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História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho HISTÓRIA DO DIREITO GERAL E DO BRASIL RESUMO AS LEIS PORTUGUESAS Nos séculos IX e X, somente a península Ibérica escapava ao domínio Árabe. A partir do século XI com a formação dos reinos cristãos de Castela, Aragão, Navarra e leão, a luta pela expulsão dos mulçumanos inicia-se efetivamente. No reinado de Afonso IV, de Leão, dois nobres franceses receberiam do rei como recompensa por serviços prestados na “Guerra da Conquista”, suas duas filhas e feudos Um desses feudos era o Condado Portucalense. “PORTUGAL NASCEU COM UMA ESPADA NA MÃO” As guerras chamadas de “Reconquistas marcaram toda a organização do Estado Português. Para expulsar os mulçumanos era preciso não somente conquistar-lhes as terras, pois esta não trazia delegação de poder hereditário, não significava soberania. D. Diniz reinou entre 1279 e 1325 e foi importante para a Nação Portuguesa porque unificou a língua em todo território. Fez valer um documento legal chamado: Lei das Sete Partidas. Inspirado basicamente no Direito Romano e no Direito Canônico, que tinha em vista suplantar os costumes e o chamado “Direito Velho”. DIREITO VELHO Brutalidade nos preceitos jurídicos. Arrasamento de aldeias inteiras como punição para crimes Utilização da justiça privada e vingança. O início da história codificada do direito português é o início da luta contra o direito privado que existia em detrimento do direito público. O serviço judiciário foi reestruturado, com a criação do corpo de juiz – julga questões entre cidadãos e órgãos régios. Aumenta o número de Almotacéis – inspetores encarregados da exata aplicação de pesos e medidas e da taxação e de distribuição de gêneros alimentícios. Cargo de Procurado do Concelho – atribuição dos interesses públicos. ORDENAÇÕES – FORMAS DE UNIFICAÇÃO DO DIREITO AFONSINAS Características eminentemente portuguesas, diferencia-se da legislação espanhola, nasceu no reinado de D. João I; diminuiu ou acabou com as várias leis dispersas pelo reino. São divididas em 5 livros: 1. Relativo ao regimento dos cargos públicos – governo, justiça, fazenda e exército. 2. Direito eclesiástico, jurisdição e privilégios dos donatários, as prerrogativas da nobreza e o estatuto dos judeus e dos mouros. 3. Respeito ao processo civil História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho 4. Direito civil, englobando direito das obrigações e contratos, direito das coisas, direito de família e sucessões. 5. Aborda direito penal e o processo penal ESTRUTURA JUDICIÁRIA MAGISTRADOS SINGULARES: 1. Juízes Ordinários: bacharéis em Direito, eleitos pelos “homens bons” da Câmara Municipal. 2. Juízes de Fora: bacharéis em Direito nomeados pelo Rei. 3. Juízes de Órfãos: julgamentos de causas referentes aos interesses de menores. 4. Juízes de Vintena: juízes de paz nas localidades com até 20 famílias. 5. Almotacéis: passariam a ter por função a apreciação de litígios sobre servidão urbana e crimes praticados por funcionários corruptos. 6. Juízes Alvazis e dos Judeus: dirimir questões havidas entre funcionários régis e judeus. TRIBUNAIS E COLEGIADOS – 2º GRAU DE JURISDIÇÃO 1. Desembargo de Paço: apreciar questões cíveis relativas à liberdade do indivíduo. 2. Conselho de Fazenda: solucionar litígios acerca da arrecadação de tributos. 3. Mesa de Consciência e Ordem: apreciação dos recursos dos demais juízes. TRIBUNAL COLEGIADO – 3º GRAU DE JURISDIÇÃO 1. Casa de Suplicação: 3º e última instância da justiça portuguesa com competência delimitada. O rei era o mais alto cargo da Justiça Distribuía os desembargadores, definia os dias de trabalho destes e do Juiz dos Feitos, do Procurador, do Corregedor e dos Ouvidores. 1. Juiz dos Feitos: responsável por realizar audiências nos Tribunais de Relação ou nas Mesas de Consciências. 2. Corregedor da Corte: era competente para conhecer questões de pessoas afortunadas. Examinavam as contas dos Concelhos, Albergarias, Juízes de Órfãos, etc. 3. Ouvidores: responsável pelo conhecimento de todos os feitos penais que estivessem em apelação, tinha também atribuições administrativas. As Ordenações Filipinas tiveram muita influência do Direito Canônico PECADO = CRIME Esta legislação não trabalha com uma proporcionalidade entre crime e pecado A lei servia para incutir medo Fidalgos e pessoas comuns eram diferenciados ORDENAÇÕES – FORMAS DE UNIFICAÇÃO DO DIREITO MANUELINAS História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho No final das Ordenações Afonsinas, Portugal já havia se lançado na Expansão Marítima, comanda pela burguesia – cruzadas, que eram conquistas de terras e conversão dos não cristãos. Em 1505 (59 anos após a Ordenação Afonsina), D. Manuel “o Venturoso”, mandou revisa-la e assim gerou a Ordenação Manuelina. Feita em estilo “decretório” – redação em decretos como se fossem normas novas. A semelhança se dá na falta de algumas leis, a consulta ao Direito Romano – subsidiário. Mantém os 5 livros, mas trata de maneira diferente as questões marítimas, de contratos e de mercadorias, inclusive mercadores estrangeiros – proteção dos mercadores locais. Continua as diferenças entre fidalgos e pessoas comuns (plebeus). O adultério feminino era odioso, que tornava lícito o homicídio Sem diferenciação de crime e pecado As penas passavam por gerações Exigiu a formação em Direito dos que trabalhavam com a Justiça. Legisla acerca de Advogados e Procuradores que advoguem para ambas as partes, tentando evitar suborno daqueles que aplicavam o Direito. ORDENAÇÕES – FORMAS DE UNIFICAÇÃO DO DIREITO FILIPINAS Em 1571, D. Sebastião aos 14 anos, assumindo o trono, com uma tipicidade perigosa para um absolutista: desejava ser herói. Morre na batalha de Alcácer – Quibir, sem herdeiros, cria uma séria crise dinástica. Assume o trono, D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião que também morre sem deixar herdeiros. A crise se agrava e vários “candidatos” apresentam-se para a sucessão. Felipe II – rei na Espanha e de Portugal – neto de D. Manuel e chefe supremo das forças armadas, assume o trono. Essa união podia gerar o fim de Portugal, mas os portugueses impuseram algumas condições afim de se salvaguardar seus próprios interesses. Permitiria que o comércio colonial português fosse feito por navios portugueses comandados por portugueses. No administrativo, os portugueses continuariam a ocupar os cargos. Leis e costumes seriam respeitados. A língua portuguesa seria mantida como oficial. Em 1603, é promulgada a Ordenação Filipina 1. Desejo de centralização do poder real 2. Desejo dos juristas de impor o Direito Romano 3. Tendência de repelir a influência canônica. Reforma a Ordenação Manuelina Mantém os livros Aumenta a quantidade de juízes singulares e proliferam as funções específicas de cada um: 1. Juiz da Índia, Mina, Guiné, Brasil e Armazém: responsáveis pelas questões ultramarinas relacionadas a questão fiscal História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho 2. Ouvidor da Alfandega da Cidade de Lisboa: aprecia feito cíveis entre mercadores e questões cíveis e criminais envolvendo funcionários de postos importantes. 3. Corregedor de Comarca: vigiava os membros da justiça, podendo se auxiliado por tabeliões locais, que poderiam substituir os juízes de fora 4. Ouvidor de Comarca: exercia as mesmas funções do corregedor; era nomeado por Carta Régia e exercia mandato por 3 anos. 5. Juiz Ordinário: eleito entre os “homens bons” nas Câmaras Municipais; tinha competência em causas cíveis e criminais. 6. Juiz de Fora: substituíam juízes ordinários nas causas cíveis cujo valor não ultrapassassemmil réis, nos bens de móveis nas localidades de até 200 casas. 7. Juiz de Vintena: existia nas localidades de 20 a 50 casas e afastadas de uma cidade; não tinham competência criminal mas podiam decretar prisões e enviar para o Juiz Ordinário. 8. Almotacéis: competência para julgar as coimas – multas impostas aos proprietários de animais que pastam em lugar indevido; competência para aas causas relativas a servidão urbana praticada por funcionários públicos. 9. Juízes de Sesmarias: escolhido pela Mesa de Desembargo do Paço ou pelos Governadores; tinha função de apreciar demandas acerca de mediação e demarcações da Sesmarias. 10. Juiz de Órfão: apreciava questões relativas aos interesses de menores, inventários e tutorias. 11. Inquiridor: inquerir testemunhas. No 2º Grau de Jurisdição, a responsabilidade era da “Casa de Suplicação” e do “Tribunal de Relação”. 1. Casa de Suplicação: composta por Desembargadores do Paço, pelo Conselho da Coroa e Fazenda, pela Mesa de Consciência e Ordem e pelo Chanceler da Suplicação. O 3º Grau de Jurisdição era exercido pela “Casa de Suplicação, presidida pelo Regedor e composta pelo Chanceler Mor e pelos desembargadores da “Casa de Suplicação”. O julgamento na Ordenação Filipina deve ser o mais célebre possível, evitar a anulação ou qualquer meio que prejudique a sentença se a verdade for sabida. O Tribunal deveria procurar a verdade dos fatos através da inquirição direta da audiência de testemunhas. Falso testemunho em casos que envolvesse pena de morte, eram punidos com a morte e os bens iriam para a corte. A morte era a pena mais utilizada nesse Ordenamento O degredo para o Brasil estava em 2º lugar Quatro tipos de condenações à morte: 1. Morte cruel: dolorosos suplícios (pior morte) 2. Vivocombúrio: ato de queimar o indivíduo vivo (mais indicado pela Ordenação) 3. Morte atroz: pena de morte (esquartejamento, queima do cadáver) + confisco dos bens 4. Morte civil: não tem direito algum – o indivíduo morria e os filhos perdiam o Direito Civil (mais cruel). História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho PERÍODO POMBALINO O Rei D. José II nomeia como secretário de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal. Reforma o Estado Português e dá mais estabilidade a este Reforça o absolutismo, centraliza a administração política. Elabora uma série de documentos legais que visam fortalecer a justiça criminal, como o Alvará de 28 de julho de 1751, que punia a todos, incluindo nobres que auxiliassem na fuga de criminosos. O Marques de Pombal legislou também para proteger a economia portuguesa. Modernizou a ordem jurídica portuguesa de dois modos: 1. Lei da Boa Razão de 18 de agosto de 1769: que reformulou a estrutura jurídica do direito subsidiário. 2. Reforma dos Estatutos das Universidades: introduziu as cadeiras de Direito Natural, História do Direito Romano e do Direito Pátrio, Direito Público Universal e Direito das Gentes. BRASIL COLÔNIA SEM FÉ, SEM LEI, SEM REI Para os portugueses, os habitantes originais do território que hoje é o Brasil, eram depreciados porque, em comparação aos europeus da época, os índios não eram cristãos, pois não tinham fé; não legislavam, então não tinham leis; não tinham um chefe supremo, então não tinham Rei. Mas havia regras que variavam de tribo para tribo. A divisão do trabalho era feita através de critério sexuais ou etários: homens caçavam, guerreavam e preparavam a terra para o plantio; as mulheres cuidavam da agricultura, do preparo de alimento, da feitura de cestos e objetos. TRATATOS ANTES DO BRASIL E LIMITES DE TERRAS Antes da tomada de posse de Portugal, o território brasileiro era alvo de disputa por parte de Espanha e Portugal. Bula Inter Coetera (1493) e Tratado de Tordesilhas (1494) foram os documentos que traziam a posição de primeiros documentos jurídicos que afetaram o que é hoje o Brasil. Em 1480, houve um tratado entre Portugal e Espanha (Tratado de Toledo), que dava a Portugal a exclusividade de águas e terras ao sul das Canárias. – ao sul das Canárias o Brasil está até hoje. A viagem de Colombo estremeceu essa relação e D. João II mandou que uma armada fosse enviada para às ilhas visitadas por Colombo. ANTIGO SISTEMA COLONIAL E OS PRIMEIROS DOCUMENTOS JURÍDICOS NA COLÔNIA O Brasil dos primeiros tempos não era interessante para Portugal, pois não consideravam o país produtivo. Apenas o Pau-Brasil interessava e somente o rei dava autorização para a exploração. Assim foram expedidos os primeiros documentos com valor jurídico. Portugal não tinha condições financeiras e humanas para empreender posse em um território tão vasto quanto era o Brasil. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho As Capitanias Hereditárias vêm como solução para este problema – pedaços de terras eram doados em usucapião hereditário e os donatários ficavam responsáveis pelos investimentos de colonização. Os donatários recebiam as Cartas de Doação que indicavam as condições de posse de sua capitania. Recebiam também os Forais, que indicavam seus direitos e deveres. Podiam exercer justiça, sem ser arbitrário e não podiam exercer o poder judiciário nem o legislativo de forma isolada. Seguiam as leis do Reino. As Capitanias Hereditárias, como sistema de colonização, foram um fracasso considerável, com exceção de Pernambuco e São Vicente. O MUNICÍPIO, O GOVERNO GERAL E A MONTAGEM DE UM APARELHO JURÍDICO Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, foram transladados para a Colônia os princípios de administração local, através do município, com organização e atribuições políticas, administrativas e judiciárias semelhantes à Metrópole. Criou-se o Governo Geral em 1548, e sua implantação no ano seguinte demonstram mudança de rumo. Os Governadores seriam subordinados à Metrópole. O regimento estabelecia que o Governador fizesse aliança com os índios e os catequizasse evitando a sua escravização. Como auxiliares dos Governadores, foram instituídos 3 cargos: 1. Provedor Mor da Fazenda: cuidava dos impostos 2. Capitão Mor da Costa: com atribuições de defesa 3. Ouvidor Mor: com função jurídica administrativa, era a maior autoridade da Justiça na Colônia A Ordenação Filipina é quem rege a Colônia 1. Ouvidor: funções administrativas, cabia conhecer e julgar 2. Juiz Ordinário ou da Terra: eleito entre os “homens bons”, processava e julgava processos cíveis e criminais, exercia também papel de Juiz de Órfão quando este não existia. 3. Juiz de Vintena: eleito anualmente pela Câmara dos Vereadores, julgava em processo verbal sem apelação nem agravo. 4. Almotacéis: dois para cada Município, tratavam das servidões urbanas. 5. Juiz de Fora: era nomeado pelo poder central e substituía o Juiz Ordinário nas causas cíveis. 6. Juiz de Órfãos: eleitos ou nomeados, cabia-lhe processar e julgar inventários, partilhas, assim como causas envolvendo tutela e curatela. Para o 2º e 3º Graus de Jurisdição, o órgão máximo era a Casa de Suplicação, como sede em Lisboa. BRASIL REINO Portugal se aliou a Inglaterra, o que gerou sua dependência econômica subordinando os lusitanos a ingleses. Esses laços de dependência fortaleceram-se ainda mais no decorrer do século XVIII por causa da produção aurífera no Brasil Colônia e a Revolução Industrial na Inglaterra. Em 22 de outubro de 1887, o governo português assinou a “Convenção Secreta de Londres”, que impôs a transferência da Monarquia Portuguesa para o Brasil. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho Essa ideia de transferir a Corte Portuguesa para o Brasil não era nova e muito menos pertencia à Inglaterra. D. Joao IV tinha a ideia de usar o Brasil como refúgio caso fracassassem seus planos de restaurar o trono. CHEGADADA CORTE E ABERTURA DOS PORTOS D. João era o regente, pois seu irmão mais velho, D. José, havia morrido e a rainha apresentava sinais de insanidade mental. D. João transferiu-se para a Colônia e Portugal encontrava-se sob domínio estrangeiro, isso impossibilitou a manutenção do Pacto Colonial. A primeira providência do Príncipe Regente foi liberar o comércio do Brasil para outros lugares que não a Metrópole, com o documento, hoje conhecido como Abertura dos Portos às Nações Amigas. Tal documento conta com um imposto sobre produtos importados, para que o Governo de Portugal no Brasil conseguisse recursos. Porém, esta abertura dos portos seria provisória Este documento resultou num grande desenvolvimento do comércio interno e externo O Brasil estava proibido de manufaturar, pois poderia vir a gerar concorrência com produtos britânicos. Em 5 de janeiro de 1785, a rainha D. Maria I, promulgou o Alvará que proibia a atividade industrial no Brasil. Segundo ela, a instalação de fábricas e manufaturas no Brasil, iria afetar a oferta de mão-de-obra da agricultura e da extração de minérios. Com a vinda da Corte, o Brasil tornou-se o centro político e administrativo do Império Português. Em 1º de abril de 1808, D. João revogou p Alvará de 1785, visando promover a “riqueza nacional”, melhorando a agricultura e fornecendo meios de subsistência de seus vassalos. No entanto isso não surtiu efeito considerável no que diz respeito à economia brasileira, mas houve um pequeno desenvolvimento nos setores têxtil e metalúrgico. O escravismo era um enorme obstáculo ao desenvolvimento industrial no Brasil, porque a priori, os escravos, que eram a maioria, não eram consumidores e grande parte do capital existente concentrava-se na manutenção o sistema agrícola baseado no latifúndio e no escravismo. Mas a maior barreira era a concorrência dos produtos ingleses. A partir de 11 de março de 1808, iniciou-se a montagem do Estado Português no Brasil. Vieram todos os órgãos do Estado: Ministérios do Reino, da Guerra e Estrangeiros, da Marinha e Ultramar, o Rei Erário (Ministério da Fazenda), além de órgãos administrativos. O modelo transportado para o Brasil era baseado no espirito tradicional do Antigo Regime – monopólio dos postos-chave do Estado. Em 12 de outubro de 1808, foi criado o Banco do Brasil, que nasceu para ser um instrumento de finanças do Tesouro Nacional. O Governo pôde emitir moeda e custear o que fosse necessário para o Governo de D. João A estrutura judiciária também foi transposta para p Brasil – o Conselho Militar e conselho de Justiça. O Regente fundiu os dois principais Tribunais Portugueses, ao invés de um Desembargo do Paço e uma Mesa de Consciência, foi instituído a “Mesa do Desembargo do Paço, e da Consciência e Ordens”. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho Em maio de 1808, D. João criou o Juiz Conservador da Nação Britânica, que eram juízes escolhidos pelos ingleses residentes no Brasil, para julga-los. Com a vinda da família Real Portuguesa, não se podia mais afirmar que o Brasil era colônia, mas também não era considerado um país. Após 7 anos sem uma definição, D. João definiu a situação jurídica, chamando de Sede do Governo. A demora em elevar o Brasil a Reino, se deu porque, ao fazer isso, o Brasil se igualaria a Portugal. Todas as Nações da Europa já consideravam o brasil como Reino, isto pode ser atestado pelo Ato Final do Congresso de Viena. Em 16 de dezembro de 1815, D. João deu o aval legal através da Carta de Lei, elevando o status do Brasil à Reino. BRASIL IMPÉRIO O processo que desencadeou a independência do Brasil, não foi ideológico. Havia duas possibilidades: 1. Obedecer às Cortes Portuguesas e aceitar que o Brasil voltasse a ser Colônia 2. Deixar que os chamados radicais continuassem a insuflar o povo contra as cortes para conseguir uma independência com características democráticas republicanas. A convocação da Constituinte em 3 de junho de 1822, 3 meses antes do episódio às margens do Rio Ipiranga, foi uma das medidas tomadas contra as tentativas de recolonização das Cortes Portuguesas. A Constituinte estava fada a obedecer subservientemente ás vontades do Imperador. A CONSTITUIÇÃO OUTORGADA DE 1824 A Comissão nomeada por D. Pedro I para elaborar uma Carta Constitucional foi chamada de Conselho de Estado. A constituição foi outorgada em 25 de março de 1824 e apesar das críticas, foi assimilada por imposição. Não era possível para D. Pedro I, centralizar de forma absoluta, o poder em suas mãos. Era preciso deixar participar do poder, ao menos uma parte da elite econômica (Liberalismo) Indicava uma divisão de poderes, além dos já conhecidos, Executivo, Legislativo e Judiciário, a primeira constituição brasileira impõe o 4º poder: o Moderador, que é apontado como sendo o meio pelo qual os outros poderes se harmonizavam. É um poder privativo do Imperador. Os Ministros de Estado seriam nomeados pelo Imperador. O Legislativo, indicado pelo nome de Assembleia Geral, tinha poder somente por consentimento do Imperador. Era composto pela Câmara dos Deputados e Senado Qualquer lei só teria valor no Brasil após a sanção objetiva do Imperador. O Poder Judiciário tinha seus juízes nomeados pelo Imperador, também sofria a sua intervenção nas ações. O Imperador seria inviolável e sagrado; não estaria sujeito a responsabilidade alguma. Haveria no judiciário Relações como tribunais de segunda e última instancia. O papel de interpretação da lei caberia ao Legislativo, mas a partir de 1841, esta função passou ao Conselho de Estado. A escravidão era a marca da produção e da cultura do Império. Os escravos eram a maioria da população. É permitida a “liberdade de religião”, mas para que o indivíduo tenha registro civil, deveria ser católico. O CÓDIGO CRIMINAL DE 1830 Em 1822, o Imperador enfatizou a urgência de criar a codificação civil e criminal História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho Em 8 de janeiro de 1831 começa a vigorar o Código Criminal. I. Dos crimes e das penas – arts. 1º ao 67 II. Dos crimes públicos – arts. 68 a 178 III. Dos crimes particulares – arts. 179 a 275 IV. Dos crimes policiais – arts. 276 a 313 A pena de morte era prevista no Código e também era descrita a sua execução. Apenas a mulher grávida, caso condenada, escapava temporariamente dessa punição. Outra pena, como a de Galés, prisão com trabalho, prisão simples, banimento, degredo, desterro e suspensão dos direitos políticos dos cidadãos também estavam previstos no código. Excluía penas com açoites, torturas, marca de ferro quente e todas as penas cruéis. Decretava que a lei era igual para todos, menos para os escravos que eram considerados coisas. Esse Código traz o princípio da Legalidade, onde não há crime sem uma lei que o qualifique. Crimes sexuais também eram previstos e rigidamente punidos O adultério é considerado crime. Se a mulher cometesse adultério seria punida com a pena de prisão com trabalho por 3 anos; no caso dos homens, só seria punido se mantivesse amante, nesse caso as penas seriam iguais ás das mulheres não era considerado adultério caso fosse apenas “algo passageiro”. A religião católica era oficial, mas havia a “liberdade religiosa” desde que esta não fosse expressada em público e nem que ofendesse o Estado. O CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL DE 1832 Em 29 de novembro de 1832, entra em vigor o Código de Processo Criminal e dá uma nova fisionomia aos Municípios, que são habilitados a exercer atribuições judiciárias e policiais. Dá autonomia aos Municípios Em 1841 foi feita uma reforma no código de Processo Criminal, acabando com a descentralização. Toda a autoridade judicial e policial passou a ser submetida a uma rígida hierarquia. ATO ADICIONAL DE1834 O Ato Adicional de 6 de agosto de 1834, dava maior importância e deveres aos Conselhos Provinciais, que passavam a ser Assembleias Legislativas. O Poder Moderador permanece, o que mantém a centralização do Poder. NASCIMENTO DA TRADIÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA O código Criminal de 1830 e o de Processo de 1832 foram um marco na legislação do país que não tinha uma escola sequer de formação de advogados. Nossos primeiros intelectuais tinham sua formação no exterior (França, Portugal) Somente após os primeiros códigos é que surgiram cursos jurídicos (Olinda, Recife e São Paulo) Em 7 de agosto de 1843 é fundado o Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil. A ESCRAVIDÃO E A LEI: CONDIÇÕES E ABOLIÇÃO O trabalho escravo não era desconhecido da sociedade portuguesa medieval. O escravo é considerado e colocado na condição de mercadoria, portanto, sujeito às relações de alienação A escravidão está baseada na norma de perpetuidade, isto é, até a morte, a não ser que seja alforriado. Torna-se escravo no brasil era possível de 2 maneiras: 1. Nascer de mulher escrava 2. Captura feita na África História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho O Escravo era considerado “pessoa” se cometesse um crime e “coisa” se fosse vítima. A lei de 10 de junho de 1835, condenava à morte o escravo que matasse seu senhor Em 1850, a Lei Eusébio de Queiróz foi uma importante modificação na legislação escravista brasileira, pois proibia o tráfico de escravos para o Brasil. O fim do tráfico negreiro trouxe consequências econômicas e ideológicas para o país. Em 12 de maio de 1871, o Governo apresentou o projeto que daria a liberdade aos filhos de escravos: a Lei do Ventre Livre; e em 28 de setembro, ela é aprovada. Em 28 de setembro de 1885, é promulgada a Lei nº 3270, a Lei dos Sexagenários, que garantia a liberdade dos escravos com mais de 60 anos de idade. Em 13 de maio de 1888, contra todos os que lutavam pela a continuidade da escravidão, a Princesa Isabel, regente na ausência de D. Pedro I, promulga a lei que aboliu de vez a escravidão no país: a Lei Aurea. REPÚBLICA VELHA Após a abolição, uma parte da elite considerava que o Governo monárquico não atendia mais aos seus interesses Alguns latifundiários que defendiam a monarquia, mostravam-se apáticos e decepcionados porque a abolição, sem nenhum ressarcimento, foi um golpe de morte e falência e acima de tudo, uma traição A República, então nasceu de um Golpe Militar. O exército, descontente com os sucessivos ministérios, derrubou o Governo, com uma parte da classe dominante aplaudindo o feito. O Governo Provisório, montado no dia 15 de novembro, decretou o Regime Republicano Federalista. Em sua primeira proclamação, o Governo assegura a continuidade da administração pública, tanto civil quanto militar, bem como da justiça. No mesmo dia, o nome do país mudava para Estados Unidos do Brasil, e autorizava os Estados a elegerem seus constituintes. Enquanto essas providências não fossem tomadas, o Governo Provisório indicaria o Governadores. Era uma verdadeira “Ditadura Militar”, que estava apoiada na força do Exército. A Família Real foi banida por decreto. O ato mais importante desta ditadura foi a criação da Comissão Militar de Sindicâncias e Julgamentos, um tribunal de exceção, com direito de decretar pena de morte. No dia 27 de junho de 1890, Deodoro decidiu convocar as eleições para Assembleia Constituinte, que deveria legitimar o Governo Republicano. O voto foi limitado a algumas centenas de milhares de pessoas, que o Governo considerava aptos para o ato. Assim as eleições para a Constituinte não foram representativas. Foi então, eleita a Assembleia Constituinte, mais ligada aos interesses de grandes latifundiários que aos interesses militares ou ditatoriais de Deodoro. A constituição de 1891 teve grande influência da Constituição Norte-Americana. Era República porque se considerava como povo e federativa porque os Estados teriam autonomia. Elimina-se o Poder Moderador, ficando apenas os 3 poderes clássicos: Executivo, Legislativo e Judiciário. PODER EXECUTIVO O Executivo seria composto pelo Presidente da República, e o Vice-Presidente seria indicado pela Constituição e seria o Presidente do Senado. PODER JUDICIÁRIO O Poder Judiciário foi montado baseado no sistema dual. Composto pelo Poder Judiciário Federal e pelos Poderes Judiciários Estaduais. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho A Justiça Federal ficou a cargo do Supremo Tribunal Federal, que tinha jurisdição ordinária e de recurso, bem como de revisão. Seria a instancia superior Os crimes militares teriam foro específico, com um Supremo Tribunal Militar PODER LEGISLATIVO O Poder Legislativo, foi por esta Constituição, composta pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Os membros teriam imunidade parlamentar ampla Dentre as atribuições do Legislativo, estava a de legislar sobre o Direito Civil, Criminal, Comercial e Processual da Justiça Federal. O SISTEMA ELEITORAL O voto era voluntário, mas o eleitor não poderia ser analfabeto em sentido absoluto, não poderia ser mendigo, nem religioso e a idade mínima era 21 anos. As eleições eram feitas de maneira a facilitar a fraude e o voto não era secreto. AS NOVIDADES DA CONSTITUIÇÃO DE 1891 Esta Constituição previu a mudança da capital federal para o Planalto Central, com argumentos de melhor defesa da capital. Também previu a separação entre Estado e Igreja Antes dessa Constituição, todo controle da vida civil estava sob domínio da Igreja Católica. Após a Constituição, esse controle passa a ser da República. O Princípio da Individualidade das Penas também é coroado nesta Constituição e se encerra a Pena de Morte. CÓDIGO PENAL DE 1890 Com a abolição da escravatura, o Código Penal de 1830 estava em desacordo com a nova realidade social Em outubro de 1890 entra em vigor o novo Código Penal Define o Princípio da Legalidade e o Princípio da Territorialidade para os crimes Crime e contravenção são explicados neste código, sendo diferenciados Acabou com as penas “infantes” e as penas restritivas de liberdade em caráter perpétuo, que passou a ser de 30 anos Previa a progressão de pena e livramento condicional O voto de cabresto e a ordem de Coronel tornou-se crime O crime de falso testemunho também estava previsto. CÓDIGO CIVIL DE 1916 Para a elaboração de um Código Civil é necessário haver uma definição clara de quem são os cidadãos Em 1890, Clóvis Beviláqua, foi o redator do Código Civil de 1916, e entrega seu projeto para a Câmara dos Deputados, que com parecer favorável, aprova e envia para o Senado, onde ficou emperrado. A discussão foi retomada em 1912, quando a Câmara propôs que o projeto fosse adotado enquanto o Senado não se pronunciasse. Diante disso, o Senado aprovou o projeto e em 1º de janeiro de 1916 ele foi sancionado. A ERA VARGAS – 1930 – 1946 Após a Proclamação no início da década de 20 no século XX, a República foi a expressão da oligarquia dos grandes fazendeiros História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho São Paulo e Minas Gerais dominavam o cenário político, com a chamada “Política do Café com Leite”, onde uma hora era um presidente paulista (café) em outra era um presidente mineiro (leite). Em meio a uma crise devido a 1º Grande Guerra, usando o “Convênio de Taubaté” (1906), em que o Governo compraria todo o estoque de café que não fosse vendido, visando a valorização do produto pela diminuição de oferta. Com a crise política e ideológica, causada pela Crise de 1929, aprofundou ainda mais o problema econômico, que resultou na Revolução de 1930. Em 1930, na sucessão do PresidenteWashington Luiz, este não indicou um mineiro como previa a política do café com leite. O assassinato de um dos líderes opositores, agravou a crise, e Washington Luiz foi deposto, assumindo Getúlio Vargas, como chefe do Governo Provisório, pelo Decreto 19.396 de novembro. Pelo Decreto nº 19.408, organizou-se a Corte de Apelação do Distrito Federal. Por este mesmo decreto cria-se a Ordem dos Advogados do Brasil, com objetivo de disciplinar e selecionar os advogados. Em 1932 é promulgado o Código Eleitoral, e nasce a Justiça Eleitoral pelo Decreto 21.076, e instituiu o voto secreto e possibilitou o voto feminino, o voto aos 18 anos e a representação classista nos órgãos legislativos. O Código permitiu que o alistamento fosse feito de duas maneiras: por iniciativa do cidadão ou por ex-officio, onde os chefes de repartições públicas e empresas eram obrigados a inscrever seus subordinados. A CONSTITUIÇÃO DE 1934 Em 1932, por terem perdido a hegemonia política e sob a desculpa de uma legalidade e da necessidade de uma nova Constituição, o Estado de São Paulo iniciou uma Guerra Civil contra o Governo. Em 5 de abril de 1933, foi convocada uma Assembleia Constituinte, sendo as eleições no mês seguinte. A nova constituição foi publicada no Diário Oficial em 16 de julho de 1934. Nela estavam preservados o federalismo, o presidencialismo e o regime representativo. A constituição de 1931, embora reconhecesse o federalismo, buscou não exagerar no caso da elaboração de legislação, desta forma somente a União poderia legislar. Aos Estados restava a competência para legislar complementarmente. Os Municípios deveriam ter resguardada a sua autonomia, mas ao mesmo tempo em que os prefeitos eram eleitos, o mesmo não acontecia com os prefeitos das Capitais Estâncias Hidrominerais, que podiam ser nomeados. O Estado podia intervir nos Municípios em caso de não pagamento das prefeituras das dívidas para com o Estados. A escolha do Presidente seria feita por sufrágio direto. O Poder Legislativo mantinha-se dividido em Câmara dos Deputados e Senado. Mantém a imunidade parlamentar, mesmo com prisão em flagrante. Ao Senado Federal é dada a incumbência de zelar pela Constituição e coordenar os Poderes. Nesse sentido, o Senado poderia nomear magistrados, colaborar na feitura das leis e suspender leis declaradas inconstitucionais pelos tribunais. A Constituição de 1934 estabeleceu o Órgão do Poder Judiciário e resguardou a autonomia do Judiciário. Foi criada a Corte Suprema em substituição ao Supremo Tribunal Federal. Esta Corte seria responsável por umas das grandes inovações da Constituição de 1934: a ação direta de inconstitucionalidade, que poderia também ser exercido pelo Presidente da República. O Ministério Público foi organizado e obteriam o cargo por meio de concurso público Essa Constituição coroou as leis trabalhistas já existentes, no entanto os trabalhadores rurais, que eram a maioria no país, não obtiveram nada. Período entre guerras foi, para muitos países, inclusive o Brasil, uma época de encontro. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho O país preconizou a estatização de empresas estrangeiras e nacionais, e proibiu que estrangeiros administrassem ou possuíssem órgãos da mídia, companhias marítimas e que exercessem funções de profissionais liberais. A CONSTITUIÇÃO DE 1937 No Brasil, comunistas e fascistas tentaram tomar o poder entre os anos de 1935 e 1936, sem êxito. Para combater os revoltosos Vargas decretou Estado de Sítio, isso porque o mandato de Vargas expirava em 1937. No dia 10 de maio de 1937, Vargas decretou o fechamento do Congresso Nacional e anunciou uma nova Constituição. No inicio de dezembro todos os partidos são extintos por decreto. No Estado Novo, construiu-se o mito da Nação e do Povo, buscando tornar-se uma Nação integrada. A Constituição de 1937, também chamada de Polaca, sofreu grande influência da Constituição Portuguesa de 1935, da Italiana fascista Carta Del Lavoro e da Castilhista de 1891. Seu tamanho é menor que a de 1934 e deveria ser aprovada por plebiscito que nunca aconteceu. Como uma nova Constituição imposta feita sob encomenda, esta teve a necessidade de um preâmbulo que não tem razão de ser em Constituições legítimas e democráticas. Para a Constituição de 1937, embora houvesse a afirmação que o poder emanaria do povo, este seria representado exclusivamente pelo Presidente da República que é a autoridade “suprema”. Getúlio Vargas se manteria no poder, conforme art. 175, até que fosse realizado o plebiscito que nunca ocorreu. O Executivo Federal interferiria diretamente nos Estados mediante escolha ou nomeação de interventes. O Poder Legislativo também ficaria nas mãos do Presidente, entretanto, durante a ditadura Varguista, o Legislativo – federal, estadual e municipal – nunca existiu. Por tanto, no âmbito federal e estadual, o controle estava nas mãos do presidente; da mesma forma com os municípios, já que os prefeitos eram indicados pelos Governadores. O Supremo Tribunal Federal, voltou a ter esse nome, mas suas atribuições ficaram maculadas pela própria conjuntura da ditadura. Um país sem partido e com o poder concentrado de forma objetivas nas mãos de um Presidente nunca eleito O art. 122 intitulado “Direitos e Garantias Individuais” indicava o poder do Estado sobre a mídia Posteriormente, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda, DIP, com intuído de censurar e guiar jornais, rádios e apresentações de teatro Foram mantidas as leis trabalhistas, entretanto, os sindicatos foram cada vez mais subordinados aos interesses e ao controle do Estado. A Justiça do Trabalho também se manteve sob controle. Não era considerada como parte do Judiciário, mas como uma junta de conciliação. O CÓDIGO PENAL DE 1940 E O CÓDIGO DE PROCESSO DE 1941 O Código Penal de 1940 foi sancionado pelo Decreto nº 2.848 de 7 de dezembro e entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1942. Esse código acabou por se representar como superposição do pensamento neoclássico e o positivismo. Não existia mais os crimes políticos indicados em seus artigos. O Código de Processo Penal de 1941, tendo sido feito também no período ditatorial varguista, porém, antes disso, foram feitas modificações importantes como o Decreto nº 167 de 5 de janeiro de 1938, que limitou a atuação do Júri. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho A POLÍCIA, A JUSTIÇA E OUTRAS INSTITUIÇÕE DA ERA VARGAS O Estado Novo foi uma ditadura, em que o Poder Executivo era todo centralizado Nos 15 anos do Governo Vargas, não houve um só dia que não houvesse a possibilidade palpável de censura. O que o inicio do Estado Novo possibilitou foi uma guinada mais forte e mais aberta para a centralização política, administrativa, econômica, demonstrando com mais obviedade uma aproximação ideológica com o fascismo. A extralegalidade e a ilegalidade andavam juntas, ou no máximo, uma precedia a outra. A ação policial se dirigia para o sujeito do crime. O Estado controlava a polícia. Crimes políticos ou “comuns” eram tratados com a mesma brutalidade e sem o amparo da lei. As prisões funcionavam, não como ressocialização, mas como uma segregação. A Justiça ainda era um poder independente, e em 12 de setembro de 1936, foi criado o Tribunal de Segurança Nacional. As sessões no Tribunal podiam ou não ser públicas, no entanto só entrava quem o presidente do Tribunal autorizasse. Não havia apelação ou recurso. 10 mil pessoas foram julgadas, metade condenada. BRASIL: DE 1946 À DITADURA MILITAR A partir de 1942, quando a posição do Brasil na II Guerra Mundial se definiu em favor das potências liberais, o que acabou por fazer com que o país se engajasse no conflito contra os regimes totalitários. Era um governo fascistaenviando cidadãos para lutar e morrer contra o fascismo. Em 1943 esgotara-se o prazo que o Estado Novo impusera para a Legitimação da Constituição de 1937 por meio de plebiscito. Com as pressões, Getúlio Vargas começou a abrir um pouco a política brasileira, permitiu os partidos políticos. Entretanto, o Presidente manobrava para se manter no poder. Como a Constituinte somente poderia reunir-se após eleição presidencial marcada para dezembro de 1945, trabalhistas e comunistas laçaram a campanha conhecida como “queremismo”: “Queremos Getúlio”. Com o tempo este projeto mudou para “Constituinte com Getúlio”. Mesmo diante de toda a força popular, em 29 de outubro de 1945, Getúlio foi obrigado a abandonar o poder, transmitindo-o ao judiciário. Pouco mais de 1 mês depois da deposição de Vargas pelos militares, em 2 de dezembro de 1945, foi realizada a eleição para Presidente, abrindo caminho para a feitura da nova constituição de 1946 Em setembro de 1946 foi aprovada a versão final da nova Constituição do Brasil, cuja base foi a constituição de 1934. O PODER EXECUTIVO Foi mantido o presidencialismo, porém a definição de Poder Executivo mudou. Voltava o cardo de Vice-Presidente, porém não fazia parte da composição do Executivo. As eleições para Presidente e Vice, passaram a ser feitas simultaneamente, mas eram independentes. O primeiro Vice-Presidente seria eleito pelos próprios Constituintes, que seria também o Presidente do Senado Federal. O PODER LEGISLATIVO O Poder Legislativo voltou a ser composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado A função dos Senadores incluía aprovar membros indicados do Judiciário, bem como suspender decretos e leis declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Membros do Legislativo poderiam exercer cargos do Executivo sem ter que abrir mão do mandato. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho O PODER JUDICIÁRIO Restaurou a autonomia do Poder Judiciário, permitindo aos membros o poder de eleger seus dirigentes e estabelecer os parâmetros de sua organização interna. Assim ficou estruturado: I. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL II. TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS III. JUÍZES E TRIBUNAIS MILITARES IV. JUÍZES E TRIBUNAIS ELEITORAIS V. JUÍZES E TRIBUNAIS DO TRABALHO O Tribunal Federal de Recursos, teria sido criado em um momento em que o Supremo estaria com uma excessiva carga de trabalho ocasionada pelos encargos atribuídos a ele pelas Constituições anteriores. Poderia existir m diferentes localidades se aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal. A constituição de 1946 estabeleceu de maneira muito objetiva o controle de Constitucionalidade, explicitando a supremacia do Poder Judiciário para o tratamento da matéria A inconstitucionalidade poderia levar a intervenção dos Estados Os crimes políticos passaram a ser responsabilidade da Justiça Criminal Retorna a Justiça Eleitoral que havia sido excluía na constituição de 1937, porém não previu uma composição ou um corpo próprio de juízes. A Justiça do Trabalho passa a ser integrada ao Poder Judiciário. O Ministério Público foi previsto par as Justiças e os Estados. Os Estados retomaram a autonomia e a intervenção Federal somente poderia se dar em casos extremos A independência dos Municípios também é vista nesse texto, os prefeitos das Capitais e Estâncias Hidrominerais continuavam sendo nomeados pelos Governadores. A Constituição de 1946, confirmou o direito ao voto para alfabetizados maiores de 18 anos e a obrigatoriedade de voto para homens e mulheres. Quatro anos após a entrada em vigor da Constituição de 1946, foi promulgado o novo Código eleitoral (1950). Sua liberalidade foi tão rasa quanto poderia ser em um período que foi marcado pelo surgimento da Guerra Fria, dos Blocos Comunistas e Capitalista. A Constituição de 1946 retomou muitas garantias e tornou constitucionais outras, mas sempre com restrições relativas a partidos ou manifestações contrárias aso “regime democrático”. A DITADURA MILITAR A Ditadura de Vargas desarticulou o movimento operário que havia obtido alguma visibilidade desde o início do século e após 1945. Nos primeiros anos do Governo Dutra, que substituiu o Estado Novo, a paralisia dos movimentos operários se quebrou e os trabalhadores viram na conjuntura democrática uma possibilidade de resolução de seus problemas salariais e de sobrevivência. Nos primeiros anos após a queda da ditadura de Vargas houve muitas greves e a resposta de Dutra foi violenta. Esta situação do governo Dutra estendeu-se durante todo o período de 1945 a 1964. Esse período foi chamado por alguns de “ experiência democrática”, e foi uma fornalha prestes a explodir. De um lado o operariado urbano desejoso de maior participação e melhorias de visa, junto com eles uma massa crescente de despossuídos que ocupavam os morros e periferias das cidades; de outro lado, a elite, acostumada a não ter muitos problemas para impor sua vontade. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho Esse período não foi democrático de forma absoluta, como poderia parecer ao passar os olhos na Constituição de 1946. O movimento militar de 1964 não nasceu da noite para o dia, foi o momento culminante e o desfecho de um alonga crise gerada pela instabilidade institucional que subsistiram no país desde 1930. Desde a posse de João Goulart, a liderança da elite brasileira, aliada às multinacionais passou à ação golpista e um de seus instrumentos foi a IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais). Pela nova mentalidade militar, incorporada amplamente pelas altas patentes chamada “Sourbonne Brasileira”, a Academia Militar das Agulhas Negras, inimigo a quem as forças armadas deveriam combater não eram mais o estrangeiro, eram os indivíduos e os grupos que pudessem pôr em risco a ordem no País. Entre 31 de março e 1º de abril de 1964, o país dobrou o cabo da democracia em direção a uma ditadura que tornar-se-ia cada vez mais fechada, mais violenta e disposta a não reconhecer a linha divisória entre legalidade e ilegalidade. João Goulart foi deposto por uma revolta militar A Constituição determinava que uma eleição deveria ser convocada para dentro de 30 dias. Seis dias depois do golpe, os ministros militares obtiveram o que queriam e a legislação exigida por eles daria amplos poderes para expurgar o funcionalismo civil e revogar os mandatos das legislaturas federais e estaduais. ATO INSITUCIONAL Nº 1 O Ato Institucional, foi elaborado com a participação de Francisco Campos, o mesmo autor da Constituição Ditatorial de 1937. O AI-1, como ficou conhecido, iniciou uma época em que era necessário, reinventar palavras, legislar além da constitucionalidade. Legitimou o Golpe Militar, estabelecendo “Poderes Constituintes”, e estaria acima do poder legislador de uma constituição e assim estiveram por duas décadas. Os militares tomaram para si o poder de legislar afirmando categoricamente que sua legitimidade não vinha do Congresso Nacional. A eleição para presidente e vice seria feita pelo Congresso. O Estado de Sitio poderia ser decretado pelo Presidente eleito indiretamente Garantias constitucionais ou legais ficaram suspensas e perderam assim o sentido que a palavra garantia lhe dava Entre 1964 e 1966, cerca de 2 mil funcionários públicos foram demitidos ou aposentados compulsoriamente Nem os próprios militares escaparam da “limpeza” inicial que afetou milhares de famílias brasileiras Sete em cada dez confederações de trabalhadores e sindicatos tiveram suas diretorias depostas A tortura foi uma constante desde o início da ditadura. O instrumento deste combate eram os IPMs – INQUÉRITOS POLICIAIS MILITARES – que resultaram entre 1964 e 1966, processos judiciais conta mais de 2 mil pessoas. A popularidade do Regime Militar enfrentaria um grande teste, principalmenteem Estados como a Guanabara e Minas Gerais. Castelo Branco tratou de dar mais garantias ao “teste”, fazendo aprovar duas medidas: a Lei de Inelegibilidade e o Estatuto dos Partidos Políticos. ATO INSTITUCIONAL Nº 2 A Lei da Inelegibilidade barrava a candidatura de qualquer ex-ministro de João Goulart e o Estatuto dos Partidos Políticos, a médio e longo prazo, impediria a existência de pequenos partidos. O Ato Institucional nº 2 (AI-2) de 27 de outubro de 1965, acabou por restaurar muitos dos poderes especiais que tinham expirado com o 1º ATO e investiu os “revolucionários” de poder constituinte permanente. O AI-2 foi uma das mais fortes ações políticas que atuaram sobre as Constituições Brasileiras, especialmente sobre o Poder Judiciário. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho A Lei lhes era interessante enquanto não atrapalhassem seus objetivos, o Estado de Direito virou Estado Militar. Tendo o controle dos órgãos máximos do Judiciário brasileiro, o AI-2 passou ainda para o domínio de Tribunal Militar, o julgamento de crimes “contra a segurança nacional”. No campo político, o Presidente e Vice da República seriam eleitos de maneira indireta, por “Colégio Eleitoral”. Assim surgiram os dois partidos da ditadura: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e o ARENA (Aliança Renovadora Nacional) As cassações voltaram a ser feitas pelo Presidente e o Estado de Sítio também pode ser instituído por ele. Com o AI-2, essas cassações implicavam em algo mais que simples afastamento de um cargo político, gerava inclusive uma “mordaça”, impedindo o cassado de se pronunciar sobre questões políticas. A independência dos Estados também foi afetada pelo AI-2, que previa intervenção do Governo Federal. O Executivo controlava então, o Judiciário e poderia cassar mandatos no Legislativo. ATO INSTITUCIONAL Nº 3 Em 1966, haveria eleições para Governadores e Prefeitos e a linha dura não queria mais arriscar Mas esta eleição não passava de um arremedo de farsas para que houvesse a impressão longínqua de normalidade democrática. O AI-3 tornou a eleição para o Governo do Estado, indireta como a de Presidente. A eleição seria por chapa e os prefeitos de capitais seriam indicados pelos Governadores. ATO INSTITUCIONAL Nº 4 O AI-4 nada mais foi do que a convocação do Congresso Nacional para votar a Constituição A nova Constituição foi feita no decorrer de 1966 por uma equipe de quatro constitucionalistas nomeados pelo Presidente. A Constituição de 1967 nada mais era que a de 1946 extraídos os pontos democráticos demais e incluídos os Atos Constitucionais. O Executivo ganhou poder, inclusive para apurar crimes contra a Segurança Nacional. Também interferiria na questão legislativa sempre que considerasse necessário. Dava ao Presidente muitos poderes A intervenção federal poderia acontecer até o nível municipal. Aparece dando força Constitucional a Lei de Segurança Nacional, que visava a defesa contra o tipo de “guerra interna”. A Justiça permaneceu como havia sido indicado pelos ATOS 1 e 2 O país contava com um órgão de investigação de “subversivos”, ou seja, antagonistas políticos de toda espécie, o SNI – Serviço Nacional de Informação. A destruição da vida política pelo Governo Castelo Branco não passou despercebida para muitos setores da sociedade brasileira. Costa e Silva, 2º Presidente do regime, teve que enfrentar uma enorme onda de protestos em todo o país O movimento estudantil ganhou forças na década de 60, principalmente contra as ações do Governo Militar. Uma parte da Igreja Católica, alinhando-se ao pensamento que tomou o nome de Teologia da Libertação, passaram a apoiar os protestos contra a ditadura militar. Mas a direita também começava a se movimentar, movimentos como o CCC – Comando de Caça aos Comunistas – e o Movimento Anticomunista se tornavam mais conhecidos. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho ATO INSTITUCIONAL Nº 5 O Ato Institucional nº 5 veio transformar uma ditadura em um Regime pior ainda e o Ato Suplementar nº 38, colocava o Congresso em recesso permanente. Todo o poder foi dado ao Presidente. Era ele quem teria os domínios sobre o Legislativo – federal, estadual e municipal. Seu poder seria restrito ao Legislativo. O Executivo de Estados e Municípios também estariam sob seu poder. A suspensão de Direitos Políticos gerou alguns efeitos. No Judiciário, em janeiro de 1969, três ministros do STF foram forçados a se aposentar; o Presidente do Supremo acabou renunciando em protesto. Nem a questão da propriedade estava livre do poder presidencial, que podia decretar o confisco de bens. Foi suspendido o Habeas Corpus para crimes político, deixando os brasileiros a mercê de qualquer tipo de coação do Estado. O AI-5 estabeleceu que os encarregados dos Inquéritos Policiais podiam prender qualquer indivíduo por 600 dias, tempo m ais que suficiente para que a tortura acontecesse de maneira mais facilitada. O Regime Militar depois do AI-5, legiferou com afinco, como que para legalizar seus atos. Mais 11 Atos Institucionais foram decretados. O AI-13, decretava o banimento de cidadãos brasileiros considerados indesejáveis. O AI-14 possibilitava a pena de morte O Regime chegou a baixar em Decreto-Lei (nº 477 de 26 de fevereiro de 1969) que continha um Código Penal para delitos cometidos por professores e alunos de instituições de ensino públicas e particulares. Com Médici, o Brasil viveu seus anos mais sombrios, com ele a Constituição de 1967 recebeu a Emenda nº 1, que a título de propaganda foi chamada de Constituição de 1969. A emenda previa diminuição de representação na Câmara dos deputados e nas Assembleias Legislativas Estaduais. A REDEMOCRATIZAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 A partir de 1978, no último ano do Presidente General Ernesto Geisel, forças populares começaram a ressurgir por todo o país. Nesse período, várias mortes na prisão de opositores do governo, jornalistas, operários, repercutiriam muito negativamente na opinião pública. Como o Governo do General João Batista Figueiredo, a palavra “abertura” que indicava naquela época uma redemocratização, estava em voga. Mas o General apenas substituiu o AI-5 pela “salvaguarda”; com mesmo efeito do AI Nos últimos meses de 1983 teve início em todo país uma campanha pelas eleições diretas para Presidente intitulada “Diretas já!”, chegando ao auge em abril de 1984, quando a emenda Dante de Oliveira, proposta de emenda constitucional para restabelecer as eleições diretas, foi votada. Canalizou-se energia para tentar eleger, indiretamente, por Colégio Eleitoral, um Presidente civil. O presidente eleito adoeceu e morreu, e seu vice José Sarney, assumiu como o 1º Presidente civil depois de duas décadas de ditadura. O país voltou suas esperanças para uma nova Constituição. A CONSTITUIÇÃO DE 1987/88 Sob uma inflação galopante e imensa, os trabalhos constituintes se iniciaram em fevereiro de 1987 e pela 1º vez na história do país, a Constituição aceitava propostas encaminhadas pelo povo. Desde a sua instalação a pressão se Presidente se fazia presente, principalmente através da legislação ditatorial que ainda existia. História do Brasil e Geral Flávia Lages de Castro Faculdade Metropolitana da Amazônia – Famaz Abril – 2016 Bárbara Mulatinho Para uma noção geral, a Constituição hoje em vigor, foi feita por pessoas que não refletiam a heterogeneidade do Brasil. Os latifundiários também estavam presentes e organizados e através da UDR União Democrática Ruralista) conseguiu quase tudo que desejava. A Constituição de 1988 tem uma característica que a faz alvo de críticas: muitos elementos estabelecidos em seus parágrafos e incisos poderiam ter sido definidos em legislação comum. A Lei Maior pareciao lugar mais protegido que as conquistas democráticas poderiam ficar. Na Constituição de 1988, chamada de “Constituição Cidadã”, os Direitos Individuais Clássicos são assegurados O art. 5º é um exemplo disso: princípios como liberdade de expressão (art.5º, IX), reunião (art. 5º, XVI), privacidade (art. 5º, X), inviolabilidade de domicílio (art.5º, XI), inviolabilidade de correspondências (art.5º, XIII). Estabeleceu também uma série de garantias trabalhistas: universalização do direito de greve incluindo os funcionários públicos (art. 9º), a irredutibilidade dos salários (art. 7º, VI), a participação nos lucros (art. 7º, I). O judiciário voltou a ter independência com autonomia funcional, administrativo e financeira O Legislativo também tomou de volta sua independência inclusive aumentando o espectro de possibilidades de seu poder.