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12ª AÇÃO E EXCEÇÃO

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AÇÃO: NATUREZA JURÍDICA 
I. Conceito 
- direito de ação – provocação – inércia; 
- ação: é o direito (ou poder) ao exercício da atividade jurisdicional; direito público subjetivo/cívico: direito de 
ver assegurada a prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. É um direito meio. 
- direito público (pertence a todos); um direito subjetivo (embora pertença a todos, cada cidadão 
individualmente e subjetivamente o detém); direito abstrato (existe antes de haver violação ou perigo de 
violação a direitos); e instrumental (serve como meio para a proteção de outros direito fins, os direitos 
materiais). 
- autonomia do direito a ação, que se desprende do direito subjetivo material. 
- o Brasil adota a teoria abstrata da ação. 
III. Teorias 
a)Teoria Imanetista ou Clássica=civilista 
- Savigny1. 
- não se distinguiu a ação do direito subjetivo material. Não se distingue o direito material do direito de 
ação. Não haveria direito sem ação nem ação sem direito. 
- Críticas: Ações improcedentes? Prescrição? Ação declaratória negativa? 
b). Polêmica Windescheid-Muther 
- existiria uma distinção entre direito material e direito de ação. 
- Alemanha, nascem dois diretos, o direito do ofendido à tutela jurídica do Estado e o direito do Estado à 
eliminação da lesão, contra aquele que a praticou. 
c) Ação Como Direito Autônomo 
- autonomia do direito de ação. 
- duas grandes correntes: teoria do direito concreto à tutela jurídica (direito concreto de agir); teoria do 
direito abstrato de agir. 
1. Ação Como Direito Autonômo e Concreto 
- Wach e Büllow. 
- a ação é um direito autônomo. O direito só existiria se o autor tivesse o direito material, ou seja, sentença 
favorável. 
- ação exercida e solucionada pura e simplesmente para resolver um conflito individual, e não com a 
finalidade de pacificação social. 
- Giuseppe Chiovenda2 – ação como direito potestativo3. 
- Críticas: Ações julgadas improcedentes? 
2. Ação como direito autônomo e abstrato 
- Degenkolb e Plósz. 
- o direito de ação independe da existência efetiva do direito material invocado, ou seja, independe de 
sentença favorável ou desfavorável. 
- não interessa o resultado favorável – ação atendendo o escopo social. 
 
1 Friedrich Carl von Savigny (Frankfurt am Main, 21 de fevereiro de 1779 – Berlim, 25 de outubro de 1861) foi um dos 
mais respeitados e influentes juristas do século XIX. 
2 Giuseppe Chiovenda (Premosello-Chiovenda, 1872 — Novara, 1937) foi um conhecido jurista italiano, autor de diversos 
livros. 
3 É a espécie de direito subjetivo cujo conteúdo é o poder do titular de alterar a situação jurídica de outrem, que está 
submetido à sua vontade e, consequentemente, em estado de sujeição. 
- crítica: ação dirigida contra o Estado. 
d) Liebman4 – processualista italiano 
- Enrico Tullio Liebman 
- Direito subjetivo instrumental – mais que um direito, um poder. 
- condições da ação: legitimidade ad causam, interesse de agir/interesse processual e a possibilidade jurídica 
do pedido (Liebman em sua terceira edição do seu Manuale di direito precessuale civile, limitou as condições 
da ação ao interesse de agir e legitimidade para agir, entendendo que a possibilidade jurídica do pedido se 
compreendia no interesse de agir). 
-previstas nos arts. 3º e 267, VI, do CPC/1973. O novo CPC não fala mais de condições da ação, entretanto, 
mantém a necessidade de interesse e legitimidade para propor a ação, art. 17 e 485, VI. 
IV. Natureza jurídica da ação 
- A ação é dirigida ao Estado 
- Ação como um poder de colocar o Estado em situação de dever, o dever de prestar a jurisdição. 
- A ação tem natureza constitucional, art. 5ª, XXXV, CF – direito de comparecer em juízo (direito de 
demandar) 
- Devido processo legal. 
- direito ao provimento jurisdicional – favorável ou desfavorável, justo ou injusto. 
- Direito autônomo (independe da existência do direito material) e instrumental (pretensão de direito 
material). 
V. Ação Penal 
- normas penais impõe o dever de comportar-se de certa maneira. 
- Princípio da reserva legal: tipificação penal 
- É do Estado o direito de punir – jus puniendi. 
- O jus puniendi do Estado permanece em abstrato, enquanto a lei penal não é violada. 
- O processo é sempre indispensável, art. 5º, LIV, LV e LVII. Não podem os indivíduos fazer justiça com as 
próprias mãos. 
- O Estado, através do MP exerce a ação – Estado-administração. 
- Estado-administração deduz sua pretensão ao Estado-juiz. Proibição de auto-executoriedade do direito de 
punir. 
VI. Condições da ação – economia processual – penal e civil. 
- o direito de ação é submetido a condições por parte do legislador ordinário. 
- interesse de agir e legitimação ad causam. 
- requisitos sem os quais o direito de ação inexiste em dado caso concreto. 
- na ação penal existe ainda algumas condições (condição da ação específica) de procedibilidade – 
representação do ofendido. 
 Interesse de agir ou interesse processual/causa de pedir: a prestação jurisdicional seja necessária e 
adequada ou de acordo com outra doutrina UTILIDADE e NECESSIDADE. UTILIDADE – o processo pode 
propiciar o resultado favorável pretendido. NECESSIDADE – impossibilidade de obter o direito sem a 
intercessão do Estado (interdição de uma pessoa – ação constitutiva necessária) ou porque a parte contrária 
se nega, ou ainda, quando a lei exige. ADEQUAÇÃO – o autor deve indicar o procedimento. (arts. 330, III e 
485, VI e § 3º, CPC) 
 
4 Enrico Tullio Liebman (Lviv, 1903 - Milão, 8 de setembro de 1986) foi um importante jurista italiano nascido na Ucrânia. 
 Legitimidade ad causam/legitimidade das partes (legitimidade para agir – pertinência subjetiva ativa e 
passivamente): a ação seja proposta por aquele que titulariza o direito material contra aquele que é devedor 
da prestação desse mesmo direito material. Legitimação ordinária e extraordinária. 
- O art. 18 CPC, prevê que a legitimação extraordinária somente pode ser autorizada por lei. Ex.: Ação 
popular, ação penal privada, art. 1314, CC. Art. 195, § 2º, CLT (sindicato); MP, indenização, arts. 68, CPP. 
CF ampliou a possibilidade de acesso ao Judiciário. Várias divisões (exclusiva e concorrente; isolada ou 
simples e conjunta ou complexa; total e parcial; e originaria e derivada). 
- Substituição processual # sucessão processual (arts. 109 e 110 CPC) e representação processual (ex. 
ação de alimentos de menor). 
- Processo penal – ação penal privada. CF ampliou. 
- momento de verificação, art. 485, § 3º, CPC. 
- As condições da ação são condições para o exercício do direito de ação ou para a análise de mérito? 
VII. Carência de ação 
- faltando uma só das condições da ação, o autor é carecedor de ação. 
- é dever do juiz verificar a presença das condições da ação de ofício e o mais cedo possível. O juiz não 
chega a apreciar o mérito. 
- 330, II, III e parágrafo único, I, CPC – extinção sem julgamento de mérito. O mesmo ocorre no processo do 
trabalho. 
- no processo penal, a denúncia será rejeitada, 395, CPP. 
VIII. Identificação da ação – elementos constitutivos 
- cada ação apresenta intrinsecamente certos elementos. A identificação tem importância para evitar a sua 
repetição em juízo, impossibilitando assim, a ocorrência de litispendência ou coisa julgada. 
- Partes, causa de pedir e o pedido – ELEMENTOS DA AÇÃO. 
- artigos 319, II, III e IV (requisitos da petição inicial), CPC; art. 840, § 1º CLT; art. 41, CPP. 
- faltando um dos elementos acarretará o indeferimento da inicial, por inépcia, art. 321 e 330, paragrafo 
único, I, CPC) 
 Partes5: pessoas, sujeito ativo e sujeitopassivo. Vários autores (litisconsórcio – ativo, passivo e misto). 
Parte processual (próprio juiz, argüição de suspeição do juiz); parte material ou do litígio e parte legítima. 
 Causa de pedir (causa pretendi): fato jurídico, explicação do porquê. Exposição dos fatos, 319, III, CPC 
e 41 e 383, CPP. 
- Teoria da substanciação/substancialização (adotada pelo CPC, 319, III, exige que o demandante indique, na 
petição inicial, qual o fato jurídico e relação jurídica dele decorrente) # individuação/individualização (não 
basta somente a indicação da relação jurídica): causa de pedir = fatos + relação jurídica. 
- Causa de pedir próxima (se confunde com o fato jurídico, ex.: contrato); causa de pedir remota (efeitos do 
fato jurídico/fundamento de direito, ex. falta de pagamento). 
 Pedido (petitum): determinado objeto ou bem da vida (imóvel – despejo, dinheiro – cobrança; dano 
moral – indenização). Pedido imediato: prestação da atividade jurisdicional/provimento solicitado; pedido 
mediato: tutela do bem da vida. 
IX. Teoria da asserção6 
 
5 Parte complexa: incapaz e seu representante; pessoa jurídica e seu representante. 
6 Informativo nº 0538. Período: 30 de abril de 2014. Segunda Turma DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CAUSA DE PEDIR EM 
AÇÃO COLETIVA. Na hipótese em que sindicato atue como substituto processual em ação coletiva para a defesa de direitos 
individuais homogêneos, não é necessário que a causa de pedir, na primeira fase cognitiva, contemple descrição 
- Para a teoria da asserção – in status assertionis (alegação, argumentação), as condições da ação devem ser 
analisadas com base apenas nas afirmações das partes; 
- para está teoria, não há que se falar em produção de provas para análise das condições da ação. Desta 
forma, se com o que foi alegado pelo autor, as condições estiverem presentes, posterior análise sobre sua 
veracidade será considerada decisão de mérito. Ou seja, o critério para aferir a caracterização ou não 
caracterização da falta de uma das condições da ação consistiria no modo como o autor assevera os fatos 
em sua petição inicial. 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
I. Classificação das ações 
- Chiovenda classificação segundo o tipo de prestação jurisdicional invocada; 
- toda a ação implica pedido de provimento: de conhecimento, executivo ou cautelar (classificação 
trinaria/ternária). Classificação quinaria inclui as ações executivas lato sensu (trazem embutidas em si a carga 
executória, ex. ações possessórias e de despejo) e ações mandamentais (mandado de segurança de injunção). 
- ação de conhecimento (provimento de mérito – julgamento da causa – lide de pretensão resistida) e ação 
executiva (provimento satisfativo – lide de pretensão insatisfeita – dto reconhecido) 
- ação de conhecimento – lide de pretensão resistida; 
 meramente declaratórias: 19, CPC. 
 Constitutivas, criação, modificação ou extinção de uma relação ou situação jurídica. Ex.: ação 
anulatória de negócio jurídico, ação de divórcio. 
 condenatórias, violação do direito material, com a consequente condenação. 
- ação cautelar7 (processo penal) – provimentos cautelares – o bem discutido pode deteriorar-se, as 
testemunhas podem morrer ou as provas desaparecerem – evita a ineficácia do processo, deve estar 
presente o fumus boni iuris (fumaça do bom dto – probabilidade do direito pleiteado) e o periculum in mora 
(perigo da demora). Ex.: apreensão do bem objeto de litígio; oitiva de testemunha doente etc. 
II. Classificações tradicionais 
- classificação das pretensões. 
- o processo penal não admite à classificação segunda a pretensão, uma vez que a pretensão sempre é a 
mesma, punição do infrator. 
III. Classificação da ação penal – 100 a 106, CP; e 24 a 62, CPP 
- critério subjetivo: toma-se em consideração o sujeito que a promove. 
- ação penal pública (titularidade da ação penal pertence ao Estado, movida pelo MP) ou de iniciativa privada 
(titularidade da ação penal não é do Estado, movida pelo ofendido), art. 100, CP e 24 e 30, CPP. 
 
pormenorizada das situações individuais de todos os substituídos. De fato, é clássica a concepção de que o interesse de agir é 
identificado pela análise do binômio necessidade-utilidade. Em outras palavras, a referida condição da ação se faz presente 
quando a tutela jurisdicional mostrar-se necessária à obtenção do bem da vida pretendido e o provimento postulado for 
efetivamente útil ao demandante, proporcionando-lhe melhora em sua situação jurídica. Tem prevalecido no STJ o 
entendimento de que a aferição das condições da ação deve ocorrer in status assertionis, ou seja, à luz das afirmações do 
demandante (teoria da asserção). Assim, em ações coletivas, é suficiente para a caracterização do interesse de agir a 
descrição exemplificativa de situações litigiosas de origem comum (art. 81, III, do CDC), que precisam ser solucionadas por 
decisão judicial; sendo desnecessário, portanto, que a causa de pedir contemple descrição pormenorizada das situações 
individuais de cada substituído. Isso porque, no microssistema do processo coletivo, prevalece a repartição da atividade 
cognitiva em duas fases: num primeiro momento, há uma limitação da cognição às questões fáticas e jurídicas comuns às 
situações dos envolvidos; apenas em momento posterior, em caso de procedência do pedido, é que a atividade cognitiva é 
integrada pela identificação das posições individuais de cada um dos substituídos. REsp 1.395.875-PE, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 20/2/2014. 
7 No novo CPC não existe mais um livro dedicada ao processo cautelar. O novo CPC traz pedidos cautelares, podendo ser 
antecedentes e incidentes. 
- ação penal pública incondicionada (independe de manifestação de vontade) e condicionada (100, § 1º e 102, 
103, CP, ex: 7º, § 3º, b; 130; 145, parágrafo único; 147; 151; 152, etc. todos do CP). 
- ação de iniciativa exclusivamente privada (100, § 2º, CP, ex: 161, § 3º; 167, 179) e ação subsidiária da 
pública (art. 5º, LIX, CF, 29, CPP e 100, § 3º, CP). 
IV. Classificação das ações trabalhistas – dissídio coletivo: competência originária dos tribunais 
- individual (reclamação – reclamante e reclamado) e coletiva. 
- pretensões não penais. 
- CLT, arts. 839, “a” e 853. 
- ações coletivas – direitos de classe, grupos e categorias. Art. 114, CF e 872, CLT. 
- a sentença coletiva vale para toda a categoria, tal qual o acordo. Art. 8º, III, CF e 839, “a” CLT. 
- substitutos processuais. Eficácia erga omnes das sentenças coletivas. Substituto (sindicato) substituído 
(categoria profissional), extensão ultra parte. 
- art. 872, CLT – ação de cumprimento. 
- ação civil pública trabalhista – MPT e sindicatos, defesa de interesses ou direitos difusos, coletivos e 
individuais – varas do trabalho. 
EXCEÇÃO: DEFESA DO RÉU 
I. Bilateralidade da ação e do processo 
- a ação é dirigida ao Estado, mais os seus efeitos atingem a esfera jurídica de outra pessoa, réu. 
- bilateralidade da ação: conseqüência bilateralidade do processo. 
- o réu também tem uma pretensão – que o pedido do autor seja rejeitado. 
II. Exceção 
- exceção8 – direito de contradizer. 
- concepção dialética do processo. 
- a ação tem uma réplica que é a exceção. 
- a defesa é um direito público subjetivo, constitucionalmente garantido como corolário do devido processo 
legal. 
- no processo civil temos a eventualidade da defesa, o que não ocorre no processo penal. 
III. Natureza jurídica 
- ação como direito ao provimento jurisdicional – a exceção é o direito a que no julgamento também se 
levem em conta as razões do réu. 
- na execução civil a defesa, em regra, é feita atravésdos embargos do executado, arts. 535 e 914, CPC. 
IV. Classificação das exceções 
- a defesa pode dirigir-se contra o processo e contra a admissibilidade da ação, ou pode ser de mérito. 
- exceção processual e exceção substancial (direta, atacando o pedido; e indireta, opondo fatos impeditivos, 
modificativos e extintivos [prescrição, compensação, novação]). 
- outras classificações: 
 Divide a defesa quanto os efeitos: Dilatórias (protelar: incompetência, suspeição) e peremptórias 
(extinguir: exceção de coisa julgada, litispendência). 
 
8 Tem vários significados na linguagem jurídica. No rigor da técnica processual, indica toda a defesa articulada por uma das 
partes 
 Conhecimento da defesa pelo juiz: Objeção (conhecida de ofício, ex.: prescrição, incompetência 
absoluta, carência de ação) e exceção em sentido estrito (alegada pela parte, ex: incompetência relativa e 
preliminar de arbitragem); 
 Legislação processual: exceção (indicar exceções processuais, 146, CPC, 95, CPP e 799, CLT); 
contestação no processo civil, meio de defesa, arts. 336 e 337. O CPC admite os seguintes tipos de defesa: 
contestação e reconvenção. 
V. Concurso e cumulação de ações 
- CONCURSO: um mesmo conflito de interesses pode ter, judicialmente, diversos tipos de soluções, ou seja, a 
parte escolhe qualquer das vias. 
- Exs: 1) vício oculto no bem: ação redibitória, arts. 441 a 444, CC (a reclamação do comprador para desfazer 
esta compra, restituindo a coisa para que o vendedor lhe restitua o preço pago) ou ação quanti minoris 
(busca somente o abatimento do preço); 2) compra realizada considerando a medida do imóvel (compra ad 
mensuram), havendo diferença na medida, 3 alternativas: rescisão do contrato, complementação da área ou 
abatimento do preço. 
- CUMULAÇÃO de ações: é possível realizar vários pedidos, em verdade é possível à cumulação de pedidos, 
art. 327, CPC. 
 
BIBLIOGRAFIA 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
CARREIRA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria geral do processo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte 
geral e processo de conhecimento. 17. Ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016. 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria geral do processo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

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