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1 Uso da crase através da literatura de cordel PREPOSIÇÃO + ARTIGO A crase é simplesmente de dois as a união (um a que é um artigo mais um a preposição): “Rozenval não foi à missa, mas vai à reunião”. COM PALAVRA FEMININA Não se usa crase antes de palavra masculina: “Rogério veio a cavalo”, “Chegou a pé Janaína” – há crase, via de regra, com palavra feminina. CRASE COM MASCULINO Contudo, nossa gramática está cheia de exceção e sempre dá um jeitinho de ninguém ficar na mão: a crase com masculino veja na próxima lição... CABELO À RONALDINHO Com palavra masculina a crase se pode usar toda vez que ela, a crase, à moda de denotar: 2 “O cabelo à Ronaldinho Mateus gosta de cortar”. COM PALAVRAS REPETIDAS Nas expressões que se formam por palavra repetida, não devemos usar crase, ela fica proibida: “Júlio ficou frente a frente Cara a cara com a Cida”. CRASE FACULTATIVA Possessivo feminino no singular (tua, minha...) faculta o uso da crase: “Vou já à minha casinha”, “Obedeça a sua mãe”, “Irei à tua festinha”. AQUILO, AQUELE, AQUELA Também pode existir crase com aquilo, aquele, aquela: “Renata se referiu àquilo que disse Estela”, “Zefa gosta de assistir somente àquela novela”. NÃO BASTA A PREPOSIÇÃO Há muita gente que pensa que basta a preposição para o a ser “craseado”, mas não é bem assim não: 3 preposição mias artigo – crase há nessa união! A PREPOSIÇÃO “A” Nos exemplos a seguir, Temos preposição a: “Eu me refiro a Pedrinho”, “Eu estou a trabalhar” – como artigo aqui não cabe, portanto, crase não há! ANTES DO VERBO NÃO A crase antes do verbo não há como colocar: verbo não aceita artigo (é por isso que não dá) – “Com dinheiro a receber, Tenho contas a pagar”. VERBO = SUBSTANTIVO (Aqui, eu faço parênteses para uma observação: quando o verbo aceita artigo já não é verbo mais não, passa a ser substantivo – “O viver é ilusão”)... SUBSTANTIVAÇÃO Isso porque a palavra que do artigo vem à frente torna-se substantivo (isso automaticamente): 4 “O três é número de sorte”, “O belo é sempre atraente”. CRASE COM DISTÂNCIA Só há crase com distância se esta for especificada: “À distância de dois metros fiquei da onça pintada”; mas “Vi a cena a distância, quase não pude ver nada”. CRASE COM CASA Nessa regra, com distância se enquadra casa também: “Eu cheguei a casa tarde, e de pé não vi ninguém”; “Amanhã, logo cedinho, vou à casa de meu bem”. À VISTA E A PRAZO Compro à vista, não a prazo por não gostar de dever. E compro à vista, com crase, que é o correto se escrever. Como prazo é masculino, crase não poderá ter. A VISTA = A VISÃO Vi em uma loja uma placa: “Vendo a vista e no cartão”, um amigo, bom gramático, fez a observação: 5 “Quem vende a vista, sem crase, está vendendo a visão”. CRASE COM TOPÔNIMOS “Irei a Roma amanhã e vim de Roma outro dia”, “Da Bahia ontem vim e terça vou à Bahia”: são macetes para a crase com topônimos. Já sabia? DE FAZ A; DA FAZ À “Hoje, irei à Paraíba, da Paraíba ontem vim”: “Se venho da, crase há” – por macete diz-se assim. E tem mais: “Se venho de, crase para quê?”, diz-se enfim. COMEU A NOITE! Em “Lúcia comeu a noite”, se a crase não houver, foi a noite, então, comida por Lúcia, e se alguém quiser, pode fazer a pergunta: “Comeu com garfo ou colher?”. Fonte DANTAS, J. Lições de Gramática em versos de cordel. Rio de Janeiro: Vozes, 2009. p. 80-84.
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