Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
13/08/21 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA – DECIV LABORATÓRIO DE PAVIMENTAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA – DECIV LABORATÓRIO DE PAVIMENTAÇÃO Classificação de Solos Prof. Lélio Brito, PhD 2 incluí-lo em um determinado grupo composto por solos de características e propriedades geotécnicas similares. Classificar um solo é ... Objetivo principal ... sob o ponto de vista de engenharia → estimar seu provável comportamento ou ao menos orientar o programa de investigação necessário. 1 2 13/08/21 2 2 Na Mecânica dos Solos procura-se criar um sistema de classificação que, de fato, permita o agrupamento de solos dotados de características similares tanto do ponto de vista genético como do comportamento. A grande variedade de sistemas de classificação existente procura quase sempre, em bases mais ou menos arbitrárias, encontrar um princípio qualificador universal que possibilite agrupar a grande variedade de solos existentes em classes. 2 Sob aspecto mais prático: necessidade de haver várias classificações, que possam atender mais especificamente aos vários campos da Geotecnia, ou seja, um sistema de classificação que atenda aos interesses da área de rodovias pode não atender com a mesma eficiência à área de fundações. 3 4 13/08/21 3 2 FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS • pela origem: solos residuais e solos transportados (aluviais, coluviais...) • pela sua evolução pedogenética: classificação pedológica dos solos • por características peculiares • pelo tipo e comportamento das partículas constituintes: sistemas de classificação dos solos baseados em propriedades-índices (granulometria e plasticidade) → mais empregados em engenharia 2 Engenharia Civil: Objetivando-se uma otimização do uso dos solos, as classificações podem ser divididas em genéticas e geotécnicas. Genética: pedológica e geológica Classificações essencialmente científicas, preocupando-se com a origem e evolução dos solos. Geotécnicas Sistema Unificado de Classificação de Solos (U.S.C.S. – Unified Soil Classification System) e a classificação para meio rodoviário HRB (Highway Research Board) 5 6 13/08/21 4 2 1. Classificação Pedológica 2. Classificação Geológica 3. Classificação Granulométrica 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board – HRB 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) ou Unified System Classification Soil (USCS) ou Classificação Unificada de Casagrande 2 Pedologia é o estudo do desenvolvimento do solo próximo à superfície. O perfil do solo geralmente mostra uma sequência de camadas (chamadas de horizontes) que se estende de 1,5 m a 3,0 m abaixo da superfície. As propriedades destes horizontes refletem nos materiais que lhe deram origem e afeta fatores ambientais tais como clima, inclinação do talude, e a vegetação sobre o processo de formação. Este sistema classifica os solos de acordo com as características dos horizontes sucessivos. As características usadas para classificação incluem cor, textura, espessura dos horizontes, etc. Aos solos são designados nomes especiais, frequentemente os nomes da localidade onde tais perfis do solo foram primeiramente identificados (ex. arenitos de Butucatu). 1. Classificação Pedológica Perfis semelhantes encontrados subsequentemente em outros locais são designados pelo mesmo nome. 7 8 13/08/21 5 2 1. Classificação Pedológica Após a intemperização da rocha, o solo começa a sofrer transformações e a se organizar em horizontes, de aspectos e condições diferentes e aproximadamente paralelos à superfície do terreno. 2 1. Classificação Pedológica O perfil de um solo bem desenvolvido possui quatro horizontes, que poderão ser subdivididos e são convencionalmente identificados pelas letras O, A, B, C, e R 9 10 13/08/21 6 2 Horizonte O • Matéria vegetal cobrindo a parte superficial do solo mineral; • Pequena espessura; • Presente apenas em locais com muita vegetação; • Sem valor para a engenharia, quer como material de construção ou de suporte; • Deve sempre ser removido mesmo em obras de pequeno porte. 1. Classificação Pedológica 2 Horizonte A • Solo mineral mais próximo da superfície; • Principal característica, matéria orgânica em decomposição; • Fonte de sólidos carreados pela água para os horizontes inferiores; • Muito poroso; • Alta compressibilidade; • Não deve ser aproveitado como material de construção nem como elemento de suporte, mesmo de pequenas obras. 1. Classificação Pedológica 11 12 13/08/21 7 2 Horizontes B e C • Zona de transição para a rocha; • Não afetado pelos agentes de alteração (Biológicos, Físicos e Químicos) dos horizontes superiores; • Mantém características próximas da sua origem geológica; • Usado tanto como empréstimo ou fundação. Abaixo do Horizonte C: • Rocha, algumas vezes indicada pela letra R. 1. Classificação Pedológica 2 Os mapas e os dados pedológicos tem sido usados para orientar o emprego das camadas superficiais (horizontes A e B) no estado natural. No entanto, as camadas mais profundas (horizonte C e subjacentes) de natureza transportada ou residual, muitas vezes não trazem informações suficientes. 1. Classificação Pedológica 13 14 13/08/21 8 2 1. Classificação Pedológica Desenvolvidos para o uso na agricultura: classificação de acordo com o grau de desenvolvimento do horizonte B. Porém se tem uma boa estimativa dos tipos de solo ou material consolidado (informam também a geologia local). 2 Os mapas geológicos existentes no Brasil são essencialmente do bedrock (pedologicamente, abaixo do Horizonte C) – muitas camadas de solos residuais ou transportados não consta nos mapas. 2. Classificação Geológica 15 16 13/08/21 9 2 Baseada tão somente na distribuição granulométrica dos solos. Os solos são classificados pela fração granulométrica dominante e subdominante: argila arenosa, areia siltosa, silte argiloso, ... Exemplos: • Escalas granulométricas (AASHTO, ABNT, ASTM, ...) • Sistema trilinear de classificação textural 3. Classificação Granulométrica 2 • Sistema trilinear de classificação textural Um diagrama trilinear (ou triangular) permite a classificação textural dos solos considerando as porcentagens das frações de areia, silte e argila obtidos dos ensaios granulométricos. Empregado na classificação de solos em engenharia rodoviária e em Pedologia. 3. Classificação Granulométrica Exemplos: Diagrama trilinear textural do Bureau of Public Roads – EUA; Diagrama textural empregado em levantamentos de solos no Brasil (Lemos e Santos, 1982). 17 18 13/08/21 10 2 Diagrama trilinear textural do Bureau of Public Roads 2 Empregado na engenharia rodoviária em todo o mundo, proposto pelo Bureau of Public Roads e revisto pelo HRB (1945). Normatizado pela AASHTO M145 (1973). Classifica os solos em 8 grupos: • solos granulares (%passa No.200 ≤ 35%): A-1, A-2 e A-3 • solos finos (%passa No.200 > 35%): A-4, A-5, A-6 e A-7 • solos altamente orgânicos: A-8 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 19 20 13/08/21 11 2 SOLO A-1: mistura bem graduada de fragmentos de pedra e pedregulho, areia grossa, areia média, areia fina com ou sem material fino, não plástico ou fracamente plástico; ▪ SOLO A-1a: predomínio de fragmentos de pedra ou pedregulho com ou sem material fino bem graduado ( 50% passa No.10, 30% passa No.40 e 15% passa No.200, IP 6); ▪ SOLO A-1b: predomínio de areia grossa a média, com ou sem material fino bem graduado ( 50% passa No.40 e 25% passa No.200, IP 6); 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 SOLO A-3: areias finas de praia ou de deserto, sem material siltoso ou argiloso ou com muito pequena quantidade de silte não plástico, e areia fina fluvial mal graduada com pouca areia grossa e pedregulho ( 51% passa No.40 e 10% passa No.200, NP); 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 21 22 13/08/21 122 SOLO A-2: solos granulares variados, com graduação irregular e pouco material fino que não se enquadram nas classes A-1 e A- 3 pela maior % passa No.40 e/ou plasticidade; ▪ SOLO A-2-4 e A-2-5: materiais granulares cuja fração passa No.40 apresenta características dos solos A-4 (A-2-4) e A-5 (A-2-5). Inclui pedregulhos com % silte e IP acima dos limites para solo A-1 e areia fina com % silte e NP acima dos limites para solo A-3; ▪ SOLO A-2-6 e A-2-7: semelhantes aos solos A-2-4 e A-2-5, exceto que a fração passa No.40 apresenta argila plástica, tendo características dos solos A-6 (A-2-6) e A-7 (A-2-7); 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 SOLO A-4: solos siltosos não plásticos ou moderadamente plásticos, com % passa No.200 > 35%; SOLO A-5: solos semelhantes ao A-4, com material diatomáceo ou micáceo, podendo ser altamente elástico (alto valor de LL); SOLO A-6: solos argilosos com % passa No.200 > 35%, podendo incluir misturas argilo-arenosas com até 64% de areia e pedregulho, sujeitos a grandes variações volumétricas; 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 23 24 13/08/21 13 2 SOLO A-7: semelhantes aos solos A-6, porém mais elásticos, com alto LL e com grandes variações volumétricas; ▪ SOLO A-7-5: solos com moderado IP em relação ao LL ▪ SOLO A-7-6: solos com alto IP em relação ao LL 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 25 26 13/08/21 14 2 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 Como usar o quadro? Aplicar os dados de ensaio da esquerda para direita. Pelo processo de eliminação, o primeiro grupo da esquerda no qual os dados de ensaios se encaixam correspondem à classificação correta. 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 27 28 13/08/21 15 2 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 Em termos genéricos, as propriedades de um solo são influenciadas pela: ▪ quantidade e característica do material granular; ▪ quantidade da fração silte+argila (LL e IP) Comparando-se 2 solos: ➢ quando se tem a mesma quantidade de material granular, podemos determinar o melhor (ou pior) pela análise do LL e IP. ➢ quando temos os mesmos LL e IP podemos diferenciar o melhor da porcentagem que passa na peneira No.200. Porém, quando as quantidades de material granular, LL e IP são diferentes, como determinar o melhor ou pior solo ? 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 29 30 13/08/21 16 2 Solução: Índice de Grupo – IG Ponderação dos efeitos da quantidade de silte+argila e da qualidade do solo ligante através dos valores do LL e IP. Empregado no sistema da HRB, corresponde a um número inteiro que varia de 0 (solo ótimo quanto a capacidade de suporte) a 20 (solo péssimo quanto a capacidade de suporte). O IG é indicado entre parênteses completando a classificação. d.b.,c.a.,a.,IG 010005020 ++= a = %passa No.200 – 35% (a = 0 a 40) b = %passa No.200 – 15% (b = 0 a 40) c = LL – 40% (c = 0 a 20) d = IP – 10% (d = 0 a 20) No. inteiros e positivos 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 31 32 13/08/21 17 2 Valores de CBR de solos classificados pela HRB 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB 2 4. Sistema de Classificação da Highway Research Board - HRB A4 ~ A7A1 ~ A3 Materiais Granulares ≤ 35% passa na peneira 200 Materiais silto-argilosos > 35% passa na peneira 200 Usa-se LL e IP para separar materiais siltosos de argilosos Usa-se LL e IP para separar materiais siltosos de argilosos (apenas no grupo A2) 0,075 mm 33 34 13/08/21 18 2 Derivada do sistema de classificação elaborado por A. Casagrande (1948), inicialmente denominado Sistema de Classificação de Aeroportos → adaptado pelo Bureau of Reclamation e U.S. Corps of Engineers (1953) → emprego generalizado. ➢ Normatizado pela ASTM D2487 (1983). 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) ou Unified System Classification Soil (USCS) ou Classificação Unificada de Casagrande 2 • Para a fração grossa, foram mantidas as características granulométricas como os parâmetros mais representativos para a sua classificação. • Para a fração fina usa-se os limites de consistência pela importância destes parâmetros face ao tamanho das partículas nas propriedades. • Pela primeira vez os solos orgânicos foram considerados como um grupo de características e comportamento próprio e diferente dos outros dois. 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 35 36 13/08/21 19 2 A estrutura do sistema apresenta uma distribuição dos solos em três divisões (grossos, finos e altamente orgânicos), mantendo-se o número e o símbolo dos grupos, porém, associando-se a cada um deles um único nome, exceto para argilas e siltes orgânicos. 1) SOLOS GROSSOS: > 50% retido No.200 2) SOLOS FINOS: 50% retido No.200 3) TURFAS: solos altamente orgânicos, fibrosos, de baixa densidade e extremamente compressíveis → PT (“peat”) 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 2 Subgrupos: a) pedregulhos (G) b) areias (S) c) siltes inorgânicos e areias finas (M) d) argilas inorgânicas (C) e) siltes orgânicos e argilas (O). 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 37 38 13/08/21 20 2 Grupo 1: Solos grossos PEDREGULHOS: G (“gravel”): > 50% retido No.4 AREIAS: S (“sand”): ≤ 50% retido No.4 ➢ Com pouco ou sem finos (< 5%) – Cu e Cc • Bem graduados - W (“well graded”): GW, SW • Mal graduados - P (“poor graded”): GP, SP ➢ Com finos (> 12%) – gráfico de plasticidade de Casagrande • Argiloso - C (“clay”): GC, SC • Siltoso – M (palavra sueca “mo”): GM, SM ➢ Entre 5 e 12% de finos: símbolo duplo. Exemplo: GW-GM 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 2 Grupo 2: Solos finos ARGILAS: C (“clay”): acima da linha A no gráfico de plasticidade SILTES: M (“mo”): abaixo da linha A no gráfico de plasticidade SOLOS ORGÂNICOS: O (“organic”) : abaixo da linha A, cor e odor característicos e limites do solo seco em estufa ▪ baixa compressibilidade (LL < 50%) – L (“low”): CL, ML, OL ▪ alta compressibilidade (LL > 50%) – H (“high”): CH, MH, OH 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 39 40 13/08/21 21 2 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) CC <1: a curva tende a ser descontínua, há falta de grãos com um certo diâmetro; CC >3: a curva tende a ser muito uniforme na parte central; (1< CC <3): curva suave Bem graduado (W): Para pedregulho (G): Cu > 4 e 1 < Cc < 3; Para areia (S): Cu > 6 e 1 < Cc < 3. 2 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) 41 42 13/08/21 22 2 2 Linha A: ▪ Acima: argila inorgânica (CL, CH) ▪ Abaixo: siltes inorgânicos e argilas orgânicas (ML, MH, OL, OH) Linha B: ▪ À direita: alta compressibilidade (MH, CH) ▪ À esquerda: baixa compressibilidade (ML, CL) 5. Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) ( )20LL.73,0IP −= %50LL = 43 44 13/08/21 23 2 2 45 46 13/08/21 24 2 Propriedades inferidas a partir da classificação SUCS 2 47 48 13/08/21 25 2 Os sistemas de classificação tradicionais foram desenvolvidos com base na experiência acumulada com solos de clima temperado → limitações e incompatibilidades quando aplicadas a solos tropicais e subtropicais: • elevada dispersão de resultados de ensaios referentes às propriedades-índices (limites de consistência e granulometria); • materiais finos com comportamento diferenciado, mesmo apresentando limites de consistência aproximados; • ocorrência de solos argilosos tanto acima como abaixo da linha A do gráfico de plasticidade; • diferenças quanto às propriedades inferidas e o comportamento geotécnico real (resistência, compressibilidade e propriedades hidráulicas). Limitações dos sistemas de classificação convencionais ESCOLA DE ENGENHARIA · Campus Central ·Av. Osvaldo Aranha, 99 3º Andar Porto Alegre - RS · www.ufrgs.br/engcivil Obrigado pela atenção! ESCOLA DE ENGENHARIA · Campus Central · Av. Osvaldo Aranha, 99 3º Andar Porto Alegre - RS · www.ufrgs.br/engcivil Obrigada pela atenção! 49 50
Compartilhar