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Clifford Geertz - Um Jogo Absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa (RESENHA)

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Resenha
Texto: Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galo Balinesa
GEERTZ, Clifford. Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galo Balinesa. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1989.
Lígia Martins
        As pesquisas do antropólogo norte-americano Clifford Geertz contemplam a Indonésia e Marrocos, mas foi a infelicidade com os métodos antropológicos disponíveis na sua época que o levou a questionar a prática metodológica existente e a elaborar um novo método de análise antropológica, sendo fundador da chamada antropologia hermenêutica ou interpretativa.
Geertz escreve o Capítulo 9: “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galo Balinesa” na sua obra “A Interpretação das Culturas” a partir da análise etnográfica de significados acerca da briga de galo, em uma das aldeias em Bali. A partir dos olhares da população daquelas aldeias, geertz estabelece algumas interpretações sobre a briga de galo como, por exemplo a selvageria animal, a morte, a masculinidade, a rivalidade de status, a excitação de massa, a perda e a raiva consequente, e o sacrifício sangrento (p. 206-210).
        A briga de galos pode ser vista como um confronto entre os homens, já que este é uma atividade desempenhada exclusivamente pelos mesmos, sendo exposto como uma guerra “de eus simbólicos” (p. 207) para o autor. Essa atividade desempenha um papel fundamental para as aldeias analisadas, papel valorativo já que suas regras são passadas de geração em geração, permanecendo a tradição e cultura das aldeias. A briga de galos mostra como os homens são categorizados fora dessa atividade, com características positivas ou negativas atribuídas aos galos que pertencem.
        Apesar da briga de galo ser ilegal, há períodos que esta atividade é permitida, ocorrendo eventos de grande porte em quase todas as aldeias de Bali. As brigas de galo são divididos de dois modos, sendo o jogo absorvente o mais reconhecido como “uma simulação formal das tensões de status” (p. 207). De acordo com o “jogo absorvente”, o status de quem ganha e de quem perde a briga é, respectivamente, afirmado ou insultado. 
As apostas são de grande relevância nos dois modos de jogo, porém são realizadas de acordo com a proximidade dos homens, de maneira solidária. Geertz apresenta as “subfacções” como as diferentes formas de proximidade, onde a subfacção mais próxima é de cunho familiar, significando que não se aposta “contra um galo de propriedade de seu próprio grupo de parentesco” (p. 202). O nível de investimento financeiro também tem o seu peso simbólico, pois o valor apostado representa o risco de outros elementos como “orgulho, pose, uma falta de paixão, masculinidade” (p. 199). 
Por fim, em torno da briga de galo há toda uma organização, composta pelo árbitro (que possui autoridade absoluta), pela multidão que aprecia a rinha e é composta por homens que seguem as regras mais formais de apostas e aqueles que gerem as apostas periféricas; tudo conduzido com muito respeito e aceitação, independente do resultado do jogo.

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