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VOCABULÁRIO JURÍDICO.doc

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UNIG – UNIVERSIDADE IGUAÇU/CAMPUS V
FACULDADE DE CIENCIAS JURÍDICAS SOCIAIS E APLICADAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
DANIEL CUSTÓDIO
DANIELA CUSTÓDIO
JULIANA SANTANA
LORENA CURTY
RENATA MACHADO 
SAULO FIGUEIRA
VOCABULÁRIO JURÍDICO
ITAPERUNA - RJ
2014
DANIEL CUSTÓDIO
DANIELA CUSTÓDIO
JULIANA SANTANA
LORENA CURTY
RENATA MACHADO 
SAULO FIGUEIRA
VOCABULÁRIO JURÍDICO
Trabalho apresentado sob a orientação do Dr. Prof. Vagner Lima à disciplina de Português do curso de Direito da Universidade Iguaçu, como forma de avaliação para o segundo bimestre do período vigente.
ITAPERUNA-RJ
2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................4 2. VOCABULÁRIO JURÍDICO.............................................................................................5
3. CONCLUSÃO.................................................................................................................12
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................13
5. ANEXOS.........................................................................................................................14
1.INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância da linguagem jurídica de forma restrita ao profissional do Direito e sua relevância do seu uso no meio Jurídico, sendo de vital importância como instrumento de comunicação eficaz para que o advogado tenha habilidade de fazer o uso de sua principal ferramenta.
Abordaremos de forma geral questões relacionadas ao vocabulário Jurídico estabelecendo assim conceitos e definições apropriadas. Entende-se que a linguagem é um conjunto de símbolos e significados porem ela abrange mais do que isso se impõe uma estrutura ao arranjo dos símbolos, a linguagem é um sistema que compreende elementos e estruturas. Em qualquer nível a linguagem abrange um conjunto de símbolos que é o vocabulário com métodos de combinar essas unidades através da sintaxe. Assim, no contexto acadêmico do Direito a que se dizer que ela é especifica é essencial para que se tenha uma compreensão do vocabulário Jurídico, permitindo uma clareza argumentativa. 
2.VOCABULÁRIO JURÍDICO
2.1 Denotação e conotação
O aspecto da linguagem técnica do profissional do Direito, são sistematizadas no âmbito da gramatica normativa, assim é regido pela mesma. Ao se pesquisar o sentido da palavra denotação, encontra-se o conceito realista de significado: é a representação de objeto ou pensamento por meio de um sinal concreto. Já a conotação expressa uma linguagem figurada que estabelece vários significados, normalmente afetivo e relacionado ao contexto, conforme citado na decisão judicial em anexo.
“Instada a autora para cumprir com o disposto no art. 1.163 do CPC (fl. 59), esta aduziu que o requerido não possuía bens e requereu a nomeação de curador ao ausente “para contestar e acompanhar o feito” 
Instada na linguagem coloquial – Forçado
Instada na Linguagem Jurídica – Notificação, intimado a se manifestar.
O discurso Jurídico preferencialmente deve buscar pela clareza objetividade e precisão, preferindo sempre a denotação para que a mensagem não assuma um sentido dubio ou provocativo na sua argumentação.
2.2 Sentido unívoco, equívoco e análogo
Encontramos também no vocabulário Jurídico o sentido de unívoco, equivoco e analógico que são distintas e tem cada uma suas particularidades. 
O sentido Unívoco são os que contêm um só sentido, sendo utilizadas para descrever e tipificar situações especifica. Exemplo, os títulos dos artigos especificados do texto; DOS BENS DO AUSENTE, contido no CPC e DA AUSENCIA, conforme especificados abaixo.
“O procedimento para declaração de ausência é previsto nos arts. 1.159 a 1.169 do CPC, também devendo ser observadas as disposições constantes do Código Civil sobre ausência (arts 22 a 39).” 
Pode-se dizer, assim, que a univocidade representa os termos técnicos do vocabulário especializado. No sentido equivoco, são palavras que possuem mais de um significado, sendo determinado pelo contexto em que o vocábulo é empregado. Temos como exemplo a APELAÇÃO CIVEL em anexo, que são exemplos nos jargão do profissional de Direito, onde se conduz a confusão também entre os termos ‘ petição ‘ e requerimento, conforme o texto vocabulário Jurídico. Apelação é o recurso ordinário cabível contra as sentenças proferidas em primeira instância, isto é, em primeiro grau de jurisdição. A Petição é o meio pelo qual se pleiteia direitos perante a Justiça. É o instrumento utilizado pelo advogado para obter uma decisão judicial que satisfaça o interesse de seus clientes. Já o requerimento é a peça em que o advogado solicita a intimação da parte do perito ou do representante do Ministério Publico, ou a remessa dos autos do contador etc. Conforme diz o texto.
O sentido Análogo, conforme mostra o texto analisado, são palavras que compõem o mesmo campo de significado. Embora defina situações jurídicas diferentes. 
E o caso dos vocábulos ‘ resolução’, ‘resilição’ e ‘rescisão’. Todas trazem menção à ideia de ‘ ‘dissolução’, porem cada uma traz sua especialidade. Se resolução é a dissolução de contrato ou acordo, ‘resilição’ será empregada quando a da ‘dissolução’ por vontade dos contratantes. Já o termo ‘rescisão’ ocorrera na ‘dissolução’ por lesão do contrato ou nulidade. No exemplo abaixo retirado do texto do processo anexo, o termo ‘resolução’ significa que se extingue o processo sem analisar a questão que se deseja resolver por meio do processo. Não põe fim ao processo, pois ainda caberá recurso dessa decisão. 
“ELGA MARIA H. K. interpõe recurso de apelação em face da sentença das fls. 67-70 que, nos autos da ação declaratória de ausência e de morte presumida por ela ajuizada em relação a ARNALDO KELLER, julgou o processo extinto sem resolução de mérito, com fundamento no art. 267, inc. I e VI, do CPC, em razão da impossibilidade jurídica do pedido.”
2.3 Homônimos
 
 Homônimos estão cotidianamente presentes em quase tudo que está escrito em qualquer texto jurídico, pois o ramo do Direito necessita muito da linguagem escrita em seus procedimentos legais.
 As palavras homônimas são nada menos que, palavra que possuem o mesmo som, quanto a sua pronuncia, porém, que a sua grafia é diferente, e por sua vez, seu significado também não se faz o mesmo em ambas as formas de sua escrita.
 Um erro de algum operador do Direito possa via a cometer, ao apresentar um petição, ou qualquer outro texto jurídico, pode influenciar intensamente no entendimento na hora da interpretação desse texto. 
 No julgado analisado, foi aferida uma palavra que está frequentemente presente no vocabulário jurídico, porém, uma outra palavra, homônima desta, está presente não soem vocabulários jurídicos como em quaisquer assuntos do cotidiano. No corpo do texto foi encontrada a frase “vistos, relatados e discutidos os autos”.
 O termo jurídico “autos”, é um termo que gera uma certa polêmica quando, em algum caso, algum operador do Direito vem a cometer um equívoco, empregando a palavra “altos”, em lugar deste.
 No caso aferido, é evidente que se encontrada a palavra escrita da forma incorreta, seria difícil ter uma segunda interpretação da frase, até mesmo pelo fato da mesma não ter apresentado em seu sentido, nenhuma ambiguidade relacionada ao entendimento dessa palavra, portanto, seria constatado um erro crasso,porém, em inúmeras vezes em que a interpretação, pode ser feita de forma equivocada, justamente pelo fato desse termo não ter sido aplicado de forma coerente ao conteúdo do texto, por isso, constata-se que é indispensável que o operador do direito goze de atenção e desabedoria a respeito do vocabulário, para que não venha cometer erros como estes.
2.4 Parônimos
 
Paronímia é um fenômeno que, se encontrado em algum determinado texto jurídico, pode gerar uma incerteza em relação ao seu entendimento, por parte de pessoas pouco instruídas.
 O fenômeno consiste em palavras que tem seu som semelhante a outras, porém, com uma pequena diferença em alguma sílaba, e logicamente, significados também diferentes.
 É indiscutível que o operador do Direito deve ser dotado de conhecimento relacionado a linguagem, para que não venha cometer equívocos ao escrever alguma palavra dotada desse fenômeno em algum texto jurídico, porém, mesmo com toda cautela do operador, o entendimento pode não ficar claro.
 No corpo do texto analisado, foi encontrada a seguinte frase: “A sentença, no ponto que quero destacar, foi assim proferida (fls. 68-69)”.
A palavra “proferida” é um bom exemplo de parônimo, pois a mesma tem grande semelhança com “preferida”, ambas com significados diferentes. Por isso constata-se, mais uma vez, que a destreza no pronunciamento desta, e de demais palavras que possuam como característica, o fenômeno da paronímia, é fundamental, pois pode influenciar diretamente na interpretação por parte do interlocutor. 
2.5 Neologismos
A linguagem está em constante transformação, mediante a todo o processo tecnológico no qual estamos vivenciando consequentemente influenciando no nosso falar, permitindo a criação de novas palavras e também a inclusão de palavras estrangeiras, ou a utilização de algumas palavras antigas mas que possuem outro significados incorporando-as ao nosso vocábulo, esse fenômeno linguístico é denominado neologismo. 
A predominância deste fenômeno e contemplado mais no âmbito informal, desta forma não encontrando a presença do mesmo no julgado analisado.
2.6 Estrangeirismos
 Conforme explanado anteriormente, o estrangeirismo no vocabulário esta associado ao fenomeno do neologismo, visto que trata-se da inclusão de palavras estrangeiras no vocabulario nacional. Assim esses termos vão sendo tão recorrentes que se incorporam como no caso dos termo 'deletar', 'outdoor', 'leiaute', em nosso linguajar. As palavras consideradas um fenomeno estrangeiro, deverão ser referenciadas em textos ou processos entre aspas e no modo italico. ntretanto no julgado analisado não conta nenhum caso de estrangeirismo.
2.7 Expressoes latinas
No que concernem as expressões latinas, serão de grandes utilidades quando utilizadas corretamente, pois tem virtude especial de transmitir com admirável felicidade de uma idéia que precisaria de muitas palavras. Vejamos o exemplo abaixo:
“Como se vê, para que haja a declaração judicial de morte presumida é necessário que o suposto de cujus se encontre em perigo de vida ou situação de guerra, o que não é o caso relatados nesses autos.”
	No âmbito jurídico, a problemática que se tem presenciado é o uso excessivo de expressões latinas. Quem as aplicam devem fazê-lo prudentemente, para que a peça processual possa ser compreendida até mesmo pelas partes.
2.8 Gírias
Gíria é uma palavra nova ou já existente na língua que adota interpretações distintas de seu sentido denotativo, sendo utilizada em linguagem coloquial. 
	O linguajar técnico-jurídico não se associa com a utilização desses termos. A gíria extenua o texto e revela que o escritor possui um vocabulário limitado.
2.9 Palavras de baixo calão 
As palavras de baixo calão dizem respeito aos termos utilizados para denegrir a imagem, moral de uma pessoa. Sendo assim no ambito jurídico, no que diz respeito a processos, petições não é permitido que utilize esses termos devendo manter uma escrita respeitosa, evitando frases ou contruções vulgares, exceto nos casos em que seja uma transcrição literal cujo objeto possa pertencer as peças processuais. Caso não seja por esse motivo, o juiz pode vir a pedir que risque a parte se assim considerar promíscua e desnecessária. O que de certo modo é algo constrangedor, portanto é de bom tom que o advogado evite.
2.10 Pleonasmos
É possivel identificar um pleonasmo quando há uma redundância dos termos empregados, ou seja uma reafirmação do que já foi falado, que pode ter sido usado para dar um enfase, realçar a ideia. 
2.11 Arcaismo
São as palavras que não estão mais em uso, entretanto no português forense ainda é perceptivel a utilização de palavras arcaicas, essa pratica ainda é utilizada devido há resquicios de uma ideia antiga em que escrever bonito se equiparava a escrever de orma incompreensivel, o que já não é mais aceito no ambito jurridico que preconiza uma redação clara e compreensivel.
2.12 Um caso especial: a ambiguidade
Algo bem recorrente no universo jurídico, mas que deve ser evitado. Ocorre quando há dois nomes antecedendo o pronome relativo ou o prnome possessivo. Para evitar que haja duplo sentido existem alguns recursos como deslocar as orações, substituir o pronome relativo pelo correspondente e substituir o nome possessivo por um relativo.
2.13 Erros crasos
São erros grosseiros que acontecem mas devem ser evitados, pois petiçoes que possuirem erros assim perdem toda a sua credibilidade, esses erros podem ser de grafia, de concordância, mas o mais importante é compreender que deve ser evitado.
2.14 Recursos gráficos
São alguns mecanismos utilizados para retratar outras intenções, como letras em maiúsculo ou minúsculo, aspas, negritos e outros. As aspasgeralmente utilizadas em citações, mas podem ser usadas tambem para destacar palavras estrangeiras ou arcaicas, o ETC., significa “e outras coisas mais” , e utilizado nos fins de frases e querem dar a ideia de continuiddae lógica, assim dando ampla interpretação, devendo ser evitado em uma petição cabendo duvida o que não é interessante. Como nesse caso:
“Des. Luiz Felipe Brasil Santos (RELATOR) 
A autora ajuizou “ação declaratória de ausência e declaração judicial de morte presumida” em face de seu marido, ARNALDO K., deduzindo seu pedido nos seguintes termos (fl. 05):”
3.CONCLUSÃO
Observa-se que o desenvolvimeto da linguagem jurídica vem tentando se aproximar cada vez mais a realidade, tentando romper com todo o pragmatismo que era exigido no seculo anterior, buscando uma linguagem que de fato haja comunicação com o seu publico, não de uma forma simploria mas de modo compreensivel o que vai exigir dos operadores um maior aprofundamento e maior embasamento para que evite erros primarios, sendo de extrema importancia ao advogado na sua atuação.
4.REFERÊNCIAS
5.ANEXOS
TJ-RS - Apelação Cível : AC 70053164125 RS 
PODER JUDICIÁRIO 
---------- RS ----------
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
LFBS
Nº 70053164125
2013/Cível
APELAÇÃO CÍVEL. DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA E DE MORTE PRESUMIDA. SENTENÇA que não APRECIA O PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA, EXTINGUINDO O PROCESSO. nulidade. desconstituição. PROCEDIMENTO DA DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA.
1. A sentença, ao não decidir sobre o pedido de declaração de ausência, descumpre as regras processuais dos arts. 458 a 460 do CPC, porque não esgota a prestação jurisdicional requerida, deixando de apreciar todas as questões submetidas à apreciação.
2. O procedimento para declaração de ausência é previsto nos arts. 1.159 a 1.169 do CPC, também devendo ser observadas as disposições constantes do Código Civil sobre a ausência (arts. 22 a 39).
DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em, dar provimento à apelação. 
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes SenhoresDes. Alzir Felippe Schmitz e Des. Ricardo Moreira Lins Pastl.
Porto Alegre, 18 de abril de 2013. 
DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Luiz Felipe Brasil Santos (RELATOR) 
ELGA MARIA H. K. interpõe recurso de apelação em face da sentença das fls. 67-70 que, nos autos da ação declaratória de ausência e de morte presumida por ela ajuizada em relação a ARNALDO KELLER, julgou o processo extinto sem resolução de mérito, com fundamento no art. 267, inc. I e VI, do CPC, em razão da impossibilidade jurídica do pedido. 
Suscita, preliminarmente, a nulidade da sentença por cerceamento de defesa, porquanto foi requerida a designação de audiência de instrução para oitiva das testemunhas arroladas na inicial, entretanto foi proferida a sentença de extinção do feito por impossibilidade jurídica do pedido. No mérito, sustenta que: (1) o desaparecimento do requerido perdura há mais de 20 anos, fato este a ser comprovado com o depoimento das testemunhas arroladas; (2) caso se entenda que a ausência não tenha sido suficientemente provada, deve se remeter o processo ao Juízo de origem para que se proceda à instrução do feito. Requer o acolhimento da preliminar de cerceamento de defesa, declarando-se a nulidade da sentença atacada ou, no mérito, para reformar a sentença, julgando procedente o pedido para declarar a ausência do requerido. 
Contrarrazões nas fls. 76-79. 
O Ministério Público, nesta instância, opina pelo conhecimento e, no mérito, pelo provimento do recurso (fls. 87-89). 
Vieram os autos conclusos, restando atendidas as disposições dos arts. 549, 551 e 552 do CPC, pela adoção do procedimento informatizado do sistema Themis2G. 
É o relatório.
VOTOS
Des. Luiz Felipe Brasil Santos (RELATOR) 
A autora ajuizou “ação declaratória de ausência e declaração judicial de morte presumida” em face de seu marido, ARNALDO K., deduzindo seu pedido nos seguintes termos (fl. 05):
REQUER seja, a final, a presente ação julgada procedente e declarada a ausência do requerido, bem como, declarada a morte presumida do mesmo, determinando a expedição do respectivo Mandado de Registro ao Ofício dos Registro Civil desta cidade, para averbação no Registro de Casamento n.º 4.940, de 11.10.74. (grifei) 
Foram realizadas as diligências de praxe para tentativa de localização do requerido, todavia sem sucesso. Acolhendo manifestação do Ministério Público, o Juízo determinou a citação por edital, com prazo de 30 dias (fl. 50) e, após, ordenou a citação por edital durante um ano, com reprodução de dois em dois meses (fl. 52).
Instada a autora para cumprir com o disposto no art. 1.163 do CPC (fl. 59), esta aduziu que o requerido não possuía bens e requereu a nomeação de curador ao ausente “para contestar e acompanhar o feito” (fl. 60). O Defensor Público foi nomeado curador especial e contestou o feito (fls. 63-65). A autora apresentou réplica (fl. 66) e sobreveio a sentença atacada, que extinguiu o feito sem resolução do mérito, por impossibilidade jurídica do pedido. 
A sentença, no ponto que quero destacar, foi assim proferida (fls. 68-69):
(...)
Em que pese todo o processado até o presente momento, inclusive com a exaustiva publicação de editais, entendo que a demanda deve ser extinta.
Isto porque, não verifico a presença dos requisitos estabelecidos no artigo 7º do Código Civil, a fim de se possibilitar o reconhecimento da morte presumida de Arnaldo. 
A autora, na exordial, requer a declaração judicial de morte presumida de Arnaldo Keller, todavia isso não é possível, pois o artigo 7º do Código Civil estabelece que: 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
Como se vê, para que haja a declaração judicial de morte presumida é necessário que o suposto de cujus se encontre em perigo de vida ou situação de guerra, o que não é o caso relatado nestes autos.
A autora afirma que Arnaldo saiu de casa para visitar seus pais na cidade de Ijuí, de onde desapareceu, no dia seguinte, sendo que a família não obteve mais notícias dele; no entanto não referiu que este tenha passado por situação de risco de morte ou de perigo de vida.
De outra banda, tendo sido intimada para dar andamento no procedimento de declaração de ausência, para os fins do artigo 1163 do CPC, a parte autora referiu inexistirem bens deixados pelo desaparecido. 
Ora, a declaração de ausência de uma pessoa pressupõe a efetiva existência de bens pertencentes ao ausente, os quais serão administrados pelo curador. Insista-se que o interesse tutelado pelas normas reguladoras da ausência (artigos 1159 e seguintes do CPC e artigos 22/25 do CC)é o patrimônio do ausente, que deverá ser resguardado para o caso de sua volta, quando o desaparecimento é recente, ou preservado para garantir aos sucessores o recebimento da herança, na hipótese de ser improvável o reaparecimento.
(...)
Assim, inadequado se mostra o procedimento eleito pela parte autora para ver reconhecida sua pretensão, razão pela qual o feito deve ser extinto.
Portanto, JULGO EXTINTA a presente ação, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, com fundamento no artigo 267, incisos I e VI, do CPC, face a impossibilidade jurídica do pedido. (grifei)
Há questões relevantes para destacar neste feito. 
A primeira delas é que a sentença parte de premissa absolutamente equivocada ao decidir pela extinção do feito sem resolução do mérito, por impossibilidade jurídica do pedido, pois o art. 7º do Código Civil trata da declaração de morte presumida sem a decretação de ausência. E, no caso dos autos, existe claro pedido de declaração de ausência do requerido prévia à declaração de morte presumida, o que afasta a incidência do art. 7º do CCB e conduz à aplicação do art. 22 do referido diploma legal, que assim dispõe: 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
Não havendo sequer menção na sentença sobre o pedido de declaração de ausência, tampouco o julgamento de tal pedido, conclui-se que não restaram cumpridos, a contento, os requisitos dos arts. 458 a 460 do CPC, porque não esgota a prestação jurisdicional requerida, deixando de apreciar todas as questões submetidas à apreciação. Somente essa circunstância justificaria a cassação pretendida. Mas não é só. 
O segundo ponto a ser destacado é o absolutamente equivocado rumo que tem tomado o feito, sem a observância do procedimento para declaração de ausência previsto nos arts. 1.159 a 1.169 do CPC, além das disposições constantes do Código Civil sobre a ausência (arts. 22 a 39). 
Veja-se que foi procedida a citação do requerido por edital, sem que tenham sido arrecadados seus bens. O art. 1.160 é claro ao determinar a arrecadação dos bens do ausente, com a nomeação de curador aos bens, para administrá-los, – e não curador especial ao ausente, como foi procedido na espécie –, respeitando-se a ordem de nomeação prevista no art. 25 do CCB, que prioriza o cônjuge do ausente. 
Outrossim, a publicação de edital pelo prazo de 1 ano, com reprodução de dois em dois meses, tem por finalidade anunciar a arrecadação e chamar o ausente a entrar na posse de seus bens – e não citar o requerido para contestar o feito, como constou dos editais (fls. 53-58). 
O terceiro ponto é que, no caso, não há falar em ausência de bens, como afirmou a autora e também como foi consignado na sentença, porquanto foi noticiado que o requeridoparticipa da sucessão de seu pai (fl. 14). E ainda que não houvesse bens em nome do ausente, se tem admitido a declaração de ausência para fins de proteção de outros interesses, como leciona SÍLVIO DE SALVO VENOSA1 
O fato é que a maioria das pessoas que desaparecem não possui bens ou fortuna. Ademais, o processo de ausência e os de sucessão que lhe seguem são demorados e excessivamente burocráticos. Contudo, a ausência também pode ser decretada no intuito de proteção de outros interesses, como familiares e previdenciários, não sendo necessário que se comprove a existência de patrimônio para a abertura do processo. 
Faço estas anotações para nortear o processamento da demanda, notadamente por ser de um todo desnecessário a nomeação de curador especial ao requerido, para defendê-lo do desaparecimento alegado, contestando o pedido inicial. 
Por todo o exposto, embora por fundamentos diversos, DOU PROVIMENTO À APELAÇÃO e desconstituo a sentença, determinando o regular prosseguimento do feito. 
É o voto.

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