toda lei criada tem presunção relativa de constitucionalidade, mas se torna presunção absoluta quando o STF impõe uma declaração de constitucionalidade `aquele dispositivo.
Quando a lei for declarada pelo supremo como inconstitucional, e a vítima conseguir demonstrar um nexo de causalidade da lei como seu dano, o Estado pode vir a ser responsabilizado objetivamente. O Estado, via de regra, não se responsabiliza pelos seus atos judiciais, de igual modo aos atos legislativos.
Excepcionalmente, existe uma hipótese de responsabilização estatal por atos judiciais, no art.5 CF inciso LXXV. Em resumo, permite a responsabilidade objetiva do Estado quando, pela sua justiça criminal, condenar um inocente. O erro judiciário configura quando o Estado condena um inocente ou quando mantém prezo o condenado por mais tempo do que a pena cominada.
O erro judiciário só alcança a esfera penal. Não se aplica `a prisão civil, em que o Estado não é responsabilizado, mas o juiz pode ser acusado de fraude. O erro judicial não cabe também `a prisão provisória, apenas para sentença transitada em julgado. 
BENS PÚBLICOS
Uma correte doutrinária classifica os bens públicos como todos aqueles pertencentes a qualquer ente integrante da administração, seja direta e indireta. A segunda corrente entendia que bens públicos eram apenas os bens pertencentes aos entes de direito público, sendo administração direta, autarquia e fundações publicas. A terceira corrente, de Celso Antônio Bandeira de Mello, diz que bens públicos são todos aqueles pertencentes `as pessoas jurídicas de direito público, e aqueles pertencentes `as pessoas jurídicas de direito privado, que estejam vinculados `as suas atividades finalísticas.
Nas empresas estatais, deve-se separar os bens, de acordo com a sua utilidade no serviço público. Alguns bens dessas entidades não são utilizados para a execução do serviço público.
Bem público, definido pelo código civil, são os bens de domínio nacional, pertencentes `as pessoas jurídicas de direito público interno, autarquias e fundações. 
CLASSIFICAÇÃO
Quanto `a titularidade:
Pode ser de propriedade da União (federal), de propriedade do estado (estadual), de propriedade do Distrito Federal (distrital) ou de propriedade do município (municipal).
Quanto `a Natureza:
Pode ser móvel (carro, computador) ou imóvel (prédio), material ou imaterial (símbolos).
Quanto `a destinação:
Podem ser de Uso Comum do Povo, que são aqueles destinados `a utilização coletiva (praias e praças), art. 99 CC. Essa utilização coletiva não precisa de prévio consentimento, embora o poder público deva fiscalizar e condicionar a utilização destes bens. O poder público pode cobrar pelo uso fruto de um bem de uso comum como, por exemplo, o pedágio (através de lei), art. 103 CC.
Podem ser Bens de Uso Especial, vinculados a uma atividade administrativa, art. 99, II, CC. Bens imóveis, sede de entidades como, por exemplo, hospitais públicos.
Podem ser Bens Dominicais/Dominiais, que constituem patrimônio disponível das pessoas jurídicas de direito público, sem serventia ou destinação, art. 99, III, CC.
Afetação é uma característica dos bens públicos, que são inalienáveis, em regra geral. Os bens públicos não podem ser vendidos, desde quando afetados. Art. 110: os bens públicos de Uso Comum do Povo e de Uso Especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua classificação. Art.111: os Bens Públicos Dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Bem afetado é aquele que tem destinação e bem desafetado é aquele que não tem destinação. Afetação e Desafatação são institutos criados para dar ou tirar serventia a um bem público.
RESUMO – PRIMEIRA UNIDADE
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL É ORIUNDA DE UM CONTRATO CELEBRADO, QUANDO O ESTADO DESCUMPRE CLÁUSULAS CONTRATUAIS, AS QUAIS SE OBRIGOU A CUMPRIR.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL É ORIUNDA DO PRÓPRIO ORDENAMENTO, QUANDO O ESTADO PROVOCA DANOS AOS ADMINISTRADOS, SEJA POR CONDUTA OMISSIVA OU COMISSIVA, LÍCITA OU ILÍCITA, DOS SEUS AGENTES, NO EXERCÍCIO DE SUAS ATIVIDADES. ISSO GERA OBRIGAÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
NA IDADE MÉDIA, VIGIA A IDEIA DE IRRESPONSABILIDADE ESTATAL. VIGOROU NO PERÍODO DOS ESTADOS ABSOLUTISTAS. O MONARCA TINHA PODER INCONTESTÁVEL, QUE NÃO PODIA PROVOCAR LESÕES. “THE KING CAN’T DO WRONG”.
A RESPONSABILIDADE POR COM CULPA CIVIL PASSOU A RESPONSABILIZAR O ESTADO, APENAS COM COMPROVADA CULPA DO AGENTE, EM SENTIDO AMPLO.
A TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA OU CULPA DO SERVIÇO DIZ QUE O ESTADO NÃO SE RESPONSABILIZA DO MESMO MODO QUE O PARTICULAR, OU SEJA, NÃO É CULPA CIVIL. A VÍTIMA TINHA QUE DEMONSTRAR QUE O SERVIÇO NÃO EXISTIU; OU EXISTIU, MAS FOI INEFICAZ; OU EXISTIU, FOI EFICAZ, MAS ATRASADO.
A TEORIA DO RISCO DEFINE A RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO, CONSIDERANDO RISCOS INERENTES ÀS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS. NÃO SE FUNDAMENTA A CULPA E SIM CONDUTA, DANO E NEXO DE CAUSALIDADE.
A TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO ADMITE CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE. A TEORIA DO RISCO INTEGRAL, NÃO.
O DIREITO BRASILEIRO NUNCA ADOTOU A TEORIA DA IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO, MAS A RESPONSABILIDADE OBJETIVA SÓ SE CONSAGROU NA CONSTITUIÇÃO DE 1946.
O ESTADO SÓ VAI RESPONDER OBJETIVAMENTE SE O AGENTE AGIU NA QUALIDADE DE SERVIDOR, ASSEGURADO O DIREITO DE REGRESSO.
DIREITO DE REGRESSO É O DO ESTADO AGIR REGRESSIVAMENTE CONTRA O AGENTE CAUSADOR DO DANO, COBRANDO O PREJUÍZO DA INDENIZAÇÃO. SÓ OCORRE SE O AGENTE APRESENTAR DOLO OU CULPA, E SE O ESTADO EFETIVAMENTE INDENIZOU A VÍTIMA.
É IMPOSSÍVEL A VÍTIMA PROCESSAR DIRETAMENTE O AGENTE. GARANTIA DO AGENTE DE RESPONDER APENAS AO ESTADO. É POSSÍVEL O ESTADO DENUNCIAR A LIDE PARA ENVOLVER O AGENTE. ISSO OCORRE QUANDO RESTAR PROVADO DOLO OU CULPA.
AÇÃO REGRESSIVA É IMPRESCRITÍVEL, POIS DIREITO DO POVO. O ESTADO TEM DEVER DE EXERCER O DIREITO DE REGRESSO, PELO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO.
O ESTADO TAMBÉM PODE SER RESPONSABILIZADO PELA SUA INÉRCIA. NA OMISSÃO GENÉRICA, RESPONDE SUBJETIVAMENTE. NA OMISSÃO ESPECÍFICA, RESPONDE OBJETIVAMENTE, POIS HAVIA DEVER ESPECÍFICO DE AÇÃO.
DANOS NUCLEARES PROVOCA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA UNIÃO, POIS SE ADOTA A TEORIA DO RISCO INTEGRAL, IMPASSÍVEL DE INVOCAÇÃO DAS CAUSAS EXCLUDENTES.
O DANO, PARA SER INDENIZÁVEL, PRECISA SER JURÍDICO. 
A VÍTIMA TEM QUE DEMONSTRAR QUE SEU DIREITO FOI VIOLADO.
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE SÃO CONDUTAS ALHEIAS À DO AUTOR,
QUE CONCORREM OU SÃO ÚNICAS CAUSADORAS DO DANO, ELIMINANDO O NEXO DE CAUSALIDADE DA CONDUTA DO ESTADO.
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA – ELA QUE DEU CAUSA AO DANO. SE A CULPA FOR CONCORRENTE, HÁ ABATIMENTO NA INDENIZAÇÃO PELO ESTADO.
CASO FORTUITO – EVENTOS IMPREVISÍVEIS E INEVITÁVEIS ORIUNDOS DO COMPORTAMENTO HUMANO (GUERRA).
FORÇA MAIOR – EVENTOS INEVITÁVEIS ORIUNDOS DA NATUREZA.
CONCAUSAS SÃO CAUSAS PARALELAS QUE CONTRIBUEM PARA O DANO. QUANDO ATRIBUÍDAS PELO ESTADO, DESQUALIFICAM AS CAUSAS EXCLUDENTES. A JURISPRUDÊNCIA CONSIDERA CONCAUSA UM COMPORTAMENTO REITERADO (ASSALTO A ÔNIBUS).
EM REGRA, O ESTADO NÃO SE RESPONSABILIZA PELOS SEUS ATOS LEGISLATIVOS, PELA AUTONOMIA E SOBERANIA DO PODER LEGISLATIVO, QUE APENAS OBEDECE A CONSTITUIÇÃO E O ORDENAMENTO.
QUANDO A LEI FOR DECLARADA PELO STF COMO INCONSTITUCIONAL E A VÍTIMA DEMONSTRAR NEXO COM O DANO, O ESTADO TEM RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
EM REGRA, O ESTADO NÃO SE RESPONSABILIZA PELOS ATOS JUDICIAIS. EXCEPCIONALMENTE, QUANDO A JUSTIÇA CRIMINAL CONDENAR INOCENTE OU QUANDO MANTÉM O CONDENADO PREZO POR MAIS TEMPO QUE A PENA. 
ERRO JUDICIÁRIO SÓ ALCANÇA ESFERA PENAL, NÃO SE APLICANDO À PRISÃO CIVIL, MAS O JUIZ PODE SER ACUSADO DE FRAUDE.
CELSO: BENS PÚBLICOS SÃO TODOS AQUELES PERTENCENTES A PJ DE DIREITO PÚBLICO E A PJ DE DIREITO PRIVADO, DESDE QUE VINCULADOS ÀS SUAS ATIVIDADES FINALÍSTICAS.
BEM PÚBLICO, NO CÓDIGO CIVIL, SÃO BENS DE DOMÍNIO NACIONAL, PERTENCENTES A PJ DE DIREITO PÚBLICO INTERNO, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES.
QUANTO À TITULARIDADE, PODE SER FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL E DISTRITAL.
QUANTO À NATUREZA, PODE SER MÓVEL, IMÓVEL, MATERIAL OU IMATERIAL (SÍMBOLO).
QUANTO À DESTINAÇÃO, PODE SER DE USO COMUM DO POVO, DE USO ESPECIAL E DOMINICAL.
É DE USO COMUM DO POVO AQUELE DESTINADO À UTILIZAÇÃO COLETIVA (PRAÇA). NÃO PRECISA DE PERMISSÃO, MAS SIM DE FISCALIZAÇÃO E CONDICIONANTES, PODENDO SER COBRADO ATRAVÉS DE LEI (PEDÁGIO).
É DE USO ESPECIAL QUANDO VINCULADO A ATIVIDADE ADMINISTRATIVA (IMÓVEL).
É DOMINICAL/DOMINIAL QUANDO DISPONÍVEL, SEM SERVENTIA OU DESTINAÇÃO.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO SÃO INSTITUTOS CRIADOS PARA DAR OU TIRAR A SERVENTIA DE UM BEM PÚBLICO.
AQUELE QUE TEM DESTINAÇÃO É BEM AFETADO. AQUELE QUE PERDEU A DESTINAÇÃO, É BEM DESAFETADO.
BEM DE USO COMUM DO POVO E DE USO ESPECIAL, ENQUANTO CONSERVAREM A SUA CLASSIFICAÇÃO, SÃO INALIENÁVEIS.
BENS PÚBLICOS AFETADOS SÃO INALIENÁVEIS. OS DESAFETADOS, NÃO.
SEGUNDA UNIDADE – ADM III
Os institutos doutrinários da afetação e desafetação: afetação você torna um bem desafetado em afetado, e vice-versa. Essa é a transformação da classificação do bem quanto à sua destinação. Estes fenômenos podem ocorrer naturalmente, sem nenhuma manifestação da administração. É um fato, acontecimento da vida, como um lapso temporal, que pode tornar um bem afetado em desafetado.
CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS
Os bens públicos têm quatro características: inalienáveis, impenhoráveis, imprescritíveis e não onerosos.
A característica de inalienabilidade é relativa, pois o bem público pode ser alineado quando desafetado. Esta característica vai depender da especialidade do bem, desde que se passe, primeiramente, pelo instituto da desafetação. Bens dominicais são alienáveis. Arts. 100 e 101 do código civil definem esta situação da inalienabilidade relativa.
Colocar bem em hasta pública é colocar o bem público para ser vendido, que é a modalidade licitatória do leilão, para bens móveis, e da concorrência, que serve também para bena imóveis. Para venda de bens imóveis, é preciso autorização legislativa. É através do leilão e da concorrência que são vendidos bens públicos.
A penhora recai sobre patrimônio do devedor para satisfação do credor quando não há o pagamento da obrigação. A penhora é uma garantia do credor, que recai sobre o patrimônio do devedor. A impenhorabilidade existe para impedir que bem público não seja usado para a satisfação de um crédito.
Art. 100 da Constituição diz que a precatória é forma de pagamento da dívida do Estado. Ao se formular as contas anuais do Estado, separa-se o valor da dívida e deposita-se este valor na conta do tribunal responsável pelo litígio. Este valor pode ser pago ao credor no prazo de 5 anos, prazo máximo de permanência na fila do precatório.
Existe uma única hipótese, constitucional, que poderá haver uma penhora de bem público para satisfação do credor, art. 100 §6: “em caso de preterição da ordem de pagamento de precatório, o credor pode solicitar, em juízo, o sequestro da verba pública necessária à satisfação do seu crédito”. Dinheiro público é bem público. A impenhorabilidade é uma característica relativa.
A característica da imprescritibilidade significa dizer que os bens públicos são absolutamente e
imprescritíveis. Eles não podem ser objeto de aquisição através do instituto do uso capião, previsto na Constituição, arts. 183 e 191, sobre bens imóveis. Também os bens públicos móveis têm essa característica da imprescritibilidade, por interpretação lógica. O código civil, art. 102 diz, de forma categórica, que bens públicos não sofrem uso capião, sem diferenciar móveis de imóveis.
Mesmo o bem público dominical está protegido do uso capião. Via de regra, só se toma posse de bem que está sem utilização, mas a característica da imprescritibilidade é absoluta, que se aplica a qualquer bem publico.
A característica da não onerabilidade significa dizer que bem público não pode ser utilizado para garantia de adimplemento, seja penhor, hipoteca ou anticrese, em favor de terceiro. Esta é uma característica absoluta.
PUBLICIZAÇÃO E INTERVENÇÃO ESTATAL NA PROPRIEDADE PRIVADA
O direito de propriedade era um direito de primeira geração, absoluto. Direito de cunho individual. Ao estado, caberia apenas o papel de garantidor deste direito, e ao titular caberia o livre arbítrio. Embora o texto constitucional vigente continue reconhecendo e garantindo o direito de propriedade, a Constituição de 88 passou a estabelecer que o uso, gozo e a disposição de total e qualquer propriedade se condicionasse ao atendimento do bem-estar social.
O direito de propriedade deixa de ser um direito de cunho exclusivamente individual e a absoluto, e passa a ser um direito de dimensão coletiva e social. Os titulares de algumas propriedades não mais vão exercer este direito apenas de acordo com seus interesses privados. Qualquer direito de propriedade precisa, como mandamento constitucional, atender a uma função social. Se isso não ocorrer, o proprietário estará sujeito a se submeter a uma intervenção estatal.
A publicização da propriedade privada é a dimensão social e coletiva da propriedade, que antes era um direito individualista. Função social passa a ser o elemento norteador do direito de propriedade. O estado brasileiro está autorizado a intervir nas propriedades pra garantir o cumprimento de uma função social.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social.
A priori, o Estado não intervém na propriedade de ninguém, Como pressupostos para a intervenção estatal, há dois requisitos: necessidade de se cumprir uma função social; supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Caso se identifique a falta de cumprimento de uma função social ou a necessidade de cumprimento de uma função social específica (placa com nome da rua), o Estado está autorizado à intervenção. De acordo com o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, o Estado pode intervir para atender ao bem-estar social, mas apenas em casos que o interesse coletivo se configurar mais importante.
Não existe mais supremacia apriorística de interesse público sobre o direito privado, pois, muitas vezes,
o direito privado está respaldado nos direitos fundamentais e, a cada caso, precisará de maior proteção em detrimento do interesse coletivo. Há uma relativação entre os dois interesses.
No Estado brasileiro há as seguintes modalidades de intervenção: para ordenar o uso da propriedade, limitações e servidões administrativas; para utilizar temporariamente o bem particular, ocupação temporária e requisição administrativa; para restringir propriedades em razão do seu valor histórico e cultural, tombamentos; para tomar a propriedade, desapropriação.
Limitações são utilizadas como mecanismo de política urbana. É a partir dela que a administração vai dizer que, em determinada parte da cidade, só pode se construir até determinada altura, por exemplo. Servidão administrativa é utilizar da propriedade para o exercício de um direito. Ocupação temporária é a utilização de bem imóvel. Requisição administrativa é utilização de bem móvel, ou serviço. Desapropriação é modalidade mais drástica de intervenção estatal quando Estado toma para si a propriedade de alguém. É modalidade que requer maior regramento pela administração.
Tanto as limitações administrativas quanto as servidões administrativas são intervenções por meio das quais o Estado tenta ordenar, socialmente, as propriedades. Limitações tingem um número indeterminado de propriedades. Ao se utilizar dessa intervenção, o estado não sabe, de antemão, quais os particulares que serão se submeter àquelas regras, porque tem um caráter genérico e abstrato: se atinge um número indeterminado de propriedades.
Os titulares das propriedades particulares precisam respeitar as regras, para que o poder público possa instituir as calçadas. O recuo que a administração impõe aos proprietários é uma intervenção administrativa. Se impõe ao particular a continuidade do dever de cuidado do espaço da calçada.
Se costuma dizer que a limitação atinge o caráter absoluto da propriedade, porque vai limitar o uso, gozo e a disposição dela. Via de regra, as limitações administrativas impõe limitação genérica de não-fazer; uma obrigação negativa. Isso não significa que toda e qualquer limitação administrativa vai ter nessa negação, ou seja, existem limitações com obrigação positiva.
O fato de haver obrigação negativa, não significa que se estará diante de uma limitação administrativa. Quando o poder público impõe a necessidade de se estabelecer determinadas regras de segurança, há uma obrigação positiva de fazer. Limitação não gera direito a indenização, mesmo havendo um eventual prejuízo.
A servidão administrativa também é utilizada para o ordenamento social das propriedades privadas. São restrições parciais e concretas, que incidem sobre um número determinado de propriedades. São injunções concretas do poder público sobre propriedades privadas. As propriedades de esquina devem ter, em seu muro, uma placa com o nome da rua, por exemplo. Postes de transmissão de energia elétrica em propriedade privada, também é exemplo de servidão administrativa.
Servidão é a utilização da propriedade privada para que ela tenha uma serviência, e o serviço público seja realizado em sua plenitude. Na servidão, não se perde o uso completo da propriedade, e sim parte dele. Na servidão, o proprietário só precisa disponibilizar a sua propriedade, portanto se configura uma obrigação de deixar-fazer, tolerar que se faça.
A servidão tem natureza de direito real de gozo, instituído pelo poder público. Existe uma relação concreta entre a cisa serviente a a coisa dominante. A coisa dominante é o poder público, com o serviço público. A coisa serviente é a propriedade privada, que serve para o fornecimento do serviço público.
A servidão administrativa tem caráter permanente, não sendo estabelecida com prazo. Enquanto houver interesse público, a servidão será aplicada. Diferentemente das limitações, as servidões PODEM gerar direito à indenização. Para isso, deve-se demonstrar o dano, e a indenização será proporcional ao efetivo prejuízo.
Na ocupação temporária e na requisição administrativa, o Estado vai se utilizar dessas modalidades para uso transitório de bens privados. A ocupação temporária ocorre quando o bem utilizado for imóvel particular. A requisição administrativa é a forma mediante a qual a administração utiliza bens móveis ou serviços particulares.
Para realizar as eleições, o poder público intervém em propriedade privada, mediante ocupação temporária, para melhor atender o interesse público durante o pleito. Requisição administrativa é a típica modalidade utilizada em filme policial, quando o agente utiliza-se de carro particular para prosseguir em perseguição a suspeito, e melhor atender o interesse coletivo.
Também seria requisição administrativa quando a intervenção incide sobre serviços particulares, como é o exemplo de serviços advocatícios em situações que sua atuação é dispensável. No caso de requisição de táxi, a intervenção estatal se aplica tanto ao bem móvel, que é o veículo, e ao serviço particular, que é a função de taxista. 
Art. 5º XXV – no caso de eminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada a proprietário indenização ulterior, se houver dano.
A requisição administrativa independe da aquiescência do particular, tem caráter temporário e pode provocar indenização, porém a posteriori e somente em caso de dano, sendo proporcional a este. A indenização independe de culpa lato sensu. No caso de requisição por tempo indeterminado, ela pode ser onerosa, como é o caso de van particular sendo utilizada para ambulância.
AVALIAÇÃO 02/06
O tombamento é uma intervenção estatal na propriedade privada que se destina, especificamente, à preservação do valor artístico, histórico e cultural que aquele bem, ao sofrer o tombamento, vem a ter. Modalidade por meio da qual o poder público intervém na propriedade para preservar o valor artístico, histórico e cultural.
O pelourinho é um conjunto arquitetônico tombado para que as gerações futuras possam usufruir do valor histórico e cultural daquele bem. O tombamento tem previsão constitucional. Art. 216 § 1º: “O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.
O tombamento é ato vinculado, ou seja, o poder público é obrigado. O tombamento depende a instauração de um prévio procedimento administrativo. É através desse procedimento que a administração aferirá o valor artístico, histórico e cultural do bem. Obrigadamente, deverá o poder público possibilitar a ampla defesa e o contraditório, demonstrando o interessado que o patrimônio não possui valor artístico, histórico ou cultural. Se o particular não conseguir provar, o Estado deve intervir na propriedade.
Ao final do procedimento administrativo, o patrimônio será registrado no livro do tombo, que é chamado assim devido a uma herança portuguesa, embora tudo hoje seja informatizado. O livro tombo existe nos cartórios de registro, e o tombamento passa a fazer parte da escrituro do patrimônio.
Diferentemente da desapropriação, no tombamento não há uma perda da propriedade. Haverá alguns efeitos e limitações em relação à alienação, mas continua havendo o pleno exercício da propriedade. O tombamento se materializa com a inscrição do registro no antigo livro do tombo.
A depender do prejuízo causado ao bem tombado, pode envolver uma indenização, ou seja, a administração pode precisar indenizar o proprietário, casa haja algum prejuízo no patrimônio., como é o exemplo da desvalorização imobiliária. A indenização só é cabível após a materialização do dano.
Qualquer bem pode ser objeto de tombamento, sendo público ou particular, móvel ou imóvel, materiais ou imateriais. São exemplos, o carro do acidente de JK, a capoeira, o acarajé (receita e forma de comercialização). A doutrina costuma dividir o tombamento de acordo com
alguns critérios: constituição, eficácia e destinatários.
Quanto à constituição, o tombamento pode ser o de ofício, voluntário ou compulsório. O tombamento de ofício é aquele que incide sobre bem público, porque é o poder público dizendo para um órgão da própria administração que o seu bem é tombado.
O tombamento voluntário é aquele que o próprio proprietário procura o poder público para tombamento. É também tombamento voluntário aquele que não foi provocado pelo proprietário, mas ele não se opõe. É tombamento compulsório quando o proprietário se opõe ao tombamento, sendo imposto ao proprietário, mesmo contra a sua vontade.
Quanto à eficácia, o tombamento pode ser provisório ou definitivo. O tombamento provisório é aquele em que se identifica o valor, instaura o processo e se notifica o proprietário. A partir da ciência do proprietário, o tombamento está valendo automaticamente, sendo provisório. O tombamento definitivo começa a valer, ao final do procedimento, a partir do registro na escritura da propriedade e no livro do tombamento.
Quanto aos destinatários, o tombamento pode ser individual ou geral. Tombamento individual decai sobre uma propriedade individualizada, ou seja, a casa de alguém, o carro de alguém. O tombamento geral é coletivo, como é o exemplo do pelourinho.
Os efeitos do tombamento já passam a valer a partir do tombamento provisório, ou seja, desde o momento em que o proprietário é notificado. Os imóveis tombados não podem ser demolidos, destruídos, nem mutilados. O imóvel não pode nem mesmo ser reparado sem autorização. Os bens tombados não podem sofrer redução da sua visibilidade.
O bem tombado se sujeita à vigilância permanente do poder público. Os bens tombados devem respeitar o direito de preferência, isto é, seus proprietários ainda dispõem de uso, gozo e disposição da propriedade, porém, ao se alienar o bem, o particular deve oferecer, inicialmente, sua propriedade ao poder público. A administração tem preferência na alienação de bem tombado. A negativa do poder público, em adquirir aquele bem, deve ser documentada, para que o proprietário possa oferecer seu bem a outrem.
Desapropriação é a forma mais drástica de intervenção estatal na propriedade, porque é através dela que o particular perde a sua propriedade. Precisa abrir procedimento administrativo formalizado, por meio do qual a administração subtrai algum bem do particular, mediante interesse público, de necessidade pública, interesse social ou utilidade pública, através de pagamento prévio e justo de indenização.
A desapropriação afeta o caráter perpétuo e irrevogável da propriedade. A priori a propriedade é perpétua e irrevogável, mas estas características se perdem com a desapropriação. A doutrina afirma que esta é a forma originária pela qual a administração adquire bens. A desapropriação é autorizada pela constituição federal, no art. 5º, mesmo que estabelecendo o direito individual da justa e prévia indenização, devendo ser paga em dinheiro.
Em relação à desapropriação, a lei regulamenta que, antes de desalojar o proprietário, a indenização deve ser paga. Isso, muitas vezes, é desrespeitado, quando justificado por motivo de urgência. A indenização deve ser paga em dinheiro para que particular tenha o poder de compra, e possa arranjar outro imóvel imediatamente.
A própria constituição relativiza a característica da desapropriação, de ser paga em dinheiro. E há uma situação em que não é necessário o pagamento de indenização. A desapropriação ordinária é por necessidade de utilidade pública e interesse social. Existem outras, que a doutrina chama de estatutárias, que se materializam sobre o descumprimento da função social da propriedade, entre outras.
Na segunda modalidade, a indenização é previa e justa, mas a indenização não será paga em dinheiro, e sim em títulos da dívida agrária. O pagamento efetivo se dá em 20 anos. Na terceira modalidade, o pagamento será pago em título de dívida pública. A quarta modalidade, da expropriação, prescinde de indenização. “As propriedades rurais e urbanas, quando forem averiguadas com grande cultura ilegal de plantas ou exploração de trabalho escravo, serão expropriadas sem qualquer indenização ao proprietário”.
O procedimento da desapropriação é dividido entre fase declaratória e executória. A fase declaratória é aquela que inicia e deflagra todo o procedimento, e é pressuposto da regular desapropriação. Se o Estado desapropria algum bem sem a prévia declaração, seguramente esta desapropriação será nula.
A finalidade da fase declaratória é a indicação do titular da propriedade, sujeito passivo, que precisa ser notificado. É indicado também o motivo da desapropriação e a própria finalidade da desapropriação, para quê aquele imóvel vai servir, e de que forma o poder público vai utilizar aquele bem. Há também a identificação do bem.
Quem tem competência para expedir a declaração da desapropriação são os entes públicos. Por força de lei, temos outras duas entidades que possuem competência pra declarar a desapropriação: o DNIT e a ANEEL. As desapropriações destas entidades somente estão autorizadas se pertinentes à sua área de atuação. ANEEL – Subestação de energia elétrica. DNIT – Construir ou duplicar rodovia.
Via de regra, a desapropriação é através de decreto do chefe do poder executivo: presidente, governados, prefeito. É publicada no diário oficial da união. Lei também possibilita a declaração de desapropriação, mas não será pelo chefe do poder executivo, e sim pela assembleia legislativa.
Uma vez declarado o bem para fins de desapropriação, as consequências serão: sujeitar o imóvel à força expropriatória do Estado; fixação do estado do bem, para definir suas reais condições físicas (impede que o titular faça benfeitorias no imóvel com intuito de valorizar o bem); autorização de fiscalização do poder público.
Na fase declaratória, não há ainda a transferência do bem, ou seja, o dono ainda pode usar, gozar e dispor, mas este último é relativizado. Fixação do termo inicial para prazo de caducidade do ato declaratório: 5 ou 2 anos. Com base em utilidade pública, 5 anos; interesse público e social, 2 anos.
A fase executória materializa a transferência do bem particular em bem público. O poder público emite a posse da propriedade, com todos os trâmites cartoriais. Antes de executar e transferir o bem, deve ser paga a indenização. O início da fase executória se dá com o pagamento. A competência para executar é menos relevante.
O poder público pode transferir a terceiros, pessoas jurídicas, que façam a execução. Muitas vezes, a delegação já está prevista na própria lei. Só a União declara desapropriação para fins de reforma agrária, mas não é ela quem executa, e sim o INCRA. A competência maior é a competência de declarar.
A execução pode ser administrativa ou judicial. A diferença é a resistência. Será administrativa quando for amigável, e não houver resistência, ou seja, quando o titular do bem não se opuser. Será judicial quando houver resistência do proprietário, e ele descordar da desapropriação. Ele pode se resignar por discordar do preço, e que este não está cumprindo com as regras constitucionais de ser um valor justo. O titular, se opondo à desapropriação, o poder público é obrigado a ajuizar o processo com a ação de desapropriação, prevista do decreto lei 3.365/41.
Na contestação da ação de desapropriação, o titular só pode, apenas, questionar o valor da indenização. O interesse público e a finalidade não podem ser questionados. O judiciário só vai analisar o preço, se é justo ou não. O judiciário não pode entrar no mérito da desapropriação, mas pode entrar nos vícios processuais.
Desapropriação para fins de reforma agrária tem uma discrição detalhada no texto constitucional. A doutrina chama de desapropriação sanção, por isso é considerada como mecanismo de penalidade, pela União, e vai incidir sobre o imóvel rural que descumpra a função social da propriedade.
Quem tem competência privativa para declarar
é a União, e só ela pode promover a política da reforma agrária. Nem Estado nem Município têm competência para isso. A indenização é sempre prévia e justa, e a justeza do valor e a previabilidade são características absolutas, mas não será paga em dinheiro, e sim mediante títulos da dívida agária, podendo ser paga em até 20 anos. As benfeitorias uteis e necessárias, feitas após a declaração, são indenizadas em dinheiro.
O poder público afere o descumprimento da função social através de parâmetros constitucionais: atender simultaneamente todos os requisitos de aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais, observância das relações de trabalho. Art. 186 CF.
Art. 185 CF estabeleceu uma cláusula de inexpropriabilidade: situações em que o poder público não vai poder desapropriar. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, desde que o proprietário não tenha outra propriedade, e a propriedade produtiva.
Art. 182 §4º CF. Desapropriação por descumprimento da função social do imóvel urbano também é considerada como uma desapropriação sanção às propriedades urbanas que estejam descumprindo sua função social. A competência pra declarar essa desapropriação é privativa do Município, como execução de política urbana. É a última medida a ser utilizada.
A indenização é sempre um valor prévio e justo, pago em título da dívida pública em 10 anos, com sucessivas e iguais prestações. A função social da propriedade urbana é medida em parâmetros, através do estatuto da cidade e do plano diretor de cada município.
PROVA: BENS PÚBLICOS, INTERVENÇÃO ATÉ DESAPROPRIAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DO IMÓVEL URBANO.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais