Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OBRAS DE TERRAPLENAGEM: ASPECTOS TÉCNICOS E NORMATIVOS Lúcio Flávio da Silveira Matos Engenheiro Civil, Dr. em Engenharia Civil TERRAPLENAGEM OU TERRAPLANAGEM? •Terraplenagem de terrapleno significa “encher com terra”. • Terraplanagem de tornar plano ou aplainar significa “nivelar o terreno”, sem necessariamente trazer terra de outro lugar. • Adota-se mais “TERRAPLENAGEM” que significa de modo amplo o “trabalho de modificar intencionalmente o relevo natural de um terreno por meio de cortes e aterros”. PATINHO FEIO DA GEOTECNIA? • Serviço inicial sujo ou pouco nobre. • Tecnologicamente nada evoluído. • Normalmente é terceirizado. • O projeto quase sempre se resume ao projeto geométrico. • Na obra a interpretação do projeto é quase sempre deixado à responsabilidade de destemidos e intrépidos operadores de máquinas pesadas (tratoristas). • Na maioria das vezes, sem qualquer controle tecnológico. • Quando há controle tecnológico, normalmente, é apenas de cotas, ângulos de talude e compactação. CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA CIRCUNSCRIÇÃO DO PROBLEMA • Prazos e custos estourados. • Recalques de aterros. • Instabilidade de taludes. • Processos erosivos. • Assoreamento de drenagens naturais e construídas. • Enxurradas e enchentes. • Destruição de infraestruturas de abastecimento e de esgoto. • Incidentes e acidentes com obras vizinhas que originam querelas judiciais intermináveis. • Crimes ambientais: alteração e morte da biota aquática, etc. CAUSAS PRINCIPAIS DO PROBLEMA • Porque muitas obras depois de concluídas, mesmo com ART’s de projeto e execução, tem problemas ligados à terraplenagem? • A CULPA NÃO É DA CHUVA! A chuva é um fator conhecido que deve ser considerado no projeto. Se a chuva se torna um agente problemático é porque o projeto é problemático. • Projeto de terraplenagem = projeto geométrico + projeto geotécnico. • 95% dos projetos de terraplenagem não têm projeto geotécnico. • O Artigo 39 do Código de Defesas do Consumidor obriga que qualquer produto em território nacional atenda às normas técnicas da ABNT. • Se a terraplenagem não tem projeto geotécnico está fora da Lei. NORMAS TÉCNICAS • NBR 8044/83: Projeto Geotécnico – fixa as condições exigíveis a serem observadas nos estudos e serviços necessários ao desenvolvimento de projetos geotécnicos, em especial daqueles integrantes de projeto de obras de engenharia civil em que a interação estrutura-terreno (ou geometria-terreno) seja relevante no desempenho das referidas obras. • NBR 6497/83: Levantamento Geotécnico – fixa as condições gerais a serem obedecidas no levantamento geotécnico para fins de projeto de obras de engenharia. • NBR 8036: Programação de Sondagens para Fundações de Edifícios – fixa as condições exigíveis na programação de sondagens destinada à elaboração de projetos geotécnicos, em termos de número, localização e profundidade das sondagens. NBR 8044: DEFINIÇÕES PROJETO GEOTÉCNICO – conjunto de documentos que incluam • Investigações de campo e de laboratório; • Estudos com análises, interpretações e cálculos que descrevam, justifiquem e caracterizem quantitativamente os aspectos geotécnicos envolvidos e os resultados de dimensionamento das obras previstas; • Desenhos com o grau de detalhamento exigido nas várias fases de projeto; • Especificações de materiais e de execução. NBR 8044: FASES DO PROJETO 1) FASE DE VIABILIDADE • Etapa de reconhecimento preliminar: visita in loco; fotografias aéreas; mapas geológicos; dados sobre obras similares vizinhas; etc. • Etapa de inventário: comparação preliminar entre alternativas de projeto técnica e economicamente viáveis. • Etapa de pré-viabilidade: elaboração de planos e programas gerais de obras e investimentos; seleção e análise das obras mais promissoras; otimização dos parâmetros de projeto mais importantes. • Etapa de anteprojeto: sondagens mecânicas e amostragem; ensaios de laboratório; relatórios e desenhos que apresentam e justificam as soluções técnicas da alternativa selecionada com dimensionamento para orçamentos preliminares. NBR 8044: FASES DO PROJETO 2) FASE DE PROJETO BÁSICO É o projeto encaminhado para licenciamento e deve conter todos os elementos que fixam e definem claramente os vários componentes da obra: • MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO; • CÁLCULOS DE DIMENSIONAMENTO; • DESENHOS; • ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS; • QUANTIFICAÇÕES; • PLANILHAS DE ORÇAMENTO; • CRONOGRAMA BÁSICO; • OUTROS DOCUMENTOS EXIGIDOS. NBR 8044: FASES DO PROJETO 3) FASE DE PROJETO EXECUTIVO Detalhamento e revisão do projeto básico e anteprojeto, sem modificação do tipo, natureza e parâmetros básicos da solução eleita. Deve incluir: • COMPLEMENTAÇÃO DOS CÁLCULOS DE DIMENSIONAMENTO; • DETALHAMENTO DOS DESENHOS BÁSICOS; • NORMAS E ESPECIFICAÇÕES CONSTRUTIVAS COMPLEMENTARES; • INSTRUÇÕES DE EXECUÇÃO; • DETALHAMENTO DE INSTALAÇÕES DIVERSAS; • DETALHAMENTO DE DRENAGEM PROVISÓRIA E DEFINITIVA; • DETALHAMENTO DA INSTRUMENTAÇÃO DE MONITORAMENTO E CONTROLE DO COMPORTAMENTO PÓS-OBRA; • ADEQUAÇÃO AOS EQUIPAMENTOS A SEREM UTILIZADOS. NBR 8044: FASES DO PROJETO 4) FASE DE ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO Trabalho de e fiscalização para assegurar a execução das soluções projetadas: • CONTROLE TOPOGRÁFICO; • CONTROLE TECNOLÓGICO DE COMPACTAÇÃO; • SUPERVISÃO DO PROJETISTA OU DE UM CONSELHO DE CONSULTORES PARA EVENTUAIS ADAPTAÇÕES VISANDO RESOLVER DISCREPÂNCIAS E FATORES IMPREVISTOS NO PROJETO, MANTIDA A RESPONSABILIDADE TÉCNICA DO PROJETISTA. NBR 8044: FASES DO PROJETO 5) FASE DE PROJETO “COMO CONSTRUÍDO” Trabalho de documentação do que foi realmente executado: • DESENHOS COM AS SOLUÇÕES E DIMENSÕES DAS PARTES DA OBRA EFETIVAMENTE EXECUTADAS; • REGISTRO DE EVENTUAIS SUBSTITUIÇÕES DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS; • REGISTRO FOTOGRÁFICO DE FASES DA OBRA E PORMENORES CONSTRUTIVOS; • RELATÓRIO FINAL COMENTANDO E JUSTIFICANDO AS MODIFICAÇÕES ADOTADAS. NBR 8044: INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS 1.Dados existentes: cartografia; geologia; pedologia; geomorfologia; hidrologia e hidrografia; geotecnia. 2.Reconhecimento planialtimétrico. 3.Reconhecimento geotécnico “in situ”: amostras deformadas; sondagens mecânicas (trado, SPT, SPT-T, rotativas, etc.); poços e trincheiras; amostras indeformadas para laboratório. 4.Testes de medidas “in situ”: piezômetros; indicadores de nível de água; permeabilidade; perda de água; penetração estática (CPT); palhetas (“vane test”); provas de carga direta. 5.Ensaios de laboratório: granulometria; limites de Aterberg; compactação; CBR; adensamento vertical e radial; permeabilidade de carga constante e variável; cisalhamento direto; compressão triaxial. CUIDADOS A OBSERVAR 1.Verificar se foram realizados o projeto geométrico e geotécnico. 2.Verificar se o projeto geotécnico inclui os ensaios geotécnicos necessários e os estudos suficientes de cálculo e dimensionamento das soluções de estabilidade de taludes, drenagem superficial, drenagem subterrânea, drenagem de estruturas de contenção e proteção superficial. 3.Conferir a necessidade de autorização de órgãos ambientais.4.Projeto e construção de estradas de acesso. 5.Previsão de soluções de drenagem provisória. 6.Descarte de terra excedente e empréstimo de material de jazida conforme a legislação técnica e ambiental aplicável. CUIDADOS A OBSERVAR 7. Adequar o projeto às condições topográficas e geológicas do terreno e não adequar o terreno ao projeto de escritório. 8. Demarcar os lotes sem retirar a vegetação e o solo superficial. 9. Quando a terraplenagem é absolutamente necessária, caso os solos superficiais sejam coesivos, estes não devem ser descartados, mas reservados para a camada de cobertura final por serem mais férteis e coesivos. 10.Planejar os serviços de terraplenagem de modo que acompanhem a obra civil e não deixem áreas terraplenadas expostas à erosão. 11.Adotar soluções de proteção provisória dos taludes, por exemplo, cal-jet ou outra técnica econômica e viável. CUIDADOS A OBSERVAR 12.Em terrenos com declividade acima de 20% (11,3º) adotar lotes com a maior dimensão paralela às curvas de nível e estimular que as habitações tenham a parte frontal apoiada sobre pilotis (ou expedientes equivalentes), assim evitando encaixes profundos na encosta. 13.Em terrenos inclinados reduzir o número de ruas a nível, devendo ser privilegiadas as ruas em rampa. 14.Promover a pavimentação das ruas imediatamente após a sua abertura, assim como a instalação do sistema de drenagem das águas pluviais. 15.Programar as operações de terraplenagem de forma a liberar o mais cedo possível os taludes finais para proteção superficial, ou seja, conduzir a terraplenagem de “cima para baixo” ou em painéis sucessivos. OBRAS SEM CONTENÇÃO OBRAS SEM ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO RETALUDAMENTO DRENAGEM PROTEÇÃO SUPERFICIAL CORTES ATERROS COMPAC- TADOS SUPERFI CIAL SUBTER RÂNEA DE ESTRUTU RAS DE CONTEN ÇÃO COM MATERI- AIS NATU- RAIS COM MATERI- AIS ARTIFI- CIAIS - VALAS REVESTIDAS - CANALETAS MOLDADAS IN LOCO - CANALETAS PRÉ-MOLDADAS - GUIAS E SARJETAS - TUBOS E BUEIROS - ESCADAS/DESCIDAS D’ÁGUA - CAIXAS DE DISSIPAÇÃO - CAIXAS DE TRANSIÇÃO - DISSIPADOR - DISPERSOR - TRINCHEIRAS DRENANTES - DRENOS HORIZONTAIS PROFUNDOS BARBACÃS E DRENOS NO TERRAPLENO - COBER- TURA VEGETAL - SELO ARGILA - PANO DE PEDRA - GABIÃO MANTA - IMPER- MEABILI- ZAÇÃO ASFÁL- TICA - SOLO+ CAL+ CIMENTO - ARGA- MASSA - TELA+GU NITA - TELA RETALUDAMENTO RETALUDAMENTO RETALUDAMENTO RETALUDAMENTO DRENAGEM SUPERFICIAL I sarjeta de pista II valeta de crista de corte III sarjeta de banqueta IV valeta de pé de aterro V caixa coletora/ dissipadora VI escada d’água VII bueiro de greide VIII dissipador/ enrocamento DRENAGEM SUPERFICIAL DRENAGEM SUPERFICIAL DRENAGEM SUPERFICIAL Sarjeta triangular de crista de talude DRENAGEM SUPERFICIAL Sarjeta triangular de pé de talude DRENAGEM SUPERFICIAL Dissipador de energia para descida de água PLANTA DRENAGEM SUPERFICIAL Dissipador de energia para descida de água DRENAGEM SUPERFICIAL Descida de água e dissipador na saída de bueiro DRENAGEM SUPERFICIAL Dissipador de energia na saída de bueiro DRENAGEM SUPERFICIAL Dissipador de energia em valeta com troncos do desmatamento DRENAGEM SUPERFICIAL Dispersor CORTE A-A DRENAGEM SUPERFICIAL Bacia de contenção e infiltração DRENAGEM SUPERFICIAL Bacia de contenção e infiltração SEÇÃO DRENAGEM SUPERFICIAL Bacia de contenção e infiltração SEÇÃO DRENAGEM PROFUNDA CAMADA DRENANTE SOB ATERRO DRENAGEM PROFUNDA Furos p/ baixo: rebaixamento do lençol freático Furos para cima: interceptação de fluxo d'água TRINCHEIRA DRENANTE DRENAGEM PROFUNDA DRENAGEM PROFUNDA DRENOS EM ESPINHA DE PEIXE DRENAGEM PROFUNDA DHP – DRENOS HORIZONTAIS PROFUNDOS DRENAGEM PROFUNDA DHP – DRENOS HORIZONTAIS PROFUNDOS DRENAGEM DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DRENAGEM DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DRENAGEM DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO GRAMÍNEAS OU LEGUMINOSAS E TELAS As telas podem ser: • metálicas • plásticas • biomantas PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS Gramíneas 1. Capim jaranguá Hyparrenenia rufa 2. Braquiária Brachiaria decumbens 3. Capim gordura Melinis minutiflora 4. Grama bermuda Cynodon dactylon 5. Chorão Eragrostis curvula 6. Azevém perene Lolium perene 7. Festuca Festuca rubra Leguminosas 1. Centrosema Centrosema pubescens 2. Feijão bravo Canavalia brasiliensis 3. Kudzu tropical Pueraria javanica 4. Strato Phaseolus atrepurpureus 5. Soja perene Giucline javanica 6. Estilosantes Stylosanthes guianensis Nota: Devem ser realizados testes de adaptabilidade. PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS CAPIM BRAQUIÁRIA CAPIM VETIVER • sistema radicular extenso • plantado em filas a cada 0,5-1m de elevação • filas descendes a cada 2-3m • aumenta a resistência ao cisalhamento em 40% • raízes com resistência média a tração de 75MPa • alta tolerância à salinidade PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS CAPIM VETIVER • planta cortada na parte superior • sistema radicular com 18 meses de crescimento • não tem raízes laterais • grande duração com mínimo de manutenção • raiz vertical com mais de 1,5m, com a média 3-4m e máximo de 6m. PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS ANTES DO PLANTIO DE CAPIM VETIVER: PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS APÓS UM ANO DO PLANTIO DE CAPIM VETIVER: PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS PANO DE PEDRA NOTA: Outro tipo de proteção com material natural é o preenchimento de trincas, sulcos, ravinas, etc., com selos de solo argiloso, após a solução dos problemas de drenagem. GABIÃO COLCHÃO OU MANTA PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS GABIÃO COLCHÃO OU MANTA PROTEÇÃO COM MATERIAIS NATURAIS PROTEÇÃO COM MATERIAIS ARTIFICIAIS IMPERMEABILIZAÇÃO ASFÁLTICA PROTEÇÃO COM MATERIAIS ARTIFICIAIS CIMENTO-CAL-SOLO (1:3:20) PROTEÇÃO COM MATERIAIS ARTIFICIAIS CAL-JET (1 CAL+2 ÁGUA) Talude em solo de alteração de rochas cristalinas, muito erodível, totalmente protegido por uma pintura manual de calda de cal. Av. Aricanduva-São Paulo-SP PROTEÇÃO COM MATERIAIS ARTIFICIAIS TELA E GUNITA PROTEÇÃO COM MATERIAIS ARTIFICIAIS TELA OBRAS DE CONTENÇÃO OBRAS COM ESTRUTURA DE CONTENÇÃO MUROS ESTABILIZAÇÃO DE BLOCOS OBRAS DE CONTENÇÃO ESPECIAIS - DE PEDRA SECA - DE PEDRA ARGAMASSADA - DE GABIÃO-CAIXA - DE CONCRETO CICLÓPICO - DE FLEXÃO - COM CONTRAFORTES - MODULAR - FOGUEIRA (CRIB-WALL) - DE SACOS DE SOLO-CIMENTO - DE PNEUS - CORTINAS ATIRANTADAS - TERRA ARMADA - SOLO GRAMPEADO - ATERROS REFORÇADOS COM GEOSSINTÉTICOS
Compartilhar