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HOMO SAPIENS – O DESENVOLVEDOR DA CULTURA

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HOMO SAPIENS – O DESENVOLVEDOR DA CULTURA
Elaborador: Jéverson de Andrade Santos[1: Religioso na Congregação de São José, estudante de Filosofia no ISB.]
Professor: Henrique Araújo da Silva[2: Graduado em pedagogia pela AD1, graduado em teologia pela faculdade Unida, graduação em filosofia pela Faculdade Católica de Anápolis, pós-graduação em Docência do Ensino Superior CESB e especialista em História Africana e Afrodescendente pela UFG.]
Aqui nós falamos assim; ali eles falam assim. Aqui nós comemos com granola e leite condensado, lá eles comem com farinha d’agua e peixe frito. Não é preciso ir muito longe para perceber o quão grande é a diversidade dos costumes dos seres humanos. Mas qual é o certo? Açaí com farinha ou com granola? Falar deste ou daquele jeito? Nenhum! Ou melhor, os dois, todos! Não é de hoje que pesquisadores estão analisando os acontecimentos culturais de seu tempo e também voltando aos outros muitos corajosos que já se questionaram sobre esse assunto. É muito válido questionar-se também sobre essa emergência humana.
Gosto da alusão de Ruth Benedict, na qual ela compara cultura com lentes que o homem vê o mundo. Para ela os homens usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas. Podemos pegar o exemplo do açaí, que no centro-oeste do Brasil é consumido como um alimento doce, como sobremesa e o mesmo fruto alimenta os habitantes do norte como uma comida salgada, acompanhada de frituras. Trata-se do mesmo alimento, mas consumido de formas totalmente diferentes causando certa aversão de um contra outro. Entendo essa aversão como uma herança cultural, que foi desenvolvida através de inúmeras gerações, que nos condiciona a depreciar aqueles comportamentos que fogem dos padrões. Pois cada grupo vê os seus costumes como originais, mais naturais. Esta tendência é denominada como etnocentrismo. 
É perceptível que é o Homo sapiens que dá significado a tudo que está ao seu redor; que aquilo que está em sua volta é manipulado por ele e capaz de ser modificado. Essa singularidade de modificador da natureza o torna único desenvolvedor de cultura. Ressalvo que não é propriamente pelo fato do individuo estar situado num lugar que ele fará tudo conforme os outros que estão próximos. Certamente no norte do Brasil, onde o açaí é mais frequente encontrado, povoados consomem de forma diferente este mesmo fruto, como por exemplo: o seu óleo e sua coloração para pintura de corpo, mesmo sendo povoados muito próximos. Até mesmo os indivíduos inseridos numa mesma sociedade adquirem características diferentes.
As pessoas pensam diferentes, agem diferentes, tem costumes diferentes. Mas esses costumes não são inatos o homem. Tudo que ele aprende tem referência no Zeitgeist. A formação do homem é a partir do que lhe é presente. 
Neste sentido surge uma questão: o individuo é assim porque a natureza o determina, como se pensou por muito tempo, ou é o meio que o torna quem é? Não obstante os diversos conceitos estáticos e intencionados a responder uma realidade, essa inquietação por responder tais perguntas foi sempre postulada em diversos registros da história da humanidade. Na maioria das vezes para requerer uma libertação de uma estrutura rígida e dogmática, pensar numa identidade que seja construída é abrir caminhos e meios para um ambiente menos desigual e mais aberto ao novo.

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