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ESTUDO DIRIGIDO ANTROPOLOGIA

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1 
 
ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA 
ANTROPOLOGIA 
 
 
Bacharelado em Ciências Políticas 
Bacharelado em Relações Internacionais 
 
 
REFERÊNCIAS 
ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. 
Curitiba: Intersaberes, 2013. 
Rotas de Aprendizagem Aulas 01 a 06 da disciplina 
 
Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas 
diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos 
abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão 
maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema 
avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que 
juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico 
que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
Tema: Conceito de Cultura 
É comum sermos levados a crer que europeus ou norte-americanos são mais 
“desenvolvidos” que nós, brasileiros, tanto em termos econômicos quanto culturais. 
Esse tipo de concepção deriva, em boa parte, de uma compreensão do social baseada 
fundamentalmente no desenvolvimento material. Assim, regiões ou países 
considerados economicamente pobres acabam por ser entendidos como 
culturalmente pobres. No entanto, segundo a Antropologia, a “cultura” define-se como 
um conjunto de saberes, comportamentos, crenças e costumes adquiridos e 
transmitidos por um processo coletivo de aprendizagem. Sendo assim, povos que não 
possuem escrita ou que não apresentam padrões de organização econômica como a 
dos países industrializados ocidentais, também seriam produtores de “cultura”, 
segundo a definição antropológica. Julgar uma sociedade a partir de parâmetros 
oriundos de outro agrupamento social é o que os antropólogos chamam de 
“etnocentrismo”. 
2 
 
 
Tema: Cultura e história 
Para alguns autores, a análise das sociedades humanas em sua diversidade 
pode também enfocar as relações entre antropologia e história. Um estudo clássico 
nessa direção é Casa Grande e Senzala, livro escrito por Gilberto Freyre em 1933. 
Esse autor, ao tentar compreender a formação da sociedade brasileira, analisou o 
processo de colonização de nosso país, problematizando as relações entre culturas 
indígenas, europeias e africanas – e as heranças resultantes dessa mistura – à luz 
das abordagens histórica e antropológica. Nesse sentido, a cultura estabeleceria 
vínculos com a dinâmica das sociedades, com base em suas transformações no 
tempo e nos contatos com o outro. 
A cultura de um povo sofre alterações ao longo do tempo por conta, de um lado, 
dos contatos com outras populações (seus hábitos e crenças) e, de outro, dos próprios 
processos internos de mudança econômica ou política que afetam os valores daquela 
sociedade. Assim, o contato entre europeus, indígenas e africanos, durante o 
processo de colonização brasileiro, gerou alterações nas culturas originárias desses 
grupos, com trocas de saberes e práticas, produzindo, dessa forma, uma cultura 
propriamente brasileira, com elementos em constante troca e transformação. 
 
Tema: Evolucionismo 
Esse tipo de concepção prevaleceu nos meios científicos e no imaginário social 
até o início do século XX, ganhando força também pela influência das teorias 
deterministas, como o Evolucionismo, segundo as quais a humanidade, apesar de 
única, apresentava escalas diferentes de "evolução". As populações anteriormente 
consideradas "selvagens" passariam ao estatuto de "primitivas", o que significava 
dizer que representariam uma fase anterior do desenvolvimento cultural da espécie 
humana, como se ainda não tivessem passado ao estado de "civilizados". 
O paradigma evolucionista, muito popular até o início do século XX, foi em 
grande parte abandonado pela Antropologia atual por conta de seu caráter 
etnocêntrico, ou seja, por conta da desconsideração das particularidades sociais e 
culturais de cada povo e sociedade. Ao conceber a história como um “caminho único”, 
o evolucionismo hierarquiza as culturas de acordo com a proximidade destas em 
relação ao ideal de “progresso” dos países industriais, deixando de lado as noções 
particulares que cada sociedade possui a respeito do que significa “progredir”. 
A partir da virada do século XIX para o XX, o evolucionismo passou a ser mais 
sistematicamente contestado, ocorrendo uma transformação tanto nas concepções 
quanto nos métodos de trabalho dos antropólogos. Com essa transformação, um 
elemento essencial se colocava em pauta: para compreender outras culturas, é 
preciso vivenciá-las de maneira direta, ou seja, entrar em contato com os grupos 
sociais que se pretende estudar. Com base nessa premissa, surgiu o que se chama 
até hoje de pesquisa de campo. 
3 
 
A pesquisa de campo permite romper com teorias demasiadamente 
etnocêntricas, como o evolucionismo, ao frisar a necessidade de que o pesquisador 
se insira fisicamente entre os membros do grupo pesquisado, a fim de captar a lógica 
interna e contextual daquela cultura e de utilizar os próprios referenciais “nativos”, 
como mitos e rituais, em suas descrições. O produto final da pesquisa de campo deve 
ser um retrato, portanto, da singularidade das culturas, e não o estabelecimento de 
hierarquias entre elas, como fazia o evolucionismo até o início do século XX. 
 
Tema: Etnocentrismo 
Estudar uma sociedade é penetrar num mundo que, se, de um lado, pode 
parecer familiar, de outro, pode ser muito diferente. Outra definição que nos estimula 
a pensar nessa direção nos é dada pela antropóloga Ruth Benedict, ao propor que a 
cultura é “uma lente através da qual o homem vê o mundo”. 
Uma das características universais das sociedades humanas é o 
“etnocentrismo”, ou seja, o fato de julgarmos os fatos do mundo natural ou social a 
partir de critérios culturais próprios e específicos à nossa cultura. Isso faz com que os 
hábitos, práticas e valores alheios sejam vistos como algo “exótico” ou radicalmente 
“diferente” dos nossos. O estranhamento é, assim, um produto do etnocentrismo, ou 
seja, de enxergarmos o mundo através da “lente” de nossa cultura. 
O Etnocentrismo põe como central a forma como um indivíduo vê o mundo e é 
com base nessa perspectiva que esse indivíduo julga e enxerga as demais culturas. 
Isso cria conflitos e distanciamentos entre pessoas, grupos e classes sociais e faz 
com que determinados grupos se considerem "melhores" e se sintam no direito de 
menosprezar o outro. Por exemplo, a noção de progresso é elaborada com base em 
referenciais que estabelecem um ponto a que todos os povos deveriam chegar, em 
termos de desenvolvimento econômico e intelectual. 
A noção de “progresso” pode ser considerada uma noção etnocêntrica por ser 
definida em função dos valores, hábitos e práticas das sociedades industriais do 
mundo ocidental, como Estados Unidos e Europa, por exemplo. Sendo aplicada a 
contextos sociais diversos, essa definição acaba por hierarquizar as diversas culturas 
quanto ao grau de proximidade em relação ao ideal de “progresso” estabelecido por 
aquelas sociedades. O resultado final desse processo é a classificação – etnocêntrica 
– de alguns países como “desenvolvidos” e de outros, como “subdesenvolvidos”, 
desconsiderando as particularidades sociais e culturais de cada um. 
 
Tema: Etnocentrismo e relativismo cultural 
Existem no Brasil dezenas de matrizes religiosas (catolicismo, protestantismo, 
espiritismo, islamismo, budismo, umbandismo, entre inúmeras outras) e, apesar de a 
concepção geral das religiões prever a existência de um Deus, essa "força superior"é compreendida de maneiras diversas, e cada matriz religiosa relaciona-se ritualmente 
4 
 
também de várias formas. Contudo, não é incomum encontrarmos pessoas que 
valorizam sua religião e menosprezam ou criticam as outras, sem, no entanto, 
conhecê-las na prática. 
Etnocentrismo significa a tendência que temos a julgar o outro segundo os 
nossos próprios parâmetros culturais, quer dizer, os parâmetros do grupo social ao 
qual pertencemos e em que fomos socializados. A atitude destacada no trecho da 
questão ilustra essa tendência etnocentrista no confronto com experiências religiosas 
alheias: norteado pelos valores de sua própria religião e desconhecendo em grande 
parte a lógica interna das religiões de outros grupos, o indivíduo sente-se compelido 
a menosprezá-las ou criticá-las, pois as julga segundo critérios que lhes são externos. 
A antropologia, como “ciência da alteridade”, colabora para o entendimento das 
culturas como singularidades dotadas de lógica própria, a qual só se pode chegar a 
compreender por meio de um processo de observação participante e do exercício de 
uma atitude relativista, tanto diante da cultura alheia quanto da própria. 
 
Tema: Relativismo cultural 
A maneira como pensamos e desenvolvemos nossas práticas cotidianas não é 
fruto de processos biológicos, mas sim socioculturais. Assim como a língua que 
começamos a falar quando ainda somos bebês, nossas atitudes diante das situações 
mais corriqueiras também são parte do nosso entorno social. 
O trecho citado chama a atenção para o caráter social de nossas atitudes diante 
do mundo, ou seja, como os nossos valores são aprendidos em um processo de 
socialização. Sendo aprendidos e relativos a um grupo social específico, esses 
valores mudam com o tempo e de acordo com cada sociedade. O relativismo cultural 
parte desse reconhecimento: o de que a cultura é um produto da história de uma dada 
sociedade, possuindo, portanto, uma lógica própria, que só pode ser compreendida 
por meio do convívio direto com os membros daquele grupo. Julgar um grupo a partir 
de valores culturais que lhes são estranhos seria, assim, incorrer em etnocentrismo, 
a atitude oposta ao relativismo cultural. 
 
Tema: Alteridade 
Com o desenvolvimento das pesquisas de campo, a antropologia ficou 
conhecida como a Ciência da Alteridade por excelência. Alteridade significa colocar-
se no lugar do outro e, assim, compreendê-lo em suas particularidades; é ver a si 
mesmo e compreender determinados aspectos de sua própria cultura como únicos. 
Assim, ao deixar de lado o etnocentrismo das teorias evolucionistas, o pesquisador 
deve se esforçar para entender a natureza, a dinâmica, os porquês das sociedades, 
sem avaliá-las ou julgá-las por seus próprios referenciais. 
5 
 
Alteridade é uma postura oposta àquela do evolucionismo e dos diversos tipos 
de etnocentrismo. Significa não apenas colocar-se no lugar do outro, apreendendo a 
lógica de suas ações e valores, mas também a relativização da própria cultura do 
pesquisador, que não poderá, segundo essa perspectiva, ser usada como medida ou 
parâmetro para o julgamento das culturas alheias. Significa, dessa forma, enxergar 
que toda cultura possui uma singularidade irredutível, que só pode ser acessada caso 
se abra mão de uma postura etnocêntrica ou evolucionista. 
 
Tema: Cultura popular 
Conforme o historiador Roger Chartier [...], a cultura popular é uma categoria 
erudita. Ao estudar a cultura da Europa Ocidental dos séculos XVII e XVIII, o autor 
localiza um processo social de repressão à cultura popular promovido pelas elites e 
pela Igreja, no sentido do enaltecimento de valores considerados “civilizados”. 
A expressão “cultura popular” foi inventada pelas elites europeias, a fim de 
desvalorizar os hábitos e práticas culturais do “povo” e de diferenciá-los da “cultura 
erudita”, ou seja, dos valores e hábitos da própria elite. Nasce assim, a partir do 
etnocentrismo dos estratos sociais dominantes, a oposição persistente entre a “alta 
cultura” e a “baixa cultura”: a primeira, erudita e civilizada, e a segunda, tida como 
popular e inculta. 
 
Tema: cultura de massas e cultura popular 
Uma das principais características do mundo globalizado (ou mundializado, 
segundo alguns autores) é a troca constante de referências e valores culturais entre 
diferentes povos e regiões do globo. Nesse processo de troca, as culturas populares 
tradicionais acabam defrontando-se com um novo tipo de produção cultural, aquela 
das sociedades de massa, propagada pelos meios contemporâneos de comunicação, 
como a televisão e a Internet. 
A cultura de massas refere-se à produção em larga escala de bens culturais e 
à difusão destes pelos meios contemporâneos de comunicação, como a televisão e a 
Internet. Diferentemente das chamadas “culturas populares”, cujas características 
ligam-se ao ritmo e à organização social de uma dada comunidade e apresentam um 
caráter enraizado e cíclico, a chamada “cultura de massas” destaca-se pela rapidez 
de seu ritmo, pela busca constante da novidade, pela espetacularização e por ser 
voltada principalmente ao consumo em grande escala. 
Em "(...) uma festividade de caráter ritual como o tambor de crioula, comum no 
Maranhão, em que há a união de música (taro bom e cantos) e dança (realizada só 
por mulheres), pode haver ladainhas, atestando a característica religiosa dessa 
manifestação. No interior de uma comunidade na qual a realização dessa festividade 
faz parte de um ritual local, esta não terá o mesmo sentido simbólico quando realizada 
em um auditório de um centro urbano, para um público alheio a tal tradição, apesar 
de as estruturas formais serem muito semelhantes”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, 
Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 
6 
 
68.) Bosi (2002, p. 11) estabelece uma diferenciação fundamental entre a cultura de 
massas e a popular ao afirmar que a última, diferente da primeira, possui tempo cíclico 
e enraizamento; assim, mantém relações com a época da colheita, com o tempo das 
marés, os períodos de trabalho e o ócio e conserva os vínculos com seus realizadores. 
Em geral as manifestações culturais populares conectam-se aos fenômenos ligados 
às comunidades em que ocorrem, respeitando as dinâmicas como as funções sociais 
que cumprem e o tempo e a maneira como morrem. 
 
Tema: Globalização. Mundialização. Cultura. 
 
Ortiz diferencia os termos global e mundial, tomando o primeiro para referir-se 
aos processas econômicos e tecnológicos e o segundo para a análise da cultura. Não 
nos interessa abordar diretamente os aspectos econômicos – apesar da importância 
que as atividades de produção, distribuição e consumo de bens e serviços - 
articulados internacionalmente – têm no âmbito da cultura. Para Ortiz (2000), o termo 
mundialização nos traz a perspectiva de interpretar os contatos globais como 
fenômenos que nem são homogêneos nem tendem a tornar o mundo culturalmente 
semelhante. As transformações decorrentes da intercomunicação planetária, em 
processo cada vez mais intenso, propiciam um grande conjunto de mudanças. Os 
indivíduos, as comunidades e os povos, à medida que tomam contato com o "outro”, 
podem vir a adaptar suas referências culturais de acordo com novos desejos ou novas 
necessidades. Por exemplo, urna festa popular normalmente restrita à própria 
comunidade que a produz começa a atrair o movimento de turistas, e é comum que 
algumas características de sua realização possam se adaptar ao gosto desses 
espectadores. 
O termo globalização, de acordo com alguns autores, refere-se a um processo 
que ocorre ao menos desde as chamadas Grandes Navegações, a partirdos séculos 
XV-XVI, quando foram dinamizadas as condições de surgimento do capitalismo e 
estreitados os contatos entre os povos em termos mundiais. Desde então, as 
complexas interações econômicas, sociais e culturais passaram, cada vez mais 
intensamente, a transformar o perfil das populações, assinalando um contexto de 
intercâmbios de proporções inéditas, que propiciou, de forma cada vez mais estreita, 
a comunicação e a conexão entre regiões e povos de diversas partes do mundo. 
A globalização (ou mundialização) intensificou as trocas econômicas e culturais 
entre diferentes países e povos, agora mais facilmente conectados por conta do 
advento dos meios de comunicação de massa e do incremento dos meios de 
transporte. Esse processo permitiu que as diferentes culturas (locais, regionais ou 
nacionais) fossem mais facilmente divulgadas ao redor do mundo, gerando um 
aumento dos contatos com valores e hábitos distintos e obrigando a uma redefinição 
constante das identidades culturais no mundo contemporâneo. Assim, alguns países 
têm conseguido difundir em escala global o seu estilo de vida e suas produções 
culturais, alterando, por essa via, culturas muitas vezes bastante distantes. Estas, por 
sua vez, não recebem essa cultura massificada de maneira passiva, mas sim 
7 
 
adaptando-a a um novo contexto e a novas necessidades e interesses. A constante 
difusão e adaptação de produtos e hábitos culturais é, assim, a grande marca do 
mundo globalizado. 
 
Stuart Hall chama a atenção para esses fatos, utilizando como exemplos a 
difusão de valores culturais ocidentais entre as sociedades asiáticas, assim como a 
ressignificação de elementos culturais tradicionais, como a culinária indiana, após a 
sua inserção em uma cultura de massa: as pessoas que moram em aldeias pequenas, 
aparentemente remotas, em países pobres, do "Terceiro Mundo", podem receber, na 
privacidade de suas casas, as mensagens e imagens das culturas ricas, consumistas, 
do Ocidente, fornecidas através de aparelhos de TV ou de rádios portáteis, que as 
prendem à "aldeia global" das novas redes de comunicação. Jeans e abrigos — o 
"uniforme" do jovem da cultura juvenil ocidental — são tão onipresentes no sudeste 
da Ásia quanto na Europa ou nos Estados Unidos, não só devido ao crescimento da 
mercantilização em escala mundial da imagem do jovem consumidor, mas porque, 
com frequência, esses itens estão sendo realmente produzidos em Taiwan ou em 
Hong Kong ou na Coréia do Sul, para as lojas finas de Nova York, Los Angeles, 
Londres ou Roma. É difícil pensar na "comida indiana" como algo característico das 
tradições étnicas do subcontinente asiático quando há um restaurante indiano no 
centro de cada cidade da Grã-Bretanha. 
Os indivíduos, as comunidades e os povos, à medida que entram em contato 
com o outro, podem vir a adaptar a suas referências culturais de acordo com novos 
desejos ou novas necessidades. Apesar desse contato acontecer a milênios, essas 
relações interculturais têm crescido após a industrialização, o que trouxe significativas 
consequências como o desenvolvimento de produtos e meios de difusão de massa 
como telefone, rádio, cinema, televisão, internet e proporcionou aos países 
desenvolvidos a disseminação dos seus elementos culturais em escala mundial. 
Desta forma, as identidades culturais têm passado por transformações em função das 
influências externas e chegam por meio de cabos e antenas. 
 
Tema: Patrimônio imaterial 
“O aceleramento dos processos de industrialização, urbanização e 
modernização dos meios de comunicação – em todas as suas implicações 
transformadoras das culturas – demandou atenção cada vez maior de pesquisadores 
e órgãos governamentais para com a preservação das manifestações culturais, 
particularmente as tradicionais, aquelas que se acreditava estarem desaparecendo”. 
(ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. 
Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 76) Patrimônio Imaterial é o patrimônio cultural que 
abrange as manifestações culturais de tudo o que é considerado folclore, com a 
preocupação de manter-se o registro de todas essas manifestações para que não 
ocorra a extinção das práticas tradicionais. Existem vários métodos para documentar 
e preservar os elementos das culturas populares, no Brasil a maneira escolhida para 
8 
 
a preservação do patrimônio imaterial é via política pública. Existe uma instituição de 
nível nacional chamada Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) 
para trabalhar com o patrimônio imaterial, e paralelamente foram criados leis e órgãos 
estaduais e municipais que atendem ao propósito. 
Apesar de as leis e de as instituições voltadas à pesquisa das manifestações 
culturais brasileiras — sobretudo nas primeiras décadas de existência — assinalarem 
uma forte valorização do patrimônio material edificado, espécie de referência 
simbólica de uma memória das elites, houve também um fomento das manifestações 
não materiais, que guardou estrita ligação com as identidades culturais — regionais e 
brasileira — cuja fonte principal era o popular. 
Desta forma, o “patrimônio cultural imaterial” refere-se aos saberes, 
festividades e calendários, lugares e formas de expressão que compõem a memória 
coletiva de uma dada população, mas que não necessariamente estão materializados 
em objetos concretos ou edificações. Uma dada forma de preparação de alimentos ou 
um estilo de dança e canto, quando tradicionais e passados de geração a geração, 
por exemplo, podem compor esse tipo de “patrimônio intangível” que os institutos de 
preservação cultural buscam proteger. 
Em 2004, surgiu o Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan, criado com 
o intuito de fazer valer um aspecto considerado historicamente característico da 
cultura brasileira: a diversidade. Esse departamento, ao qual se subordinou o Centro 
Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), que existe desde 1958, têm 
incumbências que levam em conta questões antropológicas e sociais, como o 
"respeito a diversidade cultural do Brasil", a "valorização da diferença" e a “ampliação 
do acesso ao patrimônio cultural como direito de cidadania e base para o 
desenvolvimento sustentável do país" (Iphan, 2006, p. 14). 
 
Com a intensificação das trocas econômicas e culturais promovidas pela 
globalização (ou mundialização, segundo alguns autores) e da consequente difusão 
em larga escala de produtos culturais oriundos dos países economicamente 
dominantes, tornou-se uma preocupação do Estado brasileiro preservar elementos da 
memória coletiva de nossas populações, como os saberes práticos, as formas de 
expressão e as festividades típicas, elementos esses que compõem o chamado 
“patrimônio cultural imaterial” do país e que colaboram para a manutenção de nossa 
diversidade. 
 
 
Tema: Política de patrimônio imaterial. UNESCO. 
“A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
nasceu no dia 16 de novembro de 1945. A missão da UNESCO consiste em contribuir 
para a construção de uma cultura da paz, para a erradicação da pobreza, para o 
desenvolvimento sustentável e para o diálogo intercultural, por meio da educação, das 
ciências, da cultura e da comunicação e informação”. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES 
9 
 
UNIDAS. UNESCO. Unesco: o que é? O que faz?. Disponível em <>. Acesso em 
02.03.2016.) 
A UNESCO, na primeira metade do século XX, considera o folclore como um 
ponto chave da diversidade cultural, fruto da preocupação do desaparecimento dessa 
diversidade em razão da globalização e da mundialização. O folclore seria uma 
ferramenta de diversidade cultural e transforma a cultura em uma categoriapolítica. A 
relação da UNESCO com a diversidade cultural foi uma resposta à Alemanha Nazista, 
totalizante e excludente do diferente, com a promoção de ferramentas de política 
patrimonial. 
 
Tema: Mestres. 
“Mestres são considerados ‘tesouros humanos vivos’”, reconhecidos como tais 
pela UNESCO. (AULA 5 Antropologia. Alessandra Stremel. Curitiba: Centro 
Universitário Internacional UNINTER, 2015. Videoaula (56 min), color.) A transmissão 
oral de saberes significa que a memória não existe no passado, mas que ela existe 
porque ela é uma reinterpretação do passado no tempo presente. Geralmente quando 
se faz inventário do passado se busca quem detém o conhecimento oral vivido do 
bem. Essas pessoas são chamadas de “mestres”. O passado, assim, passa a ser a 
reconstrução do passado nos dias de hoje, tornando o bem imaterial algo móvel, 
porém preservados de suas características. 
 
Tema: Relação entre política de patrimônio e Estado 
O tombamento é o ato administrativo de registrar um determinado patrimônio 
como “especial” pelo Estado, dotando-o de proteção específica pela legislação 
própria. Ou seja, o Estado intervém na propriedade privada sob o argumento de 
necessidade de preservação por motivos históricos, sociais, culturais ou mesmo 
científicos. 
 
Quando um patrimônio é tombado, ele está representando a história sob o olhar 
de uma população ou de uma parcela específica da população de um país – que é a 
perspectiva da elite. Quando vemos um conjunto arquitetônico desse nos dias atuais 
reparamos na sua beleza e na sua amplitude. E quando valorizamos esse espaço 
esquecemos das relações por trás / implícitas nesse patrimônio: as relações de 
exploração e até mesmo de possível escravidão que são apagadas quando o 
patrimônio é preservado. 
 
Tema: Símbolos de identidade nacional; Cultura popular 
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Brasileiro (IPHAN) é 
autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, e sua função é a de preservar o 
patrimônio nacional, com vistas à proteção e à promoção dos bens culturais para as 
presentes e futuras gerações. 
10 
 
Em 1937 surgiu uma instituição de nível nacional batizada inicialmente como 
Serviço do Patrimônio Histórico Nacional (Sphan), atual Instituto do Património 
Históricos Artístico Nacional (IPHAN). No contexto da política nacionalista da Era 
Vargas, esse órgão foi um importante elo entre a perspectiva de desenvolvimento 
econômico e industrial do país, em “direção ao futuro” e um “olhar atento” à 
importância das referências históricas nacionais, expressas nos monumentos 
edificados e nas manifestações culturais e folclóricas. Paralelamente, foram criados 
leis e órgãos estaduais e municipais, em moldes semelhantes, que atendem, ao 
mesmo tempo, à construção de uma memória nacional e regional, congregada a 
interesses políticos locais. 
O Instituto não se preocupou inicialmente, quando de sua criação em 1937, 
com a cultura popular. Sua preocupação restringia-se à preservação de edifícios 
históricos e obras eruditas. 
 
Tema: Educação patrimonial 
“Acredita-se que tão importantes quanto as ações de preservação e fomento 
das manifestações de caráter imaterial sejam as iniciativas de visibilização e 
conscientização pública da importância desse tipo de patrimônio, sendo, de fato, 
imprescindíveis. A continuidade necessita tanto de seus realizadores quanto de um 
reconhecimento perante a sociedade sobre sua riqueza e relevância”. (ZUCON, 
Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 84.) 
Um campo de atuação da área de património, que faz uma ponte entre as 
manifestações culturais e os processos educativos, é a chamada educação 
patrimonial. Com base no envolvimento de educadores dos diversos níveis, alunos, 
instituições de pesquisa e/ou visitação e comunidade, é possível desenvolver uma 
enorme quantidade de projetos. A utilização de vídeos, as visitas de campo, as 
oficinas envolvendo mestres e a própria atividade de pesquisa podem ser ferramentas 
de conhecimento para todas as idades. 
 
Tema: Religiosidade 
 
“(...) os cultos e os ritos das religiosidades populares brasileiras caracterizam-se, de 
maneira acentuada, por formos diretas de mediação com o sagrado e pelo desejo de 
interferir na realidade de maneira mágica, com a pretensão de melhorar / promover a 
vida terrena de alguma maneira”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às 
culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 116.) 
No Brasil, religiosidade e sabedoria populares muitas vezes se confundem, pois 
são comuns os ritos e os cultos que têm por finalidade a cura do corpo fisico. 
Simpatias, retas, benzeduras, ervas e unguentos são de uso corrente, fazendo parte 
de nosso dia a dia. De tão usuais que são, nem sempre são conotados e muitas vezes 
passam despercebidas de seu contexto original e da origem na religiosidade popular. 
Esse "tocar" entre religiosidade e saber popular poderia simplesmente ser aplicado 
11 
 
pala onipresença do catolicismo português e pela forte presença mágico-religiosa 
africana e indígena. 
 
Tema: Trânsito religioso 
 
“O trânsito religioso talvez seja a característica mais comum das religiosidades 
populares”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no 
Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 118) De acordo com Hall, uma das 
características da modernidade tardia - período no qual estamos inseridos - a 
fragmentação das identidades, ou seja, a possibilidade de podermos exercer 
diferentes identidades, supostamente antagônicas, ao mesmo tempo. Como exemplo, 
podemos citar uma pessoa professada católica, que, nos momentos de problemas de 
saúde ou financeiros pode buscar ajuda em outras religiões, coma o espiritismo, que 
diverge do catolicismo em seus dogmas. Assim, o trânsito religioso pode ser apenas 
uma possibilidade para a fragmentação da identidade, mas inscreve-se no cotidiano 
de maneira que possamos notar o quanto as religiosidades populares são marcadas 
por certo afrouxamento de seus limites. 
 
 
Tema: Tradição. 
 
“Na perspectiva da história e da antropologia, a noção de tradição difere da 
assumida pelo senso comum ao se constatar que as tradições estão em 
transformação”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares 
no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 112.) 
Os historiadores Eric Hobsbawm e Terence Ranger utilizaram o termo 
"invenção da tradição", para salientar que em alguns momentos essas tradições foram 
estabelecidas ou impulsionadas para criar coesão ou reforçar sentimento de 
identidade em grupos sociais. Em oposição ao conceito de invenção da tradição o 
antropólogo Sahlins usa o termo inversão da tradição para destacar que as tradições 
não são simplesmente inventadas, mas, sim, são sempre reforçadas por meio de uma 
referência já existente. A 'inversão' é uma forma de resistência cultural e de afirmação 
da identidade cultural. 
 
Tema: Arte. Artesanato. 
“Artesão é a pessoa que faz a mão objetos de uso freqeente na comunidade. 
Seu aparecimento foi resultado de pressão da necessidade sobre a inteligência aliada 
ao poder de inovar, possibilitando também ligar o passado ao presente, mediante a 
linguagem; possibilitou as gerações mais novas receber das mais velhas, suas 
técnicas e demais experiências acumuladas”. (Disponível em 
<http://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/artesanato.html>. 
Acesso em 01.03.2016) 
Diferentes autores ponderam que há dois critérios para pensar essa 
diferenciação: o primeiro afirma na arte o predomínio da forma sobre a função, ao12 
 
contrário do artesanato, supostamente mais ligado à utilidade; já a segunda parte do 
critério de que o artesanato é feito em série, ainda que artesanalmente, enquanto a 
arte produz obras únicas, não repetitivas. 
 
Tema: Folclore e Cultura 
“Você conhece a Mula sem Cabeça? O Curupira? O Chupa Cabra? O lobisomem? 
Sabia que eles fazem parte do folclore brasileiro? Sabia né? Mas talvez você não 
saiba que não é só de assombração que é feito o mundo do folclore não. Têm também 
os costumes, tradições, músicas, linguagem, brinquedos, brincadeiras, mitos, contos, 
superstições, artesanato, festas populares… Daí nas festas tem as danças folclóricas 
como o baião, o frevo, o maracatu, a quadrilha… É. Isso tudo é folclore brasileiro e da 
melhor qualidade!”. (Disponível em < http://www.smartkids.com.br/trabalho/folclore>. 
Acesso em 29.02.2016) Sendo assim, enquanto o folclore está preocupado com o 
resgate de tradições culturais, a cultura está preocupada com a diversidade da 
experiência humana e está em permanente construção, ou seja, é permanentemente 
construída. 
 
Tema: Música. Identidade. 
“A música talvez seja a manifestação artística popular mais significativa no 
Brasil. Espalhada por todo o território nacional, temos uma enorme diversidade de 
ritmos e sonoridades, cada qual com sua história, características e inter-relações 
próprias”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no 
Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 100.) Nesse campo, a definição do popular 
carece de alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, a música popular não deve ser 
confundida com o conceito de música popular brasileira (MPB), disseminado a partir 
da década de sesenta. Este termo foi criado fundamentalmente por meio do 
engajamento de artista, com intelectuais, preocupados com as relações entre as artes 
e os problemas sociais e políticos, durante o peitado da ditadura militar no Brasil. A 
partir dos debates sobre uma musicalidade legitimamente popular e brasileira o samba 
emergiu como uma grande referência para os músicos engajados. Contudo, os 
artistas-intelectuais, fossem de esquerda, fossem de direita, foram tutelares em 
relação às classes populares. Desse modo, a denominação MPB não se refere 
necessariamente a uma manifestação propriamente popular, mas a um conceito 
construído historicamente por meio da intelectualidade e da mídia ligados direta ou 
indiretamente à indústria da música. 
 
Tema: Medicina Popular 
“As pessoas estão com a barriga inchada, passo o remédio e a pessoa volta: - 
Doutor, eu perdi três quilos, (...) eu vim buscar mais. Então é porque a coisa funciona” 
(‘Doutor’ Raiz, 12/09/2012). Em nossa disciplina de antropologia foi possível perceber 
a importância do conhecimento popular no Brasil. Ao pensar essa importância um 
13 
 
grande tema é debatido, a importância da medicina popular frente à medicina 
tradicional. 
A utilização de diversos sistemas de conhecimento é muito comum na cultura 
brasileira como por exemplo a medicina popular. A medicina popular pode ser 
entendida como o conhecimento popular para o tratamento de enfermidade, como o 
tratamento com chás para dores de estomago, dores de cabeça. A pessoa em sua 
enfermidade não procura um único sistema de tratamento, ao mesmo tempo que a 
pessoa vai ao médico tradicional ela utiliza diversos sistemas como curandeira, 
benzedeira, toma chás e garrafadas. 
Um exemplo é o mercado ver o’peso no Pará que é conhecido por ter para 
vender inúmeras ervas, garrafadas, chás, infusões para tratamentos terapêuticos. 
Outro exemplo é o denominado Doutor Raiz, que é um profundo conhecedor 
das ervas. Dr. Raiz não é doutor, mas é reconhecido como tal por suas práticas de 
medicina popular, a eficácia está no efeito prático vistos nos corpos dos pacientes. 
Dessa maneira, isso mostra como o conhecimento popular é importante na cultura 
brasileira. 
“É difícil definirmos cultura de modo único, visto que esta abrange diversas 
acepções. Em linhas gerais, podemos definir esse termo como o conjunto de saberes, 
comportamentos, crenças e costumes adquiridos e transmitidos por um processo 
coletivo de aprendizagem”. Existem inúmeras formas de desenvolvimento do 
conhecimento, uma delas é o conhecimento popular, a cultura popular, que se 
desenvolve no cotidiano das pessoas, passa de geração em geração e permanece 
em muitas famílias como costumes enraizados na rotina, que caminham com muitos 
outros conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. 
Não é possível afirmar que a medicina popular invalida a medicina tradicional, 
é possível observar que no Brasil as duas formas de tratamento para enfermidades 
caminham juntas. A utilização de diversos sistemas de conhecimento é muito comum 
na cultura brasileira. Por exemplo para tratar um resfriado é comum que muitos 
brasileiros optem por tomar diversos tipos diferentes de chá, ou de xaropes e produtos 
de medicina popular ao mesmo tempo que também optam por tratar da enfermidade 
com remédios da medicina tradicional. 
A utilização da medicina popular está vinculada a eficácia do tratamento, ao 
demonstrar que o tratamento é eficaz, ou seja, que ao melhorar a pessoa comprova a 
eficácia da medicina popular e confirma que pode ser utilizada junto a medicina 
tradicional. 
 
Tema: Conhecimento erudito e conhecimento popular 
 
O termo popular se originou no final da idade de média, com o surgimento dos 
Estados Nação, para diferenciar classes sociais, sendo elas: clero, aristocracia e 
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povo. Esses três segmentos não se misturavam, ou quando o faziam, eram por 
relações bem claras e hierárquicas. A aristocracia e o clero tinham mecanismos de 
controle da cultura letrada, restringindo o acesso ao conhecimento. 
O povo ao final da idade média, início da civilização moderna era composto 
majoritariamente por camponeses. Esses camponeses tinham o conhecimento 
empírico, ou seja cultivo da terra, ciclo das estações do ano e o relacionamento com 
o plantio, era o conhecimento empírico. Tinham o conhecimento cotidiano, a 
apreensão intuitiva da realidade e também o conhecimento compartilhado. 
Enquanto o conhecimento erudito era um conhecimento teórico. Era um 
conhecimento baseado na reflexão intelectual e sistematizada, que previa a 
racionalização do mundo sensível e o acesso restrito ao conhecimento. A cultura 
erudita é aquela aprendida em colégios e academias. 
 
Tema: Folkcomunicação 
“Tradicionalmente, a comunicação de massa é entendida como o campo de 
atuação de profissionais de mídia – jornalistas, publicitários, redatores, repórteres, 
fotógrafos, técnicos de vídeo e áudio, entre outros – que, com formação acadêmica 
ou não, atuam em grandes veículos de comunicação, como jornais, revistas, rádios e 
TVs”. (ZUCON, Otavio. Introdução às culturas populares no Brasil. Curitiba: 
InterSaberes: 2013. p.12). Assim, a folckcomunicação valoriza a informação oral como 
importante fenômeno comunicativo. A cultura popular incorpora outros meios de 
comunicação em seu cotidiano, através das novelas, internet, a cultura popular se 
adapta a outros meios de comunicação para reproduzir a sua própria experiência. Por 
exemplo, as benzedeiras que já utilizam a internet e o telefone para realizar o 
benzimento. Outro exemplo são as culturas indígenas, as culturas indígenas que são 
basicamente orais gravaram músicas para falar um pouco de sua visão de mundo. Ou 
também o projeto jovens nas aldeias, que são vídeos feitos por jovens nas aldeias. 
 
Tema: Crenças populares 
Para a antropologia a cultura é um importante ponto de estudo, poderia ser 
definido como “um conjunto de saberes, comportamento, crenças e costumesadquiridos e transmitidos por um processo coletivo de aprendizagem”. Partindo desse 
ponto a disciplina abordou diversos pontos, como a possibilidade de perceber que 
existe uma diferença entre o erudito e o popular. Da mesma forma que existe uma 
distância entre o erudito e o popular existe um distanciamento entre a crença popular 
e as doutrinas oficiais. (ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas 
populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. p. 12.) 
As crenças populares sempre ocorreram em paralelo as doutrinas oficiais, 
muitas vezes opondo-se a elas. Crença popular aplicado a realidade popular, existem 
elementos variados entre a doutrina oficial e a crença aplicada no cotidiano. Um bom 
15 
 
exemplo está no catolicismo popular, o catolicismo popular vincula diversos 
elementos, elementos da cultura popular, com elementos da experiência prática da 
rotina o conhecimento empírico, do dia-a-dia, elementos simbólicos, com fatos 
naturais. É a aplicação da doutrina católica com a soma de mais elementos variados 
da cultura popular. A crença popular ajuda a favorecer o diálogo entre o mundo 
sobrenatural e a vida cotidiana. 
Existem dois movimentos entre cultura popular e a cultura erudita, movimentos 
de encontro e movimentos de embate entre elas, como por exemplo o movimento que 
originou a conhecida guerra de canudos. O Brasil é rico na fusão de vários elementos 
religiosos em uma doutrina só, por exemplo: umbanda, candomblé. 
 
Tema: Cultura brasileira 
A Canção de Exílio, de Gonçalves Dias, apresenta vários elementos culturais 
que são elementos da cultura popular brasileira. Conforme visto ao longo da disciplina, 
existe um processo de construção cultural em que os principais elementos da cultura 
passam a se destacar nas manifestações culturais, como por exemplo, nas músicas. 
No exemplo da música de Gonçalves Dias é possível perceber vários elementos da 
cultura brasileira como por exemplo: a referência as palmeiras, que remete as praias 
brasileiras; Sabiá, que é considerada a ave símbolo do Brasil e que tem remete as 
inúmeras espécies de aves que temos no Brasil; as estrelas, várzeas e flores fazendo 
menção a vasta natureza brasileira e suas riquezas; “nossa vida mais amores” 
referência a vida amorosa brasileira e sua fama de ser agitada. 
 
Tema: Identidade brasileira 
“Brasil, meu Brasil brasileiro meu mulato inzoneiro vou cantar-te nos meus 
versos. O Brasil, samba que dá Bamboleio que faz gingar o Brasil, do meu amo (...)”. 
O trecho da música de Ary Barroso nos remete a identidade brasileira. O povo 
brasileiro foi construído por uma miscigenação de raças e culturas, pela incorporação 
de elementos dos mais variados. Para conseguir entender essa miscigenação é 
importante relembrar o período de descobrimento do Brasil. Os primeiros elementos 
são da cultura indígena, que já estava presente no território com a chegada dos 
portugueses, depois disso, podemos perceber que foram incorporados elementos da 
cultura africana com a vinda dos escravos africanos ao território brasileiro e também 
elementos da cultura europeia com a vinda dos colonizadores. Essa miscigenação é 
conhecida como o mito das três raças, esse é apenas o início da miscigenação de 
raças e culturas da identidade brasileira. 
 
Tema: Modernismo 
A composição “Cavalgada das Vlaquírias” do maestro Richard Wagner é uma 
opera que apresenta elementos da cultura nórdica e vincula a identidade à origem do 
16 
 
povo alemão para uma cultura já morta: a do povo viking. Esse é um exemplo de 
romantismo. Com os processos da industrialização e urbanização promovidos pela 
revolução industrial passa-se a se ter medo, receio do desaparecimento de 
manifestações culturais, medo de que o mundo seja homogeneizado e o romantismo 
surge como a preocupação de externar as diferenças, externar a riqueza das riquezas. 
Romantismo foi o movimento literário e artístico que procura resgatar a cultura 
popular e trazer ela proseio da cultura refinada e erudita. No romantismo o povo e a 
tradição tornam-se objeto de interesse intelectual. Tudo que era rejeitado e 
discriminado na idade média passa a ser visto como algo positivo, como as raízes de 
um povo, é um movimento inverso que vem de encontro com os movimentos 
nacionalistas, é a busca por uma identidade. 
 
Tema: Folclore 
O conhecimento de um povo, esse é um dos conceitos dados ao termo folclore, 
no Brasil as primeiras pesquisas feitas sobre folclore foram feitas por José de Alencar 
e Sílvio Romero, que já buscavam uma identidade nacional com base nas 
manifestações populares, esses autores procuraram estudar e documentar 
realizações como a literatura de cordel, as danças, músicas e folguedos produzidos 
pelo povo. 
Toda identidade é uma construção simbólica, ou seja, toda identidade necessita 
de elementos contruidos historicamente que são representação do grupo social e no 
Brasil a identidade brasileira é construída pela ligação entre povo, cultura e 
miscigenação. O primeiro grande elemento da identidade brasielira é o samba, que se 
torna o ritmo nacional. Outro elemento que foi construído e faz parte da identidade 
brasileira é o carnaval. 
Além disso, intelectuais da área também afirmam que a identidade brasileira é 
formada pela diversidade, o “calderão cultural” representado pelas etnias formadoras 
do povo brasileiro é um elemento a ser valorizado. 
 
Tema: Regionalismo 
“Boa parte da intelectualidade defendeu historicamente a concepção de uma 
cultura popular brasileira, intimamente ligada ao triangulo racial. Contudo, os 
regionalismos também foram, e ainda o são, expressão da alteridade de alguns 
grupos em oposição à imposição de valores estrangeiros, de elite ou de uma cultura 
nacional unificada. Alguns movimentos, em momentos específicos, puseram-se a 
refletir sobre a importância das particularidades locais”. (ZUCON, Otávio; BRAGA, 
Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. p. 
53.) 
Os regionalistas, em especial Gilberto Freyre, tinham preocupação com os 
modismos que vinham do exterior principalmente trazidos pela classe média e classe 
17 
 
alta brasileira que poderiam ameaçar as tradições populares brasileiras. É possível 
perceber isso com a publicação de Freyre “Manifesto Regionalista” que expõe a 
necessidade de valorizar os elementos da cultura popular e cuidar com a vinda dos 
elementos externos, como por exemplo, o Papai Noel em um clima tropical. 
Outro autor importante para a argumentação da valorização da cultura regional 
foi Ariano Suassuna, que se preocupava em enaltecer a riqueza das tradições 
populares e manifestações populares. O movimento regionalista propunha a arte 
popular como elemento de inspiração para artistas.

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