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Atenção à Saúde Mental: Contexto histórico, Reforma Psiquiátrica e atualidades Prof.ª prisca dara lunieres pegas coêlho MANAUS 2021 O QUE FOI A REFORMA PSIQUIÁTRICA Pré-História Antiguidade Filósofos gregos procuravam causas somáticas Acreditavam que as doenças mentais eram decorrentes de disfunções nos órgãos do corpo A loucura era um problema privado ou familiar não era vista como um problema social Tratamento: casamento para moças e viúvas, banhos vaginais para atrair o útero para o seu local de origem; relações sexuais e a masturbação para aliviar as tensões; sangria. O termo Melancolia = estado mórbido de tristeza e depressão A Histeria era causado pelo deslocamento do útero por falta de atividades sexuais Idade Média Chamados de lunáticos (do latim luna=lua), pois acreditava-se que a mente das pessoas era influenciada pelas fase da lua Eram também considerados pecadores Idade Moderna Processo de industrialização (princípios racionalistas e oposição ao misticismo religioso) Mercantilismo + formação de cidades + concentração de pessoas = aumento do número de mendigos e pobreza Idade Contemporânea – Revolução Francesa Final do século XVIII, denúncias contra as internações de doentes mentais junto aos marginais e contra as torturas a que eram submetidos Em 1793, o médico francês Philippe Pinel quebrou as correntes que prendiam os alienados ou insanos No final do séc. XVIII e início do séc. XIX o médico Philippe Pinel fez surgir a Psiquiatria A loucura passa a ser considerada uma doença, que exigia condições e tratamentos específicos Nessa época avança a descrição das doenças mentais “ a demência não é uma culpa que o homem deva sofrer o castigo, mas uma doença que mereça toda consideração de nossa parte, somos responsáveis por uma humanidade doente.” Philippe Pinel (1745 – 1826) Idade Contemporânea O Hospício Pedro II, inaugurado no Rio de Janeiro em 1852, foi o primeiro hospital psiquiátrico do Brasil O tratamento só poderia ocorrer através da internação Todos os "loucos" eram agressivos e perigosos 1.903: Política Manicomial - Lei Federal de assistência aos alienados Implementação das colônias agrícolas (Inserir o trabalho como meio e fim do tratamento) Diminuir a superlotação Sanear e organizar a cidade Idade Contemporânea Século XX: Freud revela a concepção do homem como um todo mente/corpo e o papel da história pessoal no desenvolvimento dos transtornos emocionais 1952: sintetizada em laboratório o primeiro neuroléptico do mundo, a clorpromazina. Progressos: Atitude positiva em relação à doença mental Doentes crônicos melhoram O tratamento em casa tornou-se possível Expandem-se tratamentos psicoterápicos Hildegard Peplau: teoria do relacionamento terapêutico enfermeiro/paciente Enfoque da assistência física (higiene, limpeza) para centrar-se nas relações interpessoais (ambiente terapêutico) Idade Contemporânea A partir de 1964 (Golpe Militar), os hospitais psiquiátricos passaram a ser ocupados até 10X mais O governo começou a contratar incisivamente os hospitais psiquiátricos particulares para atender aos hospitais públicos Como o governo pagava pouco pelas diárias, os hospitais reduziram seus custos e pioraram definitivamente as condições de hospedagem e cuidados Incentivar o maior número de internações e o mais prolongadas possível (Industria da Loucura) Fonte: http://marcozero.org/industria-da-loucura/ Um caso notável desse período é o de Leonel Tavares de Miranda e Albuquerque, ministro da Saúde entre os anos de 1967 e 1969. Ele se tornou proprietário do maior manicômio privado do mundo, a Casa de Saúde Dr. Eiras, em Paracambi (RJ). O local manteve quase dois mil leitos, totalmente financiados com recursos públicos repassados pelo Estado. Reforma Psiquiátrica Iniciada na década de 1970 1978: Início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil com o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) Integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas Denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais Reforma Psiquiátrica LEI Nº 10.216, de 6 de abril de 2001 – Política de Atenção Integral à Saúde Mental (Lei Paulo Delgado) redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária Proteção e direitos de pessoas com transtornos mentais Rede de atenção diária (CAPS) Financiamento do MS para serviços abertos e substitutivos dos hospícios DESINSTITUCIONALIZAÇÃO = Desospitalização Serviços Substitutivos - Residência Terapêutica - Programa de Volta para Casa - Hospital-Dia - Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) - Serviço de Urgência em H. Geral - Leito ou Unidade Psiquiátrica em Hospital Geral Residência Terapêutica São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não As residências não são precisamente serviços de saúde, mas espaços de morar, de viver Temos dois tipos de SRTs: SRT I: focaliza-se na inserção dos moradores na rede social existente (trabalho, lazer, educação, etc.). O acompanhamento é realizado pelos A.C.S do PSF. É necessário a ajuda de uma pessoa capacitada para este tipo de apoio aos moradores SRT II: Constituída para clientela carente de cuidados intensivos. É necessário monitoramento técnico diário e pessoal auxiliar permanente na residência durante 24 horas/dia Programa de Volta para Casa OBJETIVO: Contribuir para a reinserção social Facilitar o convívio social Assegurar os direitos civis, políticos e de cidadania Este programa consiste no pagamento mensal de um salário mínimo ao beneficiado ou seu representante legal. Período: um ou dois anos BENEFICIADOS: Pessoas com T.M. egressos de internações psiquiátricas em hospitais cadastrados pelo SUS Moradores das RT Hospital-Dia OBJETIVOS: Minimizar o isolamento Evitar reinternações Reduzir o tempo de internação Promover organização interna do paciente Incentivar criatividade e produtividade Melhorar relações familiares Propiciar independência Facilitar integração ao ambiente social Solidificar a conscientização sobre o uso dos medicamentos ABRANGENCIA: Funciona diariamente de 8h às 17h Oferece atendimento multiprofissional Oficinas e grupos terapêuticos Alimentação Tempo máximo de permanência 45 dias Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) DEFINIÇÃO: É um serviço de saúde aberto e comunitário com referencia e tratamento de pessoas acometidas de T.M. cuja severidade e/ ou persistência não justifiquem sua internação OBJETIVOS: Oferecer atendimento à população Realizar acompanhamento clínico Garantir reinserção social Fortalecer laços familiares e comunitários, etc EQUIPE MULTIPROFISSIONAL MINIMA: Médico psiquiatra Médico clínico Enfermeiro Psicólogo Assistente Social Terapeuta Ocupacional Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) TIPOS DE CAPS (Portaria GM 336/02 cria 05 tipos de CAPS): CAPS I: Transtornos mentais graves e persistentes (população acima de 15 mil habitantes) CAPS II: Transtornos mentais graves e persistentes (população acima de 70 mil habitantes) CAPS III: Urgência e emergência, funciona 24horas (população acima de 150 mil habitantes) CAPSi: Para crianças e adolescentes com T.M (população acima de 70 mil habitantes) CAPSad: Sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas (população acima de 150 mil habitantes) Serviço de Urgência em H.Geral OBJETIVOS: Evitar internação Atendimento resolutivo Permitir retorno ao convívio social em menor tempo possível DISPOSIÇÕES GERAIS: Funcionam 24 h Contam com 02 leitos para internação de até 72h Garantem atendimento multiprofissionalTipos de atendimento: individual, grupal, familiar Após alta referenciar o paciente para centro de tratamento conforme sua necessidade Leito ou Unidade Psiquiátrica em H.Geral OBJETIVO: Oferecer retaguarda hospitalar em casos em que a internação se faça necessária, após esgotadas todas as possibilidades de atendimento extra hospitalares DISPOSIÇÕES GERAIS: O numero de leitos não deve ultrapassar 10% da capacidade do hospital até o máximo de 30 leitos O atendimento deve ser feito por equipe multiprofissional Deverá ter salas para trabalhos em grupo Os pacientes devem ter área para lazer, educação física dentre outras Tipos de atendimento: individual, grupal, familiar Qual a realidade hoje? PORTARIA Nº 3.588, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2017: MS inclui os hospitais psiquiátricos nos serviços de assistência à Saúde Mental Não haverá mais o chamado "modelo substitutivo” Os dois modelos de atendimento deverão coexistir NOVA SAÚDE MENTAL (NOTA TÉCNICA Nº 11/2019): Inclusão dos hospitais psiquiátricos nas Redes de Atenção Psicossocial (Raps) Financiamento para compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia (ECT), mais conhecidos como eletrochoque Possibilidade de internação de crianças e adolescentes Abstinência como uma das opções da política de atenção às drogas Vídeo Paulo Amarante, coordenador do Laboratório de Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (LAPS/ENSP/Fiocruz) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), fala sobre Nota Técnica de 2019. https://youtu.be/kZFZGZ01r5k Reflexão crítica Norma vai contra o movimento de desospitalização instituído no Brasil, reforçando o modelo anterior à Reforma Psiquiátrica e excluindo os pacientes do convívio social A mentalidade antimanicomial não é para deixar de internar, é para não internar aqueles que podem ser tratados fora do hospitais Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília: MS, 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf CARVALHO, M. B. Psiquiatria para a Enfermagem. São Paulo: Rideel, 2012
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