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A saída do Reino Unido da União Europeia

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1)
A) Tema: A saída do Reino Unido da União Europeia
Título do projeto da pesquisa: Brexit: 
Pergunta de partida: Porque o Reino Unido saiu da União Europeia e como isso irá afetá-lo no meio doméstico e no meio internacional?
Hipóteses: O resultado do plebiscito deu-se pela parcela significativa da população de faixa etária elevada e pela preocupação com a soberania estatal tal como a política conservadora em relação a imigrantes. 
Objetivos: Destrinchar o assunto e abri-lo para debate, identificar os motivos que levaram a saída do Reino Unido da UE, analisar como esta ação afeta as relações interestatais, verificar a consequência dessa posição sobre a esfera doméstica do Estado.
Método: estudo bibliográfico
2) 
 A União Europeia surgiu como uma unificação da política e economia entre os Estados europeus. Instaurou-se através dessa união um mercado comum, implementando leis sobre o mercado de forma que fossem ratificadas por todos os Estados-membros. Apesar do aparente sucesso do mercado comum e da realização de outras estratégias econômicas (como a união monetária), o Reino Unido decidiu, através de um plebiscito, pela sua retirada da UE. A partir desse evento, levantam-se questões sobre o entendimento da saída do Reino Unido e sobre as possíveis consequências domésticas e internacionais desse ato. Essa pesquisa procura destrinchar o assunto, esclarecendo alguns motivos para a ocorrência de tal evento e analisando prováveis decorrências do caso.
Diante da conjuntura política do Reino Unido, é possível observar a predominância de uma ideologia conservadora na população e, consequentemente, no parlamento. Tal fato se exprime pela eleição de David Cameron, líder do Partido Conservador britânico, a Primeiro Ministro no ano de 2010. A pendência da balança ideológica para políticas conservadoras faz com que o Estado concentre seu poder na manutenção dos interesses de mercado e adote uma posição teórica realista perante as relações interestatais, acarretando no crescimento de discursos a favor da austeridade e da proteção dos interesses nacionais. Desse modo, a ideia de interdependência entre Estados proferida pelas políticas da União Europeia para atender um mercado comum se contrapõem as crescentes ideias de atendimento aos interesses econômicos e políticos do Reino Unido, que incentivam uma independência maior sobre a sua burocracia para desenvolver suas questões financeiras.
Para o Reino Unido, a União Europeia havia se tornado uma restrição de seu poder econômico. O poder de uma das partes só se tornou possível pela tomada do poder do outro (Gros 2009: 130), ou seja, a sacrifício de uma decisão independente sobre a economia deu espaço dentro da UE para uma decisão mútua e que tivesse decorrência entre todos os Estados. Isso acabou se tornando desvantajoso, na concepção do Reino Unido, para o desenvolvimento individual do Estado, pois além de impedir adequação do mercado aos interesses nacionais, a UE aproveita-se do poderio financeiro da Grã Bretanha para sustentar as suas políticas sem que houvesse um retorno de grandiosidade relativa aos investimentos feitos pelo Estado-membro (que alcançavam por volta de 12% dos investimentos totais feitos na UE). Este fato, conjuntamente com o crescimento da força das políticas de austeridade, fez com que a participação do Reino Unido na organização parecesse pouco vantajosa, fornecendo desse modo, motivação para a sua saída.
Um primeiro impacto possível da alternativa tomada se manifestaria no mercado agrícola. A UE havia criado a Política Agrícola Comum (PAC) que regulava o mercado e a produção de forma fosse possível um bom consumo desses produtos por todos os Estados-membros, desse modo, se um Estado tem pouca produtividade agrícola (seja por um espaço muito limitado para a agricultura ou pelo fundo de investimento do país se basear em outros setores), os produtos agrícolas de outros Estados têm a liberdade comercial de abastecer a demanda do outro que não pode sozinho abastecer seu mercado. Com a decisão do plebiscito, o Reino Unido não participa mais da livre transição desses bens de consumo, dificultando a importação e exportação dos produtos. Sendo o mercado agrícola de suma importância, pois trata de alimentar a própria população, tentaria-se o mais rápido possível refazer acordos com os países membros da União, ou até com nações Africanas e da América, para impedir que o mercado sofra uma crise.
Ao se retirar da União Europeia, o Estado perde certas vantagens provenientes do livre mercado. Seus produtos terão uma maior dificuldade para adentrar outros Estados, podendo agravar o comércio. Os acordos para facilitar a ação mercantil terão de ser planejados novamente e refeitos de modo que seja possível a competição dos bens produzidos pelo Reino Unido com os bens produzidos por outros Estados-membros da UE, e enfrentando-se a regulação dos preços dos produtos europeus.
O resultado da votação também deu-se pela natureza dos participantes. Jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos ocupam cerca de 80% dos votos contra a saída, e em sua contraparte 63% de eleitores com cerca de 65 anos votaram a favor da saída. Isto revela uma grande incoerência visto que a decisão que venceu o plebiscito trará mais consequências a longo prazo para o público mais jovem, justamente o grupo que, em sua maioria, foi a favor da permanência do Reino Unido pelas vantagens de transitar, viver, trabalhar e estudar livremente em outros 27 países.
Acredita-se que a política do voto não-obrigatório nesta decisão política teve grande impacto em seu resultado, e que na possibilidade de um segundo plebiscito a decorrência dos votos seria “sequestrada” pela população a favor do Bremain (junção de Britain e remain) pela repercussão das hipóteses de como a saída afetará a Grã-Bretanha e pela queda da libra esterlina pouco após a divulgação do resultado, causando tanto esclarecimento acerca da real gravidade da decisão, tal como arrependimento por parte daqueles que, levianamente, e devido a propagandas com informações infundadas a favor do movimento Brexit, foram levados a dar seu voto a favor daquilo que lhes aparentou mais próspero. Há também a possível presença de uma política xenofóbica transvestida de nacionalismo ao passo em que após a repercussão da decisão ao público, diversos ataques racistas foram surgindo rapidamente por toda a ilha. É possível que os britânicos estejam com um crescente sentimento nacionalista que sente que sua cultura está sendo “atacada” pelas políticas de imigração comuns dentro da União Europeia, e a saída só foi mais um meio de naturalizar e estimular o acontecimento de tais ataques, especialmente direcionados a poloneses que são aproximadamente 850 mil na população total do Reino Unido. 
Em suma, o destino do Reino Unido pós-saída ainda é incerto. Especulações de ambos os lados tentam descrever o futuro de uma das maiores e mais antigas potências previamente presente na União Europeia. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
BREXIT: THE MOVIE. Direção de Martin Durkin. [s.i]: Wag Tv, 2016. (72 min.), color. Disponível em: <https://www.brexitthemovie.com/>. Acesso em: 29 jun. 2016
TÉCNICAS DE PESQUISA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS – G2
PROFª JANA TABAK
ALUNAS LUIZA MARQUES BARRETO E LAURA NEVES
TURMA 24 A 2016.1

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