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Ebook Como recuperar ICMS indevido sobre TUST e TUSD em 7 passos

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Como recuperar ICMS indevido sobre
energia elétrica (TUST e TUSD) em 7 passos
Sumário
Introdução
Autores
Entendendo as tarifas do sistema de uso de 
transmissão e distribuição de energia elétrica
Base legal para a cobrança do ICMS 
Como identificar a cobrança
Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de
ilegalidade da cobrança do ICMS sobre 
a TUST e TUSD
Aspectos processuais
Setores produtivos mais afetados
Argumentos para apresentação da tese aos clientes
Referências
O Ibijus
03
05
06
09
11
29
31
33
34
Anexo - Artigo:
A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica
36
37
Este e-book tem como objetivo apresentar orientações 
básicas para advogados que pretendem atuar com a recuperação 
de ICMS cobrado sobre as taxas incidentes na conta de energia 
elétrica, denominadas TUST e TUSD.
Considerando que a sistemática de geração, transmissão e 
distribuição de energia elétrica não é um assunto muito conhecido 
dos profissionais da área jurídica e visando facilitar o entendi-
mento sobre tese da ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a 
TUST e TUSD, o tema foi tratado em 7 passos, a saber:
Introdução
03
Entendendo as tarifas do sistema de uso de transmissão e distribuição de energia elétrica.
Base legal para a cobrança do ICMS.
Como identificar a cobrança.
Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de ilegalidade da cobrança do ICMS sobre a TUST e TUSD.
Aspectos processuais.
Setores Produtivos mais afetados.
Argumentos para apresentação da tese aos clientes.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Ao final, foi inserido como anexo, um artigo intitulado A 
ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia 
elétrica que também acrescenta algumas informações relevantes 
sobre o tema. 
Portanto, trata-se de lições iniciais sobre uma tese que, se 
bem aplicada, poderá produzir bons resultados tanto para a 
advocacia, quanto para os consumidores de energia elétrica 
enquadrados no caso. 
Boa leitura!
Introdução
04
Prof. Me. Marcos Relvas
Consultor jurídico na área tributária e professor de Direito.
Fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Contribuintes.
Mestre em Direito pela Universidade de Franca.
MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
Bacharel em Direito pela PUC de Campinas.
Autores
05
Esse material foi produzido pelo Instituto Brasileiro de Direito com a colaboração de:
Irapuã Oliveira Costa
Empresário, consultor, especialista em medição e faturamento de energia elétrica. 
Fundador e proprietário da empresa AMEnergia.
Ministrou cursos de medição de energia elétrica pela Eletropaulo.
Escreveu e publicou livro sobre redução de custos e recuperação de valores pagos 
incorretamente nas faturas de energia “A Luz do Consumidor”.
Prof. Ma. Inara de Pinho
Advogada, professora universitária, consultora e auditora de empresas com foco na 
gestão jurídico-ambiental. 
Mestre em Direito, especialista em Direito Público, em Gestão e Manejo Ambiental 
em Sistemas Florestais e em Gestão de Recursos Hídricos. 
Entendendo as tarifas do sistema de uso de 
transmissão e distribuição de energia elétrica
A comercialização da energia elétrica é submetida à 
regulação pelo Poder Público (Lei nº 10.848/2004, Lei 
nº9.648/98 e Lei nº 9.074/95). Na década de 1990, 
quando houve a reforma do setor elétrico, foram sepa-
rados os segmentos de geração, transmissão e distribu-
ição da energia, os quais passaram a ser administrados 
por agentes específicos.
A geração, transmissão e distribuição de energia 
elétrica são reguladas pela Agência Nacional de Energia 
Elétrica (Aneel), sendo que a legislação aplicável estabe-
lece, basicamente, dois tipos de consumidores de energia 
elétrica: consumidores cativos e consumidores livres.
1.
ANEEL
Agência Nacional de Energia Elétrica
Consumidores
LIVRES
Consumidores
CATIVOS
06
Entendendo as tarifas do sistema de uso de 
transmissão e distribuição de energia elétrica
Os , quando conectados à rede básica, deverão celebrar os consumidores livres
seguintes contratos: (i) contrato de compra e venda de energia elétrica; (ii) 
contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT); e Contrato de Uso do 
Sistema de Transmissão (Cust). Por outro lado, quando conectados ao Sistema de 
Distribuição, deverão celebrar os seguintes contratos: (i) contrato de compra e 
venda de energia elétrica; (ii) Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição 
(CCD); e (iii) Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (Cusd).
Consumidores
LIVRES
Consumidores
CATIVOS
Os adquirem energia de um distribuidor local de forma consumidores cativos
compulsória, sujeito a tarifas regulamentadas. Os consumidores livres, por sua 
vez, podem contratar a compra de energia diretamente de geradores, comercializa-
dores ou importadores desse bem, por meio de negócio jurídico realizado no 
Ambiente de Contratação Livre (ACL).
1.
07
Em virtude dos contratos de transmissão ou distribuição, os consumidores livres estão sujeitos ao recolhi-
mento dos encargos denominados de Tust (recolhida em virtude da formalização do Cust) e Tusd (recolhida em 
virtude da formalização do Cusd).
Comercializador
1.
08
Muito embora essas tarifas não se confundam com a 
mercadoria para fins de tributação do ICMS, os estados 
têm incluído a Tust e a Tusd na base de cálculo do ICMS, 
com fundamento nos Convênios ICMS 117/2004 e 
95/2005. Referidas normas determinam que o consu-
Fonte: http://www.venergia.com.br/comercializacao/Paginas/Mercado-livre-de-energia.aspx
midor livre é o responsável pelo pagamento do ICMS 
devido na transmissão e distribuição dos serviços de 
fornecimento de energia elétrica. Entretanto, referida 
cobrança não tem amparo legal ou constitucional.
Base legal para 
a cobrança do ICMS 
Vale lembrar que, segundo a Constituição Federal, o ICMS é 
um imposto incidente sobre as operações relativas à circulação de 
mercadorias (e serviços de transporte e comunicação), nos termos 
do artigo 155, inciso II.
Portanto, há três vocábulos que definem a incidência do 
ICMS: . A palavra operação se operação, circulação e mercadoria
refere a uma transação mercantil, e não à uma simples compra e 
venda. A circulação, por sua vez, sugere a transferência de propri-
edade, não bastando o mero deslocamento físico do bem para que 
seja caracterizada a circulação. Por fim, a acepção de mercadoria 
implica uma relação negocial por quem exerça mercancia com 
habitualidade.
Dessa forma, a energia elétrica foi considerada mercadoria 
para fins de incidência do ICMS pela Constituição Federal, 
conforme interpretação do artigo 155, parágrafo 2º, inciso x, 
alínea “b” e parágrafo 3º.
A l e g i s l a ç ã o t r i b u t á r i a ( A r t . 1 2 , i n c i s o I , d a L e i 
Complementar 87/1996) prevê, expressamente, que o fato 
gerador do ICMS ocorre com a saída de mercadoria do estabeleci-
mento do contribuinte e que o imposto deve ser exigido quando 
ocorrer a efetiva transferência de titularidade da mercadoria com 
a respectiva entrega definitiva do bem ao seu destinatário.
2.
09
Base legal para 
a cobrança do ICMS 
Sendo assim, para que possa ocorrer a exigência do imposto 
estadual sobre o fato gerador de energia elétrica, deve-se identi-
ficar a ocorrência da situação que se caracteriza juridicamente 
como uma operação relativa à energia elétrica. Assim, para 
exigência do ICMS, deve haver o caráter negocial, a transferência 
da propriedade e a existência de uma mercadoria.
Como um dos aspectos da hipótese de incidência do ICMS 
sobre a energia elétricaé o efetivo consumo pelo destinatário, os 
negócios alheios e os custos relativo ao fornecimento da energia 
elétrica não podem compor a base de cálculo do tributo. A trans-
missão e distribuição da energia são etapas na cadeia de forneci-
mento de energia.
Logo, pode-se concluir que não se deve equiparar os 
encargos de distribuição e transmissão pagos pelos consumidores 
livres a uma mercadoria, na medida em que não se confundem 
com a venda da energia, sendo apenas etapas necessárias ao 
fornecimento de energia elétrica.
Inobstante, a comercialização da energia ocorre entre 
produtor e consumidor, enquanto a transmissão e a distribuição 
são apenas atividades-meio, que têm como objetivo viabilizar o 
fornecimento da energia elétrica pelas geradoras aos consumi-
dores finais (atividade-fim). Portanto, transmissão e distribuição 
de energia não se tratam de “circulação de mercadoria”.
2.
10
Atendendo à legislação de diversos Estados, as empresas de 
transmissão e distribuição têm passado a destacar ICMS sobre os 
valores recebidos a título de TUST e TUSD, repassando aos 
contratantes – por meio do mecanismo dos preços – o respectivo 
ônus econômico. 
Entretanto, como se trata de um tributo estadual, cada 
Estado possui uma sistemática e alíquotas para a cobrança.
Vale lembrar, ainda, que alguns Estados não destacam esses 
valores na conta de energia, ficando a cargo do contribuinte 
identificá-los.
Por outro lado, o destaque da parcela da TUSD / TUST tanto 
do KWH ou do KW, não é uma obrigatoriedade por parte das 
concessionárias ou algo que esteja na Resolução que obrigue o 
destaque.
Algumas concessionárias já conseguem destacar essas infor-
mações e pode-se citar a Eletropaulo que, em nossa opinião, 
possui o melhor formato de fatura entre todas as concessionárias, 
apresentando dados claros e destaque quando da troca de equipa-
mentos, além de ciclos completos com todas as informações tanto 
da TUSD / TUST, quanto do KW e KWH.
As informações completas das tarifas podem ser obtidas nas 
Resoluções que estão disponíveis no site da ANEEL e também no 
site de algumas concessionárias, mas vale ressaltar que as infor-
mações são de difícil visualização, pois são compostas de várias 
planilhas e a interpretação dessas informações necessita de um 
pouco de conhecimento tarifário, porém nada que não seja 
possível de identificar.
3.
11
Como identificar 
a cobrança
Apresentam-se aqui alguns exemplos de faturas de 
energia nas quais é possível comparar as informações que 
estão disponíveis nas faturas e como é a formação de 
preço dessa mesma fatura. Mostra-se, portanto, a tarifa 
real do mês e o quanto seria possível recuperar da TUSD 
do KWH e KW, além de outra recuperação, qual seja, da 
demanda não utilizada.
Apresentam-se unidades com faturamento em 
média e baixa tensão, sendo que nas unidades de média 
tensão as oportunidades de recuperação são maiores e 
mais expressivas, porém na unidade ligada na baixa 
tensão há também recuperações a serem realizadas.
3.
12
Como identificar a cobrança
3.Como identificar a cobrança
13
Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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3.Como identificar a cobrança
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3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
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3.Como identificar a cobrança Não destaca a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
3.Como identificar a cobrança
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Não destaca 
a tarifa
Significados da TUSD / TUST / TE, 
conforme informações ANEEL.
3.
28
Como identificar 
a cobrança
TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição: valor 
monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh ou 
em R$/kW, utilizado para efetuar o faturamento mensal de usuá-
rios do sistema de distribuição de energia elétrica pelo uso do 
sistema;
TUST - Tarifa de Uso dos Sistemas de Transmissão: 
TUST Rede Básica, relativa ao uso de instalações da Rede Básica, e 
TUST Rede Básica Fronteira, relativa ao uso de instalações de 
fronteira da Rede Básica;
TE - Tarifa de Energia: valor monetário unitário determi-
nado pela ANEEL, em R$/MWh, utilizado para efetuar o fatura-
mento mensal referente ao consumo de energia dos seguintes 
contratos:
Síntese dos fundamentos jurídicos da tese de
ilegalidade da cobrança do ICMS sobre 
a TUST e TUSD
O ordenamento jurídico é hierárquico e piramidal, à 
guisa do proposto por Hans Kelsen.
Logo as normas estaduais de qualquer natureza 
(legislativa ou administrativa) não podem se sobrepor à 
Constituição Federal, nem às leis complementares de 
normas gerais.
A autonomia legislativa dos entes federados para 
tratar de tributos é limitada, basicamente, por esses dois 
grandes balizadores jurídicos. 
4.
A Lei nº 9.648/98, art. 9º estabelece autonomia no 
uso da transmissão e distribuição em relação à comercia-
lização.
Nesse sentido, os únicos negócios jurídicos que 
podem constar da base de cálculo do ICMS no caso da 
energia elétrica, que foi guindada formalmente à 
condição de mercadoria é a Lei Complementar nº 87/96 
(art. 13, § 1º, II, a e b). 
29
Dessa forma a TUST e TUSD não podem ser vistas e nem 
cobradas como venda de mercadoria, posto que é apenas uma 
operação interna entre produtores e distribuidores de energia. 
Tampouco, pode ser considerado serviço de transporte de energia 
pelas próprias características dessa mercadoria.
30
4.
Face ao exposto, conclui-se ser indevida a exigência de 
ICMS sobre a TUST e a TUSD, estando o contribuinte de fato 
ou de direito legitimado à sua contestação judicial.
Contribuinte de fato – consumidor a quem o tributo é 
repassado no preço final da conta
Contribuinte de direito – aquele que recolhe o tributo 
para os cofres do Estado (Concessionárias, Produtores de 
Energia e Consumidores Livres).
Por ficção jurídica, essas tarifas recebidas pelas empresas de 
energia dos produtores independentes e consumidores livres não 
podem ser incluídas na base de cálculo do ICMS, por falta de 
previsão constitucional, e de normas gerais do direito tributário 
específico do ICMS. 
Há estudos e pareceres demonstrando, tecnicamente e 
juridicamente, que os geradores de energia enviam sua respectiva 
energia para o sistema e é impossível se saber se o consumidor 
final está comprando energia de geradores independentes, de qual 
deles ou mesmo de geração própria, logo isso não pode caracte-
rizar serviço de transporte que é onde alguns estados têm enqua-
drado a TUST e TUSD para considera-la como base do cálculo do 
ICMS em suas resoluções de consulta. 
Essa conclusão se reforça, a contrario sensu, em face da 
existência, no Congresso Nacional, da Proposta de Emenda 
Constitucional nº 285/2004 e do Projeto de Lei Complementar nº 
352/2002. A primeira determinando a incidência de ICMS na 
transmissão de energia elétrica, e o segundo incluindo na base de 
cálculo do imposto, dentre outros, os encargos de transmissão e 
distribuição de energia. Logo, se é proposta de EC e PL, não 
podem os Estados se anteciparem e cobrarem por conta própria 
com base em convênios e legislações estaduais.31
Aspectos processuais5.
Têm legitimidade para estar em juízo as pessoas a 
quem a decisão a ser tomada pode beneficiar ou prejudi-
car.
Quanto ao ICMS sobre a TUST exigida de consu-
midor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela 
retire energia, visto que a legislação tributária lhes impõe 
o status de contribuintes de direito (Convênio ICMS nº 
117/2004, alterado pelo Convênio ICMS nº 135/2005), 
cujo ônus econômico ademais suportam, não há dúvida 
de que é daquelas pessoas a legitimidade para discuti-lo 
em juízo. 
Nos demais casos, o autor da ação em que se 
conteste a incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há 
de ser o contribuinte de fato do imposto, a quem a 
empresa de transmissão ou distribuição, na condição de 
contribuinte de direito, repassa integralmente o respec-
tivo ônus, destacando-o na fatura mensal. 
A legitimidade do contribuinte de fato para a contes-
tação do ICMS, aliás, já foi declarada pelo STJ em casos 
também atinentes ao setor energético, quando declarou, 
em ações propostas por grandes consumidores de ener-
gia, a não-incidência do imposto sobre a demanda reser-
vada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG, Rel. para o 
acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª 
Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA 
CALMON, DJ 17.06.2002). 
O réu na ação deve ser o Estado, por ser este o único 
beneficiário do recolhimento do tributo controvertido. 
32
Aspectos processuais5.
Apesar de não haver interesses da empresa de trans-
missão ou distribuição no processo judicio em questão, 
posto que sendo contribuinte de direito tanto faz para ela 
transferir para o contratante o ônus do ICMS como deixar 
de recolher, ao contrário de muitos autores, entende-se 
que deva ela constar do polo passivo da ação movida por 
contribuintes de fato (consumidores), posto que terá 
papel fundamental para a execução da eventual sentença 
favorável ao autor. 
Isso poderá viabilizar um eventual pedido de 
compensação concomitante de valores a serem restituí-
dos, dos últimos cinco anos, para não ter que esperar o 
Estado efetuar esse pagamento em dinheiro, fato esse que 
através de precatórios pode ser muito demorado. 
Setores Produtivos mais afetados6.
33
O nível de abrangência dessa tese é bastante abran-
gente porque se aplica desde à pessoa física, consumidor 
comum de energia elétrica, até grandes empresas, com a 
ressalva daquelas que já utilizam o ICMS pago na conta de 
energia como crédito nas suas operações seguintes que 
incidam esse tributo.
Argumentos para apresentação 
da tese aos clientes
7.
Com uma liminar deferida (que devido à forte juris-
prudência que vem sendo obtida) o contribuinte poderá 
experimentar uma no valor total redução de 6% até 15%
da sua conta de energia.
Essa economia vai depender do volume de consumo 
e também de cada Estado e de cada Cia. de Energia que 
podem ter variações de alíquota do ICMS e dos valores da 
Tust e Tusd que são trazidos para a base de cálculo do 
tributo. 
Sem contar a restituição da diferença paga, a maior, 
nos últimos cinco anos. Empresas com altas contas de 
energia e que não aproveitam o crédito de ICMS nas suas 
operações seguintes poderão ter valores muito significa-
tivos para receber.
34
O presente artigo tem o objetivo de esclarecer, de forma 
resumida, algumas questões que envolvem a possibilidade de 
ressarcimento pelo pagamento indevido de tributo sobre as 
contas de energia elétrica. 
É indevida a exigência de ICMS sobre Tarifas de 
Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e a Tarifa de Uso 
do Sistema de Transmissão (TUST)?
Sim, pois não se pode considerar a possibilidade da TUST e 
da TUSD como remuneração de um contrato de transporte, 
donde se depreende a impossibilidade de cobrança do ICMS 
discutido também a este título. Não se podendo cogitar de serviço 
de comunicação, e não havendo na Constituição outras hipóteses 
de incidência do imposto, a conclusão há de ser pela inexigibili-
dade do ICMS sobre as referidas tarifas, conforme Santiago 
(2016).
A tese tributária
A tese que defende a improcedência dessa exigência funda-
menta-se no fato de que não se trata de transporte de energia e 
nem de parcela integrante de seu preço.
Dessa forma, o contribuinte de fato (ou de direito, relativa-
mente à TUST exigida de consumidor ligado à rede básica ou de 
autoprodutor que dela retira energia) está legitimado à sua 
contestação judicial, sem prejuízo de igual legitimidade do 
contribuinte de direito. (Santiago, 2016).
Quem pode ingressar judicialmente com a contes-
tação do imposto?
Contribuintes de direito: 
35
Anexo - Artigo
São aqueles em relação ao ICMS sobre a TUST exigida de 
consumidor ligado à rede básica ou de autoprodutor que dela 
retire energia (Convênio ICMS nº 117/2004, alterado pelo 
Convênio ICMS nº 135/2005)
Contribuinte de fato:
Nos demais casos, o autor da ação em que se conteste a 
incidência do ICMS sobre a TUST e a TUSD há de ser o contribu-
inte de fato do imposto, a quem a empresa de transmissão ou 
distribuição, na condição de contribuinte de direito, repassa 
integralmente o respectivo ônus, destacando-o na fatura mensal.
Precedentes do STJ
A legitimidade do contribuinte de fato para a contestação 
do ICMS já foi declarada pelo STJ em casos também atinentes ao 
setor energético, quando declarou, em ações propostas por 
grandes consumidores de energia, a não-incidência do imposto 
sobre a demanda reservada (1ª Turma, REsp. nº 222.810/MG, 
Rel. para o acórdão Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.05.2000; 2ª 
Turma, REsp. nº 343.952/MG, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ 
17.06.2002).
Oportunidade para a advocacia tributária
A análise da viabilidade dessa tese merece ser apreciada 
com atenção, pois demonstra ser uma boa oportunidade para 
advocacia tributária.
Portanto, àqueles advogados que gostam de trabalhar em 
prol da percepção de créditos tributários, parece estarmos diante 
de um prato cheio! 
A ilegalidade do ICMS sobre TUST e TUSD nas contas de energia elétrica
 Inara de Pinho Nascimento Vidigal é Mestre em Direito, Especialista em Direito Público, 
Advogada e Professora Universitária. Artigo originalmente publicado no blog da professora no 
IbiJus, disponível em: http://www.ibijus.com/blog/142-a-ilegalidade-do-icms-sobre-tust-e-
tusd-nas-contas-de-energia-eletrica
 Inara de Pinho Nascimento Vidigal
BATTILANA, Leonardo Augusto Bellorio. Tribunais reconhecem a não incidência de ICMS sobre encargos de energia elétrica. 
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-nov-22/tribunais-reconhecem-nao-incidencia-icms-encargos-energia-eletrica#author>. 
Acesso em 20 de outubro de 2016. 
BRASIL. Lei 9.432, de 08 de janeiro de 1997. Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços 
públicos e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9074cons.htm> Acessado em 24 de 
outubro de 2016. 
BRASIL. Lei nº 9.648, de 27 de Maio de 1998. Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho 
de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder 
Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9648cons.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016.
BRASIL. Lei nº 10.848/2004. Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis nºs 5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631, 
de 4 de março de 1993, 9.074, de 7 de julho de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996,9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.648, de 27 de maio de 
1998, 9 .991 , de 24 de ju lho de 2000, 10 .438, de 26 de abr i l de 2002, e dá outras providências . Disponíve l em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.848.htm> Acessado em 23 de outubro de 2016.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA (CONFAZ). CONVÊNIO ICMS 117/04. Alterado pelos Convênios 
ICMS 59/05, 135/05, 136/10, 79/11, 101/11, 142/13. Dispõe sobre o cumprimento de obrigações tributárias em operações de transmissão e 
c o n e x ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a n o a m b i e n t e d a r e d e b á s i c a . D i s p o n í v e l e m : < 
http://www1.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/icms/2004/CV117_04.htm> Acessado em 25 de outubro de 2016.
SANTIAGO, Igor Mauler. A EXIGÊNCIA DE ICMS SOBRE AS TARIFAS DE USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO E DE 
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUST E TUSD). ASPECTOS REGULATÓRIOS, TRIBUTÁRIOS E PROCESSUAIS. Disponível 
em: <http://sachacalmon.com.br/publicacoes/artigos/a-exigencia-de-icms-sobre-as-tarifas-de-uso-dos-sistemas-de-transmissao-e-
distribuicao-de-energia-eletrica-tust-e-tusd-aspectos-regulatorios-tributarios-e-processuais/> Acesso em 21 de julho de 2016.
36
Referências
37
ibijus.com
O IbiJus - Instituto Brasileiro de Direito - é uma escola 
virtual que oferece os melhores cursos de capacitação e atuali-
zação em vários ramos do Direito. Foi idealizada e concebida para 
ser a mais moderna do Brasil, tendo em vista sua inovadora 
proposta de educação continuada, que consiste em uma premissa 
fundamental: o uso da tecnologia para propiciar o máximo de 
interação entre professores e alunos, revolucionando a tradicional 
Educação à Distância (EAD).
Para superar os obstáculos de tempo e espaço, e contribuir 
significativamente para a formação dos alunos que não podem ou 
não desejam frequentar um curso presencial, o IbiJus disponibi-
liza modernos instrumentos tecnológicos que irão permitir que os 
alunos interajam, de forma síncrona ou assíncrona, com um 
corpo docente altamente qualificado, experiente e verdadeira-
mente diferenciado.
A partir de um profundo compromisso com o aluno e com a 
qualidade de seus cursos, o IbiJus se propõe a revolucionar os 
cursos jurídicos à distância, qualificando alunos no Brasil e no 
mundo, através de cursos atuais e especializados nos mais diversi-
ficados segmentos jurídicos.
ibijus.com
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