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Processo Penal II Aulas 6 a 16

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Casos concretos:
Caso 6: Daniele Duarte, fazendeira de vultosas posses, em virtude de uma viagem de longa data que fará para o exterior, resolve deixar, no terreno de seu vizinho Sandro Santos, sem o conhecimento deste, 2 (dois) cavalos da raça Manga-larga para que o vizinho os cuidasse. Todavia, Sandro Santos percebeu que os referidos animais acabaram danificando toda sua coleção de orquídeas raras, gerando assim evidente prejuízo econômico. Ante o exposto, Sandro comunicou o fato à autoridade policial circunscricional e uma vez lavrado o termo respectivo, foi encaminhado ao Juizado Criminal competente. Durante a primeira audiência, e presentes ambas as partes, não foi possível a conciliação entre as mesmas.
Com base nos fatos apresentados, responda, de forma justificada: No caso em tela, é possível o oferecimento de transação penal?
R: Sim, é possível o oferecimento da transação penal desde que o titular da ação penal não se manifeste de forma expressamente contrária, uma vez que nesse caso, entende-se que a faculdade da transação penal neste caso cabe ao titular da queixa crime.
Caso 7: Gisela Mocarsel está sendo processada por crime de calúnia praticado na presença de várias pessoas (artigo 138 c/c 141 III, ambos do CP). O ofendido / querelante, regularmente intimado para audiência de conciliação (artigo 519 CPP), não comparece de forma injustificada. Pergunta-se:
Qual a conseqüência da referida ausência injustificada do querelante?
R: A ausência injustificada do querelante acarretará na extinção da punibilidade pela perempção.
E se a ausência fosse da querelada?
R: Neste caso, a ausência da querelada será entendida como falta de interesse em conciliar por parte da mesma, devendo o processo seguir seu curso.
Caso 8: Caio professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso formal. Realizada Audiência de Instrução e Julgamento e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debater orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso: 
Qual (is) argumento (s) poderia (m) ser deduzidos em favor de seu constituinte?
R: O argumento de que houve Incompetência do Juízo, Uma vez que Caio praticou homicídio culposo, pois agiu com Culpa consciente, Na medida em que embora tenha previsto resultado, acreditou que o evento não fosse ocorrer em razão de sua pericia. 
Qual pedido deveria ser realizado?
R: Pedido de desclassificação da imputação para homicídio culposo e pedido de declínio da competência.
Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser dirigida?
R: Poderia ser interposto recurso em sentido estrito. A petição será endereçada ao próprio juiz que denunciou o acusado e as razões serão endereçadas ao tribunal.
Caso 9: Antônio foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri e condenado por 4X3. Após o julgamento, descobriu - se que entre grou o Conselho de Sentença o jurado Marcelo, que havia participado do julgamento de Pedro, co - réu no mesmo processo, condenado por crime de roubo conexo ao delito pelo qual Antônio foi condenado. Pergunta - se: Qual a defesa que poderá ser apresentada pelo Defensor de Antônio em eventual recurso interposto? Justifique a sua resposta.
R: A defesa poderá alegar a nulidade do julgamento. Ainda que se considere que essa nulidade seja relativa, no caso apresentado a nulidade será absoluta porque o réu foi condenado por 4x3 e o prejuízo ficou evidente. Desta forma, não pode servir no conselho quem tiver tomado parte, como jurado, em julgamento anterior, inclusive de co - r é u.
Caso 10: Tício foi condenado à pena privativa de liberdade de 06 (seis) anos de reclusão por violação o ao artigo 157, parágrafo 2, incisos I e II do Código Penal. Da sentença condenatória, Tício foi intimado em 09/05/2008 (sexta - feira), oportunidade em que manifestou o interesse de não recorrer da decisão condenatória. O advogado de Tício, defensor devida mente constituído, fora intimado da decisão condenatória em 08/05/2008 (quinta - feira). No dia 16/05/2008, o advogado de Tício interpôs recurso de apelação. O recurso é tempestivo ou não? Justifique a sua resposta. 
R: Conforme entendimento do STF, em observância ao principio constitucional da ampla defesa, a intimação deve ser feita em face do réu e também de seu defensor constituído, contando - se o prazo a partir daquela que ocorreu em ultimo lugar. Assim, no caso em tela, se a última intimação se deu em 09/ 05 (sexta feira), o prazo final para o oferecimento da apelação '' cinco dias'' seria em 16/05 (sexta feira), sendo, portanto tempestivo o recurso
Caso 11: Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando - o na região torácica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, caput, do Código Penal. Na condição de Advogado de Pedro: 
Indique o recurso cabível:
R: Recurso em sentido estrito (RESE).
O prazo de interposição:
R: 5 DIAS. 
A argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido:
R: Desclassificação do crime consumado para tentado, já que a ação de Pedro não deu origem à morte de José. Trata - se de hipótese de causa absolutamente independente pré existente.
Caso 12: Em 11/1/2008, Celso foi preso em flagrante pela prática do crime previsto no artigo 213 CP (Estupro). Regularmente processado, foi condenado a uma pena de 6 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado. Somente a defesa recorreu da decisão e, logo após a interposição do recurso, Celso fugiu da prisão. Considerando essa situação hipotética, mencione: 
Qual foi o recurso interposto pela defesa?
R: O recurso interposto pela defesa foi Apelação.
Qual a possibilidade de conhecimento e julgamento do recurso interposto em face da fuga de Celso.
R: A fuga não deve influenciar em nada do recurso, uma vez que o ato de fugir é um impulso natural do ser humano. 
Caso 13: Mefistófeles foi condenado a 20 anos de reclusão pela prática de latrocínio. Na sentença condenatória, o juiz demonstra clara contradição entre as razões de sua fundamentação com sua decisão, principalmente ao acolher os depoimentos favoráveis das testemunhas de defesa bem como ao considerar boa a tese de desclassificação apresentada em alegações finais orais sob o argumento de violação de princípio constitucional (prova obtida por meio ilícito). Sabendo que a decisão foi prolatada em AIJ (audiência de instrução e julgamento), dia 03/06/2011 (sexta - feira), pergunta - se:
Qual o instrumento cabível, no caso em tela, para obter o esclarecimento da contradição?
 R: Embargos de declaração, para afastar a contradição. 
Qual o últimodia para interposição do instrumento citado na questão anterior? 
R: Exclui o dia do começo, o prazo é de 2 dias, sendo o prazo máximo 07/03 (começa na segunda)
Sendo uma decisão condenatória, qual a data máxima para interposição de recurso de apelação, considerando a interposição do instrumento citado no item A acima? 
R: O efeito dos embargos de declaração será interruptivo, aplicando por analogia o art. 538 do CPC, sendo assim, o prazo do recurso de apelação será utilizado por completo de 5 dias apos a intimação da decisão que julgou os embargos de declaração. (os embargos de declaração no JECRIM, o prazo é de 5 dias, e os efeitos são suspensivos)
Caso 14: Aristóteles foi condenado à pena de 9 anos de reclusão pela prática do crime de estupro (artigo 213, caput, CP). Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, Aristóteles, através de seu advogado, ajuíza pedido de revisão criminal da sentença que lhe fora desfavorável, sustentando vício processual insanável consistente na ausência da intimação de seu então patrono para a apresentação de resposta preliminar obrigatória (art. 396, CPP). O Tribunal de Justiça competente acolhe o pleito de revisão criminal, anulando o referido processo. Nesta hipótese, pergunta - se: Seria juridicamente possível que, após a anulação, por meio de revisão criminal do primeiro julgamento de Aristóteles, seja proferida, em um segundo julgamento pelo juízo de primeiro grau, sentença condenatória com imposição de sanção penal mais gravosa do que aquela que lhe fora anteriormente imposta? Justifique a sua resposta: 
R: A vedação constante no parágrafo único do art. 626 do CPP, diz respeito tanto a reformatio in pejus como também a reformatio in pejus indireta, de sorte que, se depois de declarada nula a sentença em sede de revisão criminal, por algum vicio insanável, e vedado que juiz prolate nova decisão com pena exasperada tendo em vista que seria incabível revisão criminal pro societate.
Caso 15: Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168 - A do Código Penal. No curso do aludido procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado apos a instauração da investigação, ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168 - A do Código Penal e 1º, I, da Lei 8.137/90 (Apropriação indébita), tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? 
R: Caberia habeas corpus, uma vez que não ha previsão de recurso contra a decisão que não absolverá sumariamente o acusado, sendo cabível ação mandamental, conforme estabelece o art. 647 e seguintes do CPP. No presente caso não caberia recurso em sentido estrito, uma vez que o enunciado da questão não traz qualquer informação a cerca da fundamentação utilizada pelo magistrado, face ao indeferimento expresso de reconhecimento da extinção da punibilidade em relação ao INSS. 
A quem a impugnação deve ser endereçada? 
R: O Habeas Corpus deverá entrar no TRF da respectiva região em que o processo está tramitando. 
Quais fundamentos devem ser utilizados? 
R: Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito, quanto ao delito previsto no art. 168 A. CP, e, após, restando apenas acusação pertinente a sonegação de tributo de natureza estadual, incompetência absoluta, em razão da matéria. A sumula vinculante n. 24 do STF, estabelece que a discussão do pagamento do tributo na esfera administrativa impede a propositura da ação penal.
Caso 16: Em 22 de julho de 2008, Caio foi condenado à pena de 10 (dez) anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicialmente fechado, pela prática, no dia 10 de novembro de 2006, do crime de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Iniciada a execução da sua pena em 7 de janeiro de 2009, a Defensoria Pública, em 10 de fevereiro de 2011, requereu a progressão do cumprimento da sua pena para o regime semiaberto, tendo o pedido sido indeferido pelo juízo de execuções penais ao argumento de que, para tanto, seria necessário o cumprimento de 2/5 da pena. Considerando ter sido procurado pela família de Caio para advogar em sua defesa, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
Qual (is) o(s) meio(s) de impugnação da decisão que indeferiu o pedido da Defensoria Pública? 
R: Agravo em execução penal, possuindo prazo de 5 dia. Também se pode utilizar habeas corpus.
 
Qual (is) argumento(s) jurídico(s) poderia(m) ser usado(s) em defesa da progressão de regime de Caio? 
R: Tendo em vista que a norma que alterou as regras relativas à progressão de regime possui natureza penal mais gravosa ao réu, não pode retroagir de modo a abarcar fatos anteriores. No caso, o delito foi praticado antes da edição da lei, devendo, em conseqüência, ser aplicada a fração de 1/6 para a progressão de regime.

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