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Como recuperar ICMS indevido sobre energia elétrica (TUST e TUSD) em 7 passos Sumário Introdução Autores Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica Base legal para a cobrança do ICMS Como identificar a cobrança Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD Aspectos processuais Setores produtivos mais afetados Argumentos para apresentação da tese aos clientes Referências O Ibijus 03 05 06 09 11 29 31 33 34 Anexo - Artigo: A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica 36 37 Este e-book tem como objetivo apresentar orientações básicas para advogados que pretendem atuar com a recuperação de ICMS cobrado sobre as taxas incidentes na conta de energia elétrica, denominadas TUST e TUSD. Considerando que a sistemática de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica não é um assunto muito conhecido dos profissionais da área jurídica e visando facilitar o entendi- mento sobre tese da ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD, o tema foi tratado em 7 passos, a saber: Introdução 03 Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica. Base legal para a cobrança do ICMS. Como identificar a cobrança. Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD. Aspectos processuais. Setores Produtivos mais afetados. Argumentos para apresentação da tese aos clientes. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Ao final, foi inserido como anexo, um artigo intitulado A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica que também acrescenta algumas informações relevantes sobre o tema. Portanto, trata-se de lições iniciais sobre uma tese que, se bem aplicada, poderá produzir bons resultados tanto para a advocacia, quanto para os consumidores de energia elétrica enquadrados no caso. Boa leitura! Introdução 04 Prof. Me. Marcos Relvas Consultor jurídico na área tributária e professor de Direito. Fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Contribuintes. Mestre em Direito pela Universidade de Franca. MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Bacharel em Direito pela PUC de Campinas. Autores 05 Esse material foi produzido pelo Instituto Brasileiro de Direito com a colaboração de: Irapuã Oliveira Costa Empresário, consultor, especialista em medição e faturamento de energia elétrica. Fundador e proprietário da empresa AMEnergia. Ministrou cursos de medição de energia elétrica pela Eletropaulo. Escreveu e publicou livro sobre redução de custos e recuperação de valores pagos incorretamente nas faturas de energia “A Luz do Consumidor”. Prof. Ma. Inara de Pinho Advogada, professora universitária, consultora e auditora de empresas com foco na gestão jurídico-ambiental. Mestre em Direito, especialista em Direito Público, em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Florestais e em Gestão de Recursos Hídricos. Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica A comercialização da energia elétrica é submetida à regulação pelo Poder Público (Lei nº 10.848/2004, Lei nº9.648/98 e Lei nº 9.074/95). Na década de 1990, quando houve a reforma do setor elétrico, foram sepa- rados os segmentos de geração, transmissão e distribu- ição da energia, os quais passaram a ser administrados por agentes específicos. A geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sendo que a legislação aplicável estabe- lece, basicamente, dois tipos de consumidores de energia elétrica: consumidores cativos e consumidores livres. 1. ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica Consumidores LIVRES Consumidores CATIVOS 06 Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica Os , quando conectados à rede básica, deverão celebrar os consumidores livres seguintes contratos: (i) contrato de compra e venda de energia elétrica; (ii) contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT); e Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (Cust). Por outro lado, quando conectados ao Sistema de Distribuição, deverão celebrar os seguintes contratos: (i) contrato de compra e venda de energia elétrica; (ii) Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição (CCD); e (iii) Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (Cusd). Consumidores LIVRES Consumidores CATIVOS Os adquirem energia de um distribuidor local de forma consumidores cativos compulsória, sujeito a tarifas regulamentadas. Os consumidores livres, por sua vez, podem contratar a compra de energia diretamente de geradores, comercializa- dores ou importadores desse bem, por meio de negócio jurídico realizado no Ambiente de Contratação Livre (ACL). 1. 07 Em virtude dos contratos de transmissão ou distribuição, os consumidores livres estão sujeitos ao recolhi- mento dos encargos denominados de Tust (recolhida em virtude da formalização do Cust) e Tusd (recolhida em virtude da formalização do Cusd). Comercializador 1. 08 Muito embora essas tarifas não se confundam com a mercadoria para fins de tributação do ICMS, os estados têm incluído a Tust e a Tusd na base de cálculo do ICMS, com fundamento nos Convênios ICMS 117/2004 e 95/2005. Referidas normas determinam que o consu- Fonte: http://www.venergia.com.br/comercializacao/Paginas/Mercado-livre-de-energia.aspx midor livre é o responsável pelo pagamento do ICMS devido na transmissão e distribuição dos serviços de fornecimento de energia elétrica. Entretanto, referida cobrança não tem amparo legal ou constitucional. Base legal para a cobrança do ICMS Vale lembrar que, segundo a Constituição Federal, o ICMS é um imposto incidente sobre as operações relativas à circulação de mercadorias (e serviços de transporte e comunicação), nos termos do artigo 155, inciso II. Portanto, há três vocábulos que definem a incidência do ICMS: . A palavra operação se operação, circulação e mercadoria refere a uma transação mercantil, e não à uma simples compra e venda. A circulação, por sua vez, sugere a transferência de propri- edade, não bastando o mero deslocamento físico do bem para que seja caracterizada a circulação. Por fim, a acepção de mercadoria implica uma relação negocial por quem exerça mercancia com habitualidade. Dessa forma, a energia elétrica foi considerada mercadoria para fins de incidência do ICMS pela Constituição Federal, conforme interpretação do artigo 155, parágrafo 2º, inciso x, alínea “b” e parágrafo 3º. A l e g i s l a ç ã o t r i b u t á r i a ( A r t . 1 2 , i n c i s o I , d a L e i Complementar 87/1996) prevê, expressamente, que o fato gerador do ICMS ocorre com a saída de mercadoria do estabeleci- mento do contribuinte e que o imposto deve ser exigido quando ocorrer a efetiva transferência de titularidade da mercadoria com a respectiva entrega definitiva do bem ao seu destinatário. 2. 09 Base legal para a cobrança do ICMS Sendo assim, para que possa ocorrer a exigência do imposto estadual sobre o fato gerador de energia elétrica, deve-se identi- ficar a ocorrência da situação que se caracteriza juridicamente como uma operação relativa à energia elétrica. Assim, para exigência do ICMS, deve haver o caráter negocial, a transferência da propriedade e a existência de uma mercadoria. Como um dos aspectos da hipótese de incidência do ICMS sobre a energia elétricaé o efetivo consumo pelo destinatário, os negócios alheios e os custos relativo ao fornecimento da energia elétrica não podem compor a base de cálculo do tributo. A trans- missão e distribuição da energia são etapas na cadeia de forneci- mento de energia. Logo, pode-se concluir que não se deve equiparar os encargos de distribuição e transmissão pagos pelos consumidores livres a uma mercadoria, na medida em que não se confundem com a venda da energia, sendo apenas etapas necessárias ao fornecimento de energia elétrica. Inobstante, a comercialização da energia ocorre entre produtor e consumidor, enquanto a transmissão e a distribuição são apenas atividades-meio, que têm como objetivo viabilizar o fornecimento da energia elétrica pelas geradoras aos consumi- dores finais (atividade-fim). Portanto, transmissão e distribuição de energia não se tratam de “circulação de mercadoria”. 2. 10 Atendendo à legislação de diversos Estados, as empresas de transmissão e distribuição têm passado a destacar ICMS sobre os valores recebidos a título de TUST e TUSD, repassando aos contratantes – por meio do mecanismo dos preços – o respectivo ônus econômico. Entretanto, como se trata de um tributo estadual, cada Estado possui uma sistemática e alíquotas para a cobrança. Vale lembrar, ainda, que alguns Estados não destacam esses valores na conta de energia, ficando a cargo do contribuinte identificá-los. Por outro lado, o destaque da parcela da TUSD / TUST tanto do KWH ou do KW, não é uma obrigatoriedade por parte das concessionárias ou algo que esteja na Resolução que obrigue o destaque. Algumas concessionárias já conseguem destacar essas infor- mações e pode-se citar a Eletropaulo que, em nossa opinião, possui o melhor formato de fatura entre todas as concessionárias, apresentando dados claros e destaque quando da troca de equipa- mentos, além de ciclos completos com todas as informações tanto da TUSD / TUST, quanto do KW e KWH. As informações completas das tarifas podem ser obtidas nas Resoluções que estão disponíveis no site da ANEEL e também no site de algumas concessionárias, mas vale ressaltar que as infor- mações são de difícil visualização, pois são compostas de várias planilhas e a interpretação dessas informações necessita de um pouco de conhecimento tarifário, porém nada que não seja possível de identificar. 3. 11 Como identificar a cobrança Apresentam-se aqui alguns exemplos de faturas de energia nas quais é possível comparar as informações que estão disponíveis nas faturas e como é a formação de preço dessa mesma fatura. Mostra-se, portanto, a tarifa real do mês e o quanto seria possível recuperar da TUSD do KWH e KW, além de outra recuperação, qual seja, da demanda não utilizada. Apresentam-se unidades com faturamento em média e baixa tensão, sendo que nas unidades de média tensão as oportunidades de recuperação são maiores e mais expressivas, porém na unidade ligada na baixa tensão há também recuperações a serem realizadas. 3. 12 Como identificar a cobrança 3.Como identificar a cobrança 13 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 14 3.Como identificar a cobrança 15 3.Como identificar a cobrança 16 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 17 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 18 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 19 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 20 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 21 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 22 Não destaca a tarifa 23 3.Como identificar a cobrança Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 24 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 25 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 26 Não destaca a tarifa 3.Como identificar a cobrança 27 Não destaca a tarifa Significados da TUSD / TUST / TE, conforme informações ANEEL. 3. 28 Como identificar a cobrança TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição: valor monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh ou em R$/kW, utilizado para efetuar o faturamento mensal de usuá- rios do sistema de distribuição de energia elétrica pelo uso do sistema; TUST - Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão: TUST Rede Básica, relativa ao uso de instalações da Rede Básica, e TUST Rede Básica Fronteira, relativa ao uso de instalações de fronteira da Rede Básica; TE - Tarifa de Energia: valor monetário unitário determi- nado pela ANEEL, em R$/MWh, utilizado para efetuar o fatura- mento mensal referente ao consumo de energia dos seguintes contratos: Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD O ordenamento jurídico é hierárquico e piramidal, à guisa do proposto por Hans Kelsen. Logo as normas estaduais de qualquer natureza (legislativa ou administrativa) não podem se sobrepor à Constituição Federal, nem às leis complementares de normas gerais. A autonomia legislativa dos entes federados para tratar de tributos é limitada, basicamente, por esses dois grandes balizadores jurídicos. 4. A Lei nº 9.648/98, art. 9º estabelece autonomia no uso da transmissão e distribuição em relação à comercia- lização. Nesse sentido, os únicos negócios jurídicos que podem constar da base de cálculo do ICMS no caso da energia elétrica, que foi guindada formalmente à condição de mercadoria é a Lei Complementar nº 87/96 (art. 13, § 1º, II, a e b). 29 Dessa forma a TUST e TUSD não podem ser vistas e nem cobradas como venda de mercadoria, posto que é apenas uma operação interna entre produtores e distribuidores de energia. Tampouco, pode ser considerado serviço de transporte de energia pelas próprias características dessa mercadoria. 30 4. Face ao exposto, conclui-se ser indevida a exigência de ICMS sobre a TUST e a TUSD, estando o contribuinte de fato ou de direito legitimado à sua contestação judicial. Contribuinte de fato – consumidor a quem o tributo é repassado no preço final da conta Contribuinte de direito – aquele que recolhe o tributo para os cofres do Estado (Concessionárias, Produtores de Energia e Consumidores Livres). Por ficção jurídica, essas tarifas recebidas pelas empresas de energia dos produtores independentes e consumidores livres não podem ser incluídas na base de cálculo do ICMS, por falta de previsão constitucional, e de normas gerais do direito tributário específico do ICMS. Há estudos e pareceres demonstrando, tecnicamente e juridicamente, que os geradores de energia enviam sua respectiva energia para o sistema e é impossível se saber se o consumidor final está comprando energia de geradores independentes, de qual deles ou mesmo de geração própria, logo isso não pode caracte- rizar serviço de transporte que é onde alguns estados têm enqua- drado a TUST e TUSD para considera-la como base do cálculo do ICMS em suas resoluções de consulta. Essa conclusão se reforça, a contrario sensu, em face da existência, no Congresso Nacional, da Proposta de Emenda Constitucional nº 285/2004 e do Projeto de Lei Complementar nº 352/2002. A primeira determinando a incidência de ICMS na transmissão de energia elétrica, e o segundo incluindo na base de cálculo do imposto, dentre outros, os encargos de transmissão e distribuição de energia. Logo, se é proposta de EC e PL, não podem os Estados se anteciparem e cobrarem por conta própria com base em convênios e legislações estaduais.31 Aspectos processuais5. Têm legitimidade para estar em juízo as pessoas a quem a decisão a ser tomada pode beneficiar ou prejudi- car. Quanto ao ICMS sobre a TUST exigida de consu- midor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela retire energia, visto que a legislação tributária lhes impõe o status de contribuintes de direito (Convênio ICMS nº 117/2004, alterado pelo Convênio ICMS nº 135/2005), cujo ônus econômico ademais suportam, não há dúvida de que é daquelas pessoas a legitimidade para discuti-lo em juízo. Nos demais casos, o autor da ação em que se conteste a incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há de ser o contribuinte de fato do imposto, a quem a empresa de transmissão ou distribuição, na condição de contribuinte de direito, repassa integralmente o respec- tivo ônus, destacando-o na fatura mensal. A legitimidade do contribuinte de fato para a contes- tação do ICMS, aliás, já foi declarada pelo STJ em casos também atinentes ao setor energético, quando declarou, em ações propostas por grandes consumidores de ener- gia, a não-incidência do imposto sobre a demanda reser- vada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG, Rel. para o acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ 17.06.2002). O réu na ação deve ser o Estado, por ser este o único beneficiário do recolhimento do tributo controvertido. 32 Aspectos processuais5. Apesar de não haver interesses da empresa de trans- missão ou distribuição no processo judicio em questão, posto que sendo contribuinte de direito tanto faz para ela transferir para o contratante o ônus do ICMS como deixar de recolher, ao contrário de muitos autores, entende-se que deva ela constar do polo passivo da ação movida por contribuintes de fato (consumidores), posto que terá papel fundamental para a execução da eventual sentença favorável ao autor. Isso poderá viabilizar um eventual pedido de compensação concomitante de valores a serem restituí- dos, dos últimos cinco anos, para não ter que esperar o Estado efetuar esse pagamento em dinheiro, fato esse que através de precatórios pode ser muito demorado. Setores Produtivos mais afetados6. 33 O nível de abrangência dessa tese é bastante abran- gente porque se aplica desde à pessoa física, consumidor comum de energia elétrica, até grandes empresas, com a ressalva daquelas que já utilizam o ICMS pago na conta de energia como crédito nas suas operações seguintes que incidam esse tributo. Argumentos para apresentação da tese aos clientes 7. Com uma liminar deferida (que devido à forte juris- prudência que vem sendo obtida) o contribuinte poderá experimentar uma no valor total redução de 6% até 15% da sua conta de energia. Essa economia vai depender do volume de consumo e também de cada Estado e de cada Cia. de Energia que podem ter variações de alíquota do ICMS e dos valores da Tust e Tusd que são trazidos para a base de cálculo do tributo. Sem contar a restituição da diferença paga, a maior, nos últimos cinco anos. Empresas com altas contas de energia e que não aproveitam o crédito de ICMS nas suas operações seguintes poderão ter valores muito significa- tivos para receber. 34 O presente artigo tem o objetivo de esclarecer, de forma resumida, algumas questões que envolvem a possibilidade de ressarcimento pelo pagamento indevido de tributo sobre as contas de energia elétrica. É indevida a exigência de ICMS sobre Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e a Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST)? Sim, pois não se pode considerar a possibilidade da TUST e da TUSD como remuneração de um contrato de transporte, donde se depreende a impossibilidade de cobrança do ICMS discutido também a este título. Não se podendo cogitar de serviço de comunicação, e não havendo na Constituição outras hipóteses de incidência do imposto, a conclusão há de ser pela inexigibili- dade do ICMS sobre as referidas tarifas, conforme Santiago (2016). A tese tributária A tese que defende a improcedência dessa exigência funda- menta-se no fato de que não se trata de transporte de energia e nem de parcela integrante de seu preço. Dessa forma, o contribuinte de fato (ou de direito, relativa- mente à TUST exigida de consumidor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela retira energia) está legitimado à sua contestação judicial, sem prejuízo de igual legitimidade do contribuinte de direito. (Santiago, 2016). Quem pode ingressar judicialmente com a contes- tação do imposto? Contribuintes de direito: 35 Anexo - Artigo São aqueles em relação ao ICMS sobre a TUST exigida de consumidor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela retire energia (Convênio ICMS nº 117/2004, alterado pelo Convênio ICMS nº 135/2005) Contribuinte de fato: Nos demais casos, o autor da ação em que se conteste a incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há de ser o contribu- inte de fato do imposto, a quem a empresa de transmissão ou distribuição, na condição de contribuinte de direito, repassa integralmente o respectivo ônus, destacando-o na fatura mensal. Precedentes do STJ A legitimidade do contribuinte de fato para a contestação do ICMS já foi declarada pelo STJ em casos também atinentes ao setor energético, quando declarou, em ações propostas por grandes consumidores de energia, a não-incidência do imposto sobre a demanda reservada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG, Rel. para o acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ 17.06.2002). Oportunidade para a advocacia tributária A análise da viabilidade dessa tese merece ser apreciada com atenção, pois demonstra ser uma boa oportunidade para advocacia tributária. Portanto, àqueles advogados que gostam de trabalhar em prol da percepção de créditos tributários, parece estarmos diante de um prato cheio! A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica Inara de Pinho Nascimento Vidigal é Mestre em Direito, Especialista em Direito Público, Advogada e Professora Universitária. Artigo originalmente publicado no blog da professora no IbiJus, disponível em: http://www.ibijus.com/blog/142-a-ilegalidade-do-icms-sobre-tust-e- tusd-nas-contas-de-energia-eletrica Inara de Pinho Nascimento Vidigal BATTILANA, Leonardo Augusto Bellorio. Tribunais reconhecem a não incidência de ICMS sobre encargos de energia elétrica. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-nov-22/tribunais-reconhecem-nao-incidencia-icms-encargos-energia-eletrica#author>. Acesso em 20 de outubro de 2016. BRASIL. Lei 9.432, de 08 de janeiro de 1997. Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9074cons.htm> Acessado em 24 de outubro de 2016. BRASIL. Lei nº 9.648, de 27 de Maio de 1998. Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9648cons.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016. BRASIL. Lei nº 10.848/2004. Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis nºs 5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631, de 4 de março de 1993, 9.074, de 7 de julho de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996,9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.648, de 27 de maio de 1998, 9 .991 , de 24 de ju lho de 2000, 10 .438, de 26 de abr i l de 2002, e dá outras providências . Disponíve l em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.848.htm> Acessado em 23 de outubro de 2016. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA (CONFAZ). CONVÊNIO ICMS 117/04. Alterado pelos Convênios ICMS 59/05, 135/05, 136/10, 79/11, 101/11, 142/13. Dispõe sobre o cumprimento de obrigações tributárias em operações de transmissão e c o n e x ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a n o a m b i e n t e d a r e d e b á s i c a . D i s p o n í v e l e m : < http://www1.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/icms/2004/CV117_04.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016. SANTIAGO, Igor Mauler. A EXIGÊNCIA DE ICMS SOBRE AS TARIFAS DE USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUST E TUSD). ASPECTOS REGULATÓRIOS, TRIBUTÁRIOS E PROCESSUAIS. Disponível em: <http://sachacalmon.com.br/publicacoes/artigos/a-exigencia-de-icms-sobre-as-tarifas-de-uso-dos-sistemas-de-transmissao-e- distribuicao-de-energia-eletrica-tust-e-tusd-aspectos-regulatorios-tributarios-e-processuais/> Acesso em 21 de julho de 2016. 36 Referências 37 ibijus.com O IbiJus - Instituto Brasileiro de Direito - é uma escola virtual que oferece os melhores cursos de capacitação e atuali- zação em vários ramos do Direito. Foi idealizada e concebida para ser a mais moderna do Brasil, tendo em vista sua inovadora proposta de educação continuada, que consiste em uma premissa fundamental: o uso da tecnologia para propiciar o máximo de interação entre professores e alunos, revolucionando a tradicional Educação à Distância (EAD). 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