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Sumário de Conceitos de Morfologia - Koch e Silva

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1 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
DEPARTAMENTO DE LETRAS 
CIDADE UNIVERSITÁRIA PROF. JOSÉ ALOÍSIO DE CAMPOS 
 
SUMÁRIO DE CONCEITOS DE MORFOLOGIA 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PRINCIPAL: 
SILVA, M.C.P.S. & KOCH, I.G.V. Lingüística aplicada ao português: morfologia. 18ª ed. São Paulo: Cortez, 
2011. 
 
0. Morfologia - definições: a) estudo das formas das palavras sob o ponto de vista de sua derivação e flexão; 
b) descrição das regras que regem a estrutura interna das palavras. 
 
1. Morfema: definições. 
 
1.1 a menor unidade formal dotada de significado, ou seja, a unidade mínima que não pode ser segmentada, 
sem que se destrua ou se altere drasticamente seu significado original; o menor elemento significativo em 
uma língua; a unidade gramatical mínima distintiva; as menores unidades significativas que podem constituir 
palavras ou partes de palavras. 
 
1.2 Ex.: em "nós falávamos", temos os morfemas {nós}; {fal-}; {-á-}; {-va-}; {-mos}. 
 
1.3 Em "nós do trânsito" de acordo com o sentido atribuído, poderemos considerar o morfema {nós} ou os 
morfemas {nó-}; {-s}, verificando a importância do sentido para a análise morfológica. 
 
2. Morfemas lexicais  lexemas  e morfemas gramaticais  gramemas  (conceitos definidos em nível 
de vocábulo formal, ou seja, em nível não sintático-oracional) > plano paradigmático. 
 
2.1 morfemas lexicais ou lexemas são os morfemas com significado estritamente lexical, isto é, morfemas 
que dizem respeito ao vocabulário da língua e cuja referência é puramente extralingüística (mundo biossocial 
ou antropocultural). Constituem um acervo aberto de itens. Ex.: {feliz} = «contente; alegre»; {falar} = 
«exprimir-se por meio de palavras». 
 
2.2 morfemas gramaticais ou gramemas são os morfemas com significado estritamente gramatical; em 
outras palavras, trata-se de morfemas que dizem respeito à estrutura gramatical de uma língua (sua 
gramática) e cuja referência é puramente intralingüística. Ex.: {-a-} = «vogal temática»; {-va-} = «morfema 
modo-temporal»; {-mos} = «morfema número-pessoal»; {-mente} = «sufixo adverbial que indica ‹maneira› ou 
‹modo›». 
 
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2 
 
3. Formas livres, formas presas e formas dependentes (conceitos definidos em nível de enunciado) > plano 
sintagmático. 
 
3.1 formas livres são morfemas, em nível de enunciado, que podem funcionar isoladamente como 
instrumento suficiente de comunicação. Ex.: "Que você vende?" "Livros.". 
 
3.2 formas presas são morfemas, em nível de enunciado, que apenas funcionam como instrumento 
suficiente de comunicação quando ligados — em determinadas posições fixas — a outros morfemas. Ex.: 
{re-} em "revender"; {-s} em "livros". 
 
3.3 formas dependentes são morfemas, em nível de enunciado, que não são livres porque não podem 
funcionar isoladamente como instrumento suficiente de comunicação e, ao mesmo tempo, não são presos 
porque podem separar-se do morfema livre do qual dependem. Ex.: {a}; {o}; {de}; {com}; {pois}. 
 
3.3.1 podem separar-se mediante intercalação de outros morfemas livres entre o morfema livre anterior e o 
morfema dependente. Ex.: "A lei é justa.": {a} = morfema dependente; "A grande lei é muito justa.": {a}; 
{grande}; {muito} = morfemas dependentes. 
 
3.3.2 podem separar-se mediante mudança de posição na estrutura sintática do enunciado, como acontece 
com as partículas átonas do português. Ex.: "Fala-se muito disso."; "Não se fala muito disso.". 
 
3.3.3 como exemplo de morfemas dependentes em português, temos os artigos, os pronomes, as 
preposições e as conjunções. 
 
4. Vocábulo formal: definição. 
 
4.1 "é a unidade a que se chega quando não é possível sua divisão em duas ou mais formas livres ou 
dependentes". Trata-se, portanto, de um vocábulo constituído por um morfema livre ou um morfema 
dependente. 
 
4.2 tanto os morfemas livres quanto os morfemas dependentes que constituem um vocábulo formal podem 
apresentar-se quer indivisíveis (exemplo: "sol"; "a"), quer divisíveis em unidades mórficas menores (exemplo: 
{in-}{-feliz-}{-mente}; {im-}{-pre-}{-vis-}{-í-}{-vel}; {a}{-s}. 
 
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4.2.1 quando divisíveis em unidades mórficas menores, os morfemas livres e os morfemas 
dependentes de um vocábulo formal podem ser constituídos por morfemas livres ligados a morfemas presos 
(exemplo: {feliz-}-{-mente}) ou apenas por morfemas presos (exemplo: {im-}{-pre-}{-vis-}{-i-}{-vel-}-{-mente}. 
 
5. Vocábulo formal, morfemas livres, morfemas presos, morfemas dependentes, morfemas lexicais e 
morfemas gramaticais: exemplos. 
 
níveis exemplos tipos 
enunciado "feliz"; "felicidade" vocábulo formal e forma livre 
enunciado "-dade" forma presa 
enunciado "a"; "nossa" forma dependente 
vocábulo {feliz}; {lápis} morfema lexical 
vocábulo {-dade}; {-mente} morfema gramatical 
 
6. Princípios de análise mórfica. 
 
6.1 "a análise mórfica consiste na descrição da estrutura do vocábulo mórfico, depreendendo suas formas 
mínimas ou morfemas, de acordo com uma significação e uma função elementares que lhes são atribuídas 
dentro da significação e da função total do vocábulo.". 
 
6.2 comutação — operação contrastiva por meio da permuta de elementos em dado ponto da estrutura 
mórfica, segundo as etapas: a) segmentação do vocábulo mórfico; b) permuta paradigmática. 
 
6.2.1 Ex.: comutação de morfemas lexicais = {jog-}/{and-}/{cant-} {-ar}; comutação de vogais temáticas = 
{jog-} {-a-} {-r}; {beb-} {-e-} {-r}; {ped-} {-i-} {-r}; comutação de morfemas modo-temporais = {joga-} {-re-}/{-ria-
}/{-va-} {-mos}; comutação de morfemas número-pessoais = {jogaría-} {-mos}/{-s}/{-m}. 
 
6.3 alomorfia — possíveis variações fônicas de uma dada forma mínima ou morfema, as quais 
desempenham função semântica semelhante. Tais variações podem não ser fonologicamente condicionadas 
(caso das variações livres que independem de causas fonéticas, como as alternâncias vocálicas em "faz"; 
"fez" e "fiz"1), ou podem ser morfologicamente condicionadas. Ex.: morfema indicativo do plural em 
português: {-s}; alomorfe desse morfema: {-es}; alomorfes lexicais: {ordem}; {orden-} (em "ordenar"); {ordin-} 
(em "ordinário"). 
 
6.4 mudança morfofonêmica — alomorfia foneticamente condicionada que implica a aglutinação de fonemas 
nas partes iniciais e finais dos constituintes, acarretando mudanças fonéticas e afetando o plano mórfico da 
 
1
 Mudança vocálica no radical. 
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língua. Ex.: a) redução fonética de {in-} para {i-} diante de vogal nasal = {incapaz}; {imutável}; b) 
inserção de fonema vocálico = {passear}; {passeio}; c) permuta de fonema consonantal = {dúvida}; 
{indubitável}. 
 
6.5 neutralização — perda da oposição entre unidades significativas diversas, verificada quer no plano 
mórfico quer no plano do condicionamento fonológico. Ex.: a) neutralização no plano mórfico = {cantava} (1ª 
pessoa singular); {cantava} (3ª pessoa singular); b) neutralização no plano fonológico = {temer}  {teme} 
(segunda conjugação em {-e-}); {partir}  {parte} (terceira conjugação em {-i-} que passa à neutralização em 
{-e-}, ou seja, perda do contraste entre {-e-} e {-i-}). 
 
6.5.1 neutralização ao longo dos paradigmas verbais (neutralização entre a 2ª e a 3ª conjugação pela perda 
da tonicidade da vogal temática): 
 
"temer" "partir" ocorrência de neutralização 
"teme" "parte"sim 
"temes" "partes" sim 
"teme" "parte" sim 
"tememos" "partimos" não 
"temeis" "partis não 
"temem" "partes" sim 
 
7. Classificação dos morfemas gramaticais ou gramemas. 
 
7.1 morfemas gramaticais classificatórios: são constituídos pelas vogais temáticas — morfemas cuja função 
é enquadrar vocábulos em classes de nomes e verbos. 
 
7.1.1 morfemas classificatórios nominais: {-a}; {-e}; {-o}. 
 
7.1.2 morfemas classificatórios verbais: {-a}; {-e}; {-i}. 
 
7.2 morfemas gramaticais flexionais: são morfemas que flexionam ou alteram os morfemas lexicais, 
adaptando-os para que expressem diversas categorias gramaticais (gênero, número, modo, tempo, pessoa, 
aspecto). São de seis tipos, abaixo discriminados. 
 
7.2.1 morfemas flexionais aditivos: resultam do acréscimo de fonemas ao morfema lexical, indicando 
diversas categorias gramaticais. Ex.: {rapaz}  {rapazes} (morfema aditivo {-es}, indicando número); 
{professor}  {professora} (morfema aditivo {-a}, indicado gênero). 
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7.2.2 morfemas flexionais cumulativos: resultam da acumulação de noções gramaticais expressas por um 
único morfema indivisível. Ex.: {amáramos} (morfema cumulativo {-ra-}, indicando modo verbal indicativo; 
tempo verbal pretérito e aspecto perfeito). 
 
7.2.3 morfemas flexionais subtrativos: resultam da supressão de um segmento fônico do morfema lexical, 
indicando uma categoria gramatical. Ex.: {órfão}  {órfã} (expressando a noção gramatical "feminino"). 
 
7.2.4 morfemas flexionais alternativos: resultam da alternância ou permuta de um fonema no interior do 
vocábulo, caso manifestado claramente no fenômeno da metafonia (modificação do timbre de uma vogal sob 
a influência de uma vogal vizinha). Ex.: {povo}  {povos} (indica-se por metafonia, em complemento ao 
morfema {-s}, a presença da noção gramatical "plural"). 
 
7.2.5 morfema flexional zero: resulta da ausência de marca para expressar uma dada categoria gramatical. 
Nesse caso, a oposição morfológica dá-se entre a ausência de um morfema versus a presença de um outro 
morfema expressando a significação oposta. Ex.: {mar-} versus {mar-es}; {professor-} versus {professor-
a}. 
 
7.2.6 morfemas flexionais latentes ou alomorfes-zero: resultam da ausência de marca para expressar uma 
dada categoria gramatical, sem apresentar contraste com qualquer outro morfema opositivo (não há um par 
de morfemas que, por oposição, expressem alguma categoria gramatical). Nesses casos, depende-se do 
co(n)texto para se determinar a significação precisa. Ex.: {lápis-} versus {lápis}; {artista-} versus {artista}, 
indicando, indiferentemente, número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino). 
 
7.3 morfemas gramaticais derivacionais  AFIXOS (PREFIXOS E SUFIXOS): são morfemas que 
acrescentam novos vocábulos ao léxico de uma língua, sem que haja uma sistematização derivacional 
obrigatória ou uma necessária generalização dos procedimentos derivacionais. Ex.: {livro}; {livr-eiro}; {livr-
inho}; {livr-aria}. 
 
7.3.1 os morfemas gramaticais derivacionais não constituem um quadro de relações coerentes, regulares, 
precisas e constantes, capazes de serem preenchidas por projeção. Ex.: 
 
{cantar} {canto} (subs.) {*cantação} (?) {*cantamento} (?) {cantarolar} 
{falar} {fala} (subs.) {falação} {*falamento} (?) {*falarolar} (?) 
{consolar} {consolo} (subs.) {consolação} {*consolamento} (?) {*consolarolar} (?) 
{julgar} {*julgo} (subs) (?) {*julgação} (?) {julgamento} {*julgarolar} (?) 
 
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7.3.2 não há, igualmente, um quadro coerente e regular de morfemas diminutivos e, dos existentes, 
nem todos podem ser empregados em qualquer co(n)texto. Morfemas tais como {-ção}; {-mento}; {-inho} não 
têm, por exemplo, o mesmo comportamento dos morfemas modo-temporais e número-pessoais da flexão 
verbal. 
 
7.3.3 como uma falha em muitas gramáticas normativas, considera-se que os morfemas indicadores de grau 
(aumentativos e diminutivos) representam um processo de flexão, quando, em verdade, são 
caracterizadores de um processo derivacional. 
 
7.4 morfemas gramaticais relacionais  FORMAS DEPENDENTES: são morfemas que ordenam e 
organizam os elementos do enunciado, possibilitando a concatenação de morfemas lexicais. Trata-se de 
morfemas tais como as preposições, as conjunções e os pronomes relativos. 
********** 
{OBS.: ANEXO: SUMÁRIO DE KEHDI, V. (2003). "Capítulo 5: Classificação dos morfemas (1)" In Morfemas do português. 6ª ed. 
São Paulo: Ática. 26-39. 
a) radical: elemento irredutível e comum às palavras de uma mesma família. Ex.: “ferro”, “ferreiro”; “ferradura”, “ferramenta” >radical 
= {ferr-}. 
a1) o termo “raiz” designa o radical segundo uma perspectiva diacrônica. Radical e raiz podem não coincidir: em edĕre > cumedĕre > 
... > comer, temos a raiz latina {ed-}; já em “comer”, o radical é {com-}. 
b) afixos: prefixos e sufixos: morfemas que se anexam ao radical para mudar-lhe o sentido (“fazer” > “des-fazer”), para acrescentar-
lhe uma idéia secundária (“livro” > “livr-eco”) ou para transpô-lo para uma outra classe vocabular (“leal”, adjetivo; “leal-dade”, 
substantivo). 
b1) afixos antepostos ao radical denominam-se “prefixos”. Ex.: “des-montar”; afixos pospostos ao radical denominam-se “sufixos”. 
Ex.: “fiel-mente”. 
b2) a diferença entre prefixos e sufixos não é puramente distribucional; o acréscimo de um prefixo não determina a mudança de 
classe vocabular do radical, enquanto os sufixos podem contribuir para isso. Ex.: “cruel” (adjetivo ); “cruel-mente” (advérbio); porém, 
“ferro” (substantivo) e “ferr-eiro” (substantivo) mantêm a mesma classe. 
b3) prefixos agregam-se normalmente a verbos (des-fazer) e a adjetivos (in-completo); são raros os prefixos aplicados a substantivos 
(des-respeito). 
b4) sufixos podem ser nominais, formando nomes e adjetivos (arma-mento; vit-al), e verbais (flor-escer; mour-ejar; galant-ear; civil-
izar). 
b5) há um único sufixo adverbial em português: {-mente}. 
c) desinências: morfemas terminais de palavras variáveis. Indicam flexão de gênero, número (desinências nominais), modo-tempo e 
número-pessoa (desinências verbais). 
c1) colocam-se à direita do radical  tal qual os sufixos , mas apresentam diferenças importantes em relação a estes: 1) as 
desinências servem para situar as palavras na frase, mediante as concordâncias nominais e verbais (flexões); os sufixos servem 
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para derivar novas palavras a serem acrescentadas ao léxico (derivações); 2) as desinências são morfemas gramaticais 
indispensáveis e generalizados, enquanto os sufixos não o são. 
c2) desinências nominais de gênero: o gênero em português expressa-se mediante flexão (“garot-o” vs. “garot-a”), mediante 
derivação (“duqu-e” vs. “duqu-eza”) ou heteronímia (tour-o vs. vac-a). 
c2.1) em português, as desinências de gênero constituem-se como o par opositivo {-o} vs. {-a}. A desinência {-o} apresenta os 
alomorfes {-} (“autor-” vs. “autor-a”) e {-u} semivocálico (“ma-u” vs. “má”). 
c3) desinências nominais de número: o número em português expressa-se mediante flexão opositiva do par {-} vs. {-s}. 
c3.1) os nomes paroxítonos terminados em “-s” (“simples”), invariáveis no singular e no plural, implicam a presença de um alomorfe 
{-}. 
c3.2 os nomes terminados em consoante flexionam-se mediante acréscimo do alomorfe de número {-es}. 
c4) desinências verbais de modo-tempo:modo tempo morfema alomorfe 
indicativo presente -- 
indicativo pretérito imperfeito -va- (1ª conjugação) 
-ia- (2ª / 3ª conjugação) 
-ve- 
-ie- 
indicativo pretérito perfeito -- (cinco primeiras pessoas) 
-ra- (terceira pessoa do plural) 
 
indicativo pretérito-mais-que-
perfeito 
-ra- (átono) 
 
-re- (átono) 
indicativo futuro de presente -rá- (tônico) -re- (tônico) 
indicativo futuro do pretérito -ria- -rie- 
subjuntivo presente -e- (1ª conjugação) 
-a- (2ª / 3ª conjugações) 
 
subjuntivo imperfeito -sse- 
subjuntivo futuro -r- -re- 
forma nominal infinitivo -r -re- 
forma nominal gerúndio -ndo 
forma nominal particípio -do 
 
c5) desinências verbais de número-pessoa: 
 
número pessoa morfema alomorfe 
singular 1ª pessoa - -o (pres. indic.) 
-i (pret. perf. e fut. do pres.) 
singular 2ª pessoa -s -ste (pret. perf.) 
singular 3ª pessoa - -u (pret. perf.) 
plural 1ª pessoa -mos 
plural 2ª pessoa -is -stes (pret. perf.) 
-des (fut. de subj. e infin. flexionado) 
 
 
8 
plural 3ª pessoa -m -o 
 
d) vogais temáticas: acrescentam-se, em geral, ao radical para constituir uma base à qual acrescentam-se as desinências; colocam-
se, pois, entre o radical e a desinência. Marcam os paradigmas ou classes nominais e verbais. 
d1) vogais temáticas nominais: em português, são temáticas as vogais {-a-}, {-e-} e {-o-}. Cabe não confundi-las com as desinências 
de gênero. 
d1.1) enquanto as desinências de gênero {-o} e {-a} são comutáveis, o mesmo não ocorre com as vogais temáticas. Ex.: “garot-o” vs. 
“garot-a”; “livr-o” vs. *“livr-a” (?) (feminino de “livro”). 
d1.2 as vogais temáticas não correspondem aos gêneros gramaticais. Ex.: “mapa” (masculino); “libido” (feminino). 
d1.3 a vogal temática {-o} apresenta, freqüentemente, o alomorfe {-u} Ex.: “luto” (substantivo) > “lutuoso”; “conceito” > conceitual”. 
Porém, essa variante não é obrigatória. Ex.: “respeito” > “respeito-oso” > “respeitoso”. 
d1.4 há substantivos atemáticos  desprovidos de vogal temática : no caso de certos nomes oxítonos, a vogal aparentemente 
temática na verdade é parte integrante do radical. Ex.: “cipó” > “cipo-al”; “café” > “cafe-zinho” (a vogal tônica não é destacável do 
radical, mesmo com o acréscimo de sufixos). 
d1.5 os nomes terminados em consoante podem ser considerados atemáticos, postulando-se, portanto, a inexistência de vogal 
temática. 
d2) vogais temáticas verbais: em português, três são as vogais temáticas: {-a-} (primeira conjugação); {-e-} (segunda conjugação) e 
{-i-} (terceira conjugação). 
d2.1 a vogal temática {-a-} apresenta os alomorfes {-e-} e {-o-} (primeira e terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do 
indicativo). Ex.: “am-e-i”; “am-o-u”. 
d2.2 a vogal temática {-e-} apresenta um alomorfe {-i-} (pretérito imperfeito do indicativo; primeira pessoa do singular do pretérito 
perfeito do indicativo e no particípio. Ex.: “vendia”;”vendi” e “vendido”. 
d2.3 a ausência de vogal temática nas formas verbais não constituem casos de alomorfe . Ocorrem casos de elisão da vogal 
temática em contato com a vogal da desinência. Ex.: “amo” < “am-a-o”; “ame” < “am-a-e”. Também, ocorre a crase da vogal 
temática. Ex.: “vendia” < “vend-i-ia” (crase do alomorfe {-i-} com a vogal da desinência {-ia}. 
d2.4 sempre que possível, devemos postular a presença de uma vogal temática, sendo sua ausência explicada por fenômenos 
fonológicos. 
d2.6 em alguns deverbais pode ocorrer a presença de duas vogais temáticas  uma verbal e outra nominal : “armamento” < arm-
a-ment-o”. 
e) vogais e consoantes de ligação: fonemas que ocorrem no interior dos vocábulos, normalmente entre o radical e o sufixo, cuja 
utilidade está determinada pela eufonia; podem , contudo, aparecer por analogia vocabular. Em português, existem duas vogais de 
ligação propriamente ditas: /-i-/ e /-o-/. Ex.: “dign-i-dade”; “facil-i-dade” (comparando-se com “leal-dade” e “ruin-dade”, sem vogal de 
ligação); “gas-ô-metro”. 
e1) os pares “sério” / “seri-e-dade”; “sóbrio” / “sobri-e-dade”; “próprio” / “propri-e-dade” indicam a existência de um alofone /-e-/ para o 
fonema /-i-/, variante fonologicamente condicionada. 
e2) as consoantes de ligação mais produtivas em português são /-z-/ e /-l-/. Ex.: “café” > “cafe-z-al”; “pau” > “pau-l-ada”; “chá” > “cha-
l-eira”. Outras consoantes  tal como /-t-/  são raras (“café” > cafe-t-eira”). 
 
 
9 
e3) os fonemas de ligação em geral terminal anexados pelos sufixos, que apresentam, assim, alomorfes. Ex.: “ -inho” > “-
zinho”; “-eira” > “-leira”}. 
********** 
8. Vogais e consoantes de ligação. 
 
8.1 vogais e consoantes de ligação são fonemas que aparecem no interior dos vocábulos sem qualquer valor 
mórfico, isto é, não possuem qualquer valor significativo. Ocorrem quando da junção de morfemas lexicais e 
morfemas derivacionais; sua função consiste em evitar dissonâncias na junção desses morfemas 
significativos e facilitar a prolação em língua falada. Ex.: {chá} + {-eira}  {chá} + {-l-} + {-eira}  {chaleira}. 
 
8.2 vogais e consoantes de ligação possuem caráter puramente eufônico e passam a fazer parte dos 
morfemas aos quais se ligam, produzindo exemplos de alomorfia foneticamente condicionada (aglutinação 
de morfemas nas partes iniciais e finais de morfemas em seqüência, acarretando mudanças fonéticas). Ex.: 
"chaleira"  {chá-} + {-l-} + {-eira}  {chá-} + {-leira}  {-eira}; {-leira} (alomorfes derivacionais}. 
 
9. Estruturas dos vocábulos em português. 
 
9.1 em português, os vocábulos podem ser formados de acordo com as estruturas apresentadas abaixo. 
 
9.1.1 nomes: [ [ [ (Pref) [ Rz / Rd] ( VL / CL ) (Suf) ] ( VT ) ] Te (Des) ] 
 
9.1.2 verbos: [ Rd ( VT )Te (Des MT) (Des NP) ] 
 
morfema lexical ML {azul}; {sol} 
morfema lexical; (vogal temática); 
morfemas flexionais 
ML (+VT) + MF {alun-} + {-a-} + {-s}; {cant-} + {-á-} + {-va-} 
+ {-mos} 
prefixo; morfema lexical; (vogal temática); 
(morfema flexional) 
PREF + ML (+VT) (+MF) {in-} + {feliz}; {in-} + {-apt-} + {-o-} + {-s} 
morfema lexical; (vogal temática 
assimilada ao radical); sufixo; (vogal 
temática); (morfema flexional) 
ML (+VT ass) + SUF (+VT) (+MF) {mur-} + {-alh-} + {-a-} + {-s}; {levant-} + {-
a-} + {-ment-} + {-o-} + {-s} > {levanta-} + {-
ment-} + {-o} + {-s} 
prefixo; morfema lexical; (vogal temática 
assimilada ao radical); (vogal / consoante 
de ligação); sufixo; (vogal temática); 
(morfema flexional) 
PREF + ML (+VT ass) (+V / C lig) + SUF 
(+VT) (+MF) 
{in-} + {-feliz-} + {-mente}; {des-} + {-
contenta-} + {-ment-} + {-o-} + {-s} 
morfema lexical; (vogal temática; 
(morfemas flexionais); morfema lexical; 
(vogal temática; (morfemas flexionais) 
ML (+VT) (+MF) + ML (+VT) (+MF) {guard-} + {-a-} - {chuv-} + {-a-} + {-s}; 
{terç-} + {-a-} + {-s} - {feir-} + {-a-} + {-s} 
 
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10 
10. Formação de vocábulos. 
 
10.1 vocábulos dos tipos ML ["mar"] e ML (+VT) + MF ["falaram"] são formas simples (formadas por um só 
morfema lexical) e primitivas (não são derivadas de outras formas). 
 
10.2 vocábulos dos tipos PREF + ML (+VT) (+MF) ["infeliz"]; ML (+VT ass) + SUF (+VT) (+MF) ["muralha"] e 
PREF + ML (+VT ass) (+V / C lig) + SUF (+VT) (+MF) ["infelizmente"] são formas simples e derivadas (são 
obtidas a partir de outras formas). 
 
10.3 vocábulos do tipo ML (+VT) (+MF) + ML (+VT) (+MF) ["terças-feiras"] são formas compostas 
(possuidoras de mais de um morfema lexical). 
 
11. Processo de formação de vocábulos: a derivação. 
 
11.1 a derivação consiste na formação de palavras por meio de afixos (prefixos e sufixos) anexadosa um 
morfema lexical. 
 
11.2 há duas condições básicas para a existência do processo de derivação. 
 
11.2.1 primeira condição: deve haver a possibilidade de depreensão sincrônica dos morfemas componentes 
de um vocábulo, isto é, os morfemas encontrados devem ser identificados sem o recurso ao estudo 
diacrônico da língua (gramática histórica). Ex.: mītto, is, mīsi, mīssum, mīttĕre = «pôr; colocar»; submīttĕre = 
«pôr debaixo» > submīssum = «posto debaixo»  {sub-} + {-mīssum}. 
 
{sub-} + {-mīssum} submīssum 
{sub-} + {*-misso} (?) submisso 
 
11.2.1.1 há vocábulos que, sob o ponto de vista diacrônico, podem ser segmentados em morfemas mas que, 
sob o ponto de vista sincrônico, não admitem tal segmentação. São considerados, portanto, como vocábulos 
primitivos. 
 
11.2.2 segunda condição: os afixos derivacionais a serem utilizados devem estar em uso no sistema atual da 
língua, para que possam ser utilizados para a derivação de novas palavras. Ex.: {-uno} = proveniência, 
origem [sufixo improdutivo] > {boiúno} [de difícil segmentação]. 
 
11.3 podem ser considerados seis tipos de derivação. 
 
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11 
11.3.1 a derivação prefixal é obtida pelo acréscimo de prefixos aos morfemas lexicais. Ex.: {ligar} > 
{re-} + {ligar} > {religar}. 
 
11.3.2 a derivação sufixal é obtida pelo acréscimo de sufixos aos morfemas lexicais. Ex.: {calça} > {calça} + 
{-ão} > {calção}. 
 
11.3.3 a derivação prefixal e sufixal é obtida pelo acréscimo sucessivo tanto de prefixos quanto de sufixos 
aos morfemas lexicais. Ex.: {leal} > {des-} + {leal} > {desleal} > {desleal} + {-dade} > {deslealdade}. 
 
11.3.4 a derivação parassintética é obtida pelo acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo aos 
morfemas lexicais. Ex.: {tarde} > {en-} + {-tarde-} + {-ecer} > {entardecer}. Observa-se que não existem 
isoladamente nem {*entarde} nem {*tardecer}. 
 
11.3.4.1 deve-se considerar, na derivação parassintética, a presença de um único morfema gramatical 
composto por dois segmentos de afixos descontínuos. Ex.: {en-}...{-ecer}; {a-}...{-ar}. 
 
11.3.5 a derivação regressiva é um tipo de processo derivacional que, em vez de representar uma ampliação 
do vocábulo primitivo, representa uma redução deste vocábulo por meio da supressão de morfemas 
gramaticais. É o caso dos vocábulos deverbais, tais como {caçar} > {caça}; {falar} > {fala}. 
 
11.3.6 a derivação imprópria é uma derivação vocabular obtida pela simples mudança da classe gramatical 
dos vocábulos (substantivo para adjetivo; adjetivo para advérbio etc.); trata-se, na verdade, de um processo 
sintático-semântico e não um processo estritamente morfológico. Ex.: {rosa} (substantivo) = «tipo de flor» > 
{rosa} (substantivo) = «tipo de cor» > {rosa} (adjetivo) = «que possui o tipo de cor dessa flor». 
 
12. Processo de formação de vocábulos: a composição. 
 
12.1 a composição consiste na criação de novos vocábulos pela combinação de outros vocábulos já 
existentes na língua, gerando com isso novos significados. 
 
12.1.1 a composição por justaposição é um tipo de derivação na qual os vocábulos são combinados lado a 
lado, mantendo sua autonomia fonética — conservando fonemas e prosódias originais —, de modo a 
formarem um novo vocábulo com significado próprio. Pode-se empregar ou não o hífen na justaposição. Ex.: 
{passa} + {tempo} > {passatempo}; {pé} + {de} + {vento} > {pé-de-vento}. 
 
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12.1.2 a composição por aglutinação é um tipo de derivação na qual os vocábulos que se combinam 
fundem-se em um todo fonético que possui um único acento prosódico, produzindo-se a perda ou alteração 
de fonemas nesse processo. Ex.: {plano} + {alto} > {planalto}; {água} +{ardente} > {aguardente}. 
 
12.1.2.1 sincronicamente, só é possível falar-se em aglutinação quando for possível a depreensão dos 
morfemas lexicais envolvidos no processo. Ex.: {agrícola} > {*agri-} + {-*cola} (?) [aqui, é impossível, 
sincronicamente, atribuir significado aos segmentos morfológicos depreendidos; portanto, não se pode falar 
em aglutinação: trata-se de um vocábulo primitivo]. 
 
13. Processo de formação de vocábulos: abreviação. 
 
13.1 a abreviação consiste no emprego de um fragmento de vocábulos em lugar dos vocábulos inteiros, 
sendo que a fragmentação pode evoluir até o limite de descaracterização do significado do vocábulo. Ex.: 
{automóvel} > {auto}; {limusine} > {limo}. 
 
14. Processo de formação de vocábulos: reduplicação ou duplicação silábica. 
 
14.1 a reduplicação consiste na repetição de fonemas e sílabas para a formação de novos vocábulos. Ex.: 
{José} > {Zé} > {Zezé}. 
 
15. Processo de formação de vocábulos: siglas. 
 
15.1 as siglas representam reduções em conjuntos de vocábulos e a extração de fonemas, em geral iniciais, 
que, reunidos, passam a formar um novo vocábulo. Ex.: {Partido dos trabalhadores} > {PT}. 
 
15.2 tais siglas adquirem caráter de vocábulos primitivos e passam a sofrer os diversos processos de 
formação de novos vocábulos. Ex.: {PT} > {petista}. 
 
16. Processo de formação de vocábulos: hibridização. 
 
16.1 a hibridização consiste na produção de novos vocábulos através da combinação de vocábulos de 
sistemas lingüísticos diversos. As autoras consideram que o hibridismo constitui ou um caso de justaposição 
ou um caso de derivação, e não um processo à parte que seja sincronicamente válido. 
 
17. "a definição deste ou daquele processo como formados de palavras depende da possibilidade de se 
decompor os vocábulos em menores unidades significativas operantes na língua atual.". 
 
 
 
13 
18. A flexão nominal em português: gênero e número. 
 
18.1 o gênero nominal é indicado em português pela oposição entre uma forma gramatical feminina, 
marcada através do morfema {-a}, e uma forma gramatical masculina não marcada, indicada pelo morfema-
zero {-}. Ex.: {peru-} vs {peru-a}; {cru-} vs {cru-a}. 
 
18.2 o número nominal é indicado pela oposição entre uma forma gramatical plural, marcada através do 
morfema {-s}, e de uma forma gramatical singular não marcada, indicada pelo morfema-zero {-}. Ex.: {peru-
} vs {peru-s}; {cru-} vs {cru-s}. 
 
18.3 "enquanto o feminino e o plural apresentam marcas específicas -a e -s, respectivamente, o masculino e 
o singular apresentam diversas possibilidades de terminação, não constituindo, portanto, formas marcadas.". 
 
19. Flexão de gênero. 
 
19.1 esta flexão dá-se pelo acréscimo do morfema flexional átono final {-a} à forma masculina. 
 
19.1.1 quando a forma masculina é atemática — isto é, não possui vogal temática (trata-se dos vocábulos 
terminados em consoantes e vogais tônicas) —, ocorre o acréscimo do morfema flexional {-a}. Ex.: {peru-} 
vs {peru-a}; {autor-} vs {autor-a}. 
 
19.1.2 quando a forma masculina é temática — isto é, pertence aos vocábulos terminados em vogais 
temáticas nominais átonas {-a}; {-e}; {-o} —, suprime-se a vogal temática através de alteração morfofonêmica 
decorrente do acréscimo do morfema flexional {-a}. Ex.: {pombo-} vs {pomb-a}; {menino-} vs {menin-a}. 
 
19.2 nem todos os vocábulos são marcados sob o ponto de vista genérico; há vocábulos nos quais existe 
apenas a raiz e a vogal temática, a qual indica a classe gramatical do vocábulo. Ex.: {casa}; {fonte}; {livro}. 
 
19.2.1 embora desprovidos de marca flexional, tais vocábulos admitem anteposição de artigo que marca, 
explicitamente ou implicitamente, o gênero dos nomes substantivos. Ex.: "a casa";"a fonte"; "o livro". 
 
19.2.2 o conceito gramatical de gênero não possui vínculo com o conceito referencial de sexo dos seres. 
 
19.2.3 a distinção gramatical é feita, de fato, através da anteposição dos artigos: um vocábulo pertence ao 
gênero feminino se admite diante de si o artigo feminino; do mesmo modo, um vocábulo pertence ao gênero 
masculino se admite diante de si o artigo masculino. 
 
 
14 
 
19.3 freqüentemente, as gramáticas normativas não distinguem claramente a diferença entre o processo 
flexional e o processo derivacional / lexical. 
 
19.3.1 um exemplo dessa confusão está em considerar-se a heteronímia dos radicais como um processo 
indicador de gênero gramatical ("mulher" seria o vocábulo feminino equivalente ao vocábulo masculino 
"homem" etc.). Na verdade, esses são vocábulos lexicalmente distintos que, tradicionalmente, têm sido 
utilizados para indicar a categoria de gênero. Os índices genéricos desses vocábulos são, na verdade, os 
adjuntos adnominais (artigos e adjetivos) que se ligam a eles. 
 
19.3.2 "não cabe também falar em uma distinção de gênero expressa pelas palavras 'macho' e 'fêmea', não 
só porque o acréscimo não é obrigatório (podemos falar em cobra e tigre sem acrescentar os apostos), mas 
também porque o gênero não muda com a indicação precisa de sexo (continua-se a ter a cobra macho no 
feminino, como assinala o artigo "a" e o tigre fêmea no masculino, conforme indica o artigo "o")". 
 
19.3.3 "desse modo, não procedem as designações de epiceno, sobrecomum, comum de dois, usadas pelas 
gramáticas tradicionais. Ao lado de palavras como 'a cobra', existem outras como 'a vítima', 'a criança', 'o 
indivíduo', 'o algoz', que pertencem respectivamente aos gêneros feminino e masculino. A importância do 
artigo na distinção do gênero é tão importante (sic) que só através dele, ou de outro determinante ou 
modificador, palavras como 'artista', 'colega', 'estudante', 'cliente', sem flexão, têm o gênero determinado 
[...].". 
 
19.4 além da regra básica de flexão do gênero feminino — presença do morfema flexional aditivo {-a} em 
oposição ao morfema flexional zero {-} masculino —, há os casos de alomorfia ["Quando se dá o nome de 
'morfema' à unidade significativa mínima, chamam-se 'alomorfes' às variantes desse morfema em função do 
contexto." DUBOIS, J. et alii. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 1998, p. 41, verbete 'alomorfe'.]. 
 
19.4.1 morfema subtrativo: trata-se da redução do morfema lexical considerado masculino, através da 
supressão de fonemas finais. Ex.: {órfão} vs {órfã}; {mau} vs {má}. 
 
19.4.2 alternância vocálica redundante: trata-se do acréscimo do morfema flexional feminino {-a} e, 
simultaneamente, de metafonia ["chama-se 'metafonia' a modificação do timbre de uma vogal sob a 
influência de uma vogal vizinha." DUBOIS, J. et alii. op. cit., p. 411, verbete 'metafonia'.] da vogal média 
posterior fechada tônica [ ]. Ex.: {formoso} + {-a} = {formosa}; {novo} + {-a} = {nova}. 
 
19.4.3 alternância vocálica não-redundante: é a produção da forma lexical de gênero feminino através, 
exclusivamente, de metafonia, sem acréscimo do morfema flexional feminino {-a}. Ex.: {avô} > {avó}. 
 
 
15 
 
19.4.4 distinção de gênero sem flexão: são os casos em que o gênero de um vocábulo é indicado, 
exclusivamente, através do artigo. Ex.: "o artista" vs "a artista"; "o intérprete" vs "a intérprete". 
 
19.5 há casos em que o gênero de um vocábulo é indicado pelo emprego de morfemas derivacionais 
femininos tais como {-isa}; {-essa}; {-esa} etc. Ex.: {diácono} > {diaconisa}; {abade} > {abadessa}; {freguês} > 
{freguesa}. 
 
19.6 ocorre flexão de gênero marcada pelo acréscimo de um morfema derivacional diminutivo que, 
simultaneamente, indica a forma feminina. Ex.: {galo} > {galinha}. 
 
19.7 flexão genérica dos vocábulos em {-eu}: nestes casos, a flexão feminina obtida pelo acréscimo do 
morfema flexional aditivo {-a} implica uma mudança morfofonêmica, com supressão da vogal assilábica e 
subseqüente ditongação. Ex.: {europeu} + {-a} > {*europeua} > {*europea} > {européia}. 
 
19.8 a flexão genérico dos vocábulos em {-ão} pode apresentar os casos focalizados em seguida. 
 
19.8.1 a flexão feminina pode-se dar através de morfema subtrativo. Ex.: {irmão} > {irmã}; {pagão} > {pagã}. 
 
19.8.2 a flexão feminina pode-se dar através de morfemas aditivos; neste caso, ocorrem mudanças 
morfofonêmicas condicionadas: ou há a perda da vogal nasal do ditongo {-ão} (Ex.: {leão} + {-a} > {*leãoa} > 
{leoa}), ou há uma alteração no sufixo derivacional aumentativo masculino, através do acréscimo do 
morfema feminino {-a} (Ex.: {valentão} + {-a} > {*valentãoa} > {valentona}). 
 
20. Flexão de número. 
 
20.1 esta flexão implica uma oposição entre a forma singular não marcada — morfema-zero {-} —, e a 
forma plural marcada através do morfema {-s}. 
 
20.2 aplica-se este morfema, sem mudanças morfofonêmicas, aos vocábulos terminados, no singular, em 
vogais orais e nasais. Ex.: {pá} + {-s} > {pás}; {fã} + {-s} > {fãs}. 
 
20.3 o mesmo ocorre em relação a vocábulos terminados em vogais nasais registradas pelo grafema "m". 
Ex.: {álbum} + {-s} > {álbuns}. 
 
 
 
16 
20.4 também não ocorrem mudanças morfofonêmicas em vocábulos terminados em ditongos orais, 
ditongos nasais átonos e alguns ditongos nasais tônicos. Ex.: {céu} + {-s} > {céus}; {véu} + {-s} > {véus}; 
{bênção} + {-s} > {bênçãos}; {irmão} + {-s} > {irmãos}; {cidadão} + {-s} > {cidadãos}. 
 
20.5 certo número de vocábulos paroxítonos e oxítonos formam o plural pelo acréscimo do morfema {-s}, 
sem mudanças morfofonêmicas. Ex.: {sótão} + {-s} > {sótãos}; {cristão} + {-s} > {cristãos}. 
 
20.6 a maior parte dos vocábulos em {-ão}, inclusive os aumentativos, recebem o morfema {-s} e sofrem 
mudança morfofonêmica da vogal e semivogal. Ex.: {balão} + {-s} > {balões}; {ladrão} + {-s} > {ladrões}. 
 
20.7 um pequeno número de vocábulos em {-ão} recebem o morfema {-s} e sofrem alternância na semivogal 
“o” do ditongo. Ex.: {alemão} + {-s} > {alemães}; {capelão} + {-s} > {capelães}. 
 
20.8 para os vocábulos em {-ão}, o uso corrente manifesta, atualmente, uma preferência pelos plurais em {-
ões}. Embora não haja, para alguns desses vocábulos, uma forma plural definitivamente fixada, as formas 
alternativas não são, sincronicamente, utilizadas em igual freqüência. Algumas formas plurais não são 
empregadas usualmente e aparecem registradas nas gramáticas, de fato, apenas por razões diacrônicas. 
 
20.9 ocorrem mudanças morfofonêmicas na flexão numérica de certos vocábulos, os quais exigem a 
presença de determinados alomorfes do morfema básico {-s}, por um processo de mudança condicionada. 
 
20.9.1 vocábulos terminados no singular em {-s} (precedido de vogal tônica); {-r}; {-z}; {-n} formam o plural 
pelo acréscimo do alomorfe {-es}. Ex.: {país} + {-es} > {países}; {flor} + {-es} > {flores}; {vez} + {-es} > {vezes}; 
{cânon} + {-es} > {cânones}. 
 
20.9.2 ocorre alomorfia também nos vocábulos terminados em {-l} precedido de vogal que não seja {-i-}; 
nestes casos, dá-se a queda do {-l} final e a ditongação através do alomorfe {-is}. Ex.: {azul} + {-is} > {azuis}; 
{lençol} + {-is} > {lençóis}. 
 
20.9.3 nos vocábulos terminados em {-l} precedido de vogal {-i-}, dá-se a queda do {-l} e ocorrem mudanças 
morfofonêmicas de acordo com a tonicidade dessa vogal: se esta for tônica, ocorre crase dos fonemas ; se 
esta for átona, ocorre dissimilação regressiva ( o {-i-} passa a {-e-}) ["chama-se 'dissimilação' toda mudança 
fonética que tem como finalidade acentuar ou criar diferença entre dois fonemas vizinhos [...]. Na maioria das 
vezes, o que se pretendeé evitar uma repetição incômoda entre dois fonemas idênticos." DUBOIS, J. et alii. 
op. cit., p. 198, verbete 'dissimilação'.]. Ex.: {fuzil} + {-is} > {*fuziis} > {fuzis}; {fóssil} + {-is} > {*fóssiis} > 
{fósseis}. 
 
 
 
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20.9.4 outro caso de alomorfia foneticamente condicionada verifica-se com os vocábulos terminados 
em {-x} e {-s} que, quando precedidos de vogal átona, não sofrem variação na indicação gramatical de 
número. Ex.: "o tórax" vs "os tórax"; "a cútis" vs "as cútis". São casos de alomorfes-zero ou morfemas 
latentes, nos quais a oposição entre singular e plural só pode percebida pelo contexto lingüístico. Ex.: 
"este/estes tórax está/estão saudável/saudáveis". 
 
20.10 há vocábulos que, possuindo a vogal média posterior tônica , ao receberem o morfema flexional {-s} 
mudam esta vogal fechada para o fonema aberto correspondente . Trata-se de uma marca redundante de 
plural, uma vez que há a presença do morfema característico {-s}. Ex.: {corpo} + {-s} > {corpos}; {morto} + {-
s} > {mortos}. 
 
20.11 os sufixos diminutivos {-zinho} e {-zito} impõem a pluralização tanto do vocábulo primitivo quanto do 
vocábulo derivado. Ex.: {fogão} + {-es} > {fogões} + {-zinho} + {-s} > {fogõezinhos}; {anel} + {-is} > {anéis} + {-
zito} + {-s} > {anéizitos}. 
 
21. As noções implicadas na flexão verbal. 
 
21.1 há uma variedade de noções gramaticais expressas pelas flexões verbais em português, através dos 
diversos morfemas modo-temporais e número-pessoais. 
 
21.1.1 a noção de 'tempo' refere-se ao momento em que ocorre o processo expresso pelo morfema lexical 
verbal. Há três tempos naturais em português: o presente, que expressa uma fato que ocorre no momento 
do ato de fala atual; o passado (pretérito), que expressa um fato que ocorreu em um momento anterior ao 
ato de fala atual; o futuro, que expressa um fato que ocorrerá em um momento posterior ao ato de fala atual. 
 
21.1.2 a noção de 'modo' refere-se à atitude ou ponto de vista do falante em relação ao processo verbal 
expresso pelo morfema lexical verbal. Há três modos em português: o indicativo, que expressa um fato de 
maneira definida, real e concreta; o subjuntivo, que expressa um fato incerto, duvidoso, eventual ou irreal; o 
imperativo, que expressa ordem, conselho, exortação, súplica ou pedido. 
 
21.1.3 a noção de 'número' refere-se aos conceitos gramaticais de singular (um só elemento considerado) e 
plural (mais de um elemento considerado), aplicados às pessoas gramaticais. 
 
21.1.4 a noção de 'pessoa' refere-se às pessoas gramaticais envolvidas no processo expresso pelo morfema 
lexical verbal. Há três noções pessoais básicas: a primeira pessoa (a pessoa que fala); a segunda pessoa (a 
pessoa a quem se fala); a terceira pessoa (a pessoa de quem se fala). 
 
 
 
18 
21.1.5 a noção de 'aspecto' refere-se à duração ou extensão do processo verbal expresso pelo 
morfema lexical verbal. O português distribui suas formas verbais em função da noção de tempo; no 
passado, contudo, guardou-se a oposição latina entre o aspecto perfeito — processo verbal concluído —, e 
aspecto imperfeito — processo verbal ainda não concluído. 
 
21.2 o modo indicativo exprime uma atitude de relativa certeza do falante perante o processo verbal que 
enuncia, ou seja, expressa uma fato de modo definido, real, concreto. Distribui-se ao longo das noções 
temporais de presente, passado e futuro. 
 
21.2.1 o indicativo presente exprime um processo verbal simultâneo ao ato de fala ou um ato costumeiro e 
habitual. Expressa também o passado (presente histórico) e o futuro. Ex.: "César invade a Gália". O presente 
dos verbos regulares é obtido adicionando-se ao radical verbal os seguintes morfemas: a) 1ª conjugação: {-
o; -as; -a; -amos; -ais; -am}; b) 2ª conjugação: {-o; -es; -e; -emos; -eis; -em}; c) 3ª conjugação: {-o; -es; -e; -
imos; -is; -em}. 
 
21.2.2 o indicativo passado ou pretérito do indicativo exprime um processo verbal anterior ao ato de fala. 
 
21.2.2.1 o pretérito imperfeito expressa um processo passado com duração no tempo, indicando 
concomitância ou habitualidade; indica também fatos passados e concebidos como contínuos ou 
permanentes. Ex.: "César invadia a Gália". O imperfeito dos verbos regulares é obtido adicionando-se ao 
radical verbal os seguintes morfemas: a) 1ª conjugação: {-ava; -avas; -ava; -ávamos; -áveis; -avam}; b) 2ª e 
3ª conjugações: {-ia; -ias; -ia; -íamos; -íeis; -iam}. 
 
21.2.2.2 o pretérito perfeito expressa um processo que se iniciou no passado e foi totalmente concluído, sem 
qualquer permanência no tempo atual. Ex.: "César invadiu a Gália". O perfeito dos verbos regulares é obtido 
adicionando-se ao radical verbal os seguintes morfemas: a) 1ª conjugação: {-ei; -aste; -ou; -amos; -astes; -
aram}; b) 2ª conjugação: {-i; -este; -eu; -emos; -estes; -eram}; c) 3ª conjugação: {-i; -iste; -iu; -imos; -istes; -
iram}. 
 
21.2.2.3 o pretérito mais-que-perfeito expressa um processo anterior a um processo verbal passado. Além 
disso, é empregado com valor optativo ou subjuntivo. Ex.: "César invadira a Gália". O mais-que-perfeito dos 
verbos regulares é obtido substituindo-se os morfemas {-aram; -eram; -iram} da terceira pessoa do plural do 
pretérito perfeito simples pelos seguintes morfemas: {-ra; -ras; -ra; -ramos; -reis; -ram}. 
 
21.2.3 o indicativo futuro apresenta-se como uma oposição complementar à oposição presente vs passado. 
 
 
 
19 
21.2.3.1 o futuro do presente exprime um processo verbal posterior ao ato de fala. Pode indicar 
também uma ação imperativa, dúvida ou probabilidade. Ex.: "César invadirá a Gália". O futuro do presente é 
obtido adicionando-se ao infinitivo pessoal os seguintes morfemas, para as três conjugações: {-ei; -ás; -á; -
emos; -eis; -ão}. 
 
21.2.3.2 o futuro do pretérito exprime um processo verbal posterior a um processo verbal passado. Além 
dessa função, pode expressar hipótese, probabilidade, incerteza e não-comprometimento do falante. Com 
valor de presente, expressa modéstia ou cerimônia. Ex.: "César invadiria a Gália". O futuro do pretérito 
simples é formado adicionando-se ao infinitivo impessoal os seguintes morfemas: {-ia; -ias; -ia; -íamos; -íeis; 
-iam}. 
 
21.3 o modo subjuntivo exprime atitude de incerteza, possibilidade ou dúvida, isto é, uma maior subjetividade 
do falante ao expressar o ato verbal. Portanto, expressa um fato incerto, duvidoso, eventual ou irreal, que 
depende de uma série de circunstâncias para tornar-se concreto e efetivo. Além disso, assinala desejo ou 
expectativa em relação à realização do ato verbal. Em relação ao indicativo, o subjuntivo representa muito 
mais uma variação de modo e não exatamente uma variação de tempo. Ex.: "Que César invada a Gália". / 
"Se César invadisse a Gália". / "Quando César invadir a Gália". 
 
21.3.1 o presente do subjuntivo pode indicar presente ou futuro, segundo o conteúdo semântico do verbo. 
Ex.: "Espera-se que César invada a Gália" (futuro); "É certo que César esteja no comando" (presente). O 
presente do subjuntivo é formado pela supressão do morfema {-o} da primeira pessoa do singular do 
presente do indicativo pelos seguintes morfemas: a) 1ª conjugação: {-e; -es; -e; -emos; -eis; -em}; b) 2ª e 3ª 
conjugações: {-a; -as; -a; -amos; -ais; -am}. 
 
21.3.2 o pretérito imperfeito do subjuntivo indica ação simultânea ou futura em relação ao tempo do verbo da 
oração principal. Ex.: "Duvidaram que César invadisse a Gália". O imperfeito do subjuntivo é formado pela 
substituição dos morfemas {-ram} da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo pelos 
morfemas {-sse; -sses; -sse; -ssemos; -sseis; -ssem}. 
 
21.3.3 o futuro simples do subjuntivo indica eventualidadeno futuro, em relação ao verbo da oração 
principal. Ex.: "César pode vencer se quiser". O futuro simples do subjuntivo é formado pela substituição dos 
morfemas {-ram} da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito simples do indicativo pelos morfemas {-r; -
res; -r; -rmos; -rdes; -rem}. 
 
21.4 o modo imperativo expressa atitude de ordem, solicitação ou súplica. Ex.: "César, invade a Gália". / 
"Romanos, invadi a Gália". 
 
 
 
20 
21.4.1 o imperativo afirmativo é formado pela supressão do morfema {-s} das segundas pessoas 
verbais do presente do indicativo. Ex.: {lutas} - {-s} > {luta} / {lutais} - {-s} > {lutai}. 
 
21.4.2 o imperativo negativo é formado pelas mesmas desinências do presente do subjuntivo, 
acrescentando-se o advérbio de negação antes da forma verbal. Ex.: {lutes} > {não} {lutes}; {luteis} > {não} 
{luteis}. 
 
21.4.3 as flexões verbais do imperativo expressam essencialmente a modalidade; o tempo do imperativo, 
embora enunciado através do presente, tem valor de futuro, referente a uma ação ou fato a ser ainda 
realizado. 
 
21.4.3 ao expressar modalidade e tempo futuro conjuntamente, o imperativo não expressa a noção verbal de 
aspecto (não indica nem um processo perfeito nem um processo imperfeito). 
 
21.5 as formas nominais dos verbos — infinitivo; gerúndio e particípio — têm em comum o fato de não 
expressarem, por si mesmas, nem tempo nem modo: trata-se apenas de uma oposição de aspecto. 
 
21.5.1 o infinitivo é a forma mais indefinida do verbo e é neutra sob o ponto de vista aspectual (não expressa 
nem o perfeito nem o imperfeito); refere-se apenas ao processo verbal em si, enquanto potencialidade de 
ação. Possui valor de substantivo. Ex.: "Invadir a Gália". O infinitivo pessoal simples é formado pela adição, 
ao infinitivo impessoal, dos morfemas {-; -es; -; -mos; -des; -em}. 
 
21.5.2 o gerúndio marca o aspecto imperfeito de um processo verbal em desenvolvimento. Possui valor de 
advérbio ou de adjetivo. Ex.: "César invadindo a Gália". É formado pela substituição do morfema {-r} do 
infinitivo impessoal pelo morfema {-ndo}. 
 
21.5.3 o particípio marca o aspecto perfeito de um processo verbal já concluído. Possui valor de advérbio ou 
de adjetivo. Ex.: "A Gália invadida". É formado pela substituição do morfema {-r} do infinitivo impessoal pelo 
morfema {-do}. 
 
22. O padrão geral do vocábulo verbal em português. 
 
22.1 as categorias modo-temporais e número-pessoais são indicadas por meio de morfemas gramaticais 
(gramemas) ou desinências flexionais verbais, que são indicadas pela sigla DF. 
 
22.2 as desinências modo-temporais são indicadas pela sigla DMT, e as desinências número-pessoais são 
indicadas pela sigla DNP. 
 
 
21 
 
22.3 tais desinências unem-se ao tema, indicado pela sigla T, que é formado pelo radical ou morfema lexical, 
indicado pela sigla R, agregado à vogal temática da conjugação específica, indicada pela sigla VT. Com 
esses elementos, obtém-se a fórmula do vocábulo verbal em português: 
 
T ( R + VT ) + DF ( DMT + DNP ) 
 CANT- -A- -RE-- -MOS 
 
22.3.1 tanto o radical — morfema lexical que apresenta a significação básica do verbo — quanto os demais 
elementos verbais (vogal temática e desinências) podem sofrer alterações formais influenciadas por razões 
de ordem morfofonêmica; nesses casos, surgem alomorfes e até mesmo a ausência de morfemas (morfema-
zero). 
 
23. Desinências modo-temporais em português. 
 
23.1 o seguinte quadro apresenta o conjunto de desinências modo-temporais do português: 
 
modo-tempo DMT pessoas gramaticais conjugação verbal 
singular plural I II III 
presente do indicativo - 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 2ª; 3ª X X X 
pretérito imperfeito do indicativo -va 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 3ª X 
-ve 2ª X 
-ia 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 3ª X X 
-ie 2ª X X 
pretérito perfeito do indicativo - 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 2ª X X X 
-ra 3ª X X X 
pretérito mais-que-perfeito do indicativo -ra 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 3ª X X X 
-re 2ª X X X 
futuro do presente do indicativo -re 1ª 1ª; 2ª X X X 
-ra / -rã 2ª; 3ª 3ª X X X 
futuro do pretérito do indicativo -ria 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 3ª X X X 
-rie 2ª X X X 
subjuntivo presente -e 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 2ª; 3ª X 
-a 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 2ª; 3ª X X 
subjuntivo pretérito -sse 1ª; 2ª; 3ª 1ª; 2ª; 3ª X X X 
subjuntivo futuro -r 1ª; 3ª 1ª; 2ª X X X 
-re 2ª 3º X X X 
formas verbais nominais 
infinitivo -r X X X 
gerúndio -ndo X X X 
 
 
22 
particípio -do X X X 
 
24. Desinências número-pessoais em português. 
 
24.1 o seguinte quadro apresenta o conjunto de desinências número pessoais do português: 
 
pessoas gramaticais DNP tempos verbais 
1º pessoa do singular -o (átono) presente do indicativo 
-i (semivocálico) pretérito perfeito do indicativo 
-i (semivocálico) futuro do presente do indicativo 
- demais tempos 
2ª pessoa do singular -ste pretérito perfeito do indicativo 
- imperativo afirmativo 
-s demais tempos 
3ª pessoa do singular -u (assilábico) pretérito perfeito do indicativo 
- demais tempos 
1ª pessoa do plural -mos todos os tempos 
2ª pessoa do plural -stes pretérito perfeito do indicativo 
-des subjuntivo futuro 
-i (assilábico) imperativo afirmativo 
-is demais tempos 
3ª pessoa do plural -o (semivocálico) futuro do presente do indicativo 
-m demais tempos 
 
25. Alterações no radical ou morfema lexical verbal. 
 
25.1 os verbos ditos regulares conservam o radical invariável ao longo da conjugação, flexionando-se 
apenas as desinências. A vogal tônica do radical pode, em circunstâncias específicas, sofrer metafonia — 
fato considerado morfologicamente regular. 
 
25.2 na primeira conjugação verbal (verbos de vogal temática {-a-}), as vogais abertas   
formas rizotônicas, isto é, formas cujo acento tônico permanece na vogal do radical. Ex.: {levo}; {levas}; 
{leva}. 
As vogais fechadas  e 
vogal temática ( Ex.: {levamos}; {levais}) ou incide sobre a vogal da desinência flexional (EX.: {levarei}; 
{levaria}). 
 
25.3 alguns verbos da primeira conjugação em {-ear} e {-iar} sofrem ditongação na sílaba tônica. Ex.: 
{passeio}; {passeias}; incendeio}; {incendeia}. 
 
 
23 
 
25.4 na segunda conjugação verbal, há alternâncias entre as vogais  ;  e  
são vogais tônicas do radical. Ex.: {bebo}; {bebes}; {bebe}; {bebem}; {corro}; {corres}; {corre}; {correm}. 
 
25.5 na terceira conjugação verbal, há alternâncias entre as vogais  ;   
vogais são vogais tônicas do radical. {firo}; {feres}; {fere}; {ferem}; {durmo}; {dormes}; {dorme}; {dormem}. 
 
26. Vogal temática. 
 
26.1 a vogal temática em geral é tônica; em um número menor de ocorrências, ela é átona ou então é 
substituída pelo alomorfe-zero {--}. 
 
26.1.1 o alomorfe-zero da vogal temática é condicionado morfofonemicamente: os acréscimos da desinência 
número-pessoal {-o} (indicativo presente) e a desinência modo-temporal {-e-} (subjuntivo presente) induzem 
à supressão da vogal temática átona. Ex.: {canta} + {-o} > {*cantao} > {canto}; {canta} + {-e} > {*cantae} > 
{cante}. 
 
26.1.2 a vogal temática possui alomorfes na primeira conjugação: {-a-}; {-e-}; {-o-}. Ex.: {cantei}; {cantou}. 
 
26.1.3 na segunda e terceira conjugações, a vogal temática é substituída pelo morfema-zero {--} em certas 
pessoas do pretérito do indicativo. Ex.: {bebe}+ {-i} > {*bebei} > {bebi}. 
 
27. Presença ou ausência dos componentes do vocábulo verbal em português. 
 
27.1 com exceção do radical, tanto a vogal temática quanto as desinências flexionais podem, ao longo das 
diversas flexões verbais, ser substituídas pelo morfema-zero {--}. Ex.: 
 
RVT DMT DNP 
am- -a- -va- - 
am- -a- -- -mos 
am- -a- -- - 
am- -- -e- -s 
 
28. Quadros de flexões verbais segundo as três conjugações. 
 
PRIMEIRA CONJUGAÇÃO: VOGAL TEMÁTICA {-A-} 
presente do indicativo pretérito imperfeito do indicativo pretérito perfeito do indicativo 
 
 
24 
R VT DMT DNP R VT DMT DNP R VT DMT DNP 
and (a)  o and a va  and e  i 
and a  s and a va s and a  ste 
and a   and a va  and o  u 
and a  mos and á va mos and a  mos 
and a  is and á ve is and a  stes 
and a  m and a va m and a ra m 
pretérito mais-que-perfeito do indicativo futuro do presente do indicativo futuro do pretérito do indicativo 
and a ra  and a re i and a ria  
and a ra s and a rá s and a ria s 
and a ra  and a rá  and a ria  
and á ra mos and a re mos and a ría mos 
and á re is and a re is and a ríe is 
and a ra m and a rã o and a ria m 
presente do subjuntivo pretérito do subjuntivo futuro do subjuntivo 
and (a) e  and a sse  and a r  
and (a) e s and a sse s and a re s 
and (a) e  and a sse  and a r  
and (a) e mos and á sse mos and a r mos 
and (a) e is and á sse is and a r des 
and (a) e m and a sse m and a re m 
imperativo afirmativo imperativo negativo 
 
and a   and (a) e s 
and (a) e  and (a) e  
and (a) e mos and (a) e mos 
and a  i and (a) e is 
and (a) e m and (a) e m 
FORMAS NOMINAIS 
infinitivo gerúndio particípio 
and a r  and a ndo  and a do  
 
SEGUNDA CONJUGAÇÃO: VOGAL TEMÁTICA {-E-} 
presente do indicativo pretérito imperfeito do indicativo pretérito perfeito do indicativo 
R VT DMT DNP R VT DMT DNP R VT DMT DNP 
vend (e)  o vend (e) ia  vend (e)  i 
vend e  s vend (e) ia s vend e  ste 
vend e   vend (e) ia  vend e  u 
vend e  mos vend (e) ía mos vend e  mos 
vend e  is vend (e) íe is vend e  stes 
vend e  m vend (e) ia m vend e ra m 
 
 
25 
pretérito mais-que-perfeito do indicativo futuro do presente do indicativo futuro do pretérito do indicativo 
vend e ra  vend e re i vend e ria  
vend e ra s vend e rá s vend e ria s 
vend e ra  vend e rá  vend e ria  
vend ê ra mos vend e re mos vend e ría mos 
vend ê re is vend e re is vend e ríe is 
vend e ra m vend e rã o vend e ria m 
presente do subjuntivo pretérito do subjuntivo futuro do subjuntivo 
vend (e) a  vend e sse  vend e r  
vend (e) a s vend e sse s vend e re s 
vend (e) a  vend e sse  vend e r  
vend (e) a mos vend ê sse mos vend e r mos 
vend (e) a is vend ê sse is vend e r des 
vend (e) a m vend e sse m vend e re m 
imperativo afirmativo imperativo negativo 
 
vend e   vend (e) a s 
vend (e) a  vend (e) a  
vend (e) a mos vend (e) a mos 
vend e  i vend (e) a is 
vend (e) a m vend (e) a m 
FORMAS NOMINAIS 
infinitivo gerúndio particípio 
vend e r  vend e ndo  vend (e)i do  
 
TERCEIRA CONJUGAÇÃO: VOGAL TEMÁTICA {-I-} 
presente do indicativo pretérito imperfeito do indicativo pretérito perfeito do indicativo 
R VT DMT DNP R VT DMT DNP R VT DMT DNP 
part (i)  o part (i) ia  part (i)  i 
part e  s part (i) ia s part i  ste 
part e   part (i) ia  part i  u 
part i  mos part (i) ía mos part i  mos 
part (i)  is part (i) íe is part i  stes 
part e  m part (i) ia m part i ra m 
pretérito mais-que-perfeito do indicativo futuro do presente do indicativo futuro do pretérito do indicativo 
part i ra  part i re i part i ria  
part i ra s part i rá s part i ria s 
part i ra  part i rá  part i ria  
part í ra mos part i re mos part i ría mos 
part í re is part i re is part i ríe is 
part i ra m part i rã o part i ria m 
 
 
26 
presente do subjuntivo pretérito do subjuntivo futuro do subjuntivo 
part (i) a  part i sse  part i r  
part (i) a s part i sse s part i re s 
part (i) a  part i sse  part i r  
part (i) a mos part í sse mos part i r mos 
part (i) a is part í sse is part i r des 
part (i) a m part í sse m part i re m 
imperativo afirmativo imperativo negativo 
 
part e   part (i) a s 
part (i) a  part (i) a  
part (i) a mos part (i) a mos 
part (i)  i part (i) a is 
part (i) a m part (i) a m 
FORMAS NOMINAIS 
infinitivo gerúndio particípio 
part i r  part i ndo  part i do  
 
29. Padrões morfológicos verbais especiais. 
 
29.1 existem desvios de constituição morfológica em certos verbos; tais ocorrências podem, porém, ser 
explicitadas e padronizadas. Para compreender a ocorrência de verbos denominados "irregulares" pelas 
gramáticas normativas, importa observar a relação entre tempos primitivos e tempos derivados, apresentada 
na tabela abaixo. 
 
tempos primitivos tempos derivados dos tempos primitivos 
1ª p. s. ind. 
presente  
"amo" 
todas as pessoas do subjuntivo presente, mediante alterações nas desinências ( {-o}  {-e} e {-o}  {-a})  
amo > ame; digo > diga 
2ª p. s. ind. 
presente  
"amas" 
2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo, mediante supressão do {-s} final  amas > ama; dizes > dize 
2ª p. pl. ind. 
presente 
"amais" 
2ª pessoa do plural do imperativo afirmativo, mediante supressão do {-s} final  amais > amai; dizeis > dizei 
3ª p. pl. pret. 
perf. simples  
"amaram" 
mais-que-perfeito do indicativo, mediante supressão do {-m} final, seguida pelas DNP  amaram > amara; 
disseram > dissera 
futuro do subjuntivo, mediante supressão dos morfemas {-am}, seguida das DNP  amaram > amar; disseram 
> disser 
imperfeito do subjuntivo, mediante troca dos morfemas {-ram} por {-sse} seguido das DNP  amaram > 
amassem; disseram > dissesse 
 
 
27 
infinitivo presente 
impessoal  
"amar" 
imperfeito do indicativo, mediante permuta de morfemas: {-ar} por {-ava}; {-er} / {-ir} por {-ia}  amar > amava; 
disser > dizia; partir > partia 
futuro do presente do indicativo, mediante acréscimo de {-ei}  amar > amarei 
futuro do pretérito do indicativo, mediante acréscimo de {-ia}  amar > amaria 
infinitivo pessoal, mediante acréscimo dos morfemas número-pessoais {-}; {-es}; {-}; {-mos}; {-des}; {-em}  
amar; amares; amar; amarmos; amardes; amarem 
gerúndio, mediante permuta do morfema {-r} pelo morfema {-ndo}  amar > amando 
particípio, mediante permuta do morfema {-r} pelo morfema {-do}  amar > amado 
 
29.2 as irregularidades verbais nas formas primitivas tendem a ser projetadas para as formas derivadas 
correspondentes; os desvios em relação aos padrões morfológicos podem representar variações nas 
desinências flexionais (DMT e DNP) ou em variações no morfema lexical ou radical (R). 
 
29.3 tais variações no radical passam a constituir uma contribuição semântica suplementar às noções de 
tempo, modo e pessoa. 
 
29.4 certas alternâncias vocálicas no radical do indicativo presente de formas rizotônicas da segunda e 
terceira conjugações, e ditongações no radical desse mesmo tempo, presentes em formas rizotônicas de 
certos verbos como "passear", "odiar", "nomear", são alterações fonologicamente condicionadas e não 
irregularidades no plano morfológico. 
 
29.5 as principais irregularidades verbais localizam-se: a) na flexão; b) no radical do pretérito perfeito do 
indicativo; c) no radical do presente do indicativo; d) no futuro do presente; e) no particípio; f) na ocorrência 
dos denominados "verbos anômalos". 
 
29.6 irregularidades na flexão. 
 
29.6.1 radicais monossilábicos terminados em {-e} na segunda conjugação e em {-i} na terceira conjugação 
apresentam, na segunda pessoa do plural do indicativo presente a DNP {-des} e, em conseqüência, a 
desinência{-de} no segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo (Ex.: credes; ledes; vedes; rides). O 
mesmo fato acontece em verbos cujo radical monossilábico termina em fonema nasal (tendes; vindes; 
pondes). 
 
29.6.2 os radicais terminados em {-r} e {-z} não apresentam vogal temática na terceira pessoa do presente do 
indicativo. Ex.: querer  quer; fazer  faz; dizer  diz. 
 
29.7 irregularidades no tema do indicativo perfeito. 
 
 
 
28 
29.7.1 o verbo "dar" apresenta mudança da vogal temática {-a-} para {-e-} —  — na segunda 
pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo e nas formas derivadas desse tempo. Ex.: deste; dera; 
desse; der. Na primeira e terceira pessoas do singular ocorre mudança da vogal temática {-a-} para {-e-}, que 
permanece fechado — . Ex.:dei; deu. 
 
29.7.2 a vogal temática {-e-} da segunda conjugação passa para {-i-} em alguns verbos como ver  viste; 
querer  quiseste. O mesmo ocorre nas formas derivadas desse tempo: vira; visse; vir; quisera; quisesse; 
quiser. 
 
29.7.3 os verbos com a primeira e terceira pessoas do singular do pretérito perfeito do indicativo como 
formas rizotônicas, sem sufixo flexional, podem apresentar alternância vocálica na raiz, com vogal { -i} ou {-u} 
na primeira pessoa e vogal fechada correspondente — {-e} ou {-o}; nesses casos, ocorre a oposição entre a 
primeira e a terceira pessoas do singular. Ex.: fiz - fez; tive - teve; estive - esteve; pus - pôs; fui - foi; pude - 
pôde. 
 
29.7.4 há verbos cujo perfeito do indicativo trazem o ditongo "ou" em seus radicais. Ex.: coubeste; soubeste; 
trouxeste; houveste. Tal ditongação passa para as formas derivadas do pretérito perfeito. Ex.: coubera; 
coubesse; couber. 
 
29.7.5 o verbo "vir", com a primeira pessoa do singular do perfeito do indicativo atemática2 e vogal final 
tônica nasal (vim), perde a vogal nasal nas formas arrizotônicas diante da vogal temática {-e-} aberta — . 
Ex.: vim; vieste; viemos; viestes; vieram. Na terceira pessoa do singular do pretérito perfeito deste verbo — 
veio — ocorre alternância vocálica, de {-i-} para {-e-} fechado —  —, seguido de {-o} (irregularidade frente 
à DNP {-u} assilábica considerada alomorfe usual); em seguida, há a ditongação. Ex.: veio. 
 
29.8 irregularidades no tema do indicativo presente. 
 
29.8.1 mudança da consoante final do radical na primeira pessoa do singular do indicativo presente. Ex.: 
valer  valho; perder  perco; pedir  peço; medir  meço; ouvir  ouço; fazer  faço; trazer  trago; 
dizer  digo; poder  posso. As mesmas mudanças ocorrerão no subjuntivo presente e nas formas do 
imperativo derivadas do subjuntivo. 
29.8.2 ditongação na sílaba do radical: de {-e-} aberto —  — para {-ei} (Ex.; requerer  requeiro); e de {-
a-} para {-ai-} (Ex.: caber  caibo). 
 
 
2
 atemático = radical verbal que termina por uma consoante ou semivogal e não por uma vogal temática acrescentada à raiz; verbo temático = verbo cuja raiz é 
seguida por uma vogal temática que precede as desinências verbais. 
 
 
29 
29.8.3 acréscimo de consoante final ao tema. Ex.: ver  vejo. 
29.8.4 radicais monossilábicos atemáticos, terminados em vogal tônica nasal (Ex.: tens; vens; pões) 
apresentam a seguinte variação: a) na primeira pessoa do singular, a nasalidade da vogal tônica final 
transforma-se em palatalidade (Ex.: tenho; venho; ponho); tal variação passa para o subjuntivo presente 
(Ex.: tenha; venha; ponha); b) no pretérito imperfeito do indicativo, conserva-se a palatalidade (Ex.: tinha; 
vinha; punha); perde-se a nasalidade da vogal tônica final no infinitivo, futuro do presente e futuro do 
pretérito do indicativo (Ex.: ter; terei; teria; vir; virei; viria; pôr; porei; poria); conserva-se a vogal tônica nasal 
final do radical (Ex.: tendo; vendo; pondo). 
 
29.9 irregularidades no futuro. 
 
29.9.1 os verbos "dizer", "fazer" e "trazer" apresentam irregularidades no futuro do presente e futuro do 
pretérito do indicativo, enquanto os tempos derivados da segunda pessoa do singular do presente do 
indicativo são, em maioria, regulares. A irregularidade é a seguinte: síncope da sílaba final do tema, antes do 
acréscimo das DMT e DNP. Ex.: di(ze)rei; fa(ze)rei; tra(ze)rei; di(ze)ria; fa(ze)ria; tra(ze)ria. 
 
29.10 verbos com padrão especial no particípio. 
 
29.10.1 o particípio regular em português é formado mediante permuta do morfema {-r} pelo morfema {-do} 
sobre o tema do infinitivo verbal. Há verbos que possuem, ao lado do particípio regular, um ou mais 
particípios irregulares, reduzido em relação ao particípio regular e de terminação variável. Tais particípios 
irregulares provêm do latim, ou são substantivos terminados em {-to}, {-te} e {-so} que passaram a ser 
empregados como verbo, ou então constituem particípios criados por analogia a modelos preexistentes. Ex.: 
aceitado - aceito - aceite; entregado - entregue; expulsado - expulso; gastado - gasto; salvado - salvo; tingido 
- tinto. 
29.10.2 como regra geral, usa-se o particípio regular com os verbos "ter" e "haver", formando a voz passiva; 
usam-se os particípios irregulares com os verbos "ser" e "estar", na voz ativa. Ex.: "A guerra tem matado 
multidões." "Multidões são mortas pela guerra.". 
 
29.11 verbos anômalos. 
29.11.1 são verbos que, além de possuírem irregularidades no radical, possuem radicais supletivos, isto é, 
formas derivadas do infinitivo ou do presente do indicativo que não apresentam radical permanente. 
29.11.2 no verbo "ser", há os seguintes radicais e respectivos alomorfes: a) {e-} (), com um alomorfe {er-}; 
b) {se-}, com os alomorfes {sej-}; {so-} e {sa-}; c) {fu-}, com o alomorfe {fo-}. 
29.11.3 no verbo "ir", um radical básico {i-} alterna com {va-}, ao longo da conjugação desse verbo. 
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