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Tireoide e Paratireoide Exame clínico, exame físico e exames complementares Anatomia e fisiologia da glândula tireoide A tireoide situa-se na região anterior do pescoço, abaixo da cartilagem cricóide e imediatamente na frente da traqueia, a qual está unida por tecido conjuntivo. É irrigada por dois pares de artérias, denominadas tireoidianas inferiores, que são ramos da subclávica. Sua inervação provém do sistema simpático, cujos filetes nervosos nascem do gânglio cervical, e do sistema parassimpático, pelo nervo vago. A glândula tireoide é constituída por folículos, agrupados e delimitados por tecido conjuntivo. Possui células parafoliculares (células C), que são responsáveis por secretar calcitonina, hormônio que atua no metabolismo do cálcio, diminuindo sua concentração no sangue e aumentando sua fixação nos ossos. Usa como matéria prima o iodo: ao ser ingerido, o iodo é absorvido na forma de iodeto no intestino delgado; após cair na corrente sanguínea, o iodo é captado pela tireoide sob comando do hormônio tireotrófico (TSH) e dará origem aos hormônios T3 e T4. Antes de exercer suas ações, o hormônio T4 converte-se perifericamente em T3, que ativa os receptores intracelulares, local de onde partem os estímulos que vão atuar sobre o metabolismo. Glândula tireoide: localização. Anamnese Dos dados da identificação são importantes para o diagnóstico de afecções da tireoide: o sexo, a idade, a naturalidade, a profissão e a procedência do paciente. É importante pesquisar a presença de fatores desencadeantes ou concomitantes, salientando-se a puberdade, gestação, traumas emocionais e/ou físicos e infecções. O uso de medicamentos também é de interesse no diagnóstico das doenças da tireoide. Sinais e sintomas As afecções tireoidianas manifestam-se por sintomas e sinais locais (dor, rouquidão, aumento do volume da tireoide) e sintomas gerais, incluindo alterações psicológicas. Podem-se dividi-los em dois grupos: os sintomas e sinais de hiperfunção e os sinais e sintomas de hipofunção da glândula. Deve-se destacar a dor, a dispneia, a disfonia e a disfagia. DOR: principal causa é tireoidite aguda ou subaguda, devendo ser diferenciada de amigdalite e da faringite. Também pode ser ocasionada por hemorragia ou necrose de nódulo tireoidiano. Características semiológicas: piora com a deglutição ou com a palpação, irradia-se para os arcos mandibulares ou ouvidos, acompanha-se de aumento da glândula, de sinais de hipertireoidismo, de febre baixa e mal estar geral. DISPNEIA, DISFONIA E DISFAGIA: a dispneia é causada pela compressão da traqueia, a disfonia é provocada pela compressão do nervo recorrente laríngeo e a disfagia é recorrente da compressão ou invasão neoplásica do esôfago. O aparecimento súbito desses sintomas, acompanhado de bócio, pode indicar a presença de um câncer de tireoide. Sinais e sintomas de hiperfunção tireoidiana Tem como base fisiopatológica o aumento do metabolismo basal. É comum os pacientes apresentarem: Hipersensibilidade ao calor e aumento da sudorese; Perda de peso, podendo apresentar anorexia; Poliúria e polidipsia, denunciando a presença de diabetes mellitus, devido ao aumento do metabolismo dos carboidratos e dos lipídios (gliconeogênese); Nervosismo, irritabilidade, tremores, choro fácil; Ansiedade, insônia. No sistema cardiovascular: Taquicardia, palpitações e dispneia de esforços; Fibrilação atrial, causando arritmia; Se o hipertireoidismo for intenso e de longa duração, pode ocorrer miocardiopatia tireotóxica (insuficiência do miocárdio) devido ao aumento do consumo de oxigênio e lesões das miofibrilas. Hiperatividade cardíaca com bulhas hiperfonéticas; Aumento da pressão sistólica e queda da diastólica; Pulso rápido. No sistema digestivo: Aumento da motilidade intestinal, causando diarreia franca. No sistema reprodutor: Nas mulheres provoca alterações menstruais, podendo ocorrer oligomenorréia (ciclos irregulares e infrequentes), amenorreia (ausência de fluxo menstrual) ou polimenorreia (sangramento anormal frequente). No homem pode ocorrer perda de libido, impotência e ginecomastia. No sistema musculoesquelético: Fraqueza e atrofia muscular, principalmente nas regiões da musculatura peitoral, cintura pélvica e escapular. No sistema nervoso: Paciente é inquieto, hipercinético e fala rapidamente; Costuma segurar firmemente as mãos entre os joelhos; Hiperreflexia e tremores finos nas mãos. Sintomas oculares: Exoftalmia (olhos mais salientes) com exoftalmopatia (deslocamento do globo ocular para frente); Lacrimejamento, fotofobia, sensação de areia nos olhos, dor retroocular, edema subpalpebral e diplopia por paralização dos músculos extra-oculares. Retração palpebral superior, caracterizando a fáscie basedowniana. Pele e fâneros: A pele é fina, sedosa, úmida e quente; As unhas podem apresentar-se descoladas, denotando oncólise (unhas de Plummer); Cabelos são finos e lisos; Pode haver mixedema pré-tibial, muito comum na doença de Graves. Fáscie basedowiana - oxoftalmopatia Onicolise (desprendimento de unhas) – unhas de Plummer. Mixedema pré-tibial, comum na doença de Graves Sinais e sintomas de hipofunção tireoidiana É caracterizada pela diminuição do metabolismo. É comum os pacientes apresentarem: Cansaço, desanimo e, em graus mais avançados, podem surgir desatenção, apatia, lentidão de movimento e de fala. Hipersensibilidade ao frio e diminuição da sudorese; Tendência para engordar; Movimentos lentos e preguiçosos. No sistema cardiovascular Pressão arterial normal com pulso lento; Bulhas hipofonéticas; No sistema digestivo: Constipação; Fezes secas e endurecidas, podendo evoluir para um fecaloma. No sistema reprodutor: Nas mulheres é comum galactorreia (fluxo excessivo de leite), amenorreia, infertilidade, diminuição da libido; Nos homens é comum ter ginecomastia e perda de libido. No sistema musculoesquelético e ósseo: Dores musculares e articulares; Osteoporose; Hipercalcemia, sendo náuseas, vômitos e anorexia manifestações dessa afecção. Sistema nervoso: Lentidão dos reflexos profundos. Peles e fâneros: A pele é seca, descamativa e fria, apresentando coloração pálida decorrente do acúmulo de caroteno devido ao retardo metabólico; As unhas são fracas e quebradiças; Cabelos ressecados, quebradiços e com queda abundante; Edema frequente nos membros inferiores e periorbital devido à retenção líquida consequente da diminuição da filtração glomerular; Dependendo da gravidade do hipotireoidismo, pode surgir a fáscie mixedematosa, caracterizada por pele infiltrada, com bolsas subpalpebrais, enoftalmia (deslocamento do globo ocular para dentro) e, as vezes, maroglossia. Fáscies mixedematosa em pacientes com hipotireoidismo. Notar aparência de cansaço e abatida. Exame físico Baseado na inspeção, na palpação e na auscuta. Na palpação delimitam-se o volume ou as dimensões da glândula, seus limites, a consistência e as características da sua superfície (temperatura da pele, presença de frêmito e sopro). São utilizadas três manobras: A tireoide normal é palpável a maioria dos indivíduos e o lobo direito, com frequência, é um pouco maior que o esquerdo. Nódulos tireoidianos: Podem ser visíveis e/ou palpáveis na tireóide. Podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos; À auscuta, investiga-se se hà sopros sobre a tireoide. Exame físico geral: Oftalmopatia: verifica-se a presença de edema palpebral e da conjuntiva, protusão ocular (exoftalmia), hiperemia (congestão sanguínea) e quemose (edema da conjuntiva do olho). Mixedema Pré-tibial: lesões dérmicas são brilhantes, vermelho-acastanhadas e rugosas. Exames complementares Dosagens hormonais (T3, T4, T4 livre e TSH); Captação de iodo radioativo e cintilografia tireoidiana para caracterizar alterações anatômicas e para classificação dos nódulos; Ultra-sonografia; Dosagens de anticorpos anti-tireoidianos; Exame citológico: punção aspirativa com agulha fina para esfregação em lâminas).; Doenças da tireoide Bócios Tireoidites Tireoidite aguda, tireoidite de Hashimoto, tireoidite granulomatosa subaguda e tireoidite de Riedel. Câncer de tireoide Hipertireoidismo e hipotireoidismo. Anatomia e fisiologia da glândula paratireoide São quase sempre em número de quatro, situam-se atrás da tireóide, acopladas a sua face posterior, na altura dos polos superiores e inferiores de cada polo. São compostas por uma cápsula fibrosa e por cordões de células epiteliais de dois tipos: principais (produtoras de paratormônio e oxifílicas (função não bem conhecida). Secretam paratormônio, hormônio relacionado com o metabolismo do cálcio e com as unidades metabólicas do osso. Órgãos alvos do paratormônio: ossos e rins. Atua estimulando a reabsorção de cálcio e aumentando sua disponibilidade no sangue, ação contrária a calcitonina. Exame clínico Hipoparatireoidismo Condição clínica caracterizada pela secreção ou ação deficiente do paratormônio, com redução dos níveis plasmáticos de cálcio. Sintomas frequentes: Hipocalcemia; Tetania prcedida de parestesias (sensações desagradáveis na pele), rigidez muscular, cãibras e espasmos carpopedais; Podem ocorrer convulsões. Ao exame físico: Alopécia, cabelos secos, unhas frágeis e quebradiças; Nas crianças, os dentes podem ficar hipoplásicos; Pode apresentar catarata; Manobras usadas para o diagnostico do hipoparatireoidismo: Sinal de Trousseau: mantem-se o manguito do aparelho de pressão insuflado, por 3 a 10 minutos, 10mm de mercúrio acima a pressão diastólica do paciente. Em casos de hipocalcemia, ocorrem flexão do punho, extensão das articulações interfalangianas e adução do polegar. Sinal de Chvostek: é feita a percussão do nervo facial, adiante do pavilhão auditivo. Quando há hipocalcemia, aparece contração da musculatura da face e do lábio superior do lado queseez a percussão. Sinal de Trousseau Sinal de Chvostek Hiperparatireoidismo Distúrbio que resulta da hipersecreção do hormônio da paratireoide. Pode ser primário: suspeitada na presença de cálcio sérico elevado, já que o modo de apresentação clínica mais comum é a hipercalcemia assintomática, associada a elevação de paratormônio. Sintomas associados: Perda de peso, incluindo anorexia, vômitos, dores abdominais e constipação Distúrbios mentais, ansiedade , depressão; Infecções urinárias, poliúria e polidipsia; Fraqueza muscular e falta de força, dores articulares; Dor óssea, podendo ser muito intensa a ponto de ser confundida com dor da gota; Arritmias cardíacas; Pode ser secundário: As manifestações clínicas são devidas à hipocalcemia, salientando-se raquitismo na criança e osteomalacia (amolecimento dos ossos) no adulto. Suas causas são: Deficiência, resistência e alterações no metabolismo da vitamina D; Diminuição primária de cálcio; Perda urinária de cálcio; Hipocalcemia por aumento do fosfato sérico Resistencia do órgão-alvo. Outros sintomas são: fadiga muscular, dores ósseas, tetania, distensão abdominal. Ao exame físico: Pseudofraturas geralmente nas costelas, escápulas, pelve e tíbia; Diminuição da densidade óssea; Alargamento das epífises de crescimento nas crianças, podendo haver alargamento das suturas cranianas e achatamento do crânio; Podem ser encontradas fraturas verdadeiras; Exames complementares Dosagem de cálcio e fósforo; Dosagem de paratormônio; Dosagem da vitamina D; Exame radiológico dos ossos; Ultrassonografia; Tomografia computadorizada; Ressonância magnética; Cintigrafia.
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