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PROCESSO CIVIL 1

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Processo Civil V 
Matéria da aula: Tutela Antecipada contra a Fazenda Pública e Multa pelo descumprimento da decisão.
Tutelas de Urgência contra a Fazenda Pública
Art. 1.059 do CC:
Art. 1.059.  À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos arts. 1º a 4º da Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7º, § 2º, da Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009.
Lei nº 8437/1992: Concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público
Lei nº 12.016/2009: Lei do Mandado de Segurança (MS)
Talvez haja mais caráter processual no direito líquido e certo que propriamente direito material. Não necessariamente quem impetra mandado de segurança ganha a ação.
O mandado de segurança parte da seguinte premissa: “dai-me os fatos e te darei o direito”. Se o juiz sabe os fatos, ele sabe se o direito foi ou não violado. 
É possível haver ementas que aparentemente falam a mesma coisa, mas que tenham significados opostos. 
O mandado de segurança (MS) é uma ação de conhecimento de procedimento especial, pois declara o direito. Trata-se de uma ação de status constitucional, uma vez que está expressamente previsto na Constituição.
Art. 5º, LXIX, do CF/88:
(...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado porhabeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
(...)
Por que o mandado de segurança está previsto na CF/88, no art. 5º, LXIX, e não no CPC?
Primeiramente, pode-se dizer que está na constituição para não ser retirado do ordenamento jurídico, pois o CPC pode ser alterado. 
Quem usa o Mandado de Segurança e para quê é utilizado?
O MS pode ser impetrado por qualquer pessoa, sejam pessoas naturais, jurídicas (públicas ou privadas) ou até estrangeiras. 
Pegadinha: Uma empresa argentina, que tem um caminhão viajando pelo Brasil, poderia impetrar mandado de segurança? O estrangeiro não residente no país poderia impetrar um mandado de segurança? Resposta: Sim, pois o fato de o estrangeiro não residente não estar incluído no caput do art. 5º da CF/88 não retira dele a possibilidade de impetrar um mandado de segurança. Admitir o contrário seria tão inconcebível quanto dizer que o estrangeiro não residente no país não teria direito à propriedade.
O Mandado de Segurança é impetrado contra a autoridade coatora, ou seja, aquela que está no exercício de função pública. 
Assim, o Mandado de Segurança é utilizado para conceder proteção contra atos de império do Estado.
O Estado pode se defender do próprio Estado quando, por exemplo, uma autarquia (ex: UFSC) impetra um Mandado de Segurança contra a Prefeitura (de Florianópolis) porque ela está cobrando IPTU quando há imunidade.
Pergunta: Todo ato de servidor público é passível de MS?
Resposta: Somente se o servidor estiver agindo como “Estado”, como função pública. 
Pergunta: Todo ato de servidor Público é passível de MS?
Resposta: Somente se estiver exercendo função pública. Se alguém que não é servidor público estiver exercendo uma função pública, contra esta pessoa seria cabível o MS. Exemplo: Se o reitor da UNISUL (que não é servidor público), que é uma universidade particular, não outorgar o diploma ao aluno de Direito que tiver cumprido todos os requisitos, é cabível o MS, pois o reitor está no exercício de função pública delegada.
Exemplo 1: Se João alugar sua casa para fazer uma delegacia e o aluguel não for pago, poderia impetrar um MS? 
Resposta: Não, porque neste caso o Estado não está agindo como Estado, mas como particular. João poderia pedir o despejo como faria contra qualquer locatário seu, mas não poderia impetrar MS.
Exemplo 2: Se a casa de João (do Exemplo 1) é desapropriada para que a delegacia seja mantida, mesmo que a desapropriação seja ilegal, poderia ele impetrar MS?
Resposta: Neste caso ele poderia impetrar MS, pois estaria havendo exercício de função pública.
Exemplo 3: Se João invade a casa de um particular, este poderia utilizar a força para expulsar o invasor (defesa da posse)? 
Resposta: Sim, mesmo que seja possível utilizar uma reintegração de posse (método mais civilizado).
Exemplo 4: O Estado pode retirar um particular de sua residência?
Resposta: Sim, o Estado pode retirar a pessoa de sua posse, mesmo que seja o único imóvel disponível para moradia (como foi feito nas Olimpíadas, na Copa do Mundo...). Trata-se de ato de império contra o qual é cabível a impetração de MS.
Importante observar estar particularidades do MS para se compreender as Ementas apresentadas a seguir:
�
Ementa 1
Processo Civil. Ordem denegada. Ausência de direito líquido e certo. Necessidade de prova pericial.
�Ementa 2
Processo Civil. Ordem denegada. Ausência de direito líquido e certo. Inexistência do direito subjetivo do impetrante.
�
Estas duas ementas têm significados completamente diferentes, uma faz coisa julgada e a outra não faz coisa julgada material, mesmo que ambas tratem do mesmo tema: direito líquido e certo. 
O direito líquido e certo deve ser analisado em duas fases: uma ligada ao processo e outra ligada ao direito material.
Observe o exemplo a seguir para compreender quando cada uma das ementas seria utilizada:
Exemplo: O médico do INSS informa a João que este não tem direito ao auxílio doença e está apto ao trabalho. Este médico está exercendo função pública ao negar a concessão do benefício previdenciário, contudo, não é caso de utilizar o MS, pois é necessária uma perícia para provar que o médico está errado. Então, se João impetrar MS, virá a ementa 1 (o juiz vai dizer que João não tem direito líquido e certo porque os fatos narrados por ele não estão comprovados na petição inicial). Mesmo que João tenha um laudo de um médico particular será necessária a perícia, pois os fatos não foram comprovados com a petição inicial, acarretando na será denegação da ordem do MS. 
Na ementa 1, parte-se da premissa que os fatos são incontroversos. Se não é possível provar os fatos com a petição do MS, não há direito líquido e certo. Contudo, isso não significa que a parte não tenha direito subjetivo. Significa, então que, no primeiro caso, não é possível usar o MS, mas é possível utilizar a mesma ação de conhecimento só que pelo procedimento comum (ordinário). 
Suponha-se, por outro lado, que o médico tenha constatado que João estivesse incapaz para o trabalho, mas lhe negasse o benefício previdenciário porque entendeu que o período de carência exigido não fora cumprido. João acredita que o tempo de carência tenha sido contado errado, então, ele impetra, acertadamente, um MS. Para João provar quanto tempo de contribuição ele tem de INSS, produzirá provas documentais, ou seja, apenas com a petição inicial ele conseguirá provar os fatos alegados. Ao comprovar os fatos com a petição inicial, quando o juiz analisar a petição inicial de João, já estará apto a dizer se o autor cumpriu ou não a carência, vinculando ao direito material. A ementa 2 seria utilizada caso o juiz entendesse que João não cumpriu o tempo de carência exigido para concessão do benefício. Nesta ementa 2, o juiz diz: “para este fato, não há direito”, ou seja, embora o fato esteja comprovado, a parte não tem direito líquido e certo.
Outra diferença entre as duas ementas é que a ementa 1 não faz coisa julgada material (o autor escolheu a ação errada, então pode ingressar depois com ação no Juizado Especial Federal), enquanto a ementa 2 faz coisa julgada material e impede que o autor ajuíze nova ação.
O direito líquido e certo, portanto, tem 2 componentes. Por isso, mesmo comprovando o fato, mesmo trazendo toda a prova documental pré-constituída, mesmo não havendo necessidade de dilação probatória, o MS pode ter a ordem denegada. Então, não necessariamente se trabalha com a ideia de direito evidente. O direito só será evidente se, ao final, o juiz constatar que houve a ilegalidade do ato.Esquema do Professor:
	( Compensação de crédito tributário
Art. 7º, § 2º, Lei 12.016/09 ( Liberação de mercadoria estrangeira
( Servidor Público 
		 equiparação reclassificativa 
 concessão de aumento 
Lei 4.248/64
Lei 5.021/66
Não cabe tutela provisória quando ocorrer as seguintes hipóteses:
Art. 7º da Lei 12.016/2009:
Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
§ 1o  Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 2o  Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
§ 3o  Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.
§ 4o  Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.
§ 5o  As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
No despacho da petição inicial do MS, o juiz pode ordenar a suspensão do ato que se entende como coator, ou seja, segundo o art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2009, o juiz pode determinar uma medida de caráter liminar (uma antecipação de tutela). A ideia é que a ordem de suspensão do ato venha na sentença, mas se o juiz, logo no despacho da inicial, já determinar a suspensão do ato coator, então, ele está antecipando os efeitos da sentença e proferindo uma medida liminar. Trata-se, portanto, de uma antecipação de tutela.
Pergunta: O juiz poderia ordenar de ofício a suspensão do ato que deu motivo ao pedido do MS?
Resposta: Como não há nada mencionado no artigo, o professor João Marcelo entende que deve haver um pedido para que o juiz ordene a suspensão do ato liminarmente, mas há quem entenda que o verbo “ordenará” (do caput do art. 7º da Lei 12.016/2009) significa a possibilidade de imposição de ofício. O professor entende que o princípio da demanda orienta tudo (“não pediu, não ganha”).
Analisando o art. 7º, § 2º da Lei 12.016/2009, por sua vez, verificam-se as seguintes situações:
Compensação de crédito tributário (Súmula 212 do STJ); 
Liberação de mercadoria estrangeira (Lei nº 2.770/56); 
Servidor público ( equiparação reclassificativa 	vantagem pecuniária
( concessão de aumento 
Nestas situações específicas do art. 7º, § 2º da Lei 12.016/2009, é permitido ao autor impetrar o MS, mas não lhe será concedida a suspensão liminar do ato.
Compensação de Tributos 
Exemplo: João tem um crédito tributário de um IPI (tributo federal) que não precisou pagar. Contudo, ele precisa pagar o imposto de renda. Neste caso, João poderia pedir a compensação do IR, mas não poderia pedir a tutela antecipada contra a Fazenda Pública, pois se enquadra em uma das hipóteses restritivas previstas no art. 7º, § 2º da Lei 12.016/2009.
Pergunta: Se a parte quiser compensar o crédito tributário, ela poderá impetrar MS?
Resposta: Sim, é possível pedir a compensação de crédito tributário utilizando o MS, mas a parte não terá direito à suspensão liminar do ato.
Pergunta: Um servidor público pode impetrar MS pedindo a equiparação e reclassificação? 
Resposta: Sim. O servidor só não terá direito à concessão de medida liminar. O mesmo se aplica à liberação de mercadoria estrangeira.
A primeira restrição (compensação de crédito tributário) veio de precedentes jurisprudenciais, por causa da Súmula 212 do STJ.
Súmula 212 do STJ:
A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.(*) . (*) A Primeira Seção, na sessão ordinária de 11 de maio de 2005, deliberou pela ALTERAÇÃO do enunciado da Súmula n. 212. REDAÇÃO ANTERIOR (decisão de 23/09/1998, DJ 02/10/1998, PG. 250): A COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS NÃO PODE SER DEFERIDA POR MEDIDA LIMINAR.
Liberação de Mercadoria Estrangeira
A segunda restrição, liberação de mercadoria estrangeira, está ligada à Lei nº 2.770/56, a qual iniciou sua vigência no período governado pelo Presidente Juscelino Kubitscheck, cujo objetivo da campanha era desenvolver a indústria (2º setor da economia) no Brasil. Na década de 50, o país era basicamente agrícola e os produtos industrializados vinham do exterior. Então, quem utilizava a importação, e não cumpria o regramento adequado, impetrava um mandado de segurança para liberar a mercadoria, o que dificultava a ação do Estado. A lei restringiu essa hipótese para que a concessão da ordem fosse dada apenas após a decisão do mérito e não mais na liminar.
Atualmente, essa questão da liberação de mercadorias estrangeiras é interpretada pelo Judiciário da seguinte maneira: se a importação for correta, e se quer discutir a exigência do fiscal aduaneiro, cabe liminar. A liminar só não cabe se a mercadoria foi trazida por descaminho (art. 334 do CP) ou por contrabando (art. 334-A do CP). Professor João Marcelo entende que o cigarro é contrabando e não descaminho.
Exemplo: João está importando legalmente determinado produto pelo Porto de Itajaí. Contudo, assim que a mercadoria chega de navio, um fiscal exige uma guia de João que ele entende não ser necessária. Neste caso, cabe liminar.
Servidor Público (equiparação reclassificativa ou concessão de aumento)
A terceira restrição refere-se à reclassificação ou equiparação de servidores públicos e à concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
Exemplo: Letícia é servidora do TJ/SC e pretende pedir reclassificação ou equiparação. Se ela pedir reclassificação no mesmo patamar, continuará ganhando o mesmo valor; enquanto se for abaixo dela, ganhará menos. Então, se for para Letícia pedir reclassificação, é melhor que seja com alguém que esteja acima. Contudo, se lhe for devido determinado valor pela reclassificação, e este não lhe for concedido, a lei 12.016/2009 veda que Letícia possa ganhar os valores desde o começo (liminarmente). A servidora terá que esperar até o final da ação para começar a receber.
Ainda no exemplo de Letícia, se determinada lei estabelecer que ela, enquanto servidora, tem direito a um determinado valor (vantagem pecuniária), mas o Governador do Estado, verificando que não há recursos suficientes, negar-lhe o pagamento da quantia, por força do art. 7º, § 2º, da Lei 12.016/2009 (que proíbe o magistrado de conceder, em liminar, vantagem pecuniária ao servidor público), Letícia terá que aguardar o trânsito em julgado da decisão. 
Estas restrições ao servidor público estavam previstas nas Leis nº 4248/84 e 5021/66, as quais foram elaboradas no período de ditadura militar para estabelecer restrições aos servidores públicos que impetravam mandados de segurança.
Tanto a restrição à liberação de mercadoria estrangeira quanto à concessão de vantagem pecuniária a servidores públicos são restrições fruto de períodos históricos específicos e não foram mais discutidas, apenas copiadas no ordenamento jurídico.
Onde não se consegue liminar em MS, a lei também veda a concessãode tutela provisória em desfavor do Estado.
Pergunta: O que é a restrição para a concessão de antecipação de tutela contra a Fazenda Pública?
Resposta: Trata-se de tema fechado, determinando que onde não é possível conseguir liminar em mandado de segurança, também não é possível utilizar o procedimento ordinário para conseguir antecipação de tutela contra a Fazenda Pública.
A ideia da restrição do art. 1.059 do CPC é evitar que aqueles que iriam utilizar o procedimento do Mandado de Segurança para obter liminarmente a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza, utilizassem o procedimento comum para obter uma antecipação de tutela nos casos já vedados pelo art. 7º, § 2º, da Lei 12.016/2009.
O sistema ficou lógico desta forma (independente de as restrições serem justas ou não).
As restrições previstas para concessão de liminar no MS foram entendidas para as tutelas provisórias, conforme estabelece o art. 1.059 do CPC.
O disposto nos arts. 1º a 4º da Lei 8.437/92 também estabelece vedações á concessão de medida liminar contra atos do Poder Público, da mesma forma que o art. 7º, § 2º, da Lei 12.016/2009. O objetivo é impedir a utilização de outros meios para obter as providências que não são concedidas por meio de mandado de segurança. Seria como dizer “onde não conseguem obter liminar em mandado de segurança, não tente enganar utilizando as cautelares inominadas”.
Arts. 1º a 3º da Lei 8.437/92:
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal.
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal.
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública.
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação.
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas .
Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo cautelar, proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, terá efeito suspensivo.
O mandado de segurança serve para atacar atos de Estado, e nas antecipações de tutela a que se refere o art. 1.059 do CPC, também se está atacando os mesmos atos de Estado, mas em vez de MS o autor está se valendo de procedimento comum, então: se não consegue em MS, não consegue de outra forma.
Pergunta: Seria possível alegar a inconstitucionalidade e violação do princípio da isonomina quanto à impossibilidade dos servidores públicos obterem a concessão de medida liminar em MS ou a antecipação de tutela?
Resposta: Segundo a posição pessoal do professor João Marcelo, é injusto com o servidor público, mas não é ilegal e nem inconstitucional. O professor argumenta que o fato de haver a restrição não é inconstitucional e nem ilegal, pois onde a lei pode conceder a tutela provisória ela também pode restringir. 
Natureza Jurídica da Tutela Provisória
A natureza jurídica da decisão que concede a tutela provisória é de decisão interlocutória. Para se atacar uma decisão que concede uma tutela provisória, portanto, deve-se utilizar o agravo de instrumento (art. 1.015, I, do CPC). Então, toda parte prejudicada por uma decisão interlocutória deve interpor agravo de instrumento, a não ser que a decisão venha na sentença (aí cabe a apelação).
Há, pelo menos, dois artigos do CPC que determinam a utilização de apelação, caso a tutela provisória venha dentro da sentença (art. 1.009, § 3º, CPC). Cabe lembrar o princípio da singularidade recursal ou unirrecorribilidade ou unidade recursal, o qual determina que para cada tipo de decisão só há um tipo de recurso.
Pedido de Suspensão (art. 1.059, CPC, c/c art. 4º da Lei 8.437/92)
A Fazenda Pública pode interpor agravo de instrumento para atacar a concessão de tutela provisória, mas possui, também, outro instrumento processual, que não é recurso, e que serve para não cumprir a antecipação de tutela. Trata-se de instrumento para tentar evitar que a Fazenda Pública cumpra a antecipação de tutela: pedido de suspensão (previsto no art. 4º da Lei 8.437/92 - que é muito parecido com o art. 15 da Lei 12.016/2009).
Art. 4º da Lei 8437/92:
Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado.
§ 2o  O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em setenta e duas horas.       (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 3o  Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição.        (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 4o  Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 5o  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4o, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 6o  A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 7o  O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 8o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 9o  A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
O pedido de suspensão da tutela antecipadafoi importado do mandado de segurança, pois no MS havia o pedido de suspensão da liminar concedida em MS. Como ambas as tutelas têm naturezas jurídicas idênticas, importou-se o pedido de suspensão do MS para a antecipação de tutela.
Art. 15 da Lei 12.016/2009:
Art. 15.  Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar [entenda-se, no contexto da disciplina, como a antecipação de tutela] e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.
§ 1o  Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.
§ 2º  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.
§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. 
§ 4o  O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.
§ 5o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.
Exemplo: João é Procurador da Fazenda Nacional e interpõe agravo da decisão provisória contra a União deferida. João perde o agravo, mas não quer cumprir a decisão provisória. João ainda tem mais um mecanismo para tentar evitar o cumprimento, que é o pedido de suspensão. 
Pergunta-se: Este pedido de suspensão é recurso? 
Resposta: Não, pelos seguintes motivos:
Não está previsto pela lei como recurso;
Não está sujeito à prazo (e todo recurso tem prazo);
Não pede a reforma da decisão (anulação/modificação), só pede para suspender os efeitos da decisão.
Os fundamentos do recurso, portanto, são diferentes dos fundamentos do pedido de suspensão.
O pedido de suspensão é um meio de impugnação que não é recurso.
Pergunta-se: Qual é o fundamento para que a Fazenda Pública peça a suspensão?
Resposta: O fundamento é comprovar que há perigo de lesão ao erário. Não é necessário alegar que a decisão que concedeu a tutela antecipada está certa ou errada, pois este é o objeto do agravo de instrumento. No pedido de suspensão só é preciso dizer que a decisão causa prejuízo.
Exemplo: O juiz da Vara da Fazenda obrigou o Estado de SC a custear um tratamento médico no valor de R$ 5.000.000,00 para o autor. O Estado agravou e o TJ/SC determinou que o direito à vida prevalece sobre o valor gasto pelo Estado. O Estado ainda pode pedir a suspensão e utilizar como fundamento que o valor destinado ao tratamento de saúde do autor sairá do orçamento do SUS, acarretando em rombo na verba da saúde pública. O pedido de suspensão, neste caso, conforme dispõe o art. 15 da Lei 12.016/2009, será feito ao Presidente do Tribunal.
Então, o Estado possui dois meios de impugnação: o recurso de agravo e o pedido de suspensão. 
Pergunta: A quem é feito o pedido de suspensão?
Resposta: Se for decisão de tutela provisória da Vara da Fazenda da Capital, pede-se para o Presidente do TJ. Se fosse um juiz da Vara Federal, para o Presidente do TRF. 
Se o Presidente do Tribunal conceder a suspensão, o advogado da tutela do beneficiário só precisa saber de uma coisa: tem 5 dias para fazer o agravo desta decisão (art. 15, caput, da Lei 12.016/2009). Se a parte não fizer o agravo, esta decisão de suspensão vigorará até o trânsito em julgado do processo, nos termos da Súmula 626 do STF.
Súmula 626 do STF:
A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.
Se o Presidente do Tribunal indeferir, ou seja, for contrário ao pedido de suspensão da Fazenda Pública, não há recurso. A princípio pode parecer que a situação da parte é melhor que a da Fazenda, mas não é bem assim, como se observa no art. 15, § 1º da Lei 12.016/2009: pode a Fazenda Pública fazer novo pedido de suspensão para os Tribunais Superiores (para o STJ, se a matéria for infraconstitucional; ou para o STF, se a matéria for constitucional).
2ª Parte da Aula
Art. 15, §§ 2º a 5º, da Lei 12.016/2009:
(...)
§ 2º  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. [Isso quer dizer que o agravo e o pedido de suspensão são coisas distintas.]
§ 3º   A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. [O agravo e o pedido de suspensão têm fundamentos distintos, pois o primeiro ataca a legalidade da decisão (o erro in procedendo, o erro in judicando ou algo desse tipo), enquanto o pedido de suspensão só ataca as consequências da tutela provisória, só pede para que ela seja suspensa]
§ 4º O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. [Isso quer dizer que o presidente do tribunal pode dar a antecipação da tutela recursal, ou seja, pode “dar a liminar do pedido de suspensão da liminar”]
§ 5º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. [Então, ao conseguir o pedido de suspensão de uma matéria e surgirem outras ações com o mesmo teor, o Presidente do Tribunal pode suspender todas as outras ações semelhantes numa mesma decisão ou, se as outras ações forem posteriores, o Estado, a União ou o Município só vão aditando e requerendo a extensão da suspensão às demais ações.]
Pergunta: É possível utilizar o Mandado de Segurança para parar de pagar um tributo (alegando que há cobrança ilegal)? É possível utilizar uma ação ordinária e pedir para parar de pagar o tributo?
Resposta: Sim, se estiver pagando tributo ilegalmente é possível utilizar o MS para parar de pagá-lo. Também é possível, sim, utilizar uma ação ordinária e pedir para parar de pagar um tributo cobrado ilegalmente. A diferença básica entre utilizar um ou o outro é que o procedimento do MS foi criado para ser mais célere (se ele vai ser ou não, depende do tribunal). Deve-se ter em mente, contudo, que o mando de segurança tem efeito ex nunc (o efeito não retroage), ou seja, só age da decisão para frente (no máximo pode haver 120 dias retroativos). 
Exemplo: João quer parar de pagar determinado tributo e quer cobrar pelos 5 anos que pagou ilegalmente. Se João impetrar um mandado de segurança, ele terá que ajuizar uma ação de procedimento ordinário para cobrar os 5 anos passados e o MS só será usado para parar de pagar o tributo. Contudo, João poderia, também, fazer uma única ação ordinária para parar de pagar o tributo e já cobrar os 5 anos (não se trata de compensação, trata-se apenas de parar de pagar determinado tributo). 
Exemplo: Joãotem uma empresa e paga R$ 1.000,00 por mês de tributo federal. João, então, propõe uma ação ordinária (cobrando os atrasados também) contra a União e pede a antecipação de tutela para parar de pagar o tributo. Suponha-se que o juiz federal conceda a antecipação de tutela a João por ter concordado com sua tese. A União, então, interpõe agravo, mas este é julgado improcedente. O procurador federal é chamado para fazer o pedido de suspensão da medida que ordenou o fim do pagamento do tributo de R$ 1.000,00 pela empresa de João e fundamentá-lo. 
Fundamentação do Pedido de Suspensão: no caso do exemplo da empresa de João, há risco de lesão ao erário, uma vez que mais pessoas poderão estar na mesma condição de João e requerer a suspensão do pagamento do tributo, ou seja, o problema não será os R$ 1.000,00 que os cofres da União deixarão de arrecadar, mas o efeito cascata da decisão do juiz federal poderá trazer risco de lesão ao erário. 
Pergunta: Cabe antecipação de tutela contra a Fazenda Pública?
Resposta: Sim, mas observadas as restrições dispostas no art. 1.059 do CPC, portanto, não cabe tutela antecipada contra a Fazenda Pública nas hipóteses em que há restrição na concessão de liminar em mandado de segurança.
ATENÇÃO: Não cair na pegadinha do REEXAME NECESSÁRIO!!! 
Houve uma decisão proferida pelo do STJ, em 1996, a qual decidia o seguinte: “A antecipação de tutela ou a tutela provisória é incompatível com o reexame necessário”. Por quê? O raciocínio construído pela Fazenda Pública determina que a sentença, por ser fundada em cognição exauriente (de certeza), não pode ser exercitada enquanto não for reexaminada. Então, se a decisão de cognição exauriente não pode ser cumprida/executada enquanto o tribunal não reexaminar, não se tem que fazer cumprir uma decisão de cognição sumária (que é o caso das tutelas provisórias). Ou seja, entendia-se que “se não pode o mais, que é a sentença; o menos também não pode”. 
Apesar de parecer lógico o raciocínio da Fazenda Pública, para desconstruir tal tese basta utilizar um simples argumento: somente a sentença está sujeita ao reexame necessário (art. 496 do CPC), mas a antecipação de tutela é uma decisão interlocutória, não havendo incompatibilidade alguma.
Questão dos Precatórios
Outro argumento utilizado pela Fazenda Pública para suspender a antecipação de tutela e que deve ser cuidadosamente analisada pelos magistrados ao proferir a antecipação de tutela contra a Fazenda Pública é a questão dos precatórios. 
Em tese, a antecipação de tutela não pode furar o precatório. Se a antecipação de tutela for colocada em precatórios a urgência se perde. Então, quando se pede uma antecipação de tutela contra o INSS, por exemplo, não é para que seja pago o auxílio-doença, é para inserir no sistema um beneficiário do auxílio-doença (obrigação de fazer, não é obrigação de pagar).
As tutelas antecipadas concedidas contra a Fazenda Pública geralmente buscam remédios, cirurgias, nada que se enquadre nas restrições (arts. 1º a 4º da Lei nº 8437/92 e 7º, §2º, da Lei 12.016/2009).
Cumprimento de Antecipação de Tutela
Em regra, o cumprimento da antecipação de tutela segue as normas do cumprimento provisório.
O cumprimento pode, também, estar atrelado a outras medidas que tentem coagir o devedor a cumprir a antecipação de tutela e, em caso de não cumprimento, que se obtenha um resultado prático equivalente.
Exemplo: O Município entra com uma ação contra o bar de João e o juiz ordena o fechamento do estabelecimento por falta de alvará. Para fazer com que João feche o bar, o juiz pode criar métodos coercitivos, tais como a aplicação de multa. Esta multa está prevista no art. 537 do CPC.
Art. 537 do CPC:
Art. 537.  A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.
§ 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos incisos II ou III do art. 1.042.
§ 3º  A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.  (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)   (Vigência)
§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
Ao analisar a disposição do art. 537 do CPC, verifica-se que ele se encontra no capítulo do “cumprimento da sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa”.
Pergunta-se: Nas obrigações de pagar, caberia multa?
Resposta: Apesar de a multa estar dentro do capítulo de cumprimento das obrigações de fazer, não fazer e de entregar coisa, a interpretação é de que ela é cabível nas obrigações de pagar. SIM! O que autorizaria a aplicação de multa nas obrigações de pagar é o art. 139, IV, do CPC.
Art. 139, IV, do CPC:
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
(...)
Curiosidade: Este artigo tem sido bastante discutido em razão das decisões que retiravam os passaportes dos devedores (o entendimento é de que: “se o devedor não tem dinheiro para pagar a dívida, não vai viajar para o exterior”). Tem-se utilizado habeas corpus nestes casos, por haver cerceamento do direito de ir e vir.
1ª Orientação do Professor João Marcelo
A multa e as medidas sub-rogatórias (aquelas que produzem resultado prático equivalente) se aplicam tanto às obrigações de fazer, de não fazer, de entregar coisa, mas também às obrigações de pagar, com base no art. 139, IV, c/c o art. 537 do CPC.
2ª Orientação do Professor João Marcelo
A doutrina diz que a multa tem caráter coercitivo
O professor João Marcelo, contudo, faz uma ponderação: na concepção dele, ao contrário do disposto na maior parte da doutrina, A MULTA TEM VIÉS INDENIZATÓRIO. De acordo com ele, se a multa tem caráter coercitivo, o valor dela não deveria reverter em favor da parte, mas em favor do Estado, pois o que foi afrontada foi a autoridade do Estado. 
Reforçando, o professor João Marcelo entende que o caráter predominante da multa é coercitivo, mas, ainda assim, ela tem um viés indenizatório, pois reverte para a parte que está tendo prejuízo com o não cumprimento da decisão.
Segundo o professor, a multa firmada em dias cabe bem para as obrigações de entregar coisa ou de fazer, mas para as obrigações de não fazer ela se torna onerosa demais. A multa nas obrigações de não fazer deveria ser fixa e em valor elevado.
Exemplo: Determinado cantor tem contrato de exclusividade com um canal de televisão, mas descobre que este vai fazer um show em outra emissora. O canal de televisão não quer uma multa diária, quer que o artista não faça o show. Para este canal não interessa uma multa diária de R$ 1.000,00, mas interessaria uma multa de R$ 1.000.000,00 se o cantor fizesse o show.
Teorias da Multa
Há 3 teorias de multa no mundo:Teoria Francesa (adotada pelo CPC no art. 537, § 2º): a multa reverte para a parte; 
Teoria Alemã: a multa reverte para o Estado em caso de não cumprimento. Nesta teoria o professor João Marcelo acredita que a multa só tem caráter coercitivo.
Teoria Portuguesa: é um misto das outras teorias, pois a multa reverte para a parte (até o limite da obrigação) e para o Estado (acima do valor da obrigação).
Apesar de várias discussões anteriores, o professor João Marcelo acredita que mesmo na égide do CPC/73 já havia elementos para dizer que a multa revertia para a parte.
Se a multa tiver caráter eminentemente coercitivo, basta apenas que haja o descumprimento para que ela seja devida. Pouco importa se o descumpridor ganha ou não a ação no final do processo. A multa tem apenas caráter processual, razão pela qual é possível haver a seguinte situação: 
Exemplo: João ajuíza uma ação exigindo a retirada de seu nome do órgão de proteção ao crédito (SERASA). O juiz ordena que o réu retire o nome de João do cadastro de devedores, mas o réu atrasa o cumprimento em 60 dias (demora todo este tempo para retirar o nome de João de seus cadastros), sendo-lhe aplicada multa diária de R$ 1.000,00, totalizando um valor de R$ 60.000,00 de multa. Se a multa tivesse caráter eminentemente processual, pode-se pedir o cumprimento da multa, pois pouco importa se João ganhar ou perder a ação. Assim, mesmo que o réu demonstrasse que a inscrição do nome de João era devida e que o pedido do autor era improcedente, ainda teria que pagar a multa. 
A multa tinha caráter eminentemente processual há alguns anos, ou seja, era devida independente do resultado final do processo. Era preciso pagar a multa.
O Novo CPC acaba com esta celeuma fazendo prevalecer o entendimento predominante nos últimos tempos de que a multa pode ser executada, mas apenas em caráter provisório. 
Então, se a multa só pode ser executada em caráter provisório, ela depende do resultado do processo. Se a multa não estivesse vinculada ao resultado do processo, poderia ser executada de forma repetitiva.
O art. 537, § 3º do CPC acabou com a celeuma: hoje a multa está vinculada ao reconhecimento do direito material. 
A multa também é chamada de astreinte (vem do Direito Francês).
Pergunta: Fixada a multa, ela pode ser revista mesmo depois do trânsito em julgado do processo de conhecimento?
Exemplo: O juiz fixou a multa no valor de R$ 60.000,00, mandou retirar o nome do devedor do SPC, declarou que era indevida a inscrição do nome no SPC, confirmou a antecipação de tutela, condenou o réu ao pagamento de danos morais no valor de R$ 20.000,00 e a sentença transitou em julgado sem que o réu tenha recorrido. 
Resposta: Até a entrada em vigor do Novo CPC, o STJ entendia que a multa poderia ser revista. Então, no caso do exemplo anterior, a multa de R$ 60.000,00 poderia ser reduzida. Suponha-se que esta multa tenha sido fixada no valor de R$ 1.000,00 por dia de descumprimento, ou seja, se o réu demorasse 365 dias (1 ano) para retirar o nome do devedor do SPC, a multa seria de R$ 365.000,00, mas provavelmente seria diminuída em virtude do entendimento do STJ. O Novo CPC regula e não regula esta questão no art. 537, § 1º, do CPC.
Art. 537, § 1º, do CPC:
(...)
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
(...)
Inicialmente, a leitura deste parágrafo indicaria que aquilo que já venceu, em tese, não poderia ser alterado. 
Exemplo: O juiz estabelece multa diária de R$ 1.000,00 se o nome do devedor não for retirado do SPC, mas somente após 1 ano a ordem é cumprida, restando uma multa de R$ 365.000,00 que não poderá ser alterada.
Na opinião do professor João Marcelo, o STJ vai continuar se posicionando no sentindo de permitir a revisão da multa, inclusive daquela que já está vencida. Alguns doutrinadores acreditam que cabe interpretação literal do dispositivo, ou seja, apenas a multa vincenda (que ainda não venceu) poderia ser alterada.
O professor acredita que o STJ não vai aceitar, por exemplo, que se pague uma multa de R$ 1.000.000,00 para uma dívida de R$ 50.000,00. 
O entendimento do professor se baseia no entendimento minoritário do STJ que utiliza o art. 412 do Código Civil de 2002:
Art. 412 do CC:
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Histórias do Professor João Marcelo: João é contratado, em 1998, como advogado por um amigo que questiona o pagamento em parcela única no valor de R$ 500,00 exigidos pela assinatura de uma revista, sendo que havia parcelado em 4 vezes. O autor foi vitorioso na ação de conhecimento e a sentença transitou em julgado, tendo sido estabelecida a multa no valor de R$ 1.000,00 por dia. Após 129 dias, o cartão de crédito do autor informa cobrança dos R$ 500,00 em parcela única. A execução do valor começa no ano 2000, sendo discutido se o juiz poderia modificar de ofício o valor da multa e se era necessário propor a execução primeiro para depois a multa ser devida. Houve penhora de bens, mas o réu opôs embargos alegando a necessidade de citação anterior para ser devida a multa e questionando o valor excessivo da mesma. Em 2006, os embargos são julgados favoravelmente ao amigo de João, determinando que a multa não é excessiva e não é preciso citação. A operadora de cartão de crédito interpõe, erroneamente, apelação por email, não tendo sido conhecida. Em 2007, a decisão dos embargos transita em julgado. João calcula que o valor atualizado da multa estaria em R$ 400.000,00. A parte contrária apresenta exceção de pré-executividade alegando, novamente, a necessidade de citação e o valor excessivo da multa. João, então, elabora uma impugnação, mas o tribunal acolhe a exceção de pré-executividade e determina que a multa deveria ser de R$ 100,00. Ambas as partes interpõem agravo de instrumento, mas o Tribunal acolhe, em 2010, a tese do banco, fundamentando a decisão na Súmula 410 do STJ. João, então, interpõe embargos de declaração, que são acolhidos, e, posteriormente, encaminha recurso especial ao STJ. João, em 2014, esclarece ao STJ que entende o posicionamento do Tribunal Superior sobre não haver trânsito em julgado de multa, mas alega que depois de 	que é discutido o valor da multa numa execução SÓ DA MULTA, a decisão dos embargos de execução transita em julgado. O STJ, então, dá provimento ao recurso para reestabelecer a sentença dos embargos de execução e dizer que não havia nada que autorizasse a mudar a sentença destes embargos de execução. Resumo da história, o valor atualizado da ação do amigo de João foi de R$ 1.000.000,00.
Moral da História: Se for discutida uma vez a excessividade ou não da multa, esta decisão tem que transitar em julgado.
PRÓXIMA AULA: SÚMULA 410 DO STJ
vantagem pecuniária
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