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IBADEP Ministério da Igreja IBADEP Instituto Bíblico da Assembléia de Deus - Ensino e pesquisa IBADEP - Instituto Bíblico da Assembléia de Deus - Ensino e Pesquisa Av. Brasil. S/N° - Eletrosul - Cx. Postal 24S 85980-000 - Guaíra - PR Fone/Fax: (44) 3642-2581 3642-6961 ' 3642-5431 E-maíl: ibadep u íbadep com Site: w~ww.ibadep.com A Hermenêutica 1 Lição 1 E t im o lo g ia 1 da pa lavra “H erm enêu t ica” . O termo “herm enêu t ica” vem (t rans l i te rado2) do adjetivo grego “H erm eneu t ike” que, por sua vez, deriva do verbo “H erm eneuo” (“ in terpretar , exp lanar” seja uma palavra, uma doutr ina ou um evento). O verbo “H erm en eu o ” também aparece no Novo Tes tamento (Lc 24.27; IC o 14.27; Hb 7.2). Defin ição de Hermenêutica . Li teralmente , H erm enêut ica é a arte de “ H e rm en eu e in ” ( interpretar) , mas é comumente empregada para designar a teor ia desta arte. Algumas def inições: • “Hermenêut ica é a ciência da in te rp re tação” ; • “Hermenêut ica é a c iência e arte de in terpre ta r” ; • “Pr incípios , as leis e os métodos de in te rpre tação” . Tipos de Hermenêutica . • Geral: apl ica-se à in te rpre tação de qualquer obra escri ta. 1 O es tudo das palavras, de sua história, e das possíveis mudanças de seu significado. Origem e evolução histórica de um vocábulo. 2 Representar (os caracteres de um vocábulo) por caracteres di ferentes no correspondente vocábulo de outra língua. 15 • Especial: apl ica-se a de te rminados tipos de produção l i terária (Leis, História, Filosofia, Poesia, etc.) . Uma das Hermenêuticas especia is é a Hermenêutica Bíblica (Sacra, Sagrada), objetivo do nosso estudo. Ela é especial porque trata de um livro p ecu l i a r1 no campo da l iteratura: As Sagradas Escrituras. Algumas defin ições de Hermenêut ica Bíblica. • “É a ciência da in terpre tação das Sagradas Escrituras , do Antigo e Novo Tes tam ento” . • “É o estudo metódico dos princípios e regras de inte rpre tação da B íb l ia” . O Lugar da Hermenêut ica nos estudos teológicos. • A Hermenêutica pertence ao grupo de estudos que se central izam na Bíblia (Estudos Bibliológicos). • Segundo Berkhof, a Hermenêut ica segue a Filo logia Sacra (Línguas Bíbl icas) e precede imedia tamente a Exegese. Filosofia Sacra <=> Hermenêut ica <=> Exegese • Hermenêutica e Exegese se re lacionam na mesma forma que a teoria se re laciona com a prática. A Hermenêutica é a teor ia (ciência) e a exegese a prática (arte). O que a Hermenêutica Bíb lica não é. 1. Crít ica Textual. Es ta procura dete rminar quais são as palavras realmente escri tas pelo autor no texto original (O que está escri to?). Mas a Hermenêutica procura descobri r o sentido destas palavras (O que queria dizer o autor?). 1 Que é atributo par ticular de uma pessoa ou coisa; especial , próprio. 16 2. Exegese . Es ta aplica os princíp ios e regras estabelecidas pela Hermenêut ica . Obs.: O exegeta ou in térprete serve-se dos conhec imentos fornecidos pela Crí t ica Textual e a Hermenêutica . 3. Expos ição Bíblica (Homilética) . Es ta se preocupa com a comunicação da Palavra , enquanto que a Hermenêut ica se preocupa em estudar a Palavra. O Propósito da Hermenêutica Descobri r o s ignificado do texto bíblico na época em que foi escri to (O que o autor queria dizer aos seus contemporâneos?) . Obs: Dis to surge a necessidade de es tudar as palavras usadas, as impl icações gramaticais , a h is tória do autor e dos seus contemporâneos , a h is tória dos povos re lacionados, a geografia, a tradução (se é corre ta ou não), etc. Apl icar a mensagem descoberta no estudo do texto, do povo re lacionado e as nossas vidas. A Necessidade da Hermenêutica O pecado obscureceu o entendimento do homem e ainda exerce in fluência p e rn ic io sa1 sobre sua vida (Por isso é necessário um esforço especial para evita r o erro). A partir de que in te rpre tamos? “Não se in te rpre ta a partir do nada. Há condic ionamentos culturais: l íngua, história, rel igião, ideologia, etc... de que n inguém escapa. N ormalmente funciona ao nível 1 Mau, nocivo, ruinoso; perigoso. 17 de pré -conhec imento , ao nível não c rí t ico de compromissos herdados ou até assumidos . Nossos pa rad igm as1 de in terpre tação f luem de nossa cosmologia. O problema aparece quando os cri térios que surgem de nossos pré -conhec im entos se tornam normativos para in te rpre ta r a fé c r is tã” . “A primeira razão porque prec isamos aprender como in terpre tar é que, quer deseje, quer não, todo le itor é ao mesmo tempo um intérprete. Ou seja, a maioria de nós toma por cer to que, enquanto lemos, também entendemos o que lemos. Tendemos, também, a pensar que nosso entendimento é a mesm a coisa que a intenção do Espír i to Santo ou do autor humano. Apesar disto, invar iavelmente trazemos para o texto tudo quanto somos, com todas as nossas exper iências, cultura e en tendimento prévio de palavras e idéias. As vezes, aquilo que trazemos ao texto, sem o fazer de liberadamente , nos desencaminha, ou nos leva a a tribuir ao texto tudo quanto é idéia est ranha a e le” . A Importância da Hermenêutica Surgem conseqüências fúnebres de más in terpretações de fatos e textos. Exemplos: • Deus de ira e de amor. • O Cristo “frág i l” da igreja católica Romana. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, norma para a nossa fé e prática, ela exige um cuidado todo especial. Prec isamos saber o que Deus de fato disse. A Hermenêut ica sadia diminui o risco de incorrermos no erro de fazermos acréscimo ou um decréscimo da Palavra de Deus (Ap 22.18,19; 2Pe 3.16) e de torcê-la. 1 Modelo, padrão. 18 • Interpretação errada - Aplicação errada • In te rpretação corre ta - Aplicação correta • 2Timóteo 2.15. A base da interpre tação da Bíblia é a própr ia Bíblia. Ela in terpre ta a si mesma: 1. Pelo seu conteúdo e ensino geral; 2. Pelo ensino geral do escri tor de cada livro; 3. Pelos seus textos e contextos, paralelos, precedentes ou que se seguem; 4. Pelo que conhecemos de seus escri tores, os homens santos de Deus, que fa laram e esc reveram todos inspirados pelo Espíri to Santo, embora fossem de diferentes culturas e posições sociais: a) Legislados, como Moisés ; b) His tor iador , como Josué; c) Sábios, como Salomão e Paulo; d) Sacerdote como Esdras; e) Profetas, como Isaías e Jeremias , e outros; f) Pastores, como Amós; g) Reis, como Davi; h) Estadis ta, como Daniel; i) Pescadores, como Pedro e João; j) Médico, como Lucas. E tantos outros ( I C o 2.4,8; At 2.22; 7.22; Js 1.7,9). Na interpre tação do l ivro de Deus torna-se necessár io: 1. Comparar as coisas espir i tuais com as espir i tuais (Cl I . 9; IPe 2.5; ICo 2.15; 3.1); 2. Procurar conhecer a realidade e a verdade (2Tm 2.25; 3.7; lT m 2.4; Cl 1.5; Ef 4.15,21); 3. Ser sensato e saber rac iocinar (Pv 2.3,5; Tg 1.5; Pv I I . 2; Rm 12.16); 19 4. Ser s imples, modesto, sem a l t ivez1 (Pv 11.2; SI 119.130; Mt 11.25)': /t- 5. Saber que as Escrituras tratam princ ipa lmente de Cristo, que é seu centro, porém apresentam assuntos materia is e espiri tuais: tempo e e tern idade, terra e céu, passado, presente e futuro ( l C r 16.36; Ne 9.5,6; SI 41.13; Is 57.15). Sabemos que para esses importantes assuntos, nos é muito útil a Hermenêut ica Bíblica; lembremo-nos, porém, de que a Palavra do Senhor é que permanece para sempre ( IP e 1.25; SI 12.6; SI 119.40; Mt 24.35). Iniciação à Interpretação Conhecimentos importantes. Línguas originais. Sendo as línguas originais da Bíblia o Hebraico e o Grego, deve-se saber procurar aí o sentido verdadeiro, o significado das palavras, do texto ou da passagem da Escr itura da qual queremos a interpre tação certa. Paulo sabendo do valor do hebraico, ao ser preso em Jerusalém falou aos judeus nessa l íngua, e os que o ouviram “guardaram o maior s i lêncio” (At 21.40; 2 2 . 1, 2 ) . In terpretação de textos isolados. Na l inguagem bíb lica não se devem interpre tar palavras e textos isoladamente ; quando as palavras ou os textos apresentarem sentidos diferentes, devemos preferir o mais compreensível aos ouvintes, o que não lhes ofereçam dúvidas. 1 Qualidade de altivo; arrogância, orgulho, amor-próprio. 20 Textos obscuros. Uma base segura para in terpre ta r as passagens obscuras é saber que as Escr ituras Sagradas foram dirigidas ao povo em geral; assim, deve-se ter em vista o que os escri tores queriam dizer; quando a Bíblia registra: “Noé, entra na arca, tu e tua casa” (Gn 7.1); “Ordena a tua casa” (Gn 18.19); “Eu e minha casa” (Js 24.15); “salvação poderosa na casa de D a v i” (Lc 1.69); “Creu ele e toda a sua casa” (Jo 4 .53), essa palavra não signif ica moradia , mas descendentes , f i lhos, família. Sent ido usual e comum das palavras. Deve-se dar pre fe rência ao sentido com um e usual das palavras, sempre que possível; podemos veri ficar o que diz Paulo aos tessa lonicenses: “A obra da vossa fé e o trabalho de car idade, e a paciênc ia da vossa esperança” , isto é, a vossa obra fiel, vosso trabalho caridoso e vossa esperançosa paciência ( lT s 1.3; Mt 24.15; Mc 13.14); Jesus, fa lando aos seus d iscípulos em l inguagem natural e ao alcance deles, disse: “Qualquer que a mim me receber, recebe não a mim, mas ao que me env iou” (Mc 9.37); o s ignificado certo é: recebe não somente a mim, mas também ao que me enviou; Moisés diz: “As vossas murmurações não são contra mim, mas contra o Senhor” (Ex 16.8); outros exemplos: ISamuel 8.7; Lucas 10.20; 14.12; João 5.22; Atos 5.4; ICorín t ios 1.17; Efésios 6.12; Hebraísmos. Na Bíblia há muitas expressões hebraicas com significado próprio. Por exemplo, a passagem: “ se a lguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe.. . não é digno de m im ” (Lc 14.26), pode ser esc la recido 21 com esta outra: “quem ama o pai, mais do que a mim, não é d igno de m im ” (Mt 10.37); veja-se, ainda: Gênesis 29.31; Deuteronômio 21.15; Malaquias 1.2,3; Romanos 9.13. Interpretação em Sentido Geral - I a Parte A Bíblia é o seu próprio intérprete. Esta é a grande verdade, a principal regra a ser seguida. Exis tem outras formas que auxil iam a in terpre tação bíb lica (Êx 4.15; Dt 17.19; Js 1.8; Pv 30.6; Lc 24.27 ,32; Jo 5.39; At 17.11; IC o 2.6,16; 2Tm 3.15; IPe 1.11; 2Pe 1.19,21). Considerações: É de absoluta necessidade examinar o ve rdadeiro sentido, a f inalidade a que se propôs o autor sagrado ao escrever. Em Provérbios 1.1,6, por exemplo, Salomão diz com que fim o escreveu; no Evangelho de Lucas 1.1,4 igualmente o escri tor esclarece; do mesmo modo em Mateus 1.1; em Marcos 10.45; em João 20.31; em Atos 1.1,2 e em Romanos 3.28. É ponto firme e real que qualquer in te rpre tação de ensino ou doutrina só pode ser verdadeira, se não houver passagem contrária nas Escri tu ras (Dt 29.29; Is 8.20; Rm 2.29; 7.6; 2Co 3.6; Cl 4.16; lT s 5.27). Vocabulário. A Escritura Sagrada apresenta expressões própr ias de seus escri tores, e de seu autor (Êx 20.1; Nm 16.22; At 3.15; Hb 2.10; 12.2). Considerações: 1. A Escr itura é r ica em expressões simbólicas , f iguras de re tó r ica e em muitas frases do chamado hebra ísmo (Os 12.10; ICo 3.21; 4.6). 22 2. Quando se quer en tender um livro presta-se a tenção às expressões , às f iguras e aos símbolos; muito maior cuidado deve-se ter em conhecer isso na Bíblia, para não in te rpre tá -la erradamente (Jr 29.8,9; Rm 16.17; 2Co 11.13,15; Cl 2.4,8,10,18; E f 4 .14 e 5.6). Ainda que o estudante tenha a lcançado um bom conhec imento aparecem muitas passagens de obscura compreensão. Para in terpre tá-la acertadamente , há outras regras na santa Bíblia (Is 34.16; Êx 24.7; 32.32; At 17.11). Considerações: 1. O melhor in térpre te da Escritura , além da própr ia Escritura , é o Espír i to Santo (Jo 16.13; 14.26; IC o 2.10; U o 2.20,27). 2. Orar a Deus, suplicando a i luminação do Espír i to Santo para a compreensão certa da passagem obscura. 3. Verificar quem escreveu ou disse; para quem escreveu ou disse e porque escreveu ou disse ( lR s 3.9; 11.12; Pv 2.3,6; Tg 1.5,6; Mc 11.24; Jo 15.7). 23 Questionário • Ass inale com “X ” as al ternat ivas corretas 1. U m a das definições de hermenêutica a ) |_I C iência da pregação b ) |_| C iência e arte de cantar c ) |_j Princíp ios, leis e métodos da ora tória d ) D Ciência de in te rpre ta r 2. Quanto às necessidades na in te rpre tação do livro de Deus, é incorre to dizer que, devemos a ) |_| Saber que as Escri turas tra ta-se da história, pr incipalmente , do passado, que é seu centro b ) | I Procurar conhecer a rea lidade e a verdade c ) |_| Ser sensato e saber raciocinar d ) l I Comparar as coisas espir i tuais com as espir i tuais 3 4 5 3. São as l ínguas originais da Bíblia a ) l | O Latim e o Hebraico b ) I | O Aramaico e o Latim c ) N O Hebraico e o Grego d ) | I O Grego e o Latim • Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 4 . T 1 Um dos propósitos da hermenêut ica é descobri r o s ignificado do texto bíblico na época em que foi escri to 5 . m O melhor intérprete da Escritura , além da própria Escri tura , é o Pastor da igreja 24 Interpretação em Sentido Gerai - 2a Parte Interpre tação no sent ido l iteral e espiri tual (Cl 1.9; IPe 2.2; ICo 2.14,15) . Considerações : 1. É necessár io cer t if icar -se bem do sentido das palavras, frases, texto e contexto, com parando as passagens referentes ou semelhantes ao mesmo assunto (At 17.11; ICo 2.13). 2. Exam inar e procurar ter um melhor conhec imento da própr ia Bíblia, a f im de rejei tar qualquer c itação ou interpre tação errada (Gn 2.17; 3.1,9; Mt 4 .3 ,6 ,11; Jo 5.39; 8.44). As Palavras e seu Signif icado. O s ignif icado das palavras deve ser tomado conforme o sent ido da frase. Nas Escri tu ras , as palavras variam muito em suas significações. Exemplo : 1. Salvação. • Salvação: ato ou efeito de salvar; Jacó abençoa seus filhos, faz uma pausa e diz: “A tua salvação espero, ó Senhor” (Gn 49.18); salvação, aqui, é o mesmo que Sa lvador esperado: “Ele é o autor da Salvação de D eu s” (Hb 2.10; 5.9; SI 3.8; 50.23). • Salvação como livramento: Moisés cantou: “O Senhor é o meu cântico; ele me foi por Sa lvação” (Ex 14.13; 15.2). “Estai em pé e vede a salvação do Senhor . . .” (2Cr 20.17). • Sa lvação como cura da enfermidade: Tiago diz: “A oração da fé salvará o doen te” (Tg 5.15). • Salvação como comple ta revelação do Evangelho , e de bênçãos para o crente na vida atual , na v inda de Cristo e na glór ia eterna (Hb 2.8; Rm 13.11; IPe 1.5,9). 25 2. Fé. Tem muitos s ignif icados na Escr itura; fé: conf iança na lealdade, no saber e na veracidade de alguém; Jesus é o autor e consum ador da fé (Hb 11.1,6; 12.2; E f 3.12; Rm 14.23). Significações da fé: • Fé: significa doutr ina do evangelho, pregação, mensagem (Cl 1.23; 3.2; R m 10.8); • Fé: significa verdade e fide lidade ( l T m 3.9; 4.1; At 24.24); • Fé: significa base do perdão e jus ti f icação (Rm 3.28,30; G1 3.8). 3. Graça. Favor que se d ispensa ou se recebe; favor quenão merecemos, mas que Deus l ivremente nos concede (2Tm 1.9; IPe 5.10; Tt 2.11). Considerações: • Graça como prova do propósito divino de redenção e revelação: “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor” (Gn 6.8; Ef 2.7,8; At 15.8); • Graça como jus tif icação: “jus t i f icados pela graça, gra tu i tamente” (Tt 3.7; Rm 3.24); • Graça como força e santidade: “a minha graça te bas ta” (2Co 12.9). “Pela graça de Deus sou o que sou e sua graça para comigo não foi em vão” , “mas graças a Deus, temos v iv ido” ( I C o 15.10; 2Co 1.12); • Graça como a palavra do evangelho: “a palavra de sua graça” (At 14.3); “evangelho da Graça de D eus” (At 14.3; 20.24; Tt 2.11); • Graça como doutrina do evangelho: “é bom que o coração se fort if ique com a graça” (Hb 13.9; At 13.43; IPe 1.12; 2Pe 3.18); • Graça como salvação e glória eterna: “da graça que nos foi dada” ; “a graça que se vos ofereceu na revelação de Cristo Jesus” ( IP e 1.10,13; Ap 21.6). 26 Salvação, fé, e graça apresentam-se a inda na Bíblia com muitas outras s ignificações e interpretações. Há passagens, frases e pa lavras das Escrituras cujo sentido não entendemos bem. Para encontrarmos o sent ido certo, temos de in te rpre ta r o texto de conformidade com o contexto. Textos e Contextos O sentido das pa lavras no contexto. Para compreender o texto, é preciso examinar as pa lavras que o precedem e as que seguem depois dele; é necessário verificar o que indica o contexto. Exemplos: 1. Mãos impuras. “Comiam pão com as mãos im puras” ; isto não quer dizer que comiam com as mãos sujas, por falta de higiene; o sentido é que os discípulos não cumpriam a cer imônia exigida pelos rabinos , de lavar as mãos, conforme a tradição (Mc 7.2; compare com Mt 15.2). 2. Mãos purif icadas. “Pur ificai as mãos, pecadores” ; isto não quer dizer lavar as mãos; pelo contexto compreende-se que o sentido é submeter-se a Deus, mante r-se leal ao Senhor, de mãos purif icadas (Tg 4.8; SI 24.3,4; IPe 1.22; l J o 3.3; Is 1.15,16). 3 3. Perfeição. “O mantimento sólido é para os perfe i tos” ; pelo contexto, perfeito, aqui, significa apropriar-se de um claro e verdadeiro conhecimento da verdade divina (Hb 5.14; IC o 2.6; F1 3.15). 27 4. Perfeito. Em Tiago 1.4, s ignif ica comple to na maneira de viver; no Antigo Tes tamento , perfeição aparece como retidão, sincer idade (SI 37.37). Palavras com sentido contrário. Às vezes, o significado é precisamente o oposto ao sentido ou idéia apresentada . Exemplos: Vejamos as expressões: “Vai e serás p róspe ro” ( l R s 22.15); “Andai e clamai aos deuses” (Jz 10.14); o verdadeiro sentido dessas palavras é inverso, pois, se alguém as cumprisse l i teralmente , sofreria as consequências de não observar o que antes fora esclarecido; “Porque o salário do pecado é a mor te” (Rm 6.23) não fala da morte natural - caminho de todos - mas da morte eterna, separação de Deus; no entanto, a parte seguinte do versículo 23 traz uma verdade sublime: “o dom gratuito de Deus é a vida eterna por Cris to Jesus, nosso Senhor” ; “Estando nós ainda m or tos” : a idéia aqui é provar que agora temos vida; o verdadeiro sentido dessa expressão está na continuação do versículo e do assunto (Ef 2.5; Ef 2.1; Rm 4.5; Jo 3.36). A interpre tação do texto pelo contexto bíblico. Qua lquer expressão de sentido natural ou figurado deve ser submet ida ao contexto geral da Bíblia (SI 119.130; Is 8.20; ICo 2.14,15). Exemplos : 1. O Deus Trino não revela qua lquer ensino ou doutr ina que não se possa compreender (Dt 29.29; SI 119.18; Lc 24.45). 2. Sobre a doutr ina da jus t i f icação pela fé, lemos: “ a saber, a jus tiça que vem de Deus, pela fé” (Rm 3.22); mas essa doutrina é explanada pelo contexto e 28 por muitas outras passagens das Escri turas (Gn 15.6; Hb 2.4; At 13.39; Rm 1.17; 3.28; 4.3,8; G1 2.6; 3.8,24); 3. A doutrina da ressurreição: o autor aos Hebreus, referindo-se a doutrinas diversas, inclui a da ressurreição (Hb 6.2) que é com provada nas seguintes passagens: “Anunciava a Jesus e a ressurre ição” (At 1.22; 4.2,33; 17.18); “ressusci tou para nossa jus t i f icação” (Rm 4.25); “somos semelhantes na sua ressurre ição” (Rm 6.5; Fp 3.10,11; Jo 11.25); 4. Para uma inte rpre tação verdadeira de um ensino ou doutr ina, muitas vezes temos de recorrer ao ensino da Bíblia toda ( I C o 15.3,4; At 3.18; 26.22,23). Interpretação da Linguagem Figurada A linguagem figurada nas Escri tu ras é muito variada. E de suma importância estudá-la , para in terpre tar as f iguras corretamente. Considerações : • Os povos antigos usaram bastante an a lo g ia1 - comparação das coisas espir i tuais com as materia is - explicando, assim, fatos espiri tua is por s ímbolos materiais. • Deus sabe da nossa d ificuldade em compreender as coisas celestes e, por isso, nos p roporc iona a compreensão delas pelas coisas que estão ao nosso alcance. Deus se apresenta nas Escri turas através das l inguagens figuradas, compreensíveis à mente humana, mas nessa l inguagem nos dá apenas uma pálida imagem daquilo que realmente Ele é, da sua grandeza, sabedoria e pureza. Considerações: 1 Ponto de semelhança entre coisas diferentes. 29 Ele apresenta-se como o Deus que vive e vê; como a luz; como tendo mãos, pés, olhos; como pai, rei e cr iador (SI 42.2; Jr 10.10; lT m 4.10; Gn 16.13; ISm 16.7; Jz 2.15; Hb 10.31; 2Rs 2.12; Mt 6.9; 5.48; SI 4.6; 27.1; 89.15; Is 40.28; 43.15; Jo 1.5). Comparem-se estas passagens ( l T m 6.16; Êx 33.20; Êx 33.11); qual o sentido e a in te rpre tação destas af irmações: “Nenhum homem viu nem pode ver D eus” e “Moisés falava cara a cara com D eu s” , há nelas contradições? a primeira quer dizer que nenhum homem terá uma revelação, uma visão integral da glória e da majestade divina, e a segunda s ignifica que Deus, na sua onipotência, manteve com Moisés um contato direto, sem in te rvenção de outra pessoa, não havendo, portanto , contradição alguma. Em Gênesis 6.6 lemos: “arrependeu-se o Senhor de haver feito o ho m em ” e em Números 23.19: “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se a rrependa” ; alguém dirá que nisso há patente contradição, mas a in terpre tação real, com base na própria Escri tu ra é que Deus já não t inha prazer na sua obra, pois o homem se tornara desagradáve l a Ele por causa do pecado; de igual modo, quando diz que Deus se arrepende, desv iando de alguém o mal com que o ameaçara, isso significa que Deus não mandou o mal por ter esse alguém se humilhado, como se vê dos casos de Nín ive e de Zedequias. Mais exemplos: “e Eu vos falei, madrugando e fa lando” (Jr 7.13); “descerei e vere i” (Gn 18.21); “e segundo a sua vontade Ele opera” (Dn 4.35); Ele esconde de nós o seu rosto (SI 69.17); “para onde fugirei da tua face?” (SI 139.7). Pela l inguagem figurada pode-se conhecer a onipotência divina: “o veremos como Ele é” ( IC o 13.12). 30 Linguagem Figurada - Figuras Classificadas Pela Gramática Figuras de retórica. As figuras de l inguagem, que aparecem na Bíblia, são as mesmas c lass ificadas pela gramática. 1. Metáfora. "Semelhança entre duas coisas que se aplicam a um termo. Vejamos estas expressões do própr io Cristo: “Eu sou o cam inho” ; “Eu sou a v ideira” ; “Vós sois a luz do m undo” ; “Vós sois as varas” (Jo 14.6; 15.1,5; Mt 5.14). 2. S inédoque Quando são mencionadas duas coisas entre as quais não há semelhança, mas uma certa relação. Em ICorín t ios 11.27, lemos: “beber o cálice do Senhor” . Aqui se menciona cálice por aquilo que contém; “Aminha carne repousará segura” (SI 16.9), quando se deveria dizer: o meu corpo, ou o meu ser, estará seguro. 3 3. M eton ímia Relação de uma coisa não visível , fo rmada apenas na mente: a causa do efeito ou sinal pela coisa significada. Como vemos nas palavras de Cristo a Pedro: “Se eu não te lavar, não tens parte com ig o ” (Jo 13.8). A palavra lavar signif ica aqui purif icar ou l impar. Pedro confunde ao símbolo com a real idade, pedindo ao Senhor que lhe lave não somente os pés, como também as mãos e a cabeça. Em João 13.7-10 a s ignificação da lavagem dos pés expressa purif icação completa. 31 4. Prosopopéia Personificação de coisas inanimadas, a tr ibuindo- lhes os efeitos e ações das pessoas (SI 85.10,11; Is 55.12; ICo 15.55; IPe 4.8). 5. Ironia. Expressão que significa o contrário do que se está pensando ou sentindo; é usada para d iminu ir e deprec ia r1; mas, às vezes, é empregada para louvar e engrandecer ( l R s 18.27; Jó 12.2; 2Co 11.5,13; 12.11). 6. Hipérbole. Figura que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas (Nm 13.33; Dt 1.28; Jo 21.25). 7. Fábula Narração em que seres irracionais e mesmo objetos inanimados são apresentados falando, com paixão e sentimento humano para ensinar l ições morais. A fábula narra o que é imaginário. No Novo Testamento há diversas recomendações re ferentes a certas fábulas de falsos mestres para enganar o crente ( l T m 1.4; 4.7; 2Tm 4.4; Tt 1.14; 2Pe 1.16). 8. Enigma. A palavra, nas Escrituras, significa uma expressão que só se entende com muito esforço mental (Nm 12.8; SI 78.2). 9. Alegoria. Exposição de um pensamento sob forma figurada; f icção que apresenta um objeto para dar idéia 1 Perder a estima, a consideração; avil tar-se, desacreditar -se. 32 de outro. Veja-se na Epís to la aos Gálatas, capítulo 4, uma alegor ia referente a fatos impor tantes da história de Abraão e Israel , onde os dois concertos - o da Lei e 0 da Graça - são apresentados a legor icamente em Sara e Agar. 10. Símile. Signif ica analogia, semelhança , comparação que se faz de uma coisa com outra que se assemelha . A palavra símile aparece escri ta em nossa Bíblia somente uma vez e está no livro do profe ta Oséias (12.10), porém, como figura gramatical , é muito apresentada e é de uma extraord inár ia beleza para a compreensão e a in terpre tação da Palavra de Deus. 11. Antítese. Antí tese signif ica contraste , oposição de pensamentos ou de palavras. É encontrada em muitas partes das Escrituras e quase sempre apresenta o contraste exis tente entre o mal e o bem, e entre o falso e o verdadeiro . 12. Apóst rofe . E a interrupção que o orador faz para dirigir- se a coisas ou pessoas, é a in te rpe lação1 direta e repentina, o dito mordaz2 e imprevisto. A apóstrofe é com um ente usada pelos oradores sagrados a f im de chamar a tenção para alguma coisa presente ou ausente, real ou imaginária. 13. Clímax ou gradação. Clímax ou gradação refere-se a grau máximo, a ponto culminante. Aparece na Bíblia 1 Dirigi r a palavra a alguém para perguntar alguma coisa. 2 Corros ivo, destrutivo. 33 const i tu ído por palavras, por um capí tu lo intei ro, ou por um livro. 14. Interrogação. “Ação de interrogar, perguntar. Figura pela qual o orador se dirige ao seu adversário ou ao público em tom in te rrogatório , sabendo que não terá re spos ta” . 15. Provérbio . “Sentença ou máxima expressa em poucas palavras e que se tornou vulgar e co m u m ” . Os provérbios cons tantes das Sagradas Escri turas são adágios da sabedoria divina aplicados às condições do povo de Deus. Contêm orientação sábia e podem ser aplicados à vida prática. Salomão foi inspi rado a escrever um livro de provérbios , cujo obje tivo está expresso em Provérbios 1.2-6, que deve ser l ido pelos estudantes para melhor entendimento. Nas páginas sagradas encontramos muitos provérbios. Alguns foram proferidos pelo próprio Senhor Jesus, tais como: “Médico, cura-te a ti m esm o” (Lc 4.23); “Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa” (Mt 13.57). Para uma correta in te rpre tação dos provérbios , deve-se saber que eles normalmente , não têm contexto. Deve-se também verificar a que classe pertence, visto que podem apresentar-se como metáfora, símile, parábola ou alegoria. Exemplo , em Provérbio 1.20,33 e Eclesiastes 9.13,18, apresenta-se como parábola. 16. Acróstico. Acróst ico é uma composição poética em que o conjunto de letras iniciais, mediais ou finais de cada versículo formam um nome de pessoa ou de coisa. Esta figura é com um nas Escrituras (no hebraico), mas a sua 34 tradução não é possível . Os Sa lmos 111 e 112, por exemplo, fo rmam um par de poesias acrós t icas1 que descreve os caminhos do homem e os de Deus; o Sa lmo 119 está d ividido em vinte e dois grupos de oito vers ículos cada um; cada grupo tem os seus vers ículos in ic iados por uma letra, segundo o alfabeto hebraico, como pode ser visto em algumas traduções. 17. Paradoxo. Paradoxo é a proposição que, ou que parece ser contrária à opinião comum; é sinônimo de desconchavo, de contradição. Tipos Tipo é a representação de pessoa ou coisa espiri tual por pessoa ou coisa material. A palavra t ipo significa, l i tera lmente , marca ou impressão e pode ser traduzida, segundo o contexto , por figura. Exemplo: modelo , etc. A palavra Antít ipo, l i tera lmente , quer dizer: corresponder ao tipo, e é a realidade. Jesus faz diversas re ferências a tipos do Antigo Testamento , sendo Ele mesmo, por vezes, o antít ipo. E impossível apresentar toda a t ipologia do Antigo Tes tam ento re ferente a Cristo e à sua Igreja. O es tudioso da Bíblia deve conhecer os t ipos, os quais para uma corre ta interpretação, devem ter aprovação no Novo Testamento . O tipo é inferior ao antí t ipo, à real idade que aquele representa. 1 Composição poét ica na qual o conjunto das letras iniciais (e por vezes as mediais ou finais) dos versos compõe ver ticalmente uma palavra ou frase. 35 Tipos Pessoais: Antigo Tes tam ento Novo Tes tamento Adão (Gn 1.26; 2.7) Rm 5.14; IC o 15.45; Abel (Gn 4.8,9) Hb 12.24; Abraão (Gn 17.5) Ef 3.15; Hb 9.7,24; Davi (2Sm 8.15; SI 89.19,20) At 7.45; 13.34,36; Fp 2.9; Isaque (Gn 22.1,2) Hb 11.17,19; Jacó (Gn 32.28) Jo 11.42; Hb 7.25; José (Gn 50.19,20) Hb 11.11,22; Josué (Js 1.5,6) Hb 4.8,9; Moisés (Nm 12.7; Dt 18.5) Hb 3.2; At 3.20,22; Arão (Êx 30.7,10) Hb 9.6,7; Sansão (Jz 16.30) Cl 2.14,15; Zorobabel (Zc 4.7,9) Hb 10.20. 36 Tipos, R itos e Coisas: Antigo Tes tamento Novo Tes tamento A expiação e os sacrif ícios (Lv 16.15,16) Hb 9.12,24; As ofertas que imadas (Lv 2.4) Hb 10.10; As ofertas dos leprosos (Lv 14.4- 7) Rm 4.25; As ofertas pelas transgressões (Lv 7.1-7; Is 53.10) At 8.23; As ofertas pelo pecado (Lv 4.2,3) Hb 13.11,12; O cordeiro pascal (Ex 12.3,46) Jo 19.36; ICo 5.7; A A arca da aliança (Ex 25.16; SI 40.8; ls 42.16) Hb 9.4,5; O altar de bronze (Ex 27.2) Hb 13.10; O altar de ouro (Êx 40.5 ,26,27) Ap 8.3; As cidades de refúgio (Nm 35.6) Hb 6.18; O candelabro de ouro (Êx 25.31) Jo 8.12; A pia de bronze (Êx 30.18,20) Ef 5.26,27; O maná (Êx 16.11-15) Jo 6.32,35; O propic ia tó rio (Êx 25.17-20) Hb 4.16 A rocha de Horebe (Êx 17.6; Nm 20.11) ICo 10.4; O tabernáculo (Êx 40.2 ,34) Hb 9.11; A mesa dos pães da proposição (Êx 25.23-30) Jo 6.48; O Templo ( lR s 6 .1 -38) Jo 2 .19-21; O véu do tabernáculo e o do templo (Êx 40; 2Cr 3.14) Hb 10.20. 37 Questionário • Ass inale com “X ” as al ternativascorretas 6. O significado das palavras deve ser tomado conforme o sentido a) |_! Da letra b ) [>] Da frase c ) [_| Do capítulo d) |_j Do livro 7. Figura que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas a ) |_] Paradoxo b ) |_| Metá fora c ) l I Provérbio d ) R Hipérbole 8 8. A palavra Antí t ipo, l i tera lmente , quer dizer a ) [~71 Corresponder ao tipo, é a realidade b ) | I Contrapor ao tipo, é a falsidade c ) | | Concorre r ao tipo, é a f lexibil idade d ) | I Contrariar ao tipo, é a obscur idade • Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 9-H-l A s figuras de l inguagem que aparecem na Bíblia, são as mesmas c lass ificadas pela gramática 1 0 . 0 A Meton ímia é uma composição poética em que o conjunto de letras iniciais, mediais ou finais de cada vers ículo fo rmam um nome de pessoa ou de coisa 38 Lição 2 A Hermenêutica 2 Parábolas Parábolas são narrações alegór icas destinadas a transmit ir verdades impor tantes. Nas Escrituras, as parábolas ensinam verdades celestiais. Exemplos : “O reino dos céus é semelhante a uma rede que, lançada no mar, recolhe os peixes de toda e spéc ie” (Mt 13.47). O s ignificado desta parábola é semelhante ao da parábola do jo io . É, portanto, uma figura do que acontecerá: “Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus de entre os ju s to s ” (Mt 13.49). Segundo outros comentários, a rede lançada pelo evangelis ta apanha os que rea lmente se conver tem, e também traz os que, apenas, vêm acompanhar a vida social da igreja. Várias verdades são e luc idadas1 nas parábolas. Jesus fez uso contínuo delas no seu ministério: “E com muitas parábolas lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos seus d isc ípu los” (Mc 4.33,34). Na inte rpre tação das parábolas, o problema é saber quais os detalhes que têm significação, e quais os 1 Tornar compreensível ; esc larecer; explicar. 39 incidentes sem sentido real na his tória apresentada. Ord inariamente , a parábola tem por e sco p o 1 m ostra r um fato impor tante ; dela não devem ser t i radas, à força, l ições de cada pormenor, pois a lgumas par tes são apenas complementos da história apresentada. Nunca devemos esquecer: as parábolas não são para produzir doutrinas: seu obje tivo é i lus trar as verdades que Jesus quis ensinar. Há nos evangelhos onze parábolas citadas somente por Mateus (Mt 13.24,47; 20.28; 22.2; 15.1,14-31); duas só por Marcos (Mc 4.2; 13.34); sete apenas por Lucas (Lc 7.41-19.12), e três unicamente por Mateus e Lucas (Mt 7.24; 13.33; 18.12; Lc 6.47; 13.20; 15.4); sete são ci tadas por Mateus , Marcos e Lucas: Mateus 5,9,13,21,24; Marcos capítulos 2,4,12,13 e Lucas capítulos 5,8,13,20,21. Além das muitas parábolas c itadas nos evangelhos, há também parábolas no Antigo Testamento. Exemplos: duas em 2Samuel 12.1-4; 14.1- 11; uma em IReis 20.35,40; uma em Isaías 5.1-7, e três em Ezequiel 17.3-10; 19.2-9; 24.3-14. Símbolos Símbolo: “emblema, f igura, sinal , que representa objeto ou alguma coisa; im agem com que se designa uma coisa puramente mora l” . Teologicamente , é “sinal ex terno da ceia do Senhor; é formulár io dos principais art igos de uma re lig ião” ; em retór ica é “subst i tuição do nome de uma coisa pelo nome de um sinal” . A s imbologia da Bíblia é r iquíss ima tanto no Velho quanto no Novo Testamento, daí a necessidade 1 Alvo, mira, intuito; intenção. 40 de um estudo apr imorado dos símbolos bíblicos para in te rpre ta r o que o escri tor apresenta. Profecias, parábolas , mi lagres, e mensagens foram, muitas vezes, apresentadas em l inguagem simból ica. Os símbolos do Velho Testamento são base para as doutrinas do Novo. De modo geral, símbolos devem ser es tudados no sentido literal em relação ao contexto , e não forçando o texto a uma part icula r interpretação. O in té rpre te não deve extremar-se nos mínimos detalhes dos s ímbolos , pois isso pode t razer confusão. A seguir aprecia remos os símbolos com suas diversas classificações: Céus e terra. “No princípio cr iou Deus os céus e a terra.. . e chamou Deus à expansão céus. . . e chamou Deus à porção seca te rra” (Gn 1.1,8,10). Significação: 1. Céus: o f irmamento que se estende como uma tenda sobre a terra; é também compreendido como o universo (Gn 1.14; Jó 37.18; SI 104.2; Is 40.22; Jr 23.24; Mt 5.18); 2. Céus e terra: um conjunto de poderes polí t icos de um país; céus s imbolizando os governantes , e terra, o povo (Gn 6.11); 3. Céus: lugar onde Deus habi ta com seus exérci tos (SI 2.4; 115.3; 123.1; Is 66.1; Mt 24.36; 28.2; Mc 13.32; Lc 22.43); 3. Céus: lugar da habitação dos remidos do Senhor e dos santos apóstolos e profetas (2Co 5.1; Ef 3.15; Fp 3.20; IPe 1.4; Ap 19.1); 5. “Céus aber tos” e “portas e janelas do céu” : bênçãos e proteção de Deus para os seus servos fiéis, e também ju ízo para os infiéis (Gn 28.17; Ml 3.10; Jo 1.51; Ap 4.1; 19.11). 41 Elementos , fenômenos e coisas diversas. Signif icação: 1. Água: regeneração, Palavra de Deus (Jo 3.5; 4.10,11; E f 5.26); 2. Luz: verdade, sabedoria, gozo; glór ia e pureza de Deus; fe lic idade (SI 104.2; Jo 12.35; l T m 6.16; 2Co 4.6; 2Pe 1.19); 3. Trevas: mentira, ignorância, cegueira espiri tua l (Mt 6.23; l J o 1.6); 4. Sol: autoridade superior (Gn 1.16); 5. Lua: a au toridade secundária (Gn 1.16; 37.9,10); 6. Estrela: sinal , aviso, ju ízo , autoridade sujeita a j u í z o de Deus; a “estrela resplandecente da m anhã” s imboliza Cris to (Gn 1.14; Jd 13; Ap 2.28; 8.10,11; 22.16); 7. Chuva: influência divina, benef icência de Deus para todos, bênçãos para o seu povo; significa também ju lgam ento e castigo para os desobedientes ( lR s 8.35; SI 65.10; Mt 5.45; At 14.17; Tg 5.7,18); 8. Vento, vento im pe tuoso1: conturbação; vento detido, t ranqüil idade , est rondo ou som de vento veemente e impetuoso é conturbação para os infiéis, mas, para os fiéis no cenáculo, foi gozo e enchim ento do Espír i to Santo (SI 55.8; Ez 1.4; Mt 7.27; 8.26,27, At 2 . 2 ) ; 9. Montanha: grandeza e estabil idade (Is 2.2; Dn 2.35); 10. Bosque: c idade ou reino; suas árvores altas representam regentes e governadores (Is 10.18,34; 32.19; Jr 21.14; Ez 20.46); 11. Pó: frag il idade dos homens (Gn 2.7; Jó 30.19; Ec 3.20); 12. Rocha: fala de fortaleza, abrigo, refúgio, Deus, Cris to (Dt 32.31; ISm 2.2; SI 61.2; Mt 7.24; Rm 9.33; IPe 2.8). 1 Que se move com ímpeto. Arrebatado, veemente, fogoso. 42 Plantas , f lores e frutos. Signi ficação: 1. Arvores : as altas, os governantes e as baixas , o povo (Ez 31.5-9; Ap 7.1); 2. Espinhos e abrolhos: as más influências (Mt 13.22; Hb 6.7,8); 3. Fruto: as manifestações das a tividades da vida (Mt 7.16); 4. “Frutos maduros de ve rão” : aproximação do fim; frutos bons são o exemplo dos piedosos , a conversa santa, as recompensas dos santos, os conver tidos das Igrejas, os efeitos do arrependimento , as boas obras, as doutrinas de Cristo, a operação do Espíri to Santo, o louvor a Deus (SI 72.16; Pv 11.30; 12.14; 18.20; Is 3.10; Mt 3.8; 7.17,18; G1 5.22; Ef 5.9); Frutos maus são a conduta, e conversa dos perversos (Mt 7.17; 12.33); 5. Jardim: a igreja; ja rd im cercado, a natureza frutífera e segura da Igreja; ja rd im bem regado, a prosperidade espiri tual da Igreja; ja rd im seco, os ímpios (Ct 4.12; 6.2,11); 6. Uvas: as maduras s im bolizam pessoas prontas para o castigo (Ap 14.18,20; Is 63.2;Lm 1.15); 7. Vinha: grande fecundidade. Vindimar signif ica destruição (Jr 2.21; Os 14.7; Ap 14.18,19); 8. Sega, m e sse 1 ou ceifa: tempo de destruição e também símbolo de campo para os trabalhos da Igreja (Is 17.5; Mt 9.37; Ap 14.18); 9. Ramos ou rebentos: f ilhos ou descendentes (Is 11.1); ramo frutífero s imboliza os santos e ramo infrutí fero, os maus professores (Jo 15.2,6); 10. Palmeiras , palmas: realeza, vitória, prosperidade (SI 92.12; Ap 7.9); 1 Seara em bom estado de se ceifar. Ceifa, colheita. 43 11. Cedro: força, perpetuação (SI 104.16); também, o cris tão (SI 92.12); 12. Romeira: os santos e seus frutos (Ct 6.11; Ct 4.13); 13. Videira: Cristo, Israel (Jo 15.1,2; SI 80.8; Is 5.2-7); sentar-se sob a própria videira significa paz e prosper idade ( lR s 4.25; Mq 4.4; Zc 3.10); 14. Vara: comando, correção; vara de Arão (Êx 7.9,12; Nm 17.3,10; Pv 10.13; 13.24; ICo 4.21; 2Co 11.25; SI 23.4; Is 10.5; SI 2.9; Ap 2.27; 12.5); simboliza também os crentes (Jo 15.5); 15. Figueira: paz e prosperidade ( lR s 4.25; Zc 3.10); 16. Figos: f igos bons e maduros, as obras dos santos (Jr 24.2,3,5); Figos maus e fora de tempo, ímpios maduros para o ju lgamento de Deus (Is 34.4; Jr 24.8). Metais. Signif icação: 1. Ferro: severidade, força, res is tência (Dt 4.20; Jó 40.18; SI 107.10; Ap 9.9); 2. Bronze: força e f i rmeza (Is 48.4; Jr 6.28; SI 107.16); 3. Prata: resgate, redenção (Ex 26.21); 4. Ouro: glória de Deus, realeza e poder (Gn 41.42; Êx 28.36; 25.17,18; Ap 3.18); ouro re finado pelo fogo s imboliza a verdadeira riqueza espiri tual; 5. Cobre: res is tência ao fogo (Êx 27.2-6; 30.18); Pedras. Significação: 1. Pedras preciosas: magnif icência e formosura (Ex 28.9-21; Ap 4.3; 21.11): 2. Crisóprazo: paz que sobrepu ja1 todo entendimento (Ap 21.20); 3. Topázio: alegr ia do Senhor. 1 Exceder em altura; sobrelevar: 44 Animais. Significação: 1. Boi: submissão; o ato de tr i lhar o grão sem ter atada à boca signif ica o dire ito que tem o obre iro do evangelho ao seu sustento (Is 30.24; ICo 9.9,10); 2. Bode: os reis macedônios , especia lmente Alexandre (Dn 8.5,7,21); é também símbolo dos ímpios e dos falsos pastores (Zc 10.3; Mt 25.32,33): 3. Besta: poder t irano e usurpador, porém, às vezes simboliza um poder temporal qualquer (Dn 7.3-17; Ez 34.28); 4. Cavalo: equipamento de guerra e de conquista; rapidez (J1 2.4); domínio: (Dt 32.13; Is 58.14); 5. Carneiro: os reis em geral, especia lmente dos reis persas (Dn 8.3,7,20); 6. Cordeiro: s implic idade e mansidão; pureza de Cristo; Cristo como sacrifício; o povo do Senhor; crentes fracos (Is 5.17; 40.11; 53.7; Jo 21.15); 7. Cão: impureza, apostas ia (Pv 26.11; Fp 3.2; Ap 22.15); também s ímbolo de vigilância, falsos mest res e minis tros infiéis (Is 56.10); 8. Leão: majestade, força, ferocidade; símbolo de poder enérgico e dominador; de rea leza soberana do Messias (Dn 7.4; Am 3.8; Ap 5.5); 9. Leopardo (tigre): in imigo cruel e enganoso (Jr 5.6; Dn 7.6; Hb 1.8; Ap 13.2); 10. Jumento: selvagem, os ismaeli tas , a instabil idade do homem natura l , os ímpios em busca do pecado; Israel e seu amor pelos ídolos (Gn 16.12; Jó 11.12); jument inho s imboliza a paz - Cristo entrando em Jerusalém como Rei da Paz (Zc 9.9; Mt 21.5,7); 11. Raposa: engano, astúcia, falsos profetas (Ez 13.4; Lc 13.32); 12. Touro: inimigo forte e furioso (SI 22.12); 13. Novilhos: povo comum; casas e povoações (Jr 50.27); 45 14. Urso: in imigo feroz e t em erár io1; governantes ímpios, e também ju ízo de Deus contra os ímpios (Pv 17.12; 28.15; Lm 3.10; Os 13.8; Ap 13.2); 15. Lobo: egoísmo e av idez2; os ímpios e governantes ímpios ; falsos mestres; Satanás (Ez 22.27; Mt 7.15; Mt 10.16; Lc 10.3; Jo 10.12); 16. Dragão: reis cruéis; perseguidores ; in imigos da Igreja, os ímpios e o diabo (Ez 29.3; SI 44.19; Ap 13.2; 20.2). Aves. Signif icação: 1. Águia: poder, vista penetrante , movimento no sentido mais elevado (Dt 32.11,12); sabedoria, selo dos min is tros de Deus (Ez 1.10; Ap 4.7); 2. Pomba: o Espíri to Santo, mansidão de Cristo, influência suave e benigna do Espíri to de Deus, inocência , pureza (SI 68.13; Ct 6.9; Mt 3.16; 10.16; Jo 1.32); 3. Aves do céu: reis cruéis, nações, povos de diferentes nações, o diabo (Is 46.11; Jr 12.9; Ez 31.6; Lc 8.5). Insetos e Répteis. Significação: 1. Abelha: os reis da Sír ia (Is 7.18); às vezes s imboliza um poder invasor cruel (Dt 1.44; Jz 14.8; SI 118.12); 2. Gafanhotos: calamidade (Am 7.1,2); inimigos destru idores, governantes ímpios, falsos mestres, apostasia, destruição dos inimigos de Deus (Jz 6.5; 7.12); 3. Crocodilo (ou dragão): Egito e, em geral de todo poder anticris tão (SI 44.19; Is 27.1; 51.9; Ez 29.3; Ap 12.13); 1 Arriscado, imprudente, perigoso. Arrojado, audacioso, atrevido; precipi tado. 2 Desejo ardente, imoderado, veemente, de alguma coisa. Ansiedade, sofreguidão. Cobiça, ambição. Voracidade, sede. 46 4. Peixes: governadores das gentes (Ez 29.4: Hc 1.14); 5. Formiga: d i l igênc ia1, trabalho, cuidado (Pv 6.6; 30.25). Cores. Significação: 1. Azul: céus, montes, dis tância, perfeição; 2. Branco: formosura, santidade - branco resplandecente era a cor real e sacerdotal entre os judeus (Ec 9.8; Mc 9.3; Ap 3.4); 3. Amarelo: enfermidade mortal , pesti lênc ia (Ap 6.8); 4. Carmesim: ident ificação, pecado, purif icação (Js 2.18; Is 1.18; l Jo 1.7); 5. Púrpura: realeza - era a cor real dos romanos (Jo 19.2,5); 6. Preto: angústia, afl ição e fome (Jó 30.30); 7. Vermelho: guerra, derramamento de sangue e também vitória (Zc 6.2; Ap 12.3). Diversos. Significação: 1. Varão: homem respei tável, valoroso, anjos, Jesus (Gn 2.23; 6.4; At 1.10; 17.31); 2. Homem: toda a humanidade (At 17.26); homem velho - sentido terreno; homem novo - sentido espiri tual ( I C o 15.45); 3. Mulher: mãe da raça humana; mulher vestida de sol e montada numa besta representa Israel (Ap 12.1; e 17.3, 4,9); 4. Virgem: servos fiéis que não se mancharam com a idolatria; símbolo da Igreja (Ap 14.4); 5. Pr imogênito: Israel e os crentes (SI 89.27; Rm 8.29; Hb 1.6; 12.23; Ap 1.5); 6. Criança: humildade e dependência ( lR s 3.7; Jr 1.6; Mt 18.4); 1 Cuidado ativo; zelo, apl icação. At ividade, rapidez, presteza. 47 7. Braços: força e poder; braço nu e estendido - símbolo de poder em exercíc io (Êx 6.6); 8. Mãos: at iv idade, poder, comunhão, ajuda; mão dire ita - símbolo de honra e dis t inção, poder, apoio e proteção (Êx 15.6); 9. Pés fi rmados numa rocha: estabil idade (SI 40.2); 10. Pés colocados num lugar amplo: l iberdade (SI 31.8); 11. Pés lavados ou mergulhados em azeite: abundância (Jó 29.6); 12. Pés mergulhados em sangue: vitória (SI 68.23); 13. Sentado aos pés de alguém: si tuação de humildade; aprendiz (Lc 7.38); 14. Lavar os pés: ato de hospita lidade e também de humildade (Gn 18.4; Jo 13.5,8,10); 15. Pés escorregando: ceder à tentação (Jó 12.5; SI 38.16); 16. Sangue: vida ou alma (Lv 17.11); Isaías diz de Cristo: “Derramou a sua alma na morte para fazer expiação pelas nossas a lmas” ; 17. Morte: separação, separação de Deus, insensib il idade espiri tual (Ef 2.1); 18. Casamento: união perfe ita e f idel idade (Ef 5.23,32); 19. Adultério: infidelidade, infração do pacto, idolatria (Jr 3.8,9); 20. Pão: al imento espiri tual; representa também o corpo de Cristo ( I C o 11.23,26); pão da vida simboliza Cristo (Jo 6.35); 21. Vinho: sangue de Cristo (Mt 26.28); 22. Maná: o verdadeiro pão do céu para vida e sustento dos que sãode Cristo (Jo 6.31,35,48); 23. Fermento: maldade ou corrupção ( I C o 5.7,8); 24. Azeite: o Espíri to Santo (SI 133.2); 2 5 . Incenso: oração (SI 141.2); 48 26. Fogo: e lemento pur if icador; s imboliza tam bém ju ízo divino (Is 6.6,7; 9.18,19); Números Simbólicos. A s imbologia dos números nas Escri tu ras é muito importante para o estudante da Bíblia. Os hebreus dever iam escrever os números por extenso, pois não existe prova de que usassem algarismos. Para representa r os números , empregavam as letras do alfabeto. Por exemplo, a pr im eira letra “A l e f ’ era o número “u m ” ; a segunda, “Be i t” , o número “do is” e assim por diante. Também a expressão de Jesus em Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Omega (pr imei ra e última letra do alfabeto grego), o primeiro e o derradeiro” , mostra a grande importância da s imbologia dos números. 49 Questionário • Ass inale com “X ” as a lternat ivas corretas 1. Narrações de Jesus dest inadas a transmit ir e ensinar verdades importantes e celestiais a ) |_| Os Provérbios b ) [XTI As Parábolas c ) |_| As Profecias d ) [_| Os Acrósticos 2. Em blema, f igura, sinal , que representa objeto ou a lguma coisa a ) |_| Parábola b ) |_j Paradoxo c ) F1 Símbolo d ) l I Hipérbole 3. Quanto aos diversos símbolos e seus significados, ass inale a incorreta a ) |_j Varão: homem respeitável , valoroso, anjos, Jesus b ) D Vinh o: sangue de Cristo c ) |_| Maná: o verdadeiro pão do céu para vida e sustento dos que são de Cristo d ) H Azeite: al imento espiri tual; representa também o corpo de Cristo • Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 4 . XI Há parábolas citadas nos evangelhos, e também parábolas no Antigo Tes tamento 5 . m Profecias, parábolas, milagres e mensagens foram, muitas vezes, apresentadas em linguagem simbólica 50 Auxílios Externos Várias matérias ou ciências extrabíb licas precisam ser estudadas, tendo em vista os subsíd ios valiosos à correta inte rpre tação da Palavra de Deus. Essa contr ibuição não pode ser dispensada, sob pena de perdermos uma visão mais ampla dos fatos narrados na Escritura. Dentre essas matérias ou ciências podemos considerar: Geografia B íb l i c a . . Oferece auxíl io indispensável à compreensão dos acontec imentos narrados na Bíblia. Um acontecimento está sempre es tre itamente l igado a um determinado ambiente geográfico. O conhec imento da Geografia da Palest ina, seus climas, ac identes geográficos, r iquezas minerais e vegetais, muito auxil iará a inte rpre tação da Palavra de Deus. História. Conhecer a his tória das nações c ircunvizinhas da Palest ina, os seus costumes , o seu progresso cultural e econômico, fornece mui tos esc la recimentos de fatos narrados na Bíblia; conf irma mesmo a veracidade dela. Como se pode ver, pois a história é de transcendental impor tância no estudo da interpretação das Escrituras . Outros auxílios. Conhecer o reino vegetal e mineral , os costumes do povo hebreu e os de seus vizinhos: a al imentação, o modo de vestir, as habitações, é auxílio valioso no estudo da Bíblia. O estudo da a rqueologia lambém oferece fonte importante, considerando que essa c iência confi rma fatos e lugares narrados na Bíblia; que antes eram comple tamente desconhecidos . 51 Profecia Uma definição considerada s implis ta afirma que a p rofecia é a predição de acontec imentos futuros e a base da mensagem de Deus ao homem (Gn 49.1; Nm 24.14; Is 38.5,6; 39.6,7; Hb 1.1). Deus é o autor da profecia. Os homens de Deus eram inspirados pelo Espír i to Santo (2Pe 1.19,20; IPe 1.10,11; Is 61.1,2). Tendo em vista a sua procedência , a profecia assume grande importância na Bíblia: 1. É qual candeia a i luminar o nosso caminho na escur idão desta vida; 2. É guia seguro para a vontade de Deus, se a soubermos interpretar; 3. E necessária em todo o tempo, até que venha o dia quando serão consumadas as promessas feitas à Igreja. Se t ivermos em mente que a Palavra de Deus tem obje tivo certo e único - à salvação dos homens através da revelação de Jesus Cristo, observaremos que o propósito principal das profecias é o próprio Senhor Jesus Cristo. Muitas profec ias a respeito do Senhor Jesus j á t iveram seu pleno cumprimento: 1. Sua humildade (Gn 3.15; Is 7.14; Gn 12.3; Mt 1.21,22; Lc 2.7; G1 4.4; Hb 2.16,17); 2. Sua div indade (SI 2.7; Is 9.6; Zc 13.7; Mt 17.5; Jo 10.30; Fp 2.6); 3. Sua l inhagem (Gn 12.3; 21.12; 28.14; 49.10; 2Sm 7.14,16; Is 11.1; G1 3.16); 4. Seu precursor (Is 40.3; Ml 3.1; 4.5; Lc 1.17; 1.76; Mt 3.3); 5. Seu nascimento (Is 7.14; Mq 5.2; Mt 1.18,21; Lc 2-4,7); 52 6. Suas funções (Dt 18.15; SI 110.4; Zc 9.9; Lc 4.16,20; 9.35; Hb 5.5,6); 7. Sua humilhação (Zc 13.6,7; SI 69.8; 22.1 ,21; Is 53.1,7; Mt 6.3; 26.31,67; Jo 18.1). Dif iculdades cronológicas das profecias. Uma das maiores d if iculdades na in te rpre tação das profecias é a colocação dos fatos previstos em ordem cronológica. As vezes, o mesmo profeta viu o sof rimento e a glória do Messias , sem poder com preender o fator dentro da revelação do Espíri to. Pr incípios a serem observados na interpre tação. 1. As profec ias devem ser entendidas em sentido literal. Todas as profecias cumpridas ao longo dos tempos bíblicos t iveram seu cumprimento r igorosamente literal; 2. As profecias, muitas vezes, foram enunciadas através de s ímbolos , t ipos, parábolas, etc, por isso há necessidade de se conhecer a exatidão dessas figuras para poder entendê-las; 3. Nenhum a profec ia é de part icular inte rpre tação, logo, devem ser in terpretados observando as regras do contexto e do ensino geral das Escrituras e o ensino sobre o assunto específico , obje tivo da profecia; 4. Nunca devemos ju lgar entender tudo concernente às profecias; nossa mente finita jamais poderá compreender os des ígn ios1 de Deus em sua pleni tude ; se jamos humildes e pacientes, dependentes da revelação do Espíri to Santo! 1 Intento, intenção, plano, projeto, propósito. 53 No estudo da profecia, cabe dar-se o devido valor aos profetas. No Velho Testamento, os profetas eram os oráculos de Deus em favor dos homens. Considerações : Os profetas eram chamados de: • Servos do Senhor (Dt 34.5); • Homens de Deus ( I S m 9.6); • Videntes ( I S m 9.9); • Profe tas de Deus (Ed 5.2); • Mensageiros de Deus (Ml 3.1); • Santos profetas (Lc 1.70; Ap 18.20; 22.6); • Homens santos de Deus ( I P e 1.21). A ordem dos profetas. Em um sent ido la to , os primeiros profetas foram os patriarcas, de Adão a Moisés (Gn 5.21,24; 7.4; 9.1; 9.25,27; Êx 7.1; Dt 18.18); porém, no sentido restri to, somente em Samuel é que começa o minis tério profético; entre estes profetas encontram-se Elias, Eliseu, Davi, e outros ( I S m 30.20; lR s 17.1; 19.16; 2Rs 17.13; SI 16.8,11). Há duas categorias de profetas: • Profetas não-canônicos; • Profetas canônicos. São class ificados como profetas não- canônicos os que não escreveram livros proféticos; Moisés , considerado o maior de todos os profetas, escreveu o Pentateuco, porém seus l ivros não são c lass ificados como proféticos. Moisés não é profeta canônico. Há no Antigo Testamento, conforme estudiosos da Bíblia, uma lista de 37 a 39 profetas não- canônicos , inc lusive alguns anônimos, começando por Enoque , Noé (2348 a.C.) até a profe tiza Hulda (624 a.C.) (Gn 5.21,24; 9.25,27; 2Rs 22.12,14,20; Jd 14,15; 2Pe 2.5); profetas canônicos são os que escreveram os livros proféticos. Vão de Isaías (760 a.C.) a Malaquias ',54' (367 a.C.),o ú lt imo profeta do Antigo Testamento ; estes se c lass i f icam ainda em: profetas maiores, em número de quatro: Isaías, Jeremias, Ezequie l e Daniel; e profetas menores , em número de 12, fazendo um total de 16 profetas canônicos (Nm 12.6; Ml 1.1; Is 1.1). Há ainda, no Novo Tes tamento o ministér io geral profético: Cristo, o grande profeta; os apóstolos, que receberam do próprio Cristo; e João Bat ista (Mt 10.5; At 1.22; IC o 9.1,2; Ef 4.11; Lc 3.4; Rm 3.12; ICo 2.13; 14.31; 2Ts 2.13; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21; 3.15,16; l Jo 1.5; Ap 1.1) - Jesus e os apóstolos afi rmaram a verdade das profecias do Antigo Testamento. Quer no Velho Testamento , quer no Novo Tes tamento , em qualquer tempo houve também falsos profetas, pois, fa ls if icar o que é verdadeiro , sempre foi, é, e será o art if íc io de Satanás; por esta razão, precisa o intérprete ou le itor da Bíblia, precaver-se do dis farce do impostor, cujo in teresse é sempre de falsificar, Entre os falsos profetas do Velho Testamento: Balaão , Acabe, f i lho de Calaias e Zedequias , f i lho de Maaséias (Jr 29.21; 2Pe 2.15; Ap 2.14). Há dois princ ípios para ju lga r a veracidade da mensagem de um profeta: o primeiro diz respeito ao cumprim ento da profecia enunciada (Dt 18.22); o segundo ensina que nenhuma mensagem pode contradizer as profecias existentes ou qualquer sã doutrina j á estabelecida. Dificuldades de Interpretação Apresentam-se nas Escri turas Sagradas, di ficuldades para a inte rpre tação de muitas passagens. 55 Na maioria das vezes essas d isc repânc ias1 são aparentes e devidas à fa lhas humanas . Por outro lado, deve-se ter em consideração que a cr iatura humana é finita e fraca, e que Deus é infinito e sábio. Logo, nunca poderemos alcançar os desígnios de Deus em sua plenitude. Por isso Paulo exclamou: “Ó profundidade das riquezas , tanto da sabedoria, como da c iência de Deus! Quão insondáveis2 3 são os seus ju ízos , e quão O inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conse lheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; g lória pois a Ele eternamente . A m ém ” (Rm 11.33-36) . Algumas passagens requerem in terpre tação profunda e, ao que parece , nem sempre se consegue esgotar o assunto. C i tamos abaixo algumas dessas di ficuldades dando idéias sobre as alternat ivas de inte rpre tação mais conhecidas: Os sete dias da criação. Muito se tem discutido sobre o significado exato da palavra dia nos primeiros versículos do livro de Gênesis. Para muitos os dias da criação (Gn 1.1,31) são longos períodos , que, inclusive, devem coincidir com as Eras Geológicas . Outros, no entanto, in terpretam esses dias como períodos de vinte e quatro horas. Essa incer teza em nada afeta a veracidade da Pa lavra de Deus. Ele é o c riador de todas as coisas. A Bíblia resume a criação nestas sublimes palavras: “No pr incípio criou Deus os céus e a te rra” (Gn 1.1). 1 Desacordo, d ivergência, discórdia. 2 Inexplicável , incompreensível . 3 Não escrutável; impenetrável. 56 Realmente , a palavra dia aparece com vários sentidos. Por exemplo, em Gênesis 2.4: “Estas são as origens dos céus e da terra quando foram criados: no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus” . Neste versículo a pa lavra dia parece com preender o per íodo todo de criação , isto é, os seis dias. Os que advogam a palavra dia como s ignificando um longo período, afi rmam que até o 3o dia (Gn 1.1,13) não exis t iam o Sol e a Lua para reger o tempo, de fin indo o dia e a noite, à semelhança de hoje. Os que a fi rmam que os dias da criação compreendem um período de vinte e quatro horas apegam-se a Êxodo 20.11. Moisés teria se referido a dias de 24 horas, aplicando-os à criação. Em muitas outras referências bíblicas, a pa lavra dia tem significados diferentes, o que dif iculta a compreensão exata do assunto. Pedro leva isso mais longe, quando diz que “um dia, para o Senhor, é como mil anos e mil anos como um d ia” (2Pe 3.8). Deus, pela sua Pa lavra , poderia ter feito todas as coisas num só dia, mas, para Ele, tempo não é impedimento . O dia longo de Josué. Josué fora designado por Deus para sucessor de Moisés , e para isso, revest ido da graça e do poder de Deus (Êx 33.11; Nm 13.8; Dt 31.14,23; 34.9; Js 1.1). Tendo assumido o comando dos exérci tos de Israel obteve vitórias ext raordinárias, e Deus fez maravilhas por seu intermédio. Dos mui tos milagres que Deus realizou no período de Josué, a Bíblia registra vários, como a travess ia do Jordão pelo povo, em época de cheia, tendo as águas que vinham de c ima parado em montão de modo miraculoso, e a destruição de Jerico, cujos muros ruíram sem que houvesse inte rveniência dos exérc itos de Israel (Js 6.1,27). 57 Porém, o milagre mais ex traord inário regist rado pela Bíblia, e realizado por Deus nesse per íodo, foi quando Deus, ouviu a oração de Josué, fez o sol e a lua para rem to rnando aquele dia mais longo, a f im de que o povo pudesse vingar-se de seus inimigos. Muitos querem discut ir o assunto a parti r da maneira com está escri to e dizem: “Não havia necessidade de o sol e a lua deterem-se, bastaria a terra diminuir ou parar o seu movimento de ro tação” . Tal argumento não tem sentido, pois a Bíblia uti l iza-se da l inguagem usual ou comum. E é usual dizer-se que o sol é que se m ovimenta (aparece e desaparece no horizonte). Hoje, c ientistas têm comprovado a falta de quase um dia de vinte e qua tro horas no calendário terreno, sem saber explicar o motivo, “porque, para Deus, nada é im poss íve l” (Lc 1.37). Jonas no ventre do peixe. Jonas (fi lho de Amita i) , profe ta de Deus, foi chamado a profet izar contra os habitantes da cidade de Nínive devido à corrupção moral e espiri tual re inante naquela cidade. In ic ia lmente, temeu as consequências da missão, e resolveu fugir da presença, da direção de Deus. Quando via java para Tarsis, j á em alto mar, sobreveio uma tempestade de tal m agn i tude1 que grande parte da carga do navio teve de ser lançada ao mar e, como a to rmenta não cessava, Jonas reconheceu que a causa era a sua desobediência , e pediu que o lançassem ao mar. A Bíblia narra que Deus preparou um grande peixe, que engoliu o profeta , e Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe. 1 Qualidade de magno; grandeza. Importância, gravidad 58 Algumas traduções da B íb lia t raduzem por baleia, ao invés de grande peixe, mas isso é incorreto, pois, no hebraico, a palavra significa grande peixe. Alguns intérpretes, baseando-se na tradução por baleia, d izem que esse cetáceo não teria capacidade de engolir um homem, devido à forma da sua garganta. Todavia , a tradução cer ta é um grande peixe. Sobre a possib il idade de Jonas ter-se mantido vivo e consc iente no ventre do peixe, durante aproximadamente 72 horas, a explicação mais p lau s ív e l1 é que foi um milagre, e milagre não pode ter explicação natural , pois, do contrár io, deixar ia de ser milagre. Sobre a veracidade dessa história, encontramos a referência que a ela Jesus fez em Mateus 12.39,40. Se não fosse verídica, o Senhor não a teria citado. Muitas outras narra tivas bíbl icas merecem prudência, humildade e reverênc ia na sua interpretação, para não se cometerem erros nem se t i rarem conclusões precipitadas. É bom reafi rmar que a Bíblia não é um livro de ciência, é a Palavra de Deus, a reve lação do Criadoraos homens . Foi inspirada pelo Espír i to Santo e sua mensagem é corre ta e perfeita. Dificuldades com referências a lugares. Alguns acidentes geográficos ou cidades são encontrados na Bíblia com mais de um nome. Isto dificul ta o entendimento , porém é perfe itamente expl icável pela influênc ia de l ínguas e dialetos dos povos viz inhos sobre a l íngua escri ta pelos autores bíblicos. 1 Razoável, aceitável, admissível. 59 Em Gênesis 31.46, um montão de pedras que serviu de tes temunho para o pacto entre Labão e Jacó; como era costume da época, recebeu dois nomes diferentes: Labão chamou-o de Jegar-Saaduta e Jacó de Galeede. Labão falava o arameu e Jacó o hebra ico; daí a diferença. Outros exemplos: 1. O monte Hermom (Dt 3.8) é chamado de Sir iom pelos sidônios; de Senir pelos amorreus (Dt 3.9), e de Siom em Deuteronômio 4.48; em lC rôn icas 5.23 e Catares 4.8, a pa lavra Hermom refere-se a diferentes picos da mesma montanha; 2. Laís ou Lessem, em Josué 19.47 e Juízes 18.29, é Dã em IReis 12.29; 3. Mizpa de ISamuel 7.11 parece ser o mesmo Mizpe de ISamuel 22.3; 4. O nome Mar Morto não é regis trado nas Escri tu ras , é chamado Mar de Sal em Gênesis 14.3; Mar Salgado em Números 34.3; Mar da Cam pina em Deuteronômio 4.49; Josué 3.16; e M ar Orienta l em Joel 2.20, Zacarias 14.8; 5. Jerusa lém é designada por Ariel, em Isaías 29.1,2,7; 6. Babi lônia é in ti tu lada de Sesaque (Jr 25.26); 7. O lago Genezaré também é conhecido nas Escrituras como Mar de Quinerete, Mar de Tiber íades e M ar da Gal ilé ia (Mt 4.18; Jo 21.1). Dif iculdades com relação a nomes de pessoas. Encontramos uma mesm a pessoa designada com nomes diferentes. Alguns desses nomes não passam de t í tulos nobres. Exemplos : 1. Dodanim (Gn 10.4), é o mesmo Rodanin ( l C r 1.7); 2. Jó, filho de Issacar, em Gênesis 46.13, é chamado Jasube em Números 26.23,24; 3. Deuel, em Números 1.14, é o mesmo Reuel em Números 2.14; 60 4. Oséias em Deuteronômio 32.44, é Josué em Deuteronômio 34.9 e em outras passagens; 5. Azar ias de 2Reis 15.1 é o mesmo Uzias de 2Reis 15.13 e de 2Crônicas 26.1; 6. Jeocaz, filho de Josias, de 2Reis 23.30,31, é Joanã em lCrôn icas 3.15; e Sa lum em Jeremias 22.11; 7. Reuel, sogro de Moisés (Êx 2.18), é Jetro em Êxodo 4.18, e Hobabe em Juízes 4.11; 8. Isvi, f ilho de Saul, em ISamuel 14.49, é chamado de Abinadabe: ISamuel 31.2; 9. Quileabe, filho de Davi, em 2Samuel 3.3, é chamado de Daniel em lC rôn icas 3.1; 10. Mateus , apóstolo do Senhor Jesus (Mt 9.9), também é chamado de Levi em Lucas 5.27,29; 11. Lebeu, apelidado Tadeu em Mateus 10.3, é também Judas, fi lho ou irmão de Tiago em Lucas 6.16; 12. Si lvano (2Co 1.19 e IPe 5.12), é Silas em Atos 15.22; 13. Herodes , César e Faraó são t í tulos nobres de mui tos homens. 61 Questionário • Assinale com “X ” as alternat ivas corretas 6. Subs íd ios valiosos à corre ta in terpre tação da Bíblia a ) |_| Li teratura e história bíblica b ) 0 Geograf ia bíblica e história c ) |_J Biologia bíblica e química d ) | I Astro logia e arqueologia bíblica 7. Quanto aos princípios a serem observados na in terpre tação é errado afirmar que As profecias devem ser entendidas em sentidoa) literal b) [0] Nunca devemos ju lgar concernente às profecias entender tudo Toda profecia é de particular in terpre tação d)|_| As profecias, muitas vezes, fo ram enunciadas através de símbolos , tipos, parábolas, etc 8 8. Não é uma passagem bíblica considerada difíci l na compreensão a ) | I Os sete dias da criação b ) |______ j O dia longo de Josué c ) | I Jonas no ventre do peixe d ) [71 Os dez mandamentos Marque “C ” para Certo e “E ” para Errado 9. C Os primeiros profetas foram os patriarcas, de Adão a Moisés , porém, somente em Isaías é que começa o minis tério profético 10.(1] Oséias em Deuteronômio 32.44, é Josué em Deuteronômio 34.9 e em outras passagens 62 Lição 3 A Homilética Fundamental Antes propr iamente de começarmos a es tudar a homilé tica é bom que anal isemos a lgumas idéias básicas iniciais. Prec isamos compreender a or igem da palavra, do discurso e das ciências estudadas pelos povos cláss icos que in f luencia ram o surgimento de um estudo técnico a respeito de como transmiti r a Palavra do Senhor. A Palavra A palavra é o veículo de comunicação qu( Deus deu ao ser humano. Ela pode ser expressa por: • Sinais corporais (gestos); • Sinais sonoros (fala); • Sinais gráficos (escri ta); • Sinais luminosos (luzes); De todas estas expressões a mais empregac na transmissão da mensagem do evangelho é a palavr falada (sonora), que é um fenômeno que pode sc analisado em quatro aspectos: • Biológico; • Psíquico; • Social; • Espiri tual . 63 Podemos dizer que a palavra possui dois e lem entos básicos: o material (som), que recebe o nome especia l de “vocábulo” , e o imateria l , o qual é denom inado de “ termo” . Com a invenção do alfabeto, a escri ta passou a ser uma outra fo rma material da palavra. Um dos maiores privilégios do ser humano como coroa da criação de Deus é o domínio da palavra. E foi a part ir disso que ele pôde se comunicar, conversando com seu semelhante , e com seu próprio criador. A Origem da Conversa Deus vendo que não era bom que Adão vivesse sozinho criou Eva, pois queria que o homem se socia lizasse. Daí, vê a g radação1 com que poss ive lmente o Senhor viabil izou isso: primeiro dotou o hom em com a capacidade para a l inguagem e ass im o ser humano inventou a palavra; depois ele produziu frases; em seguida criou a conversa, o diálogo. Et im ologicamente “conversa” vem do latim “conversa t io” formada de “cum ” , com + “versare” , virar. Trocar idéias com outrem. Por outro lado, “d iá logo” vem da l íngua grega “d iá” , através + “ logos” , pa lavra - comunicação através da palavra. Os gregos davam à conversa o nome de “hom il ia” (de onde nos veio o termo “homilé tica” ). E os romanos a chamavam de “serm o n is” (de onde nos veio a expressão “ sermão”). Ass im, vemos que “hom il ia” e “sermonis” são simples sinônimos que s ignif icam apenas “conversa” . 1 Aumento ou diminuição gradual. 64 A Origem do Discurso O convív io social que produziu a palavra, a frase e a conversa , também produziu o “d iscurso” . Enquanto que a conversa é um diá logo em que o in te rlocutor tem uma participação direta e real , o discurso é um diá logo em que essa part ic ipação é direta, mas imaginária . No discurso, a pessoa que fala imagina que está trocando idéia e está sendo entendida pelos seus ouvintes. Podemos imaginar como o discurso surgiu no cenário da humanidade. Foi quando alguém, (podemos exemplif icar com um pai, um general , um rei, etc.) que teve que alterar a in tensidade de sua voz para se comunicar com um grupo de pessoas. Por essa razão o discurso tem duas marcas de identidade: a pessoa fala a um grupo, a uma colet ividade; e por causa disso, o discursante tem que aumentar a in tensidade ou tonalidade de sua voz. Assim, a altura da voz, evidentemente , teria que ser proporcional à dis tância entre o orador e o seu últ imo ouvinte. O Estudo do Discurso A retórica. Os primeiros a se preocuparem com o estudo do ato de falar em público foram os gregos. A democracia foi inventada por eles. Nesse sistema político de governo, os cidadãos se reuniam para participar d ire tamente nas discussões e nas deliberações sobre os problemas urbanos comuns. Assim, saber falar em público e convencer os ouvintes passou a ser uma necessidade de ascensão 65social e ass im os gregos passaram a se preocupar com o estudo da arte e das técnicas de discursar. Então surgiu a “re tó r ica” . Dos homens mais famosos da Grécia antiga, no estudo do discurso, podemos citar: Córax, Sócrates, Platão e Demóstenes. A retórica grega estava divid ida em polít ica, forense, epid ít ica (demonstrativa) . Nada havia entre eles semelhante à re tór ica sacra. A oratória. Os romanos, que sofreram grande influência cultural dos gregos, não podiam deixar de se empolgar com a retór ica, que logo a observaram com o nome de oratór ia (de “or is” , boca). Cícero e Quinti l iano foram os maiores oradores romanos. Os romanos também nunca usaram a oratória para fins religiosos. A eloqüência . A palavra “e loqüênc ia” vem do latim “eloquen t ia” e significa o ato ou o efeito de se falar bem. Na ora tória romana, era a parte que tratava da propr iedade, disposição e e legância das palavras. Na verdade, a e loqüência é mais do que apenas falar bem (com palavras certas, bem colocadas e elegantes). A e loqüência é a capacidade de atrair a atenção dos ouvintes, convencendo-os pelo uso da l inguagem. A Homilética O Cris t ianismo foi, na verdade a primeira re ligião universal que o mundo conheceu. Por outro lado, as religiões pagãs eram exclusiv is tas voltadas 66 somente para as nações ou tribos a que pertenciam, por isso, não havia espaço para a pregação. Os própr ios gregos que inventaram a re tó rica e os romanos que apr imoraram com a ora tória nunca uti l izavam o discurso verbal na religião. M esm o entre os hebreus, que deviam ser as testemunhas do Senhor Deus de Israel (Is 43.10-12) , não havia p reocupação com a pregação da Lei. Essa tarefa era desenvolv ida informalmente pelos pais em suas casas. A mensagem efe tivamente era transmit ida em forma de “h om il ia”. Em bora bem mais tarde a seita dos fariseus passou a fazer um trabalho p ro se l i t i s t a1. Mas não es tudavam o apr imoramento do discurso. No início do Cris t ianismo, seguindo o exemplo da s inagoga, os cr istãos se l imitavam a ler as Escrituras , no culto, e exortar o povo segundo as l ições que podiam tirar do texto (At 13.14,15; 15.21). Os sermões de Pedro, de Es tevão e de Paulo regis trados em Atos dos Apósto los são de caráter narra tivo (At 2.14-42; 7.1-53; 13.16-48). A homilé t ica nasceu quando os pregadores cristãos começaram a est ruturar suas mensagens, procurando aprimorá-las com as técnicas da re tórica grega e da oratór ia romana. Na Idade média , quando a Igreja Católica Romana dominava quase todo o mundo de então, a homilé tica era quase a única forma de ora tória conhecida. Nesse tempo ela era a arte de pregar sermões no templo. A parti r da Reforma Protes tante , quando a Bíblia passou a ser o centro da pregação e quando os sermões deixaram de ser apenas discursos éticos ou l i túrgicos e formais , em latim, para se transformarem 1 Converter os pagãos à doutrina dos judeus. 67 em mensagens verdadeiramente evangélicas , a homilé tica passou a ser o estudo da arte e das técnicas de m elhor expor as idéias que o Espíri to Santo concedia aos pregadores do evangelho. Lutero e os demais reformadores por va lorizarem muito a pregação da Palavra de Deus levaram para dentro dos templos o púlpito. Em virtude dessa va lorização da atividade de anunciar a Palavra de Deus passou-se a va lorizar também o modo de anunciá- la. Logo, esforçaram-se para estudar a re tór ica e a e loqüência gregas e a ora tória romana, aplicando as suas técnicas à prática da pregação do evangelho. Daí, surge a homilética. A or igem da palavra. Como já vimos anter iormente , o vocábulo em foco deriva do verbo grego homiléo, que aparece em Lucas 24.14,15 e Atos 20.11; 24.26, como significado de conversar ou falar. Em ICorín t ios 15.33, a expressão conversações é uma tradução do termo grego homilias . Desse modo, a palavra homilé tica origina-se de homilia, que significa conversação entre amigos ou companheiros . Portanto, a pregação da mensagem devia ser feita sempre em tom de conversação familiar e jamais com uma torrente de palavras desconexas , estridentes e ininte lig íveis . Para os gregos, a homil ia s ignificava um diá logo familiar, informal. Por sua vez, os romanos a denominavam de “serm o” , donde se origina o vocábulo sermão. Ass im sendo, depreendemos que as pr imitivas pregações da mensagem do Evangelho eram feitas em tom de conversação familiar, conforme se regis tra em Atos 20.11. O pregador conversava com 68 seus ouvintes, ao pregar. Fazia uma exposição das Escrituras de modo lógico, claro e convincente . Não agredia com gritos est r identes e irr i tantes os ouvidos dos ouvintes. O Novo Tes tamento regis tra inúmeros exemplos de sermões onde os apóstolos Pedro e Paulo expuseram as Escri tu ras com sabedoria, lógica e poder, sob a é g id e 1 do Espír i to Santo, e foram compreendidos por todos (At 2.14-41; 17.22-34); de modo que sempre houve salvação de almas, mesmo entre os pagãos que jamais t inham ouvido a respei to de Jesus Cris to e da salvação. Os Problemas da Homilética A palavra de Deus af irma que “a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cr is to” (Rm 10.17). Como é possível , então, que surjam dificuldades quando esta palavra é proclamada? O problema não está na palavra em si, porque “a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qua lquer espada de dois gumes, e penetra até a ponto de d iv idir a lma e espíri to, jun tas e medulas, e apta para d iscern ir os pensamentos e propósitos do co ração” (Hb 4.12). O problema não está na Palavra de Deus, mas em sua p roclamação, quando feita por pregadores que não admitem suas imperfe ições homiléticas pessoais! Atualmente , as dif iculdades mais comuns da pregação bíbl ica encontram-se nas seguintes áreas: 1. Falta de preparo adequado do pregador; 2. Falta de unidade corporal na prédica; 3. Falta de v ivência real do pregador na fé cristã; 1 Escudo; defesa, proteção. Abrigo, amparo, arrimo. 69 4. Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja; 5. Fa lta de equil íbrio na seleção dos textos bíblicos; 6. Falta de prior idade da mensagem na l iturgia; 7. A caracte rí s t ica principal de um culto evangélico é a pregação da Palavra de Deus; 8. Falta de um bom planejamento minister ia l . O bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo mensagens para os dias especiais (Natal , Páscoa, aniversár io da igreja etc.). Dessa forma, ele a limentará seu rebanho com uma dieta sadia e balanceada. Outros motivos que resultam em problemas para a homilé tica, além das dif iculdades já mencionadas, devemos lembrar que a pregação vem sendo desvalorizada pela secula rização que atinge nossas igrejas. Muitas famílias pre fe rem assis t ir aos programas televisivos , em vez de ouvir uma mensagem s implesmente exor ta tiva e moralis ta. Há também a questão da grande diversidade de igrejas e pregadores evangélicos, o que facil i ta à família recém-chegada optar entre o pregador e loqüente e popular e a igreja com status. Além disso, o estresse do dia-a-dia faz com que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário para reflexões espir i tuais profundas. As Característ icas da Homilética Na realidade, porém, as caracter ís t icas da homilé tica evangélica não devem res tringir-se somente aos pólos mensage iros - mensagem. Três e lementos, no mínimo, partic ipam da prédica: o pregador, o(s) ouvinte(s) e Deus.
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