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Dir Const - Ponto - Vicente Paulo - exerc¨ªcios 02

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR VICENTE PAULO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 2: APLICABILIDADE DE UMA NOVA 
CONSTITUIÇÃO / MODIFICAÇÃO DA CF/88 
Nesta aula, estudaremos como se dá a aplicabilidade de um novo texto 
constitucional e como pode ser modificado o texto da Constituição 
Federal de 1988. 
Num primeiro momento, examinaremos o que acontece no ordenamento 
jurídico quando é promulgado uma nova Constituição. O que acontece 
com a Constituição antiga quando é promulgado um novo texto 
constitucional? O que acontece com as demais leis antigas, vigentes no 
momento da promulgação do novo texto constitucional? 
Na segunda parte da aula, veremos como o texto da Constituição 
Federal pode ser modificado. Quem pode apresentar uma proposta de 
emenda constitucional? O que pode e o que não pode ser suprimido por 
meio de emenda constitucional? Como a emenda é aprovada no 
Congresso Nacional? Quem promulga a emenda constitucional? Como o 
Poder Judiciário pode fiscalizar a constitucionalidade do procedimento de 
modificação da CF/88? 
Vamos aos exercícios, para a partir deles revisarmos todos os pontos 
importantes sobre esses dois assuntos. 
APLICABILIDADE DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO 
1) (ESAF/PROMOTOR/CE/2001) A respeito do poder constituinte 
originário, assinale a opção que consigna a assertiva correta. 
a) De acordo com a opinião predominante, as normas da Constituição 
anterior, não incompatíveis com a nova Lei Maior, continuam válidas e 
em vigor, embora com status infraconstitucional. 
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as normas 
ordinárias anteriores à nova Constituição, com esta materialmente 
compatíveis, mas elaboradas por procedimento diverso do previsto pela 
nova Carta, tornam-se constitucionalmente inválidas. 
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
superveniência de norma constitucional materialmente incompatível com 
o direito ordinário anterior opera a revogação deste. 
d) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o 
advento de nova Constituição não pode afetar negativamente direitos 
adquiridos sob o regime constitucional anterior. 
e) Dá-se o nome de repristinação ao fenômeno da novação de fontes, 
que garante a continuidade da vigência, sob certas condições, do direito 
ordinário em vigor imediatamente antes da nova Constituição. 
Gabarito: “C” 
Comentários. 
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Antes de adentrarmos propriamente no exame do exercício, faremos 
uma breve revisão. 
Quando é promulgado um novo texto constitucional, temos que saber o 
que acontece com a constituição antiga e com as leis infraconstitucionais 
antigas. 
No tocante à constituição antiga, o entendimento é simples. A nova 
constituição revoga integralmente a constituição antiga, 
independentemente da compatibilidade entre os seus dispositivos. A 
nova constituição opera a revogação global da constituição antiga. Ainda 
que os dispositivos da constituição antiga sejam compatíveis com a nova 
constituição, serão eles integralmente revogados. 
Há países que optam por aproveitar os dispositivos da constituição 
antiga que não são incompatíveis com a nova constituição. Nesses 
países, os artigos da constituição antiga que não são incompatíveis com 
a nova constituição são recepcionados por esta, como se fossem leis. 
Eles passam pelo fenômeno chamado desconstitucionalização, isto é, 
perdem o seu status de norma constitucional e ingressam no novo 
ordenamento como leis. No Brasil, porém, a tese da 
desconstitucionalização não foi adotada, valendo, entre nós, o 
entendimento antes exposto, segundo o qual a nova constituição revoga 
integralmente a constituição antiga, ainda que haja compatibilidade 
entre os seus dispositivos. 
Em relação às normas infraconstitucionais antigas (leis ordinárias, leis 
complementares, leis delegadas, decretos legislativos, decretos, 
portarias, regimentos etc.), temos que examinar a sua compatibilidade 
material (de conteúdo) com a nova constituição: as que forem 
materialmente compatíveis com a nova constituição serão 
recepcionadas; as que forem materialmente incompatíveis com a nova 
constituição serão revogadas por esta. 
Feita essa breve revisão, passemos ao exame dos enunciados da 
questão. 
A letra “A” está errada, porque afirma que as normas da constituição 
antiga que não forem incompatíveis com a nova constituição continuam 
válidas, com status infraconstitucional. O entendimento válido entre nós 
é que a constituição nova revoga integralmente a constituição antiga, 
ainda que haja compatibilidade entre os seus dispositivos. Na verdade, 
esse enunciado está defendendo a aplicação da tese da 
desconstitucionalização, que, como vimos, não é adotada no Brasil. 
A letra “B” está errada porque afirma que normas ordinárias antigas 
materialmente compatíveis com a nova Constituição, mas elaboradas 
por procedimento diverso do previsto pela nova Carta, tornam-se 
constitucionalmente inválidas. 
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No exame da compatibilidade do direito pré-constitucional com a nova 
constituição só nos interessa a chamada compatibilidade material, 
isto é, o conteúdo da norma. Só interessa saber se o conteúdo da norma 
antiga contraria ou não a nova constituição. Em caso positivo, a norma 
antiga será revogada; em caso negativo, será ela recepcionada pela 
nova constituição. Enfim, para se saber se uma norma antiga foi 
recepcionada ou não pela nova constituição só interessa uma coisa: 
verificar se há compatibilidade material (de conteúdo) entre elas. 
Não interessa em absolutamente nada o exame da compatibilidade 
formal entre a norma antiga e a nova constituição. 
É indiferente o fato de o processo legislativo pelo qual foi elaborada a 
norma antiga ser diferente do atualmente em vigor. Para se ter uma 
idéia, temos leis da época do Império que foram recepcionadas pela 
Constituição Federal de 1988! Ora, imaginem vocês as diferenças entre 
o processo legislativo da época do Império e o atual processo legislativo, 
disciplinado na CF/88! 
Também é indiferente a mudança de competência para o tratamento da 
matéria. Por exemplo: na constituição pretérita, a competência para o 
tratamento da matéria pertencia à União, mas atualmente, na vigência 
da nova constituição, pertence aos Municípios. Esse fato em nada 
atrapalhará a recepção da norma antiga. 
É irrelevante, ainda, o fato de a espécie normativa antiga não mais 
existir no novo ordenamento constitucional. É o caso dos decretos-leis. 
Na vigência da Constituição Federal de 1988 o processo legislativo não 
mais contempla a espécie decreto-lei, mas temos diversos decretos-
leis em pleno vigor atualmente, por terem sido recepcionados. 
Todos esses aspectos citados nos parágrafos anteriores dizem respeito à 
compatibilidade formal, que não nos interessa para o fim de recepção. 
Se houver compatibilidade material (de conteúdo) entre a norma antiga 
e a nova constituição, a norma será recepcionada. 
Veja que o enunciado afirma que o fato de a norma antiga ter sido 
elaborada por procedimento diverso do previsto na nova constituição a 
invalidaria, o que não é verdade, pois se trata de aspecto meramente 
formal, que não prejudica a recepção. 
A assertiva “C” está certa. Segundo a jurisprudência do STF, a nova 
constituição revoga as normas ordinárias antigas com ela 
materialmente incompatíveis. Uma lei de 1980, cujo conteúdo é 
incompatível com a Constituição Federal de 1988, foi simplesmente 
revogada por esta em 05/10/1988, data de promulgação do novo texto 
constitucional. 
Alguns constitucionalistas defendem que nessa hipótese não teríamos 
propriamenteuma revogação, mas sim um caso de 
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inconstitucionalidade superveniente. A Lei de 1980, cujo conteúdo é 
incompatível com a Constituição Federal de 1988, tornar-se-ia 
inconstitucional frente a esta em 05/10/1988, data de promulgação do 
novo texto constitucional. Para esses, teríamos, então, um caso de 
inconstitucionalidade superveniente, isto é, uma inconstitucionalidade 
que ocorreria no futuro, em razão da promulgação de um novo texto 
constitucional materialmente incompatível (a lei foi editada em 1980, 
mas tornar-se-ia supervenientemente inconstitucional, em 05/10/1988, 
com a promulgação da Constituição Federal de 1988). 
Porém, o STF não admite a tese da inconstitucionalidade superveniente. 
Para o Tribunal, a nova constituição simplesmente revoga as leis 
anteriores com ela materialmente incompatíveis. 
A fundamentação para esse entendimento do STF é que a 
inconstitucionalidade nada mais é do que um desrespeito à Constituição 
e que, portanto, em 1980 o legislador não tinha como desrespeitar a 
Constituição Federal de 1988, por uma simples e óbvia razão: ela não 
existia! Logo, para o STF, só se pode falar em inconstitucionalidade de 
uma norma em face da Constituição de sua época, jamais em relação a 
uma constituição futura. O conflito material entre norma antiga e 
constituição futura resolve-se pela revogação, e não pela 
inconstitucionalidade superveniente. 
Veja que, segundo esse entendimento do STF (que é o válido para a 
prova, evidentemente!), não podemos jamais falar em 
inconstitucionalidade de uma norma pré-constitucional, editada antes de 
05/10/1988, em face da Constituição Federal de 1988. Mesmo que uma 
lei pré-constitucional desrespeite a todos os incisos do art. 5º da 
Constituição Federal de 1988 não poderá ela ser hoje declarada 
inconstitucional por esse motivo! Por que? Porque uma norma só pode 
ser considerada inconstitucional em confronto com a constituição de sua 
época, jamais em face de uma constituição futura. Essa lei antiga 
materialmente incompatível com o art. 5º da Constituição Federal de 
1988 foi simplesmente revogada por esta, em 05/10/1988. 
Uma dúvida que sempre surge em sala de aula é a seguinte: podemos 
afirmar, então, que o poder judiciário não realiza controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional em confronto com a 
Constituição Federal de 1988? 
Não, não podemos afirmar isso. O Poder Judiciário pode sim realizar, 
hoje, controle de constitucionalidade do direito pré-constitucional em 
confronto com a Constituição Federal de 1988. Mas como, se não 
podemos falar em inconstitucionalidade nesse caso? 
Muito simples. O Poder Judiciário realizará controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional, mas não para declarar 
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a norma antiga “constitucional” ou “inconstitucional” frente à 
Constituição Federal de 1988. Ao examinar a validade da norma antiga, 
decidirá o Poder Judiciário se ela foi revogada pela Constituição Federal 
de 1988 (por incompatibilidade material) ou se foi recepcionada por esta 
(por compatibilidade material). Entenderam? Há controle de 
constitucionalidade, mas não para a declaração da constitucionalidade 
ou inconstitucionalidade da norma pré-constitucional em confronto com 
a Constituição Federal de 1988 (e sim para o reconhecimento da 
revogação ou da recepção da norma antiga pela nova constituição). 
Bem, como este curso é de revisão em exercícios (o que pressupõe um 
pré-conhecimento da disciplina!), podemos avançar um pouco. Vejamos 
o que acontece com o julgamento de uma argüição de descumprimento 
de preceito fundamental – ADPF pelo STF. 
Sabe-se que a ADPF é a ação do controle concentrado perante o STF 
que admite a aferição da validade de leis federais, estaduais, distritais e 
municipais, inclusive anteriores à Constituição Federal de 1988 (pré-
constitucionais). Logo, na ADPF, o STF aprecia a validade do direito pré-
constitucional (editado antes de 05/10/1988) ou do direito pós-
constitucional (editado após 05/10/1988), mas sempre em confronto 
com a Constituição Federal de 1988. 
No julgamento de uma ADPF pelo STF temos, então, o seguinte: 
i) se a norma objeto da ação é pós-constitucional (editada após 
05/10/1988), a decisão do STF reconhece a constitucionalidade ou a 
inconstitucionalidade da norma; 
ii) se a norma objeto da ação é pré-constitucional (editada antes de 
05/10/1988), reconhece o STF a sua revogação pela CF/88 (no caso de 
incompatibilidade material) ou a sua recepção pela CF/88 (no caso de 
compatibilidade material). 
Esse mesmo raciocínio é aplicável ao controle difuso. Quando o Poder 
Judiciário aprecia, diante de um caso concreto, a validade de uma lei em 
confronto com a Constituição Federal de 1988, temos o seguinte: 
i) se a lei é pós-constitucional, a decisão reconhece a sua 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade; 
ii) se a lei é pré-constitucional, a decisão reconhece a sua revogação ou 
recepção. 
A assertiva “D” está errada porque afirma que uma nova constituição 
não pode afetar direito adquirido sob o regime constitucional anterior. 
Ora, sabe-se que uma nova constituição é obra do poder constituinte 
originário, que é um poder ilimitado, soberano e incondicionado. 
Significa dizer, em simples palavras, que o poder constituinte originário, 
ao elaborar uma nova constituição, não se submete à observância de 
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nenhuma regra do ordenamento constitucional anterior, podendo criar o 
novo Estado de acordo com sua exclusiva conveniência. Em 1988, por 
exemplo, a Assembléia Nacional Constituinte, no exercício do poder 
constituinte originário, poderia construir o novo Estado brasileiro, sem 
obediência à nenhuma regra da Constituição Federal de 1969. 
Logo, não há nenhum impedimento a que uma nova constituição afaste 
direitos adquiridos sob a vigência da constituição pretérita. É firme a 
jurisprudência do STF no sentido de que não há direito adquirido frente 
a uma nova constituição. 
A assertiva “E” está errada porque confunde os conceitos de recepção e 
repristinação do direito pré-constitucional. 
A recepção é o fenômeno que garante a continuidade da vigência do 
direito ordinário pré-constitucional em vigor no momento da 
promulgação da nova constituição, desde que presente a chamada 
compatibilidade material (de conteúdo). 
São dois, portanto, os pressupostos para que uma norma pré-
constitucional seja recepcionada: (i) estar ela em vigor no momento da 
promulgação da nova constituição; e (ii) ser ela materialmente 
compatível com a nova constituição. 
A repristinação é o fenômeno que garante o revigoramento do direito 
pré-constitucional que não estava em vigor no momento da 
promulgação da nova constituição. No Brasil, a repristinação do direito 
anterior não-vigente no momento da promulgação da nova constituição 
só ocorrerá se houver disposição expressa nesta (poderá ocorrer 
repristinação expressa). Se a nova constituição nada disser a respeito, 
não haverá repristinação desse direito não-vigente (não ocorrerá 
repristinação tácita). 
São dois, portanto, os pressupostos para que uma norma pré-
constitucional seja repristinada: (i) não estar em vigor no momento da 
promulgação da nova constituição; e (ii) existência de disposição 
expressa na nova constituição. 
 
Recepção Repristinação 
Para normas pré-constitucionais 
em vigor no momento da 
promulgação da nova constituição 
Para normas pré-constitucionais 
não-vigentes no momento da 
promulgação da nova constituição 
É fenômeno tácito, que não exigedisposição expressa na nova 
constituição 
Só ocorre se houver disposição 
expressa no texto da nova 
constituição 
 
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2) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei 
ordinária regularmente aprovada com base no texto constitucional de 
1969, a qual veicula matéria que, pela Constituição de 1988, deve ser 
disciplinada por lei complementar. Com base nesses elementos, pode-se 
dizer que tal lei 
a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 
1988. 
b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face da 
nova Constituição. 
c) pode ser revogada por outra lei ordinária. 
d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser 
modificada por lei complementar. 
e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal. 
Gabarito: “E” 
Comentários. 
Vimos que o fato de a constituição pretérita exigir lei ordinária e a nova 
constituição passar a exigir lei complementar não prejudica em nada a 
recepção da norma, pois essa distinção diz respeito à compatibilidade 
formal. Nesse caso, a lei ordinária será recepcionada normalmente, mas 
assumirá, no novo ordenamento constitucional, status de lei 
complementar. Significa dizer que no novo ordenamento constitucional a 
lei ordinária antiga não poderá mais ser revogada por outra lei ordinária, 
mas somente por outra lei complementar ou por norma de hierarquia 
superior (emenda constitucional). 
Com base nesse entendimento, passemos ao exame das assertivas. 
A assertiva “A” está errada porque, como dito, no conflito entre norma 
pré-constitucional e constituição futura só interessa a compatibilidade 
material (conteúdo da norma), sendo absolutamente irrelevante a 
compatibilidade formal (aspectos formais de elaboração da norma). 
A assertiva “B” está errada porque afirma que haveria, na hipótese, 
vício de inconstitucionalidade superveniente. Já vimos que essa 
mudança de natureza formal – exigência de lei complementar para 
matéria até então disciplinada por lei ordinária – não prejudica em nada 
a recepção da norma antiga e que, também, a tese da 
inconstitucionalidade superveniente não é aceita no Brasil. 
A assertiva “C” está errada porque afirma que a lei ordinária antiga pode 
ser revogada por outra lei ordinária. Ora, se a nova constituição exige 
lei complementar para o tratamento da matéria significa dizer que a lei 
antiga foi recepcionada com força (status) de lei complementar, só 
podendo ser revogada no novo ordenamento constitucional por outra lei 
complementar ou por emenda constitucional. 
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A assertiva “D” está errada porque afirma que a lei antiga foi 
recepcionada com força de lei ordinária, o que não é correto. Se a nova 
constituição exige lei complementar para o tratamento da matéria, a lei 
ordinária pré-constitucional foi recepcionada com força de lei 
complementar. 
A assertiva “E” está certa. Se a nova constituição exige lei 
complementar para o tratamento da matéria, a lei ordinária antiga foi 
recepcionada com status de lei complementar, só podendo daí por 
diante ser revogada por outra lei complementar ou por emenda 
constitucional. 
Sobre esse aspecto, um comentário importante. 
Não é correto afirmar que uma lei ordinária pré-constitucional 
recepcionada com status de lei complementar “só pode ser revogada por 
outra lei complementar”. Poderá ela ser revogada por outra lei 
complementar ou por outra norma de hierarquia superior, que é o caso 
da emenda constitucional. Da mesma forma, não é correto afirmar que 
uma norma recepcionada com força de lei ordinária “só pode ser 
revogada por outra lei ordinária”. Ora, se a norma foi recepcionada com 
força de lei ordinária, poderá ser revogada por outra lei ordinária, por lei 
complementar, por lei delegada (se não se tratar de matéria vedada à 
lei delegada), por medida provisória (se não se tratar de matéria vedada 
à medida provisória) e por emenda constitucional. 
 
3) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002/MODIFICADA) Assinale a 
opção correta. 
a) A lei anterior à Constituição Federal incompatível, no seu conteúdo, 
com a nova Carta da República, deve ser declarada, por meio de ação 
direta de inconstitucionalidade, supervenientemente inconstitucional. 
b) As normas da Constituição de 1967/1969, que não entram, quanto ao 
seu conteúdo, em linha colidente com a Constituição de 1988, são 
consideradas como recebidas pela nova ordem, com status de lei 
complementar. 
c) A lei posterior à Constituição de 1988, mas anterior à reforma desta 
Carta validamente promovida por emenda constitucional com a qual 
referida lei é materialmente incompatível, é considerada revogada para 
todos os efeitos apenas a partir do instante em que o Supremo Tribunal 
Federal reconhece tal situação em decisão definitiva proferida em 
recurso extraordinário ou em argüição de descumprimento de preceito 
fundamental, e não a partir da entrada em vigor daquela emenda. 
d) Todo Decreto-Lei editado antes da Constituição de 1988 perdeu 
eficácia depois da promulgação desta, uma vez que a ordem 
constitucional em vigor não previu tal instrumento normativo. 
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e) Lei ordinária anterior à Constituição de 1988, com ela materialmente 
compatível, é tida como recebida pela nova ordem constitucional, 
mesmo que esta exija lei complementar para regular o assunto. 
Gabarito: “E” 
Comentários. 
A assertiva “A” afirma que uma lei pré-constitucional materialmente 
incompatível com a nova constituição deve ser declarada, por meio de 
ação direta, supervenientemente inconstitucional. 
Vimos que o STF não admite a tese da ocorrência da 
inconstitucionalidade superveniente, segundo a qual uma lei tornar-se-ia 
supervenientemente inconstitucional em razão da promulgação de um 
novo texto constitucional em sentido contrário. Para o STF, a lei pré-
constitucional materialmente incompatível com a nova constituição é 
simplesmente revogada por esta. Portanto, só esse aspecto já invalida a 
assertiva, pois não é juridicamente possível declarar a 
inconstitucionalidade de norma pré-constitucional frente à Constituição 
futura. 
Há um outro erro na assertiva que é a menção à ação direta de 
inconstitucionalidade como meio para a declaração da 
inconstitucionalidade do direito pré-constitucional. Conforme veremos 
mais adiante, no exame do controle de constitucionalidade, a ação 
direta de inconstitucionalidade não admite como seu objeto direito pré-
constitucional. Em hipótese alguma uma norma pré-constitucional 
(editada antes de 05/10/1988) poderá ser impugnada em ação direta de 
inconstitucionalidade perante o STF. 
Há, portanto, dois erros na assertiva “A”: (i) no caso de 
incompatibilidade material entre lei antiga e a nova constituição não 
temos inconstitucionalidade superveniente, mas sim mera revogação; 
(ii) não caberia ação direta de inconstitucionalidade contra a lei, porque 
essa ação não admite como seu objeto normas pré-constitucionais. 
A assertiva “B” está errada porque a nova constituição revoga 
integralmente a constituição antiga, independentemente da 
compatibilidade entre os seus dispositivos. A tese da 
desconstitucionalização – que admite a recepção de dispositivos da 
constituição pretérita com força de lei – não é adotada no Brasil. 
A assertiva “C” está errada. Sempre que entra em vigor um novo texto 
constitucional (isto é, sempre que entra em vigor uma nova constituição 
ou uma nova emenda constitucional), a lei anterior materialmente 
incompatível com esse novo texto constitucional é considerada 
tacitamenterevogada nessa mesma data (data de entrada em vigor do 
novo texto constitucional). 
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Exemplificando: se a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor em 
05/10/1988, nessa data todas as leis anteriores com ela materialmente 
incompatíveis foram revogadas; se determinada emenda constitucional 
entrou em vigor em 31/12/2004, nesta mesma data as leis anteriores 
com ela materialmente incompatíveis foram tacitamente revogadas. 
Importantíssimo esse ponto. Sempre que entra em vigor um novo texto 
constitucional, opera-se, nessa mesma data, a revogação das leis 
anteriores com ele materialmente incompatíveis e a recepção das leis 
anteriores com ele materialmente compatíveis. Esses fenômenos – 
recepção ou revogação do direito pré-constitucional pela nova 
constituição – ocorrem tacitamente, com a simples entrada em vigor do 
novo texto constitucional. 
Isso não significa que no futuro não possamos ter dúvida sobre a 
recepção de determinada lei pré-constitucional. Podemos? Sem dúvida. 
Ainda hoje, diante de um caso concreto, é possível que tenhamos 
dúvida se determinada lei foi recepcionada ou revogada pela 
Constituição Federal de 1988. Em que situação? 
Suponha um contrato celebrado no ano de 2005, sobre o qual 
supostamente incida determinada lei publicada no ano de 1985. Nesse 
caso, um dos sujeitos pode entender que essa lei pré-constitucional não 
é aplicável ao contrato, por ter sido revogada pela Constituição Federal 
de 1988, em face de sua incompatibilidade material. Por sua vez, o 
outro sujeito pode entender que referida lei pré-constitucional foi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, por ser com ela 
materialmente compatível. 
Diante dessa controvérsia, caberá ao sujeito que se sentir prejudicado 
recorrer ao Poder Judiciário para que este decida se referida lei de 1985 
foi revogada ou recepcionada pela Constituição Federal de 1988. 
Porém, qualquer decisão proferida pelo Poder Judiciário terá efeitos 
retroativos a 05/10/1988. Assim, se o Poder Judiciário decidir, em 2005, 
que essa lei de 1985 foi revogada, essa revogação ocorreu em 
05/10/1988 (data da entrada em vigor da vigente Constituição), e não 
na data da decisão judicial (o mesmo raciocínio vale para a hipótese do 
reconhecimento da recepção da norma). 
Enfim: a revogação (ou a recepção) do direito pré-constitucional ocorre 
sempre na data da entrada em vigor do novo texto constitucional (nova 
constituição ou nova emenda constitucional); mesmo que o Poder 
Judiciário só reconheça formalmente a revogação (ou a recepção) em 
momento futuro, a decisão judicial retroagirá àquela data. 
Portanto, a assertiva “C” está errada porque afirma que a norma só é 
considerada revogada a partir da decisão do STF, o que não é verdade. 
Essa norma, materialmente incompatível com a nova emenda 
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constitucional, é considerada revogada a partir da entrada em vigor da 
emenda. 
A assertiva “D” está errada porque afirma que todo o decreto-lei perdeu 
sua eficácia com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que 
não prevê essa espécie normativa. 
De fato, a Constituição Federal de 1988 não prevê o instrumento 
normativo decreto-lei, haja vista sua substituição pela medida 
provisória. Porém, esse fato em nada retira a eficácia daqueles 
decretos-leis antigos materialmente compatíveis com a Constituição 
Federal de 1988. Trata-se de aspecto meramente formal, que, como 
vimos, não prejudica a recepção do direito pré-constitucional. 
Assim, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, os 
decretos-leis com ela materialmente incompatíveis foram revogados; 
aqueles materialmente compatíveis foram por ela recepcionados, e 
estão hoje em pleno vigor. 
Uma dúvida que sempre surge em sala de aula: se atualmente não 
temos a figura do decreto-lei no nosso processo legislativo, qual a força 
(status) que têm hoje os antigos decretos-leis que foram recepcionados? 
Depende. A força desses decretos-leis depende do novo tratamento 
dado à matéria pela Constituição Federal de 1988. Se a Constituição 
Federal de 1988 passou a exigir lei complementar para o tratamento da 
matéria disciplinada no decreto-lei antigo, este tem hoje status de lei 
complementar. Se a Constituição Federal de 1988 exige lei ordinária 
para o tratamento da mesma matéria, o decreto-lei antigo tem hoje 
força de lei ordinária – e assim por diante. 
A assertiva “E” está certa, pois o fato de a Constituição de 1988 passar 
a exigir lei complementar para o tratamento de matéria até então 
disciplinada em lei ordinária não prejudica em nada a recepção dessa lei 
ordinária. Trata-se de aspecto meramente formal, irrelevante para o fim 
de recepção. 
Nessa situação, se houver compatibilidade material, a lei ordinária 
antiga será recepcionada normalmente e assumirá, no novo 
ordenamento constitucional, status de lei complementar, só podendo ser 
revogada daí por diante por outra lei complementar ou por emenda 
constitucional. 
 
4) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior à 
Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na 
competência da União definida no texto constitucional pretérito é 
considerada recebida como estadual ou municipal se a matéria por ela 
disciplinada passou segundo a nova Constituição para o âmbito de 
competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso, não se 
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podendo falar em revogação daquela legislação em virtude dessa 
mudança de competência promovida pelo novo texto constitucional. 
Item CERTO. 
Comentários. 
A questão é muito simples, senão vejamos. 
No regime constitucional anterior, a competência sobre determinada 
matéria pertencia à União, que havia editado lei federal sobre o assunto. 
Se a Constituição futura repassar a competência sobre a matéria para os 
estados-membros, a lei federal antiga será recepcionada com força de 
lei estadual (daí por diante poderá ser revogada por lei estadual). 
Ou, se a Constituição futura repassar a competência sobre a matéria 
para os Municípios, a lei federal antiga será recepcionada com força de 
lei municipal (daí por diante poderá ser revogada por lei municipal). 
Enfim, a mudança da competência para o tratamento da matéria não 
prejudica a recepção. 
 
5) (ESAF/AFRF/2000) Sabe-se que a Constituição em vigor não prevê a 
figura do Decreto-Lei. Sobre um Decreto-Lei, editado antes da 
Constituição em vigor, cujo conteúdo é compatível com esta, é possível 
afirmar: 
a) Continua a produzir efeitos na vigência da nova Carta, por força 
do mecanismo da recepção. 
b) Deve ser considerado formalmente inconstitucional e, por isso, 
insuscetível de produzir efeitos, pelo menos a partir da Constituição de 
1988. 
c) Deve ser considerado revogado com o advento da nova 
Constituição. 
d) Deve ser considerado repristinado, podendo produzir efeitos 
parciais. 
e) Passa a valer como decreto autônomo, perdendo a sua eficácia 
com relação às matérias submetidas ao princípio da legalidade. 
Gabarito: “A” 
Comentários. 
Vimos que, para o fim de recepção do direito pré-constitucional, só é 
relevante a compatibilidade material (conteúdo da norma). 
Logo, se houver compatibilidade material (de conteúdo) entre a norma 
antiga e a nova constituição, a norma antiga será recepcionada, nada 
importando os aspectos meramente formais (processo legislativo, 
espécie da norma antiga etc.). 
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Como a assertiva diz que o conteúdodo decreto-lei antigo é compatível 
com a Constituição Federal de 1988, será ele recepcionado (mesmo 
sabendo-se que a Constituição Federal de 1988 não prevê o instrumento 
normativo decreto-lei em seu processo legislativo). 
 
6) (ESAF/ANALISTA/BACEN/2001) Não se pode discutir em juízo a 
validade de uma lei em face da Constituição que vigorava quando o 
diploma foi editado, se a lei é plenamente compatível com a 
Constituição que se encontra atualmente em vigor. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
Esse enunciado, de altíssimo nível, nos remete ao assunto controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional. 
Vejam que o examinador quer saber se é possível hoje, na vigência da 
Constituição Federal de 1988, discutir perante o Poder Judiciário a 
validade de uma lei antiga em face da constituição antiga (vigente na 
época da elaboração da lei), mesmo sabendo que essa lei antiga é 
plenamente compatível com a Constituição Federal de 1988. 
Imaginem uma lei pré-constitucional publicada no ano de 1985, sob a 
vigência da Constituição de 1969. O examinador quer saber se é 
possível hoje, na vigência da Constituição de 1988, discutir a validade 
dessa lei de 1985 em face da Constituição de 1969, sabendo-se que a 
lei é plenamente compatível com a Constituição de 1988. 
Observem que não se quer discutir a validade da lei pré-constitucional 
em confronto com a Constituição Federal de 1988. Não, não é isso. O 
próprio enunciado já afirma que a lei antiga é plenamente compatível 
com a Constituição Federal de 1988. A discussão é se a lei é válida (ou 
não) em face da Constituição de 1969, em vigor no ano de 1985, 
quando a lei foi editada. 
E então, pode hoje o indivíduo recorrer ao Poder Judiciário pleiteando a 
declaração da inconstitucionalidade de uma lei de 1985 por desrespeito 
à Constituição de 1969, mesmo sabendo que essa lei é compatível com 
a Constituição de 1988? 
A resposta é afirmativa. 
Se a lei é pré-constitucional, podemos afirmar que até 04/10/1988 
(último dia da vigência da Constituição de 1969) a sua validade foi 
regulada pela Constituição de 1969. Vale dizer, até 04/10/1988 a 
validade da lei estava sujeita à observância do texto e princípios da 
Constituição de 1969. Concordam? 
Logo, se nesse período o indivíduo foi prejudicado por essa lei (na 
celebração de determinado contrato, por exemplo), poderá requerer 
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hoje ao Poder Judiciário a declaração de sua inconstitucionalidade em 
confronto com a Constituição de 1969, com o fim de afastar a sua 
aplicação ao caso concreto. Se o indivíduo quer afastar a aplicação da lei 
àquele período pretérito, deverá discutir a sua validade em face da 
Constituição de 1969, pois era esta que regulava a validade da lei 
naquele período. 
Ainda sobre esse assunto, três aspectos merecem destaque. 
O primeiro é que, nesse caso, o Poder Judiciário declarará a 
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei antiga em face da 
Constituição de sua época. Não é caso para reconhecimento da 
revogação ou da recepção da lei pré-constitucional, pois o confronto não 
é com Constituição futura, mas sim com a Constituição da época da 
publicação da lei. 
O segundo é que o Poder Judiciário apreciará a compatibilidade material 
e formal da lei antiga em confronto com a Constituição de sua época, e 
não somente a compatibilidade material, como ocorre no confronto com 
uma constituição futura. É que a lei deve obediência material (de 
conteúdo) e também formal (processo de elaboração) em relação à 
constituição de sua época. Diferentemente do confronto com 
constituição futura, em que só há relevância no exame da 
compatibilidade material (conteúdo da norma). 
O terceiro é que esse controle de constitucionalidade em confronto com 
constituição pretérita só é possível na via difusa, diante de um caso 
concreto. Só poderá impugnar a lei pré-constitucional aquele que houver 
sido prejudicado por ela na vigência da constituição pretérita, em um 
caso concreto. Não existe controle abstrato em confronto com 
constituição pretérita. Todo o controle abstrato só se presta à aferição 
da validade de normas em confronto com a Constituição Federal de 
1988 – jamais frente a constituições pretéritas. 
A partir dessas considerações, podemos concluir que o direito pré-
constitucional pode ser objeto de controle de constitucionalidade em 
face da constituição de sua época e, também, em face da constituição 
futura, conforme síntese apresentada no quadro abaixo: 
 
Controle de constitucionalidade do direito pré-constitucional 
Em face da constituição de sua 
época 
Em face da constituição futura 
Para o reconhecimento da 
constitucionalidade ou da 
inconstitucionalidade 
Para o reconhecimento da recepção 
ou da revogação 
Exame da compatibilidade material Exame somente da compatibilidade 
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e formal material 
Somente controle concreto Controle concreto ou abstrato, na 
via da argüição de descumprimento 
de preceito fundamental - ADPF 
 
7) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É possível em recurso extraordinário 
julgado na vigência da Constituição de 1988 declarar a 
inconstitucionalidade de lei anterior a essa Carta por incompatibilidade 
material ou formal com a Constituição pretérita. 
Item CERTO. 
Comentários. 
A assertiva trata do mesmo assunto do item anterior, no qual vimos que 
é possível, sob a vigência da Constituição Federal de 1988, discutir a 
validade do direito pré-constitucional em confronto com a Constituição 
pretérita. 
O recurso extraordinário é o meio idôneo para se levar à apreciação do 
STF controvérsia constitucional suscitada em casos concretos, 
apreciados pelos juízos inferiores. É o meio pelo qual o STF poderá ser 
provocado para decidir sobre a validade do direito pré-constitucional em 
confronto com constituição pretérita. 
Importante notar que o examinador fez expressa menção à 
incompatibilidade material e formal, deixando claro que, no confronto do 
direito pré-constitucional com a constituição de sua época, interessa-nos 
não só a compatibilidade material (de conteúdo), mas também a 
compatibilidade formal (de forma, de processo de elaboração). 
 
8) (CESPE/PROCURADOR/TCPE/2004) Considere a seguinte situação 
hipotética. Uma lei foi publicada na vigência da Constituição anterior e 
se encontrava no prazo de vacatio legis. Durante esse prazo, foi 
promulgada uma nova Constituição. Nessa situação, segundo a 
doutrina, a lei não poderá entrar em vigor. 
Item CERTO. 
Comentários. 
Sabe-se que cabe ao legislador a fixação do momento de entrada em 
vigor da lei. 
Como regra, o legislador fixa para o início da vigência a data da 
publicação da lei. Por isso é comum, no texto da lei, a presença do 
seguinte comando: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação”. 
Porém, nem sempre é assim. 
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O legislador poderá diferir o início da vigência da lei para um momento 
futuro à sua publicação. Publica-se a lei em janeiro de 2005, mas difere-
se a sua entrada em vigor para julho de 2005, por exemplo. 
O legislador poderá, ainda, ser omisso quanto ao início da entrada em 
vigor da lei (isto é, o texto da lei não fixa a data de início da sua 
vigência). 
Nesse caso – omissão do legislador quanto à data do início da vigência 
da lei -, aplica-se o disposto no art. 1º da Lei de Introdução do Código 
Civil – LICC, segundo o qual a lei começa a vigorar em todo o país 45 
(quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada, e nos Estados 
estrangeiros depois de 3 (três) meses dapublicação oficial. 
Em todos esses casos, o período compreendido entre a publicação e a 
entrada em vigor da lei é chamado de vacatio legis (vacância da lei). 
Diz-se “vacância da lei” porque a lei já integra o ordenamento jurídico, 
mas permanece em estado de vacância, sem incidência, sem força 
obrigatória em relação aos seus destinatários. 
Fixada essa breve noção sobre a vacatio legis, passemos ao exame do 
exercício: o que acontece se for publicada uma nova constituição no 
período de vacatio legis? A norma vacante entrará em vigor no novo 
ordenamento constitucional que se inicia? 
Imagine uma lei publicada em setembro de 1988, omissa quanto à data 
de sua entrada em vigor. Diante da omissão, essa lei só entraria em 
vigor no país após 45 (quarenta e cinco) dias de sua publicação. Logo, 
na data da promulgação da Constituição Federal de 1988 (05/10/1988) 
a lei estaria durante o período da vacatio legis. Poderia essa lei entrar 
em vigor no novo ordenamento constitucional que se inicia? 
Embora não exista consenso a respeito, o entendimento doutrinário 
dominante é no sentido negativo, de que a norma vacante não entrará 
em vigor no novo ordenamento constitucional que se inicia, vale dizer, 
não poderá ela ser recepcionada pela nova Constituição. Por que não? 
Porque a norma não estava em vigor na data da promulgação do novo 
texto constitucional e, como se sabe, a recepção do direito pré-
constitucional materialmente compatível só alcança as normas “em 
vigor” no momento da promulgação da nova Constituição. 
 
MODIFICAÇÃO DA CF/88 
9) (ESAF/AFRF/2000) Assinale a opção correta. 
a) As normas da Constituição de 1988 dispostas no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias são insuscetíveis de ser 
revogadas ou emendadas. 
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b) As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da 
Constituição de 1988 não se definem como normas formalmente 
constitucionais. 
c) Uma norma constitucional, fruto do poder constituinte originário, 
não pode ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, 
mesmo que não esteja de acordo com algum princípio fundamental, 
inspirador da Constituição, como o da isonomia e o da democracia. 
d) É inconstitucional toda reapresentação de proposta de emenda à 
Constituição rejeitada pelo Congresso Nacional. 
e) A lei ordinária anterior à nova Constituição, que com esta é 
materialmente incompatível, continua em vigor até que seja revogada 
por outra lei do mesmo status hierárquico. 
Gabarito: “C” 
Comentários. 
As normas que integram o Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias – ADCT são normas constitucionais como todas as demais 
normas constitucionais. A única distinção é que as normas do ADCT são 
de cunho transitório e, portanto, esgotarão sua eficácia tão-logo ocorra 
a situação transitória nelas prevista. 
As normas do ADCT podem ser (e têm sido) modificadas ou revogadas 
por meio de emenda constitucional, desde que observadas as regras 
estabelecidas pelo art. 60 da Constituição Federal. A assertiva “A” está, 
portanto, errada. 
As normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da 
Constituição de 1988 são normas formalmente constitucionais, que se 
situam no mesmo patamar hierárquico das demais normas 
constitucionais. Estudamos em aula passada que uma norma é 
formalmente constitucional pelo simples fato de integrar o texto de uma 
constituição escrita, solenemente elaborada (rígida). É o caso das 
normas integrantes do ADCT, que integram o texto da Constituição 
Federal de 1988, que é do tipo escrita e rígida. Está errada, portanto, a 
assertiva “B”. 
A assertiva “C” está certa, pois as normas constitucionais originárias não 
se sujeitam a controle de constitucionalidade, vale dizer, não é possível 
juridicamente a declaração da inconstitucionalidade de uma norma 
constitucional originária, elaborada pelo poder constituinte originário. 
Veremos adiante que é possível a declaração da inconstitucionalidade de 
uma norma constitucional derivada, resultante de emenda, caso haja 
desrespeito aos limites e procedimentos impostos pelo art. 60 da 
Constituição Federal. 
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A assertiva “D” está errada porque afirma que é inconstitucional toda 
reapresentação de proposta de emenda à Constituição rejeitada pelo 
Congresso Nacional. 
Ora, a Constituição Federal só proíbe a reapresentação de matéria 
objeto de PEC rejeitada ou havida por prejudicada na mesma sessão 
legislativa (CF, art. 60, § 5º). Logo, é possível a reapresentação, desde 
que em sessão legislativa distinta daquela em que se deu a rejeição ou 
a prejudicialidade da proposta anterior. 
A letra “E” está errada porque uma lei ordinária anterior à nova 
Constituição, que com esta é materialmente incompatível, é revogada 
na data da entrada em vigor do novo texto constitucional. Vimos 
anteriormente que a revogação do direito pré-constitucional 
materialmente incompatível com a nova constituição ocorre sempre 
numa mesma data: na data da entrada em vigor do novo texto 
constitucional. 
 
10) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo precedente do STF, no caso 
brasileiro, não é admitida a posição doutrinária que sustenta ser o poder 
constituinte originário limitado por princípios de direito suprapositivo. 
Item CERTO. 
Comentários. 
Embora alguns doutrinadores defendam a idéia de que o poder 
constituinte originário, ao elaborar uma nova constituição, está sujeito a 
limites impostos pelo direito suprapositivo, esse não é o entendimento 
predominante no Brasil. 
O Brasil adota a linha positivista, que não reconhece a existência de 
limites ao poder constituinte originário em princípios jurídicos não-
positivados. Com isso, para o fim de concurso público, temos que 
considerar que o poder constituinte originário é absolutamente ilimitado, 
soberano no seu papel de criação de uma nova constituição. 
 
11) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a aprovação de 
emenda constitucional, alterando o processo legislativo da própria 
reforma, ou revisão constitucional, tornando-o menos difícil, não seria 
possível, porque haveria um limite material implícito ao poder 
constituinte derivado em relação a essa matéria. 
Item CERTO. 
Comentários. 
A doutrina dominante entende que uma emenda constitucional não pode 
prejudicar o procedimento de modificação da Constituição Federal de 
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1988, estabelecido no art. 60 (processo de reforma) e no art. 3º do 
ADCT (processo de revisão). 
O procedimento de modificação da Constituição Federal de 1988 não 
pode ser prejudicado por meio de emenda porque existe uma limitação 
material implícita à atuação do poder constituinte derivado que proíbe 
essas alterações prejudiciais. Afinal, se o poder constituinte derivado 
pudesse burlar o procedimento estabelecido pelo poder constituinte 
originário para a modificação da Constituição Federal, estaria havendo 
uma fraude à vontade do legislador constituinte originário. 
Um exemplo nos auxiliará na compreensão do sentido dessa limitação 
material implícita ao poder constituinte derivado. Vejamos. 
Determina a Constituição que o seu texto somente poderá ser alterado 
por meio de emenda discutida e votada em dois turnos nas Casas do 
Congresso Nacional, com aprovação de pelo menos três quintos dos 
seus membros (CF, art. 60, § 2º). 
Imaginem se o Congresso Nacional aprovasse uma emenda 
constitucional alterando a redação desse dispositivo, passando a exigir, 
daí por diante, votação em um só turno e aprovação de apenas maioria 
simples dosmembros das Casas Legislativas para aprovação de uma 
emenda constitucional. 
Ora, não é preciso pensar muito para perceber que o poder constituinte 
derivado estaria fraudando completamente a vontade do poder 
constituinte originário, retirando a rigidez da nossa Constituição, 
transformando-a numa Constituição flexível. Essa emenda seria, então, 
flagrantemente inconstitucional, por ser prejudicial ao procedimento de 
modificação da Constituição Federal de 1988. 
Ou, em outras palavras: essa emenda seria flagrantemente 
inconstitucional, por desrespeitar uma limitação material implícita ao 
poder constituinte derivado, que proíbe modificações prejudiciais ao 
processo de modificação da Constituição Federal de 1988. 
Podemos resumir essa idéia da seguinte maneira: o texto da 
Constituição Federal somente pode ser modificado pelos procedimentos 
nela estabelecidos (reforma constitucional, nos termos do art. 60; e 
revisão constitucional, nos termos do art. 3º do ADCT); qualquer 
tentativa de criar outro procedimento ou de simplificar esses já 
existentes será flagrantemente inconstitucional, por desrespeitar uma 
limitação material implícita ao poder constituinte derivado. 
Em verdade, como o procedimento de revisão constitucional (ADCT, art. 
3º) já se esgotou, enquanto a Constituição Federal de 1988 existir ela 
só poderá ser modificada pelo procedimento de reforma, estabelecido no 
seu art. 60. Qualquer tentativa de burlar, de enfraquecer, ou de criar 
outro procedimento para a modificação do seu texto será 
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flagrantemente inconstitucional, por desrespeitar uma limitação 
material implícita ao poder constituinte derivado. 
 
12) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, o art. 3º do Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 
1988 (CF/88), que previa a revisão constitucional após cinco anos, 
contados de sua promulgação, é uma limitação temporal ao poder 
constituinte derivado. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
Temos limitação temporal quando a constituição estabelece um período 
durante o qual o seu texto não poderá ser modificado. A limitação 
temporal estabelece, portanto, um período determinado de absoluta 
imutabilidade do texto da constituição. 
A Constituição Federal de 1988 não apresenta limitações de ordem 
temporal. 
É verdade que pelo processo simplificado de revisão o texto 
constitucional só pôde ser modificado cinco anos após a promulgação da 
Constituição Federal (ADCT, art. 3º). 
Porém, durante esse período a Constituição podia ser modificada (e, de 
fato, foi modificada!) por meio de emendas, desde que essas fossem 
aprovadas de acordo com o procedimento rígido, estabelecido no art. 
60. Enfim, desde a data de sua promulgação, a Constituição Federal 
sempre pôde ser modificada, se observados os limites impostos pelo seu 
art. 60. 
Pensem assim: na data da promulgação da Constituição Federal 
(05/10/1988) um dos legitimados pelo art. 60 (Presidente da República, 
por exemplo) já poderia ter apresentado uma proposta de emenda 
constitucional – PEC ao Legislativo, para alteração do texto 
constitucional, de acordo com o rito estabelecido no art. 60. 
 
13) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo o STF, é possível a declaração de 
inconstitucionalidade de normas constitucionais resultantes de 
aprovação de propostas de emenda à constituição, desde que o 
constituinte derivado não tenha obedecido às limitações materiais, 
circunstanciais ou formais, estabelecidas no texto da CF/88, pelo 
constituinte originário. 
Item CERTO. 
Comentários. 
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Sabe-se que o poder constituinte derivado sujeita-se a limitações 
circunstanciais (art. 60, § 1º), processuais ou formais (art. 60, I ao III e 
§§ 2º, 3º e 5º) e materiais (art. 60, § 4º). 
Portanto, sempre que uma emenda constitucional desrespeitar uma 
dessas limitações haverá uma ofensa à Constituição e o Poder Judiciário 
poderá ser provocado para declarar formalmente essa 
inconstitucionalidade. 
Uma emenda constitucional poderá ser impugnada na via abstrata ou na 
via concreta. 
Na via abstrata, um dos legitimados pelo art. 103 da CF/88 poderá 
propor uma ADIN, ADECON ou ADPF perante o STF. Nesse caso, a 
decisão do STF será dotada de eficácia contra todos (erga omnes). 
Na via concreta, qualquer pessoa prejudicada pela emenda 
constitucional poderá impugná-la perante o juízo competente, com o fim 
de afastar a sua aplicação ao caso concreto. Nessa hipótese, a eficácia 
da decisão será restrita às partes do processo (inter partes). 
 
14) (ESAF/AFC/CGU/2003) A distinção doutrinária, entre revisão e 
reforma constitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual 
texto constitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer 
entre eles distinções quanto à forma de reunião do Congresso Nacional e 
quanto ao quorum de deliberação. 
Item CERTO. 
Comentários. 
Em 1988, o poder constituinte originário criou dois procedimentos 
distintos para que o poder constituinte derivado pudesse modificar o 
texto da Constituição Federal: o procedimento simplificado de revisão 
constitucional, previsto no art. 3º do ADCT; e o procedimento rígido de 
reforma, estabelecido no art. 60 da CF/88. 
Há algumas semelhanças entre os dois procedimentos. 
Com efeito, os dois procedimentos – revisão e reforma - são 
manifestação do poder constituinte derivado (alguns autores falam em 
poder constituinte reformador e poder constituinte derivado revisor). 
Ora, se são obra do poder constituinte derivado, significa dizer que 
ambos sujeitam-se às limitações impostas pelo poder constituinte 
originário, especialmente no tocante à não-abolição das cláusulas 
pétreas. 
Importante esse aspecto. As limitações ao poder constituinte derivado, 
embora previstas no art. 60 da CF/88, aplicam-se também, no que 
couber, ao procedimento de revisão constitucional, estabelecido no art. 
3º do ADCT. 
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Há alguns professores que entendem que essas limitações, por estarem 
no art. 60 da CF/88, só se aplicam ao procedimento de reforma, 
previsto no próprio art. 60, mas esse entendimento é minoritário. Não é 
correto afirmar que no procedimento simplificado de revisão, realizado 
cinco anos após a promulgação da CF/88, era possível tudo, que as 
cláusulas pétreas poderiam ter sido violadas etc. 
As diferenças entre o procedimento simplificado de revisão 
constitucional (ADCT, art. 3º) e o procedimento rígido de reforma (CF, 
art. 60) são apresentadas no quadro a seguir: 
 
Revisão Constitucional 
(ADCT, art. 3º) 
Reforma Constitucional 
(CF, art. 60) 
Procedimento simplificado: exigia 
apenas maioria absoluta, em 
sessão unicameral do Congresso 
Procedimento rígido: exige votação 
em dois turnos, com aprovação de 
três quintos dos membros das 
Casas 
Procedimento único: só foi prevista 
uma revisão constitucional, cinco 
anos após a promulgação da CF/88 
Procedimento permanente: 
enquanto a CF/88 existir, poderá 
ser modificada por meio de reforma 
Não pode ser adotado pelos 
estados-membros 
É de observância obrigatória pelos 
estados-membros 
Não pode ser criado outro por meio 
de emenda (limitação material 
implícita) 
Não pode ser prejudicado por meio 
de emenda (limitação material 
implícita) 
As emendas aprovadas são 
chamadas de Emendas 
Constitucionais de Revisão – ECR 
As emendas aprovadas são 
chamadas de Emendas 
Constitucionais - EC 
As ECR foram promulgadas pela 
Mesa do Congresso Nacional 
As EC são promulgadas pelas 
Mesas da Câmarados Deputados e 
do Senado Federal 
O item está certo, pois afirma que entre os procedimentos há distinções 
quanto à forma de reunião do Congresso Nacional (na revisão, sessão 
unicameral; na reforma, votação bicameral) e quanto ao quorum de 
deliberação (na revisão, maioria absoluta dos membros do Congresso 
Nacional; na reforma, três quintos dos membros das Casas do 
Congresso Nacional). 
 
15) (ESAF/AFC/2000) Sobre o processo de emenda à Constituição 
Federal, assinale a opção correta. 
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a) Nenhuma emenda que alargue ou diminua o catálogo dos direitos 
e garantias individuais pode ser votada no Congresso Nacional, por 
serem os direitos e garantias individuais cláusulas pétreas. 
b) Nada obsta a que a matéria constante de proposta de emenda 
rejeitada numa sessão legislativa possa ser objeto de nova proposta na 
sessão legislativa seguinte. 
c) Incumbe ao Presidente da República promulgar as emendas à 
Constituição aprovadas pelo Congresso Nacional. 
d) Todo deputado ou senador pode, individualmente, apresentar 
proposta de emenda à Constituição. 
e) As emendas à Constituição relacionadas a servidores públicos são 
da iniciativa exclusiva do Presidente da República. 
Gabarito: “B” 
Comentários. 
A assertiva “A” está errada, porque nada impede que uma emenda 
constitucional alargue o catálogo dos direitos e garantias individuais. 
A Constituição Federal determina que não será objeto de deliberação 
emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF, art. 
60, § 4º, IV). 
Nada impede, portanto, que uma emenda trate de direitos e garantias 
individuais, desde que não haja tendência à abolição, à supressão dos 
institutos. Criar novos direitos e garantias individuais é permitido; a 
proibição constitucional diz respeito, tão-somente, à emenda tendente à 
abolição desses institutos. 
Aliás, um bom exemplo foi a aprovação da EC nº 45/2004 (Reforma do 
Judiciário), que acrescentou o novo inciso LXXVIII ao art. 5º da 
Constituição Federal, alargando o catálogo dos direitos e garantias 
individuais (art. 5º, inciso do LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação). 
Não houve, nessa situação, nenhuma ofensa à cláusula pétrea, pois a 
EC nº 45/2004 alargou o catálogo dos direitos fundamentais, sem 
nenhuma tendência à abolição do instituto. 
A assertiva “B” está certa porque a matéria constante de PEC rejeitada 
ou havida por prejudicada poderá constituir nova proposta, desde que 
em sessão legislativa distinta (CF, art. 60, § 5º). 
A assertiva “C” está errada porque as emendas constitucionais são 
promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal (CF, art. 60, § 3º), e não pelo Presidente da República. 
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Todo congressista pode, individualmente, apresentar projeto de lei (CF, 
art. 61). Porém, para a apresentação de uma PEC a Constituição exige a 
manifestação de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal (CF, art. 60, I). Está errada, portanto, 
a assertiva “D”. 
A assertiva “E” está errada porque afirma que as emendas 
constitucionais relacionadas a servidores públicos são da iniciativa 
privativa do Presidente da República, o que não é verdade. 
Em se tratando de iniciativa em PEC, a Constituição Federal não 
estabeleceu iniciativa privativa do Presidente da República. As iniciativas 
privativas estabelecidas pela Constituição Federal aplicam-se a projetos 
de lei, e não à proposta de emenda constitucional - PEC. 
Vejamos um exemplo. Estabelece o texto constitucional que são de 
iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham 
sobre as matérias enumeradas no art. 61, § 1º, da Constituição. Pois 
bem, a iniciativa será privativa do Presidente da República se essas 
matérias forem disciplinadas em projeto de lei. Se as mesmas matérias 
forem apresentadas em PEC, a iniciativa não será mais privativa do 
Chefe do Executivo. 
 
16) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Emenda Constitucional não está 
sujeita a sanção ou a veto do Presidente da República, mas deve ser por 
ele promulgada e publicada. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
As emendas constitucionais não se sujeitam à sanção ou veto do 
Presidente da República, tampouco são promulgadas e publicadas por 
ele. As emendas são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, § 3º) e encaminhadas para 
publicação, sem nenhuma participação do Presidente da República. 
Em verdade, a única participação do Presidente da República no 
processo de modificação da Constituição é na iniciativa, caso a PEC seja 
por ele apresentada. A partir daí, todo o procedimento esgota-se no 
âmbito do Legislativo. 
 
17) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Proposta de Emenda Constitucional 
pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade perante o 
Supremo Tribunal Federal, se desrespeitar algum limite material ao 
poder de reforma da Constituição. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
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Proposta de emenda constitucional – PEC não pode ser objeto de ação 
direta de inconstitucionalidade perante o STF. 
O que pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade perante o 
STF é a emenda constitucional, pronta e acabada, depois de promulgada 
e inserida no ordenamento jurídico. 
Antes da promulgação, o único controle judicial admissível é o incidente 
sobre o processo legislativo em si, com o fim de sustar a tramitação de 
PEC que desrespeita a Constituição Federal. Mas esse controle judicial 
não pode ser por meio de ação direta, e sim por meio de mandado de 
segurança ajuizado por um congressista perante o STF. 
Lembrem-se: a ação direta de inconstitucionalidade é ação que visa a 
retirar do ordenamento normas que desrespeitam a Constituição 
Federal; logo, a propositura de uma ação direta pressupõe a existência 
de uma norma pronta e acabada, já inserida no ordenamento jurídico; 
em hipótese alguma será cabível ação direta contra projeto de lei ou 
proposta de emenda à Constituição. 
 
18) (ESAF/TCE/RN/2000) Assinale a opção correta. 
a) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição, 
rejeitada num determinado ano, pode ser reapresentada no mesmo ano, 
desde que em sessão legislativa diferente. 
b) A Constituição Federal pode ser emendada mediante proposta de 
um por cento do eleitorado nacional. 
c) As emendas à Constituição devem receber a sanção do Presidente 
da República antes de serem promulgadas. 
d) Sendo os direitos e garantias individuais cláusulas pétreas, estão 
proibidas as emendas à Constituição que tenham por objeto esse tema. 
e) A Constituição de 1988 não conhece limitações temporais nem 
circunstâncias ao exercício do poder de emenda da Carta. 
Gabarito: “A” 
Comentários. 
A assertiva “A” está certa. 
Estabelece a Constituição que a matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa (CF, art. 60, § 5º). 
Note-se que a vedação à reapresentação da matéria alcança a “mesma 
sessão legislativa”, e não o “mesmo ano”. 
Acontece que, em tese, é possível a existência de mais de uma sessão 
legislativa no mesmo ano. 
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Com efeito, em todo ano temos a sessão legislativa ordinária – SLO, que 
é composta de dois períodos legislativos (o primeiro períodolegislativo, 
de 15/02 a 30/06; e o segundo período legislativo, de 1º/08 a 15/12). 
Além dessa sessão legislativa ordinária, é possível que, nos períodos de 
recesso do Congresso Nacional, seja convocada sessão legislativa 
extraordinária – SLE, que é sessão legislativa distinta da SLO, 
convocada nas hipóteses autorizadas constitucionalmente (CF, art. 57, § 
6º). 
Logo, matéria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada 
poderá constituir nova proposta no mesmo ano, desde que em sessão 
legislativa diferente. 
Já houve caso no Congresso Nacional em que a PEC foi rejeitada em 
janeiro (durante a SLE, portanto), e a matéria foi reapresentada em 
nova PEC no mesmo ano (durante a SLO). 
A assertiva “B” está errada porque não existe iniciativa popular em se 
tratando de proposta de emenda à Constituição. 
Os únicos legitimados para apresentar PEC estão taxativamente 
enumerados no art. 60, I ao III, da Constituição Federal, a saber: um 
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal; Presidente da República; mais da metade das 
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, 
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
A iniciativa popular prevista na Constituição Federal é para apresentação 
de projeto de lei ao Legislativo, e não para apresentação de proposta 
de emenda à Constituição. 
Vale lembrar que a iniciativa popular em projeto de lei é obrigatória na 
esfera federal (CF, art. 61, § 2º), estadual (CF, art. 27, § 4º) e 
municipal (CF, art. 29, XIII). 
Por falar em iniciativa popular, vamos ver como estão os seus 
conhecimentos sobre processo legislativo das leis: no Brasil, o povo 
pode apresentar projeto de lei ao Legislativo? No Brasil, o povo dispõe 
de iniciativa no processo legislativo de elaboração das leis? 
A resposta é negativa. Acreditem! O povo não dispõe de iniciativa no 
processo legislativo das leis. Como não, se acabamos de estudar a 
iniciativa popular? Ah, a iniciativa é popular, mas não pertence ao povo. 
Pertence somente aos cidadãos (CF, art. 61), que, como se sabe, não é 
qualquer do povo, mas somente aqueles no gozo da chamada 
capacidade eleitoral ativa (aptos para votar). Enfim, a iniciativa é 
popular, mas não pertence ao povo! 
A assertiva “C” está errada porque as emendas à Constituição não se 
submetem à sanção ou veto do Presidente da República. São elas 
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diretamente promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal (CF, art. 60, § 3º). 
A assertiva “D” está errada porque nada impede que emenda 
constitucional tenha por objeto os direitos e garantias individuais, desde 
que a emenda não seja tendente à abolição desses institutos. 
Conforme comentado antes, um bom exemplo de emenda constitucional 
tratando de direitos e garantais individuais sem violação de cláusula 
pétrea tivemos na promulgação da EC nº 45/2004 (Reforma do 
Judiciário), que introduziu o inciso LXXVIII ao art. 5º da Constituição 
Federal. 
A assertiva “E” está errada porque a Constituição Federal de 1988 
possui limitações circunstanciais ao poder constituinte derivado, pois o 
seu texto não poderá ser emendado na vigência de estado de sítio, 
estado de defesa e intervenção federal (CF, art. 60, § 1º). 
É verdade que a Constituição Federal não possui limitações temporais, 
mas a afirmação de que a Constituição também não possui limitações 
circunstanciais invalida a assertiva. 
 
19) (ESAF/AFRF/2000) Assinale a opção correta. 
a) A Constituição prevê expressamente a possibilidade de ser 
emendada por proposta de um determinado número de cidadãos 
(iniciativa popular). 
b) Somente em caso de urgência e relevância, é possível emendar a 
Constituição durante a vigência de intervenção federal. 
c) Não cabe sanção ou veto do Presidente da República em proposta 
de Emenda à Constituição. 
d) Emenda à Constituição não é suscetível de controle abstrato de 
normas perante o Supremo Tribunal Federal. 
e) O Presidente da República tem iniciativa reservada para a 
proposta de emenda à Constituição sobre matéria relacionada a direitos 
e deveres de servidores públicos. 
Gabarito: “C” 
Comentários. 
A assertiva “A” está errada porque, como vimos, não há iniciativa 
popular em se tratando de proposta de emenda constitucional – PEC. A 
iniciativa popular prevista na Constituição diz respeito à apresentação de 
projeto de lei. 
A assertiva “B” está errada porque em hipótese alguma a Constituição 
Federal poderá ser emendada na vigência de estado de sítio, estado de 
defesa e intervenção federal (CF, art. 60, § 1º). São as chamadas 
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limitações circunstanciais, que não admitem nenhuma exceção para o 
caso de urgência e relevância. 
A assertiva “C” está certa, pois, de fato, as propostas de emenda 
constitucional – PEC não se sujeitam à sanção ou veto do Presidente da 
República. As emendas são diretamente promulgadas pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, sem sanção do Chefe do 
Executivo (CF, art. 60, § 3º). 
A assertiva “D” está errada porque as emendas constitucionais podem 
ser objeto de controle abstrato perante o STF, por meio de ADIN, 
ADECON ou ADPF. 
A assertiva “E” está errada porque, como vimos, não há iniciativa 
privativa (exclusiva ou reservada) em se tratando de proposta de 
emenda à Constituição Federal. As iniciativas privativas previstas no 
texto da Constituição Federal dizem respeito à apresentação de projeto 
de lei. 
 
20) (ESAF/AFCE/TCU/2000) Assinale a opção correta. 
a) É pacífico, entre nós, que não existem limitações implícitas ao 
poder constituinte de reforma. 
b) Uma proposta de emenda à Constituição que tenda a abolir uma 
cláusula pétrea não pode sequer ser levada à deliberação do Congresso 
Nacional. 
c) As emendas à Constituição expressam meio típico de manifestação 
do poder constituinte originário. 
d) A Constituição de 1988 contemplou ao Presidente da República a 
titularidade para promulgação das emendas Constitucionais. 
e) O poder de reforma ou de emenda é um poder ilimitado na sua 
atividade de constituinte de primeiro grau. 
Gabarito: “B” 
Comentários. 
A assertiva “A” está errada porque a doutrina reconhece a existência de 
limitações implícitas ao poder constituinte de reforma. Em resumo, 
seriam três as limitações materiais implícitas ao poder de modificar a 
Constituição Federal de 1988: 
i) a titularidade do poder constituinte originário (uma emenda 
constitucional não pode repassar a titularidade do poder constituinte 
originário do povo para outro órgão constituído); 
ii) o exercício do poder constituinte derivado (uma emenda 
constitucional não pode retirar do Congresso Nacional e outorgar a outro 
órgão o poder de modificar a CF/88); 
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iii) o próprio procedimento de modificação da Constituição Federal (CF, 
art. 60 e art. 3º do ADCT) não pode ser prejudicado por meio de 
emenda constitucional. 
A assertiva “B” está certa porque, de fato, uma PEC que tenda a abolir 
cláusula pétrea não pode, sequer, ser levada à deliberação do 
Congresso Nacional. É o que estabelece, textualmente, o art. 60, § 4º, 
da Constituição Federal (“não será objeto de deliberação a emenda 
tendente a abolir...”). 
Não pode porque, segundo o STF, nesse caso, a mera tramitação e 
deliberação sobre a PEC já desrespeitam a Constituição Federal. 
Por esse motivo, é possível que, nesse caso, o STF seja provocado para 
fiscalizar a tramitação dessa PEC, com o fim de sustar a sua deliberação. 
Com efeito,iniciada a tramitação de uma PEC que desrespeita cláusula 
pétrea, um congressista poderá ajuizar um mandado de segurança 
perante o STF, com o fim de sustar o processo legislativo. 
Observe que esse controle é restrito: só um congressista poderá 
instaurá-lo (nenhuma outra pessoa poderá ter a iniciativa), somente por 
meio do mandado de segurança (não serão cabíveis outras ações, como 
a ação direta de inconstitucionalidade) e somente perante o STF (pois 
somente o STF dispõe de competência para apreciar os atos emanados 
do Congresso Nacional, das suas Casas, das suas Comissões e dos seus 
Órgãos). 
Uma vez ajuizado o mandado de segurança pelo congressista, teremos o 
seguinte: 
i) caso o STF conceda a medida liminar, a tramitação da PEC será 
temporariamente suspensa, até que o STF aprecie o mérito da ação; 
ii) caso o STF indefira a medida liminar, a PEC continuará a tramitar 
normalmente, até que o STF aprecie o mérito da ação; 
iii) na apreciação do mérito, se o STF conceder a segurança, a PEC 
definitivamente não tramitará; caso o STF denegue a segurança, a PEC 
poderá tramitar pelas Casas do Congresso Nacional. 
Vimos que quando o STF indefere a medida liminar, a PEC continua 
tramitando normalmente nas Casas do Congresso Nacional, até que o 
STF aprecie o mérito do mandado de segurança. Certo? 
Entretanto, se a emenda é promulgada antes do exame do mérito pelo 
STF, o Tribunal não apreciará mais o mandado de segurança. O STF 
entende que, nessa hipótese, o mandado de segurança perde o seu 
objeto. Afinal, o objetivo do mandado de segurança era sustar a 
tramitação da PEC, o que resta prejudicado, pois a PEC já concluiu sua 
tramitação. 
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A assertiva “C” está errada porque as emendas constitucionais são 
manifestação do poder constituinte derivado, e não do poder 
constituinte originário. 
A assertiva “D” está errada porque as emendas constitucionais não são 
promulgadas pelo Presidente da República, e sim pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, § 3º). 
A assertiva “E” está errada porque o poder de reforma ou de emenda é 
um poder limitado, sujeito a limitações circunstanciais, processuais ou 
formais e materiais, previstas no art. 60 da CF/88. Além disso, não é 
um poder de primeiro grau, mas sim de segundo grau ou secundário. 
Poder constituinte de primeiro grau é o poder constituinte originário, 
competente para elaborar uma nova Constituição. 
 
21) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Insere-se no âmbito da 
auto-organização dos Estados-membros a decisão de permitir revisões 
periódicas da Constituição Estadual, com quorum de maioria simples. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
O procedimento simplificado de revisão da Constituição Federal, previsto 
no art. 3º do ADCT, não pode ser adotado pelos estados-membros para 
modificação da Constituição Estadual. Esse procedimento simplificado de 
revisão foi adotado exclusivamente para a modificação da Constituição 
Federal. 
As constituições estaduais só podem ser modificadas pelo procedimento 
rígido de reforma, estabelecido no art. 60, § 2º, da Constituição Federal, 
isto é, por deliberação de três quintos dos membros da Assembléia 
Legislativa, em dois turnos de discussão e votação. 
 
22) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) A matéria constante de proposta de 
emenda à constituição rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser 
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, salvo se a nova 
proposta for apoiada por um número de parlamentares superior ao 
exigido para a sua aprovação. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
A matéria constante de PEC rejeitada ou havida por prejudicada não 
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa em 
hipótese alguma (CF, art. 60, § 5º). 
A matéria rejeitada que poderá ser reapresentada na mesma sessão 
legislativa é aquela constante de projeto de lei, desde que haja 
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solicitação de maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do 
Congresso Nacional (CF, art. 67). 
 
23) (ESAF/AFRE/RN/2005) O poder constituinte derivado pode modificar 
livremente as normas relativas ao processo legislativo das emendas 
constitucionais, uma vez que essa matéria não se inclui entre as 
cláusulas pétreas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988. 
Item ERRADO. 
Comentários. 
Vimos que o poder constituinte derivado não pode aprovar emendas 
prejudicando o processo de elaboração de emendas constitucionais, 
porque existe uma limitação material implícita nesse sentido. 
Qualquer emenda que introduza modificação prejudicial ao 
procedimento estabelecido no art. 60 da Constituição Federal será 
flagrantemente inconstitucional, por violar uma limitação material 
implícita (ou, como preferem alguns autores, por violar uma cláusula 
pétrea implícita). 
 
24) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É característica do regime da 
revisão constitucional consagrada no artigo 3º do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias: 
a) sessão bicameral. 
b) quorum de aprovação de três quintos dos votos dos parlamentares de 
cada Casa do Congresso Nacional, separadamente. 
c) iniciativa de mais da metade das Assembléias Legislativas das 
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros. 
d) quorum de aprovação da maioria absoluta dos votos dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão conjunta. 
e) cláusula pétrea da forma republicana de governo. 
Questão ANULADA. 
Comentários. 
Embora tenha sido anulada, essa questão da Esaf é útil para o nosso 
estudo. Vejamos o porquê da anulação. 
As assertivas “A”, “B” e “C” estão erradas porque se referem ao 
processo de reforma (CF, art. 60), e não ao processo de revisão 
constitucional (ADCT, art. 3º). 
A assertiva “E” está errada porque a forma republicana de governo não 
é cláusula pétrea na Constituição Federal de 1988 (era cláusula pétrea 
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na vigência da Constituição de 1969). Na Constituição Federal de 1988, 
a forma federativa de Estado é que foi gravada como cláusula pétrea 
(CF, art. 60, § 4º, I). 
A assertiva “D” foi originariamente considerada CERTA, mas no gabarito 
definitivo a Esaf optou pela ANULAÇÃO da questão, providência 
acertada. 
Digo acertada porque na revisão constitucional o quorum de aprovação 
foi, de fato, maioria absoluta dos votos do Congresso Nacional (ADCT, 
art. 3º). Porém, essa maioria absoluta não era apurada em sessão 
conjunta, mas sim em sessão unicameral. 
Ora, sabe-se que sessão conjunta e sessão unicameral não são a 
mesma coisa. 
Vejamos a distinção entre sessão conjunta e sessão unicameral, 
levando-se em conta a atual composição das Casas do Congresso 
Nacional: Câmara - 513 deputados; Senado - 81 senadores. 
Na sessão conjunta, a discussão da matéria é em conjunto, mas a 
votação é em separado. Maioria absoluta em sessão conjunta é, pois, 
maioria absoluta apurada separadamente, entre os membros da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal. 
Significa dizer que para aprovação da matéria serão necessários, no 
mínimo, 257 votos de Deputados e 41 votos de Senadores. 
Logo, se 513 deputados votarem a favor, mas apenas 30 senadores 
votarem a favor, a maioria absoluta em sessão conjunta não estará 
alcançada (pois não foi obtida a maioria absoluta dentre os Senadores). 
Na sessão unicameral, como a própria denominação indica, temos o 
Congresso Nacional funcionando como uma só câmara (unicameral = 
uma só câmara). Logo, a maioria absoluta em sessão unicameral é 
apurada entre congressistas, indistintamente.

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