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Aula_10 LINGUISTICA

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LINGUÍSTICA 
AULA 10- O FUNCIONALISMO
O FUNCIONALISMO (AULA 10)
LINGUÍSTICA 
Conteúdo Programático desta aula
A Teoria Funcionalista.
- Forma e função.
 Gramaticalização.
 Marcadores discursivos.
O FUNCIONALISMO (AULA 10)
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Saussure: língua como sistema; a linguagem humana pode servir de meio de comunicação e de transmissão de conteúdo. 
Chomsky: língua como capacidade inata ao ser humano.
Labov: estudo da língua em situação real de comunicação, levando em conta fatores externos – sexo, idade, escolaridade, procedência geográfica etc. – como possíveis influenciadores da forma de codificação linguística. 
BREVE HISTÓRICO
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Sociolinguística. Ao estabelecer que a língua é um fenômeno social por ser heterogênea como os grupos que compõem uma sociedade, Labov valoriza a participação dos falantes. 
2) Embora Saussure reconhecesse que a língua é o produto social da faculdade da linguagem, deixou a fala fora dos seus estudos por considerar que sua heterogeneidade seria de difícil descrição. 
	Oposição do funcionalismo a Saussure. A língua não é um fenômeno isolado, mas serve a uma variedade de propósitos dos quais, efetuar a comunicação é apenas um deles. 
BREVE HISTÓRICO
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Deixa-se de lado a ideia de que a linguagem é a forma de expressão do pensamento, já que os funcionalistas a concebem como instrumento de interação social. 
Segundo eles, é preciso investigar a motivação para os fatos da língua, ou seja, explicar as regularidades observadas no uso interativo da língua, um vez que ela é concebida como uma estrutura maleável, adaptativa.
Assim, estuda-se a língua em situação real de comunicação, verificando o modo como os usuários da língua se comunicam eficientemente. 
Esses usuários são vistos como os responsáveis pelo estado e forma da língua. 
O FUNCIONALISMO
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Vejamos os exemplos: 
(a) Você é bonita; (b) Bonita você é.
Podemos usar os dois no mesmo contexto?
Contexto 1. 
“Maria: Minha nossa! Não sei com qual roupa irei ao encontro de hoje com o João. Além disso, meu cabelo está horrível.
Ana: Você é bonita. Não se preocupe! Você ficará bem com qualquer roupa.”
Contexto 2. 
“Paula: Menina! Sua pele é ótima! Seu cabelo é incrível! Adorei o seu visual! Você é bonita!
Ana: Que nada! Bonita é você.”
 
O FUNCIONALISMO : ANÁLISE DO CONTEXTO
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Conclusão: o segundo enunciado só poderia ter sido produzido em um contexto de “réplica”. Por isso, segundo o Funcionalismo, não podemos ignorar o contexto, pois, no caso apresentado, a organização sintática do enunciado é motivada pelo contexto discursivo em que ela ocorre.
	
Uma das diferenças do funcionalismo para as teorias que o antecederam é essa importância dada ao contexto de produção e à relação entre forma e função. 
 
O FUNCIONALISMO : ANÁLISE DO CONTEXTO
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Gramática e discurso não são conceitos separados: a gramática molda o discurso e o discurso molda a gramática. 
	
Funcionalismo - a língua possui uma importância social (=discursiva).
Língua: 
a) instrumento de interação social entre seres humanos;
b) existe em virtude de seu uso para a interação entre seres humanos.
	
A gramática funcional inclui na sua análise toda a situação comunicativa: o evento de fala, seus participantes e o contexto discursivo. 
O FUNCIONALISMO
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Usuários - criadores, transformadores das estruturas e responsáveis pelo estado e forma da língua
	
Análise da estrutura gramatical dentro de toda situação comunicativa: a situação comunicativa explica ou mesmo determina a estrutura gramatical.
Gramática:
não é um organismo geneticamente determinado gerado apenas por fatores cognitivos inatos;
b) é uma consequência da interação dos usuários em situação concreta de comunicação.
O FUNCIONALISMO
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Função = valor de ‘papel’ ou ‘utilidade’ de um termo.
A noção de ‘função’ não se refere aos papeis que desempenham as classes de palavras ou os sintagmas dentro da estrutura das unidades mas ao papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos. 
Importância desse conceito de função. 
O funcionalismo leva em conta a capacidade que os indivíduos têm não apenas de codificar e decodificar expressões, mas também de usar e interpretar essas expressões de uma maneira interacionalmente satisfatória. 
O CONCEITO DE FUNÇÃO
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A gramática da língua é acessível às pressões de uso.
Exemplos. 
‘A gente’ passa de substantivo a pronome; 
b) ‘Você’ passa de pronome de tratamento a pronome pessoal; 
c) O uso de ‘você’ como sujeito indeterminado em manuais e receitas;
d) as preposições durante (latim ‘durar’) e mediante (que serve de auxílio; como preposição significa por meio de);
e) as conjunções consoante (do latim “que soa com”), conforme (significava ‘que tem a mesma forma’). 
A RELAÇÃO ENTRE FORMA E FUNÇÃO
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A gramática da língua é acessível às pressões de uso.
Exemplos. 
f) Elementos que refletem a emoção do falante: “puxa vida”, “poxa”, “pô”.
g) Expressões como “Olha aí (aí)” e olha só (ossó) que podem funcionar como elementos de aviso ou chamamento.
h) Verbos de percepção: ver, perceber (=saber): percebeu? Agora você vê ... Deixa ver ...
A RELAÇÃO ENTRE FORMA E FUNÇÃO
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O pensamento inicialmente trabalha com conceitos adquiridos pelo contato com o mundo concreto: Interesse - propriedades cognitivas do usuário
É a metáfora que permite que o homem compreenda o mundo das idéias em função do mundo concreto. Segundo Heine et alií (1991) o processo metafórico é unidirecional e se faz de acordo com a seguinte escala de abstração crescente:
PESSOA > OBJETO > ATIVIDADE> ESPAÇO > TEMPO > QUALIDADE
O FUNCIONALISMO E AS METÁFORAS
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PESSOA > OBJETO > ATIVIDADE> ESPAÇO > TEMPO > QUALIDADE
‘Atrás’ (noção espacial) > tempo (2 anos atrás) > atrasado (qualificação).
‘Pé’ (ser humano) > ‘pé da mesa’> ‘pés’ (medida).
'Braço' (parte do corpo) > ‘braços do sofá’ > ‘braço direito’ (qualificação).
‘Cabeça’ (parte do corpo) > ‘cabeça-d’água’ > ‘cabeça do grupo’ (qualificação).
O FUNCIONALISMO E AS METÁFORAS
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Gramática e discurso - gramática provém do discurso e ao mesmo tempo o molda; por outro lado, o discurso contribui para moldar a gramática. 
Discurso é o uso potencial da língua em situação de comunicação. 
Pressões de uso geram regularidades e irregularidades na língua. (áreas que estão em fluxo, o que faz com que surjam novas variações, decorrentes do aspecto criativo do discurso).
A comunicação pressiona a língua em direção a uma maior regularidade e iconicidade. 
A competição dessas duas forças faz com que as gramáticas das línguas nunca sejam estáticas. 
O FUNCIONALISMO E O PRINCÍPIO DA ICONICIDADE
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Princípio que prevê motivação na relação entre forma e significado de modo que os humanos agem intencionalmente em termos linguísticos: existe uma relação não-arbitrária entre forma e função.
Isso implica que na língua nada dá-se ao acaso.
A arbitrariedade do signo linguístico conforme proposta por Saussure separa o significante do seu correlato mental (o significado). 
Para criar novos rótulos, o falante tende a utilizar material já existente na língua utilizando a motivação: a palavra assume uma forma específica, por um motivo determinado. 
O FUNCIONALISMO E O PRINCÍPIODA ICONICIDADE
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Assim, tem-se, por exemplo, a: 
motivação semântica: pé da mesa; coração da cidade;
motivação morfológica: apagador, leiteiro (processo de derivação); aguardente, pára-quedas ( composição);
motivação fonética: cocorocó, tilintar.
Nem sempre podemos precisar a intenção ou o propósito específico de cada ato verbal. Entretanto, nem tudo na língua é icônico. 
Exemplo. 
‘Entretanto’ significava "no interior de algum espaço físico ou de algum espaço de tempo". 
‘Entretanto’ hoje é uma conjunção de valor adversativo.
O FUNCIONALISMO E O PRINCÍPIO DA ICONICIDADE
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Processo que envolve abstratização: o significado gramatical faz com o que o item lexical sofra um esvaziamento semântico. 
	
Exemplos. 
‘as preposições durante (latim ‘durar’) e mediante (que serve de auxílio;
as conjunções consoante (do latim “que soa com”), conforme (significava ‘que tem a mesma forma’);
Verbo querer na construção quer ... quer: “Quer chova quer faça sol”;
d) etc.
GRAMATICALIZAÇÃO
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O deslizamento de sentido de ‘onde’ que passa da noção de espaço físico (b.1) para espaço de tempo (b.2) e para marcador discursivo (b.3)
b.1. “No banheiro ... nós vamos encontrar ... uma prateleira ... onde fica ...”
b.2. “ ... depois disso ... teve a noite onde foi escolhido o grupo de cinco pessoas ...”
b.3. “ ... eu acho que as pessoas deveriam estar lutando ... por melhores condições de vida ... de melhor educação para seus filhos ... onde as pessoas poderiam viver num país bom ...” 
GRAMATICALIZAÇÃO
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São usados para reorganizar a linearidade das informações no nível do discurso, quando essa linearidade é momentaneamente perdida por diversos motivos como insegurança ou falhas de memória. 
Sua função no discurso se motiva na medida em que a natureza fluida da fala impede perfeita linearidade das informações e marca:
hesitação e reformulação;
mudança na direção comunicativa;
cria reticências etc.
MARCADORES DISCURSIVOS
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Vícios de linguagem para a Gramática Normativa.
Enquanto o texto escrito é fruto de uma reflexão mais elaborada, a fala, que é por natureza improvisada, impõe maior dificuldade de manter a linearidade que se verifica na escrita.
Exemplos. Sabe? Né? Entende?Aí etc.
Vamos praticar?
MARCADORES DISCURSIVOS
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1- Leia o texto abaixo.
	“Procura explicar as regularidades observadas no uso interativo da língua, analisando as condições discursivas em que se verifica esse uso.” (Cunha, 2009:174)
O texto apresentado refere-se:
à Sociolinguística.
ao Gerativismo.
ao Funcionalismo.
ao Estruturalismo.
à Gramática Normativa 
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2 - Os funcionalistas concebem a linguagem como
uma capacidade inata.
b) um fato mental.
c) um instrumento de interação.
uma instituição social.
e) um ato individual.
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3 - Sobre o funcionalismo, é incorreto afirmar que essa corrente linguística: 
entende a língua como instrumento de interação social entre seres humanos.
b) considera que a capacidade linguística do falante compreende não apenas a habilidade de usar expressões linguísticas mas também a habilidade de usar essas expressões apropriadamente. 
c) concebe a linguagem como um fenômeno mental.
d) preocupa-se com o contexto.
e) afirma que a principal função de uma língua natural é estabelecer a comunicação entre seus usuários. 
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4 - Segundo o Funcionalismo, os elementos “né?", “sabe?”, “entende?”, em contexto de fala espontânea, 
marcam hesitação ou pausa para que o informante possa reorganizar seu discurso.
indicam que o informante está muito seguro acerca do que vai falar.
são “vícios de linguagem” que mostram a pobreza no uso da língua.
fazem parte da fala de crianças e adolescentes apenas.
representam a pouca criatividade do informante sobre o assunto.
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5. Segundo o princípio de iconicidade, há uma correlação natural e motivada entre forma e função. Isso significa dizer que há uma correlação natural entre
o código linguístico (expressão) e seu significado (conteúdo).
o desempenho linguístico e a competência.
a língua e a fala.
a linguagem verbal e a linguagem não-verbal.
o paradigma e o sintagma.
E para terminar ...
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RESUMINDO
A língua é instrumento de interação social.
A gramática molda o discurso e o discurso molda a gramática. 
Língua: 
	a) instrumento de interação social entre seres humanos;
	b) existe em virtude de seu uso para a interação entre seres humanos.
	
	A gramática funcional inclui na sua análise toda a situação comunicativa: o evento de fala, seus participantes e o contexto discursivo.	
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Abraços e felicidades!
Usuários - criadores, transformadores das estruturas e responsáveis pelo estado e forma da língua.
Marcadores discursivos e gramaticalização.
A gramática da língua é acessível às pressões de uso.
Exemplos. 
‘A gente’ passa de substantivo a pronome; 
Você’ passa de pronome de tratamento a pronome pessoal;

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