Buscar

Brasil Império

Prévia do material em texto

Capítulo XV Brasil Império: 
Livro:História do Sistema Jurídico Comtemporanêo; Flávia Lages
Brasil Império Período: 07 de setembro de 1822 (Independência do Brasil) 
 15 de novembro de 1889 (Proclamação da República)
 
 Brasil Governado Monarcas: D. Pedro I Pai
 D. Pedro II. Filho
 Resumo Brasil Império: Primeiro Reinado (1822 a 1831)
03 de junho de 1822 - Convocação da Constituinte, medida tomada contra as tentativas de recolonização das cortes portuguesas. 
03 de maio de 1823 - Reunião da Assembléia Geral Constituinte e Legislativa para criar a primeira constituição brasileira.
A convocação da Constituinte em 3 de junho de 1822, portanto três meses antes do episódio às margens do Ipiranga foi uma das medidas tomadas contra as tentativas de recolonização das Cortes Portuguesas.
Mas foi somente em 3 de maio de 1823 que se deu a abertura da constituinte, era preciso segundo o governo, “preparar terreno” para o início dos trabalhos.
1824 - A Constituição Brasileira é outorgada por D.Pedro I, nomeando 10 membros que redigiu a constituição, sendo assimilada por imposição, pois, estabelecia os seguintes pontos: 
(I) Um governo monárquico unitário e hereditário;
(II) Voto baseado na renda;
(III) Voto não secreto;
(IV) Eleições indireta;
(V) Catolicismo como religião oficial;
(VI) Submissão da Igreja ao Estado;
 (VII) Quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador.
A constituição Imperial indicava uma divisão de poderes, como era de se esperar de uma Monarquia que desejava ser Constitucional nos moldes Iluministas, entretanto, indo além de Montesquiel que apontava serem ideais três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário, a primeira constituição brasileira interpõe um quarto poder o moderador.
1830 - Código Criminal - Necessidade de regular os vários aspectos da vida nacional.
 A primeira providência foi manter as leis portuguesas, de modo a não existir uma brecha legislativa. Isto foi feito ainda pela Assembléia Constituinte em outubro de 1823.
Em 1827 foi criada uma comissão mista para aprovar o código criminal, distribuído em 313 artigos distribuídos da seguinte forma: 
art . 01 a 67 – dos crimes e penas; 
arts. 68 a 178 – dos crimes públicos;
arts. 179 a 275 – dos crimes particulares; 
arts 276 a 313 – dos crimes policiais.
A fim de assegurar a ordem social do país o Código Criminal tratava dos crimes e dos delitos e, conseqüentemente, das penas a serem aplicadas, sendo que uma das maiores discussões durante a elaboração do Código Criminal foi na penalização de crimes.
A pena de morte era então prevista no primeiro código brasileiro e não somente prevista como era descrita a sua execução.
 Ao legislador não escapou sequer a indicação da proibição de pompa no enterro do condenado após a aplicação da pena e do tipo de roupa do condenado no momento da execução. (1832 a 1834 Código de processo criminal).
Desde 1823 a elite brasileira desejava mais autonomia e não confiavam em D. Pedro I, como a crise na economia a oposição ao Imperador aprofundou-se ainda mais, levando D.Pedro I a abdicar do tronoe como seu sucessor tinha apenas 5 anos, o Império foi governado por um conselho de três regentes, eleitos pelo Legislativo, enquanto o filho de D. Pedro I não atingisse a maioridade (idade de 18 anos).
TÓPICOS IMPORTANTES DA FASE BRASIL IMPÉRIO
1- A Independência do Brasil e a Constituição de 1823
A idéia de independência, a princípio, pertencia somente aos chamados radicais.
O que os elementos da elite mais próximos do poder pleiteavam era a continuidade da união com Portugal, guardadas as liberdades conseguidas com a condição de Reino Unido.
As atas do Conselho de Estado que era composto, entre outros, por José Bonifácio de Andrada e Silva e Gonçalves Ledo, indicam que muito pouco tempo antes do “Grito Ipiranga”, foi redigido uma solicitação ao príncipe D. Pedro para uma convocação da Assembléia Geral dos Representantes da Província do Brasil onde se afirma que o Brasil não desejava atentar contra os direitos de Portugal mas não era possível deixar que Potugal atentasse contra os seus.
Enquanto as Cortes discutiam projetos claramente recolonizadores a opinião pública no Brasil através de jornais, panfletos e discursos públicos mostrava toda sua indignação.
A monarquia, uma continuidade da disnatia protuguesa no Brasil seria a garantia de manutenção do status quo baseado no sistema que persistia desde Colônia: latifúndio, monocultor, exportador, escravocrata. 
Quando, a partir da Lei Áurea, a monarquia já não garantia mais este estado de coisas, o apoio a ele esvaiu-se e veio a República.
A convocação da Constituiínte em 3 de junho de 1822, foi uma das mediadas tomadas contra as tentativas de recolonização das Cortes Portuguesas. 
Mas foi somente em 3 de maio de 1823 que se deu a abertura da Constituinte, era preciso, segundo o governo, “preparar terreno” para o início dos trabalhos.
Esta preparação se deu através de um extermínio de possibilidades de oposição primeiro fazendo com que as eleições fossem restritas a um grupo pequeno visto que teria direito de voto para a Constituinte todo cidadão, casado ou solteiro, sendo emancipado – ou seja, que não fosse filho família no sentido romano – e tento mais de 20 anos.
Além desta exclusão maciça de grande parte da população, José Bonifácio e D. Pedro por trás dele determinaram, antes da eleição, uma verdadeira “caça as bruxas” através de uma verdadeira escalada de repressão e violência.
Mesmo membros do Conselho de Estado, que tinham ideologicamente uma tendência mais democrática foram condenados ao degredo. A imprensa não escapou desta “limpeza”.
A Constituinte formada sob o jugo da perseguição estava fadada ou a obedecer subservientemente à vontade do Imperador ou a afronta-la e ver o poder imperial fechá-la.
A Assembléia Constituinte deveria servir a um propósito do próprio Imperador, segundo Raymundo Faoro, o de provar que ele desobedecera as Cortes Portuguesas não por desejar reinar de forma absoluta mas para preservar a autoriade régia.
A fim de preparar o ante-projeto constitucional foram designados seis deputados que formariam uma comissão, esta apresentou-o em setembro de 1823 quando começou a ser discutido pela Assembléia. 
Continha 272 artigos muito inspirados nos Iluministas, não no tocante a democracia e liberdades burguesas mas, principalmente, no que dizia respeito a soberania nacional e o liberalismo econômico.
O ante-projeto refletia a situação política do momento, a presença de tropas portuguesas na Bahia ainda lembrava o período da independência ser apenas um epsódio.
O projeto Constituinte seguia uma tendênca classista imoderada na discriminação dos poderes políticos. Para afastar a maioria da população o projeto preconizava a eleição em dois turnos condiocionado-se a capacidade eleitoral a renda, mas com base no preço da farinha e da mandioca a Constituinte foi chamada de “Constituinte da Mandioca”.
Embora José Bonifácio pregasse contra o Pacto Confederativo e a favor da Lealdade Dinástica, valorizava a representação nacional estabelecendo a indissobilidade da Câmara Senado eleito, forças armadas fora de seu controle direto e indissobilidade da Câmara já seriam suficientes para deixar o Imperador contra a Constituinte, Mas alijá-lo do poder completamente não dando sequer o veto seria como deixá-lo como um rei que reina mas não governa.
A Assembléia é fechada e uma comissão da confiança de D. Pedro é nomeada para fazer um Constituição.
2- A Constituição outorgada de 1824
A Comissão nomeada por D. Pedro I para elaborar uma Carta Constitucional chamada de Conselho de Estado era composta por 6 ministros e mais 4 membros escolhidos pelo Imperador. 
Ela tinha um prazo de quarenta dias para a elaboração da Carta. 
A Constituição foi então outorgada,imposta por D. Pedro I e, apesar de críticas contudentes em todas as províncias acabou por ser assimilada por imposição.
3- Alguns Pontos da Constituição
Não era possível para D. Pedro I, por mais que desejasse, centralizar de forma absoluta aparente, o poder em suas mãos. 
Era preciso identificar o governo com uma Monarquia Constitucional e assim o fez a Constituição de 1824.
“Art. 3º O seu governo é monárquico, hereditário, constitucionala e representativo”.
* Era preciso deixar participar do poder ao menos uma parte da elite econômica, era isso que os reis chamavam de liberalismo. Não era mais possível compreender um país sem uma sepração de poderes.
“Art. 9º A divisão e harmonia dos Poderes políticos e o princípio conservador dos direitos dos cidadãos é o mais seguro meio de fazer efetivas as garantias, que a Constituição oferece”.
* A Constituição Imperial indicava uma divisão de poderes, de uma Monarquia que desejava ser Constitucional nos moldes Iluministas, indo além de Montesquieu que apontava serem ideiais três poderes, a primerira constituição brasileira interpões um quarto poder, o moderador.
O poder Moderador é apontado como sendo o meio pelo qual os outros poderes se harminizam. É um poder privativo do Imperador.
O suíço Benjamin Constant indica uma divisão de cinco poderes: poder real, poder executivo, poder representativo da continuidade, poder representativo da opinião e poder de julgar. As idéias do suíço entretanto não foram aplicadas de forma absoluta.
Os ministérios de Estado seriam nomeados pelo Imperador, acabando com qualquer possibilidade de um real parlamentarismo na monarquia brasileira.
A eles era somente exigido que referendassem o que o Executivo, que chefiado pelo Imperador era exercido quase exclusivamente por ele mesmo. 
O Legislativo indicado pelo nome de Assembléia Geral é objetivamente apontado na Constituição de D. Pedro como tendo um poder existente somente por consentimento do Imperador. O poder Legislatiivo era composto por Câmara dos Deputados e Senado.
A condição para poder candidatar-se a uma vaga no Senado passavam por idade e muito dinheiro. Mas para alguns bastava ser príncipe.
Os deputados eram eleitos de forma indireta, nesta Constituição havia a indicação de dois tipos de eleitores como no anteprojeto da Constituinte. Os de primero grau era chamdos “paroquiais” e os de segudo “Provinciais”.
Exercendo o Poder Moderador o Imperador podia fechar a Câmara dos Deputados e convocar novas eleições simplismente alegando necessidade de tal para “salvação do Estado”.
O Imperador tinha por esta Carta Magna o poder de expedir decretos e regulamentos que, na prática, configuravam o estabelecimento de leis.
De toda forma uma lei só teria valor no Brasil após a sanção objetiva do Imperador e se este não se pronunciasse acerca da sanção ou do veto de uma determinada lei seria o mesmo que vetá-la.
O Poder Judiciário tão pouco escapava da tão pelágica interferência. Os juízes era nomeados pelo Imperador como chefe do Poder Executivo. 
Hoje em dia, algumas garantias institucionais são inprescindíveis para que se considere o Poder Judiciário como independente. São elas: independência orçamentária, vitaliciedade, irredubilidade de subsídios e inamovibilidade.
O judiciáro da Constituição de 1824, estava assim formado: haveria juízes e jurados, ao primeiro caberia a lei, aos segundos o pronunciamente acerca do fato.
A escravidão era a marca da produção e da cultura do Império e, mesmo assim, D. Pedro e seu Conselho decidiram praticamente copiar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão dos revolucionários franceses. 
Desta forma a lei deve ter utilidade pública, mas o público não engloba a maioria esmagadora da população que é formada por escravos e por homens livres não proprietários.
É indicada uma certa “liberdadde de religião, mas a religião oficial, aquela que possibilita que o indivíduo tenha registros civis é a católica. 
Além disso a religião católica tem seu poder concentrado nas mãos do Imperador que, paga os eclesiáticos e mais, dá prévio consentimento á aplicação das bulas papais no Brasil.
4- O Código Criminal de 1830
Desde a proclamação da independência em setembro de 1822, a primeira prvidência foi manter as leis protuguesas, de modo a não existir uma brecha legislativa.
Em 1827 o Imperador enfatizou a urgência de elaborar-se a codificação civel, no ano seguinte optou-se por criar uma Comissão Biameral para o estudo do assunto e após passado o resultado para a Câmara dos Deputados,
 foi aprovado e 1830 e entrou em vigor em 8 de janeiro de 1831.
5- Alguns Pontos do Código Criminal
A pena de morte era prevista no primeiro Código brasileiro e não somente prevista como era descrita a sua execução. Apenas a mulher grávida poderia, temporariamente, escapar do castigo da morte.
Outras penas era previstas: a de Gáles, a de prisão com o trabalo, a de prisão simples, o banimento, a de degredo, a de desterro e a maioria delas suspendia os direitos políticos do condenado.
Ainda havia a indicação como pena para casos de delitos no exercício de empregos públicos a perda do emprego.
Ainda no tocante às penas, havia uma garantia constitucional que afirmava não poder haver tortura, violência nem a utilização das penas cruéis, esta afirmação constitucional não excluía ninguém. A lei deveria ser igual para todos, menos para os escravos, que eram considerados coisas por um lado e pessoas no caso de delitos.
O Código Criminal apesar das falhas leva consigo princípios muito importantes de Justiça. Pode-se ver, por exemplo, o valioso Princípio da Legalidade que no Código Criminal somente não foi perfeito por permitir ainda o arbítrio.
O Código é bastante rígido com os juízes, tanto no que diz respeito ao recebimento de suborno para dar sentenças, quanto no não cumprimento de prazos.
Os crimes sexuais também eram rigidamente punidos, mas esta punição ocorreria de maneira mais contundente se a mulher, única vítima possível por esta legislação, fosse considerada socialmente como sendo “de família”.
O adultério era considerado crime por este código. Para mulher adultério era adultério qualquer que fosse a forma; para o homem somente seria considerado adultério se ele mantivesse outra mulher.
Quanto aos crimes contra a propriedade o Código não diferenciava furto de roubo, usa ambas as expressões, inclusive, em um só artigo, como sinônimos.
Destaca-se também que atos religiosos eram considerados crimes se praticados em público.
6- O Código de Processo Criminal de 1832 e o Ato Adicional de 1834
Desde a dissolução da Assembléia Constituinte em novembro de 1823 e a conseqüênte implantação do absolutismo disfarçado em Poder Moderador, vários setores desconfiavam seriamente de D. Pedro I.
D. Pedro abdicou o trono, com a crise que vivia seu Império, e como seu sucessor tinha apenas cinco anos de idade, para que se cumprisse a Constituição, o Império foi governado por uma Regência, escolhida entre os membros do Parlamento.
7 O Código do Processo Criminal
A Abdicação marcou a retomada do debate liberal que encontrou sua maior expressão no Código Processul Criminal que deveria ser feito com urgência visto que o Código Criminal não contemplava o processo.
No Código de Processo Criminal os municípios foram habilitados a exercer, por si mesmos, atribuições judiciárias e policiais “num renascimento do sistema morto desde o fim do século XVII”.
O Código de Processo deu ao município autonomia, reativando o juiz de paz com poderes de amplitude maior do que os traçados pela Constituição, reconhecendo-o como agente conciliador de litígios e pré-instância judicial, que tinha como função primordial aplainar divergências e evitar conflitos.
A priimeira instância, pelo Código de Processo de 1832 dividiu-se em três circunscrições
O distrito; entregue ao Juiz de Paz com tantos inspetores quanto fossem os quarterões.
O município; o termo, que era compostopor um corpo de jurados, um juiz municipal, um escrivão das execuções e os oficiais de justiça; 
A comarca; que era composta por um a três juízes de direito, um deles com o cargo de chefe da polícia.
Esta estrutura trazia problemas gravíssimos, a eleição do juiz de paz era feito levando em conta o desejo dos grandes latifundiários, que através deles, expunham todo o seu poder que desta forma não tinha rivalidade.
Podemos destacar o surgimento de um instituto jurídico importantíssimo para atual noção de justiça: o habeas corpus. Foi no Código de Processo Criminal que ele foi expresso pela primeira vez.
Em 1841 foi feita uma reforma no Código de Processo Criminal, acabando com a descentralização.
8- O Ato Adicional
A reforma da Constituição de 1824 estava nos planos dos que derrubaram D. Pedro I. Os Exaltados defendiam o federalismo, com autonomia para as províncias. Os Moderados desejavam acabar com o Conselho de Estado e a vitaliciedade do Senado.
O Ato Adicional, promulgado em 6 de agosto de 1834 dava maior importância e deveres aos Conselhos Provinciais, que passavam a ser Assembléias Legislativas, o poder executivo, entretanto, continuava a ser exercido, conforme determinava a Constituição de 1824, por um presidente nomeado pelo Imperador.
A marca do Ato, é uma mistura entre centralização e descentralização que resulta em ingovernabilidade.
O Poder Moderador permaneceu, prova máxima de que descentralizar não era de fato o objetivo. A permanência da tendência centralizadora se faz presente tembém na mudança que o Ato efetuou de Regência Trina para Regência Una, eleita com os votos dos eleitores de segundo grau com mandato de quatro anos, era uma ”experiência republicana”.
9- Outras Leis do Período Imperial
Depois do Código Criminal e do Código de Processo Criminal outras leis foram promulgadas. Um marco histórico da codificação brasileira foi a promulgação, em 1850, do Código Comercial. Marco estranho foi a Lei de Terras de 1850, que explica a situação agrária do país até hoje.
10- Nascimento da Tradição Jurídica Brasileira
O Código Criminal de 1830 e o de Processo de 1832 foram balizas na história jurídica do mundo.
Depois da Independência e depois dos primeiros grandes Códigos brasileiros entrarem em vigor cursos jurídicos começaram a ser criados no Brasil. Os primeiros foram o de Olinda, o de Recife e o de São Paulo.
Nos anos de 1853 e 1854 inclui-se o estudo das “Institutas de Direito Romano” e de “Dieito Administrativo Pátrio”. Estas legislações também transformaram as Academias Jurídicas em Faculdades de Direito que concediam o grau de bacharel formado para os que frenqüentassem, com aprovação, os cincos anos do curso e davam título de Doutor a quem defendesse tese.
Um outro marco importante para os advogados brasileiros foi a fundação do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiro em 7 de agosto de 1843, na cidade do Rio de Janeiro.
11- A Escravidão e a Lei: Condição e Abolição
O trabalho escravo não era deconhecido da sociedade portuguesa medieval, sua fonte eram os mulçumanos capturados durante as Guerras de Reconquista, entretanto, a partir do início das navegações começaram a afluir para Portugal escravos negros trazidos por navegadores e, posteriormente, esta mão-de-obra tornou-se vital para a realização da obra exploratório-colonizadora portuguesa, constituindo um dos principais meios de ganho da política mercantilista de Portugal.
O escravo é considerado e colocado na posição de mercadoria. O escravo não constitui um bem pessoal vinculado, mas é alienável ao arbítrio do proprietário. Ele somente era considerado como bem vinculado quando fizesse, tal qual os animais da fazenda, parte da hipoteca, como acessórios.
A escravidão está baseada na norma de perpetuidade, ou seja, até a morte o indivíduo não perde sua condição, a não ser que seja alforriado por benesse de seu senhor.
Tornar-se escravo na época moderna do Brasil era possível de duas maneiras: a primeira era nascer de mulher escrava, eram considerados frutos da propriedade. No Brasil era costume chamar o filho de escravo de “cria” e assim o era mesmo na linguagem jurídica.
A segunda forma, era a captura feita na África. A princípio, os portugueses embrenhavam-se África a dentro eles mesmos para capturar nativos para vende-los como escravos, com o passar do tempo esta tarefa foi deixada aos próprios africanos que, interessados nos artigos europeus transformaram, a atividade de captura uma atividade prioritária.
A questão familiar na sociedade escravocrata que se montou no Brasil era, no mínimo, ambígua. Enquanto os senhores insistiam em ensinar o cristianismo aos escravos como forma de submetê-los, obrigavam-nos ao mesmo tempo, a contrariar o que aprendiam por causa de sua condição servil.
A legislação depois da segunda metade do século XIX procurou impedir a separação de cônjuges escravos, uma lei de 1869 indicava esta direção, muito embora nem sempre a lei fosse cumprida.
A ambigüidade desta sociedade ia a extremos se considerarmos que família do senhor era para “uso esterno”, este geralmente satisfazia-se sexualmente com suas escravas e não havia nada, nem sequer uma lei – ainda que não cumprida – que o impedisse disso. Aliás, a Ordenação Filipina, quando trata de estupro de escravas é bem clara e o Código Criminal sequer trata do assunto.
Esta situação leva a outra mais abominável: os filhos dos senhores com escravas eram vendidos e auferiam lucros aos pais.
Na década de sententa do século XIX um acórdão chegou a proibir a venda de filhos naturais com escravas, o senhor seria obrigado a continuar com ambos como seus escravos.
Se no que se diz respeito à lei que define a própria situação do escravo este é somente propriedade, no tocante a lei penal ele tem uma dúbia situação: é pessoa se for agente do crime e coisa se for vítima. Desta forma o escravo poderia responder a um processo caso cometesse algum delito e seu senhor seria indenizado caso o escravo fosse vítima de alguém.
O Código Criminal do Império indica o modo pelo qual as penas deveriam ser aplicadas a escravos. Havia uma lei específica contra o escravo que matasse seu senhor, era a lei de 10 de junho de 1835 que condenava o homicida a morte.
Entretanto, muitas vezes, as penas mais pesadas não eram aplicads, porque o escravo ao ser penlizado com as galés ou morte daria prejuízo a seu proprietário.
As punições, memo não penais, tinham requinte de crueldade muito cohecidos por todos e, embora houvesse um acórdão da Relação do Rio de Janeiro de 1º de abril de 1879 que concedia que nehum escravo pudesse dar queixa contra pessoa alguma, as denúncias contra maus-tratos aumentaram junto com o movimento abolicionista.
As sublevações que cresciam em número e conforme crescia o movimento abolicionista geraram um movimento legislativo que visava refrear estas fugas e rebeliões, bem como reforçar precauções contra esta situação.
12- As Leis Abolicionistas
É no pensamento Iluminista do século XVIII que podemos encontrar as primeiras idéias contrárias à escravidão. 
Antes todos consideravam que a escravidão era uma forma de retirar pessoas da barbárie, depois dos Iluministas, alguns passaram a achar que estava na escravidão a fonte de muitos males e que, ela era a barbárie.
Paralelo a estas questões filosóficas, estava o interesse econômico de alguns países já capitalistas que passava a ditar regras que não incluíam a escravidão.
Um paradoxo que vemos na história, o sistema escravista que cria condições para o aparecimento do capitalismo industrial oferecendo lucros exorbitantes às Metrópoles, deveria deixar de existir porque a indústria trabalhava com uma mão-de-obra mais eficaz e mais barata, a assalariada.
A pressão inglesa se fez sentir, a pressão popular também. A Inglaterra no século XIX, uma potência – que por interesses mais econômicos que humanitários – visceralmente antiescravista. Em 1807 o Parlamento inglês aboliu o tráfico de escravos nas colôniasbritânicas.
Já no tratado de 1810 entre D. João e a Inglaterra havia uma cláusula que obrigava o então Príncipe Regente a proibir o tráfico negreiro.
Com o tratado de 1815 veio a Convenção de 1817 que sancionou um novo princípio no direito europeu: em tempo de paz haveria o direito de visita e busca em navios mercantes suspeitos de tráfico de esccravos. 
O julgamento seria feito por duas comissões mistas, uma em solo inglês outra em territórios portugueses. Em 13 de março de 1827, depois deste período o tráfico seria tratado como pirataria.
A partir de 1830, seria ilícito o tráfico de escravos e a Inglaterra, para garantir esta proibição permaneceu pressionada de tal modo que em 1831, ainda na Regência foi votada a lei de 7 de novembro de 1831, por ela o Brasil se comprometia a eliminar, definitivamente o comércio de escravos de sua economia
Resultado prático desta lei: nunca tantos escravos foram traficados para o Brasil quanto depois que promulgaram uma lei que proibia tal ato, um aumento de aproximadamente 85% no número de escravos traficados para o Brasil.
Com a desculpa de minimizar o desagradável fato de que a lei não era cumprida, muitos cogitaram revogar a lei.
Em agosto de 1845 o Parlamento britânico aprovou a lei chamada Bill Aberden, que conferia a Marinha inglesa o direito de aprisionar qualquer navio negreiro e dava aos tribunais ingleses do vice almirantado o direito de julgar os traficantes presos nestas incursões.
13 A Lei Eusébio de Queiróz
Em março de 1850 o primeiro ministro inglês ameaçou o Brasil de cumprir os tratados firmados nem que fosse à ponta da espada.
Com o recrudessimento desta pressão a Câmara dos Deputados reformou e emendou em julho de 1850 o projeto do Senado nº 133 de 1837 sobre a repressão do tráfico de africanos e acabou por votar e aprovar a lei Eusébio de Queiróz.
Por esta lei as embarcações brasileiras que fossem encontradas em qualquer parte e as estrangeiras encontradas nos portos, enseadas, ancouradas ou mares territoriais do Brasil, tendo escravos a bordo ou já os tendo desembarcado, seriam apreendidos e considerados importadoras de escravos.
O caráter humanitário desta lei esbarra no artigo 6º que afirmava que os escravos apreendidos deveriam, as custas do Estado, serem reeenviados a África, não foi o que acabou ocorrendo.
Esta lei teve efetividade porque havia o apoio de certos círculos agrários ligados ao Governo.
14 A Lei do Ventre Livre
O fim do tráfico negreiro trouxe conseqüências econômicas e ideológicas para o país, as econômicas podem ser traduzidas como um momento de modernização com a Era Mauá e um surto industrial muito ajudado pela Tarifa Alves Branco de 1844.
A mudança ideológica foi, em muito, auxiliada pelo impedimento de importação de escravos, visto que, com o fim do tráfico a região sudeste passou a comprar escravos do norte que falia. 
Esta transferência gerou uma dupla conseqüência: agravou a situação do norte e não resolveu a situação do sul, entretanto, no norte amadurecia o sentimento abolicionista. O número de associações abolicionistas crescia, mas a resitência por parte dos fazendeiros era muito forte.
A guerra do Paraguai só veio aumentar as tensões, alguns escravos foram mandados à guerra pelos senhores que ambicionavam comendas e títulos, outros enviaram escravos no seu lugar no de seus filhos. 
Estes atos acabaram por gerar uma incierência, o que acabou derivando em um decreto a 6 de novembro de 1866 que dava liberdade aos escravos designados para o seviço do exército. Na época foi de grande repercussão, pela primeira vez havia alforria imposta pelo Estado.
Tal estado de coisas fez aumentar a pressão popular e estrangeira a favor da abolição. Em 12 de maio de 1871 o governo apresentou o projeto que daria liberdade aos filhos das escravas: a Lei do Ventre Livre. 28 de setembro a Lei nº 2040, a Lei do Ventre Livre foi aprovada pelas duas casas do Parlamento brasileiro. 
No primeiro parágrafo o artifo 1º indica-se que não serão de fato livres os filhos de escravas que nascerem a partir da data da lei. Eles ficarão em poder dos senhores que terão a obrigação de mantê-lo até a idade de oito anos. 
Depois desta idade o proprietário ou entregava a criança ao Estado recebendo 600$000 como indenização ou ficaria com o liberto até os vinte e um anos e até lá o rapaz ou a moça seriam obrigados a trabalhar por seu sustento.
A Lei do Ventre Livre foi ineficaz tanto quanto ela nasceu para ser.
15 A Lei dos Sexagenários
O abolicionismo passou a ser o assunto do momento, uma causa cristã que falava de filantropia. A agitação popular chegou ao auge no Ministério Dantas quando este apresentou um projeto de lei para libertação de escravos idosos.
O projeto não tinha grandes conseqüências, libertava os pouquíssimos escravos que conseguiam chegar a seis décadas de vida, homens e mulheres que tinham restrita capacidade de trabalho, mas era uma emancipação sem indenização.
O presidente da Câmara, anti-abolicionista por convicção e interesse, renunciou abrindo uma crise parlamentar, o Ministério foi dissolvido. Novas eleições foram marcadas e, apesar do empenho dos abolicionistas a máquina dos fazendeiros funcionou e eles obtiveram a maioria. Um novo ministério foi formado e apresentou o projeto anterior com modificações.
Este projeto tornou-se a lei nº 3.270, conhecida como Saraiva Cotegipe ou Lei dos Sexagenários.
Pela Lei dos Sexagenários, mesmo aqueles que conseguiam com o juiz a chance de viverem longe de seus senhores não poderiam ir onde desejassem.
16 Lei Áurea
Os abolicionistas cresciam em número, o movimento se agitava no país, mas o golpe de misericórdia veio mesmo dos próprios escravos que, com o auxílio dos abolicionistas, começaram a abandonar as fazendas causando o caos no trabalho e tornando a situação insustentável.
Em treze de maio de 1888 a Princesa Isabel, regente na ausência de D. Pedro II promulgou a lei que com simplicidade aboliu a escravidão no país.

Continue navegando