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BIOQUÍMICA DE MICRORGANISMOS METABOLISMO BACTERIANO Necessidades nutricionais: Qualquer célula necessita, para sua existência, de informação genética e de nutrientes (macro e micronutrientes). Enquanto aquela ordena as ações, estes constituem a matéria prima para o desenvolvimento celular, gerando energia, poder redutor e servindo como elementos estruturais. Uma célula de Escherichia coli possui DNA suficiente para codificar aproximadamente 3000 genes, dos quais cerca de 1500 já foram identificados e cerca de 1000 proteínas podem ser observadas em géis bidimensionais. Neste contesto, específico de E. coli, são conhecidas cerca de 2000 reações químicas diferentes. Se partirmos para o contesto de um microrganismo imaginário, que desempenhasse todas as reações possíveis de ocorrer em uma célula, esse número seria bem maior. Além disso, existe ainda uma série de características bioquímicas e fisiológicas que são exclusivas dos microrganismos tais como: -Fixação de N2 atmosférico. -Uso de NH4 +, H2S, H2, Fe 2+ como fonte de energia. -Fotossíntese sem clorofila. -Utilização de CO2, NO3 -, SO4 2-, S0, Fe3+ como aceptores de e- em lugar do O2. -Uso de H2S e H2 ou de compostos orgânicos como doadores de e - na fotossíntese. -Crescimento em temperaturas superiores a 100 oC. Macronutrientes: C, H, O, N, S, e P, são os chamados macronutrientes, sendo que os três últimos são mais comumente assimilados na forma de amônia, sulfato e fosfato respectivamente. Figura 1: Esquema simplificado do metabolismo, no qual as principais vias metabólicas estariam representadas. Este esquema poderia ser extrapolado para um microrganismo hipotético que realizasse todas as vias metabólicas com suas respectiva reações. Micronutrientes: Íons inorgânicos como o K e Mg são encontrados em todas as células, por outro lado, certos elementos como o sódio e o cálcio, são somente necessários aos eucariotos, enquanto a grande maioria das bactérias esses elementos chegam a ser tóxicos, sendo excretados. Relação dos micronutrientes e nutrientes traço com o metabolismo MICRORGANISMOS E DIVERSIDADE FISIOLÓGICA Apesar de haver pouca diversidade morfológica entre as eubactérias e archeas, existe uma grande diversidade bioquímica e metabólica entre elas, especialmente no que se refere aos mecanismos de geração de energia e à biossíntese de produtos do metabolismo secundário. Além de executarem todas as vias gerais do metabolismo, os procariotos expressam sua variedade por meio de diferentes modos de produção de energia. Mesmo no âmbito de uma mesma espécie de bactéria, é possível constatar uma grande diversidade no que se refere às formas de produção de energia. No caso de Escherichia coli, por exemplo, a produção de energia pode ser feita por fermentação, respiração anaeróbica com uso de NO3 ou fumarato como aceptor de e - e respiração aeróbica. Além das formas de produção de energia gerais, as formas de produção de energia por procariotos podem ser sumarizadas da seguinte forma: Elemento Função no metabolismo Ferro (Fe) -Componente dos citocromos e outras heme proteínas, -componente das proteínas ferro-enxofre, -co-fator do complexo FeMo da nitrogenase Zinco (Zn) -Co-fator de muitas enzimas do metabolismo de ácidos nucléicos, -Co-fator da álcool desidrogenase, -Elemento estrutural de paredes celulares. Manganes (Mn) Co-fator de Muitas enzimas, Componente da clorofila Cobre (Cu) Componente da Citochromo C oxidase e da Plastocianina Cobalto (Co) Componente da Vitamina B12 Niquel (Ni) Necesario à Metanogenese, Co-fator da Hidrogenase Selênio (Se) Co-fator da Formato desidrogenase Molibdenio (Mo) Co-fator da Nitrato redutase, e nitrogenase Vanadio (V) Usado em sistemas alternatives de fixação de N. Tungstenio (W) Substitui o molibdenio em alguns microrganismos Fermentações: através da glicólise e seus desdobramentos anaeróbicos; através das vias de Entner-Doudoroff e fosfocetolase (fermentação heterolática). Respiração anaeróbica: ocorre com o uso de aceptores de elétrons diferentes do O2. Litotrofia: uso de substâncias inorgânicas como fonte de energia. Fotoheterotrofia: uso de compostos orgânicos como fonte de carbono na fotossíntese bacteriana. Fotossíntese anoxigênica: ocorre a fotofosforilação em ausência de O2. Metanogênese: usa H2 como fonte de elétrons e energia e gera metano. Fotofosforilação não fotossintética: converte luz em energia química por um processo diferente da fotossíntese. A seguir veremos algumas dessas características de produção de energia por microrganismos. FERMENTAÇÔES Via de Entner-Doudoroff A via de Entner-Doudoroff de metabolização da glicose, também conhecida como via do fosfogluconato é comum em Zymomonas, Pseudomonas e em outras bactérias gram-negativas. Uma molécula de glicose é oxidada a duas moléculas de piruvato com a produção de uma ligação fosfato de alta energia por molécula de glicose oxidada. Por outro lado, na via glicolítica, uma molécula de glicose é também oxidada a duas moléculas de piruvato, porém com a formação de duas ligações fosfato de alta energia por molécula de glicose oxidada. As diferenças entre as duas vias estão na fase preparatória, sendo que a fase preservadora de energia é comum a ambas. A via de Entner-Doudoroff seria a forma mais primitiva de aproveitamento da energia contida nas ligações da glicose, apenas 1 ATP é gerado por molécula de glicose oxidada a piruvato. A via glicolítica representa um passo evolutivo importante em ralação ao metabolismo energético, visto que 2 ATP são gerados por molécula de glicose oxidada a piruvato na via glicolítica. O piruvato gerado na via de Entner-Doudoroff é, como na via glicolítica, reduzido a etanol pelas mesmas reações da fermentação alcoólica. Como já sabemos, na glicólise anaeróbica o ATP é gerado mais rapidamente do que na respiração e conseqüentemente o etanol, o subproduto da glicólise anaeróbica, é também rapidamente produzido. Como a via de Entner-Doudoroff produz ainda menos ATP que a via glicolítica, a velocidade de geração de ATP é ainda maior e conseqüentemente a produção de etanol é mais rápida, o que indica no sentido de uma aplicação biotecnológica para a produção de etanol de microrganismos que utilizem a via de Entner-Doudoroff. Fermentação heterolática (via da fosfocetolase) O que distingue a fermentação heterolática da via glicolítica é a ausência das enzimas da fase preparatória da Glicólise, glicose fosfato isomerase, fosfofrutoquinase e aldolase. Isso faz com que na fermentação heterolática a primeira fase da metabolização da glicose (fase preparatória) seja exatamente igual à fase preparatória da via das pentoses fosfato, sendo a pentose fosfato formada, clivada em gliceraldeído-3-fosfato (G-3-P) e acetilfosfato, pela enzima fosfocetolase, também comum à via das pentoses. O G-3-P formado segue os mesmos passos da via glicolítica, gerando ATP e piruvato como produtos finais, sendo o piruvato convertido a lactato pela enzima lactato desidrogenase como na fermentação homolática. Já o ecetilfosfato, é convertido a acetaldeído e este a etanol, como na fermentação alcoólica. Ver figura abaixo. Outra característica da via da fosfocetolase é que o poder redutor gasto na segunda e terceira reações da via, é recuperado na conversão do acetil fosfato a etanol. A equação geral da fermentação heterolática é: 1 Glicose + 1 ADP+ 1 Pi 1 Lactato + 1 Etanol + 1 CO2 +1 ATP Daí a denominação fermentação heterolática, por gerar, além do lactato, também o etanol a partir da glicose. É importante notar ainda que, assim como na via do fosfogluconato, na fermentação heterolática temos também a geração de apenas uma ligação fosfato de alta energia por molécula de glicose oxidada a piruvato. A eficiência energética é portanto a metade daquela da via de Embdem-Meirhof. Bactérias capazes de fazer a fermentação heterolática costumam ser usadas em alguns tipos de fermentações industriais como na produção de Kefir e de chukrut. Glicólise A glicólise e seus dois desdobramentos anaeróbicos principais, quais sejam, as fermentações lática e alcoólica, serão apenas mencionadas neste texto, já que já foram exaustivamente vistas em bioquímica e podem ser consultadas em Gasto de poder redutor: NAD + NADH + H + Recuperação de poder redutor: NADH NAD + livros desta disciplina, o que é fortemente recomendado em caso de dúvidas. Lembramos que o conhecimento da glicólise, bem como de outras vias bioquímicas, é importantíssimo para a compreensão das demais vias apresentadas aqui. Vias de oxidação da Glicose usadas por diferentes bactérias Acima a via glicolítica, abaixo, seus dois desdobramentos anaeróbicos mais conhecido; as fermentações lática (a) e alcoólica (b). Produtos finais das fermentações microbianas RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA E MAETANOGÊNESE Tipos de respiração: Em todos os tipos de respiração há a necessidade de um aceptor final de e-. Se o esse aceptor for o O2, a respiração é aeróbica. Se o aceptor for CO2, NO3 -, SO4 2-, S0 ou Fe3+, a respiração é anaeróbica. Uma Bacteria Via de Embden-Meyerhof Via da Fosfocetolase (heterolática) Via de Entner-Doudoroff Acetobacter aceti - + - Agrobacterium tumefaciens - - + Azotobacter vinelandii - - + Bacillus subtilis majoritariamente minoritáriamente - Escherichia coli + - - Lactobacillus acidophilus + - - Leuconostoc mesenteroides - + - Pseudomonas aeruginosa - - + Vibrio cholerae minoritariamente - majoritariamente Zymomonas mobilis - - + Via/ microrganismo Enzima chave Etanol Lactato CO2 ATP Embden-Meyerhof/ Saccharomyces Fructose-1-6 difosfato aldolase 2 0 2 2 Embden-Meyerhof/ Lactobaccilus Fructose-1-6 difosfato aldolase 0 2 0 2 Heterolática/ Streptococcus fosfocetolase 1 1 1 1 Entner-Doudoroff/ Zymomonas KDPG aldolase 2 0 2 1 bactéria anaeróbica pode portanto respirar anaerobicamente e ser anaeróbica estrita, morrendo em presença de O2, também há casos de aerotolerantes que não respiram o O2 mas que podem usar outro aceptor de e -. Porem existem bactérias que não têm capacidade de respirar, obtendo energia apenas por fermentação. TIPOS DE RESPIRAÇÃO QUE OCORREM EM BACTÉRIAS E ARCHEAS Respiração aeróbica Oxigênio O2 → H2O Pseudomonas fluorescens Respiração anaeróbica Ferro Fé+++ → Fé++ Shewanella putrefaciens Nitrato NO3 - → NO2 -, N2O, N2 Thiobacillus denitrificans Fumarato Fumarato → succinato Proteus rettgeri Sulfato SO4 -- →HS- Desulfovibrio desulfuricans Enxofre S0 → HS- Desulforococcus mucosus Carbonato CO2 → CH4 CO2 → CH3COO - Methanosarcina barkeri Acetobacterium woodii Aceptores de elétrons para respirações e Metanogênese Acceptor de elétrons Produto reduzido final. Nome do processo Exemplos de organismos O2 H2O Respiração aeróbica Escherichia, Streptomyces NO3 NO2, NH3 ou N2 Respiração anaeróbica; denitrificação Bacillus, Pseudomonas SO4 S or H2S Respiração anaeróbica; redução de sulfato. Desulfovibrio Fumarato succinato Respiração anaeróbica com uso de aceptor orgânico Escherichia CO2 CH4 Metanogênese Methanococcus DENITRIFICAÇÃO: Alguns microrganismos, inclusive entéricos, são capazes de utilizar nitrato NO-3 como aceptor de elétrons para a respiração, e redução de nitrato a nitrito obedece à seguinte equação: NO3 - + 2e- + 2H+ NO2 -+ H2O Devido à pouca eficiência energética dessa reação, a maioria dos microrganismos usam o oxigênio preferencialmente ao nitrato para sustentar a respiração. Por outro lado, o nitrito, NO2, formado pela redução do nitrato é uma espécie química ainda bastante oxidada, que pode aceitar ainda seis elétrons antes de ser totalmente reduzida a N2 conforme o esquema abaixo: NO3 - NO2 - NO N2O N2 A redução completa do nitrato a N2, leva à formação de NADH através do sistema de transporte de elétrons da denitrificação, o que sem dúvidas favorece a produção quimiosmótica de ATP. A denitrificação é um processo importantíssimo na engenharia agrícola, visto que o NO3 é o principal fonte de nitrogênio assimilável nos fertilizantes agrícolas, podendo chegar a 35% do custo de uma cultura. O uso do NO3 como aceptor de elétrons costuma ser uma alternativa às baixas tensões de O2, sendo este usado preferencialmente por bactérias do solo como Pseudomonas, Paracoccus, Rhodobacter e Bacillus. Esta característica de muitas bactérias do solo está na base dos procedimentos de mecanização agrícola como a aragem que visam a manutenção da aeração dos solos. Escherichia coli também é capaz de utilizar nitrato, bem como fumarato, como aceptor de elétrons, neste caso o uso desses substratos se constitui numa forma de adaptação às diferentes condições de aeração encontradas ao longo do tubo digestivo, que permite a respiração. Esquema do transporte de elétrons na denitrificação. Redução de sulfato: Ao contrário da denitrificação, a redução de sulfato não é uma alternativa à ausência de O2. A redução de sulfato é um processo obrigatório que ocorre em condições de anaerobiose. Metanógenos e redutores de sulfato costumam compartilhar os mesmos ambientes, especialmente em sedimentos de lagos em diferentes fases de eutrofização, sendo responsável pelo odor característico desses ambientes, que em grande parte é devido ao produto reduzido desse processo, o H2S, que é liberado. Metanogênese: A metanogênese é a fonte do metano (biogás) existente no planeta Terra. A metanogênese não é uma forma de respiração anaeróbia, mas sim uma forma de produção de energia metabólica a partir de H2, usando um aceptor de e- o CO2. As bactérias da respiração anaeróbia e as metanógenas desempenham um papel essencial nos ciclos biogeoquímicos do C, N, e S. De uma forma geral essas bactérias convertem as formas oxidadas dos elementos em formas mais reduzidas, que serão metabolisadas por organismos quimiolitotróficos, produzindo energia e recuperando as formas oxidadas. MICRORGANISMOS E O2 As bactérias, bem como outros microrganismos, podem ser divididas em três grandes grupos em relação ao O2: Aeróbicas: podendo ser estritas ou facultativas Microaerófilas Anaeróbicas: podendo ser estritas ou aerotolerantes Aeróbicas: somente podem crescer em presençade O2. Não possuem outra forma de geração de energia além da cadeia respiratória. Aeróbicas facultativas: obtêm energia aeróbicamente se o O2 for disponível, porem podem obter energia por vias anaeróbicas, como as fermentações alcoólica e lática por exemplo, quando o O2 não é disponível. Microaerófilos: esses microrganismos ocupam nichos ecológicos nos quais os níveis de O2 são baixos, entre 2 a 10% (a atmosfera normal tem em torno de 20% de O2). Apesar de necessitarem do O2 para a respiração crescem melhor ou até mesmo somente crescem em níveis baixos desse gás. Anaeróbicas estritas: não cescem em presença de O2 e morrem se expostas a este gás, mesmo por poucos minutos. Anaeróbicas aerotolerantes: são indiferentes à presença de O2 porém não o usam para a produção de energia. RELAÇÕES ENTRE ORGANISMOS E O2 GRUPO AMBIENTE EFEITO DO O2 aeróbico anaeróbico AERÓBIO OBRIGATÓRIO Cresce Não cresce Necessário (respiração aeróbia) MICROAERÓFILO Cresce em pequenas quantidades de O2 Não cresce Necessário a níveis baixos < 0,2 atm. ANAERÓBIO OBRIGATÓRIO Não cresce Cresce Tóxico AERÓBIO FACULTATIVO Cresce Cresce Não necessário mas utilizável se disponível AEROTOLERANTE Cresce Cresce Não necessário e não utilizável. Enzimas envolvidas com a resistência dos microrganismos ao O2 Enzimas envolvidas com a resistência dos microrganismos ao O2 METABOLISMO LITOTRÓFICO Litotrofia é o uso de de um composto inorgânico como fonte de energia. A maioria dos quimiolitotróficos fazem respiração anaeróbica produzindo energia da mesma forma que os aeróbios, ou seja, removem elétrons de um substrato fazendo-os passar por um sistema de transporte acoplado a um sistema de transporte de H+ que acaba produzindo ATP pela dissipação de um gradiente de prótons. A peculiaridade dos litotróficos é que os elétrons podem vir de compostos inorgânicos. Muitos litotróficos são facultativos, podendo usar tanto fontes orgânicas como inorgânicas de elétrons. Outros litotróficos são obrigatórios, não podendo nem mesmo transportar compostos orgânicos através de suas membranas. O CO2 é a única fonte de carbono para os metanógenos e nitrificantes e para muitas outras espécies em outros grupos de litotróficos, esses litotróficos são muitas vezes chamados de quimioautotróficos, porém o termo litoautotróficos é mais utilizado. O Que se chama de litotróficos se constitui num conjunto de espécies procarióticas bastante variado, que têm em comum a habilidade de oxidar compostos inorgânicos reduzidos. Os litotróficos podem ser classificados em grupos fisiológicos baseados nos compostos inorgânicos utilizados. GRUPOS FISIOLÓGICOS DE LITOTRÓFICOS Grupo fisiológico Fonte de energia Produto oxidado Exemplos de microrganismos Hidrogenobactérias H2 H2O Alcaligenes, Pseudomonas Metanógenos H2 H2O Methanobacterium Carboxibactéria CO CO2 Rhodospirillum, Azotobacter Bactérias nitrificantes* NH3 NO2 Nitrosomonas Bactérias nitrificantes* NO2 NO3 Nitrobacter Oxidantes de enxofre H2S ou S SO4 Thiobacillus, Sulfolobus Ferrobactérias Fe++ Fe+++ Gallionella, Thiobacillus * O processo chamado de nitrificação depende da atuação conjunta de diferentes microrganismos Hidrogenobactérias: Oxidam H2 como fonte de energia. São litotróficos facultativos como por exemplo as pseudomonas que podem ter a enzima hidrogenase que oxida o H2 colocando os elétrons em uma cadeia de transporte de elétrons. Essas bactérias usam o H2 se ele estiver presente no ambiente, caso contrário elas são heterotróficas. A maioria das hidrogenobactérias possui uma versatilidade metabólica que as permite usar uma grande variedade de fontes de carbono e energia. É comum nas hidrogenobactérias a presença da enzima hidrogenase NAD-ligada, que transfere os elétrons do H2 para o NAD em uma única reação. O NADH + H + então formado move a cadeia transportadora de elétrons. Meatanógenas: Eram consideradas como um subgrupo das hidrogenobactérias até a descoberta de que são archeas. As metanógenas são capazes de oxidar H2 como única fonte de energia, porém transferem os elétrons para o CO2, formando o metano, CH4. O metabolismo metanógeno é único no que se refere às enzimas, coenzimas e sistemas de transporte de elétrons usados no processo de conversão de CO2 e H2 a CH4. As metanógenas representam um grupo independente entre as archeas e somente neste grupo são encontradas metanógenas. O mecanismo de fixação autotrófica de CO2 e único nas metanógenas. Carboxido bactérias: São capazes de oxidar o CO a CO2, por meio de uma enzima específica chamada Monóxido de Carbono Desidrogenase (COD). As carboxidobactérias não usam o CO obrigatoriamente, muitas inclusive são também hidrogenobactérias e outras são fototróficas. Bactérias Nitrificantes: São representadas por dois gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter. Juntas as bactérias desses gêneros são capazes de oxidar a amônia, NH3, a nitrato, NO3, sendo o processo conhecido como nitrificação. Não se conhece um único organismo que seja capaz de executar o processo todo. Nitrosomonas oxidam NH3 a NO2 enquanto Nitrobacter oxidam NO2 a NO3. A maioria dos nitrificantes são litoautotróficos obrigatórios, com a exceção de algumas espécies de Nitrobacter que são capazes de utilizar acetato. A fixação de CO2 se faz por meio da RUBISCO e do ciclo de Calvin. As bactérias nitrificantes crescem em ambientes ricos em NH3, geralmente quando ocorre decomposição protéica em larga escala. A nitrificação nos solos e águas é parte fundamental do ciclo biológico do nitrogênio. Oxidantes de enxofre (sulfoxidantes): Tanto bactérias como archeas podem ser oxidantes de enxofre. O processo usa H2S (gás sulfídrico) ou S (enxofre metálico) como fonte de energia. Similarmente as bactérias fotossintetizantes verdes e púrpura, oxidam H2S ou S como doadores de e - para a fotossíntese. Não necessariamente os oxidantes de enxofre são litoautotróficos obrigatórios. Esses organismos vivem em ambientes ricos em H2S, como fontes termais vulcânicas e fumarolas e também nos ventos termais nas profundidades marinhas. Muitos são simbiontes de organismos superiores nesses ambientes. Como podem obter energia de compostos orgânicos e fixar CO2, são produtores primários em ambientes nos quais a luz solar é ausente, como as altas profundidades marinhas e sistemas de águas subterrâneos. Por liberarem SO4 tendem a acidificar fortemente o ambiente onde se encontram e muitas bactérias oxidantes de enxofre são acidófilas que crescem em pH 1,0 ou menor. Muitos são também termófilos crescendo a temperaturas de até 1150C. Ferrobactérias: Oxidam o íon ferroso (Fe++) ao íon Férrico (Fe+++). Pelo menos dois grupos de bactérias provavelmente oxidam apenas os íon ferroso como única fonte de elétrons e energia e são capazes de crescer como litoautotróficos. As bactérias filamentosas do gênero Gallionella, que formam colônias floculantes ferruginosas presas a superficies e Thiobacillus ferrooxidans que também é um oxidante de enxofre. Oxidações litotróficas FOTOSSINTESE BACTERIANA Exemplos de organismos fotossintetizantes, folhas de uma planta ao centro, cianobactérias à esquerda e bactérias fotossintetizantes púrpura à direita. A fotossíntese bacteriana ocorre de forma similar à das plantas e cianobactérias, as diferenças estão sumarizadas na tabela abaixo. Sugere-se enfaticamente que se consulte os capítulos de fotossíntese em livros de bioquímica como recordação e introdução à fotossíntese bacteriana aquitratada. Diferenças entre a fotossíntese de plantas e de bactérias Fotossíntese em plantas Fotossíntese em bactérias Organismo Plantas, algas, cianobactérias Bactérias púrpuras e verdes Tipo de clorofila Clorofila A Absorve a 650-700 nm Bacterioclorofila Absorve a 800 nm Fotossistema I (fotofosforilação cíclica) Presente Presente Fotossistema I (fotofosforilação não cíclica) Presente ausente Produção de O2 Sim não Doador de elétrons fotossintético H2O H2S, outros compostos de enxofre ou certos compostos orgânicos. Conforme discutido em aula, podemos ver na figura abaixo que o fotossistema I das plantas, encontra várias similaridades com o centro de reação fotossintético das sulfo-bactérias fotossintetizantes verdes (à esquerda na figura) Ambos possuem centros ferro-enxofre em sua estrutura e geram convertem a energia luminosa absorvida em poder redutor na forma de NADPH. As diferenças estão na eficiência energética, já que o fotossistema I absorve energia na faixa dos 700 nm, enquanto o centro de reação fotossintético das sulfo-bactérias fotossintetizantes verdes absorve na faixa dos 840 nm. O fotossistema II por seu turno mostra grande homologia com o centro de reação das bactérias fotossintetizantes púrpura (à esquerda na figura) neste caso, ambos convertem a energia luminosa absorvida em um gradiente de prótons que é posteriormente dissipado por uma próton-ATP sintetase. Neste caso, a eficiência energética do fotossistema II é maior que a do centro de reação das bactérias fotossintetizantes púrpura e a quinolona é que eé a molécula envolvida no transporte de elétrons. Acredita-se que a fotossíntese das plantas superiores tenha evoluído a partir dos dois tipos de centro de reação encontrados nas bactérias fotossintetizantes. Diagramas dos centros de reação fotossintéticos conhecidos. As setas verticais indicam os saltos energéticos devidos à absorção de fótons. As linhas indicam a direção do transporte de elétrons. Os citocromos envolvidos no transporte de elétrons estão representados pelos retângulos. Note que os fotossistemas I e II estão presentes em um mesmo organismos, enquanto outros dois centros de reação não. Diagrama do fluxo de elétrons e da síntese de ATP no tilacóide. Esquema da fotossíntese em bactérias fotossintetizantes púrpura. Esquema em Z, do sintema de transporte de elétrons na fotossíntese oxigênica Esquema do transporte de elétrons nas bactérias fotosintetizantes púrpura, também chamado esquema em alça. Esta laguna térmica e extremamente ácida, rica em SO4, no Parque Nacional de Yellowstone, USA mostra tons amarelos, alaranjados e marrons que são devidos à presença de bactérias fotossintetizantes não oxigênicas tais como Synechococcus e Chloroflexus. As condições desta laguna, são semelhantes às encontradas na terra a 2 bilhões de anos. Também há outras bactérias acidófilas termofílicas não fotossintetizantes na comunidade da laguna. Na fotossíntese a energia luminosa é captada por uma série de pigmentos coletores que em muitos casos estão ligados a proteínas formando os complexos coletores de energia luminosa. Ao conjunto dos diferentes pigmentos coletores livres ou ligados a proteínas damos o nome de complexo antena, esquematizado na figura abaixo. Esquema de um complexo antena Nos complexos antena, a energia luminosa é captada por uma molécula coletora que se excita e passa essa excitação para uma adjacente, que a passa adiante até que encontre um centro de reação, como aqueles discutidos acima, ou eventualmente se perca na forma de fluorescência caso não encontre um desses centros. A clorofila e outros pigmentos fotossintéticos apresentam fluorescência quando isolados. Na figura abaixo podemos ver alguns exemplos de pigmentos coletores de luz da fotossíntese. Pigmentos coletores da fotossíntese, as regiões coloridas mostram os sistemas de ressonância que permitem que um fóton possa ser absorvido por um elétron sem alterar a estrutura da molécula. Esquema de um complexo coletor de luz de uma bactéria fotosintetizante. Note as moléculas de clorofila, anéis pirrolidínicos e de carotenóides amarelo, associadas à proteína. A eficiência dos pigmentos coletores de luz na fotossíntese cobre praticamente todo o espectro da radiação solar visível que atinge a terra conforme mostrado nas figura abaixo. Espectro eletromagnético indicando a faixa do visível A- espectro de absorção das clorofilas A, B e -caroteno. B Eficiência relativa da fotossíntese em plantas. Além do espectro mostrado acima, que é característico da fotossíntese oxigênica, as bactérias fotossintetizantes cobrem uma faixa maior do espectro eletromagnético, isso se deve à estrutura da clorofila bacteriana, que é mostrada abaixo. Esquema da clorofila bacteriana, as diferenças entre este tipo de clorofila e as clorofilas A e B, está indicado nos retângulos. Essas diferenças fazem com que as clorofilas bacterianas possam absorver energia na região do vermelho distante e do infravermelho, na qual os organismos que fazem a fotossíntese oxigênica não são capazes de realizar a fotossíntese. Espectro de absorção de diferentes pigmentos fotossintéticos em diferentes microrganismos, note que as bactérias fotossintetizantes são capazes de absorver luz na faixa do infravermelho e do vermelho distante, na qual as cianobactérias e as algas clorófitas nem sequer fazem fotossíntese. (Compare com a figura do espectro eletromagnético) Isto se deve à estrutura da clorofila bacteriana, mostrada na figura anterior. FIXAÇÃO DE CO2 POR MICRORGANISMOS Conforme já discutimos anteriormente, os heterotróficos obtêm elétrons (energia) e carbono para as biossínteses a partir de compostos orgânicos como carboidratos e lipídeos, porém, há microrganismos, como Pseudomonas cepacia que podem utilizar outras fontes de carbono menos comuns, como por exemplo o benzeno a partir do qual esta bactéria é capaz de sintetizar todos as moléculas de que necessita. A forma mais abundante de carbono na terra é o CO2 e muitos microrganismos são capazes de assimila-lo desde que tenham suficiente ATP e NAD(P)H. Esse processo é chamado de fixação biológica de CO2 e pode ser realizado por fototróficos e litotróficos. Há quatro vias de fixação de CO2 conhecidas a saber: ribulose-1-5-bifosfato carboxilase, Também conhecida como ciclo de Calvin-Benson; ciclo do ácido cítrico redutivo; ciclo do hidroxipropionato e via do acetil-CoA redutivo. As quatro vias conhecidas de fixação autotrófica de CO2. As reações catalizadas pelas enzimas chave de cada via estão indicadas por setas grossas. A Ciclo de Calvin; B ciclo do ácido cítrico redutivo, C via do acetil-CoA redutivo; D ciclo do 3-hidroxipropionato. [C] indica carbono fixado. [H] indica equivalentes redutores. [CH3-] indica grupamento metil ligado à enzima. [CO-] indica monóxido de carbono ligado à enzima. ALGUMAS BACTÉRIAS CAPAZES DE FIXAR CARBONO POR VIAS ALTERNATIVAS. VIA: Microrganismo: Características: C.A.T. redutivo Chlorobium limicola; Chlorobium thiosultophilum Sulfobactérias verdes. C.A.T. redutivo Hydrogenobacter thermophilus Bactéria redutora de sulfato. C.A.T. redutivo Desulfobacter hydrogenophilus Térmófilo oxidante de hidrogênio. Hidroxipropionato Chloroflexus spp. Acetil-CoA redutivo.Clostridium thermoaceticum Eubactéria homoacetogênica. Acetil-CoA redutivo. Desulphobacterium autotrophicum Bactéria redutora de sulfato. Acetil-CoA redutivo. Metanosarcina barkeri Archea metanógena. Acetil-CoA redutivo. Acetogenium kivui Archea, quimiolitotrófico anaeróbico. Vejamos a seguir algumas características dessas vias: Ciclo de Calvin O ciclo de Calvin está entre os ciclos biológicos mais importantes na terra. É usado pela maioria dos organismos fotossintetizantes como as plantas, cianobactérias, bactérias fotossintetizantes púrpura e verdes além de muitos quimiolitotróficos. Ha três fases no ciclo de Calvin: 1-Carboxilação- O CO2 é inserido em uma molécula de ribulose-5-fosfato, sendo o produto intermediário imediatamente clivado em duas moléculas de 3- fosfoglicerato. A reação é catalisada pela enzima Ribulose-1-5-bifosfato aldolase/carboxilase (RUBISCO), sendo esta a enzima mais abundante e importante da biosfera. A evolução da atividade catalítica da RUBISCO foi fundamental para o sucesso dos organismos fotossintetizantes e para a conseqüente abundância de formas de vida que os seguiu. Na realidade, a estequiometria da reação catalisada pela rubisco produz seis moléculas de 3- fosfoclicerato a partir de três moléculas de ribulose-1-5-bifosfato de três moléculas de CO2. 2-Redução: Nesta fase as seis moléculas de 3-fosfoglicerato geradas são fosforiladas pela fosfoglicerato quinase e reduzidas pela gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, neste caso usando NADPH, gerando assim seis moléculas de gliceraldeído-3-fosfato, através das mesmas reações que ocorrem na via glicolítica e dessas, uma é utilizada para as biossínteses celulares, enquanto as outras cinco são re-convertidas em ribulose-5-fosfato que irão realimentar o ciclo. 3-Regeneração: Nesta fase os cinco gliceraldeído-3-fosfato gerados são reconvertidos a ribulose-5-fosfato por reações comuns ao ciclo de Calvin, à via glicolítica, à via das pentoses fosfato e à gliconeogênese com a perda de uma ligação fosfato de alta energia, na reação catalisada pela frutose-1-6- bifosfatase. Inicialmente se pensava que a todos os autotróficos fixavam carbono pelo ciclo de Calvin, porém, posteriormente, foram descobertas três novas vias de fixação de CO2 que são usadas exclusivamente por microrganismos. Ciclo do ácido cítrico redutivo: Esta via alternativa de fixação de CO2 consiste basicamente no inverso do ciclo do ácido cítrico, quando, ao invés de oxidar o acetil-CoA a CO2 e NADH + H+ e FADH2, CO2 é reduzido a acetil-CoA com o poder redutor sendo fornecido por 8 H, na forma de NADH e FADH2, alem da energia de 2 ATP. Muitas das enzimas da via são idênticas às do ciclo do ácido cítrico, porém, os passos nos quais há requerimento energético são contornados pelo uso de enzimas diferentes no sentido da lógica biológica de evitar o desperdício energético por ciclos fúteis. Uma das enzimas chave da via é a citrato liase que cliva o citrato em oxaloacetato e acetil-CoA. A bactéria fotossintetizante verde Chlorobium limicola, bactérias termofílicas que crescem em hidrogênio como Hydrogenobacter thermophilus e certas bactérias redutoras de sulfato como Desulfobacter hydrogenophilus usam o Ciclo do ácido cítrico redutivo para fixar CO2. Isocitrato desidrogenase PEP carboxilase Piruvato: Ferridoxina oxirredutase 2-Oxidoglutarato: feridoxina oxirredutase Ciclo do ácido cítrico redutivo com indicação das enzimas chave (setas) Via do acetil-CoA redutivo: Diferentemente das outras vias de fixação de CO2 a via do acetil-CoA redutivo não é cíclica Neste caso, duas moléculas de CO2 são ligadas ao tetrahidrifolato, uma é reduzida a grupamento metil enquanto outra é reduzida a um grupamento carbonila (C=O) pela enzima monóxido de carbono desidrogenase. O grupamento carbonil e condensado ao grupamento metil para formar acetil-CoA. O complexo enzimático responsável pela transformação de CO2 em acetil-CoA é denominado complexo da acetil-CoA sintase. Acredita-se que a via requer H2 como doador de elétrons e é bastante eficiente gerando um acetil-CoA para cada quatro H2 consumidos. Entre os microrganismos que possuem esta via podemos citar os acetógenos (microrganismos que geram acetato a partir de H2) Clostridium thermoaceticum e Acetobacterium woodii os metanógenos como Methanobacterium thermoautotrophicum e a maioria dos redutores de sulfato como Defulfobacterium autotrophicum. Reações da via do acetil-CoA redutivo. O esquema acima pode variar de espécie para espécie. T = tetrahidrofolato; Co = proteína corinóide (um outro tipo de carreador de grupamentos metil) Ciclo do 3-Hidroxipropionato A terceira via de fixação de CO2 em bactérias é o ciclo do 3- hidroxipropionato. Nesse ciclo a fixação do CO2 se faz por meio das enzimas acetil-CoA carboxilase e propionil-CoA carboxilase. Pouco se sabe sobre os doadores de elétrons e sobre as enzimas desse ciclo. Esta via foi descrita em Chloroflexus, um gênero de bactérias fotossintetizantes oxigênicas primitivas, tendo sido encontrada também em algumas archeas. Ciclo do 3-hidroxipropionato. Esquema 1: As áreas em azul indicam os passos de fixação de CO2. Ciclo do 3-hidroxipropionato. Esquema 2. Enzimas: 1 acetil-CoA carboxilase; 2, malonato-semialdeido desidrogenase; 3, 3-hidroxipropionate dehidrogenase; 4, 3-hidroxipropionate-CoA ligase; 5, 3-hidroxipropionil-CoA desidratase; 6, acrilil-CoA redutase; 7, propionil-CoA carboxilase; 8, metilmalonil-CoA epimerase; 9, metilmalonil-CoA mutase; 10, succinil- CoA:malato-CoA transferase; 11, succinato desidrogenase; 12, fumarase; 13, malil-CoA liase. MICRORGANISMOS E O CICLO DO NITROGÊNIO O ciclo do nitrogênio é o mais complexo dos ciclos biogeoquímicos. Isto se deve à importância metabólica do N, à diversidade de tipos de metabolismo do nitrogênio e ainda à existência de várias formas de nitrogênio assimiláveis, que podem ser assimiladas de diversas formas por diferentes organismos. Os procariotos estão envolvidos com o ciclo do nitrogênio por três diferentes processos: Fixação de Nitrogênio: Este processo converte o nitrogênio atmosférico em amônia que é assimilada na forma de aminoácidos. A fixação de nitrogênio ocorre em muitas bactérias de vida livre como Clostridium, Azotobacter, Cyanobacteria entre outras e também em bactérias simbiônticas como Rhizobium e Frankia. fixação de nitrogênio N2 --------------------------------> 2 NH3 Esquema do transporte de elétrons na fixação biológica de nitrogênio. Observe que para cada molécula de N2 fixada o ciclo de transporte de elétrons ocorre 8 vezes, sendo gastos 16 ATPs. Também se pode dizer que para cada molécula de amônia produzida no processo de fixação de N, são gastos 8 ATPs. Além do processo de fixação biológica de nitrogênio, este elemento pode ser gerado em formas biologicamente assimiláveis de outras formas de fixação, tais como: Fixação atmosférica: Os relâmpagos geram cerca de 5 a 8% do nitrogênio total fixado. Isto ocorre da seguinte forma: relâmpago N2 + O2 ------------------> 2 NO (oxido nítrico) O oxido nítrico assim formado reage espontaneamente com o O2 e forma dióxido de nitrogênio: 2 NO + O2 ---------------> 2NO2 O dióxido de nitrogênio dissolve-se na água gerando os ácidos nítrico e nitroso; 2 NO2 + H2O ------->HNO3 + HNO2 Esses ácidos se dissociam nos íons nitrato e nitrito. HNO3 --------> H + + NO3 - (íons nitrato) HNO2 --------> H + + NO2 - (íons nitrito) Fixação industrial de N: Gera amônia industrialmente. Denitrificação: Como já vimos anteriormente é um tipo de respiração anaeróbica que usa como aceptores de elétrons formas oxidadas de nitrogênio como NO3 e NO2. O NO3 é reduzido a NO2, que é então reduzido a uma forma gasosa como N2, N2O (oxido nitroso) ou NH3. A denitrificação costuma ser uma alternativa às baixas tensões de O2, sendo este usado preferencialmente por bactérias do solo como Pseudomonas, Bacillus, Micrococus, Archromobacter e Thiobacillus. Como podemos perceber, um dos produtos da denitrificação é o N2O (óxido nitroso) que é também um gás de estufa com uma capacidade de retenção de calor 300 vezes superior ao CO2! Outro aspecto importante da denitrificação se deve ao fato de que em ambientes aquáticos, o nitrogênio assimilável é convertido a N2 por esse processo, o que se contrapõe à eutrofização. Nitrificação: Como já vimos anteriormente a nitrificação é uma forma de metabolismo litotrófico, podendo ser considerada quimicamente como o inverso da denitrificação. Bactérias do gênero Nitrosomonas oxidam NH3 a NO2, posteriormente, bactérias do gênero Nitrobacter oxidam NO2 a NO3. Juntas as bactérias desses gêneros são capazes de oxidar a amônia (NH3) a nitrato (NO3) sendo o processo conhecido como nitrificação. Não se conhece um único organismo que seja capaz de executar o processo todo. A maioria dos nitrificantes são litoautotróficos obrigatórios, com a exceção de algumas espécies de Nitrobacter que são capazes de utilizar acetato. As bactérias nitrificantes crescem em ambientes ricos em NH3, geralmente quando ocorre decomposição protéica em larga escala. A nitrificação nos solos e águas é parte fundamental do ciclo biológico do nitrogênio. NH3 ----------------> NO2 (Nitrosomonas) NO2 ----------------> NO3 (Nitrobacter) Esquema mostrando as relações entre os organismos e as diferentes formas de N.
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