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RESUMO 1 - RELAÇÕES INTERNACIONAIS INTERDISCIPLINAR

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS INTERDISCIPLINAR 
As abordagens interdisciplinares e de novas metodologias de aprendizado têm sido empregadas com o 
objetivo de estabelecer um processo de integração de saberes. 
(1) acompanhar o notável grau de complexidade que os eventos naturais e humanos contemporâneos 
têm apresentado; (2) a rapidez com a qual esses eventos se manifestam atualmente; e (3) a consequente 
necessidade de empreendermos novas problematizações e reflexões sobre eles. 
A palavra interdisciplinar significa aquilo “que envolve duas ou mais áreas de conhecimento ou de 
estudo”. 
Século XX, em especial nas academias europeia e estadunidense, notamos que base das RI está 
profundamente fundamentada na composição de três ciências fundamentais: a ciência política, a história 
e a economia. 
Relações Internacionais, em iniciais maiúsculas, se refere à área do conhecimento, enquanto relações 
internacionais, em iniciais minúsculas, se refere ao campo ou ao ambiente de relacionamento dos atores 
internacionais. 
1970, notamos facilmente a incorporação de um novo conjunto de saberes que passou a comportar 
também a sociologia, a geografia, a antropologia, o direito, a filosofia e, até mesmo, em algumas subáreas, 
as ciências exatas. 
Atualmente, novas incorporações estão em curso, dando abertura, por exemplo, à psicologia, à linguística 
e aos estudos de gênero. 
Como sabemos, desde o fim da Guerra Fria (na virada da década de 1980 para a década de 1990), 
intensificou-se nesse ambiente uma série de alterações e reconfigurações, genericamente traduzidas a 
partir do conceito de globalização e de suas derivações. 
Defasado ou obsoleto, é cada vez mais notável a emergência de relações em um ambiente que comporta 
não apenas Estados-nação, mas um conjunto heterogêneo de atores que participam e influenciam o fazer 
das relações globais. 
O BRASIL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
O estudo da história da política exterior brasileira (PEB) e da atuação de nosso país nas relações 
internacionais. 
1. A posição brasileira na política mundial contemporânea 
Enquanto país periférico, o Brasil nunca coube participação de extremo destaque. O que TAMBÉM é culpa 
marcada pelo colonialismo e pelas reminiscências coloniais notáveis até os dias atuais. 
Nas últimas três décadas nos apresenta algumas mudanças nesse cenário. Isso ocorreu a partir do 
momento em que o país obteve estabilidade econômica e regularidade de política internas, situações 
advindas do amadurecimento institucional conquistado com a redemocratização. Fatores que ajudam são 
o Plano Real 1990; e, posteriormente, a confirmação do processo democrático, com a chegada ao poder 
de um partido de esquerda. 
Isso se deu de maneira lenta e gradativa, com engajamentos, por exemplo, que resultaram na criação do 
Mercosul, até hoje o principal processo de integração regional do qual o Brasil faz parte. 
Umas das primeiras manifestações nesse sentido foi precisamente em defesa do Mercosul. Tratou-se, 
todavia, de um engajamento que se contrapôs à criação de outro processo de integração regional, a Área 
de Livre Comércio das Américas (Alca). 
Tido como uma vitória, o processo de impedimento brasileiro à Alca pode ser considerado o marco inicial 
das mudanças do Brasil no sistema internacional. Isso porque ele sinalizou à integração brasileira com os 
países da América do Sul. Além disso, aumenta a integração do Brasil com países de semelhante 
configuração política e econômica. 
Após a composição dos Brics 2009, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 
Evidencias da recolocação do Brasil na política mundial contemporânea. 
Elas mostram a intenção do país em ativar a cooperação por meio do multilateralismo, um instrumento 
de desenvolvimento , o avanço por áreas geopolíticas que ultrapassam o subsistema sul-americano, onde 
o Brasil tradicionalmente tem posição de destaque e a conformação, em bloco, de contraposições 
políticas em órgãos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC). 
A cooperação Sul-Sul, que incrementaram os laços diplomáticos do país com parceiros do hemisfério Sul 
ou que possuem características históricas e sociais próximas às do Brasil. O notável privilégio às relações 
Sul-Sul impôs também o empenho de criação, em 2008, da União Sul-americana de Nações (Unasul), 
fortemente apoiada pelo Brasil. 
Um acontecimento mostra isso de maneira exemplar: a proposição aceita pela ONU, em 2004, de 
liderança brasileira da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). São creditados 
os três elementos confirmadores da mudança de patamar do Brasil nas RI’s. A realização da Conferência 
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio+20 em 2012; A realização no Brasil da 
Copa do Mundo Fifa, em 2014; e a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. 
Destaque que reacenderam também o histórico pleito por um assento permanente do Brasil no Conselho 
de Segurança das Nações Unidas, embora o debate sobre a reforma do órgão ainda não tenha sido 
pautado pela organização e seus principais membros. 
Ainda que grande crescimento, é limitado às capacidades de poder político, militar e econômico de nosso 
país. Os últimos anos mostram isso de maneira exemplar, dado que a crise econômica, com reverberações 
também no âmbito da política. 
2.Estudo de caso: política externa na Era da Informação 
Nos últimos anos, se tornou bastante comum governantes e políticos se manifestarem por meio das redes 
sociais. 
Embora haja procedências que remontam ao uso estratégico dos veículos de imprensa e das redes sociais, 
sem dúvida, o momento-chave que marca a emergência das atuais comunicações políticas e de diplomacia 
foi inaugurado com a recente aparição de líderes populistas pelo mundo afora. Trump em 2016, usava o 
Twitter para a publicização em massa de apontamentos estratégicos. Não demoraria para ganhar outros 
adeptos pelo mundo. 
Entre os anos de 2003 e 2011, o governo Lula engajou-se muito no desenvolvimento da PEB, nomeando-
a de altiva e ativa. Para isso, o presidente passou a encampar vários dos projetos e programas 
diplomáticos, anteriormente mais restritos ao âmbito do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Entre 
os instrumentos e ações utilizadas estavam as viagens oficiais por diversos países, a participação regular 
em encontros internacionais ETC. Destacaram-se também algumas publicações e entrevistas em canais 
multimídia, utilizou os veículos de comunicação em massa. O maior dos temas abordados por Lula foi o 
programa Fome Zero em 2003, que foi amplamente reconhecido e premiado em todo o mundo. 
Desde 2019, é o presidente Jair Bolsonaro quem tem usado com frequência esse expediente, porém com 
um ingrediente a mais: as redes sociais. 
Em tempos de emergência das novas formas de comunicação, são caracterizadas pela instantaneidade e 
pela ligação direta entre os interlocutores, é dessa maneira que a PEB está sendo rearticulada. 
3. Estudo de caso: o Brasil na África e a África no Brasil 
O racismo passa também pela dimensão colonial. África está presente no Brasil desde sua conformação. 
Um elemento constitutivo, e que representa a construção da nacionalidade brasileira. 
Nos mantivemos distantes da África no fazer da política externa durante bom tempo e ainda estamos 
longe de termos uma situação favorável. Nas últimas décadas que isso mudou um pouco. 
2000, a PEB fez uma guinada para melhor enxergar as possibilidades de cooperação e relação com os 
países e os povos da África. 
Uma das primeiras iniciativas nesse sentido foi a idealização e criação, nos anos 2000, da Universidade da 
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Instalada desde 2010. Objetivo central 
articular as ciências a partir de referenciais provenientes da diversidade daquele continente e de suas 
culturas. Essa e outras iniciativas foram importantes para mostrarmos a abertura do país à África.A presença do Brasil na África, estratégia que ficou marcada pelo aprofundamento e pela prioridade da 
não indiferença, chamada diplomacia solidária. A princípios dos anos 2000. Nesse período, tal iniciativa 
fez saltar de 17 para 37 o número de representações diretas do Brasil. 
Após essa iniciativa, a diplomacia brasileira avançou sua estratégia para estabelecer com a África boa 
parte de seus engajamentos de cooperação Sul-Sul. Havia a intenção de estabelecer a chamada “via de 
mão dupla” no processo cooperativo. 
Nos finais da década de 1990, em parceria com a África do Sul, dirigida ao questionamento das patentes 
de remédios retrovirais para o tratamento ao HIV-Aids. Brasil obteve, em parceria com o país africano, 
importante vitória em órgãos internacionais que reconheceram. 
Com esse olhar estratégico, outra área em que o Brasil obteve sucesso em programar os processos de 
cooperação Sul-Sul foi o campo energético. Foi notável também o crescimento dos fluxos comerciais entre 
as regiões, embora não sejam muitos. 
Dada as grandes dificuldades sociais, políticas e econômicas que ambas as regiões enfrentam, podemos 
dizer que essa aproximação está só no começo. 
 
O SISTEMA ONU E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
Uma organização intergovernamental idealizada para promover a paz e a cooperação. Instituída em 24 
de outubro de 1945. 
1. A ONU no século XXI 
Tendo passado pelas transformações do pós-Guerra Fria, pela virada do milênio, pelo mundo pós-11 de 
setembro e pela crise financeira de 2008, a ONU manteve sua relevância no cenário internacional. 
A sede da ONU está localizada em Manhattan, Nova York, havendo, também, escritórios em Genebra, 
Nairóbi e Viena. No momento de sua fundação, a ONU tinha 51 Estados-membros, incluindo o Brasil. 
Atualmente, a ONU possui 193 membros (o último membro a se filiar à organização foi o Sudão do Sul, 
em 2011). 
A organização é financiada com contribuições voluntárias de todos esses países-membros. O objetivo é 
de manter a segurança e a paz mundiais, busca incentivar a cooperação internacional como forma de 
promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento econômico e no progresso social, proteger o 
meio ambiente e prover ajuda humanitária a pessoas em situação de risco, seja ela causada por desastres 
naturais ou pela ação do próprio homem. 
Seis órgãos principais compõem as Nações Unidas: 
• a Assembleia Geral (General Assembly), principal órgão deliberativo da organização, sendo o único com 
representação universal; 
• o Conselho de Segurança (Security Council), responsável pela manutenção da paz e segurança 
internacionais; 
• o Conselho Econômico e Social (Economic and Social Council), para auxiliar na promoção da cooperação 
econômica, social e ambiental no âmbito internacional; 
• o Conselho de Tutela (Trusteeship Council), cujas atividades foram encerradas em 1994, era voltado à 
preparação dos territórios sob tutela para alcançarem o autogoverno ou a independência; 
• o Secretariado (Secretariat), destinado à gestão do sistema ONU, incluindo o fornecimento de estudos, 
informações e facilidades necessárias para seu funcionamento; 
• o Tribunal Internacional de Justiça (International Court of Justic), voltado a resolver litígios jurídicos que 
lhe são submetidos pelos Estados e a emitir pareceres consultivos sobre questões jurídicas. 
Além desses, há órgãos e programas complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações 
Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a 
Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o 
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). 
O cargo mais alto do sistema ONU é o de secretário-geral, ocupado pelo português António Guterres 
desde 2017. 
Desde a sua fundação, a ONU enfrenta as dificuldades características de sua própria estrutura: sofre 
pressões, os conflitos e os imobilismos desses membros, que possuem pesos e influências bastante 
desiguais. Nesse sentido, não consegue atingir o equilíbrio, pois, por sua própria formação, ela está 
marcada pelos desequilíbrios do sistema internacional. 
Na passagem para o século XXI outros temas adquiriram maior evidência. Tais como os terrorismos 
(especialmente os associados aos fundamentalismos religiosos), os tráficos diversos (drogas, 
armamentos, pessoas), os conflitos internos e transterritoriais (tais como guerras civis e genocídios), a 
pobreza extrema, as epidemias em larga escala, os deslocamentos massivos de populações, as violações 
dos direitos humanos e a degradação do meio ambiente. 
Diante desse cenário, a interpretação dominante na ONU é a de que as fragilidades internas aos Estados. 
Por isso, a principal ênfase para enfrentar esse ciclo seria o reforço de três elementos: segurança, 
desenvolvimento e democracia , assim, a palavra-chave passa a ser estabilidade. 
São frequentes os debates sobre a reforma da ONU em setores-chave, tais como a melhoria no processo 
de alocação de recursos para programas prioritários e a redução dos altos custos administrativos; a 
revisão das missões de paz, visando torná-las mais eficazes; a maior atenção às violações dos direitos 
humanos (fornecendo ênfase aos trabalhos do Conselho de Direitos Humanos); o apoio a iniciativas 
democráticas (por meio do Fundo para a Democracia); a maior atenção ao tema do desenvolvimento 
(incluindo a revitalização do Conselho Econômico e Social – Ecosoc) e a reforma do Conselho de 
Segurança, como meio de fornecer maior equilíbrio de poder. 
2. Estudo de caso: a Carta da ONU e suas atualizações 
Discutida na Conferência de São Francisco, em 25 de abril de 1945, e assinada por 50 dos 51 países-
membros originais em 26 de junho do mesmo ano, a Carta da ONU é o tratado principal e constituinte das 
Nações Unidas. Não por acaso, os principais aliados da Declaração das Nações Unidas se tornaram os 
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. 
É possível notar na Carta das Nações Unidas os elementos cosmopolitas e de corte liberal que já 
caracterizavam o pacto da Liga das Nações (1919). 
A Carta de 1945 só passaria a valer a partir de 24 de outubro de 1945 e, enquanto ela ainda não tinha 
efeito, os Estados Unidos bombardearam Hiroshima e Nagasaki. 
A Carta da ONU é constituída de um preâmbulo e dezenove capítulos, subdivididos em artigos. Vejamos 
brevemente: 
• Preâmbulo: Assinalada a fundação da ONU e seus objetivos primeiros, que são preservar a paz e os 
direitos das pessoas. Também se afirma o compromisso de não usar a força armada, a não ser no interesse 
comum, e de promover o desenvolvimento econômico e social de todos os povos. 
• Capítulo I: contém os propósitos e os princípios da organização. Entre os propósitos estão: a manutenção 
da paz e da segurança internacional; o respeito à igualdade e à autodeterminação dos povos; o estímulo 
à cooperação internacional, visando o desenvolvimento; e o trabalho de harmonização entre os povos de 
modo a realizar seus objetivos em comum. Entre os princípios estão: a igualdade soberana entre todos os 
membros; o compromisso de todos os membros em cumprir a própria carta, ao não empregar meios 
violentos uns com os outros, privilegiando os meios pacíficos, e ao contribuir com o que for decidido pelas 
Nações Unidas; e o princípio de não intervenção, segundo o qual a própria ONU se compromete a não 
ferir a soberania das nações. 
• Capítulo II: traz os critérios para os países se tornarem membros da ONU. Os novos membros sejam 
aceitos a partir de sua aprovação na Assembleia Geral, após recomendação do Conselho de Segurança, e 
que os membros que descumprirem os princípios da ONU podem ser suspensos ou expulsos da 
Organização. 
• Capítulos III a XV: Apresenta os órgãos da ONU e sua estrutura. Os órgãos principais criados pela Carta 
são a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, oConselho de Tutela, 
a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado. 
— A Assembleia Geral congrega todos os países-membros e pode discutir quaisquer questões relativas à 
manutenção da paz e da segurança e fazer recomendações aos países em relação ao encaminhamento 
pacífico dessas questões. Exceção a isso são os assuntos que já estejam sendo discutidos pelo Conselho 
de Segurança, a menos que o próprio Conselho de Segurança encaminhe para a discussão da Assembleia 
Geral. Também cabe à Assembleia Geral a aprovação do orçamento da Organização. 
— O Conselho de Segurança é composto por 15 Estados-membros, sendo 5 permanentes e 10 
temporários. Os 5 membros permanentes são China, Estados Unidos, União Soviética (depois, Rússia), 
Reino Unido e França. Os membros temporários são eleitos para mandatos de 2 anos. O Conselho de 
Segurança deverá encaminhar soluções pacíficas para os atritos entre as nações, reconhecer atos de 
agressão e ameaças à paz e tomar medidas em relação a esses atos, evitando empregar forças armadas e 
buscando sanções como os bloqueios econômicos e até o rompimento de relações diplomáticas. Caso 
essas sanções pacíficas não sejam suficientes, o Conselho pode empregar medidas coercitivas de natureza 
militar, precisando aí dos contingentes militares dos países-membros para isso. 
— O Conselho Econômico e Social é composto de 54 membros eleitos e deverá fazer estudos, discussões 
e recomendações às nações no que diz respeito às questões econômicas, sociais, sanitárias, culturais e 
educacionais, de modo a impulsionar o desenvolvimento dos povos. 
— O Conselho de Tutela tinha a função de proteger povos sem governo próprio. Em 1994, ficou decidido 
que o Conselho estaria suspenso por tempo indeterminado em razão da perda de seu objeto, tendo em 
vista a independência da última colônia, Palau, que se tornou um Estado-membro das Nações Unidas. 
Apesar de suspenso, o Conselho de Tutela ainda consta na Carta da ONU como órgão. 
— A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário da ONU e tem estatuto próprio. Ela é 
composta por 15 juízes eleitos de nacionalidades distintas e tem a função de avaliar juridicamente 
conflitos entre Estados (o que a distingue do Tribunal Penal Internacional – TPI, que julga indivíduos, e 
não Estados). 
— Por fim, o Secretariado é composto pelo Secretário-Geral, o principal cargo administrativo da 
organização, e pelo pessoal necessário para gerir sua estrutura burocrática. 
• Capítulos XVI a XIX: são apresentadas disposições gerais sobre diversos assuntos, como a interação da 
Carta com outros acordos internacionais, sobre conflitos entre obrigações das Nações Unidas, sobre 
emendas e a assinatura da Carta. 
Desde 1945, a Carta recebeu emendas pontuais, de prever a possibilidade de revisão da Carta e de sua 
efetividade prática, sendo uma das iniciativas que mais se aproximou disso o documento Agenda para 
paz, de 1992, proposto pelo então secretário-geral Boutros Boutros-Ghali. Esse documento foi 
responsável, por exemplo, por mudanças na atuação em defesa da paz na medida em que diminuiu a 
valorização da soberania para permitir as ações preventivas de controle dos conflitos civis. 
Outro documento de suma importância para o processo de atualização dos princípios da Carta foi o 
relatório do Pnud de 1994, em que se fixou a categoria de segurança humana. 
Contudo, há receios de que a possibilidade de revisão mais profunda da Carta desvirtuem o papel e o 
significado da Organização. 
3. Estudo de caso: o Conselho de Segurança em novos tempos 
Conselho de Segurança é o órgão que tem maior poder para garantir o cumprimento dos compromissos 
assumidos com as Nações Unidas. É o único órgão que pode tomar decisões que devem ser seguidas por 
todos os países-membros e que pode determinar sanções punitivas, missões de paz ou até intervenções 
militares sobre os países. 
A composição do Conselho de Segurança é a mais criticada como desigual: ele contém cinco membros 
permanentes (China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido), os únicos que têm poder de veto, e 
dez membros rotativos, que são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. 
Para uma resolução ser efetivamente adotada pelo Conselho de Segurança, ela precisa ser aprovada por 
no mínimo 9 dos 15 membros e não ser negada/vetada por nenhum dos 5 membros permanentes. 
Essa estrutura do Conselho de Segurança foi criada a partir do fracasso da Liga das Nações justamente por 
sua excessiva igualdade. 
Os debates e as tentativas de reforma do Conselho de Segurança possuem poucos resultados efetivos. 
A única alteração real na composição do Conselho foi sua ampliação, em 1963, dos já mencionados 
assentos não permanentes. O fim da Guerra Fria, os debates sobre a reforma do Conselho de Segurança 
ganharam nova ênfase. 
Como consequência, em 1993, a Assembleia Geral instituiu um Grupo de Trabalho de Composição Aberta 
sobre a reforma do Conselho de Segurança. Esse Grupo permaneceu ativo por 15 anos, mas não houve 
qualquer proposta que tenha se transformado em um resultado prático. 
Em 1997, uma proposta do então Presidente da Assembleia Geral, o embaixador malásio Razali Ismail, 
sugeria o aumento no número de membros do Conselho de Segurança de 15 para 24. Cinco novos 
membros permanentes deveriam ser eleitos: três países em desenvolvimento da Ásia, África e América 
Latina e Caribe; e dois entre os países desenvolvidos. Os quatro novos assentos para membros não 
permanentes seriam distribuídos da seguinte forma: um para Estados africanos; um para Estados 
asiáticos; um para Estados europeus orientais; e um para Estados latino-americanos e caribenhos. 
Outro momento-chave ocorreu em 2005, em meio à celebração dos 60 anos da ONU. A primeira sugestão 
de seis novos assentos permanentes, sem direito a veto, além de três assentos não permanentes, com 
mandato de dois anos. O segundo modelo previa uma terceira categoria de oito assentos com mandatos 
mais longos (quatro anos), com a possibilidade de renovação, além de mais um assento não permanente, 
conforme regra já vigente (mandato não renovável de dois anos). O que também não ocorreu. 
Enquanto alguns países assumem o modelo decisório atual como fundamental, outros pensam na 
mudança como primordial para a inclusão. 
A MULHERES NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
O feminismo está dentro da pauta de defesa das minorias e dos direitos humanos. 
1. Estudo de caso: a ONU e as mulheres 
A ONU em 2013, para conscientizar as pessoas em relação à discriminação de gênero: colocaram no 
Google frases como “mulheres deveriam...”, entre outras. Recolheram as sugestões do recurso 
autocompletar do Google e produziram anúncios que evidenciavam o quanto frases machistas têm espaço 
na sociedade. E esse é o papel dessa agência das Nações Unidas, a ONU Mulheres. 
Criada em 2010, ela tem como objetivo promover e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos 
humanos das mulheres. Ela nasceu a partir do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a 
Mulher (Unifem). 
Atuação da agência: defesa da liderança e participação política das mulheres; estudos e ações em prol do 
empoderamento econômico feminino; campanhas e projetos pelo fim da violência contra mulheres e 
meninas; defesa das mulheres nos processos de construção da paz e segurança e nas situações de 
emergências humanitárias; informação, apoio e combate aos preconceitos no que diz respeito à luta 
contra o HIV e a Aids. 
ONU Mulheres busca a participação mais efetiva das mulheres em cargos políticos e de liderança, 
defendendo o que eles chamam de democracia paritária. Um equilíbrio entre o espaço oferecido a 
homens e mulheres, especialmente mulheres negras e indígenas. 
Segundo o Guia de empoderamento político das mulheres: Ação na América Latina e Caribe elaborado 
em 2014 pela ONU Mulheres, seria preciso agir em cinco grandes frentes: (1) ações afirmativas para 
garantir aparidade; (2) integração da perspectiva de gênero nas políticas públicas e nas instituições; (3) 
ações pelo fortalecimento das lideranças das mulheres; (4) ações dos partidos políticos para garantir a 
paridade; e (5) o enfrentamento à violência política e aos estereótipos sexistas de gênero nas mídias e nas 
tecnologias de informação e comunicação. 
Sobre o fim da violência contra mulheres e meninas, Estados-membros das Nações Unidas assumiram 
esse compromisso por meio de dois acordos: a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Mulher (Cedaw, 1979) e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará, 1994). Outros projetos surgiram, 
como no projeto Conectando Mulheres, Defendendo Direitos, que prevê o apoio às defensoras dos 
direitos humanos das mulheres no Brasil. 
No ano 2000 o Conselho de Segurança da ONU aprovou a histórica Resolução 1325 sobre mulheres, paz 
e segurança. Conselho de Segurança reconhece que as mulheres são imprescindíveis agentes de mudança 
e poderiam ser ainda mais decisivas se tivessem mais espaço para agir e se manifestar. 
A OMC E AS DISPUSTAS COMERCIAIS 
A atividade de comércio no âmbito internacional possui procedências que remontam à Antiguidade e ao 
período medieval (ou seja, tem um lastro histórico profundo), mas, também, pela própria intersecção que 
o comércio possui com as questões de guerra e paz desde a emergência do capitalismo. 
1. Panorama da regulamentação do comércio internacional 
Conferência de Versalhes, que resultou no acordo da Liga das Nações. Porém, outro acordo, também 
firmado na capital francesa, foi muito importante para as relações internacionais, pois foi o primeiro da 
história moderna a sinalizar o intuito de regulamentação, parametrização e acompanhamento das 
relações comerciais internacionais. Menos conhecido e de menor amplitude diplomática que a Liga das 
Nações, esse acordo, contudo, colocou na ordem do dia a intenção de se estruturar uma OI capaz de 
reunir representantes e agentes dos diversos países e de seus organismos privados envolvidos em 
comércio exterior. 
A International Chamber of Commerce (ICC), foi pensada exatamente para o alinhamento dos interesses 
e das visões distintas de negócio. Assim, foi responsável por fomentar alguns consensos e convenções 
para a atividade comercial internacional, regulamentando-a em seus trâmites operacionais, bem como 
por meio de mecanismos de arbitragem para solução de controvérsias. A ICC é a organização até hoje 
responsável pela elaboração dos chamados Incoterms, os termos de comércio que parametrizam essa 
atividade internacionalmente. 
Trata-se da iniciativa mais arrojada e complexa que nasceu em meio às conflagrações da Segunda Guerra 
Mundial. O principal encontro que então ocorreu foi aquele de que, após conferência diplomática de 
grande importância realizada em 1944, nos Estados Unidos, derivaram os Acordos de Bretton Woods, até 
hoje considerados a principal baliza normativa da economia internacional. Foi a partir de então que o 
comércio exterior também passou a entrar vigorosamente na pauta dos organismos internacionais. 
Assim, a partir dos Acordos de Bretton Woods, além da determinação de criação do Banco Mundial e do 
Fundo Monetário Internacional (FMI), foram também delineadas as bases de criação da Organização 
Internacional do Comércio (OIC). Junto com as outras duas instituições, a OIC foi pensada para executar 
o equacionamento das constantes disputas comerciais entre os Estados, promovendo, tanto quanto 
possível, o equilíbrio e a organização do comércio exterior. 
Isso pode ser traduzido em um amplo engajamento no sentido de firmar os preceitos do liberalismo e 
fiscalizar, de maneira permanente, sua observação em nível global. Ou seja, proibir, entre todos os 
participantes da organização, as práticas protecionistas; os auxílios de subsídios; a manutenção de altas 
taxas, tarifas e impostos de importação; a fixação de barreiras ao comércio de todas as ordens etc. 
Contudo, apesar de tais prerrogativas alinhavadas pela OIC a partir de Bretton Woods, a organização não 
chegou a ser efetivamente criada. 
Assim, foi necessário um novo engajamento diplomático, a partir de 1947, passaram a vigorar os Acordos 
do General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) – em português, Acordo Geral de Tarifas e Comércio. 
O GATT colocou em operação os preceitos liberais, porém, restritos a um grupo menor e seleto de países. 
A principal iniciativa se dirigiu a coibir práticas desleais de comércio, sendo tal tarefa realizada a partir de 
estipulação de regras e normativas a serem seguidas pelos países do acordo, bem como a partir de 
negociações que resultaram na elaboração de longas listas de produtos a terem seus impostos de 
importação reduzidos ou eliminados para que, então, tivessem livre circulação internacional (entre os 
países que firmaram o acordo do GATT). A partir da Rodada Uruguai, ocorrida entre 1986 e 1994, os países 
do bloco soviético passaram a integrar as negociações, incluindo a Rússia. 
Em 1995, a OMC foi criada a partir do cenário propício de pós-Guerra Fria. Estabelecida na cidade de 
Genebra, na Suíça, a OMC teve como primeiro grande mérito transformar os processos e as negociações 
diplomáticas em torno do comércio internacional em uma atividade permanente. Isso fez com que os 
acordos do GATT fossem incorporados à nova OI e com que seus objetivos fossem concentrados no 
constante aprofundamento da liberalização econômica para fomentar as trocas mercadológicas entre os 
países-membros. Desse modo, implementou-se uma estrutura organizacional, atrelada aos dispositivos 
do sistema ONU, que passou a proibir e coibir os altos impostos e taxas de importação; os programas 
governamentais de subsídios; as práticas desleais de comércio exterior como o dumping; entre outras 
iniciativas, todas elas dirigidas ao objetivo de transformar o mercado global o mais liberado possível dos 
nacionalismos econômicos. A partir desse empenho, a OMC também levou adiante as negociações 
específicas em cada setor produtivo da economia. 
2. Estudo de caso: a disputa comercial sino-americana 
Desde o fim da Guerra Fria, e, sobretudo, a partir dos anos 2000, iniciaram uma nova disputa bipolar pelo 
controle político, econômico, militar e tecnológico das relações internacionais; o que significa uma 
renovada disposição dirigida à busca (China) ou manutenção (Estados Unidos) da hegemonia nesse 
campo. 
Nesse período inicial, tratou-se de uma rivalidade que se resumiu às conquistas chinesas no campo 
comercial, dadas a magnitude do mercado chinês e sua capacidade de competição. Porém, aos poucos a 
China se mostrou mais ampla, atingindo todo o campo da economia, e, em potencial, outros campos 
sensíveis da política, como o diplomático, o tecnológico e o militar. 
A primeira grande manifestação dos Estados Unidos nesse sentido se deu em março de 2018, quando o 
governo Trump aumentou o imposto de importação do aço e do alumínio chinês que entravam no país e 
competiam de maneira muito favorável com a produção local. E outras práticas não autorizadas pela 
OMC. 
A China, diante de tais ofensivas, obviamente não aceitou sem reclames e revides tal situação. O que se 
viu a partir de então foi aquilo que passou a ser chamado de guerra comercial entre as duas 
superpotências. 
Essas extensas ofensivas e revides de parte a parte não significam que a chamada guerra comercial sino-
americana pode chegar a um patamar de conflito militar. Mesmo com o crescimento contínuo do país 
oriental, os Estados Unidos permanecem uma potência militar extremamente poderosa. Isso significa que 
uma balança de poder ainda muito estável é perceptível nas relações internacionais. 
Por parte dos Estados Unidos, julgam que os produtos chineses são provenientes de práticas desleais de 
comércio, como o dumping, ou mesmo derivadosde uma capacidade de produção que só se encontra em 
países que exploram a mão de obra semiescrava. 
Caberia, portanto, à OMC uma mediação no sentido de conter a escalada das animosidades entre os dois 
países. Contudo, a OMC tem se mostrado um mecanismo institucional frágil diante dessa disputa entre 
gigantes do comércio. Mais do que nunca, então, é necessário repensarmos a atuação da OMC para que 
se possa creditar a ela mais força política, especialmente em seus mecanismos de solução de 
controvérsias. 
3. Estudo de caso: o acordo Mercosul-UE 
Desde os anos 1990, a iniciativa em benefício da liberalização do comércio mundial ganhou também 
amplo desenvolvimento nos processos de integração regional. 
Tanto a UE quanto o Mercosul são exemplos de processos de integração regional que se consolidaram e 
se desenvolveram nos anos pós-Guerra Fria. 
A UE, sem dúvida, é o maior exemplo disso, até porque seu histórico remonta aos anos 1950, quando 
iniciaram as aproximações entre os países europeus visando uma maior estabilidade no continente. Por 
trás desse empenho de aproximação, além da estabilidade política, estava também a busca por 
estabilidade econômica, o que pressupôs a criação e a expansão de um bloco livre de barreiras ao 
comércio, consolidado no ano de 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht. 
Mais ou menos nessa época, aqui na América do Sul, por iniciativa do Brasil e da Argentina, foi criado o 
Mercosul, um processo de integração que nasceu com objetivo semelhante ao bloco europeu, uma vez 
que também estabeleceu um programa para a implementação do mercado comum entre os países 
integrantes. 
Em 1999, uma iniciativa que aproximou UE e Mercosul. A princípio, em um interesse que objetivava 
processos de cooperação para benefício econômico mútuo frente ao espraiamento da globalização. 
Começaria ali um longo processo de negociação com esse intuito, finalizado somente 20 anos depois, em 
junho de 2019. 
Esse processo foi de extrema complexidade em razão de dois aspectos. Primeiro, por se tratar de um 
acordo comercial entre dois blocos de países, o que significa a necessidade de concordância. Além disso, 
os dois lados terem de entrar em consenso sobre uma série de questões que envolvem o comércio, de 
modo que somente decisões unânimes das partes davam sequência às negociações. 
Para termos uma noção, alguns dos pontos sensíveis debatidos durante as negociações foram: 
• os marcos regulatórios que se referem à institucionalidade dos dois blocos, que, embora semelhantes, 
estão claramente em fases distintas de desenvolvimento; 
• as tarifas alfandegárias para os mais diferentes produtos e bens importados e exportados dentro da 
zona comercial do Mercosul e da UE; 
• as regras e as fiscalizações a serem implementadas para a segurança sanitária mútua; 
• os contratos destinados à proteção da propriedade intelectual e das garantias técnicas das mercadorias; 
• as licitações públicas a serem realizadas para a concessão de serviços e obras com a permissão de 
participantes estrangeiros; 
• as reduções ou eliminações dos impostos de importação das mercadorias comercializadas pelos países 
dos dois blocos. 
A perda de espaço mercadológico de determinado setor da economia em uma das áreas comunitárias em 
relação à outra é recompensada pelo ganho de espaço mercadológico de outro setor, e vice-versa. 
Trata-se de um processo ainda longo e, também, complexo que deve mobilizar o aparato jurídico-político 
dos mais de trinta Estados das duas comunidades na verificação dos pontos do acordo. Ou seja, na prática, 
embora já determinado, o acordo ainda não está efetivamente em vigor. 
Uma das responsabilidades gira em torno da exigência de todos os países cumprirem, de maneira estrita, 
o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, que nada mais é que um tratado internacional sobre 
questões ambientais firmado em 2016. 
De extrema importância, o Acordo Mercosul-UE deve ser também colocado em perspectiva crítica. Isso 
porque, embora possamos estimar que sua efetivação pode representar saldos positivos ao Brasil, é 
igualmente possível que ele assevere ainda mais o processo de desindustrialização em curso em nosso 
país. 
GEOPOLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
1. Um quadro geral da geopolítica 
A geopolítica pode ser considerada a “mãe” de nossa área de estudos. Trata-se de uma orientação que 
guia a forma com a qual os Estados atuam diante da necessidade de administrar territórios, deter o poder 
e governar a sociedade. 
Geopolítica é o exercício prático da geografia política; a primeira executa ações de Estado enquanto a 
segunda elabora conceitos científicos. 
A geografia política é comumente relacionada aos trabalhos do geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844-
1904). Isso se deu porque Ratzel observou que os Estados germânicos (antes da unificação) eram 
atrasados do ponto de vista do desenvolvimento econômico. 
A localidade e o território são elementos essenciais para determinar as potencialidades dos Estados. 
Nesse sentido, quanto maior e mais rico o território de um Estado, maior seria seu poder. 
I – O espaço dos Estados deve crescer com sua cultura; II – O crescimento do Estado-nação segue as outras 
manifestações de crescimento do povo, devendo, necessariamente, preceder o crescimento do próprio 
Estado; III – O crescimento do Estado manifesta-se pela adição de outros Estados dentro do processo de 
amalgamação; IV – A fronteira é o órgão periférico do Estado; V – Em seu crescimento, o Estado luta pela 
absorção de seções politicamente importantes; VI – O primeiro ímpeto para o crescimento territorial vem 
de outra civilização superior; VII – A tendência geral para a anexação territorial e amalgamação transmite 
o movimento de Estado para Estado e aumenta a sua intensidade. 
Assim, num primeiro momento, a geopolítica, se posicionou como uma visão adversária (mas não 
antagonista) às RI, que nasceram influenciadas pela perspectiva da escola liberal, com grande apelo ao 
pacifismo. Logo as RI seriam fortemente influenciadas pela perspectiva da escola realista. 
Porém, o segundo grande teórico tinha discordância com Ratzel. Mackinder entendia que o espaço vital 
era fixo, e não variável. Haveria um grande espaço vital no planeta que dominado e explorado, concederia 
amplo poder ao Estado. Esse espaço vital identificado por Mackinder foi por ele denominado Heartland, 
em tradução para o português, “Coração da Terra”. Se encontra no centro-norte da Eurásia, a gigantesca 
porção de terra que une os continentes Europa e Ásia. 
2. Estudo de caso: a grande geopolítica do século XX 
As duas guerras mundiais determinam como a procura pela espanção dita por Ratzel e Mackinder são 
comprovadas. A maioria dos conflitos giram em torno da Heartland, até na Guerra fria. 
3. Estudo de caso: a nova geopolítica do século XXI 
Não mais definidos pela condição geográfica; não mais vinculados, necessariamente, à soberania; não 
mais garantidos pela nacionalidade. A partir desse momento, o capitalismo começa se tornar 
desterritorializado, sem pátria e global. 
Assim, se antes o poder dependia fundamentalmente da exploração e do domínio de territórios que 
garantiam recursos, passamos a ver empresas de tecnologia que angariavam altíssimos recursos 
financeiros sem a necessidade de nada disso. 
Muitos Estados orientados pelo liberal passaram a abordagem econômica não mais pautada na 
competição nacional, até porque essa situação tinha também contribuído para a ocorrência das duas 
Grandes Guerras. Estados pouco a pouco passaram a se reunir, por meio de tratados internacionais. 
Nova situação por meio da cooperação – e não da mera competição –, os Estados passaram a se integrar 
para partilhar interesses mútuos. Algo que pode ser resumido por meio da globalização, que pressupõe o 
espraiamento do liberalismo. 
Contudo, na década de 1990, outra abordagem da geopolítica surgiria para dar fôlego àquela perspectivaclássica fundada no realismo. Ficou conhecida como a teoria do choque de civilizações, foi desenvolvida 
e amplamente divulgada a partir dos trabalhos do cientista político estadunidense Samuel Huntington. 
Que recolocou no centro de debate o suposto anseio natural das unidades políticas, em especial os 
Estados, de sempre maximizar poder. 
Desse modo, a globalização seria precisamente o elemento que expôs, de maneira latente, as diferenças, 
as lutas e as rivalidades entre as civilizações, pois resultou, de um lado, na queda do componente 
soberano e nacional, e, de outro lado, na aproximação das civilizações ao promover a convivência delas 
na chamada aldeia global, cada vez mais intermediada pelos fluxos tecnológicos e comunicacionais 
altamente desenvolvidos. 
REDIMENSÕES DO IMPERIALISMO NA POLÍTICA MUNDIAL 
O conceito de imperialismo, surgido apenas no início do século XX, apesar de designar práticas que podem 
ser muito anteriores, retoma força no início do século XXI. 
O imperialismo designa os mecanismos de expansionismo e as iniciativas de domínio territorial, cultural 
ou econômico de um Estado-nação sobre outras regiões e outros povos. 
1. O Imperialismo e as RI 
O imperialismo surge pela urgência dos países industrializados, em especial a Inglaterra, por territórios e 
mercados para sua produção excedente de mercadorias. 
Para os reformistas, o imperialismo é um desvio do capitalismo ou o resultado das decisões de política 
externa dos países. Para os marxistas revolucionários, o imperialismo é um desdobramento do 
capitalismo, uma fase do capitalismo, a qual não pode ser destruída sem que se destruam as bases da 
organização capitalista das sociedades. 
O primeiro aspecto a que é importante prestar atenção a partir dessa definição é que o imperialismo é 
pensado por Lenin em uma estreita relação com a financeirização do capital e o fenômeno dos 
monopólios. 
As iniciativas imperialistas estariam ligadas à conquista de territórios, mercados e matérias-primas para 
garantir a expansão dos monopólios nacionais e para vencer a concorrência de outros monopólios das 
potências rivais. 
Lenin entende que a guerra é um desdobramento do imperialismo, já que a rivalidade entre as potências 
é uma característica da competição imperialista. Com o final da Guerra Fria, essas questões mudaram. 
Com isso, o conflito e a cooperação entre as grandes potências centrais assumiram novos contornos, de 
modo que o imperialismo contemporâneo tem significado a intensificação da violência na periferia do 
sistema. Agora, a guerra não é mais uma competição com outras potências pela hegemonia: multiplicam-
se as intervenções militares e os bloqueios econômicos contra países periféricos ou, ainda, guerras sem 
um endereço estatal predefinido, como a guerra ao terror ou a guerra às drogas. 
Desde a Guerra do Vietnã e da crise econômica da década de 1970, o jogo de poder não estava mais tão 
fortemente relacionado ao poder militar, mas, sim, à circulação financeira. 
A história das guerras imperialistas, interimperialistas e anti-imperialistas acabou, que toda guerra 
imperial é uma guerra civil, uma ação policial. 
2. Estudo de caso: o renascimento da Rússia 
26 de dezembro de 1991, por meio da declaração nº 142-H do Soviete Supremo. Essa declaração 
reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade de Estados 
Independentes (CEI). 
Dessa forma, a vitória e a universalização da democracia liberal no pós-Guerra Fria significariam o 
estabelecimento de uma nova ordem mundial definida pela “paz democrática”. 
Quanto ao cenário geopolítico, a Rússia esteve em posição vulnerável durante a década de 1990 devido à 
expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da UE em direção à Europa Oriental, 
abarcando países que anteriormente faziam parte da zona de influência da URSS. Vale ressaltar que, em 
2002, a Rússia passou a participar parcialmente da Otan. 
A Rússia conseguiu retomar o crescimento econômica já em 2010. 
3. Estudo de caso: a China como novo hegemon 
Grande poder e hegemon (“líder”, em grego) em potencial. 
O recente crescimento da economia chinesa estão bastante associados às reformas políticas do então 
líder do país Deng Xiaoping, no final da década de 1970. Migrou de uma economia agrária e politicamente 
isolada para uma potência econômica, ocupando cada vez mais a governança global. 
Cada vez mais as empresas chinesas de tecnologia estão se apresentando como ameaça à supremacia do 
Vale do Silício. Um apelido dado à região da baía de São Francisco (Califórnia, Estados Unidos), onde estão 
situadas várias empresas de alta tecnologia. 
Xi Jinping (eleito em 2013) pretendeu (re)colocar a China em seu papel milenar de expressiva liderança 
econômica, comercial e cultural. 
Diante de vários conflitos já acontecidos, a China deverá permanecer em evidência no cenário 
internacional nas próximas décadas. 
OS ESTADOS UNIDOS E O PODER NA POLÍTICA MUNDIAL 
Ainda que mudanças no sistema internacional e na balança de poder, é inegável que os EUA ainda ostenta 
a posição de nas RI. 
A posição de seu poder já não é mais isolada, como foi entre as décadas de 1980 e 1990. 
Hoje o país possui capacidade de influenciar e determinar diretrizes, regimes e regimentos do sistema 
internacional sem o uso ou a ameaça de uso da força e sem o exercício de pressões econômicas. 
1. Estudo de caso: o cinema hollywoodiano e a construção do soft power estadunidense 
A atual condição do capitalismo envolve a passagem da hegemonia britânica para a hegemonia dos 
Estados Unidos e as mudanças nos discursos sobre essa hegemonia. 
Entretanto, se o imperialismo estadunidense tem esse lado mais duro da atuação militar e econômica, 
você também conhece muito bem sua outra face, muito mais sutil e amistosa: a expansão cultural é um 
elemento fundamental da estratégia. 
É por isso que, cada vez mais, os governos fazem uso de formas de poder mais brandas e apenas em teoria 
menos agressivas: isso é o que Joseph Nye Jr. (2002) chama de soft power (poder brando), que designa 
essas atuações de cunho mais cultural e ideológico e se opõe ao hard power (poder duro ou bruto), que 
é usado para se referir a ações militares ou econômicas. 
Desde então, a relação entre as iniciativas a ideologias no cinema norte-americano tem sido constante, 
seja pela relação direta com agências governamentais. O que importa perceber é que as questões políticas 
e estratégicas pautam filmes e empregam o cinema como propaganda de ideias e políticas levadas a cabo 
pelos governos constantemente. 
Assim, também são produzidos estereótipos a respeito de diversas outras culturas. Ao desumanizar os 
outros, valoriza-se a humanidade especial dos norte-americanos. 
A SEGURANÇA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
A guerra e a paz são vistas como temas centrais nas RI desde a fundação dessa área de saber. 
1. O estudo da segurança em RI 
Existem variáveis que poderiam ser condensadas em: fatores políticos (estabilidade e legitimidade das 
instituições políticas), econômicos (acesso a recursos mínimos para a manutenção do bem-estar e das 
instituições), societais (preservação de elementos como a língua, os costumes e a religião) e ambientais 
(manutenção da biosfera, imprescindível para o desenvolvimento dos outros fatores). 
Essa dinâmica ganhou evidência no sistema ONU (especialmente a partir das iniciativas colocadas em 
prática pelo Pnud) a adoção de princípios e práticas calcados no discurso de maior atenção para a melhoria 
das condições de vida e das liberdades das mais diversas populações ao redor do mundo (especialmente 
em relação àquelas consideradas mais vulneráveis). 
Para além da defesa da soberania e do controle da expansão do aparato nuclear e militar, havia, também, 
uma ênfase expressiva em problemas sociais, tais como a pobreza e o subdesenvolvimento. 
O paradigma da segurança humana está calcado na concepção de “vulnerabilidademútua”. 
Ganhavam evidência ações que deveriam ser adotadas pelos mais diversos atores internacionais em 
relação às chamadas “novas ameaças”, tais como os terrorismos, os tráficos diversos, a degradação do 
meio ambiente e as mudanças climáticas, os conflitos internos e através das fronteiras (como as guerras 
civis e os genocídios), a pobreza extrema, as epidemias em grande escala, os ataques cibernéticos e os 
deslocamentos de expressivos contingentes populacionais. 
Não por acaso, o fim da Guerra Fria possibilitou o “desbloqueio” do Conselho de Segurança e a 
consequente possibilidade de uma maior oferta de operações de paz. 
2. Estudo de caso: o terrorismo 
O mundo se transformou de forma explícita após os atentados de 11 de setembro de 2011, os Estados 
Unidos foram atingidos por ataques coordenados pela organização al-Qaeda. 
No âmbito externo, líderes de diversos países e organizações internacionais demonstraram pronta 
solidariedade aos Estados Unidos, e muitos deles apoiaram a chamada guerra ao terror, a qual afetou, de 
forma mais explícita, o Afeganistão e o Iraque. 
Assim como ocorre com outros termos dentro da vida política e social, há uma construção do que é 
“verdadeiro”, que está ligada a valores, ideias e interesses que acabam disputando o que é o ato 
(terrorismo) e o sujeito (terrorista). 
3. Estudo de caso: o narcotráfico 
É relevante nos estudos sobre saúde, educação, políticas públicas, bem como para os que se aventuram 
nas análises de política e segurança internacional. O narcotráfico está envolto em conflitos que vão desde 
a interação entre os países e a atuação das polícias até o nosso tecido social mais cotidiano. 
É uma guerra global ou transterritorial, e não mais apenas interestatal, envolvendo tanto Estados quanto 
grupos não estatais. 
A própria expressão “narcotráfico” sofre com a mesma dificuldade. As drogas narcóticas são apenas as 
que provocam relaxamento, sonolência ou torpor. Assim, drogas estimulantes como a cocaína não 
poderiam entrar na lista quando se fala em narcotráfico. 
A tentativa de solucionar o problema que foi empregada pela Convenção das Nações Unidas contra o 
Tráfico Ilícito de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas em 1988 (Convenção de Viena) também se 
mostrou controversa: ao tentar remeter às listas de substâncias controladas ou proibidas pela Convenção 
Única sobre Drogas da ONU e seus protocolos. 
O proibicionismo, que propunha tornar algumas plantas e substâncias ilegais, é bastante recente: nasceu 
no século XIX e ganhou força no início do século XX. Teve seu berço na China, quando o ópio foi proibido. 
São complexas as relações e variados os motivos que levam à proibição de substâncias, indo muito além 
de seus efeitos sobre a saúde e o comportamento dos usuários. Esse movimento de controle e proibição 
de um conjunto de drogas psicoativas foi acirrado na segunda metade do século XX, a partir da declaração 
de “guerra às drogas” feita pelo presidente norte-americano Richard Nixon (1969-1974). 
A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), no relatório anual de 1997, admitiu que a 
globalização do narcotráfico não permitia mais distinguir entre países produtores, exportadores ou 
consumidores de droga. Isso porque os países desenvolvidos que se dizem apenas consumidores 
produziam drogas sintéticas e maconha. 
A Jife é um órgão ligado às Nações Unidas que tem o papel de fiscalizar a implementação das convenções 
internacionais sobre o controle de drogas. 
Contudo, o discurso da guerra às drogas desempenha papel estratégico para justificar ações, pressões e 
intervenções de países como os Estados Unidos sobre outros Estados, especialmente no continente latino-
americano, onde aconteceram, desde a década de 1970, dois processos concomitantes: a proibição e a 
militarização da luta contra as drogas e a estruturação e o incremento do tráfico e do consumo. 
Outro ponto importante para compreendermos a dinâmica contemporânea do que é definido como 
narcotráfico são as “conexões simbióticas” existentes entre as facções, a economia legal e as instituições 
políticas. A relação simbiótica que varia conforme as especificidades de cada local, relacionadas a como 
as facções surgiram; como exercem sua influência sobre determinados territórios; como se relacionam 
com a dinâmica econômica; como se conectam com as instituições do poder político, entre elas os órgãos 
da burocracia estatal, as Forças Armadas, as Forças de Segurança Pública e os partidos políticos; e se 
relacionam com as comunidades que estão sob sua área de influência.

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