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PROVA 2 Teoria Geral do Processo 2020_2 Corrigida e Comentada

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PROVA TEORIA GERAL DO PROCESSO 2020/02
1 Pontes de Miranda fazia distinção entre ação de direito processual e ação de direito material.
Sobre a ação e a “ação” - essa distinção tem por finalidade principal ajudar a compreender a
diferença entre direito, pretensão, ação material e direito, pretensão e ação processual -, julgue
os itens a seguir como V (verdadeiro) ou F (falso):
I - A ação de direito material está ligada à noção de autotutela, à noção de direito subjetivo
material - que é o interesse jurídico protegido na norma, à pretensão de direito material - que é
o poder de exigir de outra pessoa uma vantagem surgida com o direito subjetivo, e à ação de
direito material - que é o exercício propriamente dito da pretensão de direito material, visando
à satisfação do direito.
II - A ação de direito material, fora as hipóteses de autotutela permitidas pela legislação, é
vedada, porque se trata de vingança privada, de exercício arbitrário das próprias razões,
quando não há autorização contratual ou legal par fazê-lo.
III – A “Ação” está relacionada ao direito subjetivo processual à tutela jurídica adequada; à
pretensão de direito processual, que é o poder de exigir do Estado-juiz ou de outros órgãos ou
meios adequados, à prestação jurisdicional; e à ação de direito processual, que é o exercício
da pretensão à tutela jurídica processual.
IV – Se não há a satisfação no plano do direito material, pode-se exigir uma medida pelo
Poder Judiciário, iniciada com a demanda, com a ação, passando-se ao plano do direito
processual. A teoria circular dos planos procura mostrar que o plano do direito material é
bastante em si, diante da possibilidade do exercício da autotutela, e somente se não houver a
satisfação no plano do direito material deve-se provocar o Poder Judiciário. Na verdade, a
Teoria Circular dos Planos indica o contrário. Para ela, o direito material e o direito
processual são complementares, servindo-se entre si. Como é sabido, o processo é
co-protagonista, atuando ao lado do direito material, para realizá-lo. Trata-se de
instrumento para a realização do direito material, mas não deve ser visto como inferior
a ele. Logo, há uma relação de complementaridade, não subordinada nem hierárquica,
entre o direito material e o direito processual. É necessário pensar o processo à luz do
direito material. Alternativa INCORRETA.
a) V, F, V, V.
b) V, V, V, V.
c) V, V, F, V.
d) V, V, V, F.
2 Considerando o que foi lecionado em aula síncrona, no tocante ao artigo 926, do CPC/15, a
função do Superior Tribunal de Justiça é:
a) Editar enunciados de súmula, sem necessidade de ater-se às circunstâncias fáticas que
motivaram a decisão em casos precedentes. O artigo 926, em seu §2o, diz que os
tribunais devem sim se ater às circunstâncias fáticas que motivaram as decisões em
casos precedentes.
b) Dar unidade ao direito infraconstitucional, mantendo seus precedentes estáveis,
íntegros e coerentes. Em seu caput, o artigo 926 traz essa premissa.
c) Uniformizar a jurisprudência persuasiva, entre as diversas turmas do STJ, mantendo-a
coerente. O artigo não se refere à jurisprudência persuasiva.
d) Editar enunciados de súmula para superar a sua jurisprudência dominante. artigo 926,
em seu parágrafo §1o indica que os tribunais editarão enunciados de súmulas
CORRESPONDENTES a sua jurisprudência dominante.
3 Para aplicação do direito no tempo a lei processual civil aplica-se a máxima tempus regit
actum (o tempo rege o ato). Normas heterotópicas (normas de direito material na lei
processual) e normas processuais bifrontes, híbridas ou mistas (com aspectos materiais e
processuais) serão regidas pela norma temporal mais benéfica. Considerando a máxima
tempus regit actum, assinale a alternativa CORRETA:
a) A lei processual nova não atinge os processos em curso, alcançando apenas os que
forem ajuizados durante a sua vigência. O art 14 do CPC indica que a nova lei de
processo civil deverá ser aplicada também nos processos em curso.
b) Aos processos futuros aplicam-se normas revogadas que estão de acordo com súmula
do Supremo Tribunal Federal (STF). O art 14 estabelece que a lei processual não
retroagirá.
c) Não é possível aplicar lei processual revogada, salvo quando for processual penal mais
benéfica ao réu. O art 14 estabelece que a lei processual não retroagirá.
d) A lei processual, quando entra em vigor, possui efeito imediato para os atos
processuais ainda não praticados e não retroage.
e) Processos em curso são atingidos pela nova lei processual, de modo que é possível
rever os atos processuais já praticados. O art 14 estabelece que as normas processuais
novas são aplicadas imediatamente aos processos em curso, mas essa aplicação deve
respeitar os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas, então
estes não podem ser revistos.
4 Acerca da execução, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Há dois tipos de execução: (i) o processo de execução, destinado à execução de título
executivo extrajudicial, e (ii) o cumprimento de sentença, que é uma fase que integra o
processo de conhecimento, destinado à execução dos títulos executivos judiciais.
Alternativa correta. A sentença pode ser compreendida como a decisão que dá fim à
fase de conhecimento e inaugura a fase de cumprimento de sentença. Isso significa
que o conflito foi resolvido e que agora o autor possui um título, ou seja, um direito de
cobrança em desfavor do réu. Esse título é judicial, ou seja: foi produzido dentro do
processo de conhecimento. Assim, o processo de Cumprimento de Sentença é
desenvolvido nos mesmos autos do processo, pois se configura como uma mera
“continuação” do processo judicial, que teve início na fase de conhecimento. Dessa
forma, não há necessidade de promover uma nova citação do executado, pois ele já faz
parte do processo. Já na hipótese do Processo de Execução, o conflito já está
resolvido, uma vez que não há necessidade de termos a fase de conhecimento.
Dizemos, então, que o credor (aquele que tem o direito de cobrança sobre outro) porta
um título extrajudicial. O título extrajudicial é aquele que foi produzido fora do
processo.
b) A diferença fundamental entre a impugnação ao cumprimento de sentença e os
embargos à execução no processo de execução fundado em título executivo
extrajudicial é que na segunda, os fundamentos que o executado poderá alegar são
menos amplos do que no segundo. Nos embargos do executado a defesa do executado
poderá alegar no processo de execução “qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir
como defesa no processo de conhecimento” (art. 917, VI, do CPC).
c) É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em
juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória
discriminada do cálculo, podendo o autor impugnar o valor depositado, sem prejuízo
do levantamento da parte incontroversa (art. 526, caput, c/c art. 526, § 1º, do CPC).
Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação
desta (art. 509, § 1º, do CPC). ALTERNATIVA CORRETA: vide artigos indicados
d) A existência de título executivo extrajudicial impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo judicial, nos termos do art. 785, do CPC.
Isso ocorre porque a parte que possui um título executivo ao seu favor não teria
interesse de agir, interesse no sentido de utilidade, de buscar o título executivo judicial
em juízo. Segundo o artigo indicado, a existência de título executivo extrajudicial
NÃO impede a parte de optar pelo processo de conhecimento.
5 Os fins do processo são a tutela das pessoas e dos direitos, adequada, efetiva e tempestiva,
mediante o processo justo, para a prevenção, autocomposição ou resolução do conflito. Neste
sentido, o Prof. Galeno Lacerda aponta, em passagem histórica, a adequação como requisito
fundamental paraque o processo alcance seus objetivos:
“Requisito fundamental para que o instrumento possa atingir e realizar seu objetivo há de ser,
portanto, a adequação. Como são três os fatores a considerar, a adequação se apresenta sob
tríplice aspecto: subjetiva, objetiva e teleológica. Em primeiro lugar, cumpre que o
instrumento se adapte ao sujeito que o maneja: o cinzel do Aleijadinho, forçosamente, não se
identificava com um cinzel comum. Em segundo, impõe-se que a adaptação se faça ao objeto;
atuar, sobre madeira ou sobre pedra exige instrumental diverso e adequado. Em terceiro, urge
que se considere o fim; trabalhar um bloco de granito para reduzi-lo a pedras de calçamento,
ou para transformá-lo em obra de arte, reclama de igual modo adequada variedade de
instrumentos. Assim também há de suceder com o processo, para que possa cumprir a missão
de definir e realizar o direito.” (LACERDA, Galeno, Comentários ao Código de Processo
Civil, cit., v. 8, t., 1, p. 23-24)
Com base no texto, aponte a assertiva INCORRETA:
a) A existência de justiças especializadas para tratar de determinado ramo do direito,
como a justiça eleitoral, a do trabalho, a militar, são exemplos de adequação
teleológica da tutela jurisdicional. A adequação teleológica está ligada à finalidade, ao
propósito do processo. Os exemplos dados, entretanto, são exemplos de adequação
objetiva, referentes ao objeto tutelado. Como exemplos de adequação teleológica
temos a tutela de urgência e a tutela de evidência, por exemplo.
b) A tutela de urgência, a tutela da evidência, o processo estrutural e o direito processual
dos desastres, são exemplos de adequação teleológica da tutela jurisdicional.
c) Ao aplicar o direito do consumidor nas causas que versem sobre relação de consumo,
o juiz presta uma tutela adequada ao objeto.
d) A previsão contida no artigo 71 do Estatuto do Idoso e no artigo 1.048, I, do CPC, que
assegura prioridade na tramitação dos processos judiciais em que figure como parte ou
interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos é um exemplo
de adequação subjetiva da tutela jurisdicional. A adequação subjetiva é aquela em que
o sujeito é adequado ao processo, garantindo-lhe melhor acesso.
6 Há dois tipos de juízo que podem ser feitos pelo órgão jurisdicional: juízo de
admissibilidade e juízo de mérito. Sobre o juízo de admissibilidade, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) O CPC/1973 adotava, em sua versão original, a teoria de Enrico Tullio Liebman,
afirmando, como condições da ação, a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de
agir e a legitimidade. Condição da ação é uma categoria criada pela Teoria Geral do
Processo, com o propósito de identificar uma determinada espécie de questão
submetida à cognição judicial. Uma condição da ação seria uma questão relacionada a
um dos elementos da ação, que estaria em uma zona intermediária entre as questões de
mérito e as questões de admissibilidade. O CPC de 1973 consagrou essa categoria. O
CPC de 2015, entretanto, veio com algumas modificações.
b) As condições da ação, no CPC/2015, são a possibilidade jurídica do pedido, o
interesse de agir e a legitimidade. No CPC de 2015, são adotados os pressupostos
processuais, não as condições da ação.
c) De acordo com a teoria da asserção ou prospettazione, se a legitimidade ad causam e o
interesse de agir são examinados in statu assertionis, ou seja, considerando-se apenas
as alegações contidas nas petições apresentadas em juízo, trata-se de uma condição da
ação, mas se se exige a análise das provas, então a questão passa a ser de mérito. Na
vigência do CPC/73, o interesse de agir e legitimidade ad causam eram tratados como
condições de ação. A possibilidade jurídica do pedido era, então, também considerada
como condição da ação. As dificuldades que normalmente se apresentavam na
separação das “condições de ação” do mérito da causa fizeram com que surgisse uma
concepção doutrinária que buscava amenizar esses problemas práticos. Propôs-se
então que a análise das antigas condições da ação, como questões estranhas ao mérito
da causa, ficasse restrita ao quanto afirmada pelo demandante.
d) De acordo com Fredie Didier Júnior, no CPC/15, as condições da ação deixaram de
existir, e a legitimidade ad causam e o interesse de agir devem ser explicados com
suporte ora no repertório teórico dos pressupostos processuais (questões de
admissibilidade), ora como questões de mérito (legitimação ordinária ao final do
processo, quando se afirma que o autor não é o titular do direito).
7 De acordo com a leitura dos textos de Galeno Lacerda e Oscar Chase recomendada para a
aula 2 desta disciplina, cada processo reflete a cultura, a sociedade e o estado da arte do
direito em um determinado tempo e lugar, havendo uma reflexividade entre o direito positivo
(legislado), os precedentes judiciais e a prática cultural em determinado local e momento da
história, de modo que o direito é reforçado/afetado pela prática cultural de uma sociedade,
assim como também altera ou afeta a prática social. A reflexividade entre direito, cultura e
sociedade é como um espelho mágico que ao mesmo tempo que reflete, também transforma a
realidade.
Nesse contexto, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O Código de Processo Civil Brasileiro de 2015 promove uma virada cultural, na
medida em que modificou um sistema caótico, de privilégio à litigância frívola e à
litigância pelo processo, em um sistema mais ordenado, e por isso mesmo centrado na
jurisdição estatal. O Novo CPC se volta mais para a autocomposição por meio da
mediação e da conciliação, o que tira parte do foco da jurisdição estatal.
b) No Brasil, a prática cultural de fumar em ambientes fechados e andar em veículos sem
o cinto de segurança foi modificada a partir da proibição contida na legislação.
c) Nos Estados Unidos, a prática cultural de impor a segregação racial nas escolas era
reforçada pela interpretação da 14ª Emenda Constitucional operada pelo precedente
judicial do caso Plessy v. Ferguson (1896), doutrina dos “separados mas iguais”, a
articulação da NAACP (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor)
veiculando os interesses da minoria negra americana chegou à Suprema Corte que,
mais de meio século depois, alterou o precedente, decidindo que a segregação é
“inerentemente desigual” no caso Brown v. Board of Education (1954), determinando
que a partir de então as escolas não tivessem mais ambientes segregados.
d) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao prever um grande
número de direitos fundamentais, pretendeu ser “o gancho do alpinista” (nas palavras
do Deputado Federal Hermes Zaneti, constituinte à época), elevando a sociedade a
outro nível, um projeto social de pluralismo, liberdade e igualdade, rompendo com a
lógica totalitária da ditadura militar que a antecedeu. Foram garantidos na
Constituição direitos fundamentais sociais e de liberdade, individuais e coletivos,
direitos fundamentais materiais e processuais.
8 De acordo com a classificação quinária da ação de Pontes de Miranda, são cinco as eficácias
das sentenças. Correlacione as colunas e, após, assinale a alternativa que indica a sequência
correta:
1. Eficácia Declaratória
2. Eficácia constitutiva
3. Eficácia condenatória
4. Eficácia mandamental
5. Eficácia executiva lato sensu
( ) faz dupla declaração (declara que tenho uma dívida e exorta ao pagamento).
( ) cria, modifica, extingue uma relação jurídica.
( ) decorre do poder de império do juiz, que determina a alguém que faça algo que está no
âmbito de sua competência.
( ) determina a entrega de algo que está indevidamente na posse do executado
( ) afirma a existência ou inexistência de uma relação ou situação jurídica.
a) 3, 2, 4, 5, 1.
b) 2, 4, 3, 1, 5.
c) 1, 3, 5, 4, 2.
d) 1, 2, 3, 4, 5.
9 Sobre as fases metodológicas do processo, assinale a assertiva INCORRETA:
a) Na polêmica da actio, entre Windsheid e Muther, o primeiro defendia quea ordenação
romana era uma ordenação de pretensões que podem ser perseguidas judicialmente, e
que, assim, a pretensão de direito material seria o equivalente da actio romana; o
segundo, se opôs a essa tese, afirmando que existiria um direito de agir autônomo em
relação ao direito privado, ainda que a ele vinculado. Windsheid foi vencedor no
debate, pois a ação depende do direito material, sendo o direito material armado e
preparado para a guerra. Windscheid considerava que actio se referia a pretensão
material em oposição ao réu, argumentando que o direito material age de modo que
eclode uma predileção do seu titular de fazer-se valer da própria vontade, vinculando a
vontade alheia, que é denominada de pretensão (Anspruch). Muther, por outro lado,
pensava que o ativo era o direito público de demandar algo contra o Estado
(Klagerecht). Windscheid não cede, porém, também, não contesta mais a
possibilidade do direito público de litigar versus o Estado. É Muther que vence a
disputa.
b) A fase metodológica do Processualismo trouxe grande colaboração ao direito
processual, ao reconhecer a autonomia conceitual da ação, do processo (com
pressupostos processuais próprios) e do próprio direito processual, que, portanto,
passou a ser visto como ramo autônomo, seara jurídica. Mas, a excessiva preocupação
em dissociar o processo de elementos externos e identificá-lo como um instrumento
puramente técnico, mostrou-se insatisfatória.
c) O Formalismo-Valorativo tem por objetivo analisar a antinomia existente entre
formalismo e justiça, buscando dar solução a esse aflitivo problema que assola o
direito processual. Essa doutrina jurídica ultrapassa a visão do processo como técnica
e diz respeito à totalidade formal do processo, compreendendo não só a forma, ou as
formalidades, mas voltando a atenção também aos poderes e deveres dos sujeitos
processuais, bem como à ordenação do procedimento e organização do processo. O
Formalismo-Valorativo vê o processo como direito constitucional aplicado e está
ciente da permanente tensão entre os direitos fundamentais à segurança e à
efetividade.
d) Em reação aos exageros do Processualismo, alguns juristas, com destaque para
Candido Rangel Dinamarco (Instrumentalidade do Processo, 1987, Tese de Livre
Docência, USP), passaram a reconhecer variados escopos para a jurisdição (social,
jurídico e político), caracterizando a denominada fase metodológica do
Instrumentalismo, que procura definir os objetivos com os quais o Estado exerce a
jurisdição e reativar a relação entre direito material e processo.
10 O tempo do processo não pode ser suportado apenas pelo autor da ação (dano marginal). O
processo deve dar a quem tem direito, em tempo hábil e de forma adequada e efetiva, tudo
aquilo e exatamente aquilo a que tem direito (princípio da máxima coincidência, Giuseppe
Chovenda). Com base nessa ideia, assinale a alternativa INCORRETA sobre tutelas
provisórias:
a) A tutela da evidência será concedida, uma vez demonstrado o perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando, dentre outras hipóteses, as alegações de
fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. Segundo o art 311 do CPC,
a tutela de evidência será concedida independente de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo.
b) A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Artigo 300 do CPC.
c) A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
d) A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. No artigo 294 do
CPC/2015, a tutela provisória encontra-se prevista como gênero que contempla as
seguintes espécies: (i) tutelas de urgência; (ii) tutelas de evidência.
11 Com base no texto “A função dos pressupostos processuais no Processo Civil
contemporâneo”, de Luiz Guilheme Marinoni, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Para Chiovenda, embora tenha se tornado evidente que o processo independia de
pressupostos, era necessário manter a categoria dos pressupostos processuais, que
seriam condições para que a obrigação do juiz de se pronunciar sobre a demanda
pudesse se constituir.
b) Para Bülow, os pressupostos processuais são elementos constitutivos da relação
processual e, sem eles, o processo não existe.
c) Marinoni defende que a doutrina não deveria ter abandonado a categoria dos
pressupostos processuais, voltando-se para o valor que os pressupostos processuais
têm diante dos fins do Estado e dos direitos das partes. Nos termos do art. 488, do
CPC. “Ou melhor, a doutrina deveria ter abandonado a categoria dos pressupostos
processuais, voltando-se para o valor que os requisitos processuais – antes concebidos
como pressupostos - têm diante dos fins do Estado e dos direitos das partes.”-
Marinonni
d) Quando o mérito for favorável ao réu, a ausência de pressuposto voltado à sua
proteção não retira do juiz o dever de proferir sentença de improcedência, de modo
que a ausência de pressuposto impedirá a tutela do direito material, mas não o
julgamento do mérito. Porém, sendo o mérito favorável ao autor, a concessão da tutela
jurisdicional do direito somente será possível quando o pressuposto negado tiver o fim
de lhe proteger.
12 Sobre os princípios da jurisdição, assinale a alternativa CORRETA:
a) De acordo com o princípio da indelegabilidade, o juiz não pode delegar suas funções a
outra pessoa, nem mesmo as atividades administrativas, sendo vedada a jurisdição por
arbitragem. De acordo com o princípio da indelegabilidade, o juiz não pode delegar
suas funções a outra pessoa ou outro órgão fora do Poder Judiciário
b) O princípio do juiz natural traz a ideia de que a jurisdição só pode ser exercida por
quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz. De acordo com o
princípio do juiz natural, o juiz deve ser previamente encarregado, na forma da lei,
como competente para julgar o fato com imparcialidade, sendo vedado os tribunais de
exceção.
c) De acordo com o princípio da investidura, o juiz deve ser previamente encarregado, na
forma da lei, como competente para julgar o fato com imparcialidade, sendo vedado os
tribunais de exceção. De acordo com o princípio da investidura a jurisdição só pode
ser exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz.
d) O artigo 2º, do CPC, ao prescrever que “o processo começa por iniciativa da parte e se
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei” consagra o
princípio da inércia. O Poder Judiciário é inerte, deve ser povocado.
13 Sobre a teoria da prova, direito probatório e o problema da verdade e os standards
probatórios, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O diagrama do Larry Laudam, exibido em aula síncrona e enviado para os alunos,
demonstra a importância de saber o “quanto de prova” é necessário para saber se
ocorreu ou não determinado fato: a depender do rigor na exigência do standard
probatório, poderá haver a maior ou menor condenação de réus verdadeiramente
culpados ou verdadeiramente inocentes. Logo, no Brasil, como temos o standard da
“prova preponderante” no processo penal, basta ao Ministério Público lançar dúvida
sobre a conduta do acusado para que se obtenha a condenação.
b) A verdade no processo (“verdade processual”, para Luigi Ferrajoli) é o conhecimento
que se pode ter de acordo com os limites existentes para conhecimento dos fatos e do
direito. Em relação aos fatos, o que se considera como fatos provados e não refutados
no processo, a partir das hipóteses levantadas pelo autor e pelo réu (acusação e defesa
no processo penal), ainda que reconhecida a falibilidade do conhecimento humano que
é sempre falseável. O que se considera como conhecimento do direito, de acordo com
o que se entende por direito em determinadoespaço e tempo, o que é sempre
opinável. A coisa julgada estabiliza a discussão, mas por ser um instituto
jurídico-político ela presta homenagem no processo penal à revisão criminal, que
permite “após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou
de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.” (Art. 621,
III, do CPP), um novo julgamento.
c) Os standards de valoração da prova são os padrões que os juízes usam para dizer se há
prova suficiente ou não. Os mais conhecidos são: (i) preponderância da prova (50%
+1), utilizado normalmente nas causas patrimoniais do direito civil; (ii) prova clara e
convincente, utilizado para causas de direito de família (reconhecimento de
paternidade, etc.) e para as causas de improbidade administrativa; (iii) prova além da
dúvida razoável; sendo este último o standard normal do direito penal e processual
penal.
d) A verdade no processo é uma verdade não-absoluta, devendo as partes e o juiz
cooperar para o descobrimento de como os fatos ocorreram na realidade (teoria da
verdade por correspondência).
14 Sobre a jurisdição, assinale a alternativa CORRETA:
a) A jurisdição estatal, diferentemente da jurisdição extra-estatal (arbitragem) é uma
forma de solução heteróloga de conflitos, em sentido oposto às soluções
autocompositivas, que são autônomas. A arbitragem também é uma forma de solução
heteróloga de conflitos.
b) A jurisdição estatal não pode ser considerada una em todo território nacional, em
razão da diversidade de instâncias, juízos, competências e áreas do direito. A
jurisdição estatal é una, independente da diversidade de instâncias, competências e
áreas do direito.
c) A jurisdição estatal é una e é exercida pelos juízes e tribunais em todo o território
nacional. Por esta razão, dentre outras, o STF declarou inconstitucional o artigo 16 da
Lei da Ação Civil Pública, que limitava territorialmente os efeitos da sentença.
d) A jurisdição afasta por completo a possibilidade do exercício da autotutela, vedados os
contratos que estabeleçam multas automáticas por descumprimento, como os smart
contracts do Uber e do Airbnb. Em regra, a autotutela é afastada, mas existem diversas
exceções ao longo do ordenamento jurídico brasileiro.
15 Julgue as afirmações a seguir:
De acordo com José Carlos Barbosa Moreira (BARBOSA MOREIRA, José Carlos.
Comentários ao Código de Processo Civil. 17ª ed. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 2013, p.
233)recurso é o “remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a
invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna”.
a) Verdadeiro
b) Falso
16 A Teoria Integrada da Ciência Jurídica proposta por Luigi Ferrajoli (Principia Iuris, Tomo
I, p. 38 e ss.) explica a existência de quatro pontos de vista distintos para a compreensão do
modelo integrado de ciência jurídica: a) filosofia da justiça, b) teoria do direito, c) dogmática
jurídica, e d) sociologia jurídica (multidisciplinariedade).
Analise os itens a seguir, assinalando a alternativa CORRETA em seguida:
I - A filosofia da justiça preocupa-se com a aporia da justiça, com a pergunta “o que é o
justo?”. Está ligada à pretensão de correção, a ideia de que se pretende agir da maneira melhor
e mais justa possível em um sistema de justiça, em relação a um dado problema jurídico que
resulte em um conflito ou potencial conflito posto para a solução em um processo. Seu âmbito
de preocupação está no aspecto valorativo, axiológico, nos valores fundamentais que devem
ser perseguidos pelo Direito. Filosofia da justiça (o que é justiça?): preocupa-se com a aporia
da justiça e com o aspecto valorativo dos valores fundamentais perseguidos pelo Direito.
II - A dogmática jurídica responde à pergunta “o que é o direito?”, lidando com os conceitos
jurídicos fundamentais que se utilizam nos mais diversos ordenamentos, ainda que parcial e
incompleta, tendo um papel crítico e projetual sobre a dogmática jurídica e funcionando como
ponto de encontro entre a dogmática e os demais pontos de vista externos da filosofia da
justiça e da sociologia do direito. Dogmática Jurídica (o que é o direito em determinado
ordenamento?): seu âmbito de preocupação está no dever ser do direito, aspecto normativo, de
um ordenamento específico. Direito positivo.
III - A teoria do direito é transordenamental e procura responder à pergunta “o que é o direito
em um determinado ordenamento jurídico?” (por exemplo, o que é direito positivado no
Brasil hoje). Seu âmbito de preocupação está no dever ser do direito, aspecto normativo,
deontológico. Teoria do Direito (o que é o direito?): como o direito se desenvolve; lida com
os conceitos jurídicos fundamentais utilizados pelos ordenamentos jurídicos de maneira
universal. Atua de maneira transordenamental.
IV - A sociologia do direito responde à pergunta “qual é a efetividade do direito?”, como o
direito é no mundo da vida, como ele é observado no cotidiano, em determinado tempo e
local. Seu âmbito de preocupação está no ser do direito, aspecto sociológico, antropológico,
econômico, em como se comportam os atores de um sistema jurídico diante das normas
projetadas pela teoria e determinadas pela dogmática. Sociologia Jurídica (qual é a
efetividade do direito?): o ser do direito, aspecto sociológico, antropológico e econômico, em
como se comportam os atores de um sistema jurídico.
a) I e IV estão incorretas
b) II e III estão corretas
c) II e III estão incorretas
d) I e II estão corretas
17 Ramiro Podetti qualificou como Trilogia Estrutural do Processo os elementos ação,
jurisdição e processo. Com a constitucionalização do processo, a exceção/defesa passou a
integrar a trilogia estrutural nesse desdobramento da tutela constitucional da ação que é
também a garantia do direito de defesa. Sobre a teoria da ação/defesa, assinale a alternativa
CORRETA:
a) A demanda é o ato que manifesta o exercício do direito de ação, ou seja, ato voluntário
composto por três elementos – partes, pedido e causa de pedir – que acaba com a
inércia do Poder Judiciário e postula a tutela jurisdicional. A demanda introduz o
objeto litigioso do processo, que não pode ser ampliado pela postulação do réu.
b) A adoção de procedimento de cognição plena e exauriente para tutela de direitos é a
regra para o processo civil no Código de Processo Civil de 2015, correspondendo ao
modelo do processo ordinário ou comum como máxima garantia.
c) O direito fundamental à ampla defesa está previsto no artigo 5º, LV da CRFB e vale
tanto para a esfera civil, quanto para a penal e a administrativa.
d) O direito à ampla defesa não determina a declinação pormenorizada pelo autor da
demanda das razões pelas quais pretende impor consequências jurídicas ao
demandado.
18 Julgue as afirmativas a seguir acerca dos princípios fundamentais do processo civil:
I - Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva, nos termos do art. 6º, do CPC. Por sujeitos do
processo no princípio da cooperação entende-se apenas as partes e o juiz.
II – Com a constitucionalização do processo, o princípio do contraditório passou a implicar
não apenas na bilateralidade de audiência (CPC/1973), mas também o dever de debate e o
direito de influência (CPC/2015, na feliz fórmula do Prof. Antonio do Passo Cabral).
a) Apenas II está correta.
b) Apenas I está correta.
c) I e II estão incorretas.
d) I e II estão corretas.
19 As decisões judiciais exigem estabilidade para garantia da segurança jurídica que deve ser
compreendida como estabilidade-continuidade do direito. São mecanismos do processo civil
para assegurar o princípio da segurança jurídica, EXCETO:
a) A obrigatoriedade de observância dos precedentes judiciais normativos formalmente
vinculantes (Hermes Zaneti Jr).
b) A vedação à decisão-surpresa, que é a decisão proferida com fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidadede se manifestar (art. 10, do CPC). Esse
mecanismo faz parte do contraditório e não da segurança jurídica.
c) A obrigatoriedade de fundamentação adequada das decisões judiciais.
d) O prazo de dois anos para o ajuizamento de ação rescisória, findo o qual forma-se a
coisa soberanamente julgada, que não mais pode ser modificada.

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