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Teoria geral dos serviços públicos

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Teoria geral dos serviços públicos 
- CONCEITO
 O conceito de serviço público não é estático. Sofre transformações no tempo e no espaço, de acordo com a dinâmica do contexto social, político e econômico em que se insere. Todavia, é correto admitir a existência de um ponto comum. É o fato de caracterizar-se a prestação de serviço público sempre que o Estado assuma obrigatoriamente, direta ou indiretamente, a incumbência de satisfazer determinadas necessidades coletivas. “Depois de percorridas as características que compõem o serviço público, chegamos ao ponto que nos permite dar-lhe uma definição: serviço público é uma atividade prestada pela Administração, que se vale do seu regime próprio de direito administrativo, com vistas ao atingimento de uma atividade coletiva que pode ser fruída adi singuli ou UTI universi pelos administradores.” (Bastos, 2001, p. 184)
- PRINCIPIOS 
1º) Permanência (continuidade do serviço);
Impõe a prestação ininterrupta do serviço público, tendo em vista o dever do Estado de satisfazer e promover direitos fundamentais.
A continuidade pressupõe a regularidade na prestação do serviço público, com observância das normas vigentes e, no caso dos concessionários, das condições do contrato de concessão.
É oportuno ressaltar que a continuidade não impõe, necessariamente, que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente e em período integral.  O serviço público deve ser prestado na medida em que a necessidade da população se apresenta, sendo lícito distinguir a necessidade absoluta da relativa. Na necessidade absoluta, o serviço deve ser prestado sem qualquer interrupção, uma vez que a população necessita, permanentemente, da disponibilidade do serviço (ex: hospitais, distribuição de água etc.). Ao revés, na necessidade relativa, o serviço público pode ser prestado periodicamente, em dias e horários determinados pelo Poder Público, levando em consideração as necessidades intermitentes da população (ex: biblioteca pública, museus, quadras esportivas etc.).
Atualmente, é possível mencionar três questões polêmicas que envolvem a aplicação do princípio da continuidade dos serviços públicos:
 a) Interrupção dos serviços públicos em caso de inadimplemento do usuário. 
b) Direito de greve dos servidores públicos 
 c) Exceptio non adimpleti contractus nos contratos celebrados com a Administração Pública.
2º) Generalidade (serviço igual para todos)
Consiste em reconhecer-se o direito que todos têm de utilizar os serviços públicos, dentro das modalidades estabelecidas, sem se negar a um usuário o que foi concedido a outro. As exclusões da utilização dos serviços não podem ser em consequências arbitrárias.
3º) Eficiência (serviços atualizados)
Esse princípio exige atualização técnica da prestação do serviço, decorre desse princípio também o controle da atividade do Poder Público avaliando continuamente.
A eficiência requer avaliação do custo-benefício, um serviço altamente eficiente é evidentemente mais caro, no entanto, as taxas e tarifas não podem ser tão altas a ponto de não poderem ser pagas pela população. Esse ponto de equilíbrio de eficiência e acesso ao serviço deve ser constantemente procurado.
4º) Modicidade (tarifas módicas)
Os serviços públicos devem ser prestados a preços módicos e razoáveis. Sua fixação deverá considerar a capacidade econômica do usuário e as exigências do mercado, de maneira a evitar que o usuário deixe de utiliza-lo em razão de ausência de condições financeiras, sendo, por esta razão, excluído do universo de beneficiários do serviço público.
5º) Cortesia (bom tratamento para o público).
O princípio da cortesia é sinônimo de urbanidade no tratamento. Noutro falar, significa o trato educado para com o público, Pois somente assim a relação poderá ser completa.
Existem doutrinadores que defendam a obediência ao princípio também aos administrados em razão de disposição expressa no artigo 4°, II, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, litteris:
Art. 4° São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
(...)
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa- fé.
- Classificação 
Serviços Públicos - são os que a Administração presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo, tais serviços são considerados privativos do Poder Público, no sentido de que só a Administração deve prestá-los, sem delegação a terceiros. Ex.: defesa nacional, de polícia, de preservação da saúde pública.
Serviços de utilidade pública - são os que a Administração, reconhecendo sua conveniência (não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros (concessionários, permissionários ou autorizatários), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. Ex.: os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone.
Serviços próprios do Estado - são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Não podem ser delegados a particulares. Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.
Serviços impróprios do Estado - são os que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (Ex.: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais), ou delega sua prestação.
Serviços Gerais ou “uti universi” - são aqueles que a Administração presta sem Ter usuários determinados, para atender à coletividade no seu todo. Ex.: polícia, iluminação pública, calçamento. Daí por que, normalmente, os serviços uti universi devem ser mantidos por imposto (tributo geral), e não por taxa ou tarifa, que é remuneração mensurável e proporcional ao uso individual do serviço.
Serviços Individuais ou “uti singuli” - são os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada destinatário. Ex.: o telefone, a água e a energia elétrica domiciliar. São sempre serviços de utilização individual, facultativa e mensurável, pelo quê devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público), e não por imposto.
Serviços Industriais - são os que produzem renda mediante uma remuneração da utilidade usada ou consumida. Ex.: ITA, CTA.
Serviços Administrativos - são os que a administração executa para atender as suas necessidades internas. Ex.: Imprensa Oficial.
- ATO ADMINISTRATIVO 
É uma espécie de ato jurídico, com finalidade publica e o contrato é unilateral. 
- ELEMENTOS DO ATO ADMINISRATIVO 
Os elementos essenciais à formação do ato administrativo, constituem a sua  infra-estrututa, daí serem reconhecidos como requisitos de validade.  As letras iniciais formam a palavra COMFIFOR MOB.
COM PETÊNCIA
FI      NALIDADE
F0R  MA             dica : COM FI FOR MOB
M      OTIVO
OB    JETO
COMPETÊNCIA  
   É o poder atribuído ao agente (agente é aquele que pratica o ato)  para o desempenho específico de suas funções.
        Ao estudarmos o gênero abuso de poder vimos que uma de suas espécies, o excesso de poder, ocorre quando o agente público excede os limites de sua competência.
FINALIDADE  
    É o objetivo de interesse público a atingir. A finalidade do ato é aquela que a lei indica explícita ou implicitamente. Os atos serão nulos quando satisfizerem pretensões descoincidentes do interesse público. Ao estudarmos o gênero abuso de poder vimos que a  alteração da finalidade caracteriza desvio de poder,conhecido também por desvio de finalidade.
FORMA
    É  o revestimento exteriorizador do ato. Enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a da Administração exige  forma legal.  A forma normal é a escrita. Excepcionalmente existem:  (1) forma verbal: instruções  momentâneas de um superior hierárquico; (2) sinais convencionais : sinalização de trânsito.       
MOTIVO
    
    É  a situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. Pode vir expresso em lei como pode ser deixado ao critério do administrador.
    Exemplo : dispensa de um servidor ocupante de cargo em comissão. A CF/88, diz  que o cargo em comissão é aquele declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Portanto, não há necessidade de motivação do ato exoneratório, mas, se forem externados os motivos, o ato só será válido se os motivos forem verdadeiros.
OBJETO
    É o conteúdo do ato. Todo ato administrativo produz um efeito jurídico, ou seja,  tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. Exemplo : No ato de demissão do servidor  o objeto é a quebra da relação funcional do servidor com a Administração.
-ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
A lei 9.784, de 29.01.1999 dispõe que :
"A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vícios de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência  ou  oportunidade, respeitados os direitos adquiridos" (art. 53).
"O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data  em que foram praticados, salvo comprovada má-fé" (art. 54)
"Quando importem anulação, revogação ou convalidação de ato administrativo os  atos administrativos deverão ser motivados, com indicação  dos fatos e dos fundamentos jurídicos " (art. 50, VIII,).
JURISPRUDÊNCIA  : Súmula 473 do STF :
“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem  ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos,  a apreciação judicial”. 
“A convalidação é o refazimento de modo válido e com efeitos retroativos do que fora produzido de modo inválido” (Celso Antônio Bandeira de Mello, 11ª edição, editora Melhoramentos, 336).   
A lei 9.784, de 29.01.1999, dispõe que  :
"Os atos que apresentem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo  a terceiros " (art. 55).
A Administração com relação aos seus atos administrativos pode:
1° anular quando ilegais;
2°revogar,  quando inconvenientes ou inoportunos ao interesse publico;
3° Os vícios sanáveis possibilitam a convalidação, ao passo que os vícios insanáveis impedem o aproveitamento do ato.
*Assim:
a) Revogação - é supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz realizada pela Administração, e somente por ela, por não mais lhe convir sua existência. 
 A revogação gera efeitos, EX NUNC, ou seja,  a  partir  da  sua declaração. Não retroage.
b) Anulação - invalidação de um ato ilegítimo e ilegal, realizada pela Administração ou pelo Judiciário.
 A anulação gera efeitos EX TUNC  (retroage  à data de  início dos efeitos do ato).
c) Convalidação - Só é admissível o instituto da convalidação para a doutrina dualista, que aceita possam os atos administrativos  ser nulos ou anuláveis.
 Os efeitos da convalidação são EX TUNC  (retroativos).
Conclusão:
a administração controla seus próprios atos em toda plenitude, isto é, sob aspectos de legalidade, e de mérito (oportunidade e conveniência), ou seja, exerce a autotutela.
O controle judicial sobre o ato administrativos se restringe ao exame dos aspectos de legalidade.
- ATOS DE DIREITO  PRIVADO PRATICADOS PELA ADMINISTRAÇÃO.
    A Administração  Pública pode praticar certos atos ou celebrar contratos em regime de Direito Privado (Direito Civil ou Direito Comercial). Ao praticar tais atos a Administração Pública ela se nivela ao particular, e não com supremacia de poder. È o que ocorre, por exemplo, quando a Administração emite um cheque ou assina uma escritura de compra e venda ou  de doação, sujeitando-se em tudo às normas do Direito Privado.  
- CLASSIFICAÇÃO  DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
    A classificação dos atos administrativos sofre variação em virtude da diversidade dos critérios adotados. Serão apresentados abaixo os critérios mais adotados pelos concursos.
Critério nº 1 – classificação quanto a liberdade de ação :
ATOS VINCULADOS - são aqueles nos quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização. As imposições legais absorvem quase por completo a liberdade do administrador, pois a ação, para ser válida, fica restrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal.
ATOS DISCRICIONÁRIOS - são aqueles que a administração pode praticar com a liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua oportunidade e do modo de sua realização.
    *Ao praticar o ato administrativo vinculado a autoridade está presa à lei em todos os seus elementos - COMFIFORMOB-  Ao praticar o ato discricionário a autoridade é livre - dentro das opções que a própria lei prevê - quanto  a escolha da conveniência e da oportunidade.
 Não se confunda ato discricionário com ato arbitrário. Arbitrário é aquilo que é contrário a lei. Discricionário são os meios e modos de administrar e nunca os fins atingir.
Critério nº 2 -  classificação quanto ao modo de execução
ATO AUTO-EXECUTÓRIO - possibilidade de ser executado pela própria Administração.
ATO NÃO AUTO-EXECUTÓRIO - depende de pronunciamento do Judiciário. Este item já foi estudado no tópico atributos do ato administrativo.
- ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS  (estudo baseado em Celso Antônio Bandeira de Mello)
    Quanto as espécies devem os atos ser agrupados de um lado sob o aspecto formal e de outro lado sob o aspecto material ( ou seu conteúdo).  A terminologia utilizada diverge bastante entre os autores.
Espécies de Atos quanto à forma de exteriorização :
Decretos – são editados pelos Chefes do Poder Executivo, Presidente, Governadores e Prefeitos para fiel execução das leis (CF/88,art. 84, IV);
Resoluções – praticados pelos órgãos colegiados em suas deliberações administrativas ,a exemplo dos diversos , Tribunais (Tribunais Judiciários, Tribunais de Contas ) e Conselhos (Conselhos de Contribuintes, Conselho Curador do FGTS, Conselho Nacional da Previdência Social) ;
Instruções, Ordens de serviço, Avisos  - utilizados para a  Administração transmitir aos subordinados a maneira de conduzir determinado serviço;
Alvarás -  utilizados para a expedição de autorização e licença, denotam aquiescência da Administração no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular.
Ofícios - utilizados pelas autoridades administrativas para comunicarem-se entre si ou com terceiros. São as “cartas” ofícios, por meio delas expedem-se agradecimentos, encaminham-se papéis, documentos e informações em geral.   
Pareceres -  manifestam opiniões ou pontos de vista sobre matéria submetida a  apreciação de órgãos consultivos.
- Espécies de Atos quanto ao conteúdo dos  mesmos :
Admissão – É o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração  faculta a alguém a inclusão em estabelecimento governamental para o gozo de um serviço público. Exemplo : ingresso em estabelecimento oficial de ensino na qualidade de aluno; o desfrute dos serviços de uma biblioteca pública como inscrito entre seus usuários.  O ato de admissão não pode ser negado aos que preencham as condições normativas requeridas.
Aprovação – é o ato unilateral e discricionário  pelo qual a Administração faculta a práticade  ato jurídico (aprovação prévia)  ou manifesta sua concordância com ato jurídico já praticado (aprovação a posteriori).
Licença  -  é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração consente ao particular o exercício de uma atividade. Exemplo : licença para edificar que depende do alvará. Por ser ato vinculado, desde que cumpridas as exigências legais a Administração não pode negá-la.
Autorização -  e o ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração, analisando aspectos de conveniência e oportunidade  faculta ao particular o exercício de atividade de caráter material. Numa segunda definição é o ato pelo qual a administração faculta ao particular o uso privativo de um bem público. Exemplos : autorização de porte de arma, autorização para exploração de jazida mineral (CF, art. 146, parágrafo único). A diferença em relação a Licença é que a Administração pode negar a autorização.
Homologação – é o ato unilateral e vinculado de controle pelo qual a Administração concorda com um ato jurídico, ou série de atos (procedimento), já praticados verificando a consonância deles com os requisitos legais condicionadores de sua válida emissão.
-ESPÉCIES DE CONTROLE 
1. quanto à extensão do controle: 
• CONTROLE INTERNO: é todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria administração. 
- exercido de forma integrada entre os Poderes 
- responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle interno, quando deixarem de dar ciência ao TCU de qualquer irregularidade ou ilegalidade. 
• CONTROLE EXTERNO: ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Administração DIVERSA daquela de onde a conduta administrativa se originou. 
- controle do Judiciário sobre os atos do Executivo em ações judiciais; 
- sustação de ato normativo do Poder Executivo pelo Legislativo; 
• CONTROLE EXTERNO POPULAR: As contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. 
2. quanto ao momento em que se efetua: 
• CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO: é o que é exercido antes de consumar-se a conduta administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação prévia, por parte do Senado Federal, do Presidente e diretores do Banco Central. 
• CONTROLE CONCOMITANTE: acompanha a situação administrativa no momento em que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fiscalização de um contrato em andamento. 
• CONTROLE POSTERIOR OU CORRETIVO: tem por objetivo a revisão de atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou, somente, confirmá-los. ABRANGE ATOS como os de aprovação, homologação, anulação, revogação ou convalidação. 
3. quanto à natureza do controle: 
• CONTROLE DE LEGALIDADE: é o que verifica a conformidade da conduta administrativa com as normas legais que a regem. Esse controle pode ser interno ou externo. Vale dizer que a Administração exercita-o de ofício ou mediante provocação: o Legislativo só o efetiva nos casos constitucionalmente previstos; e o Judiciário através da ação adequada. Por esse controle o ato ilegal e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado. 
• CONTROLE DO MÉRITO: é o que se consuma pela verificação da conveniência e da oportunidade da conduta administrativa. A competência para exercê-lo é da Administração, e, em casos excepcionais, expressos na Constituição, ao Legislativo, mas nunca ao Judiciário. 
4. quanto ao órgão que o exerce: 
• CONTROLE ADMINISTRATIVO: é exercido pelo Executivo e pelos órgãos administrativos do Legislativo e do Judiciário, sob os ASPECTOS DE LEGALIDADE E MÉRITO, por iniciativa própria ou mediante provocação. 
Meios de Controle: 
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é inerente ao poder hierárquico. 
- Supervisão Ministerial: APLICÁVEL nas entidades de administração indireta vinculadas a um Ministério; supervisão não é a mesma coisa que subordinação; trata-se de controle finalístico. 
- Recursos Administrativos: são meios hábeis que podem ser utilizados para provocar o reexame do ato administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
- Recursos Administrativos: em regra, o efeito É NÃO SUSPENSIVO. 
- Representação: denúncia de irregularidades feita perante a própria Administração; 
- Reclamação: oposição expressa a atos da Administração que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado; 
- Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame dirigida à mesma autoridade que praticou o ato; 
 -Recurso Hierárquico próprio: dirigido à autoridade ou instância superior do mesmo órgão administrativo em que foi praticado o ato; é decorrência da hierarquia; 
 -Recurso Hierárquico Expresso: dirigido à autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora expressa. 
• CONTROLE LEGISLATIVO: NÃO PODE exorbitar às hipóteses constitucionalmente previstas, sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes. O controle alcança os órgãos do Poder Executivo e suas entidades da Administração Indireta e o Poder Judiciário (quando executa função administrativa). 
- Controle Político: tem por base a possibilidade de fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e organizacional. 
- Controle Financeiro: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 
- Campo de Controle: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. 
TCU: é órgão integrante do Congresso Nacional que tem a FUNÇÃO DE auxiliá-lo no controle financeiro externo da Administração Pública. 
Obs.: No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária. 
• CONTROLE JUDICIAL: é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce ESPECIFICAMENTE sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança, basicamente, os atos administrativos do Executivo, mas também examina os atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade administrativa. 
Obs.: É VEDADO AO JUDICIÁRIO apreciar o mérito administrativo e restringe-se ao controle da legalidade e da legitimidade do ato impugnado. 
Atos sujeitos a controle especial: 
-atos políticos; 
- atos legislativos; 
- atos interna corporis. 
- ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA 
Administração Pública Direta: formada pelo conjunto de órgãos que integram a pessoa política, no caso a União, a qual foi atribuída competências para o exercício das atividades administrativas, exercidas de forma centralizada, ou seja, diretamente. No âmbito do Poder Executivo Federal compõem a Administração Pública direta a Presidência da República e os Ministérios.
Administração Pública Indireta: compõe-se de quatro tipos de entidades, dotadas de personalidade jurídica e desprovidas de autonomia política, que de forma descentralizada exercem atividades administrativas, e atividades de exploração econômica em sentido estrito, são elas:
2.1. Autarquias: As Autarquias são entidades criadas diretamente por lei específica (lei do respectivo ente político especificamente para a criação da entidade) e dotadas de personalidade jurídica de Direito Público, nos termos do inc. XIX do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil.
Desse modo, são entidades que adquirem personalidade jurídica a partir da vigência da lei instituidora, e possuem o escopo de exercer serviços públicos típicos do Estado, aqui há a personificação de um serviço retirado daadministração centralizada. Em decorrência da personalidade jurídica de Direito Público, os mesmos poderes, privilégios e restrições de que o Estado dispõe no exercício da função administrativa são estendidos às Autarquias, inclusive a imunidade tributária recíproca.
2.2. Fundações Públicas: São definidas doutrinariamente como um patrimônio público personificado e destinado ao exercício de competências administrativas específicas, respeitadas as áreas de atuação a serem definidas em lei complementar (ainda não editada), nos termos do inc. XIX do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil. Expressamente, a Constituição determina exclusivamente que a criação das fundações será autorizada por lei específica. Caso sejam assim criadas terão personalidade jurídica de direito privado, adquirida após a inscrição no respectivo órgão competente.
Entretanto, atualmente, a jurisprudência e a doutrina aceitam a criação de Fundações diretamente por lei, obtendo assim, personalidade jurídica de direito público. Note que esse posicionamento não dever ser considerado em provas em que estejam sendo cobrados do candidato a literalidade da Constituição Federal. Por fim, a doutrina classifica essas fundações como espécies de Autarquias, as chamadas “Fundações Autárquicas”.
2.3. Empresas Públicas: Os Doutrinadores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo conceituam as empresas públicas “como pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização em lei específica, sob qualquer forma jurídica e com capital exclusivamente público, para a exploração de atividades econômicas ou para a prestação de serviços públicos”.
O conceito acima descrito é bem completo, elucidando que as empresas públicas podem ser criadas sob qualquer forma societária, assim podem possuir a forma de sociedade limitada, sociedade anônima dentre outras, esse é um dos pontos que as diferenciam das sociedades de economia mista como se verá a seguir. Além disso, o capital aqui é exclusivamente público não havendo nenhuma participação de capital privado na empresa. Por fim, em regra quando exercem serviços públicos, as Sociedades de economia mista e as empresas públicas exercem os serviços públicos passíveis de serem explorados com o intuito de lucro, a exemplo está a Petrobrás S/A que explora o petróleo e seus derivados, em regime de monopólio, e com o intuito de lucro, nos termos do art. 4ª da lei nº. 9.478/1997.
2.4. Sociedades de Economia Mista: Resumidamente, podemos conceituar as sociedades de economia mista como “pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica, sob a forma de sociedade anônima, com participação obrigatória de capital privado e público, sendo da pessoa política instituidora ou de entidade da respectiva administração indireta o controle acionário, para a exploração de atividades econômicas ou para a prestação de serviços públicos”.
Para a prestação de serviços públicos cabem os mesmos comentários sobre a exploração dos serviços públicos com o intuito de lucro já descritos acima na descrição das Empresas Públicas.
Observações: Não há controle hierárquico entre a Administração Direta e a Indireta, há apenas controle finalístico que deve ser exercido nos termos e limites estabelecidos na lei instituidora e, em regra, visa, unicamente, analisar se a instituição se mantém na busca dos objetivos e finalidades para a qual foi criada.

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