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EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL 
Graziela Lonardoni 
CONCEITO DA LOUCURA 
• Variável e relacionado ao momento social e histórico, em 
que se atrelam as concepções de “normalidade” e 
“anormalidade”. 
– Portanto, para a caracterização de uma anormalidade, devem 
ser considerados os critérios relacionados. 
– As concepções de saúde e enfermidade variam, conforme o 
contexto social em que estão inseridos. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Grécia Antiga 
• O estudo das “aberrações humanas” foi incluído no campo da 
medicina há cerca de 2.500 anos a.C na Grécia. 
– Até então, existiam, apenas, alusões à loucura como comportamentos 
estranhos, personalidades incomuns ou desagradáveis e mesmo 
“possessões”. 
– As possessões foram uma das formas mais significativas usadas para 
explicar comportamentos tidos como desviantes. 
• É compreensível que a chamada loucura tenha sido explicada de tal 
modo, uma vez que os espíritos eram, também, utilizados para 
caracterizar o raio e o trovão, por exemplo. 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Grécia Antiga 
• Platão e Aristóteles elaboraram teorias sobre a natureza da alma e 
de seus transtornos. 
• Hipócrates, considerado pai da medicina e contemporâneo de 
Platão, sistematizou a nosologia já existente, agregando a esta 
poucos conceitos. 
– Em que constavam, basicamente, a mania, a histeria, a paranoia e a 
melancolia. 
– Explicação natural para os fenômenos da personalidade –Influenciados 
por humores oriundos da terra, fogo, água e ar (estados humorais ~ 
“Teoria dos Humores”). 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Grécia Antiga 
• A loucura era vista como manifestação dos deuses. 
– O louco era reconhecido e valorizado socialmente. 
– As palavras ditas pelo louco eram como um importante saber capaz de 
interferir no destino das pessoas – “Oráculo Divino”. 
– O ataque epiléptico era denominado de “doença divina”. 
• Esse modo de ver o mundo está relacionado a tudo o que não 
fosse passível do entendimento e das explicações do universo 
humano. 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Grécia Antiga 
• Sobrenaturalidade x Somatização 
– Histeria ~ Útero (histero) – Origem sexual mecânica e/ou sexual 
bioquímica. 
• Abstinência sexual ~ “Solteirona”, irritabilidade, alterações do humor. 
• Menstruação ~ Banho frio ~ Sangue “sobe à cabeça”. 
• Similar no homem ~ Desejo sexual reprimido ~ Esperma “sobe à 
cabeça”. 
 
• Substâncias ~ Princípios ativos ~ “Terapêutica”. 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Roma Antiga 
• Sobrenaturalidade x Legislação 
– Direito Romano. 
• Primeiros registros para definição de incapacidades dos doentes mentais. 
• Legislação – Diferencia sanidade insanidade, embriaguez ~ Amenizar “pena” do 
infrator. 
– Imperador Romano, Justiniano – “Terapêutica Institucional”. 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Idade Média 
• Período histórico conhecido como “Idade das Trevas”. 
• Expansão do cristianismo, Igreja Católica detentora do saber/poder 
– “Doutrina dos Temperamentos”. 
• “Estado de humor” – Determinante do “transtorno mental”. 
– Influência demoníaca ~ Possessão ~ “Delírios”. 
– Influência de eventos da natureza ou ambientais. 
• A loucura era decorrente de períodos cíclicos ou fases da natureza, como as fases da lua – 
Origem da expressão do lunático, como sinônimo de louco. 
– Influência de signos/símbolos místicos (origem politeísta). 
– Inquisição ~ Fogueira. 
• Tortura. 
• Desamparo/abandono. 
• Isolamento não assistido. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Idade Média 
• Caracterizações dos estados mentais anormais baseados em estados 
humorais ou lesões anatômicas foram reformuladas de acordo com o ideário 
teocêntrico (Igreja Católica/monoteísta) ou com as práticas e os saberes 
difundidos por astrólogos, boticários e alquimistas (místicos/politeístas ~ início 
da Antiguidade Clássica). 
• Fenômenos mentais aberrantes eram explicados em termos quase morais, 
envolvendo referências a espíritos maus, fantasmas, íncubos e súcubos, 
dentre outros. 
• Subitamente, qualquer “pessoa sã” poderia ser acometida pela loucura 
– Por ser de natureza demoníaca, a loucura poderia desapropriar a razão daqueles ditos 
sãos. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Final da Idade Média e início do período neoclássico ou renascentista 
• Leprosos como expressão social de exclusão. 
– Compreendidos, desde os tempos bíblicos, como aqueles que traziam consigo as 
mazelas/os pecados do mundo. 
– Submetidos ao abandono e à exclusão ou à caridade e à indulgência por parte daqueles 
que atribuíam um caráter religioso, pecaminoso e de condenação, ao explicar as causas 
da lepra. 
• Diminuição do número dos casos de lepra. 
– A lepra perde seu status de causa biológica de impacto social de segregação, exclusão e 
banimento e desocupa o espaço de segregação social. 
– Rapidamente, a loucura assume esse papel e é compreendida como substrato de 
exclusão e diluição social. 
– A imagem do louco foi vitalizada e fortalecida como aquele agente social que fomenta a 
perda da razão, sinônimo de ordem e de norma. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Renascimento ~ Renascença 
• Período histórico conhecido como “Idade das Luzes”. 
• Movimento artístico e científico dos séculos XV e XVI – Retorno à 
Antiguidade Clássica. 
– Corrente ideológica antropocentrista. 
– Retomada dos valores humanistas greco-romanos e das indagações 
sobre a origem e a causalidade naturais dos fenômenos mentais. 
• Origem da urbanização e do comércio – Início do processo de 
produção capitalista. 
 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Renascimento ~ Renascença 
• Louco ~ Leproso. 
– Considerado como incapaz/improdutivo/inútil. 
– Ameaça à “nova ordem” político-econômica. 
• Leprosários ~ Prisões – Isolamento para a loucura. 
– O „doente mental‟ era retirado da convivência com outros homens, sob a alegação de que 
a enfermidade de suas funções mentais superiores desapareceriam e, portanto, a 
convivência social ficaria inviabilizada. 
– Não para ser “tratado” e sim isolado e disciplinarizado, o asilo é compreendido como 
um terceiro poder junto ao Estado e à “Polícia”. 
– Origem dos manicômios. 
– A internação não se restringiu, apenas, aos considerados „doentes mentais‟. 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Absolutismo (séculos XVII e XVIII) 
• Revolução Industrial. 
• Iluminismo. 
• Alienados ~ Manicômios. 
– Sinais de terapêutica médica apesar da apatia social ao caráter 
patológico. 
– Marginalização da loucura. 
• Antes do século XVII a loucura não era uma entidade diferenciada. Tinha-se 
consciência da sua existência, da sua diferença, mas de uma diferença que não é 
perfeitamente delimitada. 
• Não havia um abismo entre a razão e a loucura – Loucura e não-loucura estariam 
confusamente implicadas. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Revolução Francesa (Século XVIII) 
• Crise do Antigo Regime – Expansão da França – Constituição 
Francesa. 
• Luta por direitos à cidadania. 
• Homocentrismo – Ideários humanísticos (liberdade, igualdade, 
fraternidade e propriedade privada). 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Século XVIII 
• França – Alienistas 
– Phillipe Pinel – “Libertário da Loucura”, introdutor do tratamento „humanitário‟. 
– Cientificismo/Academia/Desenvolvimento das especialidades médicas. 
– Estudo das doenças mentais – Observação e descrição detalhada dos transtornos 
mentais. 
• Descoberta de substâncias tóxicas ~ Alterações comportamentais. 
• Classificação – degenerados (estigmas morais e físicos ~ delírio) e 
não degenerados (“normalidade” associada a predisposição ao 
transtorno mental)‏. 
– Esquizofrenia 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURASéculo XVIII 
• Pinel (1745-1826) e Esquirol (1772-1840) – “Pais da Psiquiatria”. 
– Promoveram uma inovadora reforma hospitalar que ficou conhecida como 
“tratamento moral”. 
• “Humanização” no sistema psiquiátrico que se resumia, até então , 
como local de depósito e segregação dos loucos. 
• Revolução na filosofia do atendimento asilar – Quebra dos grilhões e 
cadeados ~ Saneamento da “imundície das celas”. 
• Sentimento de identidade aos doentes mentais. 
– Identificação esta que não implica em inclusão social, mas denota, 
por outro lado, a outra face admitida pelo mesmo fenômeno – A 
loucura. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Século XVIII 
• Declínio da influência da Igreja ~ Aumento da credibilidade à racionalidade. 
– As explorações anatômicas puderam prosseguir e desenvolver-se, consideravelmente – 
Teorias neurofuncionais e anatômicas mais profundas. 
• Nesse contexto, nasce a Psiquiatria que adentra os hospitais gerais – 
Hegemonia da medicina nesses espaços. 
– O poder exercido no interior dessas casas, pertencente à Igreja e ao Estado, passa, à 
Psiquiatria paulatinamente. 
• Não surge como uma especialização do saber ou área da ciência médica, mas como um ramo 
especializado da “higiene pública” – Objetiva a higiene do corpo social por inteiro. 
 
• Para constituir-se como instituição de saber (saber médico fundamentado e justificável), foi 
preciso que a loucura fosse, simultaneamente, codificada como patológica e perigosa, com o 
objetivo de ganhar importância social – A loucura passa então a ser concebida como 
doença e percebida como perigo social. 
 
 
 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Século XIX 
• Desenvolvimento do conceito de inconsciente ~ Hipnose como 
terapêutica. 
– Jean Martin Charcot – Descrição de sintomas histéricos ~ 
Traumas de natureza sexual ~ Registrados no inconsciente. 
– Hipnose – Reprodução de sintomas ~ “cura”. 
– Observação clínica. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Séculos XIX e XX 
• Alemanha – Psiquiatria 
– Estudo dos transtornos mentais – Modernização. 
– Sigmund Freud – Neurologista ~ Rigor experimental – 
Compreensão da “psique” ~ Processos anátomo-fisiológicos. 
• Do grego psyché (alma; conjunto dos fenômenos psíquicos, 
conscientes e inconscientes)‏. 
• Hipnose ~ Catarse ~ Alívio de sintomas. 
• Desenvolvimento de conceitos de inconsciente e repressão ~ 
comportamento. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Séculos XIX e XX 
• Difusão do uso de substâncias com princípios ativos ~ Terapêutica 
dos transtornos mentais ~ Ação no Sistema Nervoso Central. 
• Introdução do eletrochoque e da psicocirurgia. 
• Questionamento do modelo asilar. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Modelo Asilar 
• Exclusão social. 
• Difusão do ideário da, 
– Hereditariedade; 
– Hospitalização; 
– Periculosidade; 
– Não possibilidade de cura; 
– Inabilidade; 
– Incapacidade; 
– Ingerência. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Modelo Asilar 
• Apoiou-se nos seguintes elementos, 
– Rotinas “neurotizantes”; 
– Camisa de força; 
– Eletroconvulsoterapia; 
– Psicocirurgias (lobotomias) ‏; 
– Medicalização; 
– Desrespeito ao desejo do doente mental; 
– Abandono, maus tratos; 
– Precariedade das condições higiênicas/humanas. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Brasil 
• Copia o modelo hospitalocêntrico das experiências europeias do 
século XIX. 
• Hospitais administrados pelas Santas Casas de Misericórdias – 
Igreja Católica gestora dessas instituições e detentora do poder. 
– Em 1852, foi inaugurado o Hospício de Pedro II no Rio de Janeiro – Em 
resposta à loucura e ao louco ~ Número crescente de pessoas livres e 
ociosas que circulavam pelas cidades principais da capital. 
• Este hospital tinha como objetivo implícito limpar a cidade das pessoas denominadas 
improdutivas ~ Ideologia capitalista. 
• Neste contexto, foram criadas as primeiras indústrias farmacêuticas no país. Os 
psicotrópicos tinham o objetivo de propiciar a cura da doença mental ~ Lucro com a 
venda dos mesmos. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Brasil ~ Modelo Manicomial Europeu 
• 1916: Interdição civil e curatela. 
– Código Civil Brasileiro: “[...] Loucos de todo o gênero [...] São incapazes 
para atos da vida civil [...]” – Legalidade da segregação. 
• 1934: Sequestro e cassação dos direitos civis ~ Curatela do 
Estado. 
• A partir de 1980: Transformações sociais e políticas. 
– Fim dos Governos Militares ~ Constituição Brasileira ~ “Diretas”. 
– Reforma Sanitária ~ Princípios e diretrizes do SUS ~ Reforma Psiquiátrica. 
PROCESSO HISTÓRICO DA LOUCURA 
Psiquiatria ~ Doença ~ Controle 
• Uma área de conhecimento entre muitas. 
• Categorizar/diagnosticar. 
• Tratar/medicalizar. 
• Isolar ~ Exclusão social. 
 
Saúde Mental ~ Saúde 
• Diversidade de áreas de atuação – Conhecimento/conceito ampliado. 
• Prevenção/Promoção da saúde – Inversão de modelo assistencial ~ SUS. 
• Reabilitação, reintegração, reinserção social. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Segunda metade do século XX 
• Pós-Guerra ~ Surgimento da bioética. 
• Questionamento de regimes/ideologias autocráticas. 
• Experiência de Franco Basaglia, no hospital psiquiátrico de Gorizia. 
– Originária da Itália a partir de 1961. 
– Marco na história da Reforma Psiquiátrica – Repercussão mundial. 
– Movimento que transformou a assistência prestada aos „doentes mentais‟. 
• Transformação dos saberes e das práticas prestadas pela assistência psiquiátrica 
clássica. 
• Transformação gradual dos serviços prestados aos „doentes mentais‟ ~ Atenção 
humanizada e integral ao sujeito ~ Inclusão social ~ Direito de todo cidadão 
brasileiro. 
 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Reforma Psiquiátrica Brasileira 
• Nos anos de 1970, dá-se o início do processo de Reforma Psiquiátrica no 
Brasil, 
– Processo contemporâneo ao “movimento sanitário”; 
– Favorável à mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde; 
– Em defesa da saúde coletiva, da equidade na oferta dos serviços, e do protagonismo dos 
trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de 
tecnologias de cuidado. 
• A rede de atenção à saúde mental brasileira é parte integrante do Sistema 
Único de Saúde (SUS), 
– Organizada de ações e serviços públicos de saúde, instituído no Brasil pelas Leis 
Federais 8080/1990 e 8142/90. 
– Leis, Portarias e Resoluções do Ministério da Saúde priorizam o atendimento ao portador 
de transtorno mental em sistema comunitário. 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) 
• 1978: Marco do início de movimento social pelos direitos dos „doentes 
mentais no Brasil. 
– Formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de 
familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo 
histórico de internações psiquiátricas. 
• Este movimento protagoniza e denúncia a violência dos manicômios, a 
mercantilização da loucura, a hegemonia de uma rede privada de assistência, 
mas constrói, coletivamente, uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao 
modelo hospitalocêntrico na assistência aos portadores de transtornos 
mentais. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1980 
• Transformação na assistência ao doente mental ~ mudanças 
político-administrativas, júridicas, sócio-culturais e filosóficas. 
– VIII Conferência Nacional de Saúde (1986). 
– Questionamento do modelo asilar, castrador da individualidade 
e dos direitos político-sociais e civis (reflexões acerca da 
cidadania do doente mental)‏. 
• Escândalos ~ denúncia da imprensa. 
• Falha no critério para hospitalização (desinformação da família, 
interesses pessoais,“cultura”, flexibilização de penalidades). 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1980 
• I Conferência de Saúde Mental (Rio de Janeiro, 1987). 
– Criado o primeiro CAPS do Brasil, em São Paulo – Início ao processo de 
intervenção. 
• Constituição Brasileira de 1988 ~ Criação do SUS – Articulação 
entre os gestores federal, estadual e municipal/Controle social 
exercido por meio dos conselhos de saúde. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Mecanismos de desconstrução do Modelo Manicomial/Asilar 
• Constituição de 1988: 
– Compromisso na garantia de direitos a toda sociedade 
brasileira. 
– Conceito ampliado de saúde ~ Reforma Sanitária ~ Reforma 
Psiquiátrica e Movimento Antimanicomial (articulação nacional 
da “Luta Antimanicomial”)‏. 
• Princípios e diretrizes do SUS ~ Nortearam as Conferências de 
Saúde Mental. 
– Inserção da Saúde Mental nas ações gerais de saúde. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
“Luta Antimanicomial” 
• Trabalhadores/Profissionais – Gestores – Familiares. 
 
• Mudança do conceito de fatores causais da loucura. 
– Abandono da origem, exclusivamente, natural. 
– Aceite do fatores sócio-econômico-culturais ~ Limítrofes entre a 
sanidade e a loucura. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1980 
• 1989: Proposta de substituição do modelo hospitalocêntrico por 
uma rede de serviços. 
• Princípios e diretrizes do SUS. 
• Diversificação de práticas terapêuticas 
– Acessibilidade; 
– Redução da hospitalização; 
– Reintegração doente mental/família/sociedade. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1980 
• 1989: Proposta de substituição do modelo hospitalocêntrico por 
uma rede de serviços. 
– Princípios e diretrizes do SUS. 
– Diversificação de práticas terapêuticas. 
– Acessibilidade. 
– Redução da hospitalização. 
– Reintegração doente mental/família/sociedade. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1980 
• 1989: aprovação, na câmara dos deputados, do projeto de lei – 
Autoria do então Deputado Paulo Delgado – Projeção da “Luta 
Anti-manicomial” na área legislativa e normativa. 
– Regulamentar os direitos dos „doentes mentais‟; 
– Extinção progressiva das instituições manicomiais; 
– Serviços Substitutivos de Assistência; 
– Internação psiquiátrica compulsória (determinação legal)‏. 
 
„ 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1990 
• Assinatura da Declaração de Caracas, 
– Documento que marca as reformas na atenção à saúde mental 
nas Américas. 
• Em 1992, 
– Primeiras consequências positivas do projeto de lei de Paulo 
Delgado, 
• Aprovação em vários estados, 
• Implantação das primeiras leis que determinavam a 
substituição progressiva dos leitos psiquiátricos. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1990 
• Em 1992, 
– II Conferência de Saúde Mental, 
• Segmento Público = Segmento Privado – Necessidade de 
humanização ~ Reinserção social. 
• Segmento Público ≠ Segmento Privado – Substituição de serviços 
assistenciais às internações hospitalares ~ Exclusão social. 
• Proposição: Limite e redução gradual de pagamentos – AIH 
(Autorização de Internação Hospitalar) ~ Meta de desocupação (20% 
leitos/ano). 
• Regulamentação e implantação dos serviços de atenção diária e das 
primeiras fiscalizações e classificações dos hospitais psiquiátricos. 
 
 
„ 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Pensamento Reformista 
– Desospitalização ~ Desinstitucionalização; 
– Garantia de cidadania; 
– Transformação das relações institucionais; 
– Melhoria das condições de trabalho; 
– Implantação do modelo participativo de gerenciamento. 
Pensamento Contra-reformista 
– Anteciparam dificuldades do contexto familiar; 
– Redução do lucro com as hospitalizações dos doentes mentais 
– Apoio de familiares dos doentes mentais; 
– Pressão no congresso nacional – Impedindo a tramitação do projeto de lei (aprovação 
lenta – 1989 a 2001)‏. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Década de 1990 
• Em 1992, 
– Portaria GM 224/92, 
• Cria os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) e os Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPS). 
• Regulamenta o funcionamento dos serviços de saúde mental em consonância com 
as diretrizes de descentralização e hierarquização das Leis Orgânicas do Sistema 
Único de Saúde. 
• Caracteriza os NAPS/CAPS como unidades de saúde locais, regionalizadas que 
contam com uma população adscrita. 
• Define o NAPS/CAPS como nível local que oferece atendimento de cuidados 
intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, 
– Pode constituir-se, também, como a porta de entrada da rede de serviços para as ações relativas à 
saúde mental e atende indivíduos referenciados de outros serviços de saúde, dos serviços de 
urgência psiquiátrica ou egressos de internação hospitalar. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Final do século XX 
• Em 2000, 
– Portaria GM 106/2000 
• Institui os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) definidos como moradias ou 
casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos 
portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa 
permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e, que viabilizem 
sua inserção social. 
• Propõe as Residências Terapêuticas (RT) enquanto modalidade assistencial 
substitutiva da internação psiquiátrica prolongada, sendo que a cada transferência de 
interno do hospital especializado para o SRT será reduzido ou descredenciado do 
SUS igual número de leitos naquele hospital. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Início do século XXI 
• Em 2001, 
– Sanção da Lei n.° 10.216 (“Lei Paulo Delgado”). 
– Substitutivo do senado ao projeto de lei original – Redação final. 
– Modificações importantes no texto normativo. 
– Assistência à saúde mental – Com prerrogativa de tratamento em serviços 
de base comunitária. 
– Proteção e direitos dos doentes mentais. 
– Não institui mecanismos claros, referentes a progressiva extinção de 
hospitais psiquiátricos. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
Lei federal n.º 10.216 de 6 de abril de 2001 
• Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de 
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde 
mental. 
 
No mesmo ano ocorreu a III Conferência Nacional de Saúde Mental com 
participação dos usuários e familiares – Ampliar as diretrizes da Reforma 
Psiquiátrica (sustentação e visibilidade). 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• III Conferência Nacional de Saúde Mental (de 11 a 15 de dezembro de 2001) 
– Posterior a promulgação da lei “Paulo Delgado”. 
– Representantes de movimentos sociais, profissionais, usuários e seus 
familiares. 
– Consenso centrado em objetivos da Reforma Psiquiátricas ~ Consolidados 
como política federal. 
– CAPS – Fundamentais para transformações no modelo de assistência em 
saúde mental. 
– Tratamento para alcoolismo e drogadicção em geral (política de saúde 
mental para usuários de álcool e outras drogas). 
– Controle social como a garantia do avanço da Reforma Psiquiátrica no 
Brasil. 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Desinstitucionalização 
– Extinção progressiva dos manicômios. 
• Lei n.° 10.216 inibe 
– A construção de novos hospitais psiquiátricos; 
– O financiamento de novos leitos psiquiátricos pelo poder 
público; 
– Comissões intergestoras e controle social ~ Três níveis 
gestores – SUS » Reguladores. 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Desinstitucionalização 
– Substituição dos modelos manicomiais por instituições abertas 
• Serviços Substitutivos 
– Hospital geral – Unidades de saúde mental 
– Pronto socorro geral – Urgência/emergência psiquiátrica 
– Unidade de atenção intensiva em saúde mental – Hospital-dia; 
Núcleos de Assistência Psicossocial (NAPS); Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPS);pensões protegidas; Serviços de 
Residências Terapêuticas (SRT)/Residências Terapêuticas (RT); 
lares abrigados; centros de convivência e cultura; cooperativas de 
trabalho. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Desinstitucionalização 
– Estratégias 
• Redução de leitos psiquiátricos; 
• Expansão de serviços substitutivos aos manicômios; 
• Programa Nacional de Avaliação do Sistema 
Hospitalar/Psiquiatria (PNASH); 
• Programa Anual de Reestruturação de Assistência Hospitalar 
Psiquiátrica; 
• Programa “De Volta Para Casa”. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– Portaria n.º 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000, cria os 
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) no âmbito do SUS. 
– Portaria n.º 3.090 de 23 de dezembro de 2011, 
• Estabelece que os SRT sejam definidos em tipo I e II; 
• Destina recurso financeiro para incentivo e custeio dos SRT, 
e dá outras providências. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– SRT 
• Configuram-se como ponto de atenção do componente 
desinstitucionalização, sendo estratégicos no processo de 
desospitalização e reinserção social de pessoas longamente 
internados nos hospitais psiquiátricos ou em hospitais de custódia. 
• Constituem-se nas modalidades tipo I e tipo II, definidos pelas 
necessidades específicas de cuidado do morador. 
– As duas modalidades de SRT mantem-se como unidades de 
moradia, inseridos na comunidade – Localizados fora dos 
limites de unidades hospitalares gerais ou especializadas, 
estando vinculados à rede de serviços de saúde. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– SRT 
• O projeto terapêutico elaborado por ocasião do processo de 
desospitalização deverá ser focado na reapropriação do espaço 
residencial como moradia, na construção de habilidades para a vida 
diária referentes ao autocuidado, alimentação, vestuário, higiene, 
formas de comunicação e aumento das condições para 
estabelecimento de vínculos afetivos, com consequente inserção dos 
mesmos na rede social existente. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– SRT 
• Tipo I: moradias destinadas a pessoas com transtorno mental em 
processo de desinstitucionalização. 
– Esta modalidade de moradia deve acolher até 8 (oito) moradores – 
Cuidador de referência avaliado e acompanhado pela equipe 
técnica de acompanhamento do SRT ~ Necessidade de cuidados 
de cada grupo de moradores (número e nível de autonomia dos 
moradores). 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– SRT 
• Tipo II: moradias destinadas àquelas pessoas com transtorno mental e 
acentuado nível de dependência, especialmente em função do seu 
comprometimento físico, que necessitam de cuidados permanentes 
específicos. 
– Esta modalidade de moradia deve acolher até 10 (dez) moradores 
e contar com equipe mínima – Cuidadores de referência e um 
profissional técnico de enfermagem. 
• Para cada grupo de 10 (dez) moradores, orienta-se que a RT seja 
composta por 5 (cinco) cuidadores em regime de escala e 1 (um) 
profissional técnico de enfermagem diário. Esta equipe deve estar em 
consonância com a equipe técnica do serviço de referência. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– Em 2002: Portarias 336 e 189 do Ministério da Saúde – 
Regulamentam e atualizam as normas de funcionamento dos 
CAPS, bem como o processo de financiamento dos mesmos. 
• Criados para organizar a rede municipal de atenção a pessoas com 
transtornos mentais severos e persistentes. 
• São serviços de saúde mental abertos e comunitários que oferecem 
atendimento diário individualizado e acompanhamento clínico – 
Reinserção de pessoas portadoras de transtornos mentais. 
– Atendimento intensivo; atendimento semi-intensivo e atendimento não-intensivo. 
• Divididos por territórios e responsáveis por uma população adscrita – 
Equipe envolvida com as questões sociais da comunidade. 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– CAPS 
• Substitutos dos hospitais psiquiátricos; 
• Unidades de saúde local, regionalizadas – População adscrita pela gestão local; 
• Equipe transdisciplinar – Terapeuta de Referência; 
• “Porta de entrada” da rede de serviços em saúde mental/Acessibilidade; 
• Coordenam a política de saúde mental na área de abrangência – Referência para a 
Equipe de Saúde da Família (ESF). 
• Terapêutica acolhedora para inserção dos doentes mentais; 
• Personalização de projetos e atividades – Garantir frequência e permanência diária 
na instituição terapêutica/Dificuldades em acompanhar atividades estruturadas 
(potencialidades e imitações); 
• Atividades envolvendo familiares dos doentes mentais 
• Desenvolvimento de projetos de reinserção social. 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– CAPS 
• Apresentam as seguintes modalidades: 
– CAPS I – Serviço de atenção básica com capacidade para atender municípios 
com população entre 20.000 a 70.000 habitantes, realiza atendimento diário 
para adultos, com transtornos mentais severos e persistentes; 
– CAPS II – Apresenta uma capacidade operacional para atender em municípios 
com população entre 70.000 e 200.000 habitantes. Podendo comportar um 
terceiro turno até às 21h, realiza atendimento diário para adultos, com 
transtornos mentais severos e persistentes; 
– CAPS III – Apresenta capacidade operacional para atender os municípios com 
população acima de 200.000 habitantes, funciona 24 horas por dia (inclusive 
feriados) e atende população com demanda de transtornos mentais severos e 
persistentes. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos aos manicômios 
– CAPS 
• Apresentam as seguintes modalidades: 
– CAPS i – Especializado no atendimento a usuários na faixa etária específica da 
infância e da juventude com transtornos mentais; 
– CAPS ad – Especializado no atendimento a usuários de álcool e outras drogas, 
realiza atendimento diário à população com transtornos em decorrência do uso 
e dependência de substâncias psicoativas. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Serviços substitutivos 
– Centros de convivência e cultura 
• Espaços de sociabilização estratégica; 
• Aparatos/dispositivos públicos – Promoção do contato com a 
vida cotidiana e da produção cultural; 
• Geração de renda; 
• Clientela não se limita aos doentes mentais; 
• Não são equipamentos assistenciais; 
• Não realizam atendimento médico-terapêutico. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Portaria/GM n.º 251 de 31 de janeiro de 2002, 
• Estabelece diretrizes e normas para a assistência hospitalar em 
psiquiatria; 
• Reclassifica os hospitais psiquiátricos; 
• Define e estrutura a porta de entrada para as internações psiquiátricas 
na rede do SUS; 
• Estabelece, ainda, que os hospitais psiquiátricos integrantes do SUS 
deverão ser avaliados por meio do Programa Nacional de Avaliação do 
Sistema Hospitalar/Psiquiatria (PNASH/Psiquiatria). 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Programa “De Volta Para Casa” ~ Ministério da Saúde 
• Lei n.º 10.708 de 31 de Julho de 2003 
– Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para 
assistência, acompanhamento e integração social, fora 
de unidade hospitalar, de pessoas acometidas por 
transtornos mentais, internados em hospitais ou unidades 
psiquiátricas. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Programa “De Volta Para Casa” ~ Ministério da Saúde 
• Reinserção social do portador de transtorno mental egresso de longas 
hospitalizações; 
• Modelo assistencial centrado na substituição da hospitalização psiquiátricapela 
atenção de base comunitária; 
• Incentiva a ampliação e diversificação de recursos assistenciais e de cuidados; 
• Assegura o bem estar global; 
• Estimula o exercício pleno dos direitos civis, políticos; 
• Benefício – R$ 240,00 (apoiar processo de reabilitação psicossocial), 
– Avaliação para ingresso e renovação ~ Comissão de acompanhamento do 
programa;‏ 
• Responsabilidade dos gestores – SUS. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Portaria n.º 52 de 20 de janeiro de 2004, 
• Institui o Programa Anual de Reestruturação da Assistência 
Psiquiátrica Hospitalar no SUS; 
• Propõe que o processo de mudança do modelo assistencial 
seja conduzido de modo a garantir uma transição segura. 
– Redução dos leitos hospitalares planificada e 
acompanhada da construção concomitante de 
alternativas de atenção no modelo comunitário. 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Portaria n.º 245 de 17 de fevereiro de 2005, 
• Destina incentivo financeiro para implantação de Centros de 
Atenção Psicossocial. 
– Portaria n.º 246 de 17 de fevereiro de 2005, 
• Destina incentivo financeiro para implantação de Serviços 
Residenciais Terapêuticos. 
 
 
 
REFORMA PSIQUIÁTRICA 
• Estratégias 
– Portaria n.º 1.876 de 14 de Agosto de 2006, 
• Instituiu Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em 
todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de 
gestão. 
– Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006, 
• Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SisNAD); 
• Prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de 
usuários e dependentes de drogas; 
• Estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de 
drogas; 
• Define crimes e dá outras providências. 
 
 
 
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