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Síntese Ditadura militar

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HISTÓRIA DO DIREITO – SÍNTESE GRADUANDA: INGRYD FERRÉ
2. A ditadura Militar – antecedentes:
A ditadura de Vargas desarticulou o movimento operário, e o Estado passou a buscar uma consolidação estrutural sindicalista, entretanto, no governo Dutra, a paralisia do movimento sindical se quebrou. Houve muitas greves, e o direito de promover greves foi restringido em 1945 por um decreto anterior.
Em 1951 Vargas assume o poder, apoiando-se em uma política nacionalista, gerando assim, toda a crise que deu origem ao seu suicídio em 1954.
Economia: as décadas entre 40 e 50 foram favoráveis, e o Brasil era aliado dos EUA, o que colaborou com o bom saldo na balança comercial. A industrialização concentrou-se na região centro-sul do país, levando a um crescimento das cidades neste local. Com isso, taxas de desemprego, favelização, aumento da criminalidade aumentaram.
O deslocamento do eixo rural > urbano e o crescimento principalmente de cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte figuravam áreas de grande expressão eleitoral. Dessa maneira, a população exigiu maior participação politica, e maiores direitos sociais.
Entre 1945 a 1964, havia de um lado o operariado urbano, desejoso de participação, ocupando morros e periferias; do outro lado a elite, e no meio, a classe média. 
Desde a posse de Joao Goulart a liderança da elite brasileira planejava a ação golpista, e um dos seus instrumentos foi o IPES.
Havia no Brasil uma mentalidade militar, que trazia a ideia de que existia em nosso país um inimigo a ser combatido: eram os indivíduos e grupos de alcunha comunista, que poderiam colocar em risco a ordem da sociedade, que estava vivendo um momento econômico muito grave. O governo gastava demais e arrecadava de menos. 
2.2 O ato Institucional nº 1
João Goulart foi deposto por uma revolta militar, advindo de uma série de manobras para tentar buscar saídas para a crise.
A constituição determinava que uma eleição deveria ser convocada para dentro de trinta dias. Os militares pressionavam para que o legislativo fosse “limpo” dos elementos considerados “inaceitáveis”.
Os ministros militares publicaram, com a autoridade que tinham assumido, um ato Institucional, elaborado por um especialista em antidemocracia: Francisco Campos. Os atos institucionais estariam acima do poder legislador de uma constituição e assim estiveram durante duas décadas a partir do AI-1, por forças armadas.
De acordo com o AI-1, todos os atos permitidos por esse instrumento eram provisórios, como provisória deveria ser a intervenção militar no país.
A eleição para presidente e vice seria feita pelo Congresso, com praticamente só uma chapa. O estado de sitio poderia ser decretado pelo Presidente eleito indiretamente. As garantias constitucionais ou legais ficam suspensas e perdem assim todo o sentido que a palavra garantia lhe dava. Os artigos 8º e 10 davam ao poder executivo, competência para cassar mandatos e abrir inquéritos contra os opositores.
Nas semanas seguintes à deposição de João Goulart, mais de 5 mil pessoas foram presas. Sete em cada dez confederações de trabalhadores e sindicatos tiveram suas diretorias depostas.
A tortura foi uma constante desde o inicio da ditadura. Não foram somente os comunistas que sofreram desde o inicio com as torturas, os militares, mesmo de altas patentes, se tivessem tomado posição contrária ao grupo que estava no poder podiam sofrer tanto quanto qualquer “preso político”.
Tudo era feito em nome do combate à corrupção e à subversão. 
2.3 O ato institucional nº 2
Iniciava-se a vitória da “linha dura”, que estavam dispostos a eliminar qualquer vestígio do regime deposto, bem como qualquer oposição que surgisse.
Como em termos de propaganda, o Brasil estava do lado dos que eram democratas, haveria eleição para governadores em 1965.
A popularidade do regime militar enfrentaria um grande teste, e Castelo Branco tratou de aprovar duas medidas: A Lei de Inelegibilidade e o Estatuto dos Partidos Políticos.
A lei de Inelegibilidade barrava a candidatura de quaisquer ex-ministros de João Goulart, e o Estatuto, que impediria a existência de pequenos partidos.
Os militares passaram a pressionar o presidente para que as eleições fossem anuladas e, inclusive, que os vencedores fossem investigados pelo Tribunal Militar.
O ato Institucional nº2 restaurou muitos dos poderes especiais que tinham expirado com o primeiro Ato e investiu os revolucionários de poder constituinte permanente. 
Por força das armas e da repressão político-social, os militares inauguraram um documento de lei que tinha mais força que uma Constituição.
Com o art. 98, aumentou-se o numero de Ministros do Supremo Tribunal Federal. O mesmo foi feito com relação ao Tribunal Federal de Recursos.
Tendo o controle dos órgãos máximos do judiciário brasileiro, o AI-2 passou ainda para o domínio do Tribunal Militar o julgamento de crimes contra a “segurança nacional”. E por fim, o judiciário já não tinha competência para julgar os atos praticados “em nome da Revolução”.
No campo politico o Presidente e o vice seriam eleitos de maneira indireta, por “Colégio Eleitoral”, o que quer dizer que o Congresso Nacional iria escolher os mesmos. O A—2 só permitia a existência de dois candidatos, fazendo surgir dois partidos da Ditadura: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), uma oposição light, e a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), que apoiava o governo.
As cassações voltaram a ser feitas pelo Presidente, e impediam o cassado de se pronunciar sobre questões politicas e podiam até provocar liberdade vigiada e suspensão do direito de ir e vir. O Estado de Sítio também poderia ser instituído por pelo presidente. As garantias foram suspensas novamente.
A independência dos estados também foi afetada. O AI-2 previa a intervenção do Governo Federal inclusive para evitar a chamada “subversão da ordem”.
O executivo controlava o judiciário, e poderia cassar mandatos no legislativo. O presidente também poderia baixar atos complementares.
2.4 O Ato Institucional nº 3
Em 1966 haveria eleições para governadores e prefeitos e os opositores ganhavam simpatizantes. O Congresso fechado por longos períodos, deputados, senadores, deputados federais, eram cassados. 
Os militares tenderam a controlar o máximo possível o processo eleitoral. Por isso o AI-3 tornou a eleição para o Governo dos Estados indireta como a do Presidente.
E os prefeitos de capitais seriam então indicados por estes governadores, como consta no art. 4º.
2.5 Ato Institucional nº 4 e a Constituição de 1967
A constituição de 1946 – revolvida pelos três atos institucionais não podia mais ser considerada como uma Constituição de fato.
Decidiu-se então fazer uma nova constituição. E o AI-4 nada mais foi do que a convocação do Congresso para votar a mesma.
Nesta foram incorporados os AI’s anteriores, A lei de Imprensa, que instituiu a censura prévia e controle dos meios de comunicação, e a Lei de Segurança Nacional, que visava a defesa contra o tipo de “guerra interna” que muito preocupava os militares.
A nova const. foi feita no decorrer de 1966. Seu anteprojeto foi revisto de um ponto de vista autoritário e foi aprovado sem quaisquer alterações.
Esta constituição era muito parecida com a de 1946, extraídos os pontos democráticos e incluídos os atos constitucionais.
O executivo ganhou muito poder, inclusive para apurar crimes contra segurança nacional, ordem politica e social. Também poderia intervir no legislativo, sempre que considerasse necessário. Ademais, a intervenção federal poderia ocorrer até o nível municipal.
O Supremo teria 16 ministros e a Justiça Militar era responsável pelo julgamento dos crimes contra segurança nacional.
Foi mantida a redação de direitos de um Estado de Direito de Fato, com algumas exceções; mas não havia igualdade para pessoas que acreditavam em modelos políticos que não o que o regime militar impunha. A própria constituição alertava, no mesmo capitulo, do perigo de se abusar destes direitos,sendo que a previsão constitucional para tal abuso era a pena de perda de direitos políticos.
Vale lembrar que o país contava com um órgão de investigação – o SNI (Serviço Nacional de Informação), que tinha por objetivo ser uma CIA voltada para dentro.
2.6 O Ato Institucional nº 5 
Costa e Silva enfrentava uma enorme onda de protestos em todo país. 
Movimento estudantil ganhou força na década de sessenta. A tentativa de Castelo Branco de reorganizar o sistema de ensino superior uniu os estudantes.
Os militares expulsos também tinham partido para a oposição. Uma parte da Igreja Católica passou a apoiar os protestos contra a ditadura. Entretanto, a direita se mobilizava. Movimentos como o CCC – Comando de Caça aos Comunistas – se tornaram mais conhecidos.
Com o aumento opositor, foi convocado o Conselho de Segurança Nacional, informado do novo ato institucional a ser proclamado. Neste mesmo dia foi anunciado o fechamento do Congresso por tempo indeterminado.
O AI-5 em sua introdução indica que as ingerências já realizadas nas leis brasileiras não estavam sendo suficientes.
O presidente então teria o domínio sobre os legislativos federais, estaduais e municipais, podendo intervir em qualquer uma destas esferas.
Houve a suspensão dos direitos políticos e garantias constitucionais.
Foi diminuído o numero de magistrados do STF e os delitos contra segurança nacional foram para a jurisdição dos Tribunais Militares.
O estado de Sítio ficava a cargo do presidente, que poderia decretá-lo sem qualquer satisfação.
O Habeas Corpus foi suspenso. Com isso, os cidadãos ficaram a mercê de todo tipo de coação do Estado.
Três meses após a edição do AI-5, decidiu-se que os encarregados dos inquéritos policiais podiam prender qualquer individuo por sessenta dias, dos quais dez em regime de incomunicabilidade. 
2.7 Outras leis do RM e a Emenda Const. nº 1
Depois do AI-5 mais onze atos institucionais foram decretados. Alguns continham questões imediatas, e outros, como o AI-13, possibilitavam o banimento de cidadãos brasileiros considerados indesejados.
Foi baixado ainda em 1969 o AI-14, que possibilitava a pena de morte.
Houve também uma renovação da LSN.
Um dos alvos prediletos dos militares eram os estudantes, por sua crença na mudança.
Governo interferiu nas matérias a serem ministradas, e impuseram uma nova cadeira: educação moral e cívica.
Com Médici, a CF de 1967 recebeu a emenda nº1, composta por alterações básicas que aumentavam ainda mais o poder do Executivo.

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