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Aula 6 - Assédio Moral

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Assédio Moral
O  Assédio Moral é todo comportamento abusivo (gesto, palavra e atitude) que ameaça,  por  sua  repetição,  a integridade física ou psíquica de uma pessoa,  degradando  o ambiente de trabalho.
 São micro-agressões, pouco graves se tomadas isoladamente,  mas  que,   por   serem sistemáticas, tornam-se muito destrutivas.
Trata-se  de um fenômeno íntimo e que causa vergonha a suas vítimas. Os profissionais a quem se poderia recorrer (médicos, psicólogos, advogados e etc), duvidam dessas   pessoas,   que  preferem   ficar  caladas. O  medo do desemprego também contribui para o silêncio.
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Assédio Moral
O   problema  do   assédio moral não  é de  agora.  Há séculos  que  os trabalhadores  são agredidos  psicologicamente no local de  trabalho, a diferença  é  que  antigamente  uns  mandavam, outros obedeciam. Antes se pensava  que  isso era  natural.  Hoje  as pessoas têm consciência de seus direitos.  E  a  consciência tem sido o primeiro passo para a mudança.
Temos     diversas     definições,   de   vários   autores  diferentes, mas, consideramos da  escritora  Francesa Marie-France Hirigoyen, aquela que melhor define o Assédio Moral: 
		“POR ASSÉDIO    EM   UM  LOCAL   DE   TRABALHO  TEMOS QUE entender   toda   e    qualquer   conduta   abusiva  manifestando-se sobretudo   por  comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que   possam   trazer   dano  à   personalidade,   à   dignidade  ou  à integridade   física   ou   psíquica   de   uma   pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho”. (Livro: Assédio Moral - A violência Perversa do Cotidiano - 2001) 
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Assédio Moral
Como  já  dissemos,  a prática  isolada das agressões não são prejudiciais, entretanto  a  pessoa  perde  sua  auto-estima  a cada dia, quando essas agressões passam a ser constantes, levando o indivíduo a acreditar que as agressões  são verdadeiras  e  que  ele é realmente incapaz, o que torna o fenômeno  ainda mais destruidor, pois uma pessoa sem sua estima não tem condições de raciocinar se realmente é ou não incapaz.
Quando a agressão é fruto de uma discussão ou irritação, não caracteriza o  início do assédio,  principalmente  se  o  agressor  se  retratar com um pedido  de desculpas, por exemplo. Mas se este tipo de agressão se tornar repetitivo, e não  ocorrer  nenhum  tipo  de esforço de abrandá-las, é um início  forte  da prática do assédio  moral, fenômeno que assusta pela  sua capacidade  de destruição psíquica e física do assediado. 
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Assédio Moral
Toda a prática  é  resultado  de atos antiéticos do agressor e, caso esse agressor tenha  uma  posição  de  líder,  esses  atos  tendem a contaminar todo  o  sistema  organizacional, fazendo  com  que a empresa inicie a sua perda moral, cultural e principalmente ética.
Estamos falando muito do assédio moral  nas  organizações, mas ele ocorre também em outras ocasiões passíveis desta  prática destruidora, como nas Instituições de Ensino, na Sociedade e  também  na Família, onde podemos considerar que a família é uma incubadora de agressores, onde o mau exemplo estará sendo passado às  crianças  que   futuramente poderão  se tornar sérios agressores deste mal.
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Assédio Moral
Características do Agressor: 
		“TODA PESSOA EM CRISE PODE SER LEVADA A UTILIZAR mecanismos perversos para defender-se. Os traços narcísisticos da personalidade são muito comumente encontráveis (egocentrismo, necessidade de ser admirado, intolerância à crítica). Não são por si só patológicos. Além disso, já nos aconteceu, a todos, manipular outra pessoa visando obter uma vantagem, e todos já experimentamos um passageiro ódio destruidor”.(Livro: Assédio Moral - A violência Perversa do Cotidiano - 2001).
A diferença entre o agressor e uma pessoa que já experimentou um  ódio passageiro, apesar da falta de ética  de ambos, é  que  no  agressor  essa experimentação do  ódio  é agravada pela perversidade que ele manipula e por  esta  situação lhe  causar prazer, o que  não  ocorre nas pessoas "comuns", pois após ter experimentado o ódio, ele é seguido de um sentimento de arrependimento. 
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Assédio Moral
O agressor tem personalidade narcisista, sendo ela caracterizada 
da seguinte forma:
	- o sujeito tem um sendo grandioso da própria importância;
	- é absorvido por fantasias de sucesso ilimitado, de poder;
	- acredita ser "especial" e singular; 
	- tem excessiva necessidade de ser admirado;
	- pensa que tudo lhe é devido;
	- explora o outro nas relações inter-pessoais;
	- não tem a menor empatia;
	- inveja muitas vezes os outros;
	- dá provas de atitudes e comportamentos arrogantes.
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Assédio Moral
Essa  pessoa  tem  em  sua personalidade a característica de se utilizar de coisas  que  não  são  próprias dela, sugando a vítima esses atributos, não conseguindo  estabelecer  uma   relação  verdadeira, pois o sentimento de perversidade  estará, nela, em evidência.
O  agressor   julga-se   superior   e   moralista  com   relação   às   outras pessoas   em   todos   os   aspectos,   entretanto   entendemos que esse sentimento  é    um   conflito   de   personalidade,   uma   vez   que   esta moralidade  e superioridade não são verdadeiras,  pois  na  realidade  estes sentimentos  são  de  deficiência, os quais serão  satisfeitos  por  meio  do assédio  moral,  que  tem como um dos objetivos retirar  da  vítima  o  que ela  tem  de  melhor,  nem  que  para isso, os conceitos de moral  e  ética, até  então  presentes,  porém  não  utilizados,  sejam deixados  de lado de uma vez por todas. 
Para tanto, a força do agressor está em não ter sensibilidade de qualquer natureza, são pessoas frias, com o objetivo único de satisfazer a sua necessidade de destruição e auto-realização. 
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Assédio Moral
Para o agressor, quanto mais destruída a vítima se torna, mais prazer em assediar o agressor possui. Quando o agressor for, eventualmente questionado a respeito de sua conduta perversa,imediatamente retornará à condição "normal" , podendo até se passar por vítima.
Sendo, portanto, a vítima a única pessoa que se depara com a dupla personalidade do agressor, se torna difícil a comprovação para um superior imediato da prática do assédio moral, uma vez que o superior somente conhece a personalidade "normal" (falsificada) do agressor.
Para agredir, o agressor se utiliza de estratégias perversas, jamais imaginadas por pessoas possuidoras de moral e ética. Algumas táticas são utilizadas pelo agressor, com a finalidade de obter sucesso absoluto em suas agressões. São elas: recusar a comunicação direta, desqualificar e desacreditar a vítima, isolar, agregar tarefas inúteis à vítima, induzi-la ao erro, além de alguns casos ocorrer até o assédio sexual,agregado com as práticas utilizadas para o assédio moral.
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Assédio Moral
O nível hierárquico do agressor (quanto maior, melhor) contribui para que o assédio, seja ele sexual ou moral, aconteça com mais facilidade, pois a vítima é amedrontada, é chantageada, fazendo com que ela se reduza a uma posição de impotência e se renda aos ataques perversos do agressor. Quando nos deparamos com pessoas com estas características, o melhor que a vítima tem à fazer é denunciar, expor o agressor sempre que possível e nunca se calar, se render à estas atitudes anti-éticas e sem nenhuma moral.
Denunciar sempre é a melhor medida à ser tomada.
Se calar, é contribuir para o sucesso da agressão e auto-realização do agressor,uma vez que ele se fortalece a cada derrota da vítima, tendo como final da sua atitude perversa, que varia desde o pedido de demissão da vítima ou até a sua morte.
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Aspectos legais do assédio moral.
RESCISÃO INDIRETA
DANO MORAL
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Aspectos legais do assédio moral.
Ainda hoje não existe legislação específica caracterizando o assédio moral, impondo penas ou definindo indenizações. Porém muitos projetos de Lei estão sendoapresentados em busca de uma regulamentação.
Dispensa indireta é o término do contrato de trabalho por decisão do empregado tendo em vista justa causa que o atingiu e que foi praticada pelo empregador. 
Cabe ao empregado provar em juízo os motivos alegados na demanda trabalhista em que solicita a decretação da rescisão contratual em face da justa causa do empregador (art. 818, CLT; art. 333, I, CPC).
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O assédio moral pode ser enquadrado nas seguintes hipóteses legais da dispensa indireta:
A exigência de serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato (art. 483, a). O vocábulo "forças" não deve ser analisado de forma restrita, ou seja, para indicar que se trata de força muscular. A expressão engloba as acepções de força muscular, aptidão para a tarefa, capacidade profissional. Serviço defeso em lei envolve as atividades proibidas pela lei penal ou que oferecem risco à vida do trabalhador ou do próximo. Trabalho contrário aos bons costumes é aquele que é ofensivo a moral pública. Serviços alheios ao contrato representam a realização de tarefas exigidas pelo empregador que estão contrárias aos serviços pelos quais o trabalhador foi contratado;
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O assédio moral pode ser enquadrado nas seguintes hipóteses legais da dispensa indireta:
O tratamento pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo (art. 483, b). Essa figura legal compreende a presença de repreensões ou medidas punitivas desprovidas de razoabilidade, configurando uma perseguição ou intolerância ao empregado. É comum a implicância na emanação das ordens ou a exigência de tarefas anormais na execução dos serviços. Deve ser respeitado o princípio da proporcionalidade entre a natureza da falta e a penalidade aplicada ao trabalhador. Por exemplo: se o empregado atrasa por alguns minutos, não sendo rotina tais atrasos, e vem a sofrer uma suspensão de dez dias, denota-se o rigor excessivo;
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O assédio moral pode ser enquadrado nas seguintes hipóteses legais da dispensa indireta:
O perigo de mal considerável (art. 483, c), o qual ocorre quando o empregado é compelido a executar suas tarefas sem que a empresa faça a adoção das medidas necessárias para que o local de trabalho esteja dentro das normas de higiene e segurança do trabalho;
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Assédio Moral e Dano Moral
O empregado, vítima de assédio moral, pode e deve procurar a Justiça do Trabalho, pleiteando a indenização relativa ao dano moral.
É inegável que o assédio moral ocasiona danos à imagem, à honra, à liberdade do trabalhador (art. 5º, V e X, CF), logo, a sua reparação é questão de justiça (art. 186, CC).
O empregado poderá cumular os pedidos de rescisão indireta do contrato de trabalho e do dano moral.
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Assédio Moral e Dano Moral
Caberá ao empregado provar o dano moral, logo, deverá os meios de prova que justificam o assédio moral. A título exemplificativo, tem-se: a) cópias autenticadas de atestados médicos que registrem problemas físicos ou psicológicos atribuídos às condições de trabalho; b) e-mails e cartas ofensivas do agressor; c) anotações quanto aos dias e datas dos atos do assédio moral; d) a elaboração de boletim de ocorrência contra o agressor.
Como a legislação não fixa o valor do dano moral, a postulação, a nosso ver, há de ser ilíquida, ficando a critério do magistrado, o qual irá fixá-la, de acordo com a gravidade do fato, a capacidade econômica do ofensor, a capacidade de entendimento da vítima. Porém, nada obsta que a própria parte dê um valor pecuniário ao dano moral pelo assédio moral.

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