Buscar

Controle de Constitucionalidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- Controle de Constitucionalidade 
- Aulas G7 Jurídico (professor Marcelo Novelino) + questões de concurso + Informativos DOD. 
- Observação: Compreende Arquivo 05, Pasta 01. 
- Leitura Lei Seca: Lei 9868/99; Lei 9882/99; Lei 11.417/06; Lei 12.562/11; Lei 13.300/16; Constituição 
Federal (principais artigos: art. 36, inciso III; art. 97; art. 102 a 103-A; art. 125, §2º); Súmulas Vinculantes (nº 
10); Súmulas do STF (642 e 614); 
- Atualização em 18/06/2020: questões de concurso 
- Atualização em 28/07/19: ponto “Controle Preventivo” + Info do DOD, especialmente quanto à 
abstratização do controle difuso (decisão do STF – site DOD + inclusão de comentários da aula de 
atualização do G7 Jurídico – Jan./2018) + inclusão de julgado do Info 896 STF (p. 43; 105/106); do Info 899 
(item 3.3.1., ponto “atos normativos” – cabimento de ADI contra Resoluções do CNMP, em nota de 
rodapé); do Info 900 (item 3.3.1., ponto “atos normativos” – cabimento de ADI contra Resoluções do TSE, 
em nota de rodapé); Info 917 (item 3.2.1.1, em nota de rodapé); Info 917 (item 1.3.3.); Info 922 (item 3.2.1.1.1. 
Perspectiva material da ADPF); Item novo (5.1.1. Coexistência de ADI no Tribunal de Justiça e ADI no STF, 
sendo a ADI estadual julgada primeiro – julgado veiculado Info 927); Item 7.2 (Info 929); Item 3.2.1.1. 
Perspectiva material (Info 935); Item 2, letra a): Parâmetro (Info 940); 3.2.1.1. Perspectiva material da 
ADI/ADC (Info 944) 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
1. TEORIA GERAL DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
De acordo com o Professor Marcelo Novelino, Controle de Constitucionalidade é uma das matérias 
mais importantes do Direito Constitucional para concursos públicos. Serão diversas aulas sobre o tema, que 
abordarão: (i) Teoria geral do controle; (ii) Controle concentrado abstrato; (iii) Controle das omissões 
inconstitucionais; (iv) Controle difuso incidental; e (v) Controle de constitucionalidade no âmbito dos 
Estados. 
 
1.1. SUPREMACIA CONSTITUCIONAL 
A expressão “supremacia constitucional” pode ser usada em dois sentidos: material (conteúdo) ou 
formal (procedimento de elaboração das normas). 
 
1.1.1. Supremacia material 
É o corolário (consequência lógica) do objeto clássico das constituições, ou seja, das chamadas 
matérias constitucionais (que são os fundamentos do Estado de Direito). Por serem os fundamentos do 
Estado de Direito, estão acima do conteúdo das leis. São elas: 
 Direitos e Garantias Fundamentais; 
 Estrutura do Estado e; 
 Organização dos Poderes. 
 
A supremacia material é atributo de toda a Constituição. Não existe Constituição sem tais matérias e 
que, portanto, não tenha supremacia de conteúdo com relação às leis. 
Todavia, não é a supremacia mais importante para fins de controle de constitucionalidade. 
 
1.2.1. Supremacia formal ou jurídica 
Ao contrário da supremacia material, presente em toda e qualquer Constituição, a supremacia formal 
ou jurídica é característica exclusiva das Constituições rígidas, 1 pois tais constituições são as únicas que 
possuem um procedimento de elaboração de suas normas mais solene e complexo do que o procedimento 
de elaboração da legislação ordinária. 2 É exatamente essa dificuldade na elaboração das normas que faz 
com que a Constituição tenha uma supremacia formal em relação às leis (se a forma for a mesma, não há 
como falar em supremacia formal). 
Isso traz uma superioridade hierárquica das normas constitucionais em relação às leis, que se 
expressa de duas formas: 
 Quanto à forma de elaboração das leis: Uma norma infraconstitucional deve observar o 
procedimento estabelecido pela Constituição. Ex.: CF, art. 69: “As leis complementares serão aprovadas 
 
1 (Espec. Regulação/ANP-2013-CESPE): A supremacia formal ou jurídica somente existe nas constituições rígidas. 
(Anal. Judic.-TRE/PB-2007-FCC): Em tema de controle de constitucionalidade, a chamada supremacia formal é 
atributo das Constituições classificadas como rígidas. 
2 (TCEMS-2013-PUCPR): A supremacia formal da constituição decorre da ideia de rigidez e da existência de 
mecanismos de controle de constitucionalidade. 
por maioria absoluta”. Esta é uma formalidade constitucionalmente prevista para leis complementares; 
se uma lei, que trata de matéria reservada à lei complementar for aprovada por maioria simples, 
haverá uma inconstitucionalidade formal da lei. 
 
 Quanto ao conteúdo da Constituição: As normas devem observar o conteúdo da Constituição em 
razão do princípio da unidade do ordenamento jurídico (não podem haver normas com conteúdo 
conflitante entre si). Ex.: se uma lei possui conteúdo incompatível com o conteúdo constitucional, 
esta lei será materialmente inconstitucional. 
 
Em matéria de controle de constitucionalidade, o que importa é a supremacia formal da 
constituição, supremacia esta que decorre da rigidez constitucional (como é o caso da CF/88). Caso haja 
essa superioridade hierárquica, as leis devem observar a forma prevista na Constituição, bem como o 
conteúdo das normas constitucionais. 3 
 
##EM RESUMO: Os doutrinadores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo explicam, de forma 
didática, a diferença entre supremacia formal e material: 
 A SUPREMACIA FORMAL decorre da rigidez constitucional, isto é, da existência de um processo 
legislativo distinto, mais laborioso, para elaboração da norma constitucional. Uma norma 
constitucional é dotada de supremacia formal pelo fato de ter sido elaborada mediante um 
processo legislativo especial, mais rígido, que a diferencia das demais leis do ordenamento. 
 A SUPREMACIA MATERIAL decorre do conteúdo da norma constitucional. Uma norma 
constitucional é dotada de supremacia material em virtude da natureza do seu conteúdo, isto é, por 
tratar de matéria substancialmente constitucional, que diga respeito aos elementos estruturantes da 
organização do Estado. 
 
2.1. PARÂMETRO (NORMAS DE REFERÊNCIA) 
##Questiona-se: Quais as partes da Constituição que podem servir de base para o controle de 
constitucionalidade? Tudo que está no texto constitucional serve como parâmetro? Em controle de 
constitucionalidade, quando falamos em "parâmetro", queremos dizer quais serão as normas da 
Constituição que serão analisadas para sabermos se a lei ou o ato normativo atacado realmente as violou. 
Em outras palavras, parâmetro compreende as normas que servirão como referência para que o 
Tribunal analise se determinada lei é ou não inconstitucional, ou seja, a norma constitucional 
supostamente violada. Se a lei está em confronto com o parâmetro, ela é inconstitucional. 
 
a) Constituição formal 
A CF/88 é dividida em (i) preâmbulo; (ii) parte permanente – arts. 1º ao 250; e (iii) ADCT. 
 PREÂMBULO: Nos termos da jurisprudência do STF, o preâmbulo não possui caráter normativo e, 
portanto, não serve como parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
Ex.: Constituição do Estado do Acre não prevê a proteção de Deus no preâmbulo e, por isso, foi 
questionada sua constitucionalidade em face do preâmbulo da CF/88. Entretanto, o STF decidiu que o 
preâmbulo não pode ser invocado como parâmetro de constitucionalidade. 
 
 PARTE PERMANENTE (arts. 1º a 250 da CF/88): Todas as normas da parte permanente, sem 
exceção, são normas formalmente constitucionais (elaboradas por um procedimento diferenciado e pelo 
Poder Constituinte Originário ou Derivado) e, portanto, servem como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade. Não importa a relevância do conteúdo e se é matéria constitucional ou não, mas apenas 
a forma como foram editadas – supremacia formal (ex.: não importa se é a norma que trata sobre o Colégio 
Pedro II ou se é a que se refere à dignidade da pessoa humana). 
 
 ADCT: Segundo STF, depende do tipo de norma, conforme abaixo: 
 Normas de eficácia exaurível (ainda não exauriram a sua eficácia, ou seja, não foram aplicadas 
ao caso concreto por elas previsto) servem como parâmetro para o controlede 
constitucionalidade. 
 
 Normas de eficácia exaurida (já produziram os efeitos para que foram criadas) não servem 
como parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
 
3 (DPU-2017-CESPE): A CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material quanto do formal. 
(Analista Administrativo/DPU-2010-CESPE): No que tange à supremacia constitucional e à vigência das normas, 
assinale a opção correta: As normas jurídicas anteriores à CF devem respeitar a supremacia material da constituição 
atualmente vigente, sob pena de não serem recepcionadas. 
Ex.1: ADCT, art. 2º “No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma 
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que 
devem vigorar no País”; 
Ex.2: ADCT, art. 3º “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da 
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. 
 
##Atenção: ##STF: ##DOD: Cabe ADPF para declarar a constitucionalidade de dispositivo de lei 
cuja eficácia já foi exaurida. Dado o seu perfil subsidiário, a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental se apresenta como medida processual mais adequada para afirmar a constitucionalidade do 
art. 38 da Lei nº 8.880/94, dispositivo de natureza transitória e de eficácia já exaurida que instrumentalizou 
a instituição do Plano Real. STF. Plenário. ADPF 77/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 16/5/19 (Info 940). 
 
##Comentário do julgado acima: ##DOD: Nas palavras do STF: “O requisito da subsidiariedade está 
presente, visto que se questiona preceito de natureza eminentemente transitória, com efeitos exauridos no 
momento do ajuizamento da ação. É incabível outro instrumento de controle concentrado capaz de solver a 
controvérsia de forma ampla, geral e imediata”. 
 
b) Princípios implícitos na Constituição (ordem constitucional global) 
Os princípios implícitos são aqueles que estão consagrados no texto da Constituição, mas não de 
maneira textual (expressa), apenas de maneira implícita. Em outras palavras, são aqueles que podem ser 
deduzidos das normas expressamente consagradas no texto constitucional. 
Ex.: princípio da razoabilidade – não está expresso na CF/88, mas pode ser deduzido de várias 
normas nela consagradas (por exemplo, Estado de Direito). 
 
##Atenção: Canotilho utiliza a expressão “ordem constitucional global” para se referir tanto aos 
princípios implícitos, quanto à normas expressas (escritas) da Constituição formal. 
 
c) Tratados e convenções internacionais de direitos humanos (CF, art. 5º, § 3º) 
Com a EC 45/04, passamos a ter um novo parâmetro para o controle de constitucionalidade, que são 
os tratados e convenções internacionais de direitos humanos. São normas fora do texto da CF/88 que 
possuem o status de Emenda Constitucional, visto que possuem a mesma forma de aprovação das 
Emendas. Vejamos: 
CF, art. 5º, § 3º: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. 
 
Sendo assim, a CF/88 exige um requisito material (serem os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos) e um requisito formal (serem aprovados por 3/5 dos votos dos membros da 
Câmara e do Senado e em dois turnos). 
 
Ex.: Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Embora esteja fora do texto 
constitucional é formalmente constitucional e, portanto, serve como parâmetro do controle de 
constitucionalidade. 
 
##Atenção: Existem três tratados internacionais aprovados no Brasil nesses moldes: 
 A Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência; 
 O Protocolo Facultativo à proteção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova 
Iorque); e 
 O Tratado de Marraqueche (dá direito às pessoas com deficiência visual de terem livros impressos 
escritos em plataformas legíveis por tais pessoas, em detrimento dos direitos autorais dos autores e 
editoras). 4 
 
4 (DPEPR-2017-FCC): De acordo com o posicionamento do STF sobre a hierarquia dos tratados internacionais de direitos 
humanos, consideram-se como tratados de hierarquia constitucional: 1) Convenção Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu respectivo Protocolo Facultativo − Convenção de Nova Iorque e; 2) Tratado de 
Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras 
dificuldades para aceder ao texto impresso. 
OBS: O Tratado de Marraqueche foi aprovado pelo Congresso Nacional com status de emenda pelo Decreto 
Legislativo 261/2015, em setembro de 2015, sendo ratificado em 11 de dezembro de o 2015. Ainda aguarda-se a 
promulgação do Tratado. (ACR, 2017, p. 282/283). Sendo assim, o Brasil aprovou o Tratado de Marraqueche na forma 
qualificada prevista no § 3º do artigo 5º da Constituição Federal, conforme o Projeto de Decreto Legislativo 347/2015 do 
 
##Atenção: Tripla hierarquia dos Tratados Internacionais: O STF a partir do RE 466.343/SP 
determinou que os Tratados Internacionais possuem tripla hierarquia. Os de maior hierarquia são os de 
direitos humanos aprovados na forma do §3º art. 5º da CF/88, que possuem o mesmo patamar da 
Constituição Federal. Abaixo deles estão os Tratados sobre Direitos Humanos que não foram aprovados na 
forma citada, tendo status supralegal, como o Pacto de São José da Costa Rica. Eles estão abaixo da CF e 
acima das leis. Há ainda os tratados internacionais que não são de direitos humanos, que tem status de leis 
ordinárias. Tal raciocínio pode ser resumido no quadro abaixo extraído do site do professor Márcio 
Cavalcante, do Dizer o Direito, que apresenta, de forma detalhada, a natureza jurídica e a equivalência da 
espécie normativa dos tratados internacionais promulgados pelo Brasil: 
Qual é a natureza jurídica dos tratados internacionais promulgados pelo Brasil? 
Os tratados internacionais são equivalentes a que espécie normativa? 
1) Tratados internacionais que não tratem sobre direitos humanos Status de lei ordinária 
2) Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas 
que não tenham sido aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88 
Status supralegal 
3) Tratados internacionais sobre Direito Tributário (art. 98 do CTN) Status supralegal 
4) Tratados internacionais sobre matéria processual civil (art. 13 do 
CPC/2015) 
Status supralegal 
5) Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e que 
tenham sido aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88 
Emenda constitucional 
 
##Atenção: ##Jurisprudência: ##DIZERODIREITO: Segundo o STF, não se admite ADI contra lei que 
teria violado tratado internacional não incorporado ao ordenamento brasileiro na forma do art. 5º, § 3º da 
CF/88: 
Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo 
violou um tratado internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados 
como parâmetro em sede de controle concentrado de constitucionalidade. 
Exceção: será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou tratado ou 
convenção internacional que trate sobre direitos humanos e que tenha sido aprovado 
segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque neste caso esse tratado será 
incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse uma emenda constitucional. STF. Plenário. 
ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872). 
 
O STF, em relação ao julgado acima, não conheceu da ADI proposta contra a referida lei estadual 
porque a Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matérias 
(Decreto 87.566/1982) não trata sobre direitos humanos e, portanto, possui status de lei ordináriaem nosso 
país. Logo, o autor estava alegando, em uma ADI, que uma lei estadual teria violado uma norma com status 
de lei ordinária federal. Isso não é matéria de ADI. Nas palavras do STF, “não se admite o exame de 
contrariedade à norma infraconstitucional em sede de controle concentrado de constitucionalidade”. 
 
2.1.1. “Bloco de constitucionalidade” 
Expressão cunhada pelo autor Louis Favoreu para fazer referência às normas do ordenamento jurídico 
francês com status constitucional. 
 
Senado Federal (57/2015, na Câmara dos Deputados). Com o vigor internacional do Tratado, o Brasil passa a ter mais 
um instrumento com equivalência de emenda constitucional — o terceiro tratado com nível hierárquico formalmente 
constitucional no Brasil, que vem somar-se à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e 
pelo seu Protocolo Facultativo, ambos aprovados por maioria congressual qualificada em 2009 (promulgados pelo 
Decreto 6.949/2009). 
(MPSP-2013): O Decreto Legislativo n.º 186, de 09 de julho de 2008, aprovou o texto da Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. O 
Decreto n.º 678, de 6 de novembro de 1992, promulgou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São 
José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.Tais normas ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro com o grau 
hierárquico de norma constitucional e norma supralegal, respectivamente. 
Explicação: A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em 
Nova Iorque, em março de 2007 trata-se DE NORMA CONSTITUCIONAL, posto que FOI APROVADA PELO 
QUORUM QUALIFICADO DE EMENDA CONSTITUCIONAL, previsto no art. 5º § 3º da CF/88. Já a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, como NÃO FORA APROVADA PELO QUORUM QUALIFICADO, trata-se de 
NORMA SUPRALEGAL, isto é, acima, da lei, mas abaixo da CF/88, consoante entendimento do STF. Porém, há 
doutrina que entende que os tratados internacionais de Direitos Humanos, MESMO QUE NÃO APROVADOS PELO 
QUORUM QUALIFICADO DE EMENDA CONSTITUCIONAL, tem status DE NORMA CONSTITUCIONAL, consoante 
art. 5º, §3º DA CF/88. 
Na França, além da Constituição de 1958, também faz parte do “bloco de constitucionalidade”, o 
preâmbulo da Constituição de 1946 (Obs.: a Constituição de 1958 não possui preâmbulo), a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 e os princípios implícitos extraídos pela 
jurisprudência do Conselho Constitucional francês, órgão de cúpula francês no âmbito administrativo (Ex.: 
salvaguarda da dignidade da pessoa humana e da continuidade do serviço público). 
A expressão “bloco de constitucionalidade” é muito utilizada pelo Min. Celso de Mello. Tal 
expressão se espalhou pelo mundo e hoje é utilizada pela doutrina em dois sentidos diferentes: 
 SENTIDO AMPLO: Abrange normas formalmente constitucionais e, também, normas 
vocacionadas a desenvolver a eficácia dos preceitos constitucionais, isto é, normas necessárias a 
desenvolver direitos garantidos na CF/88, a exemplo do art. 7º, IV da CF/88, que trata do salário mínimo 
que deve ser fixado em lei. Dessa forma, a lei que determina o salário mínimo faria parte do bloco de 
constitucionalidade. Nos direitos sociais isso é muito comum. Sendo assim, o bloco de constitucionalidade 
em sentido amplo abrange, inclusive, normas infraconstitucionais que regulamentam dispositivos da 
Constituição. 5 Vejamos o teor do art. 7º, IV da CF/88: 
CF/88, art. 7º, IV: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: [...] 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, 
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o 
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; [...]”. 
 
Para que o trabalhador usufrua do salário-mínimo é necessário que exista uma norma 
regulamentadora fixando o seu valor. Assim, em sentido amplo, a lei que estabelece que o valor do salário-
mínimo faz parte do bloco de constitucionalidade, pois, sem ela, a norma prevista na Constituição não 
possuirá eficácia positiva (aptidão para ser aplicada ao caso previsto por ela). Portanto, tal preceito é 
fundamental para dar eficácia e efetividade ao dispositivo constitucional. 
No Brasil, seria possível incluir o preâmbulo da CF/88 no bloco de constitucionalidade e o Pacto de 
São José da Costa Rica – tratado internacional de direitos humanos não aprovado pelo rito da CF, art. 5º, § 3º 
(status supralegal). Embora não sirvam como parâmetro, estão dentro do bloco de constitucionalidade em 
sentido amplo. 
 
 SENTIDO ESTRITO (utilizado pelo Ministro Celso de Mello, do STF): Abrange apenas normas 
de referência para o controle de constitucionalidade. Em sentido estrito, portanto, o bloco de 
constitucionalidade é equivalente ao parâmetro (“paradigma de confronto”) de constitucionalidade, 
restringindo-se à CF/88, aos princípios implícitos e aos Tratados sobre Direitos Humanos, aprovados na 
forma do art. 5 §3º da CF/88. 6 
Nesse sentido, vejamos o seguinte trecho da ADI 545/ES: 
“Veja-se, pois, a importância de compreender-se, com exatidão, o significado que emerge da 
noção de bloco de constitucionalidade [...], pois, dessa percepção, resultará, em última análise, a 
determinação do que venha a ser o paradigma de confronto, cuja definição mostra-se essencial, 
em sede de controle de constitucionalidade, à própria tutela constitucional” (g.n.). 
 
3.1. FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE 
São várias classificações, cada uma baseada em determinado critério. 
##Obs.: O professor Marcelo Novelino analisa as mais importantes para concursos públicos. 
 
3.1.1. Quanto ao tipo de conduta praticada pelo Poder Público 
a) Por ação 
Decorre de condutas comissivas (facere) contrárias a preceitos constitucionais. 
 
5 (Assessor Jurídico/TJPR-2013-PUCPR): Bloco de constitucionalidade é o parâmetro de constitucionalidade fundado 
numa concepção ampliada de elemento conceitual de constitucionalidade, numa ideia de ordem constitucional global. 
6 (DPEMT-2016-UFMT): Leia o texto abaixo. [...] A Constituição de 1988 é explicitamente receptiva ao Direito Internacional 
Público em matéria de direitos humanos, o que configura uma identidade de objetivos do Direito Internacional e do Direito Público 
Interno, quanto à proteção da pessoa humana. [...] (LAFER, C. A internacionalização dos direitos humanos: Constituição, 
racismo e relações internacionais. Barueri, SP: Manole, 2005.). Sobre os tratados internacionais de direitos humanos e o 
bloco de constitucionalidade, assinale a afirmativa correta: As normas dos tratados de direitos humanos recepcionados 
pela Constituição de 1988 são materialmente constitucionais e servem de parâmetro hermenêutico para imprimir vigor à 
força normativa da Constituição. 
(DPEMS-2012-VUNESP): Considerando a doutrina pátria do direito constitucional, pode-se afirmar sobre o 
denominado bloco de constitucionalidade brasileiro que a Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, 
aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 186/08, passou a integrar o nosso bloco de constitucionalidade. 
Na inconstitucionalidade por ação, o poder público pratica uma conduta comissiva incompatível 
com a constituição. 
Ex.: Lei de Crimes Hediondos, que vedava a progressão do regime em abstrato. Segundo STF, tal 
disposição violava o princípio da individualização da pena, previsto no art. 5º da CF/88. Nesse caso, o 
legislador criou uma lei contrária a um preceitoconstitucional (por isso, inconstitucionalidade por ação). 
 
b) Por omissão (total ou parcial) 
Ocorre quando não são adotadas (non facere ou non praestare), ou quando são adotadas, de modo 
insuficiente, medidas necessárias para tornar plenamente aplicáveis normas constitucionais carentes de 
intermediação (“fenômeno da erosão da consciência constitucional”, de Karl Loewenstein). A omissão 
pode ser total ou parcial. Nesse sentido, vale recordar a seguinte decisão do STF: 
STF: “Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos 
preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exequíveis, abstendo-se, em 
consequência, de cumprir o dever de prestação que a Constituição lhe impôs, incidirá em violação 
negativa do texto constitucional. Desse non facere ou non praestare, resultará a 
inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência adotada, 
ou parcial, quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público.” (ADI 1.458-MC, rel. 
min. Celso de Mello, julgamento em 23-5-1996, Plenário, DJ de 29-9-1996.)7 
 
No caso de normas de eficácia limitada, se o Poder Público não age, há omissão total – a norma não 
consegue produzir efeitos no caso concreto. Por outro lado, se a lei for insuficiente (ex.: lei do salário mínimo 
como valor que não é suficiente para atender às necessidades vitais básicas do cidadão), há omissão parcial 
por parte do Poder Público. 
 
##Obs.: “Fenômeno da erosão da consciência constitucional” (criada por Karl Loewenstein e utilizada 
por Celso de Mello, ADI 484): Quando o Parlamento se abstém de cumprir o dever de legislar viola a 
integridade da Constituição e estimula o fenômeno da erosão da consciência constitucional. De acordo com 
Loewenstein, é um fenômeno no qual a indiferença dos Poderes Públicos em relação à Constituição cria 
um efeito psicológico na sociedade, ou seja, cria-se uma espécie de atrofia da consciência constitucional (a 
consciência de que a Constituição é uma norma que deve ser respeitada e observada fica atrofiada). Há uma 
erosão dessa consciência constitucional. 
 
3.1.1.1. Estado de coisas inconstitucional (ECI)8 
Segundo Carlos Alexandre de Azevedo Campos,9 o Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando: 
• verifica-se a existência de um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos 
fundamentais, 
• causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em 
modificar tal conjuntura; 
 
7 (TJAM-2016-CESPE): À luz da jurisprudência do STF, assinale a opção correta acerca da supremacia da CF e dos 
diferentes tipos de inconstitucionalidade: Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos 
preceitos da CF, ou seja, a torná-los efetivos, operantes e exequíveis, abstendo-se, em consequência, de cumprir o dever 
de prestação que a CF lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non facere ou non 
praestare, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total ou parcial. BL: ADI 1458-MC, STF. 
8 (DPEAP-2018-FCC): Em voto proferido quando da concessão de medida cautelar em sede de arguição de 
descumprimento de preceito fundamental, o Ministro Relator, apoiando-se em técnica empregada por Corte 
Constitucional estrangeira, entendeu que estava comprovada, no caso, situação de violação generalizada de direitos 
fundamentais e incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a situação, sendo que a 
superação das transgressões exigia a atuação não apenas de um órgão, e sim de uma pluralidade de autoridades. Mais 
adiante, afirmou o Relator que, em situações tais, ao Tribunal cabe retirar as autoridades públicas do estado de letargia, 
provocar a formulação de novas políticas públicas, aumentar a deliberação política e social sobre a matéria e monitorar o 
sucesso da implementação das providências escolhidas, assegurando, assim, a efetividade prática das soluções 
propostas. Cuida-se, no caso, de técnica de 
declaração de estado de coisas inconstitucional. BL: ADPF 347 MC/DF, no Info 798 do STF. 
(DPEPR-2017-FCC): Em determinada decisão de sua relatoria no STF, Ministro da referida casa assim se pronunciou: o 
Tribunal não chega a ser um “elaborador” de políticas públicas, e sim um coordenador institucional, produzindo um 
“efeito desbloqueador”. Na mesma decisão disse, ainda, que naquele caso caberia ao Judiciário catalisar ações e políticas 
públicas, coordenar a atuação dos órgãos do Estado na adoção dessas medidas e monitorar a eficiência das soluções. Os 
efeitos mencionados pelo Ministro são característicos da decisão que reconhece o Estado de Coisas Inconstitucional BL: 
ADPF 347 MC/DF, no Info 798 do STF. 
9 ##Atenção: Conceito baseado nas lições de Carlos Alexandre de Azevedo Campos (O Estado de Coisas Inconstitucional 
e o litígio estrutural. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-set-01/carlos-campos-estado-coisas-
inconstitucional-litigio-estrutural), artigo cuja leitura se recomenda. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Loewenstein
• de modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma 
pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. 
O Estado de Coisas Inconstitucional é uma subespécie de inconstitucionalidade derivada da 
conduta do Poder Público, criado pela Corte Constitucional Colombiana, resultante de um conjunto de 
ações e omissões dos Poderes Públicos (ou seja, por condutas comissivas e omissivas). 
No Brasil, foi trazido pela ADPF 347 – o ECI questionado foi com relação ao sistema carcerário 
brasileiro. 
Vejamos o teor da ADPF 347, veiculada no Info 798 do STF (Fonte: DOD): 
O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando verifica-se a existência de um 
quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela 
inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a 
conjuntura, de modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público 
e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação 
inconstitucional. O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de 
Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As 
penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale 
ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes 
(Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito 
Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes 
representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, 
além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar 
os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar 
os resultados alcançados. Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida 
cautelar determinando que: 1) juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo 
máximo de 90 dias, a audiência de custódia; 2) a União libere, sem qualquer tipo de 
limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para utilização na 
finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos. 
Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida 
cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 9/9/15 (Info 798) 
 
3.1.1.1.1. Origem 
A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país 
pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997, com a 
chamada "Sentencia de Unificación (SU)". A Corte Constitucional da Colômbia constatou que a inércia 
estatal decorria do labirinto burocrático e dobloqueio institucional responsáveis por descoordenar e 
dispersar a responsabilidade sobre o tema(GRAVITO; FRANCO, 2010). Foi aí que primeiro se utilizou 
essa expressão. Depois disso, a técnica já teria sido empregada em mais nove oportunidades naquela 
Corte. Existe também notícia de utilização da expressão pela Corte Constitucional do Peru. 
 
3.1.1.2.1. Pressupostos para a configuração: fático, político e jurídico 
PRESSUPOSTO FÁTICO: Para que haja um Estado de Coisas Inconstitucional, não basta violação a 
um direito subjetivo individual; deve haver uma violação generalizada e sistêmica de direitos 
fundamentais, que afete um número elevado e indeterminado de pessoas. A violação é sistêmica e não 
individualizada, ou seja, deve haver uma vulneração massiva e generalizada de direitos fundamentais de 
um número significativo de pessoas. Ex.: na Colômbia, foi invocado em razão do deslocamento forçado de 
pessoas em virtude das FARCs. 
 
PRESSUPOSTO POLÍTICO: Caracterizados por exigir um conjunto de ações e omissões reiteradas, 
tendentes a perpetuar ou agravar o quadro de inconstitucionalidade. Os poderes públicos, ao invés de 
contribuir para a resolução do problema, acaba fazendo com que o problema fique ainda mais agravado. Isso 
fica muito claro com a crise do sistema carcerário no Brasil, já que os poderes públicos não têm adotado 
medidas suficientes para resolver esse problema (até por não ser uma medida muito popular para os 
eleitores). 
 
PRESSUPOSTO JURÍDICO: É a necessidade de adoção de medidas estruturais para a superação 
das violações constatadas. Não basta apenas uma determinada medida contra um determinado poder. Para 
que o Estado de Coisas Inconstitucional possa ser resolvido, é necessário que sejam adotadas medidas 
estruturais (já que as falhas são estruturais). Ainda no exemplo do sistema carcerário, a culpa dessa crise é só 
de um poder ou entidade? Não, é global, estrutural (há falhas de todos os poderes e ocorre em diversos 
estados). 
 
3.1.1.3.1. Medidas judiciais 
As medidas judiciais não são voltadas para a proteção de direitos subjetivos, mas, sim, para 
proteger a dimensão objetiva dos direitos fundamentais. Em outras palavras, é a proteção dos direitos 
fundamentais na perspectiva da sociedade como um todo e não de indivíduos específicos. 
Além disso, são medidas voltadas a resolver um “litígio estrutural”, que é caracterizado pelo alcance 
a número amplo de pessoas e órgãos (e não entre partes específicas) e por implicar ordens de execução 
complexa (foge um pouco do padrão de medidas adotadas pelos poderes públicos e do controle judicial) – 
medidas não ortodoxas. Ex.: revisão dos gastos públicos, debates entre os Poderes sobre as soluções a serem 
adotadas. É como se o Poder Judiciário fosse uma espécie de provocador do debate. 
Há uma atuação proativa do Poder Judiciário, isto é, age de forma um pouco mais “forte” do que em 
outras situações. Nessa atuação, costuma formular ordens flexíveis de execução, isto é, o Poder Judiciário 
não detalha a política pública a ser implementada, mas limita-se a estabelecer balizas/parâmetros para a 
atuação dos Poderes. Dentro dessas balizas, os Poderes adotarão as medidas necessárias para tentar resolver 
o Estado de Coisas Inconstitucional. 
Além das ordens flexíveis para que realmente a decisão judicial tenha efetividade, a experiência 
colombiana releva que é necessário um monitoramento contínuo da decisão, uma espécie de fiscalização 
do cumprimento da decisão. 
Existem várias críticas a esta atuação proativa do Poder Judiciário quando declara o Estado de 
Coisas Inconstitucional. A mais contundente, contudo, é com relação à separação dos poderes: o Poder 
Judiciário, ao ser proativo, acaba por substituir a atuação dos Poderes políticos, de modo a violar o princípio 
da separação dos Poderes. É a mesma crítica feita ao ativismo judicial. 
Nesse sentido, vejamos trecho da ADPF 344 MC/DF, julgada pelo STF: 
“[...] Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente 
de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas 
abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema penitenciário 
nacional ser caracterizado como ‘estado de coisas inconstitucional’”. 
 
##Questiona-se: O que a Corte Constitucional do país faz após constatar a existência de um ECI? O 
ECI gera um “litígio estrutural”, ou seja, existe um número amplo de pessoas que são atingidas pelas 
violações de direitos. Diante disso, para enfrentar litígio dessa espécie, a Corte terá que fixar “remédios 
estruturais” voltados à formulação e execução de políticas públicas, o que não seria possível por meio de 
decisões mais tradicionais. A Corte adota, portanto, uma postura de ativismo judicial estrutural diante da 
omissão dos Poderes Executivo e Legislativo, que não tomam medidas concretas para resolver o problema, 
normalmente por falta de vontade política. 10 No entanto, o Plenário entendeu que o STF não pode 
substituir o papel do Legislativo e do Executivo na consecução de suas tarefas próprias. Em outras 
palavras, o Judiciário deverá superar bloqueios políticos e institucionais sem afastar, porém, esses poderes 
dos processos de formulação e implementação das soluções necessárias. Nesse sentido, não lhe incumbe 
definir o conteúdo próprio dessas políticas, os detalhes dos meios a serem empregados. Em suma, o Poder 
Judiciário exerce um papel instaurador e coordenador do diálogo institucional entre os Poderes. Ele 
provoca o debate em torno do tema para que sejam adotadas as medidas de natureza normativa, 
administrativa e orçamentária voltadas à resolução do Estado de Coisas Inconstitucional. 
 
##Atenção: Na ocasião, o Min. Marco Aurélio, ao tratar da legitimidade da Corte para intervir na 
situação carcerária, em seu voto, esclareceu o seguinte: “Apenas o Supremo revela-se capaz, ante a situação 
descrita, de superar os bloqueios políticos e institucionais que vêm impedindo o avanço de soluções, o que significa 
cumprir ao Tribunal o papel de retirar os demais. Poderes da inércia, catalisar os debates e novas políticas 
públicas, coordenar as ações e monitorar os resultados. Isso é o que se aguarda deste Tribunal e não se pode exigir 
que se abstenha de intervir, em nome do princípio democrático, quando os canais políticos se apresentem obstruídos, sob 
pena de chegar-se a um somatório de inércias injustificadas. (AURÉLIO, Marco. Voto medida cautelar da ADPF 347).” 
 
3.2.1. Quanto à norma constitucional ofendida 
a) Formal: (ou nomodinâmica – relacionada ao processo de criação de normas, que é dinâmico).11 Significa, 
portanto, que a norma constitucional atingida estabelece uma formalidade ou algum procedimento a ser 
observado. 
Subdivide-se em três espécies, vejamos: 
 
10 (TJBA-2019-CESPE): A respeito da situação conhecida como estado de coisas inconstitucional, assinale a opção correta: 
No plano dos remédios estruturais para saneamento do estado de coisas inconstitucional, estão a superação dos 
bloqueios institucionais e políticos e o aumento da deliberação de soluções sobre a demanda. BL: Info 798 do STF. 
11 (Analista/MPU-2010-CESPE): Verifica-se a inconstitucionalidade formal, também conhecida como nomodinâmica, 
quando a lei ou o ato normativo infraconstitucional contém algum vício em sua forma, independentemente do conteúdo. 
 
 FORMAL PROPRIAMENTE DITA (subjetiva/objetiva): Ocorre quando há violação de norma 
constitucional referente ao processo legislativo (CF, arts. 59 e ss.). Quando a norma constitucional violada 
estabelece o processo de elaboração de outras normas, a inconstitucionalidade é formal propriamente dita. 
 Subjetiva – Está relacionada ao sujeito, ou seja, não houve a observância do sujeito 
competente para tomar a iniciativa. Ex.: CF, art. 61, § 1º (leis de iniciativa do Presidente da 
República). Se algumdeputado/senador propuser lei sobre alguma das matérias elencadas no § 
1º, haverá inconstitucionalidade formal subjetiva da norma. São os casos de vícios de 
iniciativa. De acordo com o STF (ADI 3739), o vício de iniciativa não pode ser suprido pela 
sanção posterior do Presidente da República. Trata-se de vício insanável, de forma que a 
Súmula nº 5 do STF foi superada após a CF/88. 
 
 Objetiva – Não houve a observância das demais fases processo legislativo. Ex.: CF, art. 60, § 2º 
(procedimentos para aprovação de Emendas). Se a Emenda for votada em apenas um turno, 
haverá inconstitucionalidade formal objetiva. 
 
 FORMAL ORGÂNICA: Ocorre quando há violação de norma definidora do órgão competente para 
tratar da matéria. Ex.: CF, art. 22 (elenca uma série de matérias que são de competência da União) – se um 
estado-membro legislar sobre alguma dessas matérias, haverá inconstitucionalidade formal orgânica. 
 
 FORMAL POR VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS: É aquela ocorre por inobservância 
de requisitos (pressupostos objetivos) constitucionalmente exigidos para elaboração de determinados 
atos normativos. Ex.: CF, art. 62 – observância dos requisitos de relevância e urgência para edição de 
Medidas Provisórias. 
 
##Atenção: O STF admite o controle judicial dos pressupostos constitucionais para a edição de 
Medida Provisória, mas apenas em hipóteses excepcionais, quando a inconstitucionalidade for flagrante e 
objetiva.12 Vejamos os seguintes julgados do STF, ambos veiculados no Info 851: 
Se é proposta uma ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada, a MP é 
convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá ser 
conhecida e julgada. Como o texto da MP foi mantido, não cabe falar em prejudicialidade 
do pedido. Isso porque não há a convalidação ("correção") de eventuais vícios existentes 
na norma, razão pela qual permanece a possibilidade de o STF realizar o juízo de 
constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade normativa entre o ato legislativo 
provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Ex: foi proposta uma ADI contra a MP 
449/1994 e, antes de a ação ser julgada, houve a conversão na Lei nº 8.866/94. Vale ressaltar, no 
entanto, que o autor da ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o 
aditamento da ação. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
15/12/2016 (Info 851). 
 
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas 
provisórias em caso de relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para 
fins de edição de medidas provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha 
política/discricionária) de competência do Presidente da República, controlado pelo 
Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não 
deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação 
tipicamente financeira e tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, 
 
12 (TJSP-2017-VUNESP): A edição de medidas provisórias pelo Presidente da República, com fundamento nos conceitos 
jurídicos indeterminados de “urgência” e “relevância”, submete-se a controle jurisdicional, uma vez que seu regime 
jurídico é de natureza constitucional e a atividade do chefe do Poder Executivo é de competência extraordinária. 
OBS: De acordo com o STF, a análise dos requisitos constitucionais de "relevância" e "urgência" pelo Poder Judiciário é 
possível mas só deve ocorrer excepcionalmente, quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva. Conforme 
entendimento consolidado da Corte, os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas provisórias, 
vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de "relevância" e "urgência" (art. 62 da CF), apenas em caráter 
excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra da separação de poderes (art. 2º da CF) (ADI 
2.213, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 23-4-2004; ADI 1.647, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 26-3-1999; ADI 1.753-MC, Rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 12-6-1998; ADI 162-MC, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 19-9-1997). 
(Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014-CESPE): Julgue o item seguinte , referente ao processo legislativo e ao controle 
preventivo de constitucionalidade. Se o presidente da República editar determinada medida provisória, os requisitos 
constitucionais de relevância e urgência apenas em caráter excepcional submeter-se-ão ao crivo do Poder Judiciário, por 
força do princípio da separação dos poderes. 
não devendo o STF declarar a norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851). 
 
STF: (...) “A verificação pelo Judiciário dos requisitos de relevância e urgência para a 
adoção de medida provisória só é possível em caráter excepcional, quando estiver patente o excesso 
de discricionariedade por parte do Chefe do Poder Executivo.” (...) (RE 550652 AgR, Relator(a): 
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, 2º Turma, j. 17/12/2013.) 
 
b) Material: (ou nomoestática – relacionada ao conteúdo da norma, que é estático) 
Ocorre quando o conteúdo da lei impugnada é incompatível com uma A NORMA 
CONSTITUCIONAL DE FUNDO, ou seja, que estabelecem direitos e deveres a serem 
observados/respeitados. 13 Esse termo é utilizado para diferenciar das normas que estabelecem 
procedimentos (competência, processo legislativo). 
Ex.: A inconstitucionalidade do dispositivo da Lei de Crimes Hediondos que vedava a progressão de 
regime é uma inconstitucionalidade material, pois seu conteúdo era incompatível com o conteúdo de uma 
garantia prevista na CF, art. 5º, XLVI (garantida da individualização da pena). 
A inconstitucionalidade material não pode ser admitida em razão da violação ao princípio da 
unidade do ordenamento jurídico (não permite que normas com conteúdo conflitante permaneçam válidas 
dentro do mesmo ordenamento). Em outras palavras, o princípio que fundamenta esse tipo de 
inconstitucionalidade é o princípio da unidade do ordenamento jurídico, que impede a coexistência de 
normas contraditórias. Quando há esse quadro uma delas deve ser afastada, a partir dos critérios 
cronológicos, da especialidade e o hierárquico, que é o caso ora tratado. 
 
##Atenção: Uma coisa é supremacia formal, que é pressuposto para o controle de 
constitucionalidade. Só há controle se houver essa supremacia formal, isto é, a rigidez da Constituição. A 
partir disso, pode haver lei com inconstitucionalidade formal ou material. 
 
##Questiona-se: O que se entende por inconstitucionalidade chapada/enlouquecida/desvairada? 
Trata-se de expressão utilizada pelo ex-ministro Sepúlveda Pertence para se referir a situações em que a 
inconstitucionalidade é evidente, clara, flagrante, não restando qualquer dúvida sobre o vício, seja formal 
ou material. Cite-se alguns julgados em que a expressão foi utilizada: ADI 2.527, ADI 3.715, ADI 1.923. 
 
3.3.1. Quanto à extensão 
a) Total: 
A inconstitucionalidade atinge a lei, o ato normativo ou o dispositivo em sua integralidade, não 
restando partes válidas a serem aplicadas. 
 
b) Parcial: 
Ocorre quando os poderes públicos deixam de adotar medidas suficientemente adequadas para 
tornar efetiva normas constitucionais (omissão parcial) ou parte da lei/dispositivo legal afronta a 
constituição. 
Sendo assim, pode-se afirmar que ela ocorrerá quando parte de uma lei ou de um dispositivo é 
incompatível com a Constituição. 
 
##Atenção: Quando se fala dos tipos de inconstitucionalidade total ou parcial, é importante 
mencionar do que se fala (se é lei ou se é apenas de um dispositivo). Isso porque a inconstitucionalidade 
pode ser total para o dispositivo e parcial para a lei, total para a lei, ou parcial para dispositivo (vejamos 
exemplo abaixo). 
Ex.: A declaraçãode inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º da Lei de Crimes Hediondos. Em relação ao 
art. 2º, § 1º da referida Lei foi uma declaração de inconstitucionalidade total, pois declarou todo o artigo 
inconstitucional. Em relação à Lei dos Crimes Hediondos, foi uma declaração de inconstitucionalidade 
parcial, pois os outros dispositivos continuam válidos. 
 
##Cuidado: DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL É DISTINTA DO VETO 
PARCIAL. O veto parcial (CF, art. 66, § 2º) deve abranger, necessariamente, todo o artigo, todo o parágrafo, 
toda a alínea ou todo o inciso. Por outro lado, a declaração de inconstitucionalidade parcial pode abranger 
apenas uma palavra ou uma expressão dentro de um dispositivo. No entanto, é vedado declarar 
 
13 (PCPA-2016-FUNCAB): No tocante ao controle de constitucionalidade, na hipótese de recente lei ordinária dispensar o 
contraditório em processo administrativo que objetiva a imposição de sanções a servidores públicos, é correto afirmar 
que o referido ato normativo padeceria de inconstitucionalidade nomoestática. 
inconstitucional uma palavra ou expressão de modo a modificar o restante do sentido do dispositivo. Ex.: 
a lei proíbe algo. Tribunal declara inconstitucional a expressão “não” contida na Lei. A norma proibitiva 
tornar-se-á norma impositiva. 
Nesse sentido, vejamos o teor da ementa da ADI 347 do STF, que, declarou inconstitucional uma 
expressão do art. 74, XI da Constituição de São Paulo) e da ementa da ADI 2645, nessa ordem: 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DO 
ESTADO DE SÃO PAULO. ART. 74, XI. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, 
PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DE LEI OU ATO NORMATIVO MUNICIPAL EM FACE 
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PROCEDÊNCIA. É pacífica a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, antes e depois de 1988, no sentido de que não cabe a tribunais de justiça 
estaduais exercer o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos municipais em 
face da Constituição federal. Precedentes. Inconstitucionalidade do art. 74, XI, da Constituição do 
Estado de São Paulo. Pedido julgado procedente. (ADI 347, Relator(a): Min. JOAQUIM 
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/06, DJ 20-10-06) 
 
EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade da parte final do art. 170 da L. est. 
1284-TO, de 17/12/01 - Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado: inadmissibilidade, dado 
que, em tese, a inconstitucionalidade parcial argüida imporia a declaração de invalidade 
da lei em extensão maior do que a pedida. II. Ação direta de inconstitucionalidade 
parcial: incindibilidade do contexto do diploma legal: impossibilidade jurídica. 1. Da 
declaração de inconstitucionalidade adstrita à regra de aproveitamento automático decorreria, com 
a subsistência da parte inicial do art. 170, a inversão do sentido inequívoco do pertinente conjunto 
normativo da L. 1284/01: a disponibilidade dos ocupantes dos cargos extintos - que a lei quis 
beneficiar com o aproveitamento automático - e, com essa disponibilidade, a drástica conseqüência - 
não pretendida pela lei benéfica - de reduzir-lhes a remuneração na razão do tempo de serviço 
público, imposta por força do novo teor ditado pela EC 19/98 ao art. 41, § 3º, da Constituição da 
República. 2. Essa inversão do sentido inequívoco da lei - de modo a fazê-la prejudicial àqueles que 
só pretendeu beneficiar -, subverte a função que o poder concentrado de controle abstrato de 
constitucionalidade de normas outorga ao Supremo Tribunal. (ADI 2645 MC, Relator(a): Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 11/11/04, DJ 29-09-06). 
 
3.4.1. Quanto ao momento 
a) Originária: 
O surgimento da norma-objeto14 é posterior ao da norma-parâmetro15 ofendida. 
Em uma inconstitucionalidade originária, a norma já nasce inconstitucional. Para tanto, é necessário 
que o parâmetro seja anterior a ela. 
Em outras palavras, é aquela que ocorre quando o objeto impugnado surge após a existência do 
parâmetro. O objeto já nasce inconstitucional, pois o parâmetro já existia. 
Ex.: Depois da CF/88, uma lei modifica uma disposição do CPP dispondo que a prerrogativa de foro 
deve ser estendida após o término do mandato (inconstitucionalidade originária). É diferente do que 
aconteceu com a Lei de Imprensa (de 1967) que era constitucional só que, com o surgimento da CF/88, se 
tornou inconstitucional (trata-se da inconstitucionalidade superveniente). 
 
b) Superveniente: 
A existência da norma-objeto é anterior à da norma de referência e, embora originariamente 
constitucional, torna-se incompatível com o novo parâmetro (nova Constituição ou Emenda). 
Dito de outro modo, é aquela que ocorre quando a norma nasce constitucional, mas em razão de uma 
mudança do parâmetro, ela acaba se tornando inconstitucional.16 
A inconstitucionalidade superveniente, em regra, não é admitida no Brasil. 
Em Portugal, por exemplo, admite-se a inconstitucionalidade superveniente de forma expressa: 
Constituição Portuguesa de 76, art. 282, § 2º alude que: “Tratando-se, porém de inconstitucionalidade ou de 
ilegalidade por infracção de norma constitucional ou legal posterior, a declaração só produz efeitos desde a entrada 
em vigor desta última”. 
No Brasil, em regra, trata-se de hipótese de “não recepção” (às vezes, o STF usa a expressão 
“revogação”). Exemplos: 1) ADPF 130 (Lei de Imprensa não foi recepcionada pela CF/88); 2) ADI 718/MA 
 
14 Norma-objeto é a lei ou ato normativo que é impugnada em uma ADI, ou seja, é o que está sendo questionado 
(objeto da ação). 
15 Norma-parâmetro é aquela norma da Constituição supostamente violada. 
16 (MPMS-2015-FAPEC): Quando a inconstitucionalidade é decorrente de reforma, inovação hermenêutica ou alteração 
das circunstâncias fáticas fala-se em: Inconstitucionalidade superveniente. 
(aqui, STF usou a expressão “revogação”, mas o mais correto tecnicamente seria “não recepção”). Vejamos o 
seguinte trecho de julgado do STF: 
STF: “(...) É que não há falar em inconstitucionalidade superveniente. Tem-se, em tal caso, 
a aplicação da conhecida doutrina de Kelsen: as normas infraconstitucionais anteriores à 
Constituição, com esta incompatíveis, não são por ela recebidas. Noutras palavras, ocorre 
derrogação, pela Constituição nova, de normas infraconstitucionais com esta incompatíveis”. (RE 
396.386/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 13.8.2004). 
 
##Obs.: Para Hans Kelsen, toda lei necessita de um fundamento de validade para ser elaborada, isto é, 
a Constituição da época de sua elaboração. Além disso, Hans Kelsen afirmava que a inconstitucionalidade 
consiste em uma conduta do poder público contrária à Constituição. Nos casos em que a lei é anterior à 
Constituição, não há conduta incompatível com a Constituição (não é culpa do poder público que a nova 
Constituição tenha mudado), por isso ocorre a não recepção ou a revogação (e não a inconstitucionalidade). 
 
Existem, todavia, duas exceções a esta regra, que decorrem de mudança nas relações fático-jurídicas: 
 MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: Consiste em processos informais de alteração do conteúdo da 
Constituição, sem modificação de seu texto. Há apenas uma mudança na interpretação de um dispositivo 
constitucional, que continua com o mesmo texto, mas o sentido é alterado. Embora o resultado da nova 
interpretação seja posterior à Lei, é hipótese de inconstitucionalidade superveniente.17 
Imagine que a lei foi criada com base em uma interpretação da CF/88 (lembrando que norma é o 
resultado da interpretação). Contudo, posteriormente aquele mesmo dispositivo da CF/88 passa a ser 
interpretado de outra maneira, gerando uma norma diferente, de modo que a lei criada passe a ser 
incompatível com essa nova interpretação. No caso, a lei é posterior ao dispositivo, mas é anterior à nova 
norma constitucional (originária da nova interpretação). Esse caso é de não recepção ou 
inconstitucionalidade?Há inconstitucionalidade. 
Ex.: Lei de Crimes Hediondos – Houve uma mudança do sentido do art. 5º, XLVI da CF/88 (princípio 
da individualização da pena). A interpretação originária era compatível com o art. 2º da Lei de Crimes 
Hediondos. Contudo, com a “nova inteligência” do princípio (novo sentido), foi declarada a 
inconstitucionalidade do dispositivo. Assim, diante do fenômeno da mutação constitucional ocorrida com o 
princípio da individualização da pena, a norma foi declarada inconstitucional. Vejamos o seguinte trecho de 
julgado do STF: 
STF: “Conflita com a garantia da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da 
Constituição Federal - a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime 
integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução 
jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.” (STF, 
HC 82.959/SP). 
 
 INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA: Há uma situação intermediária entre a 
constitucionalidade plena e a inconstitucionalidade absoluta (nem é totalmente constitucional, nem 
totalmente incompatível com a Constituição). 
Contudo, em razão das circunstâncias fáticas existentes naquele momento, o Poder Judiciário opta 
por manter a norma em vez de invalidá-la, pois, se declarar a inconstitucionalidade, os prejuízos advindos 
da declaração de inconstitucionalidade são maiores que os benefícios. É um cálculo de custo-benefício da 
decisão. 
Exemplo 1: 
STF: “(...) Não é de ser reconhecida a inconstitucionalidade do § 5 do art. 1 da Lei n 1.060, 
de 05.02.1950, acrescentado pela Lei n 7.871, de 08.11.1989, no ponto em que confere prazo em 
 
17 (TJRS-2018-VUNESP): No ano de 2017, o Min. Rel. Luís Roberto Barroso suscitou, no âmbito do STF, uma questão de 
ordem na Ação Penal (AP) 937, defendendo a tese de que o foro de prerrogativa de função deve ser aplicado somente aos 
delitos cometidos por um deputado federal no exercício do cargo público ou em razão dele. O julgamento se encontra 
suspenso por um pedido de vistas, mas, se prevalecer o entendimento do Ministro Relator, haverá uma mudança de 
posicionamento do STF em relação ao instituto do foro de prerrogativa de função, que ocorrerá independentemente da 
edição de uma Emenda Constitucional. A hermenêutica constitucional denomina esse fenômeno de mutação informal da 
Constituição. BL: Info 900, STF. 
##Atenção: É o que se depreende do seguinte excerto da questão: “haverá uma mudança de posicionamento do STF em 
relação ao instituto do foro de prerrogativa de função, que ocorrerá independentemente da edição de uma Emenda Constitucional é o 
fenômeno” da mutação constitucional, que representa a possibilidade de alteração da Constituição sem passar por seu 
processo formal de modificação, que ocorre mediante emenda constitucional. A alteração é feita por um processo 
informal, que modifica o significado da norma, sem alterar o seu texto. 
(MPRJ-2012): No que se refere à interpretação constitucional, o processo informa de alteração da Constituição 
possibilita modificar o sentido de norma constitucional originária, sem alterar o seu texto, é mutação constitucional. 
dobro, para recurso, às Defensorias Públicas, ao menos até que sua organização, nos Estados, 
alcance o nível de organização do respectivo Ministério Público, que é a parte adversa, como órgão 
de acusação, no processo da ação penal pública.” (STF, HC 70514, Rel. Min. Sydney Sanches, 
Tribunal Pleno, j. 23/03/1994). 
 
O art. 5º, §5º da Lei 1.060/50 (Lei de Assistência Judiciária Gratuita), incluído pela Lei 7.871/89), 
estabelece o prazo em dobro para a Defensoria Pública. O STF, analisando a situação fática entre as 
estruturas da Defensoria e do Ministério Público, declarou que a norma ainda seria constitucional até 
quando a Defensoria alcançasse o nível de organização do seu quadro de pessoal e estrutura funcional, 
momento em que a norma passará a ser inconstitucional. 
Dito de outro modo, a norma só passará a ser inconstitucional quando a defensoria pública tiver a 
mesma estrutura do que o MP (pode-se falar em “inconstitucionalidade progressiva”). Nova realidade trará 
nova interpretação ao dispositivo. 
Exemplo 2: 
STF: “Ao Estado, no que assegurado constitucionalmente certo direito, cumpre viabilizar o 
respectivo exercício. Enquanto não criada por lei, organizada - e, portanto, preenchidos os cargos 
próprios, na unidade da Federação - a Defensoria Pública, permanece em vigor o artigo 68 do 
Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a ação de ressarcimento 
nele prevista”. (STF, RE 135.328/SP). 
 
Nesse caso, se a ação fosse proposta hoje (que todos os estados da federação possuem Defensorias 
Públicas), o STF teria feito outra intepretação e a decisão teria sido diferente. Com a mudança das 
circunstancias fáticas, a norma que foi recepcionada se tornará progressivamente inconstitucional. 
 
##RESUMINDO: 
 REGRA: A inconstitucionalidade superveniente é tratada como não recepção ou revogação. 
 EXCEÇÃO: A exceção é quando há mudança nas relações fáticas ou jurídicas (que pode afetar a 
interpretação do dispositivo constitucional, gerando a mutação constitucional, ou a interpretação do 
dispositivo infraconstitucional, levando à inconstitucionalidade progressiva). 
 
b.2.) Inconstitucionalidade Superveniente: Acepção Tradicional versus Acepção Moderna 
No julgamento do STF, veiculado no Info 874, em que se proibiu a utilização de qualquer forma de 
amianto, merece destaque no voto do Min. Dias Toffoli, que mencionou a ocorrência da 
inconstitucionalidade superveniente em relação à Lei Federal nº 9.055/95. Como se sabe, a utilização dessa 
expressão sempre gera uma certa dúvida. Isso porque a maioria das pessoas conhece a concepção 
“tradicional” do que seja “inconstitucionalidade superveniente” e pensa que ela é proibida. 
No entanto, essa expressão possui dois sentidos, vejamos: 
 
 ACEPÇÃO TRADICIONAL (entrada em vigor de uma nova CF e leis anteriores incompatíveis) . 
Assim, se a lei ou ato normativo for anterior à CF/88 e com ela incompatível, não se pode dizer que 
há uma inconstitucionalidade. 
Nesse caso, o que existe é a não-recepção da lei pela Constituição atual. Logo, nesse sentido, afirma-
se que não existe no Brasil inconstitucionalidade superveniente para se explicar que a lei anterior à 1988 e 
que seja contrária à atual CF não pode taxada como “inconstitucional”. 
Tal acepção não é admitida no Brasil. 
 
 ACEPÇÃO MODERNA (lei que sofreu um processo de inconstitucionalização) 
Significa que a lei ou ato normativo impugnado por meio de ADI deve ser posterior ao texto da 
CF/88 invocado como parâmetro. 
Desse modo, significa dizer que uma lei ou ato normativo que foi considerado constitucional pelo 
STF pode, com o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político, econômico e social do 
país, tornar-se inconstitucional em um novo exame do tema. 
Assim, inconstitucionalidade superveniente, nesse sentido, ocorre quando a lei (ou ato normativo) 
torna-se inconstitucional com o passar do tempo e as mudanças ocorridas na sociedade. Não há aqui uma 
sucessão de Constituições. A lei era harmônica com a atual CF e, com o tempo, torna-se incompatível com o 
mesmo Texto Constitucional. 
Tal acepção é admitida no Brasil. 
 
3.5.1. Quanto ao prisma de apuração 
a) Direta (imediata ou antecedente): 
Resulta da violação frontal à Constituição, ante a inexistência de ato normativo situado entre a 
norma-objeto e o parâmetro ofendido. 
Em outras palavras, é aquela que ocorre quando o objeto impugnado está ligado diretamente à 
Constituição, violando, portanto, diretamente uma norma constitucional. 
A lei questionada está diretamente ligada à Constituição, por isso, se a lei viola a Constituição, tal 
violação é direta. A Constituição é o fundamento de validade direto da norma-objeto (Kelsen).##IMPORTANTE: Só são admitidas como objeto de uma ação de controle normativo abstrato (ADI, 
ADC, ADPF) normas que violem diretamente a Constituição, raciocínio utilizado também para o Recurso 
Extraordinário (art. 102, § 3º, “a”, CF/88). 
 
b) Indireta (mediata): 
Ela ocorre quando da presença de norma interposta entre o objeto e o dispositivo constitucional, ou 
seja, quando um ato interposto entre a Constituição e o ato impugnado. 
Nesse caso, entre a Constituição e o ato questionado, há um outro ato interposto (por exemplo, uma 
lei). Em razão desse ato interposto, a violação da Constituição ocorrerá apenas de maneira indireta. 
A inconstitucionalidade indireta pode ser de duas subespécies, que geram consequências 
diferentes, permitindo ou não a propositura de uma ação de controle concentrado: 
 
 INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE: É aquela que ocorre quando a 
inconstitucionalidade do ato é decorrente da inconstitucionalidade de um a outra norma. 
O vício de uma norma atinge outra dela dependente. Há uma norma inconstitucional e, por isso, ela 
acaba gerando a inconstitucionalidade de outra norma que depende dela. 
Ex.: Uma lei, cujo assunto é de competência da União, é editada por assembleia legislativa de um 
Estado-membro (há uma inconstitucionalidade formal orgânica que, nesse caso, é direta). Contudo, o 
governador do Estado-membro elabora um decreto para regulamentar tal lei. Este decreto será 
inconstitucional em razão da inconstitucionalidade da lei por ele regulamentada (a inconstitucionalidade é 
consequente da inconstitucionalidade da lei). 
A lei, por violar diretamente a Constituição, pode ser objeto de uma ADI. Contudo, se o STF declarar 
a inconstitucionalidade desta lei e não mencionar o decreto, ele ficará perdido no ordenamento jurídico e 
não poderá ser objeto de nenhuma ação de controle normativo abstrato, já que ele não viola diretamente a 
Constituição. 
Portanto, nos casos de inconstitucionalidade consequente, a lei poderá ser objeto da ADI e o 
decreto - mesmo que não tenha sido impugnado na ADI – poderá também ser declarado inconstitucional 
pelo STF através da TÉCNICA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO ou POR 
ATRAÇÃO (utilizada nos casos de inconstitucionalidade consequente). Tal técnica pode ocorrer com 
normas de níveis distintos (arrastamento VERTICAL) e normas com dispositivos interdependentes 
(arrastamento HORIZONTAL) – ex.: art. 1º é dependente do art. 2º.18 
 
 INCONSTITUCIONALIDADE REFLEXA (OU OBLÍQUA): Resulta da violação a normas 
infraconstitucionais interpostas (constitucional). Não há violação direta à Constituição. 19 
Dito de outro modo, é aquela que ocorre quando o objeto impugnado é diretamente ilegal e 
indiretamente inconstitucional, ou seja, entre ele e a CF existe outro ato normativo interposto. Quando um 
decreto viola ou exacerba o conteúdo de uma lei, tal decreto não pode ser impugnado numa ADI. 
Nesse caso, a lei (norma interposta) é constitucional. No entanto, o decreto é incompatível com a lei 
(ilegal). Por ser ilegal, o decreto é inconstitucional por via reflexa, pois há violação da CF, art. 84, VI “Compete 
privativamente ao Presidente da República: [...] IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir 
decretos e regulamentos para sua fiel execução; [...]”. Mesmo quando o decreto vai além do conteúdo da lei 
(exorbita os limites da regulamentação legal), a violação à Constituição é tão-somente indireta. 
Para ser caso de violação direta, é necessário que não exista um ato interposto entre o decreto e a CF, 
ou seja, o decreto deve ser autônomo (regulamentador de assunto tratado na CF). 
É nesse sentido o que afirma Alexandre de Moraes, em que o STF, excepcionalmente, tem admitido 
ação direta de inconstitucionalidade cujo objeto seja decreto, quando este, no todo ou em parte, 
manifestamente não regulamenta a lei, apresentando-se, assim, como decreto autônomo. Nessa hipótese, 
 
18 (Advogado/BANPARÁ-2017): A dependência ou interdependência normativa entre os dispositivos de uma lei pode 
justificar a extensão da declaração de inconstitucionalidade a dispositivos constitucionais mesmo nos casos em que estes 
não estejam incluídos no pedido inicial da ação direta de inconstitucionalidade. É o que se pode denominar de 
declaração de inconstitucionalidade consequente ou por arrastamento. BL: ADI 4772 e ADI 1521, STF. 
19 (MPMG-2014): A inconstitucionalidade reflexa ou por via oblíqua resulta da violação de uma norma 
infraconstitucional interposta entre o ato questionado e a Constituição. 
haverá possibilidade de análise de compatibilidade diretamente com a Constituição Federal para verificar-se 
a observância do princípio da reserva legal. 
 
4.1. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Existem várias classificações quanto à forma de controle de constitucionalidade. 
 
4.1.1. Quanto ao momento de realização do controle 
a) Controle de constitucionalidade preventivo 
Realizado durante o processo legislativo com o objetivo de evitar ofensa à Constituição, ou seja, 
ocorre antes que o processo legislativo esteja acabado. Tem por finalidade prevenir que a Constituição seja 
atingida por lei ou ato normativo, antes que o processo legislativo esteja acabado. 
 
b) Controle de constitucionalidade repressivo: 
Realizado após a conclusão definitiva do processo legislativo com o objetivo de reparar ofensa à 
Constituição. Já não serve mais para evitar, mas para reparar eventual lesão à Constituição. 
 
##Obs.: É a mesma ideia do Mandado de Segurança preventivo/repressivo e/ou Habeas Corpus 
preventivo/repressivo. 
 
##Atenção: Existe divergência no STF sobre o momento exato da transição de um tipo de controle 
para o outro: 
 1ª CORRENTE: Para o ex-ministro Cezar Peluso, deve ser levado em consideração a promulgação 
da lei, ou seja, a partir do momento em que é promulgada, a lei pode ser objeto do controle 
repressivo. 
 2ª CORRENTE: De outro lado, para os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello (posição 
acompanhada pelo professor Marcelo Novelino), o controle repressivo só ocorre depois que o ato é 
editado, promulgado E publicado. Sendo assim, antes da publicação, não pode haver controle 
repressivo, pois a lei ainda não produz efeitos, de modo que não há como falar em violação à 
Constituição. 
 
##Atenção: Durante o período de vacatio legis também há controversa. Pelo entendimento dos 
Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello seria possível o controle repressivo na vacatio legis, pois a lei já 
foi publicada. 
 
##Atenção: Os três poderes podem exercer tanto o controle preventivo, quanto o repressivo. 
 
##Questiona-se: É possível que o STF, ao julgar Mandado de Segurança impetrado por parlamentar, 
exerça controle de constitucionalidade de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare 
inconstitucional, determinando seu arquivamento? 
 REGRA: EM REGRA, não se deve admitir a propositura de ação judicial para se realizar o 
controle de constitucionalidade prévio dos atos normativos.20 
 EXCEÇÕES: Há DUAS EXCEÇÕES em que é possível o controle de constitucionalidade prévio 
realizado pelo Poder Judiciário: 
a) caso a proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à 
cláusula pétrea21; e 
b) na hipótese em que a tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição 
violar regra constitucional que discipline o processo legislativo.22 
 
20 (TJSP-2015-VUNESP): Por meio de mandado de segurança preventivo, Vereador pretende obter ordem judicial 
obstando a tramitação de projeto de lei municipal que disciplina, no âmbito do Município, como deve ser ministrado o 
ensino religioso. Adotando como referência o decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do MS 32033/DF, 
é correto afirmar que não é cabível o controle preventivo de constitucionalidade material das normas em curso de 
formação. 
21 (Advogado/UEPB-2017-CPCON):Sobre as Emendas Constitucionais e o seu processo de elaboração é CORRETO 
afirmarmos que a proposta de emenda constitucional, ainda em tramitação parlamentar, poderá ser impugnada por 
meio de mandado de segurança sob o argumento de vulneração às cláusulas pétreas. 
22 ##JURISPRUDÊNCIA: ##DOD: É possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de 
constitucionalidade de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional, determinando seu 
arquivamento? Em regra, não. Existem, contudo, duas exceções nas quais o STF pode determinar o arquivamento da 
propositura: 
a) proposta de emenda constitucional que viole cláusula pétrea; 
 
Nessas duas situações acima, o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado aos 
aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa (regras de processo legislativo), sendo, portanto, 
admitida a impetração de mandado de segurança com a finalidade de corrigir tal vício, antes e 
independentemente da final aprovação da norma. 
 
##DIZERODIREITO: ##Quadro-resumo: 
É possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de constitucionalidade de 
projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional, determinando seu arquivamento? 
Regra geral: 
NÃO 
Existem duas exceções nas quais o STF pode determinar o arquivamento da 
propositura: 
a) Proposta de emenda constitucional que viole cláusula pétrea; 
b) Proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja 
ocorrendo com violação às regras constitucionais sobre o processo legislativo. 
 
##Atenção: ##TJRJ-2013: ##VUNESP: O fato de uma Proposta de Emenda à Constituição possuir 
disposição violadora ao regimento interno não é causa para atuação do parlamentar junto ao STF por 
meio de mandado de segurança. O que possibilita sua atuação por meio do mandado de segurança é a 
ofensa a CF/88, mais precisamente no que tange a ofensa ao devido processo legislativo. Sem respaldo 
constitucional/legal para sua atuação, lhe falta interesse de agir, portanto, é caso de não conhecimento do 
mandado de segurança.23 Nesse sentido, vejamos a seguinte julgado do STF: 
(...) I - O tema da cognoscibilidade do pedido precede o da apreciação do agravo regimental 
contra despacho concessivo de liminar, e de seu cabimento à vista da jurisprudência do Supremo. II 
- A natureza interna corporis da deliberação congressional - interpretação de normas do 
Regimento Interno do Congresso - desautoriza a via utilizada. Cuida-se de tema imune à 
análise judiciária. Precedentes do STF. Inocorrência de afronta a direito subjetivo. Agravo 
regimental parcialmente conhecido e provido, levando ao não-conhecimento do mandado de 
segurança. (MS 21754 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Ac. Min. Francisco Rezek, 
Tribunal Pleno, j. 7/10/93, DJ 21-2-97). 
 
##Distinção: Ambas as formas de controle são realizadas por todos os Poderes. O controle preventivo 
é majoritariamente exercido pelo Poder Legislativo (Poder Judiciário, excepcionalmente). Por outro lado, o 
controle repressivo (controle típico) é precipuamente exercido pelo Poder Judiciário (Poderes Legislativo e 
Executivo, excepcionalmente). É por isso que no Brasil se diz que o sistema de controle adotado é o de 
“controle jurisdicional” (é o “sistema jurisdicional”). 
Vejamos: 
 
4.2.1. Hipóteses de controle preventivo 
4.2.1.1. Poder Legislativo 
i. COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ): Toda casa Legislativa possui uma Comissão 
de Constituição e Justiça, encarregada precipuamente do exercício prévio de controle de 
constitucionalidade dos projetos de lei. 
 
##Obs.: Tamanha a importância da CCJ, que ela pode arquivar projetos de lei. De fato, esse 
arquivamento pode ser contestado perante o Plenário da Casa e o projeto pode prosseguir para julgamento, 
porém se não houver a impugnação o projeto fica definitivamente arquivado. 
 
b) proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com violação às regras 
constitucionais sobre o processo legislativo. STF. Plenário. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o 
acórdão Min. Teori Zavascki, 20/6/2013 (Info 711). 
(TJDFT-2014-CESPE): No que se refere à impetração de mandado de segurança por vício de inconstitucionalidade e ao 
ajuizamento de ADI contra PEC em tramitação no Congresso Nacional, assinale a opção correta: Somente parlamentar 
tem legitimidade para impetrar mandamus contra atos ditos incompatíveis com disposições constitucionais sobre 
processo legislativo e praticados durante o trâmite de PEC. BL: Info 711, STF. 
23 (TJRJ-2013-VUNESP): No ano de 2012, na Câmara dos Deputados, foi discutida, votada e rejeitada uma determinada 
proposta de emenda constitucional (PEC). No ano de 2013, a mesma matéria daquela PEC veio à pauta novamente para 
deliberação pelos Deputados Federais. Discordando desse procedimento, bem como do projeto que continha disposição 
violadora do Regimento Interno da respectiva Casa Legislativa, um Deputado impetra um mandado de segurança 
perante o STF para impedir que essa nova PEC seja votada e aprovada. Considerando essas informações, bem como o 
entendimento do STF sobre o assunto, é correto afirmar que o referido mandado de segurança embora haja em tese 
legitimidade do parlamentar, o writ não deve ser conhecido e nem poderia ser concedida a segurança, uma vez que, no 
caso, não houve qualquer violação à Constituição Federal. 
 
ii. PLENÁRIO: O controle pode ser exercido também pelo Plenário das Casas. Nada impede que, 
mesmo com a CCJ entendendo que o projeto de lei é constitucional, os Deputados e Senadores, ao 
votarem aquele projeto de lei, em Plenário, tenham um entendimento diverso (seja de proposta de lei, 
seja de proposta de emenda). 
 
iii. DELEGAÇÃO ATÍPICA (CF, art. 68, §3º): A delegação atípica ocorre quando o Presidente da 
República solicita a delegação do Congresso Nacional para a elaboração de uma lei. Porém, em vez de 
dar a delegação típica (na qual após a resolução autorizativa o restante do procedimento legislativo se 
passa no âmbito do executivo), ele dá uma delegação atípica, na qual o projeto feito pelo Presidente 
da República retorna ao Congresso Nacional para sua apreciação. Se o Congresso Nacional 
entender que a lei delegada é incompatível com a constituição (ou simplesmente exorbitou os limites 
da delegação), ele pode rejeitar o projeto. Vejamos o teor do art. 68, §3º da CF: 
CF, art. 68, § 3º: As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que 
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional; (...). 
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará 
em votação única, vedada qualquer emenda. 
 
4.2.1.2. Poder Executivo 
O Poder Executivo exerce o controle preventivo através do veto jurídico do Presidente da 
República.24 
 
##Obs.: Lembrar que o veto pode ser político ou jurídico. O veto político é aquele contrário ao 
interesse público, ao passo que o veto jurídico se refere à análise de constitucionalidade de um projeto de 
lei. 
Sobre o assunto, vejamos o art. 66, §1º da CF: 
CF, art. 66, § 1º: Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, 
inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo 
de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito 
horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.25 
 
Sendo assim, no Poder Executivo, o controle preventivo ocorre por meio do veto jurídico oposto pelo 
Presidente da República a projeto de lei considerado inconstitucional (CF, art. 66, § 1°). 
 
4.2.1.3. Poder Judiciário26 
O Poder Judiciário somente exerce o controle preventivo quando impetrado mandado de segurança

Continue navegando