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Apostila - Teoria do Ordenamento Jurídico

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TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO 
1. O Ordenamento Jurídico à luz da
 Constituição brasileira.
AULA 1
Paulo Nader, afirma que o ordenamento jurídico 
compreende “o sistema de legalidade do Estado, 
formado pela totalidade das normas vigentes, que se 
localizam em diversas fontes”.
Para Miguel Reale, é “o sistema de normas jurídicas in acto, 
compreendendo as fontes de direito e todos os seus 
conteúdos e projeções: é, pois, os sistemas das normas em 
sua concreta realização, abrangendo tanto as regras 
explícitas como as elaboradas para suprir as lacunas do 
sistema, bem como as que cobrem os claros deixados ao 
poder discricionário dos indivíduos (normas negociais)”.
Moral
O ordenamento jurídico não pode deixar a descoberto, 
sem dar solução, qualquer litígio ou conflito capaz de 
abalar o equilíbrio, a ordem e a segurança da sociedade. 
Por isso, ele contém, a possibilidade de solução para 
todas as questões que surgirem na vida de relação social, 
suprindo as lacunas deixadas pelas fontes do direito
Princípio da plenitude do 
Ordenamento jurídico
Os elementos do ordenamento jurídico 
brasileiro estão estruturados na forma de 
atenderem à obediência aos ditames da 
Constituição Federal. Todo o nosso 
direito positivo para ter validade deriva-
se dos princípios constitucionais. 
2. Normas, regras e princípios. Conceitos e 
distinções
Canotilho (jurista português constitucionalista) esclarece que o 
sistema jurídico deve ser visto como um sistema normativo aberto de 
regras e princípios:
(1)é um sistema jurídico porque é um sistema dinâmico de normas;
(2) é um sistema aberto porque tem uma estrutura dialógica (que 
pretende provocar debates, discussões) traduzida na disponibilidade 
e ‘capacidade de aprendizagem’ das normas constitucionais para 
captarem a mudança da realidade e estarem abertas às concepções 
cambiantes da ‘verdade’ e da ‘justiça’;
(3) é um sistema normativo, porque a estruturação das 
expectativas referentes a valores, programas, funções e pessoas, 
é feita através de normas;
(4) é um sistema de regras e de princípios, pois as normas do 
sistema tanto podem revelar-se sob a forma de princípios como 
sob a sua forma de regras. 
A norma jurídica. Conceito:
São as regras imperativas pelas quais o Direito se 
manifesta, e que estabelecem as maneiras de agir ou 
de organizar, impostas coercitivamente aos indivíduos, 
destinando-se ao estabelecimento da harmonia, ordem 
e da segurança da sociedade. (Orlando de Almeida 
Secco)
 CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA :
Heteronomia – O direito é posto por terceiros aquilo que juridicamente somos 
obrigados a cumprir. Valem objetivamente, independentemente, e a despeito 
da opinião e do querer dos obrigados.
Imperatividade - O Direito se manifesta através de normas que possuem 
caráter imperativo. Caso contrário, não ofereceria a segurança e a justiça 
almejadas pela sociedade. Sua força imperativa implica imposição de vontade 
e não mero aconselhamento. Impõe ou proíbe um tipo de conduta
Art. 5º, inciso II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude da lei”.
Bilateralidade>a norma vincula duas ou mais pessoas, atribuindo direitos a 
uma parte e deveres à outra. > A todo direito corresponde um dever ou 
obrigação.
 
Bilateralidade Atributiva – Proporção intersubjetiva, em função da qual 
os sujeitos de uma relação ficam autorizados, um a pretender, exigir 
(direito); o outro a fazer, responder (cumprir com o dever)
Abstratividade - As normas jurídicas visam estabelecer uma fórmula 
padrão de conduta aplicável a qualquer membro da sociedade, através 
de um comando abstrato. 
Generalidade/Universalidade> as normas jurídicas dirigem-se para 
todos e não a alguém em particular. Objetiva regular a conduta a todos 
que se acham em igual situação jurídica.
Da generalidade da norma deduz-se o princípio da isonomia da lei > 
“todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...
(CF. art.5º)
 
Coercibilidade Quando o destinatário não cumpre a norma 
espontaneamente são acionadas a intimidação ou a força propriamente 
dita > a possibilidade do uso da coação para se fazer cumprir. 
Alteridade – a norma implica uma intersubjetividade; uma relação entre 
duas ou mais pessoas, que devem se respeitar.
A norma jurídica é imperativa ou prescritiva, porque impõe 
um dever, situando-a no campo das normas éticas. A 
essência específica da norma jurídica é o autorizamento, 
porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das 
faculdades humanas.
O caráter Imperativo (ou de comando) da norma pode ser:
a) imperativo categórico: a norma determina como se deve a norma determina como se deve 
agir, sem dar alternativaagir, sem dar alternativa. Há um dever a ser cumprido 
estabelecido pela norma, incondicional, tanto no sentido do 
dever de fazer alguma coisa ou de dar alguma coisa. Ex. 
Art. 3º CC – absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil.
 IMPERATIVIDADE - CARÁTER IMPERATIVO
b- imperativo hipotético: o comando estabelecido pela 
norma admite mais flexibilidade > o comando só acontece e o comando só acontece e 
será obrigatório quando se enquadra na hipótese prevista.será obrigatório quando se enquadra na hipótese prevista.
Ex. CC Art 186. Responsabilidade civil
Diferença: as normas de caráter imperativo categórico 
trazem uma ordem que tem que ser cumprida.
 As normas de caráter imperativo hipotético ficam 
na dependência de ocorrer uma hipótese ou fato para ser 
aplicada. A maioria das normas se enquadram nesta 
categoria.
 IMPERATIVIDADE - CARÁTER IMPERATIVO
As regras disciplinam uma determinada situação; quando disciplinam uma determinada situação; quando 
ocorre essa situação, a norma tem incidência; quando não ocorre essa situação, a norma tem incidência; quando não 
ocorre, não tem incidênciaocorre, não tem incidência. Para as regras vale a lógica do 
tudo ou nada (Dworkin). 
Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao caso 
concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da 
outra). 
O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios 
clássicos de interpretaçãoclássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, 
a lei posterior afasta a anterior etc.
Duas espécies de distintas do gênero norma, habitam o 
sistema jurídico: REGRAS e PRINCÍPIOS
Princípios são as diretrizes gerais são as diretrizes gerais 
de um ordenamento jurídico (ou de um ordenamento jurídico (ou 
de parte dele).de parte dele). Seu espectro de 
incidência é muito mais amplo 
que o das regras. Entre eles pode Entre eles pode 
haver "colisão", não conflito.haver "colisão", não conflito. 
Quando colidem, não se excluem. 
Como "mandados de otimização" 
que são (segundo Robert Alexy), 
sempre podem ter incidência em 
casos concretos (às vezes, 
concomitantemente dois ou mais 
deles). 
 A diferença marcante entre as regras e os princípios, portanto, 
reside no seguinte:
 A regra cuida de casos concretos. Ex.: o inquérito policial 
destina-se a apurar a infração penal e sua autoria – CPP, art. 4º. 
 Os princípios norteiam uma multiplicidade de situações. O 
princípio da presunção de inocência, por exemplo, cuida da 
forma de tratamento do acusado bem como de uma série de 
regras probatórias (o ônus da prova cabe a quem faz a alegação, 
a responsabilidade do acusado só pode ser comprovada 
constitucional, legal e judicialmente etc.).
16
AU
LA 
1
- por força da função fundamentadora dos princípios, 
outras normas jurídicas neles encontram o seu 
fundamento de validade. Ex.: O artigo 261 do CPP (que 
assegura a necessidade de defensor ao acusado) tem porfundamento os princípios constitucionais da ampla defesa, 
do contraditório, da igualdade etc.
Os princípios desempenham funções estratégicas,
 a saber: fundamentadora, interpretativa
 e supletiva ou integradora.
- Os princípios, não só orientam a interpretação de todo o 
ordenamento jurídico, mas também cumprem o papel de 
suprir eventual lacuna do sistema (função supletiva ou 
integradora). No momento da decisão o juiz pode valer-se 
da interpretação extensiva, da aplicação analógica bem 
como do suplemento dos princípios gerais de direito (CPP, 
art. 3º).
No caso do conflito entre princípios (ou colisão entre princípios, 
nos termos de Alexy), diversamente das regras, este se dá no 
plano do seu "peso" valorativo que entre eles – os princípios 
colidentes - deverá ser ponderado e não no plano da validade, 
como no caso do conflito entre regras.
O primeiro passo diz respeito à verificação da adequabilidade verificação da adequabilidade 
dos meios jurídicos empregados para a obtenção de um certo dos meios jurídicos empregados para a obtenção de um certo 
fim.fim. Ou seja, uma determinada norma restringe, por exemplo, o 
direito de propriedade em razão da tutela do meio ambiente. 
Caberia verificar se a restrição legal atinge o fim proposto ou 
não. 
O segundo passo questiona a existência de outro meio, menos questiona a existência de outro meio, menos 
gravosogravoso para a propriedade privada, que tutelasse o meio 
ambiente com a mesma eficácia. 
Por fim, no estágio da razoabilidade em sentido estrito, procede-
se a um cálculo de custo-benefício entre os princípios colidentes 
de modo a verificar seu maior ou menor grau de eficácia. 
Solucionando os conflitos entre princípios 
(Robert Alexy)
 Estrutura escalonada de Kelsen: 
O primeiro doutrinador a lecionar que o sistema jurídico 
era composto por normas superiores e inferiores 
interligadas e estruturadas entre si foi Merkel. Porém, a 
estrutura hierárquica das normas jurídicas ganhou 
ênfase através de Hans Kelsen.
2 - Validade do ordenamento jurídico.
Segundo Kelsen, normas não estão todas num mesmo 
plano de análise. Existem normas superiores e inferiores. As 
inferiores são subordinadas às normas superiores, e este 
escalonamento garante unidade ao sistema. 
Aprendemos que no sistema jurídico existe a chamada 
hierarquia de normas. Assim, as normas de direito 
encontram sempre seu fundamento em outras normas 
jurídicas. As normas inferiores encontram seu 
fundamento de validade em outras normas de escalão 
superior. Desde a norma mais simples até à própria 
Constituição ocorre o fenômeno da "pirâmide jurídica". 
Representa-se esta estrutura hierárquica de um 
ordenamento através de uma pirâmide. O vértice é 
ocupado pela norma fundamental e a base pelos atos 
executivos.
4. Pirâmide de Kelsen.
O sistema é chamado de piramidal, sendo a 
ordem
1) CF e princípios constitucionais e E.C
2) Leis complementares (CTB), ordinárias (CC, 
CPC, CDC, Lei do inquilinato, lei de falências) 
delegadas (59, IV CF, presidente), decretos (59, 
VI CF) e resoluções (59, VIII CF), MPs (62 CF)
3) decretos regulamentares: é do executivo, para 
regulamentar norma
4) outras normas: portarias, circulares etc
 O ordenamento jurídico é organizado de 
forma hierárquica, umas leis são superiores às 
outras, e para ser válidas, têm que respeitar o 
conteúdo da norma superior.
HIERARQUIA E CONSTITUCIONALIDADE 
DAS LEIS.
 Eis uma das mais citadas concepções de hierarquia das normas do 
ordenamento jurídico brasileiro:
1 . Normas constitucionais: ocupam o grau mais elevado da 
hierarquia das normas jurídicas. Todas as demais devem 
subordinar-se às normas presentes na Constituição Federal, isto é, 
não podem contrariar os preceitos constitucionais. Quando 
contrariam, costuma-se dizer que a norma inferior é 
inconstitucional.
2. Normas complementares: são as leis que complementam o texto 
constitucional. A lei complementar deve estar devidamente 
prevista na Constituição. Isso quer dizer que a Constituição 
declara, expressamente, que tal ou qual matéria será regulada por 
lei complementar.
3.Normas ordinárias: são as normas elaboradas pelo Poder 
Legislativo em sua função típica de legislar. Exemplo: 
Código Civil, Código Penal, Código Tributário etc.
4.Normas regulamentares: são os regulamentos 
estabelecidos pelas autoridades administrativas em 
desenvolvimento da lei. Exemplo:decretos e portarias.
5.Normas individuais: são as normas que representam a 
aplicação concreta das demais normas do Direito à conduta 
social das pessoas. Exemplo: sentenças, contratos etc.
Validade das Normas Jurídicas.
1- Podemos dizer que a validade decorre, 
invariavelmente, de o ato haver sido 
executado com a satisfação de todas as 
exigências legais. Uma norma jurídica, 
para que seja obrigatória, não deve estar 
apenas estruturada logicamente segundo 
um juízo categórico ou hipotético, pois é 
indispensável que apresente certos 
requisitos de validade. 
 Validade das Normas Jurídicas.
Validade formal
Vigência vem a ser a executoriedade compulsória 
de uma norma jurídica, por haver preenchido os 
requisitos essenciais à sua feitura ou 
elaboração .(REALE,1986) 
Desta forma, a norma jurídica tem vigência 
quando pode ser executada compulsoriamente 
pelo fato de ter sido elaborada com observância 
aos requisitos essenciais exigidos:
•Emanada de órgão competente;
•Com obediência aos trâmites legais;
•E cuja matéria seja da competência do órgão 
elaborador.
 Validade das Normas Jurídicas.
Validade Social ou Eficácia.
Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode ter validade e 
vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo 
descumprida, ela vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é 
aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo 
que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito 
deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente 
eficaz.
Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do Direito pela 
sociedade, "é a regra jurídica enquanto monumento da conduta 
humana" (REALE,1986). Desta forma, quando as normas jurídicas 
são acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas 
autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia.
Como esclarece Maria Helena Diniz, "vigência não se confunde com 
eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, 
ou que seja eficaz sem estar vigorando".
 Validade das Normas Jurídicas.
Sobre a matéria, temos ainda a contribuição de Paulo Nader, ao se 
referir às causas do desuso, dizendo que elas estão em certos 
defeitos das leis, e em função disso as classifica em: 
"anacrônicas", isto é, as que envelheceram enquanto a vida evoluía, 
havendo uma defasagem entre as mudanças sociais e a lei; 
"leis artificiais", ou seja, fruto apenas do pensamento, mera criação 
teórica e abstrata, estão distanciadas da realidade que vão governar; 
"leis injustas", ou seja, aquelas que, traindo a mais significativa das 
missões do direito que a de espargir justiça, nega ao homem aquilo 
que lhe é devido;
 "leis defectivas", que são as que, por não terem sido planejadas 
com suficiência, revelam-se na prática, sem condições de 
aplicabilidade, não fornecendo todos os recursos técnicos para a sua 
aplicação (por exemplo: quando prescreve uso de certa máquina pelo 
operário, mas que não existe no mercado).
 Validade das Normas Jurídicas.
Validade Ética ou Fundamento.
Toda a norma jurídica, além da validade formal (vigência) e 
validade social (eficácia), deve possuir ainda validade ética ou 
fundamento. O fundamento é, na verdade, o valor ou o fim visado 
pela norma jurídica.
De fato, toda a norma jurídica deveser sempre uma tentativa de 
realização de valores necessários ao homem e à sociedade. Se 
ela visa atingir um valor ou afastar um desvalor, ela é um meio de 
realização desse fim valioso, encontrando nele a sua razão de ser 
ou o seu fundamento. As regras que protegem, por exemplo, as 
liberdades são consideradas como tendo fundamento, porque 
buscam um valor considerado essencial ao ser humano.
Realmente, é o valor que legitima uma norma jurídica, que lhe dá 
uma legitimidade; daí a distinção entre legal (que possui validade 
formal) e legítimo (que possui validade ética).
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
1- CRITÉRIO DA DESTINAÇÃO 
Para alguns autores, a norma se dirige (destinatário da norma jurídica) ao corpo 
social cabendo a este a observância dos seus mandamentos 
Para outros autores, a norma se dirige (destinatário da norma jurídica) ao 
Poder Judiciário por ser o aplicador dos mandamentos jurídicos
De acordo com seus destinatários as normas jurídicas podem ser de:
Normas de organização ou estrutura– são as normas instrumentais que visam a 
estrutura e funcionamento dos órgãos do Estado ou fixam e distribuem 
competência e atribuições, ou disciplinam a identificação, modificação e aplicação 
de outras normas => Destinatário: o próprio Estado
Ex. normas do direito constitucional, do direito administrativo, etc.
Normas de conduta (norma de direito) - normas que disciplinam o 
comportamento dos indivíduos, as atividades dos grupos e entidades sociais em 
geral. Constituem a maioria das normas jurídicas. > Destinatário: o corpo social 
(pessoas físicas, jurídicas ou autoridades que estiverem na situação nela 
prevista). Ex. normas de direito civil OBS. Porém, quando surge a situação de 
conflito e este é levado ao Poder Judiciário este passa a ser o destinatário do 
corpo social.
CRITÉRIO DA EXISTÊNCIA
 A norma explícita é a norma tal qual está escrita 
nos códigos e nas leis. Não deixam margem à 
dúvida quanto ao seu conteúdo ou alcance. Ex. 
Matar alguém, pena: de 6 a 20 anos.(CP. 
Art.121)
 A normas implícita é aquela subentendida a 
partir da norma explícita. São aquelas que, 
aparentemente estão ocultas no texto legal, mas 
que dele se deduz ou transparece, através de 
processos de interpretação teleológico ou de 
integração das norma. (Respondem pela 
Completude do Ordenamento Jurídico)
CRITÉRIO DA EXTENSÃO 
Normas de Direito Externo: são as que compõem a ordem jurídica vigente em territórios distintos do 
nacional 
 
2. Normas de Direito Interno (Normas Jurídicas Territoriais): as que vigoram no território 
nacional; compõem o direito positivo de um determinado país. As normas jurídicas de Direito Interno 
são nacionais, federais, estaduais ou municipais, na medida em que sejam instituídas 
respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e pelos Municípios.
 
Normas Nacionais (ou de direito comum) > São as que se destinam à totalidade do Estado Federal, a 
todos, se aplicando independente de sua localização espacial no território brasileiro, aplicando-se a 
todo brasileiro. Ex. Constituição Federal, Código Civil, Código Penal, medidas provisórias, etc. 
 
Normas Federais: origem é o legislativo federal (Câmara dos Deputados, Senado Federal)
 
Normas Estaduais e Municipais > editadas por órgãos competentes dos Estados-membros e dos 
Municípios e destinam-se a vigorar localmente e só ali sendo aplicáveis. (legislativo estadual e 
legislativo municipal)
CRITÉRIO DO CONTEÚDO
 Normas de Direito Privado: regulam o vínculo entre 
particulares num plano de igualdade => Relação jurídica de 
coordenação
Ex.: As normas que regulam os contratos, as obrigações em geral.
 
 Normas de Direito Público: regulam a participação do poder 
público, quando investido de seu imperium, impondo a sua 
vontade e onde o interesse do Estado é predominante=> Relação 
jurídica de subordinação.
Ex.: As normas de Direito Administrativo, de Direito Tributário
 
 Normas de Direito Misto => Tutelam simultaneamente o 
interesse público ou social e o interesse privado.
Ex.: Normas de Direito Família, normas de Direito do Trabalho.
CRITÉRIO DA IMPERATIVIDADE (VONTADE DAS 
PARTES) 
a- Normas Cogentes ou de Imperatividade Absoluta ou 
Impositivas (ou de Ordem Pública) - limitam a autonomia 
da vontade individual. Não podem ser modificadas. 
Podem ser:
•Imperativas> são as que ordenam, impõem., determinam 
uma ação (todo aquele que recebeu o que não lhe era 
devido, fica obrigado a restituir. NCC. art. 876)
•Proibitivas > as que vedam, proíbem; impõem uma 
proibição ou abstenção. ex. art. 1.867 – Ao cego só é 
permitido o testamento público, que lhe será lido em voz 
alta...
 
CRITÉRIO DA IMPERATIVIDADE (VONTADE DAS 
PARTES) 
b- Normas Dispositivas ou de Imperatividade Relativa ( podem ser 
Supletivas ou Permissivas): são as que, não ordenando ou proibindo de 
modo absoluto, se limitam a dispor com uma certa parcela de liberdade; 
estabelecem uma alternativa de conduta; facultam, auxiliam ou até mesmo 
completam a manifestação de vontade individual. A norma permite que 
seus destinatários disciplinem a relação social.
Ex. art. 327 NCC – “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, 
salvo se as partes convencionarem diversamente ou se ao contrário 
resultar da lei, da natureza, da obrigação ou das circunstâncias.”
OBS. Permissivas: quando consentem uma ação ou abstenção. Ex. regime 
jurídico do casamento.
 Supletivas: quando suprem a falta de manifestação de vontade das 
partes. Ex. o pagamento efetuar-se-á no domicílio do devedor, salvo se as 
partes convencionarem de outra forma.
CRITÉRIO DA SANÇÃO ou de AUTORIZAMENTO 
 Normas mais que perfeitas – As que por sua violação autorizam a aplicação de duas sanções. Sanção 
em proporção maior que o ato praticado: ex. a violação acarreta nulidade do ato – ou o 
restabelecimento da situação anterior – e, ainda, a imposição de uma pena ou castigo. Ex. é nulo e de 
nenhum efeito o casamento contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos 
da vida civil, inciso I do art. 1.548 do CC; Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena – 
reclusão de 2 a 6 anos (C. Penal art. 235)
 
 Normas perfeitas – São aquelas cuja violação as leva a autorizar a declaração de nulidade do ato ou a 
a possibilidade de anulação do praticado contra sua disposição e não a aplicação de pena ao violador. 
Sanção na exata proporção do ato praticado. 
Ex. “nula é a nomeação (testamentária) de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tenha 
o pátrio poder”. Art 1.730 CC
 
 Normas menos que perfeitas – Autorizam, no caso de serem violadas, a aplicação de pena ao 
violador, mas não a nulidade ou a anulação do ato que as violou. Não invalidam o ato, mas impõem 
uma sanção ao agente transgressor. Ex. perda do direito ao usufruto dos bens dos filhos, a viúva ou 
viúvo, que se casar, enquanto não fizer a inventário e a partilha dos bens do casal.
 
 Normas imperfeitas – A violação não acarreta qualquer consequência jurídica. Representam um caso 
muito especial. Nem invalidam o ato nem estabelecem sanção ao transgressor. Tal procedimento se 
justifica por razões relevantes de natureza social e, sobretudo, ética. 
 Ex. por defeito de idade não se anulará o casamento que resultou de gravidez. Art. 1.551 NCC. 
CRITÉRIO QUANTO À NATUREZA DE SUAS 
DISPOSIÇÕES 
• Normas substantivas ou normas materiais: aquela que define e 
regula as relações jurídicas ou cria direitos e deveres das pessoas em 
suas relações jurídicas -. As leis substantivas são, em regra, 
principais
 Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial, etc.
 
• Normas adjetivas ou de Direito Processual – Aglutina regras de 
procedimento no andamento de questões forenses. Definem os 
procedimentos a serem cumpridos para se efetivaras relações 
jurídicas ou fazer valer os direitos ameaçados; aglutinam regras de 
procedimento no andamento das questões forenses. As normas 
adjetivas são de natureza instrumental.
 Ex.: Lei de Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, etc.
 
As Leis substantivas são, em regra, principais, enquanto que as 
adjetivas são de natureza instrumental.
CRITÉRIO DE EXTENSÃO PESSOAL
• Normas Genéricas (ou de Direito Geral): atinge a totalidade dos indivíduos
 
• Normas Particulares (ou de Direito Especial): as que vinculam 
determinadas pessoas como em um negócio jurídico ou lei que dispõe 
somente de aplicação a um campo restrito da Relação Jurídica ex. Convenção 
Coletiva de Trabalho
 
• Normas Individualizadas: as que se dirigem a indivíduos singularmente 
considerados. Ex. sentença judicial
 
• Normas excepcionais (de Direito Singular): as que estabelecem tratamento 
excepcional para atender situações excepcionais.
Ex. Ato Institucional nº 5/ 68 “ Fica suspensa a garantia de “habeas corpus”, nos 
casos de crime políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica 
social e a economia popular”.
QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO
• Normas Codificadas: aquelas que constituem um corpo 
orgânico sobre certo ramo do Direito, como o Código Civil. 
(Cria novas leis)
 
• Normas Consolidadas: quando formam uma reunião 
sistematizada de todas as leis existentes e relativas a uma 
matéria (Reúne as leis existentes). Ex. CLT Consolidação 
das leis do Trabalho
 
• Normas Extravagantes ou Esparsas: todas as leis que não 
estão incorporadas às codificações ou consolidações; são 
editadas isoladamente. Ex. Lei do Inquilinato, a do salério-
família
QUANTO À APLICABILIDADE
• Norma Auto-Aplicável: não depende de 
regulamentação por meio de outra norma; é a norma 
imediatamente aplicável, independente de qualquer 
outro ato legislativo ou regulamentar.
 
 Norma dependente de Complementação ou de 
Regulamentação: exige, para sua vigência, da 
criação de novas normas legais que complementem 
ou regulamentem o conteúdo normativo e suas 
disposições
QUANTO À HIERARQUIA
1)normas constitucionais
2)leis complementares
3)leis ordinárias, leis delegadas, medidas 
provisórias, decretos legislativos e resoluções;
4)decretos regulamentares
5)normas internas (despachos, estatutos, 
regimentos)
6)normas individuais ( contratos, testamentos, 
sentenças etc.)
CASO CONCRETO:
CASO CONCRETO: CARACTERÍSTICAS DA NORMA 
JURÍDICA
Zeus Olimpus Jr., jovem milionário da alta sociedade carioca, 
dirigindo seu automóvel BMW/2013, em alta velocidade e 
completamente embriagado, atropela a catadora de lixo Carla. 
Hospitalizada, Carla submeteu-se a duas cirurgias, ficando 
impossibilitada de exercer suas atividades pelo prazo de três 
meses. Por conta dos prejuízos que lhe foram causados, a vítima 
foi orientada a entrar com ação de ressarcimento por danos 
morais e materiais sofridos, com pedido julgado procedente para 
condenar o jovem milionário ao pagamento de R$ 500.000,00. 
Zeus deixou de cumprir a decisão (afinal, ele é Zeus!), razão pela 
qual teve seu carro penhorado e alienado judicialmente para 
suportar a dívida.
CASO CONCRETO:
Do outro lado da cidade Zeferino da Silva, pilotando seu VW 
1967, que acabara sair da recauchutagem, atropela João 
Minervino, vendedor de biscoitos no farol da esquina das ruas 
Dias Gomes com Helena Ramos. João sofre algumas 
escoriações somente, mas perde toda sua mercadoria, razão 
pela qual procura o Juizado Especial Cível e entra com ação em 
face de Zeferino que é condenado a indenizá-lo em R$1.567,78, 
pelas perdas e danos sofridos.
Zeferino deixou de cumprir a decisão (afinal, ele está 
desempregado!) razão pela qual teve seu carro penhorado e 
alienado judicialmente para suportar a dívida.
Os juízes para fundamentar sua decisão basearam-se nos 
artigos 186 e 927 do CC, que determinam o seguinte:
CASO CONCRETO:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
A partir da leitura dos casos relatados e da análise dos artigos de 
lei acima, usados em ambos os conflitos, identifique no texto as 
seguintes características da norma jurídica: abstração, 
generalidade, imperatividade, heteronomia, alteridade, 
coercibilidade e bilateralidade atributiva. Aproveite para 
conceituá-las.
 SISTEMAS JURÍDICOS
50
 Civil Law é a estrutura jurídica 
oficialmente adotada no Brasil. O que 
basicamente significa que as principais 
fontes do Direito adotadas aqui são a 
Lei, o texto.
51
É bom lembrar que nos países de 
Common Law também existe a lei, 
mas o caso é analisado 
principalmente de acordo com 
outros semelhantes.
FONTES DO DIREITO POSITIVO
CONCEITO DE FONTES DO DIREITO
A expressão fonte vem do latim fons, 
fontis, nascente, significando tudo 
aquilo que origina, que produz 
algo. Assim, a expressão fontes do 
Direito indica, desde logo, as formas 
pelas quais o Direito se manifesta. 
Fonte = Nascedouro = Ponto 
de origem
CONCEITO DE FONTES DO DIREITO
Na lição de Miguel Reale, “por fonte 
do direito designa-se os processos ou 
meios em virtude dos quais as regras 
jurídicas se positivam com legítima 
força obrigatória, isto é, com vigência e 
eficácia no contexto de uma estrutura 
normativa”.
Estudar as Fontes do Direito significa aprofundar-se no 
conhecimento do ponto de origem do Direito, no seu nascedouro. 
 Paulo Nader divide as fontes do Direito da seguinte forma:
 
 
Diretas 
1. Fontes Materiais 
Indiretas 
 
Fontes da Norma Jurídica Diretas 
 2. Fontes Formais 
 Indiretas 
 
 
 3. Fontes Históricas 
 
 
1. FONTES MATERIAIS
Moral
São os fatos sociais, as próprias forças 
sociais criadoras do Direito. Constituem a 
matéria-prima da elaboração deste, pois 
são os valores sociais que informam o 
conteúdo das normas jurídicas. As fontes 
materiais não são ainda o Direito pronto, 
perfeito, mas para a formação deste 
concorrem sob a forma de fatos sociais 
econômicos, políticos, religiosos, morais.
Fontes Materiais (de produção ou 
substanciais) - A palavra material vem de 
matéria, significando substância, essência, 
para indicar justamente aquelas fontes que 
têm substância. Subdividem-se em:
FONTES MATERIAIS:
a) Fontes materiais diretas ou imediatas: São aquelas fontes 
que criam diretamente as normas jurídicas, representadas 
pelos órgãos legiferantes:
- O Poder Legislativo- quando elabora e faz entrar em vigor 
as leis;
- O Poder Executivo – quando excepcionalmente elabora 
Leis;
- O Poder Judiciário – quando elabora jurisprudência ou 
quando excepcionalmente legisla;
A) FONTES MATERIAIS INDIRETAS OU 
MEDIATAS:
São fatos ou fenômenos sociais que ocorrem em 
determinada sociedade trazendo como consequência o 
nascimento de novos valores que serão protegidos pela 
Norma Jurídica.
B) FONTES HISTÓRICAS
 São os documentos jurídicos e coleções 
coletivas do passado que continuam a influir 
nas legislações do presente. 
 Como exemplo: a Lei das Doze Tábuas, em 
Roma; o célebre Código de Hamurabi, na 
Babilônia; o Corpus Juris Civilis, de 
Justiniano etc. 
 São fontes históricas do Direito brasileiro, 
por exemplo, o Direito Romano, o Direito 
Canônico, as Ordenações do Reino, o Código 
de Napoleão, a legislação da Itália fascista 
sobre o trabalho.
 
C) FONTES FORMAIS (ou de conhecimento) - são as formas de 
expressão do Direito. As maneiras pelas quais ele se faz 
conhecer.
 Seriama lei, os costumes, a jurisprudência e a doutrina. O 
Estado cria a lei e dá, ao costume e à jurisprudência, a força 
desta. O positivismo jurídico defende a ideia de que fora do 
Estado não há Direito, sendo aquele a única fonte deste. As 
forças sociais, os fatos sociais seriam tão-somente causa 
material do Direito, a matéria-prima de sua elaboração, ficando 
esta sempre a cargo do próprio Estado, como causa eficiente.
• Fonte Formal Direta ou Imediata: a lei
• Fontes Formais Indiretas ou Mediatas:
 costumes, doutrina e atos regras
A lei seria causa formal do Direito, a forma de 
manifestação deste – Fonte formal imediata.
As fontes formais vêm a ser as artérias por onde 
correm e se manifestam as fontes materiais.
MIGUEL REALE - O termo fonte do direito deve 
indicar somente os processos de produção da norma 
jurídica, vinculados a uma estrutura do poder, o qual, 
diante de fatos e valores, opta por dada solução 
normativa e pela garantia do seu cumprimento. 
Segundo Reale, a estrutura de poder é um requisito 
essencial ao conceito de fonte. A luz deste conceito, 
quatro são as fontes do direito: o processo legislativo, 
a jurisdição (poder judiciário), os usos e costumes 
jurídicos e o poder negocial.
DISTINÇÃO ENTRE FONTES MATERIAIS E 
FORMAIS DO DIREITO.
 Fontes Materiais: que seriam as 
de inspiração do direito; 
 Fontes Formais: que seriam as 
de vigência do Direito.
Fontes do Direito
Para Reale quatro são as fontes de direito, 
porque quatros são as formas de poder: 
o processo legislativo, expressão do Poder 
Legislativo; 
a jurisdição, que corresponde a Poder 
Judiciário; 
os usos e costumes jurídicos, que 
exprimem o poder social, ou seja, o poder 
decisório anônimo do povo; 
a fonte negocial, expressão do poder 
negocial ou da autonomia da vontade.
PROCESSO DE ELABORAÇÃO
 LEGISLATIVA
 O processo de elaboração de uma lei consiste numa sucessão 
de fases e de atos que vão desde a apresentação de seu 
projeto até a sua efetiva concretização, tornando-se 
obrigatória. 
 Assim temos: iniciativa, discussão-votação-aprovação, sanção-
veto, promulgação, publicação e entrada em vigor.
ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO
O processo legislativo é o conjunto de atos preordenados 
visando à criação de normas de Direito, com previsão 
constitucional. São eles:
1 - Iniciativa Legislativa - É a faculdade que se atribui a 
alguém ou a um órgão para apresentar projetos de lei ao 
Legislativo. (art. 60, 61 e seu parágrafo 2º)
2 - Votação : 
Constitui ato coletivo das Casas do Congresso. 
Geralmente é precedida de estudos e pareceres de 
comissões técnicas (permanentes ou especiais) e de 
debates em plenário. É ato de decisão (art. 65 e 66), que 
se toma por maioria de votos:
a) maioria simples (art. 47) para aprovação de lei 
ordinária
b) maioria absoluta dos membros das Câmaras, para 
aprovação de lei complementar (art. 69)
c) maioria de três quintos dos membros das Casas do 
Congresso, para aprovação de emendas Constitucionais 
(art.60, § 2º)
Sanção e veto - São atos de competência 
exclusiva do Presidente da República. Sanção e 
veto somente recaem sobre projetos de lei. Só são 
cabíveis em projetos que disponham sobre as 
matérias elencadas no art. 48 da CF.
Sanção é a adesão do Chefe do Poder Executivo ao 
projeto de lei aprovado pelo Legislativo; pode ser expressa 
(art. 66, caput) ou tácita (art. 66, parágrafo 3º).
Veto é o modo pelo qual o Chefe do Executivo exprime sua 
discordância com o projeto aprovado, por entendê-lo 
inconstitucional ou contrário ao interesse público (art. 66, 
parágrafo 1º). 
O veto pode ser total, recaindo sobre todo o projeto, ou 
parcial, quando atingir somente parte dele.
O veto é relativo, não trancando de modo absoluto o 
andamento do projeto (art. 66, parágrafos 1º e 4º da CF).
Caso o veto seja rejeitado por votação da maioria absoluta 
dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto, o 
projeto se transforma em lei, sem sanção, que deverá ser 
promulgada. Não se alcançando a maioria mencionada, o 
veto ficará mantido, arquivando-se o projeto.
• Promulgação e publicação - Promulga-se e publica-se a lei, 
que já existe desde a sanção ou veto rejeitado. É errado falar em 
promulgação de projeto de lei.
• Promulgação é a declaração da existência da lei. É meio de se 
constatar a existência da lei. A lei é perfeita antes de ser 
promulgada; a promulgação não faz lei, mas os efeitos da lei só 
se produzirão depois dela.
A publicação da lei constitui 
instrumento pelo qual se 
transmite a promulgação aos 
destinatários da lei. É condiçãom
TÉCNICA LEGISLATIVA 
A elaboração legislativa exige, acima de tudo, 
bom senso e responsabilidade, pois as leis 
interferem, direta ou indiretamente, na vida das 
pessoas.
ETAPAS DA ELABORAÇÃO 
LEGISLATIVA
a) Definição da matéria a ser normatizada
b) Verificação da possibilidade jurídica
c) Estudo da matéria, pesquisa da legislação e jurisprudência
d) (verificar SEMPRE se existe lei pré-existente ou consolidação 
acerca da matéria)
e) Elaboração de anteprojeto
f) Revisão do anteprojeto
g) Redação final
1. PARTE PRELIMINAR
a)Epígrafe - indica o tipo da proposição: Projeto de lei, Projeto de lei 
complementar, Projeto de resolução, Proposta de emenda à 
Constituição, Projeto de decreto legislativo.
b)Ementa – deve resumir com clareza o conteúdo do ato, para efeito de 
arquivo e, principalmente, pesquisa, devendo, caso altere norma em 
vigor, fazer referência ao número e ao objeto desta.
PARTES DA PROPOSIÇÃO LEGISLATIVA
c)Fórmula de promulgação – deve indicar a autoridade ou o 
órgão legiferante (ex: A Assembléia Legislativa”) e descrever 
a ordem de execução, traduzida pelas formas verbais 
"decreta", "resolve" e "promulga".
 Exemplos:
 A Mesa da Assembléia Legislativa do Estado de Santa 
Catarina, nos termos do § 3º do artigo 22 da Constituição do 
Estado, promulga a seguinte Emenda ao texto 
constitucional:
 ou
 O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA: Faço 
saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a 
seguinte lei complementar:
2. PARTE NORMATIVA ORDENAÇÃO DO TEXTO 
LEGAL
a) Artigo – frase que encerra um comando normativo. 
• Tem numeração ordinal até o 9º e cardinal a partir do 10. 
• Quando se tratar de um só artigo, deve ser grafado como 
“Artigo único”.
• Deve conter um único comando normativo, fixado em seu caput
• As exceções ou os complementos devem ser fixadas em suas 
divisões (parágrafos e incisos)
• As palavras em língua estrangeira devem ser destacadas 
(itálico, negrito, aspas)
• Suas frases iniciam-se com letras maiúsculas e terminam com 
ponto final
b)Parágrafo – é a fórmula de umas das divisões do artigo.
•Deve completar o sentido ou abrir exceções à norma 
contemplada no caput do artigo
• É representado com numeração ordinal, após o símbolo §
•Se houver um só parágrafo, será grafado como “Parágrafo 
único”.
• Pode desdobrar-se em incisos.
c) Inciso – é usado para 
exprimir enumerações 
relacionadas ao caput do 
artigo ou ao parágrafo.
•É expresso em algarismo 
romano
•É iniciado com letra 
minúscula e termina com 
ponto e vírgula; salvo o 
último inciso do artigo, que 
termina com ponto final
•Pode desdobrar-se em 
alíneas.
d) Alínea – é usada para 
enumerações relativas ao 
texto do inciso.
•É grafada em letra 
minúscula, seguida de 
parênteses
•Seu texto inicia-se com letra 
minúscula e termina com 
ponto e vírgula, com 
exceção da última alínea do 
inciso
•Pode desdobrar-se em item 
(ex: art. 12 CF).
e) Item – é usado para enumerações relativas ao texto da 
alínea.
• É grafado por algarismos arábicos, na forma cardinal, seguido 
de ponto
• O texto doitem inicia-se com letra minúscula e termina em 
ponto e vírgula, com exceção do último item da alínea (ex: art. 
145 da CF)
PARTE FINAL DA LEI:
a) Cláusula de vigência: “esta lei entra em vigor na data 
de sua publicação” ou “... entra em vigor “x” dias após sua 
publicação”. Na ausência da cláusula revogatória, vale a 
regra da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, entra 
em vigor 45 dias após sua publicação. É errado dizer que 
a lei “entrará” em vigor.
b) Cláusula revogatória: deve indicar expressamente as 
leis ou os dispositivos legais revogados. Em caso de 
consolidação de leis, utiliza-se a fórmula: "são 
formalmente revogados, por consolidação e sem 
interrupção de sua força normativa...“. 
c) Disposições transitórias: possui numeração própria, 
iniciando-se por artigo 1º, no final do texto legal.
A LEI
  lei é uma regra geral de 
direito, abstrata e 
permanente, dotade de 
sanção, expressa pela 
vontade de uma 
autoridade competente, 
de cunho obrigatório e 
forma escrita. (Venosa)
A LEI: legislação/ordenamento jurídico = conjunto 
de normas jurídicas emanadas do Estado através de 
seus órgãos, em especial o Poder Legislativo. São: 
constituição, leis complementares, leis delegadas, 
leis ordinárias, medidas provisórias, decretos 
legislativos, resoluções, decretos regulamentadores, 
circulares, ordens de serviço, etc.
Quanto a norma emana do Estado, é chamada de 
norma jurídica. induzem, preceituam, impõem ou 
proíbem determinado comportamento.
Ordenamento jurídico é o conjunto de prescrições ou 
proposições prescritivas, que podem ser entendidas 
como conjunto de palavras destinadas a prescrever 
certos comportamentos (Hugo de Brito Machado)
Portanto, a lei é típica e formula regras de conduta, 
prescrição de conduta, imputação de conduta.
Ao conjunto de leis dá-se o nome de ordenamento 
jurídico.
A lei é fonte formal imediata de Direito, pois é a forma pela qual 
nos transmite seu conhecimento. A lei é continente e o Direito é 
conteúdo. (Art. 3o. do CC e art. 337 do CPC)
• Conceitos
• Lei em sentido amplo ou em sentido lato: indica o jus scriptum. 
Referência genérica que inclui a lei propriamente dita (ordinária ou 
complementar), a medida provisória e o decreto (art. 59 da CF).
• Lei em sentido estrito: é preceito comum e obrigatório, emanado do 
Poder Legislativo, no âmbito se sua competência.
• Características substanciais: generalidade, abstratividade, 
bilateralidade, imperatividade e coercibilidade.
• Características formais: escrita, emanada do Poder Legislativo em 
processo de formação regular, promulgada e publicada. 
O termo costume deriva do latim consuetudine, de 
consuetumine, hábito, uso.
 É a prática social reiterada e considerada 
obrigatória. O costume demonstra o princípio ou a 
regra não escrita que se introduziu pelo uso, com o 
consentimento tácito de todas as pessoas que 
admitiram a sua força como norma a seguir na 
prática de determinados atos.
OS COSTUMES
• Hermes Lima afirma que os costumes apresentam 02 
elementos constitutivos, um é externo e o outro é 
interno. O externo é o objetivo, de natureza material, 
é o uso constante e prolongado. O interno é de 
natureza psicológica ou subjetiva, que é o 
reconhecimento geral de sua obrigatoriedade.
Embora alguns autores não façam distinção entre costume 
e uso, outros advertem que o costume se distingue dos 
usos sociais em geral porque a comunidade o considera 
obrigatório para todos, e sua violação acarreta uma 
responsabilidade jurídica e não apenas uma reprovação 
social. 
O costume não se confunde, então, com as demais normas 
sociais ou de cortesia, desprovidas de coercitividade. 
O costume é a mais antiga e autêntica fonte de direito.
DIREITO CONSUETUDINÁRIO
 OU COSTUMEIRO
Ao conjunto das normas costumeiras em vigor num 
Estado, convencionou-se chamar direito costumeiro, 
também denominado direito não-escrito, expressão 
esta que não tem caráter absoluto, visto que, às 
vezes, normas costumeiras são consolidadas, como, 
p. ex., a publicação intitulada "Assentamentos de 
Usos e Costumes da Praça de São Paulo", elaborada 
pela Junta Comercial e publicada no Diário Oficial do 
Estado. 
OS COSTUMES PODEM SER
1.CONTRA LEGEM - por opor-se à lei não têm 
admissibilidade em nosso direito.
2.SECUNDUM LEGEM - por estar de acordo coma lei 
serve de interpretação, é o costume que esclarece a lei 
por estar em perfeita sintonia com ela.
3.PRAETER LEGEM - é utilizável quando a lei for omissa 
para preencher a lacuna existente. Este último; é o 
costume considerado como subsidiários do direito.
COMO SE PROVA A EXISTÊNCIA
 DOS COSTUMES?
A prova se fará dos mais diversos modos: documentos, 
testemunhas, vistorias, etc. Em matéria comercial, 
porém, devem ser provados por meio de certidões 
fornecidas pela juntas comerciais que possuem fichários 
organizados para este fim.
Art. 337 do Código de Processo Civil - “A parte que 
alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou 
consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se 
assim determinar o juiz”.
I- No plano jurídico, fontes do Direito expressam a origem das 
normas jurídicas, podendo-se classificar as fontes em dois grandes 
blocos, designados de fontes materiais e fontes formais. 
II - As fontes materiais enfocam o momento pré jurídico, 
constituindo-se nos fatores que conduzem à emergência e 
construção da regra de Direito.
III – As fontes formais enfocam o momento tipicamente jurídico, 
considerando a regra já plenamente construída, os mecanismos 
exteriores e estilizados pelos quais essas regras se revelam para o 
mundo exterior, ou seja, os meios pelos quais se estabelece a 
norma jurídica.
IV – Os costumes são fontes do direito.
a) todas as proposições estão corretas
b) apenas quatro proposições estão corretas
c) apenas três proposições estão corretas
d) apenas duas proposições estão corretas.
CASO CONCRETO QUESTÃO OBJETIVA
 
A JURISPRUDÊNCIA – conceito:
Jurisprudência é o conjunto de 
decisões uniformes e constantes dos 
tribunais, resultantes da aplicação 
de normas a casos semelhantes, 
constituindo uma norma geral 
aplicável a todas as hipóteses 
similares ou idênticas.
A JURISPRUDÊNCIA
Em sentido amplo é a coletânea de 
decisões proferidas pelos juízes ou tribunais 
sobre uma determinada matéria jurídica. 
Inclui jurisprudência uniforme (decisões 
convergentes) e jurisprudência contraditória 
(decisões divergentes).
Em sentido estrito é o Conjunto de 
decisões uniformes prolatadas pelos órgãos 
do Poder Judiciário sobre uma determinada 
questão jurídica.
Moral
 Na prática tem afinidade
 com o CASE LAW e o que se deseja da 
jurisprudência é estabelecer a uniformidade e 
a constância das decisões para os casos 
idênticos, é em outras palavras a criação da 
figura do precedente judicial. 
O CASE LAW tem 
força obrigatória.
Classifica-se em:
Conforme a lei, secundum legem, a 
interpretação da lei realizada pelos juizes 
harmonizando o disposto no texto e o seu 
sentido. 
Já a praeter legem, é a jurisprudência que 
se considera efetivamente fonte subsidiária 
do direito. É a que preenche as lacunas da 
lei.
A contra legem não é considerada como 
fonte legítima.
A jurisprudência cria Direito?
Quanto ao Direito anglo-saxão não há a 
menor dúvida. 
Nos ordenamentos filiados à tradição 
romano-germânica, como o nosso, há 
quem reconheça o seu papel formador 
do Direito e quem o rejeite.
Os que admitem alegam que as transformações sociais 
exigem um pronunciamento judicial sobre assuntos que 
eventualmente não se encontram na lei. 
O juiz, impossibilitado de alegar a lacuna da lei para furtar-
se à decisão, constrói através de umainterpretação ora 
extensiva, ora restritiva, regras para os casos concretos que 
lhe são propostos. Em inúmeros casos os tribunais 
acabaram criando um Direito novo, embora aparentemente 
tenham se limitado a aplicar as leis existentes.
Ex.: Art 8o. CLT: “As autoridades administrativas e a 
justiça do trabalho, na falta de disposições legais ou 
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela 
jurisprudência, por analogia, ...” 
Os que negam sustentam que o juiz é um mero 
intérprete da lei. Em verdade, ao dar certa conotação a 
um artigo de lei interpretando-o restritiva ou 
extensivamente, está apenas aplicando o Direito 
positivado.
Segundo Miguel Reale, “... as divergências 
que surgem entre as sentenças, relativas às 
mesmas questões de fato e de direito, longe 
de revelarem a fragilidade da jurisprudência, 
demonstram que o ato de julgar não se reduz 
a uma atitude passiva, diante dos textos 
legais, mas implica notável margem de poder 
criador.” 
11
As divergências jurisprudenciais comprometem o 
Direito?
 Nos Estados de Direito codificado, a jurisprudência apenas 
orienta e informa, possuindo autoridade científica sem, no 
entanto, vincular os tribunais ou juizes de instância inferior.
A Jurisprudência Vincula ?
Súmula Vinculante
Uma das novidades introduzidas pela EC n.º 45/04 que mais 
polarizam opiniões é a chamada súmula "vinculante" — talvez o 
mais correto fosse referirmo-nos, em bom português, a súmula 
vinculadora.
Segundo esse novo instituto, o "Supremo Tribunal Federal 
poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois 
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua 
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação 
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem 
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma 
estabelecida em lei" (CF, art. 103-A, instituído pela EC 45/04).
Hoje temos 32 súmulas vinculantes aprovadas.
12
Súmula Vinculante
Foi prevista pela EC 45/04 (art 103- A., caput), a 
partir da qual passou o STF (Supremo Tribunal 
Federal) a editar súmulas que não são mais 
meramente consultivas, mas sim, vinculantes 
relativamente a decisões futuras, ou seja, não 
podem ser contrariadas, devem ser seguidas. A 
súmula vinculante efetivamente vincula decisões 
futuras, não havendo a mera faculdade de 
consultá-las ou não.
Distinção entre jurisprudencia e precedente 
judicial.
Reserva-se o termo jurisprudência para as 
decisões dos tribunais e “precedentes” para 
as decisões de juízes de primeiro grau.
Doutrina
 A doutrina é uma das fontes subsidiárias do direito. É uma 
forma expositiva e esclarecedora do direito feita pelo jurista, a 
quem cabe o estudo aprofundado da ciência. São os estudos e 
teorias desenvolvidos pelos juristas, com o objetivo de 
sistematizar e interpretar as normas vigentes e de conceber 
novos institutos jurídicos reclamados pelo momento histórico.
A doutrina é o direito resultante de estudos voltados à 
sistematização, esclarecimento, adequação e inovação. 
 Também alcança diversas posições:
 *Apresentação detalhada do direito em tese;
 * Classificação e sistematização do direito exposto;
 *Elucidação e interpretação dos textos legais e do direito 
cientificamente estudado;
 *Concepção e formulação de novos institutos jurídicos.
 
 
118
PROCEDIMENTOS DE INTEGRAÇÃO: ANALOGIA 
LEGAL E OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
Tendo em vista que o aplicador do direito não pode deixar 
sem resposta as questões postas à sua apreciação e, não 
havendo uma norma jurídica que se encaixe de forma 
específica ao caso concreto, o juiz deve se utilizar de meios 
adequados para aplicar o direito.
Dentre os métodos sugeridos pelo próprio legislar, encontra-
se a analogia, podendo ser utilizada para a constatação e 
suprimento das lacunas.
 Afirma MAXIMILIANO que a analogia consiste em aplicar a 
uma hipótese não prevista em Lei a disposição relativa a um caso 
semelhante.
 Para VICENTE RÁO, a analogia consiste na aplicação dos 
princípios extraídos da norma existente a casos outros que não 
expressamente contemplados(43).
 MARIA HELENA DINIZ entende que a analogia consiste em 
aplicar a um caso não previsto de modo direto ou específico por 
uma norma jurídica, uma norma prevista para uma hipótese 
distinta, mas semelhante ao caso não contemplado, fundado na 
identidade do motivo da norma e não da identidade do fato
O que é analogia?
Resumindo…
Analogia – É um dos meios de integração do direito 
e constitui numa técnica que deve ser utilizada apenas 
quando a ordem jurídica não apresenta uma norma 
específica para um determinado fato. 
A analogia pode ser concebida como um recurso 
técnico que consiste em se aplicar, a um caso não 
previsto pelo legislador, uma norma jurídica previsto 
para um outro caso fundamentalmente semelhante ao 
não previsto.
Fundamentos da analogia
É forma primordial para o preenchimento das lacunas 
no ordenamento jurídico, também sendo conhecida 
como autointegração, pois é realizada com os próprios 
recursos do sistema legislativo.
Espécies de analogia
1. ANALOGIA LEGIS - é aplicação de lei a caso semelhante por ela
 previsto, ou seja, parte de um preceito legal e concreto, e faz a sua 
aplicação aos casos similares.
2. ANALOGIA IURIS é aplicação de princípios de direito nos 
casos de inexistência de norma jurídica aplicável.
Para TÉRCIO SAMPAIO DE FERRAZ JÚNIOR, a analogia iuris é uma 
espécie de conjugação de dois métodos lógicos: a indução e a 
dedução. A partir de casos particulares obtém-se uma 
generalização da qual resultam princípios os quais se aplicam, 
então dedutivamente, a outros casos. É um raciocínio quase-lógico.
A analogia do direito tem por finalidade a integração da norma jurídica 
com seus meios próprios, partindo do pressuposto da coerência 
intrínseca do sistema.
Requisitos
Requisitos necessários para a aplicação da lei através da 
analogia:
1º) o caso deve ser absolutamente não previsto em lei; 
2º ) deve existir elementos semelhantes entre o caso 
previsto e aquele não previsto; 
3º ) esse elemento deve ser essencial e não um 
elemento qualquer, acidental.
Somente após observados tais requisitos é que será lícito 
ao aplicador da lei valer-se da analogia.
A analogia não é permitida no ramo do 
Direito Penal, salvo para beneficiar o réu; 
tampouco em matéria tributária para a 
criação de novos tributos.
Analogia e Interpretação Extensiva.
.
Em que pese a grande afinidade existente entre a analogia 
e a interpretação extensiva, uma vez que ambas podem ser 
consideradas como espécie de complementação da norma, não 
há, contudo como confundi-las. 
Na interpretação extensiva o caso é diretamente previsto 
pela lei, mas com insuficiência verbal ou impropriedade de 
linguagem, já que a interpretação da lei revela um alcance 
maior da mesma. Propriamente não há aqui lacuna da lei, 
apenas insuficiência verbal.
Por outro lado, na analogia não uma insuficiência verbal ou 
impropriedade de linguagem, nela, seu pressuposto básico é a 
existência de uma lacuna, isto é, a ausência de um dispositivo 
legal. Motivando a pesquisa que se faz na legislação a fim de 
se localizar um paradigma um fato-tipo semelhante ao não 
previsto em lei
Analogia e Interpretação Extensiva.
.
Interpretação extensiva - o caso é previsto pela lei 
diretamente, apenas com insuficiência verbal, já que a 
mens legis revela um alcance maior para a disposição => 
Má redação do texto pode ser uma das causas. - Busca o 
sentido da lei obscuro ou incerto.
Ex: art. 5º CRFB
Procedimento analógico - a lacuna da leié pressuposto 
básico. Busca a solução de um caso não previsto em lei 
em outro dispositivo legal que regula situação semelhante.
Princípios Gerais do Direito.
Na concepção do Prof. Miguel Reale, 
temos que: “os princípios são “verdades 
fundantes” de um sistema de 
conhecimento, como tais admitidas, por 
serem evidentes ou por terem sido 
comprovadas, mas também por motivos 
de ordem prática de caráter operacional, 
isto é, como pressupostos exigidos 
pelas necessidades da pesquisa e da 
práxis”.
Princípios Gerais do Direito.
É possível dizer que os princípios gerais de direito são 
aqueles que decorrem dos próprios fundamentos do 
ordenamento positivo. A rigor, não precisam mostrar de 
forma expressa, ainda que constituam pressupostos 
lógicos de um determinado ordenamento jurídico. Quando 
se diz, por exemplo, que ninguém deve ser punido por 
seus pensamentos (cogitationis poenam nemo patitur), ou 
ninguém está obrigado ao impossível (ad impossibilia 
nemo tenetur), têm-se clássicos princípios gerais de 
direito. 
Os princípios gerais de direito são enunciações 
normativas de valor genérico, que condicionam e 
orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer 
para a sua aplicação e integração, quer para a 
elaboração de novas normas. Cobrem, desse modo, 
tanto o campo da pesquisa pura do Direito quanto o de 
sua atualização prática.
 
Alguns deles se revestem de tamanha importância que 
o legislador lhes confere força de lei, com a estrutura 
de modelos jurídicos, inclusive no plano constitucional, 
consoante dispõe a nossa Constituição sobre os 
princípios de isonomia (igualdade de todos perante a 
lei), de irretroatividade da lei para proteção dos direitos 
adquiridos.
Entre os princípios que se designam processuais estão 
o da oralidade, o da publicidade, o da certeza, o da 
oficialidade (de oficiosidade e de autoridade), o da 
indisponibilidade, o da iniciativa das partes e os dos 
limites da lide. Já entre os princípios constitucionais 
encontram-se o da legalidade, o do contraditório (ampla 
defesa, cientificação e produção de provas) e o 
importantíssimo princípio do juízo natural (e o 
superlativo aqui se evidencia pela ênfase que a ele têm 
dado por exemplo a Declaração Universal do Direito do 
Homem, o Pacto de Costa Rica e outros tratados e 
convenções internacionais).
Outros exemplos:
1. Pacta sunt servanda.
2. Auctori incumbit onus probandi.
3. Auctore nam probante, reus 
absolvitur.
4. Nullum crimen, nulla poena sine 
lege.
5. Todos são iguais perante a lei. 
[Art. 5º da Constituição. Art. 1º da 
Declaração dos Direitos do Homem 
da ONU].
Equidade
É o princípio pelo qual o direito se adapta á realidade da 
vida sócio-jurídica, conformando-se com a ética e a boa-
razão, salvando as lacunas do Direito para melhorá-lo e 
enobrecê-lo, tal como demonstram os pretores da Roma 
antiga. 
Para Paulo Nader, a equidade não é fonte do direito. É um 
critério de aplicação pelo qual se leva em conta o que há de 
particular em cada relação.
Na concepção de Aristóteles, a característica do eqüitativo 
consiste em restabelecer a lei nos pontos em que se 
enganou, em virtude da fórmula geral que se serviu.
A equidade, tanto pode ser um “elemento de integração” 
perante uma lacuna do sistema legal, como ser um 
“elemento de adaptação” da norma às circunstâncias do 
caso concreto por ocasião da aplicação do direito. Na 
primeira hipótese, a equidade pode ser vista como sendo 
o “direito do caso concreto”; na segunda, como a “justiça 
do caso concreto”.
O art. 127 do Código de Processo Civil 
estabelece que o juiz decida por equidade nos 
casos previstos em lei.
 Os artigos 4º e 5º da Lei de Introdução a Normas do 
Direito Brasileiro determinam a obrigatoriedade de julgar, 
por parte do juiz em caso de omissão ou defeito legal, e a 
obrigatoriedade de, na aplicação da lei atender aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum. 
 Pela equidade, se preenche as lacunas da lei como 
também, pela equidade procura-se o predomínio da 
finalidade da norma sobre sua letra, como está delineado 
no art. 5º da LINDB. Este autoriza, assim, corrigir a 
inadequação da norma ao caso concreto através da 
equidade, uma vez que esta relaciona-se, intimamente, 
com os fins da norma, que é o bem comum da sociedade
 Desta forma, o art. 127 do CPC deve ser interpretado em 
comunhão com os arts. 4º e 5º da LICC. 
DIREITO COMPARADO
 Ao confrontar ordenamentos jurídicos vigentes em diversos 
povos, o Direito Comparado “aponta-lhes as semelhanças e as 
diferenças, procurando elaborar sínteses conceituais e preparar o 
caminho para unificação de certos setores do Direito” (Wilson de 
Souza Campos Batalha).
 O direito comparado estuda as diferenças e as semelhanças entre 
os ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, agrupando-os 
em famílias.
Os antigos gregos já se esforçavam por comparar o 
direito em vigor em diferentes cidades-Estado: 
Aristóteles estudou 153 constituições de cidades-
Estado gregas para escrever a sua Política; Sólon 
teria feito o mesmo antes de promulgar as leis de 
Atenas. Os decênviros romanos somente teriam 
preparado a Lei das Doze Tábuas após consulta às 
instituições gregas.
Na Idade Média, comparava-se o direito romano e 
o direito canônico.
Contudo, apenas no século XX surgiu o estudo 
sistemático do direito comparado, como ciência.
Limites de Validade 
da
 Norma Jurídica
Lição 10
A partir de quando uma lei entra 
em vigor? 
Até quando possui validade? 
A vigência indica o período no qual 
as prescrições legais têm efeito, 
sendo este período delimitado pela 
entrada 
e a retirada da lei do ordenamento 
jurídico.
“Vigência, é a qualidade da norma jurídica 
que expressa uma relação entre normas”.
 Maria Helena Diniz
• Esta lei entra em vigor na data da sua publicação 
→ EFEITO IMEDIATO
• Este decreto entra em vigor no prazo 
 de X dias, contando da data de sua
 publicação → EFEITO DIFERIDO
O intervalo entre a publicação e entrada em vigor 
chama-se → VACATIO LEGIS
Importante!
A Lei complementar 95 de 26 de fevereiro de 
1998, dispõe sobre a elaboração, a redação, a 
alteração e a consolidação das leis, conforme 
determina o parágrafo único do art. 59 da 
Constituição Federal, e estabelece normas para a 
consolidação dos atos normativos que menciona. 
Validade (formal) → Vigência (vigor)
REVOGAÇÃO:
É tornar sem efeito uma norma.
• AB-ROGAÇÃO → Suspensão total da 
norma.
• DERROGAÇÃO → Torna sem efeito uma 
parte da Lei.
Cláusula de REVOGAÇÃO:
“Fica revogada a Lei X”
REVOGAÇÃO
EXPRESSA: Quando
 o legislador torna 
extinta a Lei velha
 TÁCITA: Quando houver
 incompatibilidade entre 
a lei velha e a nova.
Revogação: seus efeitos
EX NUNC
•Reconhece a preservação 
da norma anterior
•“Efeitos daquele momento 
para frente”
EX TUNC
•Tem efeitos sobre o 
‘passado’.
•Aplicadas em situações 
criadas antes de sua 
entrada em vigor
Disposições transitórias
 “ As disposições transitórias, elaboradas pelo 
próprio legislador têm o objetivo de resolver e 
evitar conflitos emergentes da nova lei em 
confronto com a antiga”.
 Maria Helena Diniz
A Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro 
(antiga LICC)
É uma "lei sobre a lei".
Foi editada em 1942, e está em vigor até hoje. 
Seu objetivo foi orientar a aplicação do código civil, 
preencher lacunas e dirimir questões que foram surgindo 
entre a edição do primeiro código civil (em 1916) e a edição 
da LINDB.
Segundo Maria Helena Diniz, a LINDB contém normas sobre 
normas, assinalando-lhes a maneira de aplicação e 
entendimento, predeterminandoas fontes do direito positivo, 
indicando-lhes as dimensões e espaços temporais.
PONTOS FUNDAMENTAIS DA LINDB
7
Moral
A Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, que, 
em verdade, é a Lei de Introdução de todo o Direito, pois 
institui normas sobre normas, ou seja, são normas que 
informam os requisitos legais que as demais normas 
deverão obrigatoriamente possuir para que penetrem no 
Direito, enquanto sistema normativo positivado, com os 
atributos de validade, vigência e eficácia.
A LINDB fixa e define algumas questões básicas, como o 
tempo de vigor da lei, o momento dos efeitos da lei, e a 
validade da lei para todos. 
8
Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
O Início da Vigência da Lei.
Até o advento da LC 95/98, alterada pela LC 107/01, a cláusula de 
vigência vinha expressa, geralmente, na fórmula tradicional: “Esta lei 
entra em vigor na data de sua publicação”.
A partir da LC nº 95, a vigência da lei deverá vir indicada de forma 
expressa, estabelecida em dias, e de modo que contemple prazo 
razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, passando a 
cláusula padrão a ser: “ Esta lei entra em vigor após decorridos (número 
de dias) de sua publicação”.
No caso de o legislador optar pela imediata entrada em vigor da lei, só 
poderá fazê-lo se verificar que a mesma é de pequena repercussão.
Na falta de disposição expressa da cláusula de vigência, aplica-se como 
regra supletiva a do art. 1º da LICC, que dispõe que a lei começa a 
vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada.
9
VACATIO LEGIS
Chama-se VACATIO LEGIS o período que medeia a data de 
publicação da lei e a de sua entrada em vigor. Com o período 
da vacatio legis (vacância da lei), o próprio legislador procura 
facilitar ao cidadão o cumprimento da lei, facultando o seu 
conhecimento prévio. Nada impede, contudo, que a vigência 
da lei nova seja imediata, dispensando-se a vacatio legis.
A forma de contagem do prazo da vacatio legis é a dos dias 
corridos, com exclusão do de começo e inclusão do de 
encerramento, computados domingos e feriados. 
ART. 1° § 3º. SE, ANTES DE ENTRAR A LEI EM VIGOR, OCORRER NOVA 
PUBLICAÇÃO DE SEU TEXTO, DESTINADA À CORREÇÃO, O PRAZO 
DESTE ARTIGO E DOS PARÁGRAFOS ANTERIORES COMEÇARÁ A 
CORRER DA NOVA PUBLICAÇÃO.
 
 Nesse caso, observar-se-ão as seguintes situações:
 – correção da norma em seu texto, por conter erros 
substanciais, durante a vacatio legis ensejando nova 
publicação: nova vacatio será iniciada a partir da data da 
correção, anulando-se o tempo decorrido;
 – várias publicações diferentes de uma mesma lei, motivadas 
por erro: a data da publicação será uma só e deverá ser a da 
publicação definitiva, ou seja, a última (RF, 24:480).
ART. 1° § 4º. AS CORREÇÕES A TEXTO
DE LEI JÁ EM VIGOR CONSIDERAM-
SE LEI NOVA. 
 As emendas ou correções em lei que já 
esteja em vigor são consideradas leis novas, 
ou seja, para corrigi-la é preciso passar por 
todo o processo de criação de uma lei, 
devendo para isso obedecer aos requisitos 
essenciais e indispensáveis para a sua 
existência e validade.
ART. 2º. NÃO SE DESTINANDO À VIGÊNCIA TEMPORÁRIA, A LEI 
TERÁ VIGOR ATÉ QUE OUTRA A MODIFIQUE OU REVOGUE. 
 Este princípio está contemplado no art. 2º da LINDB, quando 
menciona que uma lei só deixa de vigorar quando modificada ou 
revogada por outra posterior.
 Há que se fazer uma distinção entre derrogação e ab-rogação. A 
derrogação significa revogação parcial enquanto que a ab-rogação 
diz respeito à revogação total. Ambas, derrogação e ab-rogação, 
são espécies do gênero revogação.
Princípio da Continuidade das Leis
TÉRMINO DA VIGÊNCIA DAS LEIS
 Vigência e revogação são matérias disciplinadas pela Lei de 
Introdução as Normas de Direito Brasileiro.
 A lei nova revoga a anterior quando trata sobre o mesmo assunto 
de forma diversa. Assim, nos fatos ocorridos após a sua 
revogação, a lei antiga não produzirá qualquer efeito, cessando, 
desta forma, sua eficácia.
 Mas, com relação aos fatos ocorridos anteriormente à edição da 
nova lei, a lei antiga poderá continuar produzindo efeitos. Tal 
fenômeno é chamado de ultratividade da lei. 
A chamada aplicação da lei no tempo e no espaço refere-se 
à eficácia do Direito segundo a extensão de sua incidência 
ou em função do tempo ligado à sua vigência. Temos, 
assim, a eficácia da lei no tempo e no espaço.
A eficácia da lei no tempo diz respeito ao tempo de sua 
atuação até que desapareça do cenário jurídico. Como tal 
fato pode ocorrer?
Conflito de Leis no Tempo e no Espaço.
Em duas hipóteses: 
· Se a lei já tem fixado seu tempo de duração, com o 
decurso de prazo determinado, ela perde sua eficácia e 
vigência;
· Se ela não tem prazo determinado de duração, 
permanece atuando no mundo jurídico até que seja 
modificada ou revogada por outra de hierarquia igual ou 
superior (LINDB, art. 2º); é o princípio da continuidade das 
leis.
 Depois da publicação ou decorrida a vacatio legis, a lei torna-se 
obrigatória, não podendo ser alegada sua ignorância: nemo jus 
ignorare censetur, sendo aplicada mesmo àqueles que a 
desconhecem, porque o “interesse da segurança jurídica exige 
esse sacrifício”. 
159AULA 1
Princípio da Obrigatoriedade da Lei. 
( Art. 1º e Art. 3º LINDB)
Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, 
alegando que não a conhece. 
160AULA 1
A lei posterior revoga a anterior quando trata da mesma matéria de 
forma contrária. Uma vez revogada a lei nova, volta a vigorar a lei 
antiga?
Art. 2º, parágrafo 3º, da LINDB: “Salvo disposição em contrário, a lei 
revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. 
Repristinação seria o restabelecimento da lei revogada após a perda da 
vigência da lei revogadora. Tal fato, como vimos, não é possível em 
nosso ordenamento jurídico, salvo disposição expressa em contrário. 
Tal dispositivo não se aplica às leis temporárias. - art. 2º, caput: “Não se 
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a 
modifique ou revogue.”
A questão da Repristinação
161AULA 1
Pergunta-se: Uma lei nova só tem valor para o futuro ou 
regula situação anteriormente constituída, isto é, tem eficácia 
pretérita?
· A norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império 
da lei revogada é retroativa, tem eficácia pretérita; a que não se aplica a 
qualquer situação jurídica constituída anteriormente é irretroativa, hipótese 
em que a norma revogada permanece vinculante para os casos anteriores 
à sua revogação.
· Em princípio, as leis não devem retroagir; em face do seu caráter 
prospectivo, devem disciplinar situações futuras. O fundamento maior do 
princípio da irretroatividade, consagrado na doutrina, e pela generalidade 
das legislações, é a proteção do indivíduo contra possível arbitrariedade 
do legislador. Se fosse admitida a retroatividade como princípio absoluto, 
a segurança do indivíduo não ficaria preservada.
· A eficácia retroativa das leis é, portanto, excepcional; não se presume, 
devendo provir de texto expresso.
A questão da retroatividade e irretroatividade das leis
Art. 6º “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados 
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.
No mesmo sentido, dispõe o inciso XXXVI do art. 5º da 
CF/88 “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Logo, para entender-se a irretroatividade, é importante que 
se entenda o que significa direito adquirido, ato jurídico 
perfeito e coisa julgada.
163AULA 1
Direito adquirido é aquele que, na vigência de determinada 
lei, incorporou-se ao patrimônio de seu titular.
Há duas teoriasacerca do direito adquirido: a teoria 
subjetivista e a objetivista.
A teoria subjetivista, também denominada teoria clássica ou 
teoria dos direitos adquiridos, leva em conta os efeitos dos 
fatos jurídicos sobre as pessoas. O domínio da lei nova é 
delimitado segundo a natureza dos efeitos produzidos no 
passado. 
 Para os objetivistas, o conflito de leis no tempo resolve-
se através da identificação da lei vigente no momento em 
que os efeitos dos fatos são produzidos. Dentre os 
doutrinadores objetivistas, destaca-se o francês Paul 
Roubier, cuja teoria foi acolhida pelo legislador brasileiro.
Paul Roubier preferia utilizar a expressão "situação jurídica" 
em lugar da designação "direito adquirido", ao argumento 
de que aquela seria superior ao termo direito adquirido, por 
não ter um caráter subjetivo e poder ser aplicada a 
situações como a do menor, do interdito e do pródigo. 
22
B - Coisa Julgada - Depois de decidida uma questão pelo 
Judiciário, se já não há possibilidade de recurso, faz ela lei entre as 
partes, estabelecendo obrigações e direitos entre elas.
A lei nova não atingirá tais decisões.
C - Ato Jurídico Perfeito - É aquele que se realizou inteiramente 
sob a vigência de determinada lei. Assim, se alguém comprou 
alguma coisa, pagando na hora o respectivo preço total, o direito 
daquela pessoa sobre tal coisa está consumado, não podendo ser 
atingido por lei nova.
Conclusão: Se o ato não estiver terminado, a lei nova o atingirá.
Expectativa de direito
A expectativa de direito é a possibilidade de se vir a ter um direito. Ela 
não confere direitos.
Ex. 1: Se alguém tem 24 anos de serviço e, frente à lei vigente, lhe falta 
um ano para aposentar-se, este indivíduo tem uma expectativa de direito 
à sua aposentadoria. Caso a lei mude neste momento, terá ele que se 
submeter ao novo regramento.
Ex. 2: O filho, estando seu pai ainda vivo, tem expectativa de direito 
quanto à herança. Entretanto, os bens de seu pai ainda não 
incorporaram ao seu patrimônio, não gerando, portanto, direito adquirido.
Conclusão: A lei nova atinge as expectativas de direito.
17
 FACULDADE JURÍDICA 
É um mero poder conferido a determinada pessoa para 
realizar determinada ação. Não é propriamente um direito, 
mas “um modo pelo qual o direito se manifesta em dadas 
circunstâncias”, como diz Clóvis Bevilácqua. 
A Faculdade Jurídica consiste, assim, na possibilidade que 
tem o indivíduo de exercer certo direito. Ex.: Casar-se, 
conferir um mandato, comprar, vender etc..
Conclusão: A lei nova atinge a faculdade jurídica.
PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO, DA 
NACIONALIDADE E DA TERRITORIALIDADE.
Os critérios que determinam a vigência territorial ou extraterritorial de certa 
norma são os seguintes:
a) “aplica-se a lei do domicílio da pessoa nas questões sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família (art. 7º LICC);
b) aplica-se a lei do lugar da situação dos imóveis para qualificá-los e reger as relações 
que lhe forem pertinentes (art. 8º LICC);
c) aplica-se a lei do lugar de constituição à qualificação e disciplina das obrigações, 
sendo que a obrigação resultante de contrato reputa-se constituída no lugar em que 
residir o proponente (art. 9º LICC);
d) aplica-se a lei do domicílio do defunto ou desaparecido à sucessão por morte ou 
ausência. 
QUESTÃO OBJETIVA 1
(1)É publicada no Diário Oficial Lei Federal dispondo sobre a proteção ambiental. 
Quanto à vigência, validade e eficácia social desta lei, pode-se afirmar que sua:
a) vigência não se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim o determinar, sendo ela 
válida e eficaz se efetivamente obedecida e aplicada;
b) vigência se inicia necessariamente quarenta e cinco dias após a publicação, sendo ela 
válida se compatível com a Constituição, observado o procedimento legislativo 
estabelecido para a sua produção e eficaz se efetivamente obedecida e aplicada;  
c) vigência não se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim o determinar, sendo ela 
válida se compatível com a Constituição, observado o procedimento legislativo 
estabelecido para a sua produção e eficaz se efetivamente obedecida e aplicada;
d)vigência não se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim o determinar, sendo ela 
válida e eficaz se produzida por órgão competente, observado o procedimento legislativo 
estabelecido para a sua produção;
e)vigência se inicia necessariamente no dia da publicação, sendo ela válida se 
efetivamente obedecida e aplicada e eficaz se produzida por órgão competente, 
observado o procedimento legislativo estabelecido para a sua produção. 
Conflitos entre normas 
Jurídicas
Lição 11
Princípio da Não contradição: 
se A é A 
não pode ser B ao mesmo tempo
antinomias
LEGISLADOR CRIA LEI
 CONTRARIA A 
ANTERIOR POR
 DESCONHECÊ-LA
Decisão de
 autoridade Estatal 
que contraria normas
 jurídicas de força 
superior
*
Critérios para identificar as antinomias
• Fazer parte do mesmo 
ordenamento Jurídico
• Ser válidas e aplicáveis 
no mesmo tempo e no 
mesmo caso
• Revelar-se 
incompatíveis entre si, 
porque uma obriga e a 
outra permite
INSEGURANÇA
 JURÍDICA
NORMAS
CONFLITUOSAS
Antinomias 
Aparentes
Normas aplicáveis a 
realidades em âmbitos 
diferentes
Pertencem ao mesmo 
ordenamento, porém 
são aplicadas a pessoas 
ou situações diferentes
ANTINOMIAS REAIS 
Normas incompatíveis entre si e que 
exprimem vontades contraditórias das 
autoridades estatais
 Quando não houver na ordem jurídica qualquer 
critério normativo para solucioná-la (a contradição), 
sendo necessária a sua eliminação, editando-se 
nova norma
Maria Helena Diniz
Critérios para resolução de Antinomias reais
CRITERIO 
CRONOLÓGICO
CRITÉRIO 
 HIERÁRQUICO
CRITÉRIO
DA ESPECIALIDADE
ANTINOMIA
CRITÉRIO HIERÁRQUICO
Lex superiori derogat lex inferiori
Constituição Federal
EC
Lei 
Complementar
Lei ordinária/delegada 
 MP/Tratados Int.
 Decreto
 Portarias e demais regulamentos
 administrativos
CRITÉRIO CRONOL ÓGICO
Lex posterior derogat legi priori
• Quando as normas pertencem a um mesmo escalão
• Para resolver esse conflito devemos saber entre as 
normas, qual a mais nova, isto é, qual foi criada 
posteriormente. PUBLICAÇÃO NO DOU
CRITÉRIO DA ESPECIAL IDADE
Lex specialis derogati legi generali
Quando uma norma se refere a um 
assunto específico, essa prevalece sobre 
uma norma geral (que trata do mesmo assunto)
REPRISTINAÇÃO
O problema ocorre quando uma norma 
revoga outra, que por sua vez, tinha sido 
editada para substituir norma anterior 
sem estabelecer novo regulamento.
A norma anterior não volta a vigir, já que o 
Ordenamento Jurídico Brasileiro não 
admite a Repristinação.
Direito 
interno / internacional:
 Soluções:
Superioridade da norma internacional sobre a 
interna, se o conflito for submetido a juízo 
internacional.
Se o conflito for levado à apreciação do juízo 
interno, esse poderá reconhecer ora a 
superioridade da lei interna, ora a do tratado. 
segundo Maria Helena Diniz:
Consolidado:
Apesar de haver critérios para solucionar as 
antinomias, há casos em que se tem lacuna das 
regras de resolução, ante o fato daqueles critérios 
não poderem ser aplicados, instaurando uma 
incompletude dos meios de solução e uma 
antinomia real, que só pode ser suprimida pela 
edição de norma derrogatória, que opte por uma 
das normas antinômicas, ou seja resolvida por 
meio de interpretação eqüitativa ou corretiva.
Maria Helena Diniz
.
HERMENÊUTICA JURÍDICAHERMENÊUTICA JURÍDICA
INTERPRETAÇÃO JURÍDICAINTERPRETAÇÃO JURÍDICA
Aplicação do DireitoAplicação do Direito
Integração do DireitoIntegração do Direito

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