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UNIVERSIDADE IGUAÇU CAMPUS V - ITAPERUNA
FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS SOCIAIS E APLICADAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
JULIANA SANTANA
LORENA CURTY
RENATA MACHADO
DO CONTRATO: DE DOAÇÃO E ESTIMATÓRIO
MAIO - 2016
ITAPERUNA – RJ
JULIANA SANTANA
LORENA CURTY
RENATA MACHADO
DO CONTRATO: DE DOAÇÃO E ESTIMATÓRIO
Trabalho apresentado sob a orientação do prof. Adilson Poubel à disciplina de Direito Civil do curso de Direito da UNIG, como forma de avaliação para o II bimestre do período vigente.
MAIO - 2016
ITAPERUNA – RJ
1.CONTRATO DE DOAÇÃO
1.1 CONCEITO
É um contrato pelo qual uma das partes se obriga a transferir por liberalidade e gratuitamente à outra, um bem de sua propriedade. O doador se empobrece enquanto que o donatário se enriquece. Note-se que tanto o art. 538 do CC/02 como o art. 1.165 do CC/16 assinalam ser a doação um contrato. É contrato porque depende de aceitação do donatário ainda que esta se evidencie de forma expressa, tácita, presumida ou mesmo ficta.
1.2 OBJETO
Objeto da doação é a transferência de bens ou vantagens de um patrimônio para outro. Bens futuros também podem ser objeto de doação que neste caso é condicional (ex: bezerro que vier a nascer, grãos que serão colhidos na próxima safra etc).
1.3 ESPÉCIES DE DOAÇÃO
1.3.1 PURA – É a que se faz com espírito de liberalidade e gratuitamente, sem subordinação a qualquer acontecimento futuro e incerto.
1.3.2 CONDICIONAL – é aquela subordinada à ocorrência de acontecimento futuro e incerto (CC, art. 121). 
Ex: doação condicionada à realização do casamento com certa e determinada pessoa (donatio propter nuptias). Trata-se de condição suspensiva (CC, arts. 125, 136, segunda parte). Se o casamento não ocorrer a doação não se opera. Também é o caso de doação feita à prole eventual do casal. Se não tiverem filhos não surgirá o direito à doação (CC, art. 546). 
1.3.3 DOAÇÃO COM ENCARGO OU MODAL (ONEROSA, GRAVADA) - A doação condicional difere da doação com encargo ou modal (CC, art. 136), vista a seguir, porque nesta o direito à doação já se operou; o direito nasceu. 
Na doação modal, uma vez que o donatário não satisfaça o encargo que lhe foi cometido ficará facultado ao doador ingressar judicialmente com pedido de revogação da doação (CC, art. 555).
1.3.4 REMUNERATÓRIA – É a feita em retribuição a serviços prestados cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário (CC, art. 540). Ex: cliente que paga serviços médicos cuja exigibilidade esteja prescrita; alguém que faz doação à pessoa que lhe salvou a vida ou que lha ajudou em momento de dificuldade etc. O que a caracteriza é que não há obrigação de pagar dívida.
1.3.5 MISTA – tem natureza controvertida. È considerada doação por alguns e contrato oneroso por outros - negotio mixtum cum donatione – Ex: venda de um bem a preço vil – vale R$ 5.000,00, vende-se por R$ 500,00. Ou o inverso, para caracterizar a liberalidade: o imóvel vale R$ 40.000,00 a preço de mercado e paga-se R$ 48.000,00.
1.3.6 AO NASCITURO – Pode o nascituro ser contemplado com doação que será válida desde que aceita pelo seu representante legal (CC, art. 542).
1.3.7 EM FORMA DE SUBVENÇÃO PERIÓDICA – Trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, não se transferindo a obrigação aos seus herdeiros se o contrário não tiver ele estipulado. De qualquer maneira não poderá ultrapassar a vida do donatário (CC, art. 545) tampouco as forças da herança (CC, art. 1.792).
1.3.8 ENTRE CÔNJUGES – Modalidade não contemplada no CC/16 é aplica-se às situações em que o cônjuge é herdeiro do outro. CC, art. 544.
1.3.9 DE ASCENDENTES À DESCENDENTES – Assim como na doação entre cônjuges a doação de pais para filhos, de avô para netos etc. é válida desde que não ofenda à legítima dos demais herdeiros e “importa adiantamento do que lhes cabe por herança” (CC, art. 544). Os descendentes estão em princípio obrigados a conferir, no inventário do doador, por meio da colação, os bens recebidos pelo valor da época da liberalidade (CC, art. 2.004, caput e § 1º) para que sejam igualados os quinhões dos herdeiros necessários, salvo se o descendente dispensou tal ato; de toda forma, os bens doados não poderão exceder sua metade disponível, computado o seu valor ao tempo da doação (CC, arts. 2.002 e 2.005).
1.3.10 INOFICIOSA – É a que excede o limite que o doador “no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento” (CC, art. 549).
1.3.11 COM CLÁUSULA DE RETORNO OU REVERSÃO – O art. 547 do CC permite que o doador estipule na doação o retorno dos bens ao seu patrimônio caso ele sobreviva ao donatário.
1.3.12 MANUAL – É a doação verbal de bens móveis de pequeno valor. Será válida se lhe seguir incontinente a tradição (CC, art. 541, § único). Trata-se de exceção ao princípio da formalidade que o legislador prevê no caput ao assinalar que “A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular”. 
1.4 CARACTERÍSTICAS
É contrato unilateral, simplesmente consensual e gratuito, formal.
1.4.1 UNILATERAL - Porque só estipula obrigações para uma das partes, no caso o doador. Sustenta-se que na doação com encargo ou modal haveria contrato bilateral ou bilateral imperfeito em razão de estar o donatário obrigado a cumprir com o encargo.
1.4.2 CONSENSUAL – Come exceção das doações manuais que alcançam objetos de pequeno valor e que só se operam com a tradição, as demais efetivam-se com a mera declaração de vontade. A maioria da doutrina adota esse entendimento. Acrescente-se a irrevogabilidade da doação, salvo os casos expressos em lei (ingratidão ou inexecução do encargo pelo donatário – CC, arts. 555; 557, I a IV. Uma vez que o doador declarou sua vontade não mais poderá voltar atrás.
Promessa de doação – Entende-se válida a promessa de doação embora haja controvérsia na doutrina e na jurisprudência acerca da possibilidade de o donatário exigir o seu cumprimento notadamente na ,promessa de doação pura. 
No que diz respeito à doação com encargo, por refletir este obrigação do donatário, há tendência de considerá-la contrato preliminar (CC, art. 462) como na hipótese comum de os pais, em processo de separação judicial prometerem a doação de bens para seus filhos menores. 
1.5 GRATUITO – É da natureza deste contrato sua gratuidade porque em regra não exige nenhuma contraprestação do donatário para receber o benefício.
1.6 FORMAL – Porque exige escritura pública ou instrumento particular com exceção das doações de bens móveis de pequeno valor.
1.7 RESTRIÇÕES LEGAIS
1.7.1 Doação pelo devedor já insolvente ou por ela reduzido à insolvência = configura fraude contra credores nos termos do art. 158 do CC e, portanto, poderá ser anulada. Assevere-se que o CC/02 não exige a intenção de fraudar (consilium fraudis);
1.7.2 Doação da parte inoficiosa que é aquela que excede a parte do patrimônio do doador que ele poderia dispor no momento da liberalidade e será reduzida para não ofender a legítima dos herdeiros;
1.7.3 Doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice = o art. 550 prevê a anulabilidade da doação, cuja demanda poderá ser proposta pelo outro cônjuge ou seus herdeiros necessários dentro do prazo de até 2 (dois) anos depois de dissolvida a sociedade conjugal; o intuito do legislador é o de proteger o patrimônio da família; Gonçalves (2004:275)enfatiza que o art. 1.801, III também proíbe que o testador casado beneficie o concubino, em seu testamento, mas enfatiza que o art. 550 é mais amplo porque “cúmplice no adultério” é situação mais ampla do que a de “concubino”, ora tipificada no art. 1.727 do CC. Com o mesmo objetivo prescreve o art. 1.642, V, que tanto o marido quanto a mulher podem reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os
bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos. A jurisprudência não concede a anulação quando há prova que o casal encontra-se separado de fato, pois, haveria contemplação do enriquecimento sem causa.
1.8 ANULABILIDADE OU NULIDADE DA DOAÇÃO
Poderá ser decretada uma vez constatada infração dos requisitos exigidos no art. 104 e os prescritos nos incisos do art. 166 do Código Civil, bem como, ocorrência de quaisquer dos vícios previstos em lei, tais como, erro, dolo, coação, fraude contra credores, simulação, lesão, estado de perigo.
1.9 REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
Revogação é espécie de resilição, ou seja, intenção de romper o vínculo do contrato por ato de vontade da parte permitida pela lei ou pelo próprio negócio jurídico. Uma vez declarada a vontade o doador só poderá retratá-la em duas situações, que a rigor, conforme assinala a doutrina, não caracteriza propriamente revogação.
Descumprimento do encargo – Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Ingratidão – O art. 557 admite a revogação da doação por ingratidão do donatário somente na doação pura e simples, como se infere, pela interpretação a contrario sensu do art. 564 do CC. O donatário é considerado possuidor de boa-fé até o recebimento da citação da ação podendo ficar com os frutos até então percebidos (CC, art. 563).
1.10 DOAÇÃO COMO ATO DE TRANSMISSÃO EM VIDA
A doação é ato de liberalidade de transmissão de bens que se realiza em vida do doador, enquanto que o testamento é o ato adequado para a transmissão de bens após a morte do transmitente.
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2.CONTRATO ESTIMATÓRIO (ou venda por consignação)
2.1 CONCEITO: É o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los a terceiros, obrigando a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado (CC, art. 534).
2.2 NATUREZA JURÍDICA
O contrato estimatório é: bilateral (gera obrigações para as partes), típico (previsto em Lei), oneroso (mas pode ser gratuito), misto (depósito e compra e venda), aleatório (depende de fato futuro), de execução futura (celebrado em um momento para execução futura), negociável (pois admite concessões recíprocas), impessoal (em regra não é intuito persone, mas pode o ser, principalmente no gratuito).
2.3 PONTO DIFERENCIAL COM A COMPRA E VENDA
 
Se diferencia da compra e venda, pois a tradição dos bens não transfere a propriedade, pois o consignante continua sendo o titular do domínio da coisa consignada.
2.4 REQUISITOS
2.4.1 SUBJETIVOS: partes capazes e que o consignante seja o dono da coisa ou agir por mandato.
2.4.2 OBJETIVOS: Tem por objeto apenas coisas móveis, podendo ser fungível ou infungível, sendo essencialmente fungível se assim for pactuado.
2.4.3 FORMAIS: Basta a convenção para que se considere celebrado.
2.5 PRAZO
Em sua essência é temporário, se fosse perpétuo seria venda, pode ser por prazo determinado ou indeterminado. Se indeterminado admite denuncia vazia ou rescisão unilateral. Se determinado deve ser respeitado, salvo se o consignante provar judicialmente necessidade urgente e imprevista de reaver a coisa, nesse caso terá que pagar multa penal contratada, se houver.
2.6 OBRIGAÇÕES DAS PARTES
2.6.1 Em relação ao consignado: 
- conservar a coisa com se fosse sua.
- Indenizar o consignante na hipótese de se tornar impossível a restituição da coisa (responsabilidade objetiva) (art. 535)
- não tem direito à reembolso de despesas com a conservação da coisa, valendo a regra de benfeitorias na hipótese de gastos extraordinários. Ou seja, pelas benfeitorias úteis e necessárias tem direito de retenção e reembolso, pelas voluptuárias só terá direito de reembolso e se tiverem sido autorizadas, se não houver autorização poderá apenas levantá-la, se for possível, sem danificar a coisa.
- pagar o preço da coisa no prazo ajustado ou não o havendo quando for solicitado. Poderá optar pela restituição da coisa no mesmo estado que recebeu e esta faculdade é do consignatário. É objetiva.
o bem consignado não pode ser penhorado antes do consignatário ter pago ,integralmente o preço da coisa ao consignante (art. 536).
2.6.2 Em relação ao consignante:
- entregar a coisa ao consignado e esperar prazo contratado ou suficiente para a venda. Não podendo exigir o preço antes do prazo ou da venda.
- Não pode dispor da coisa antes de restituída pelo consignado.
3. REFERÊNCIAS
GAGLIANO, Pablo Stolze. O Contrato de Doação – análise crítica do atual sistema jurídico e os seus efeitos no Direito de Família e das Sucessões. São Paulo: Saraiva, 2007.
GOMES, Orlando. Contratos. 4ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 1973.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 3ª edição. São Paulo: Saraiva, 2007.
PENTEADO, Luciano de camargo. Doação com Encargo e Causa Contratual. 1ª edição. Campinas: Millennium, 2004.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. III. Contratos. Atualizador Regis Fichtner. 11ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
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