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A E A D E P A R - A s s o c i a ç ã o E d u c a c i o n a l d a s A s s e m b l é i a s d e D e u s n o E s ta do d o P a r a n á I H A D E P - I n s t i t u t o B í b l i c o d a s A s s e m b l é i a s d e D e u s no E s t a d o d o P a r a n á A v . B r a s i l , S / N ° - E l e t r o s u l - C x . P o s ta l 2 4 8 8 5 9 8 0 - 0 0 0 - G u a l r a - PR l o n e / F a x : ( 4 4 ) 3 6 4 2 - 2 5 8 1 / 3 6 4 2 - 6 9 6 1 / 3 6 4 2 - 5 4 3 1 E - m a l l : i b a d e p q i B a e e p . c o m site: wHH.ibads a.tam DIGITALIZADO PCX Bibliologia Pesqu isado e adaptado pela Equipe Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP: Inst ituto Bíbl ico das Igrejas Evangél icas Assemblé ias de Deus do Estado do Paraná, Com auxí l io de adaptação e esboço de vários ensinadores. 5a Edição - Feverei ro/2007 Todos os direitos reservados ao IBADEP Diretorias CIEADEP Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra Pr. Israel Sodré - Presidente Pr. José Anunc iação dos Santos - I o V ice-Pres idente Pr. Moisés Lacour - 2o V ice-Pres idente Pr. Ival Theodoro da Silva - I o Secretár io Pr. Samuel Azevedo dos Santos - 2o Secretár io Pr. Simão Bilek - I o Tesoure i ro Pr. Mirislan Douglas Scheffe l - 2o Tesoure i ro AEADEPAR - Conselho Deliberativo Pr. Israel Sodré - Presidente Pr. Ival Teodoro da Silva - Relator Pr. José Anunc iação dos Santos - Membro Pr. Moisés Lacour - Membro Pr. Samuel Azevedo dos Santos - Membro Pr. Simão Bilek - Membro Pr. Mirislan Douglas Scheffe l - Membro Pr. José Carlos Correia - Membro Pr. Perci Fontoura - Membro AEADEPAR - Conselho de Administração Pr. José Polini - Presidente Pr. Robson José Brito - V ice-Pres idente Pr. Moysés Ramos - I o Secretár io Pr. Hercí l io Tenório de Barros - 2o Secretár io Pr. Edi lson dos Santos Sique ira - I o Tesoure i ro Pr. Luiz Carlos F irmino - 2o Tesoure i ro IBADEP Pr. Hércules Carvalho Denobi - Coord. Admin is tra t ivo Pr. José Carlos Teodoro Delf ino - Coord. F inanceiro Cremos 1) Em um só Deus, eternamente subs is tente em três pessoas: O Pai, Fi lho e o Espír ito Santo. (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 2) Na inspi ração verbal da Bíbl ia Sagrada, única regra infal ível de fé normativa para a vida e o caráter cr istão (2Tm 3.14-17). 3) Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurre ição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitor iosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9). 4) Na pecaminos idade do homem que o desti tu iu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá- lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19). 5) Na necess idade absoluta do novo nasc imento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espír ito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8). 6 ) No perdão dos pecados, na sa lvação presente e perfeita e na eterna just i f i cação da alma receb idos gratu itamente de Deus pela fé no sacri f íc io efetuado por Jesus Cr isto em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9). 7) No batismo bíbl ico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Fi lho e do Espír ito Santo, conforme •determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12). 8 ) Na necess idade e na poss ib i l idade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, at ravés do poder regenerador, insp irador e sant i f icador do Espír ito Santo, que nos capac ita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e IPe 1.15). 9) No bat ismo bíbl ico no Espír ito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras l ínguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 10) Na atual idade dos dons esp ir i tua is d is tr ibu ídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edif icação, conforme a sua soberana vontade ( ICo 12.1 12). 11) Na Segunda Vinda premilen ia l de Cristo, em duas fases dist intas. Pr imeira - invis ível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tr ibu lação; segunda - vis ível e corporal, com sua Igreja glor i f i cada, para reinar sobre o mundo durante mil anos ( l T s 4.16. 17; ICo 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). 12) Que todos os cr istãos comparecerão ante o Tr ibunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10). 13) No ju ízo v indouro que recompensará os f iéis e condenará os inf iéis (Ap 20.11-15). 14) E na vida eterna de gozo e fel ic idade para os f iéis e de tr isteza e tormento para os inf iéis (Mt 25.46). Metodologia de Estudo Para obter um bom aproveitamento, o aluno deve estar consciente do porquê da sua dedicação de tempo e esforço no afã de ga lgar um degrau a mais em sua formação. Lembre-se que você é o autor de sua história e que é necessário atual izar-se. Desenvolva sua capac idade de raciocínio e de solução de problemas, bem como se integre na prob lemát ica atual, para que possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à Igreja em que está inserido. Consciente desta real idade, não apenas acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou trabalhos por fazer. Tente seguir o roteiro sugerido abaixo e comprove os resultados: 1. Devocional: a) Faça uma oração de agradec imento a Deus pela sua sa lvação e por proporc ionar- lhe a oportunidade de estudar a sua Palavra, para assim ganhar almas para o Reino de Deus; b) Com a sua humildade e oração, Deus irá i luminar e d i rec ionar suas facu ldades mentais através do Espír ito Santo, desvendando mistérios contidos em sua Palavra; c) Para melhor aprove itamento do estudo, temos que ser organ izados, ler com prec isão as l ições, medi tar com atenção os conteúdos. 2. Local de estudo: Você precisa dispor de um lugar próprio para estudar em casa. Ele deve ser: a) Bem arejado e com boa i luminação (de preferência, que a luz venha da esquerda); b) Isolado da c ircu lação de pessoas; c) Longe de sons de rádio, telev isão e conversas. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar vo luntar iamente, sem impos ições. Consc ient ize-se da importânc ia dos itens abaixo: a) Estabe lecer um horário de estudo extraclasse, d iv id indo-se entre as d isc ip l inas do curr ículo (dispense mais tempo às matér ias em que t iver maior dif icu ldade); b) Reservar, d iar iamente, algum tempo para descanso e lazer. Ass im, quando estudar, estará des l igado de outras at ividades; c) Concentrar-se no que está fazendo; d) Adotar uma correta postura (sentar-se à mesa, tronco ereto), para evitar o cansaço físico; e) Não passar para outra l ição antes de dominar bem o que est iver estudando; f) Não abusar das capac idades f ís icas e mentais. Quando perceber que está cansado e o estudo não alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa para descansar. Aproveitamento das aulas: Cada disc ipl ina apresenta caracter ís t icas próprias, envolvendo di ferentes comportamentos, a saber: raciocínio, analogia, interpretação, ap l icação ou s implesmente hab i l idades motoras. Todas, no entanto, exigem sua part ic ipação ativa. Para alcançar melhor aproveitamento, procure: a) Colaborar para a manutenção da d isc ip l ina na sa la-de-au la ; b) Part ic ipar at ivamente das aulas, dando co laborações espontâneas e perguntando quando algo não lhe f icar bem claro; c) Anotar as observações complementares do moni tor em caderno apropriado. d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos. Estudo extradasse : Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve: a) Fazer d iar iamente as tarefas propostas; b) Rever os conteúdos do dia; c) Preparar as aulas da semana seguinte. Se constatar alguma dúvida, anote-a, e apresenta ao monitor na aula seguinte.Procure não deixar suas dúv idas se acumulem. d) Materiais que poderão ajudá-lo: s Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada; v' At las Bíblico; s Dicionár io Bíbl ico; / Encic lopédia Bíblica; S L ivros de Histórias Gerais e Bíbl icas; s Um bom dicionár io de Português; ■/ Livros e apost i las que tratem do mesmo assunto. e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente: s A necess idade de dar a sua colaboração pessoal; S O direito de todos os in tegrantes opinarem. . Aproveitamento nas avaliações: a) Revise toda a matéria antes da aval iação; b) Permaneça ca lmo e seguro (você estudou!); c) Concentre-se no que está fazendo; d) Não tenha pressa; e) Leia atentamente todas as questões; f) Resolva pr imeiro as questões mais acessíveis; g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a prova. Bom Desempenho! Abreviaturas a.C. antes de Cristo. ARA Almeida Revista e Atual izada ARC Almeida Revista e Corrida AT Ant igo Testamento BV Bíblia Viva BLH Bíblia na Linguagem de Hoje c. Cerca de, aprox imadamente, cap. capítulo; caps. - capítulos, cf. confere, compare. d.Co depois de Cristo. e.g. por exemplo. Fig. Figurado. fig. f igurado; f iguradamente, gr. grego hb. hebraico i.e. isto é. IBB Imprensa Bíbl ica Brasileira Km Símbolo de qui lometro lit. l iteral, l i teralmente. LXX Septuag inta (versão grega do AT) m Símbolo de metro. MSS manuscritos NT Novo Testamento NVI Nova Versão Internaciona l p. página. ref. referência; refs. - referências ss. e os seguintes (isto é, os versículos consecut ivos de um capí tu lo até o seu final. Por exemplo: IPe 2.1ss, s ign if ica IPe 2.1-25). séc. século (s). v. versículo; vv. versículos, ver veja índice Lição 1 - A B í b l i a ......................................................... 13 Lição 2 - 0 Cânon da B íb l i a ........................................ 41 Lição 3 - Inspiração B íb l i c a ........................................ 69 Lição 4 - Revelação Bíblica ........................................ 95 Lição 5 - Preservação e Tradução B í b l i c a ..............125 Referências B ib l i o g rá f i ca s ........................................ 153 \ Lição 1 A Bíblia "Cremos na insp iração div ina e p lena da Bíblia, bem como na sua in fa l ib i l idade e ine rrânc ia1, como única regra de fé normat iva para a vida e o caráter cristão". O O o Leia (2Tm 3.14-17) Nos pr imórdios da c iv i l i zação o homem para v iver em grupo necess itou de normas que regulasse os seus dire itos e deveres. Surge assim, após diversas exper iênc ias, a const itu ição que, t ransgred ida, priva o cidadão dos bens maiores: a vida, a l iberdade, etc. Semelhantemente no mundo espir itual, Deus estabeleceu a Bíbl ia Sagrada como fonte de vida. A Palavra de Deus l iberta da escrav idão do pecado os que vivem na mentira. Horace Greeley assim def ine a importância da Bíblia: "É imposs íve l escrav izar menta l ou soc ia lmente um povo que lê a B íb l i a ” . Os princ ípios bíbl icos são os fundamentos da l iberdade humana: "E conhecere is a verdade, e a verdade vos l ibertará" (Jo 8.32). 1 Que não pode er rar ; infa l í ve l . Não er ran te; f ixo. 13 0 conhec imento da Bíbl ia Sagrada posto em pratica, l iberta o ser humano da escravidão do pecado, pois quem comete pecado é escravo do pecado. Necessi tamos da Bíbl ia, pois é a l imento espir itual para nós: "Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua pa lavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó Senhor, Deus dos Exérc itos" (Jr 15.16). A Escritura é a segurança para caminharmos no mundo de trevas: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho" (SI 119.105). Muitos andam em trevas por não conhecerem a luz glor iosa de Deus. A Bíblia é a marav i lhosa bib l io teca de Deus com sessenta e seis l ivros. É ac ima de tudo a verdade para o fat igado peregrino; é hábi l , ef icaz e v igoroso cajado. Para os sobrecarregados e opr im idos pelos fardos da vida, ela é suave descanso; para os que foram feridos pelos del i tos e pecados, é um bálsamo consolador. Aos afl i tos e desesperados, sussurra uma alegre mensagem de esperança. Para os desamparados e arrastados pelas tormentas da vida é uma âncora segura; para a sol idão, é uma mão repousante [s ic ]1 que acalma e tranqüi l iza suas mentes. O termo Bíbl ia não existe no texto das Sagradas Escrituras. O vocábulo "B íb l ia" s ignif ica coleção de l ivros pequenos e deriva da palavra "b ib los", nome dado pelos gregos à folha de papiro preparada para a escrita. 1 [Lat "a s s im" . ] . Adv . Pa lavra que se po spõe a uma c i t ação , ou que nesta se in te rca la , ent re pa r ên te s e s ou en t re co l ch ete s , para ind i ca r que o tex to or ig ina l é bem ass im, por e r r ado ou e s t ranho que pareça. 14 A palavra portuguesa Bíbl ia vem do grego, bíblia, que é o plural de "bíbl ion", l ivros. A expressão "B íb l ia" foi ap l icada às Sagradas Escrituras por João Cr isóstomo, patr iarca de Alexandria. Trata-se de uma coleção de l ivros perfeitamente harmônicos entre si. Tais l ivros foram reunidos num só vo lume através de um longo processo histórico d iv inamente dirigido: a sua canonização; isto é, o reverente, cr iter ioso e formal reconhec imento pela Igreja dos escritos d iv inamente inspi rados do Ant igo e do Novo Testamento. Esse conjunto de escr itos sagrados passou a denominar-se cânon ou escr ituras canônicas. A Bíblia é uma Dádiva de Deus Deus, que ant igamente falou "muitas vezes e de muitas maneiras aos pa is" (Hb 1.1), quer ia que a sua Palavra não somente f icasse guardada pelos homens por meio da sua própria exper iênc ia com Deus e pela trad ição falada, isto é, os pais contando aos seus fi lhos, etc. Deus ordenou a Moisés: "Escreva isto para a memór ia em um l ivro" (Êx 17.14). Ordem esta que foi depois repetida durante 1.600 anos por um va lor aprox imado de 40 homens inspi rados por Deus, e assim surgiu: "O l ivro de Deus" (Is 34.16), a "Palavra de Deus" (Ef 6.17; Mc 7.13), "As Santas Escr ituras" (Rm 1.2), que nós chamamos de Bíblia. Os que escreveram os l ivros da Bíblia receberam as mensagens de d iferentes maneiras. Às vezes Deus disse: "Escreve num l ivro todas as pa lavras que eu tenho dito" (Jr 30.2; 36.2; Hc 2.1,2). Muitas vezes os autores escreveram: "Ve io a mim a pa lavra de Deus" (Jr 1.4), "pa lavras da vida para no- las dar" (At 7.38). 15 Isaías menciona 120 vezes o que o Senhor lhe fala; Jeremias 430; e Ezequiel 329 vezes. Outros registram acontec imentos como se escreve história (Ex 17.14 etc.). Uns examinaram minuc iosamente sobre o que dever iam escrever (Lc 1.3); outros receberam a mensagem por revelação (At 22.14-17; Gl 1.11,12, 15,16; Ef 3.1-8; Dn 10.1), sonhos e visões (Dn 7.1; Ez 1.1, 2Co 12.1-3). Mas, escreveram o que receberam pela insp iração do Espír ito Santo e podiam dizer: "O que receb i do Senhor também vos entreguei" ( ICo 11.23; 15.3). As Escrituras produz resultados práticos indiscutíveis; têm in f luenc iado c iv i l i zações, transformado vidas e trazido luz, inspiração, conforto a milhões de pessoas. Nelas podemos confiar a or ientação integral de nossa vida e extra ir os fundamentos do bem-estar e l iberdade humana. O Senhor as estabeleceu como: regra, bússola, a l imento e fonte de bênçãos para a vida do crente. Autenticidade Bíblica J A autent ic idade da Bíbl ia é fundamentada na infa l ib i l idade e inerrância. Os atr ibutos da d iv indade são por ela revelados. Ela é autêntica em tudo, pois o próprio Deus é o seu autor, o Espírito Santo, o seu inspirador. Nela são autênt icos e inerrantes as revelações e os fatos narrados. O rac iona l ismo se opõe vorazmente contra a autent ic idade, in fa l ib i l idade e a autor idade da Bíblia. O ateísmo, assim como o rac ional ismo, jamaispoderá ofuscar a autent ic idade das Escrituras. O problema do ateu em não querer acei tar a Bíblia como Palavra de Deus está na forma como ele se comporta ao ler as Escrituras, pelo fato de não querer observar o que ela rea lmente esta dizendo. 16 Uma das pr inc ipais af irmações da autent ic idade da Bíblia é sustentada por Jesus, quando diz aos judeus que as Escri turas dão testemunho dEle (Jo 5.39). As Escri turas revela sua autent ic idade à menção de Jesus ao profeta Jonas, cujo l ivro foi escrito aprox imadamente 790 anos antes de Cristo. Jesus afirma que Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três noites e que o profeta pregou aos ninivitas. Portanto, tentar obscurecer a inerrânc ia das Escrituras é no mínimo um ato grotesco! O Senhor Jesus Cristo confi rmou a sua veracidade: "Sant i f ica-os na verdade, a tua pa lavra é a verdade" (Jo 17.17). Verificação \/ O Ant igo Testamento dec lara-se escr ito sob insp iração especial de Deus. A expressão "Deus d isse” ou " disse Deus" - como forte ind icador da chance la1 divina nos escr itos sagrados é usada mais de 2.600 vezes na Bíbl ia. A Lei, os Salmos, os Profetas, os Evangelhos, as Epístolas, o Apoca l ipse - Ant igo e Novo Testamento receberam de Deus sua inspiração. O Novo Testamento cita as leis ant igas e as menciona com harmonia. Por isso há uma diferença insondável entre a Bíbl ia e qua lquer outro livro. Essa diferença deve-se à origem, à forma e à organização da Bíblia. Escrita por um valor aprox imado de quarenta autores, num período de mais ou menos 1.600 anos, abrangendo uma var iedade de tópicos, a 1 Marca ou s inal que m e re ce co n f i an ça e, po r tan to , faz ac e i ta r c om o boa uma a f i rm ação , re fe rên c i a , etc. 17 Bíblia demonstra uma unidade de tema e propósito que só é possível expl icar, cons iderando que há uma mente diretriz, uma única fonte inspiradora. Quantos l ivros suportam sucess ivas leituras? A Bíbl ia pode ser lida todos os dias e todas as horas da vida. Tem o seu lugar reservado em muitas b ib l io tecas do mundo, em centenas de milhares de casas e no coração do homem. A Bíbl ia está traduzida em mi lhares de idiomas e dialetos e é lida em todos os países do mundo. O tempo não à afeta. É um dos l ivros mais antigo do mundo e ao mesmo tempo moderno. As defesas intelectuais da Bíbl ia têm o seu lugar, mas, o melhor argumento é o prático. Como as Escrituras Chegaram Até Nós -J A história de como a Bíbl ia chegou até nós, na forma em que a conhecemos, é longa e fascinante. Começa com os manuscr i tos orig inais ou "autógrafos", como são às vezes chamados. Textos orig inais foram escritos por homens movidos pelo Espír ito Santo (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21). Cét icos1 declaram que Moisés não poderia ter escrito a primeira parte da Bíbl ia porque a escrita era desconhec ida na época (1500 a .C.). A ciência da a rqueo log ia2 provou desde então que a escrita já era conhecida milhares de anos antes dos dias de Moisés. Os sumérios já escreviam cerca de 4000 a .C., e os eg ípcios e bab i lôn ios quase nessa mesma época. 1 Que duv ida de tudo; de sc rente . 2 O e s tudo c ie nt í f i co do pas sado da h um an id ade , m ed ia n te os t e s t em u nh o s mate r ia i s que de le subs i s t em. 18 Divisão e Classificação s/ As Escri turas formam uma unidade perfeita. A palavra Bíblia s ignif ica: conjunto de l ivros e neste aspecto, forma o Livro dos livros, por se tratar da revelação de Deus aos homens. Por causa de sua perfeita unidade, a Bíbl ia é uma bibl ioteca e um livro ao mesmo tempo. Possui vários nomes em seu próprio conteúdo, a saber: Escritura (Mt 21.42); Sagradas Escri turas (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16); A Palavra de Deus (Mc 7.13); A Lei e os Profetas (Js 1.7,8; Ne 8.3,4,18); Oráculos de Deus (ARA Rm 3.2; Hb 5.12), etc. A Bíblia é divid ida em Antigo e Novo Testamento, com um total de 66 livros. Uma divisão detalhada pode ser v isua l izada no quadro logo abaixo: AT NT 1 " N° Livros 39 27 66 N° Capítulos 929 260 1.189 N° Versículos 23.214 7.959 31.173 Livro Central Pv 2Ts Mq e Na Capítulo Central Jó 29 Rm 13 e 14 SI 117 Livro Mínimo Ob 3Jo 3Jo Versículo Mínimo Êx 20.13 Dt 5.17 Jo 11.35 Êx 20.13 Dt 5.17 Os l ivros das Escri turas estão c lass if icados por assunto, sem ordem cronológica. O Ant igo e o Novo Testamento se div idem em 4 partes. Antigo Testamento: I a) Lei. Os cincos pr imeiros l ivros da Bíblia, chamados de O Pentateuco, traz a revelação da cr iação e mostram todo o cu idado de 19 Deus "em manifestar a lei, cód igo de d isc ip l ina espir itual, civi l e moral para seu povo. 2a) História. Do livro de Josué ao de Ester, é formado um conjunto de doze l ivros, que nos traz a história do Povo de Deus (Israel) em suas diversas fases ou períodos, após o estabe lec imento em Canaã. 3 a ) Poesia. De Jó a Cantares de Salomão, encontramos a poesia bíblica, em forma de revelação, adoração e conhec imento de Deus. 4a) Profecia: De Isaías até Malaqu ias, temos a revelação profética, que d iv id ida em: a) Profetas Maiores - Isaías à Daniel; b) Profetas Menores - Osé ias à Malaquias. Novo Testamento: I a) Biografia. O NT se inicia com os quatros Evangelhos trazendo-nos a vida marav i lhosa de Jesus Cristo. Três deles formam um paralel ismo no Min istério de Cr isto e são chamados S inóp t icos1. 2a) História. A história do Novo Testamento é a história da Igreja, revelada em Atos dos Apóstolos. 3a) Doutrina. As Epístolas ou Cartas, de Romanos a Judas, mostra de maneira esc larecedora todos os mandamentos do Senhor Jesus Cristo à sua Igreja. 1 Os E vange lh o s de S. Ma teus , S. Ma r co s e S. Lucas, ass im c h am ados po rque pe rm i t e uma v is ta de con jun to , dada a s em e lh ança de suas ver sões . 20 4 a) Profecia. No Apocal ipse, Deus revela o encerrar de todas as coisas sobre a ég ide1 de um Senhor Soberano Eterno, Glor ioso e revela man ifestação pessoal de Jesus Cristo e sua vitór ia final. Valor Espiritual das Escrituras "O Valor da Palavra de Deus é inest imável ! m » Seu valor excede a todas as coisas. O valor , espir itual está naqui lo que é " . Os seres humanos têm exper imentado o va lor da Palavra de Deus em suas vidas. Pessoas dantes2 mater ia l is tas, cét icas, indi ferentes, al ienadas e pár ias3 da Sociedade, encontraram com a Palavra de Deus foram transformadas, abençoadas, v iv i f icadas (Ef 2.1) e valorizadas. Seu valor como Livro: Qual o valor de um livro, capa, volume, acabamento? Ou conteúdo? A Bíbl ia não é um mero l ivro, e sim "O Livro de Valor", seu conteúdo ultrapassa todos os l imites do homem, suas palavras vieram do céu (SI 119.89). São palavras que produzem vida (Jo 6.63). Desde o princíp io Deus estabeleceu que suas Palavras fossem escr itas em um livro (Êx 17.14). Havia em Israel outros livros, pr inc ipa lmente o l ivro histórico dos Reis (2Cr 35.27). Entretanto o l ivro que trouxe av ivamento em Judá foi o Livro do Senhor (2Rs 23.2,3), no tempo do Rei Josias. 1 Escudo; de fe sa , p r o te ção . Ab r ig o , am pa ro , a r r imo. 2 Ante s , an te r io rmen te . 3 Fig. Homem exc lu íd o da so c ie dade . 21 Ao retornarem do cativeiro, os poucos judeus que vieram a Jerusalém f izeram um grande ajuntamento na praça (Ne 8.3), onde Esdras, o Sacerdote, trouxe o livro de Deus e abriu d iante do povo (Ne 8.5), o que trouxe um grande despertamento para o povo de Deus (Ne 8.17). Nos dias do profeta Jeremias, Deus ordenou que sua Palavra fosse escrita num livro (Jr 36.2), e fossem lidas diante do povo (Jr 36.6). Daniel descobr iu o número de anos do cativeiro pelos l ivros (Dn 9.2), certamente o livro dos profetas, e começou a orar para a l ibertação do povo do cativeiro (Dn 9.3). O Senhor Jesus Cristo deu importância e valor ao livro divino, em Nazaré, foi à s inagoga e leu o livro do profeta Isafasaos ouv idos do povo (Lc 4.17), ra t i f i cando1 o valor e o cumpr imento da profecia (Lc 4.21). Deus, na sua sabedoria , proporc ionou uma coleção de l ivros para o seu povo em todo o mundo: A Bíblia (Jo 21.25). ̂ Seu valor como Alimento: Como o corpo f ísico precisa do al imento, nosso espír ito e alma necess itam do a l imento espir itual (Dt 8.3). Este é o pr inc íp io estabelec ido por Deus para o seu povo va lor izar a Palavra como al imento. O próprio Senhor Jesus conf irmou a Palavra do Pai, diante de Satanás (Mt 4.4). " Nem só de pão...". A Palavra de Deus, como a l imento espir itual, é comparada ao: 1 C o n f i rm a n d o a u t en t i c am en te , v a l i d ando (o que já fora promet ido ) . 22 s Mel - O Salmo 19.10b nos apresenta a Palavra "mais doce do que o mel", ele fala do sabor esp ir itua l da Bíblia, o mel é um al imento completo. s Leite - O primeiro a l imento do recém-nascido é também indicado para aqueles que iniciam na fé cristã (Hb 5.13). O escritor aos Hebreus fala de crentes que com o tempo de vida cr istã já deveriam provar al imentos sólidos, entretanto ainda precisam de leite (Hb 5.12). Toda doutr ina, e os pr imeiros rud imentos1 da Palavra de Deus, são como leite espir itual para os que nasceram de novo (Jo 3.3). A l imento sól ido é para aqueles que superaram a infância espir itual. Seu valor como Guia: Segundo o dic ionár io, a palavra guia, dentre outras coisas sign if ica, caderno ou livro, que contém indicações úteis acerca de lugares, horários, roteiros, etc. Ao examinarmos as Escrituras, encontramos o fiel e perfeito roteiro de Deus que a juda-nos alcançar: uma vida plena em Sua presença e um caminho certo para chegarmos às mansões celest iais (Jo 14.6). Quando Deus ret irou o povo de Israel do Egito, para or ientá- los acerca de sua vontade, deu- lhes a Lei, que consist ia em um guia espir itual, moral e pessoal para cada famíl ia de Israel (Dt 4.5,6). A Bíblia é o livro por excelênc ia que nos leva a salvação (At 4.12), nos conduz a uma vida de vitór ia (Rm 8.37), nos ensina a cerca da vida, 1 E lem en to in ic ial; p r inc íp io , começo ; esboço : P r ime i ra s noções; p r i n c í p i o s : 23 or ienta-nos diante das c ircunstânc ias boas ou ruins (Lc 12.22-34). Const itu i-se num guia perfeito para as famíl ias, co locando a ordem de Deus em nossas vidas (Ef 6.1-4); orienta empregados (Ef 6.5-8), patrões (Ef 6.9) e muitos outros assuntos. A Bíblia or ienta-nos quando não sabemos como fazer ( ICo 10.23) e ens ina-nos acerca da vontade de Deus para com nossas v idas (Ef 5.17,18). ̂ Seu valor Espiritual: Os dias de hoje é marcado por uma verdade ira corr ida ao mundo espir itual. Cremos ser um dos sinais da vinda de Cristo. Cabe à Igreja do Senhor aproveitar este momento e d issem ina r1 a Palavra de Deus, só ela tem valor espir itual para estes dias de crise. O Va lor espir itual da Bíblia consiste em ser Al imento do espír ito (Rm 7.22), pão que desceu do céu e que produz vida (Jo 6.58). Nestes dias de indef in ições para muitos a Bíblia viva e ef icaz é como espada que penetra até a divisão da alma e espí r ito discern indo todas as coisas (Hb 4.12). Testi f ica com nosso espír ito confi rmando nossa posição em Cristo (Rm 8.16). Ela produz fé nos corações (Rm 10.17), est imula a crer nas promessas de Deus, e mostra um Senhor fiel e cumpridor de suas palavras (Hb 10.23). O livro dos Salmos registra algo importante acerca do mundo espir itua l (SI 89.48). Este versículo fala do poder do mundo invis ível, e pergunta: " Quem l ivra a sua alma?". 1 S em ea r ou e spa lh a r por mu i ta s par tes: D i f und i r , d i vu lgar , p r opaga r; espalhar : 24 Devemos estar sempre l igados no poder da oração, da fé, do nome de Jesus (Mc 16.17), que nos dá vitór ia sobre este mundo maligno (Ef 6.12). Para muitos a Bíblia não va lor algum (ICo 2.14). Mas o homem espir itual, aquele cujos olhos estão abertos, pode discernir o va lor precioso das Escrituras ( ICo 2.15,16). Apenas o Espírito Santo pode nos levar a compreender o valor espir itual da Palavra de Deus. Jesus declarou acerca disso em João 14.26, Dizendo: "Ele vos ensinará todas as coisas". 25 Questionário Ass ina le com "X" as a lternat ivas corretas 1. A expressão "Bíblia" foi aplicada às Sagradas Escrituras por a)[U João, o apóstolo b ) 0 João Batista c ) D João Calvino d ) H J o ã o Crisóstomo 2. Profeta que Jesus fez menção para confirmar a autenticidade das Escrituras a ) 0 Jonas b)[U Daniel c ) D Miquéias d ) D Naum 3. Quanto às divisões do AT, é incerto dizer que: a )IZ ] A 4a parte são os livros proféticos divididos em: Profetas Maiores e Menores b ) D A 3a parte são os livros que vão de Jó até Cantares de Salomão denominados poéticos c ) 0 A 2a parte são os livros históricos que trazem a revelação da criação d ) D A I a parte é a Lei, que são os cincos primeiros livros da Bíblia, chamados de: O Pentateuco ^ Marque "C" para Certo e "E" para Errado 4.ET1 A arqueologia provou que a escrita não era conhecida antes dos dias de Moisés 5.1C71 A Palavra de Deus, como alimento espiritual, é comparada ao mel e ao leite 26 Unidade Singular A Bíbl ia em sua perfeita unidade, só pode ser expl icada como um perfeito mi lagre de Deus. A maneira como foi escrita sob d iversas c ircunstânc ias e tudo com perfe ição uniforme em mensagem e conteúdo; só pode ser cons iderada como, um livro divino! Ninguém sabe como estes 66 l ivros divinos se encontram num só volume, isto é obra de Deus. Qualquer outra obra l i terária nas c ircunstânc ias da Bíbl ia seria como uma verdade ira Babel (confusão). Num período de quase 16 séculos, os escritores insp irados, v ivendo sob diversas c ircunstânc ias e em lugares dist intos e d istantes (três continentes), escrevendo em duas pr inc ipais l ínguas, trouxeram-nos a revelação de Deus - A B íb l ia . A diversidade de escritores: Deus usou para escrever sua Palavra, homens de at iv idades variadas, razão que encontramos os mais diversos t ipos de l inguagem na Bíblia. Abaixo segue alguns exemplos de escr itores bíbl icos com suas respect ivas ocupações: Nome Profissão/Ocupação Referências Moisés Cientista. . . . .......................................... j At 7.22 Josué Soldado Ex 17.9 Davi Pastor de ovelhas e Rei 2Sm 7.8; 8.15 Salomão Rei e poeta Ec 1.12 Isaías Estadista e profeta Is 6.8 Daniel Ministro do rei Dn 2.49 Zacarias Profeta Zc 1.1 Jeremias Profeta Jr 1.5 27 Amós Boiadeiro e cu lt ivador Am 7.14,15 Ped ro Pescador Mt 4.18 Tiago Pescador Mt 4.21 João Pescador Lc 5.10 Paulo Doutor da lei At 22.3 Muitos outros homens foram usados por Deus para revelar-nos sua Palavra. Apesar da d ivers idade de at iv idades, ao examinarmos os escr itos destes homens, observamos como eles se completam. Na verdade não foram escr itos muitos l ivros, mais sim um só livro, a marav i lhosa Palavra de Deus (SI 119.152). ̂ A diversidade de condições: O Deus Soberano permit iu que sua Palavra fosse escrita em diversas condições, certamente para nos mostrar hoje, que Ele está no controle de tudo. Por exemplo, a Bíbl ia foi escrita: s Na cidade; s Nos desertos como Elias ( l R s 19.4,5); s Nas i lhas como João escreveu (Ap 1.9); s Nas prisões como Paulo escreveu (Fm 1.1). Entretanto a mensagem é uma só: "Como a luz da aurora, que vai br i lhando mais e mais, até ser dia per fe ito" (Pv 4.18), esta perfe ição é exclusiva no l ivro divino - A Bíblia Sagrada. A divers idade de circunstâncias: Desencontradas foram às c i rcunstânc ias em que foram escritos os l ivros da Bíblia. Davi, homem segundo o coração de Deus, escreveu, por exemplo, o Salmo 24, quando trazia a arca de Deus 28 à Jerusalém. Sa lomão certamente escreveu na tranqüi l idade do palácio ( l R s 4.32-34). Josué escreveu após grandes conquistas (Js 24.26). Apesar da divers idade des ituações, a mensagem, a doutr ina e o tema central são um só. e Autor da Bíblia: Nenhum homem, ímpio, justo, piedoso ou mesmo judeu, seria o autor da Bíblia. Certamente estes homens não far iam um livro que fa lasse dos seus fracassos, derrotas, pecados, idolat r ias e rebel iões contra Deus. Deus, verdade iramente é o autor deste livro marav i lhoso e infalível que revela a sa lvação, l ibertação e transformação do homem em uma nova cr iatura (2Co 5.17). As ev idências confi rmam o efeito e a inf luência da Bíbl ia em pessoas e nações. A Palavra de Deus tem in f luenc iado e melhorado o mundo, pelo caráter que molda na vida das pessoas. Muitos dantes incrédulos, ind iferentes, vic iados, idólatras, superst ic iosos, que ace itaram este livro, foram por ele transformados, salvos, l ibertos e santi f icados. Nenhum outro livro tem poder de t rans formar pessoas, lares e nações (At 19.18-19), como a Palavra de Deus. A Mensagem das Escrituras Deus na sua presc iência estabeleceu sua Palavra, de modo que ela abrange o passado, o presente e o futuro. As necess idades dos homens durante todo o tempo, tem sido as mesmas durante sua ex istência na terra. Somente uma palavra atual, poderia supr ir as necess idades humanas. 29 Em Hebreus 4.12, diz que a Palavra de Deus "é viva e e f icaz " , sua mensagem, seu poder, se cumpre a cada dia na vida daque les que a buscam como verdadeiro refúgio em dia de tempestade (cf. Is 32.2). 1. Apresenta Deus como criador e Senhor de tudo. As Escri turas test i f icam da ex istência de Deus e tudo o que Ele fez, faz e fará. Toda a cr iação está sujeita a Ele e depende dEle. O Eterno converge todas as coisas para a sua glória e alegria do seu povo. Vár ios textos confi rmam estes fatos: Gênes is 1.1; Salmos 95.6; 104.30; Isaías 40.26; Efésios 3.9; Apoca l ipse 10.6. 2. Apresenta sem reserva a verdade e a realidade do pecado. Nenhum outro livro tem o poder de revelar o pecado e seu caráter mal igno como a Bíbl ia. Ela não f i losofa sobre o pecado, mas trata-o com clareza e o expõe sem qua lquer reserva, como uma dívida do homem contraída com Deus (Rm 1.18-32; 3.23; 5.12). 3. Apresenta o plano de salvação para o homem. As rel igiões intentam sa lvar o homem pelos seus próprios méritos; entretanto, a salvação só é possível através da solução única apresentada na Bíblia. A redenção humana foi planejada no céu pelo Pai, consumada na terra pelo Fi lho e é oferecida pelo Espír ito Santo (Tt 3.5). Só Deus através de sua poderosa Palavra, mediante o sangue remidor de seu Fi lho pode resgatar o homem da perd ição eterna (At 4.12; Lc 19.10). 30 4. A Bíblia tem mensagem para os nossos dias. A Bíblia def ine os dias de hoje como: dias maus (Ef 5.16), de af l ições, tempos trabalhosos. Temos visto o c lamor do povo e até mesmo da Igreja, face aos acontec imentos mundiais. A pr imeira grande mensagem da Bíbl ia para nós é sobre a fé. A Bíblia é um livro de fé e em suas páginas temos l ições de fé. A fé bíbl ica dissipa todas as coisas: incertezas, dúvidas, temores, angúst ias, depressões, num mundo onde as pessoas andam tateando. A fé vê o invis ível (Hb 11.27). Quando muitos estão ca indo e se prostrando diante das situações, os que têm fé estão de pé (2Co 1.24). Onde encontrar fé num mundo de incredul idade? Na Palavra de Deus! Outra grande mensagem bíbl ica para os dias atuais é a mensagem de revest imento espir itual. Muitas pessoas têm fé, entretanto não estão revestidas. O apóstolo Paulo afirma em Efésios 6.13: "Portanto tomai toda a armadura de Deus". Fé sem revestimento nos traz decepções. Todos os homens de fé que a Bíbl ia registra, precisaram do revestimento de Deus para a peleja (At 7.55). O mundo atual é um mundo vazio. São corações vazios de Deus, e muitas vezes, cheios do diabo. Diz em Romanos 13.14, "Mas revest i -vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenha is cu idado da carne em suas concup iscênc ias" . A fé e o revest imento do Espír ito Santo, portanto, são duas grandes necessidades. Jesus disse aos d isc ípu los "Quando, porém vier o Fi lho do homem, porventura achará fé na terra?" (Lc 18.8). Não esqueça o revest imento que Deus tem para dar ( l T s 5.8). 31 5. A Bíblia tem esperança para nossos dias. Uma outra grande mensagem da Bíblia para nossos dias é sobre a esperança. Deus é Deus de esperança (Rm 15.13), e gostar ia que seus f i lhos fossem cheios de esperança. Vemos, porém o contrár io, vidas desesperadas, sem Deus, estranhos a tudo que é espir itual (Ef 2.12). Esperança é uma dádiva de Deus, que nem todos conhecem. Jeremias, o profeta das lágr imas disse: "Bom é ter esperança, e aguardar em si lêncio a sa lvação do Senhor" (Lm 3.26). Esperança é motivo de alegria na vida daque les que a têm. A esperança produz uma série de bênçãos (Jr 17.7,8). O mundo necessita de mensagens de esperança. Sem ela o mundo tem vivido em constantes sofr imentos ( l T s 4.13). Cabe, portanto à Igreja, portadora dessa mensagem, divulgá- la com todos os recursos possíveis, pois esperança é uma das virtudes que permanecem ( ICo 13.13); é algo que incentiva a viver na presença de Deus, esperança para os salvos é vida, é regeneração. Fomos regenerados para uma viva esperança ( IPe 1.3). Esperança precisa ser expl icada àqueles que procuram saber sua razão de viver. A esperança dos salvos tem uma razão ( IPe 3.15), que leva-nos a v iver uma vida de santi f i cação na presença do Senhor, esperando-o a cada dia ( l J o 3.3), pac ientemente como o lavrador espera pelos frutos. Final izando, podemos entender que a vida eterna em Cristo Jesus, torna-se o maior resultado de esperança na vida do cr istão (Tt 1.2). 32 6. A Bíblia tem salvação para os nossos dias. O que mais precisa o mundo moderno? Temos uma visão que em quase todas as áreas da vida humana tem havido progresso tecnológ ico, c ientí f ico e humano. Entretanto, na área moral, pessoal, social, fami l iar e outras, o homem necess ita de salvação. E sa lvação é com a Palavra de Deus. Não vamos encontrar outro livro que nos mostre de maneira tão s imples e clara tudo o que prec isamos para nos tornar salvos. A Bíbl ia nos mostra que a salvação é um ato de fé (Ef 2.8), da parte do homem, e um ato da graça part ido de Deus. Em suma, o homem por meio da fé, Deus o encontra com a graça (At 16.31). Precisamos test i f icar àqueles que estão próximo de nós que a sa lvação é necessária nos dias de hoje. Salvação é uma palavra abrangente, pois quando somos salvos, sent imo-nos seguros em Deus (SI 91.1) de todo o poder do pecado contra nossas v idas (Rm 6.14), somos resgatados acima de tudo das garras do diabo. Em Atos 26.18, diz que o Senhor Jesus nos livrou do poder de Satanás, e nos converteu a Deus. Tal experiênc ia tem acontec ido hoje, em nossos dias com milhares de vidas, que, dantes presas, agora l ibertas em Cristo Jesus, foram l ivres do presente século mal, segundo a vontade de Deus, nosso Pai (Gl 1.4). 7. Salvação abrange também o futuro. A Bíblia nos fala sobre a ira vindoura, quando Deus ju lgará os atos dos homens d isso lutos e maus que desprezam sua sa lvação em Cristo (Rm 2.5), e sa lvando de maneira glor iosa e poderosa, todos aqueles que em Cristo f izeram confissão de sua fé em Deus (Rm 10.10). 33 Esta sa lvação final é descrita na carta aos Romanos, capí tulo 8 quando Paulo diz: Porque sabemos que toda a cr iação geme e está juntamente com dores de parto até agora, e cont inuando afirma que não somente a criação, mas todos nós que temos as pr imíc ias do Espírito, também gememos esperando a redenção do nosso corpo. Esta redenção final se dará no arrebatamento da Igreja, quando seremos transformados à semelhança do corpo de Jesus (Fp 3.21), e es taremos para sempre como o Senhor. 8. A Bíblia tem santificação para nossos dias. A sant i f i cação bíbl ica é um dos aspectos de nossa sa lvação em Jesus Cristo. É descritana Bíblia não como um mandamento apenas, mas sim como a vontade de Deus ( l T s 4.3). Sant i f icação tem estado nos propósitos eternos de Deus. Paulo af irma em Efésios 1.4, que antes da fundação do mundo, Deus planejou nossa sant i f i cação. Sant i f icação é coisa tão séria, que o escr itor aos Hebreus escreve numa l inguagem clara e fácil: "Sem sant i f icação, n inguém verá o Senho r " (Hb 12.14). Assim sendo, quando o povo de Deus se reúne, Deus nos vê como uma congregação de sant i f i cados, que desejam cada dia mais e mais de seu Pai Celest ial (Mt 6.9). A vida do povo de Deus é uma vida de sant i f i cados, pois a todo o momento esperam a volta do Senhor Jesus (Fp 4.5). Infel izmente, hoje, muitos têm desprezado a santi f icação. Cremos ser isto uma investida do inimigo na vida do povo de Deus. A falta de sant i f icação muito tem atrapa lhado a operação de Deus no meio do seu povo (Js 3.5). 34 A sant i f icação começa no interior do crente. É obra do Espírito Santo, que deseja nos preparar a cada dia para o arrebatamento da Igreja ( l T s 5.23). A Inerrância das Escrituras Inerrância não signif ica que os escr itores eram infalíveis, mas que seus escritos foram preservados de erros. Inerrância sign if ica que a verdade é transmit ida em palavras entendidas no sent ido que foram empregadas, não expressava erro algum. O conceito de inerrânc ia das Escr ituras contraria alguns cr ít icos modernos que não acei tam a in fal ib i l idade das Escrituras. Tais cr ít icos ju lgam haver erros nas Escr ituras em razão de encontrarem nelas palavras d ivinas e humanas. Para nós que cremos na inspiração plena das Escri turas estamos convictos que as d i f i cu ldades nela encontradas não representam erros e, gera lmente, são expl i cadas pelos textos paralelos encontrados em toda a Bíbl ia. A verdade div ina revelada nas Escr ituras é apresentada de modo expl íc ito, certo e transparente. 0 ensino genuíno das Escrituras não tem d isc repânc ias1 doutr inár ias; é único em todo o mundo e adaptável a qua lquer cultura (Jo 17.17; lR s 17.24; SI 119.142,151; Pv 22.21). A infal ibil idade das Escrituras. As Escri turas é a infal ível Palavra de Deus. A sua in fa l ib i l idade tem sido alvo de muita contestação, espec ia lmente entre os chamados " rac iona l i s tas" que idolatram a razão humana, sem 1 Desaco rdos , d i ve rgênc ia s , d i s có rd ia s . 35 perceberem que ela é falha, af i rmam que o rac ional ismo cientí f ico, com seus métodos de estudo e pesquisa, será capaz de anal isar e responder todas as indagações do homem. Porém, são completamente l imitados quando ana l isam coisas espir ituais, além da matéria. A ciência é incapaz de estudar e lementos que não são pesados ou medidos, como a alma humana. Portanto, o poder sobrenatura l das Escri turas não pode ser anal isado em laboratório, porque se refere a algo espir itual. A autoridade divina e humana das Escrituras. Ind iscut ive lmente a Bíbl ia tem dupla autoridade. A autor idade divina é demonstrada pela in fal ib i l idade das Escrituras, uma vez que elas têm origem em Deus e é a expressão de sua mente. A autor idade humana é reconhec ida pelo fato de Deus ter escolh ido pelo menos 40 homens, os quais receberam a sua Palavra e a transmit iram na forma escrita. Teorias Evangélicas de Inerrância Pos ição : Inerrância Limitada f Proponente : Daniel Ful ler, Stephen Davis e Wil l iam Lasor. ^ Formulação do con ce i to : A Bíbl ia é inerrante somente em seus ens inos doutr inár ios salví f icos. A Bíbl ia não foi cr iada para ens inar ciência ou história, nem Deus revelou questões de histórias a compreensão da sua cultura e, portanto, pode conter erros. 36 Pos ição : Inerrância Plena t Proponente: Harold Lindsel l , Roger Nicole e Mil lard Erickson. Formulação do conce ito : A Bíbl ia é p lenamente veraz em tudo o que ensina e afirma. Isso se estende tanto à área da história quanto da ciência. Não signif ica que a Bíblia tem o propósito primário de apresentar informações exatas acerca de história e ciência. Portanto, o uso de expressões populares, aprox imações e l inguagens fenomênicas são reconhecidos e entend idos no sentido de cumpr ir com o requisi to da verac idade. Ass im sendo, as aparentes d iscrepânc ias podem e devem ser harmonizadas. P os ição : Irrelevânc ia da Inerrância t Proponente : David Hubbard Formulação do con ce i to : A inerrância é substanc ia lmente irrelevante por várias razões: x A inerrância é um conceito negativo. A nossa concepção da Escritura deve ser positiva; x A inerrância não é um conceito bíblico; x Na Escritura, erro é uma questão espir itual ou moral, e não intelectual; x A inerrância concentra a nossa atenção nos detalhes, e não nas questões essencia is da Escritura; x A inerrância impede uma aval iação honesta das Escrituras; x A inerrância produz desun ião na Igreja. 37 ^ Pos ição : Inerrância de Propósito í P roponente : Jack Rogers e James Orr ^ Formulação do con ce i to : A Bíblia é isenta de erros no sentido de concret izar o seu propósito primário de levar as pessoas a uma comunhão pessoal com Cristo. Portanto, a Escritura é verdade ira ( inerrante) somente na medida em que real iza o seu propósito fundamenta l, e não por ser factual ou precisa naqui lo que assevera. (Esta concepção é semelhante à Irre levância da Inerrância , a próxima abordagem). 38 Questionário ^ Ass ina le com "X" as a l ternat ivas corretas 6. Quanto aos homens de at ividades variadas que Deus usou-os na escrita de sua Palavra, é incerto dizer que a)[H Paulo era doutor da lei b ) 0 Ageu era boiadeiro e cult ivador c ) D Pedro, Tiago e João eram pescadores d ) ^ Moisés era um cientista e Josué um soldado 7. É incorreto dizer que a esperança é a )[Z I Algo que incentiva a vivermos na presença de Deus b ) D É vida para os salvos - é regeneração c)ED Uma das virtudes que permanecem d)[7] Uma dádiva de Deus que todos conhecem 8. Teoria de inerrância que afirma em ser a Bíblia inerrante somente em seus ensinos doutrinários salvíficos a)CH Inerrância Plena b)[x] Inerrância Limitada c ) D Inerrância de Propósito d ) 1ZZI Irrelevância da Inerrância /<? Marque "C" para Certo e "E" para Errado A Bíblia nos mostra que a salvação é um ato de fé da parte do homem e um ato da graça partido de Deus 1 0 . m A ciência é capaz de estudar elementos que não são pesados ou medidos, como a alma humana 39 Lição 2 O Cânon da Bíblia Quais são os escritos pertencentes à Bíblia? Que di remos dos chamados: Livros ausentes? Como foi que a Bíblia veio a ser composta de 66 l ivros? Essa é a questão do cânon das Escrituras, que pode ser def in ido da seguinte maneira: Cânon ou Escr ituras Canônicas é a coleção completa dos l ivros d iv inamente inspirados, que const ituem a Bíblia. Esse assunto int i tula-se canonic idade. Trata- se do segundo grande elo da corrente que vem de Deus até nós. A inspi ração é o meio pelo qual a Bíblia recebeu sua autor idade; a canon ização é o processo pelo qual a Bíbl ia recebeu sua ace i tação def init iva. Uma coisa é o profeta receber uma mensagem da parte de Deus, bem di ferente é tal mensagem ser reconhecida pelo povo de Deus. Canonic idade é o estudo que trata do reconhec imento e da compi lação dos que nos foram dados por inspi ração de Deus. Não devemos subes t imar1 a importância dessa questão. As 1 Não da r a dev i da es t ima, ap reço , va lo r , a; não te r em g ran de conta; de sd enha r . 41 palavras das Escrituras são as palavras pelas quais nutr imos nossa vida espir itual. Portanto, re af i rmamos o comentár io de Moisés ao povo de Israel a respeito da lei de Deus: "Porque esta pa lavra não é para vós outros, coisa vã; antes, é a vossa vida; e, po r esta mesma pa lavra, pro longare is os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para possu í- la ”(Dt 32.47). Aumentar ou d im inu ir as palavras de Deus impedir ia o seu povo de obedecer- lhe plenamente, pois as ordens ret iradas não ser iam conhecidas pelo povo, e as palavras acrescentadas poderiam ex igi r das pessoas coisas que Deus não ordenou. Por isso, Moisés advert iu o povo de Israel: "Nada acrescentare is à pa lavra que vos mando, nem diminu ire is dela, para que guarde is os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando" (Dt 4.2). A determinação precisa da extensão do cânon das Escrituras é, portanto, de extrema importância. Para que possamos confiar em Deus e obedecer a Ele, prec isamos de uma coleção de palavras sobre as quais temos certeza ser as pa lavras do próprio Deus para nós. Se houver qua lquer trecho das Escr ituras sobre os quais tenhamos dúvidas, não vamos acei tar que tenham autor idade div ina absoluta nem conf iar nelas na mesma medida em que confiamos no próprio Deus. O Termo "Cânon" O termo "cânon" é proveniente do grego, no qual kanon s ign if ica cana, regra, lista - um padrão de medida, que por sua vez, se origina do hebraico kaneh, palavra do Ant igo Testamento que signi f ica "vara ou cana de medir" (Ez 40.3). 42 Em época anterior ao cr is t ian ismo, essa palavra era usada de modo mais amplo, com o sent ido de padrão ou norma além de cana ou unidade de medida. Com relação à Bíbl ia, diz respeito aos l ivros que estavam de acordo com o padrão e foram dignos de inclusão. Desde o século IV, o vocábulo kanon é usado pelos cr is tãos para ind icar uma lista autoritár ia de l ivros que pertencem ao Ant igo ou ao Novo Testamento. No sent ido rel igioso, cânon não signi f ica aqui lo que mede, mas aqui lo que serve de norma, regra. Com este sentido, a palavra cânon aparece no original em vários lugares do Novo Testamento (GI 6.16; 2Co 10.13,15; Fp 3.16). A Bíblia, como o cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos l ivros da Bíblia que são canônicos para di ferençá- los dos apócri fos. O emprego do termo cânon foi pr ime iramente apl icado aos l ivros da Bíbl ia por Orígenes (185-254 d.C.). A Canonicidade é Determinada Pela Inspiração Os l ivros da Bíblia são cons iderados val iosos porque provieram de Deus - fonte de todo bem. O processo mediante o qual Deus nos concede sua revelação chama-se inspiração. E a inspi ração de Deus num l ivro que determina sua canonic idade. Deus dá autor idade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam; revela, e seu povo reconhece o que o Ele revelou. A canon ic idade é determinada por Deus e descoberta pelos homens de Deus. A Bíbl ia constitui o "cânon", ou "med ida" pela qual tudo mais deve ser 43 medido e aval iado pelo fato de ter autor idade conced ida por Deus. Sejam quais forem as medidas (i.e., os cânones) usadas pela Igreja para descobri r com exat idão que l ivros possuem essa autor idade canônica ou normativa, não se deve dizer que "determ inam" a canonic idade dos livros. Dizer que o povo de Deus, mediante qua isquer regras de reconhec imento, "determina" que l ivros são autor izados por inspi ração de Deus só confunde a questão. Só Deus pode conceder a um livro autor idade absoluta e, por isso mesmo, canon ic idade divina. Veja abaixo dois sentidos importantes: ■s O sentido primário da palavra cânon apl icado às Escrituras é apl icado na acepção at iva, i.e., a Bíbl ia é a norma que governa a fé. s O sentido secundário, segundo o qual um livro é ju lgado por certos cânones e é reconhec ido como inspirado (o sent ido passivo), não deve ser confundido com a determinação divina da canonic idade. Só a inspi ração divina determina a autor idade de um livro, i.e., se ele é canônico, de natureza normativa. O Surgimento do Cânon A doutr ina da inspi ração bíbl ica foi completamente desenvolv ida apenas nas páginas do Novo Testamento. Mas, muito antes disso, já encontramos na história de Israel certos escritos reconhec idos como autor idade divina e como regra escrita de fé e conduta para o povo de Deus. Ident i f icamos isso na resposta do povo, quando Moisés leu para eles o l ivro do concerto (Ex 34.7), ou quando o livro da Lei, achado por Hi lquias, 44 foi lido primeiro para o rei e depois para a congregação (2Rs 22-23; 2Cr 34), ou ainda quando Esdras leu o Livro da Lei para o povo (Ne 8.9,14-17; 10.28-39; 13.1-3). Os escr itos em questão são uma parte do Pentateuco ou ele todo - no pr imeiro caso, provavelmente uma parte bem pequena do Êxodo, capítulos 20 a 23. O Pentateuco é tratado com a mesma reverência em Josué 1.7,8; 8.31 e 23.6-8; IRe is 2.3; 2Reis 14.6 e 17.37; Osé ias 8.12; Daniel 9.11,13; Esdras 3.2,4; lC rôn ica s 16.40, 2Crôn icas 17.9; 23.18; 30.5,18; 31.3 e 35.26. Cânon do Antigo Testamento Onde surgiu a idéia do cânon - a idéia de que o povo de Deus deve preservar uma co leção de palavras escr itas de Deus? A própria Bíbl ia dá testemunho do desenvo lv imento histórico do cânon. A coleção mais antiga das palavras de Deus é os Dez Mandamentos. Portanto, const ituem o início do cânon bíblico. O próprio Deus escreveu sobre duas tábuas de pedra as palavras que Ele ordenou ao seu povo (Êx 32.16; cf. Dt 4.13; 10.4). As tábuas foram depos itadas na Arca da Al iança (Dt 10.5) e constitu íam os termos do pacto entre Deus e seu povo. Nem todos os escritores dos l ivros do AT eram profetas, no sent ido estr ito da palavra. A lguns eram reis e sábios. Mas, as exper iênc ias da inspiração que t iveram, fez com que seus escritos também encontrassem um lugar no cânon. A inspi ração dos sa lm istas é menc ionada em 2Samuel 23.1-3 e lC rôn ic a s 25.1, e a dos 45 sábios, em Ec iesiastes 12.11,12. Note também as revelações feitas por Deus no l ivro de Jó (Jó 38.1; 40.6) e a inferência exarada1 em Provérbios 8.1-9.6, indicando que o livro de Provérb ios é obra da Sabedoria divina. Na época patr iarcal, a revelação divina era t ransmit ida escrita e oralmente. A escrita já era conhec ida na Palest ina, sécu los antes de Moisés; a arqueolog ia tem provado isto, inc lusive tem encontrado inúmeras inscrições, placas, s ine tes2 e documentos antedi luv ianos. O cânon do Antigo Testamento como temos atualmente, ficou completo desde o tempo de Esdras, após 445 a.C. Entre os judeus, tem ele três divisões, as quais Jesus citou em Lucas 24.44: Lei, Profetas, Escritos. A divisão dos l ivros no cânon hebraico é d iferente da nossa. Consiste em 24 l ivros em vez dos nossos 39, isto porque é cons iderado um só livro cada grupo dos seguintes: Os dois de Samuel 1 Os dois de Reis 1 Os dois de Crônicas 1 Esdras e Neemias 1 Os doze Profetas Menores 1 Os demais l ivros do Ant igo Testamento 19 Total 24 A disposição ou ordem dos livros no cânon hebraico é também diferente da nossa. Damos a seguir essa disposição dentro da tr ípl ice divisão do cânon, já mencionada (Lei, Profetas, Escritos). ‘ C o n s i g na r ou r eg i s t r a r por esc r i to ; l avrar . 2 Utens í l i o g ra vado em al to ou ba ix o - r e le vo . 46 Divisão Qtdade Livros Lei 5 s Gênesis; s Êxodo; s Levítico; V Números; s Deuteronômio. Profetas 8 Divididos em : Primeiros Profetas: s Josué; ^Juizes; ^Samuel; s Reis. Últimos Profetas: s Isaías; s Jeremias; S Ezequiel; s Os Doze Profetas Menores. Escritos 11 Divididos em : Livros Poét icos: ^Salmos; ^Provérbios; s Jó. Os Cinco Rolos: ^Cantares; s Rute; s Lamentações; s Eclesiastes; s Ester. Livros Históricos: s Daniel; ^Esdras e Neemias; ^Crônicas. 47 Os Cinco Rolos eram ass im chamados por serem separados, l idos anua lmente em festas dist intas: 0 Cantares, na Páscoa, em a lusão ao êxodo. § Rute, no Pentecostes, na Celebração da Colheita, em seu início. § Ester, na Festa do Purim, comemorando o l ivramento de Israel da mão do mau Hamã. ü Eclesiastes, na Festa dos Tabernácu los - festa de gratidão pela colheita. § Lamentações, no mês de abibe, re lembrandoa destru ição de Jerusa lém pelos babi lónicos. No cânon hebra ico também os l ivros não estão em ordem cronológica. Os judeus não se preocupavam com um sistema cronológico. Também pode haver nisto um plano divino. A nossa divisão em 39 l ivros vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina. A Septuag inta foi a primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico para o grego cerca de 285 a.C. Também a ordem dos l ivros por assuntos, do formato da Bíbl ia atual, vem dessa famosa tradução. Jesus em Lucas 24.44, Ele chamou "Sa lmos" à última divisão do cânon hebraico, certamente porque esse l ivro era o pr imeiro dessa divisão. Segundo a nossa divisão, o AT começa com Gênes is e termina em Malaqu ias, porém, segundo a divisão do cânon hebraico, o pr imeiro livro é Gênesis e o últ imo é I e II Crônicas. Isto é visto c laramente nas palavras de Jesus em Mateus 23.35 - o caso de Abel está em Gênes is e o do f i lho de Baraquias está em Crônicas. 48 * A formação canônica do Antigo Testamento. O cânon no Ant igo Testamento foi fo rmado num espaço aprox imado de 1046 anos - de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as pr imeiras pa lavras do Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o últ imo escr itor na formação canônica do AT; os ú lt imos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo com os escritos históricos, ele como escriba e sacerdote reuniu os rolos canônicos, f icando o cânon encerrado em seu tempo. A chamada Alta Crítica tem feito uma devastação com seu modern ismo e suas contrad ições no que concerne à formação, fontes de autent ic idade do cânon, espec ia lmente do Ant igo Testamento, muti lando quase todos os seus livros. s Alta Crítica é a discussão das datas e da autoria dos livros. Ela estuda a Bíblia do lado de fora, externamente, baseada apenas em fontes do conhec imento humano. s Por outro ângulo, a Critica Textual , também conhec ida por Baixa Crítica, estuda somente o texto bíbl ico, e, ao lado da arqueolog ia, vem alcançando um progresso val ioso, posto à disposição do estudante das Escrituras. Por exemplo, a teoria de que a escrita era desconhec ida nos dias de Moisés já foi destru ída. E de ano em ano, aumentam os achados nas terras bíbl icas, ev idenc iando e comprovando as narrat ivas e fatos do Ant igo Testamento. Mediante tais provas i r re fu táve is1, os homens estão respei tando mais às Sagradas Escrituras! Toda a Bíbl ia vem sendo confi rmada pela 1 Que não se pode refu tar ; e v i den te , i r r ecusáve l , inc on te s tá ve l . 49 pá do arqueólogo e pelos eruditos em ant igu idades bíblicas. Coisas que pareciam as mais incr íveis são hoje acei tas por todos, sem objeções. t3r A formação gradual do cânon. Houve, or ig ina lmente, a transmissão oral, como se vê em Jó 15.18. O livro de Jó é t ido como o mais antigo da Bíblia. Mostraremos a segu ir a seqüênc ia da formação gradual do cânon do Ant igo Testamento. Convém ter em mente aqui que toda cronologia bíblica é apenas aprox imada. Já o Novo Testamento há precisão de muitos casos. Essa cronologia vai sendo atual izada à medida que os estudos avançam e a arqueolog ia fornece informe o f ic ia l . 1. Moisés (cerca de 1491 a.C.). Começou a escrever o Pentateuco, conc lu indo-o por volta de 1451 a.C. (Nm 33.2). Mais textos relacionados com Moisés e sua escrita do Pentateuco: Êxodo 17.14; 24.4,7; 34.27. As partes do Pentateuco anter iores a Moisés, como o relato da Criação, todo o livro de Gênes is e parte de Êxodo, ele escreveu, ou lançando mão de fontes ex istentes (ver Gn 2.4; 5.1), ou por revelação divina. Gênes is 26.5 dá a entender que nesse tempo já havia " mandamentos , prece i tos e estatutos" escritos. A lgumas passagens do Pentateuco foram acrescentadas posteriormente, como: Êxodo 11.3; 16.35; Deuteronômio 34.1-12; 2. Josué. Sucessor de Moisés (1443 a.C.), escreveu uma obra que colocou perante o Senhor (Js 24.26); 50 3. S a m u e l (1095 a .C.), o últ imo ju iz e também profeta do Senhor, escreveu, pondo seus escritos perante o Senhor (ISm 10.25). Certamente "perante o Senhor" s ign if ica que seus escritos foram depos itados na Arca do Concerto com os demais escr itos sagrados (Êx 25.21); 4. Isaías (770 a .C.) fala do "Livro do Senho r " (Is 34.16), e "pa lavras do l ivro" (Is 29.18). São referências às Escr ituras na sua formação; 5. Em 726 a.C. os Salmos já eram cantados (2Cr 29.30). O fato aí registrado teve lugar nesse tempo; 6. Jeremias, cuja chamada deu-se em 626 a .C., registrou a revelação divina (Jr 30.1,2). Tal l ivro foi que imado pelo rei Joaquim, em 607 a .C., porém, Deus ordenou que Jeremias preparasse um novo rolo, o que foi feito mediante seu am anuense1 Baruque (Jr 36.1,2,28,32; 45.1); 7. No tempo do rei Jos ias (621 a .C.), Hilquias achou o "Livro da Lei" (2Rs 22.8-10); 8. Daniel (553 a .C.) refere-se aos " l i v ros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados das Escr ituras de então; 9. Zacarias (520 a .C.) declara que os profetas que o precederam falaram da parte do Espír ito Santo (Zc 7.12). Não há aqui referência direta a escritos, mas há inferência. Zacar ias foi o penúlt imo profeta do Antigo Testamento. 1 E sc reven te , cop i s ta . Fu n c io ná r i o púb l i c o de c on d iç ão modes ta que faz ia a c o r r e sp o n d ên c i a e cop i ava ou r eg i s t r ava do cumen tos . 51 10. Neemias, (445 a .C.), achou o livro das genea log ias dos judeus que já haviam regressado do exíl io (Ne 7.5); certamente havia outros livros; 11. Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava sendo escrito (Et 9.32); 12. Esdras. Contemporâneo de Neemias e foi hábil escriba da lei de Moisés, e leu o livro do Senhor para os judeus já estabe lec idos na Palest ina, de regresso do cativeiro bab i lón ico (Ne 8.1-5). Conforme 2Macabeus e outros escr itos judaicos, Esdras presidiu a chamada "Grande S inagoga " , que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando, dessa maneira, o cânon das Escr ituras do AT (cf. Ed 7.10-14). y Uma Grande Sinagoga era um conselho composto de 120 membros que se diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410 a .C., sob a presidência de Esdras. Essa entidade reorganizou a vida rel igiosa nacional dos repatr iados e, mais tarde, deu origem ao S inédr io1, cerca de 275 a .C. A Esdras é atr ibuída a tr ípl ice div isão do cânon, já estudada. Foi nesse tempo, que os samar itanos foram expulsos da comunidade juda ica (Ne 13) levando consigo o Pentateuco, que é até hoje a Bíbl ia dos samaritanos. Isto prova que o Pentateuco era escrito canônico; 13. Encontramos profeta c itando outro profeta, do que se infere haver mensagem escrita (Cf. Miquéias 4.1-3 com Isaías 2.2-4.); 1 O su p r em o t r ibuna l dos judeus . 52 14. Filo, escritor de Alexandr ia (30 a.C. - 50 d.C.) possuía todo o cânon do Ant igo Testamento. Em seus escr itos ele cita quase todo o Ant igo Testamento; 15. Josefo, o historiador judeu (37-100 d.C.), contemporâneo de Paulo, diz, escrevendo aos judeus, no livro " Contra Appion"\ "Nós temos apenas 22 livros, contando a história de todo o tempo; l ivros em que nós cremos, ou segundo se d izem , l ivros ace i tos como divinos". Desde os dias de Artaxerxes ninguém se aventurou a acrescentar, t irar ou a lterar uma única sílaba. Faz "parte de cada judeu, desde que nasce cons iderar estas Escri turas como ens inos de Deus". Josefo era um homem culto, judeu or todoxo de l inhagem sacerdota l, governou a Gal i lé ia e foi comandante mil i tar nas guerras contra Roma. Presenciou a queda de Jerusalém. Foi levado a Roma, onde se dedicou a escritos l i terários. Ora, o Artaxerxes que ele menciona é o chamado Longímano, que reinou de 465-424 a.C. Isso co inc ide com o tempo de Esdras e confirma as dec larações de outras peças da l iteratura juda ica que ensinam ter Esdras presid ido a Grande Sinagoga que se lec ionou e preservouos rolos sagrados para a posterior idade. Josefo conta os l ivros do AT como 22 porque considera Ju izes e Rute como 1 (um) livro; Jeremias e Lamentações também. Isto, para co inc id ir com o número de letras do a lfabeto hebraico: "22"; 53 16. Nos dias do Senhor, esse livro chamava-se Escr ituras (Mt 26.54; Lc 24.27,45; Jo 5.39), com as suas três conhec idas divisões: Lei, Profetas, Salmos (Lc 24.44). Era também chamada "A Palavra de Deus" (Mc 7.13; Jo 10.34,35). Note bem este t í tulo apl icado pelo próprio Senhor Jesus! Outro fato notável é a c itação feita por Jesus em Mateus 23.35 que autentica todo o Antigo Testamento! 17. Os escritores do Novo Testamento reconhecem como canônicos os l ivros do Ant igo Testamento, pois este é am iúde1 citado naquele, havendo cerca de 300 referências d iretas e indiretas. Os escr itores do NT referem-se ao cânon do AT como sendo oráculos divinos (cf. Rm 3.2; 2Tm 3.16 e Hb 5.12). Cremos que, começando por Moisés, à proporção que os l ivros iam sendo escritos, eram postos no tabernáculo , junto ao grupo de livros sagrados. Esdras como já disse, após a volta do cativeiro, reuniu os diversos l ivros e os colocou em ordem, como coleção completa. Destes or ig inais eram feitas cópias para as s inagogas largamente d isseminadas. Data do reconhecimento e f ixação do cânon do Antigo Testamento. Em 90 d.C. em Jâmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num concí l io sob a presidência de Johanan Ben Zakai, reconheceram e f ixaram o cânon do Ant igo Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, espec ia lmente dos "Escritos". Note- se, porém que o traba lho desse concí l io foi apenas 1 R epe t id a s vezes; r epe t i d am en te ; f r e q üen tem en te ; a miúdo. 54 ra t i f i car1 aqui lo que já era aceito por todos os judeus através de séculos. Jâmnia, após a destru ição de Jerusalém (70 d.C.) tornou-se a sede do Sinédrio. Livros desaparecidos, citados no texto do Antigo Testamento. Notemos que a Bíblia faz referência a l ivros até agora desaparec idos (cf. Nm 21.14; Js 10.13 com 2Sm 1.18; IRe 11.41; l C r 27.24; 29.29; 2Cr 9.29; 12.15; 13.22; 33.19). São casos cujo segredo só Deus conhece. Ta lvez um dia eles venham à luz como o MSS de Qumran, Mar Morto, em 1947. Questionário ^ Ass inale com "X" as a l ternat ivas corretas 1. Cânon ou Escrituras canônicas é a a ) S Coleção completa dos livros divinamente inspirados, que constituem a Bíblia b ) D Coleção completa dos livros divinamente inspirados, que constituem a Lei, os Profetas e os Escritos c ) D Parte da Bíblia composta pelos livros do NT d)[Zl Parte da Bíblia composta pelos livros do AT 2. Os Cinco Rolos eram compostos de: a ) D La mentações, Neemias, Esdras, Salmos e Eclesiastes b ) D Salmos, Neemias, Esdras, Provérbios e Jó c)|E] Cantares de Salomão, Rute, Ester, Eclesiastes e Lamentações d ) D Eclesiastes, Jó, Rute, Provérbios e Ester 1 C on f i r m a r ou r e a f i rm a r o que foi di to. 55 3. Discute as datas e a autoria dos livros, baseando-se apenas em fontes do conhecimento humano a ) 0 Alta Crítica b ) 0 Baixa Crítica c ) D Critica Textual d)[H Critica Execrável S? Marque "C " para Cer to e "E" para Er rado 4. \£\ No sentido religioso, cânon significa aquilo que mede, não aquilo que serve de norma, regra 5. 0 Em 90 d.C. em Jâmnia que reconheceram e fixaram o cânon do Antigo Testamento 56 Cânon do Novo Testamento Semelhante ao AT, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os l ivros que compõem o cânon do Novo Testamento. Sua fo rmação levou apenas duas gerações: quase 100 anos. Em 100 d .C. todos os l ivros do NT estavam escritos. O que demorou foi o reconhecimento canônico, isto motivado pelo cu idado e esc rúpu lo1 das igrejas de então, que exigia provas conc ludentes2 da inspi ração divina de cada um desses livros. Outra coisa que motivou a demora na canonização foi o surg imento de escritos heréticos e espúr ios3 com pretensão de autor idade apostól ica. Trata-se dos l ivros apócr i fos do Novo Testamento, fato idêntico ao acontec ido nos tempos derradei ros do cânon do Ant igo Testamento. Há também l ivros mencionados no NT até agora desaparec idos ( ICo 5.9; Cl 4.16). A ordem dos 27 l ivros do NT, como é atualmente em nossas Bíbl ias, vem da Vulgata, e não leva em conta a seqüênc ia cronológica. 'v' As Epístolas Paulinas. Foram os pr imeiros escritos no Novo Testamento. São 13: de Romanos a Fi lemom. Foram escritas entre 52 e 67 d .C. Pela ordem cronológ ica, o primeiro livro do Novo Testamento é ITessa lon icenses , escrito em 52 d .C. 2T imóteo foi escrita em 67 d.C pouco antes do martír io do apóstolo Paulo em Roma. 1 Hes i t aç ão ou dúv ida de con sc iên c ia ; in qu ie ta ção de 1'onsciência; remorso . •'Que conc lu i , ou m e re ce fé; t e rm ina n te , ca t egó r i c o . 'Nã o genu íno; supos to , h ip o t é t i c o . 57 Esses l ivros foram também os pr imeiros acei tos como canônicos. Pedro chama os escr itos de Paulo de "Escr ituras" - t í tulo apl icado somente à palavra inspirada de Deus! (2Pe 3.15,16). Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63 d .C., no fim dos dois anos da primeira prisão de Paulo em Roma (At 28.30). Os Evangelhos. Estes, a pr inc ípio, foram propagados oralmente. Não havia perigos de enganos e esquec imento porque era o Espír ito Santo quem lembrava tudo e Ele é infal ível (Jo 14.26). Os Sinópt icos foram escr itos entre 60 a 65 d .C. João foi escrito em 85 d .C. Entre Lucas e João foram escr itas quase todas as epístolas. Note-se que Paulo chama Mateus e Lucas de "Escr ituras" ao citá- los em IT imóteo 5.18. As Epístolas, de Hebreus a Judas, forajln escr itas entre 68 e 90 d .C. O Apocal ipse. Foi escrito em 96 d .C., durante o governo do imperador Domiciano. Muitos l ivros antes de serem f ina lmente reconhec idos como canôn icos foram duramente debatidos. Houve muita relutância quanto às epístolas de Pedro, João e Judas bem como quanto ao Apocal ipse. Tudo isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a responsabi l idade que envolv ia a canonização. Antes do ano 400 d .C., todos os l ivros estavam aceitos. Em 367, Atanásio , patr iarca de Alexandr ia, publ icou uma lista dos 27 l ivros canônicos, os mesmos que hoje possuímos; essa l ista foi aceita pelo Concí l io de Hipona (Áfr ica) em 393. 58 '-‘r Dsta do reconhecimento e f ixação do cânon do Novo Testamento. Isso ocorreu no III Conc í l io de Cartago, em 397 d.C. Nessa ocasião, foi def in it ivamente reconhecido e f ixado o cânon do Novo Testamento. Como se vê, houve um amadurec imento de 400 anos. Ijr A necessidade da mensagem escrita do Novo Testamento. A mensagem da Nova A l iança precisava ter forma escrita como a da Antiga. Após a ascensão do Senhor Jesus, os apóstolos pregaram por toda parte sem haver nada escrito. Suas Bíb l ias era o Ant igo Testamento. Ao decorrer do tempo, o grupo de apóstolos d iminuiu. O Evangelho espa lhou-se. Surge então a necess idade de reduzir a forma escrita, para ser t ransmit ido às gerações futuras. Era o plano de Deus em marcha. Muitas igrejas e ind iv íduos pediam expl icações acerca de casos dif íceis surg idos por perturbações, falsas doutr inas, problemas internos, etc. (cf. ICo 1.11; 5.1; 7.1). Os judeus cumpriram sua missão de transmit i r ao mundo os oráculos divinos (Rm 3.2). A Igreja também cumpr iu sua parte, t ransmit indo as palavras e ens inos do Senhor Jesus, bem como as que Ele, pelo Espír ito Santo inspirou aos escritores sacros. Jesus disse: " Tenho muito que vos dizer... mas o Espír ito de verdade... dirá tudo o que t iver ouvido e vos anunc iará o que há de vir" (Jo 16.12,13). 59 «■ Testemunhas importantes. Dão testemunho da ex istênc ia de l ivros do Novo Testamento, em seu tempo, os seguintes cr istãos primit ivos, cujas v idas co inc id iram com asdos apóstolos ou com os d isc ípu los destes: t Clemente de Roma, na sua carta aos Corínt ios, em 95 d.C. cita vários l ivros do NT; t Policarpo, na sua carta aos Fi l ipenses, cerca de 110 d.C., cita diversas ep ís to las de Paulo; t Inácio, por volta de 110 d.C. cita grande número de l ivros em seus escritos; ♦ Justino Mártir, nascido no ano da morte de João, escrevendo em 140 d.C. cita diversos l ivros do Novo Testamento; t Irineu (130-200 d.C.), cita a maioria dos l ivros do Novo Testamento, chamando-os de "Escr ituras"; t Origines (185-200 d.C.), homem erudito, piedoso e viajado, dedicou sua vida ao estudo das Escrituras, em seu tempo, os 27 l ivros já estavam completos; ele os acei tou, embora com dúvida sobre alguns: Hebreus, Tiago, 2Pedro, 2 e 3João. Datas e Períodos Sobre o Cânon em Geral O AT foi escrito no espaço de mais ou menos 1046 anos, de 1491 a 445 a.C. isto é de Moisés a Esdras. A data de 445 a.C. é apenas um ponto geral de referência cronológ ica quanto ao encerramento do cânon do Ant igo Testamento. 60 Se entrarmos em detalhes sobre o últ imo livro do Antigo Testamento em ordem cronológica - Malaquias, teremos uma var iação de espaço de tempo como veremos a seguir. O Pentateuco, como já vimos, foi inic iado cerca de 1.491 a.C.. Malaquias, o últ imo livro do Ant igo Testamento por ordem cronológica, foi escrito entre 430 e 420 a.C., no final do governo de Neemias e do sacerdócio de Esdras. Ora, isto foi quando Neemias regressou a Jerusalém, procedendo da Pérsia, para onde t inha ido (430 - 425 a.C.) a fim de renovar sua l icença (Ne 13.6). É a part ir desse ano que Malaquias escreveu e talvez Neemias, não est ivesse mais na Palest ina, porque não o menciona em seu livro, como fazem Ageu e Zacarias, seus antecessores, os quais mencionam Zorobabel e Josué, respect ivamente, governador e sacerdote dos reparos (cf. Zc 3; 4; Ag 1 .1 ). Malaquias não menciona nomina lmente Neemias, apenas menciona o "Governador" (Ml 1.8). O próprio livro de Malaquias apresenta outras ev idências internas que o colocam de 432 a.C. em diante, como passamos a mostrar: Em Malaqu ias 2.10-16, vê-se que os casamentos i l íc itos que Esdras corr igira antes de Neemias, 516 a.C. (Ed 9-10), estavam ocorrendo de novo. Isto coincide com o estado descr ito em Neemias 13, acontec ido em 432 a C. -*■ Em Malaqu ias 3.6-12, havia pobreza no tesouro do templo. Si tuação idêntica à de Neemias 13, reinante em 432 a.C. -*■ As referências de Malaquias 1.13; 2.17; 3.14, indicam que o culto Levít ico já havia sido restaurado há bastante tempo. Temos essa restauração ampl iada em Neemias 12.44 ss. 61 Portanto, Malaqu ias (O livro) deve ter sido escrito cerca de 432 a .C. Repetimos: a data 445 a .C. é apenas um ponto de referência quanto ao encerramento do cânon do Ant igo Testamento. Foi nesse ano que Esdras iniciou seu grande Min istério entre os repatr iados de Israel. Se descermos a detalhes quanto ao livro de Malaqu ias, part iremos de 432 a .C. Malaqu ias é o últ imo livro do Ant igo Testamento, quanto à ordem cronológica. Quanto à disposição dos l ivros no corpo do cânon hebraico, o últ imo livro é 2Crônicas, como já mostramos. O Novo Testamento foi completado em menos de 100 anos, pois seu últ imo livro, o Apocal ipse, foi escrito cerca de 96 d .C. Isto dá um total de 1.142 anos para a fo rmação de ambos os Testamentos (1.046 + 96). Leva-se em conta que a cronologia bíblica é sempre aprox imada, pois os povos or ienta is não t inham um sistema fixo de anotar ou contar datas. Quando se fala do espaço de tempo, que vai da escrita do Pentateuco ao Apocal ipse, é preciso intercalar os 400 anos do Período Interb íb l ico ocorr ido entre os Testamentos, o que dará um total de 1.542 anos (1.046 + 96 + 400). Por isso se diz que a Bíbl ia foi escrita no espaço de dezesseis séculos. Este é o período no qual o cânon foi completado. Noutras palavras: o cânon abrange na história um total de 1.142 anos, aprox imadamente. Os Livros Apócrifos Nas Bíbl ias de edição cató l i ca-romana, o total de l ivros é 73, porque essa igreja, desde o Concí l io de Trento, em 1.546, incluiu no cânon do 62 Antigo Testamento 7 l ivros apócri fos, além de 4 acrésc imos ou apêndices canônicos, acrescentando ao todo, 11 escr itos apócrifos. A palavra "apócr i fo" signi f ica, l i teralmente, "escondido" , "oculto", isto em referência a l ivros que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido rel igioso, o termo sign if ica "não genu íno" ou "espúrio", desde sua ap l icação por Jerônimo. Os apócri fos foram escritos entre Malaqu ias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a revelação divina; isto basta para tirar- lhes qualquer pretensão a canonic idade. Josefo reje itou-os tota lmente, nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram reconhecidos pela Igreja Primit iva. Jerôn imo, Agostinho, Atanásio , Júlio Afr icano e outros homens de va lor para os cr istãos pr imit ivos, opuseram-se a eles na qual idade de l ivros inspirados. Apareceu pela primeira vez na Septuag inta, a t radução do Ant igo Testamento feita do hebraico para o grego. Quando a Bíbl ia foi traduzida para o latim, em 170 d .C. seu Ant igo Testamento foi t raduzido do grego da Septuag inta e não do hebraico. Quando Jerôn imo traduziu a Vulgata, no início do século V (405 d .C.), incluiu os apócri fos oriundos da Septuag inta, at ravés da Antiga Versão Latina, de 170 d .C. porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses l ivros não poderiam servir como base doutr inár ia . São 14 os escr itos apócri fos: 10 l ivros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concí l io de Trento, a Igreja Romana acei tava todos, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 l ivros e 4 acréscimos. A igreja Ortodoxa grega mantém os 14 até hoje. 63 Os l ivros apócri fos constantes das Bíbl ias de edição cató l i co-romana são: 1. Tobias (Após o l ivro canônico de Esdras); 2. Judite (Após o livro de Tobias); 3. Sabedoria de Salomão (Após o l ivro canônico de Canta res); 4. Eclesiástico (após o livro de Sabedoria); 5. Baruque (Após o livro canônico de Jeremias); 6. IMacabeu (após o l ivro canônico de Malaquias); 7. 2Macabeu (após o l ivro IMacabeu). Os quatro acrésc imos ou apêndices são: 1. Ester (Et 10.4-16.24); 2. Cântico dos três Santos Filhos (Dn 3.24-90); 3. A história de Suzana (Dn 13); 4. Bei e o Dragão (Dn 14). Como já foi dito dos 14 apócri fos, a Igreja Romana aceita 11, rejeita 3, isto, após 1.546 d C. Os l ivros reje itados são: 3 e 4Esdras e "A Oração de Manassés". Os l ivros apócr i fos de 3 e 4Esdras são assim chamados porque nas Bíb l ias de edição cató l i co-romana o livro de Esdras, é chamado de lE sd ras e o de IMeemias, de 2Esdras. A Igreja Romana aprovou os apócr i fos em 18 de abril de 1.546, para combater o movimento da Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combat iam v io lentamente as novas doutr inas romanistas: Purgatório, oração pelos mortos, sa lvação mediante obras, etc. 64 A Igreja Romana via nos apócr i fos bases para essas doutr inas, e, apelou para eles, aprovando-os como canônicos. Houve prós e contras dentro da própria Igreja de Roma. Nesse tempo os jesu í tas exerciam muita inf luência no clero. Os debates sobre apócri fos motivaram os domin icanos contra os franciscanos. O Cardeal Pal lavac ini , em sua "História Ec les iást ica " , declara que em pleno concíl io, 40 bispos, dos 49 presentes, travaram luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns dos outros. Foi neste ambiente espir itual que os apócr i fos foram aprovados! A primeira edição da Bíbl ia romana com os apócri fos deu-se em 1.592, com a autor ização do Papa Clemente VIII. Os Reformadores protestantes publ icaram a Bíbl ia com os apócr i fos
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